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PESQUISA: Livro Vereda Familiar, pelo espírito Tereza de Brito; livro Nas
Fronteiras da Loucura, pelo espírito Manuel Philomeno de Miranda; e textos
do meu arquivo particular.
INTROITO:
Estamos no período que antecede o Carnaval, festa de grande apelo popular
em nosso país, voltada unicamente para a materialidade, e que muitos se
entregam aos excessos, em nome da alegria, tendo como desculpa o fato de
aproveitar a vida. Desde o início de janeiro a mídia dá destaque às folias de
momo. Ligamos a televisão e ouvimos a batida dos surdos das escolas de
samba. Aí está um tema bastante polêmico para nossa reflexão. Claro que as
opiniões variam.
Uns, dizem que é festa perniciosa. Outros, dizem que é alegria. Uma festa para
o povo colocar para fora suas emoções guardadas, as angústias contidas
durante o ano que passou, um dia de contos de fadas, dia em que a alma dança,
o coração se enche de euforia e que as lágrimas podem brotar livremente sem
que se precise segurá-las na garganta e no apertar dos olhos. É carnaval. Puxa!
Como demorou prá chegar! Hora de relaxar! Hora de acabar com o estresse!
Hora ansiosamente aguardada para “sair do sério.” Pierrôs, Palhaços,
Colombina, e outras fantasias inomináveis, que muitas vezes, refletem os
desejos mais íntimos e nem sempre confessáveis dos foliões, surgem do nada,
guiados pelo som irresistível dos tambores e clarins, para “cair na folia.”
Quanta loucura! Mas é carnaval e no carnaval tudo é permitido.
Infelizmente, os caminhos propostos nada têm a ver com alegria ou alívio de
tensões. Na literatura encontramos uma frase da Idade Média, de que “Nada
aconteceria se as pessoas enlouquecessem uma vez por ano”. Hoje, estamos
próximos dessa frase, só que, não por um dia, mas por muitos. Agora são três
dias ou mais de loucuras, sob a denominação de “Tríduo Momesco”, ocasião
em que os foliões vão da mais histérica e hilária alegria ao caos total,
despertados pela tresloucada folia. O carnaval é uma herança de várias
comemorações realizadas na Antiguidade por povos como os egípcios,
hebreus, gregos e romanos. Esses festejos pagãos serviam para celebrar
grandes colheitas e principalmente louvar divindades. Nos tempos da Grécia
antiga, as bacanais, festas dedicadas ao deus Dioniso ou Baco tornaram-se tão
perigosas para o equilíbrio da cidade que teve de ser modificada ...
... como uma forma de "domesticação" do conteúdo nocivo da alma humana. A
Festa do deus Líber em Roma; a Festa dos Asnos que acontecia na igreja de
Ruan no dia de Natal e na cidade de Beauvais no dia 14 de janeiro entre outras
inúmeras festas populares em todo o mundo e em todos tempos, têm esta
mesma função. O carnaval é uma dessas festas que costuma ser chamada de
folia, que vem do francês folie, que significa loucura ou extravagância sem
que tenha existido perda da razão. No caso do carnaval a palavra significa
desvio, anormalidade, fantasia descontração ou mesmo alegria. Assim, a festa
carnavalesca é o momento em que o espírito humano pode observar o que há
de mais profundo, de mais primitivo em si mesmo. Para que possamos
entender melhor o tema, é necessário que percebamos o seu real significado e
lembrar que a Terra ocupa o segundo lugar na escala evolutiva ...
... enquanto um planeta de provas e expiações. Aqui, e em mundos
semelhantes, encarnam espíritos recém-saídos da barbárie, dando os primeiros
passos na sua história evolutiva e esses espíritos trazem consigo um grupo de
sensações ou pulsões que precisam ser extravasadas para que não se voltem
contra a sociedade em que encarnaram. A festa é o momento em que o espírito
tem a oportunidade de pôr para fora, não necessariamente, o que ele tem de
pior, mas as suas emoções mais profundas. Como somos espíritos altamente
imperfeitos as nossas festas quase sempre explicitam emoções do tipo
primário. A par de todas as movimentações de planejamentos e preparativos,
ações e zelo, que denotam certa arte e cultura na apresentação de desfiles com
seus carros alegóricos e foliões, somadas as festividades de matizes
diversificados, em que grupos se reúnem para comemorações sem medida,
não podemos deixar de reconhecer que o carnaval também é uma festa
espiritual. O culto à carne evoca tudo o que desperta materialidade,
sensualidade, paixão e gozo. O forte apelo do período que antecede,
acompanha e sucede o evento ao deus Mamon, guarda íntima relação com o
conúbio de energias entre os dois planos da vida, o físico e o extrafísico,
alimentado pelos participantes, “vivos de cá e de lá”, que se deleitam em
intercâmbio de fluidos materialmente imperceptíveis à maioria dos
carnavalescos encarnados. Vivemos em constante relação de intercâmbio,
conectando-nos com os que nos são afins pelos pensamentos, gostos,
interesses e ações. Sem que nos apercebamos, somos acompanhados por uma
“nuvem de testemunhas”, que retrata nossa situação íntima.
Com o risco de ser taxado de moralista, num tempo em que se perdem as
noções de moralidade, não posso deixar de analisar criticamente os disparates
cometidos. Em nenhum momento me coloco contra a alegria. Porém, será
justo confundir euforia passageira com alegria real? O carnaval é uma festa de
grande apelo popular na maior parte do nosso país, propiciadora de
manifestações de alegria e de cultura, sem que haja necessidade de se deixar
resvalar para o desequilíbrio. Como acontece em festividades do gênero, em
que a euforia tende a dominar o comportamento das pessoas, excessos são
cometidos a pretexto de extravasar a alegria contagiante proporcionada pelo
festejo. O Carnaval, conforme os conceitos de Bezerra de Menezes é festa que
ainda guarda vestígios da barbárie e do primitivismo que ainda reina entre os
encarnados, marcado pelas paixões do prazer violento.
A folia em que pontifica o Rei Momo já foi um dia a comemoração dos povos
guerreiros, festejando vitórias. Na Idade Média, entretanto, é que a festividade
adquiriu o conceito que hoje apresenta, o de uma vez por ano é lícito
enlouquecer, em homenagem aos falsos deuses do vinho, das orgias, dos
desvarios e dos excessos, em suma. Muitos jovens e adultos, transtornados
pela música hipnotizante e frenética, caem nas armadilhas das drogas
alucinantes. É hora de pular e sambar. Esse é o lado da festa que podemos
observar deste lado da vida. Mas há outro lado. Pelo lado espiritual, o carnaval
observado do Além, dizem os Mentores espirituais, é lamentavelmente muito
mais triste e perigoso. Milhares de espíritos infelizes também invadem as
avenidas, num triste e feio espetáculo, que transforma o carnaval em um
terrível circo dos horrores de grandes e atemorizantes proporções.
Diz o compositor que “Atrás do trio elétrico, só não vai quem já morreu”.
Coitado. Está totalmente equivocado, pois os queridos malfeitores das trevas,
os “vagabundos do mundo oculto,” vão atrás, sim e se vinculam aos foliões
pelos fios invisíveis das preferências que estes trazem escondidas no seu
íntimo. Dezenas, centenas, milhares de entidades vampirescas, abraçam e se
desdobram em influenciar os foliões, para juntos beberem, fumarem, se
drogarem, se entregarem ao sexo desvairado e cometerem os mais tristes
desatinos. O homem vive onde e com quem se sintoniza psiquicamente. E essa
sintonia se dá pelos desejos e tendências existentes na intimidade de cada um.
E é graças a essa lei de afinidade, que os espíritos das trevas se vinculam aos
foliões descuidados, induzindo-os a orgias deprimentes e atitudes grotescas,
animalizadas, de lamentáveis consequências.
Quantos crimes acontecem nesses dias, quantos acidentes, quanta loucura.
Acidentes de carro, violência e até óbitos pelo uso de drogas ou combinações
perigosas de medicamentos e bebidas. Meses depois, a festa ainda traz
consequências: gravidez precoce e abortos realizados, frutos de envolvimentos
insensatos e o contágio com doenças sexualmente transmissíveis. As
consequências cruéis desse grotesco espetáculo se fazem sentir de forma
rápida e inexorável. Pergunte a si mesmo: vale a pena pagar o alto preço
exigido por alguns dias de loucura? Vale a pena ver seu nome na estatística de
horrores que acontece no carnaval? Espero que não. Algumas pessoas devem
pensar: eu brinco, mas não faço nada de errado! Mas se você atravessar um
pântano de lama fétida, local de doenças e outras mazelas, pode até acontecer
de você não adoecer, mas que vai sujar-se, não há a menor dúvida.
Mas não venha com o exemplo do lírio belo e perfumado que brota nos
pântanos. Ele nasce lá, mas seu perfume e beleza só são percebidos, quando
estão longe daquele lugar. Para atravessar a tempestade de energia negativa
que envolve o carnaval, sem ser tocado por ela, só se você for alguém
espiritualmente iluminado. Mas se você for tão iluminado, com certeza não
estará participando do carnaval. O Carnaval se constitui, sob minha ótica, em
um verdadeiro processo de Obsessão Coletiva, afetando profundamente o
estado espiritual dos incautos. Mas o grande saldo da festa se resume em duas
palavras: ilusão e sensualidade. Referimo-nos à ilusão dos entorpecentes, dos
alcoólicos. A ilusão de grandeza, que falsamente produz um imenso contraste
entre a beleza da avenida e a realidade da vida.
Falamos da sensualidade que se torna material de venda, nos corpos desnudos
e aparentemente felizes por fora, mas muitas vezes profundamente infelizes
por dentro. O carnaval é bem típico da alienação espiritual que a sociedade se
permite. De um lado, as falsas aquisições sociais de alguns, negadas pela
agressividade de muitos; de outro, a falsa felicidade de quatro dias de folia, e
361 dias de novas e renovadas angústias. Vale a pena? Advertiu-nos o apóstolo
Paulo: "Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém". O mal não está tanto na
coisa em si; está em como nos conduzimos dentro dela. O carnaval não seria o
que é, se não fôssemos o que somos. O vulgo costuma dizer equivocadamente:
“A ocasião faz o ladrão”, mas, de nossa parte, à luz da Doutrina Espírita,
diríamos: “O ladrão faz a ocasião”,
porque quem já adquiriu valores éticos sólidos não vai se deixar levar por
qualquer tipo de obsessão coletiva, já que não será “tentado”, pois está em
outro patamar de ideais e propostas existenciais. Vale lembrar os famosos
critérios socráticos: bondade, utilidade e verdade. Se nossas atitudes não são
aprovadas por tais crivos, nossa consciência espírita não respaldará tais ações,
porquanto, submeter-se docilmente a este tipo de subjugação é escolha nossa,
pois o livre-arbítrio é alicerce da Lei de Deus. Logo, aproveitar o Carnaval, do
ponto de vista espírita, é ocupar esses quatro dias de uma forma prazerosa,
mas também útil e espiritualizada, que não deixa de ser um exercício para que
busquemos superar “a predominância da natureza animal sobre a espiritual e a
satisfação das paixões”, conforme nos ensina a questão 742 de O Livro dos
Espíritos.
ORAÇÃO e VIGILANCIA é a recomendação sempre atual. Não cabe aqui a
análise sob a ótica de proibições ou cerceamento de vontades. Todos somos
livres para fazer as escolhas que julgarmos convenientes. O Espiritismo não
condena o carnaval, mas, também, não estimula suas festividades.
Finalizando, devo dizer que, há sempre a necessidade de situar-se cada coisa
em seu próprio lugar. Existe festa de carnaval menos agressiva, e sempre
valerá a pena analisar a situação. O poeta Vinicius de Morais deixou isto muito
claro ao dizer: "Tristeza não tem fim, felicidade sim / A felicidade parece a
grande ilusão do carnaval/ a gente trabalha um ano inteiro / por um momento
de sonho/ pra fazer a fantasia de rei ou de pirata ou jardineira / Pra tudo se
acabar na quarta-feira."
Na realidade, o ser humano é um carnavalesco em potencial. Uma hora ele é
pierrô, em outra ele é palhaço, e numa outra ele é arlequim. Sempre mascarado
no certame da vida, até que, um dia, a máscara cai; é quando chega a quarta-
feira de cinzas da desencarnação, e ele se vê do outro lado da vida, com contas
a ajustar, justamente porque não brincou o carnaval da vida de cara limpa. Ao
ver a fantasia rota e maltratada, quantas decepções pelo tempo perdido. Valeu
a pena? Quer brincar o carnaval? Não se esqueça que o “Bloco Escola da
Vida” está sempre em evolução com seu enredo: “A Vida que liberta”. Agora,
vá! Mas não fantasiado. Vá, pleno de si. Vá para a apoteose maior, para a
felicidade de religar-se a Deus. A festa da vida é muito maior, muito mais
divertida, rimada e harmoniosa, quando sabemos escolher um bom enredo
para vivenciá-la.
E não se esqueça! Devemos procurar sempre as melhores notas nos quesitos
que nos são delegados por Deus. Se participar do Carnaval é certo ou errado?
Essa é a pergunta que não quer calar, mas que somente a sua consciência pode
responder.
Boas vibrações, nesse carnaval!
Muita Paz!
Visite o meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
A serviço da Doutrina Espírita, com estudos comentados.

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O carnaval, ah, o carnaval!

  • 1.
  • 2. PESQUISA: Livro Vereda Familiar, pelo espírito Tereza de Brito; livro Nas Fronteiras da Loucura, pelo espírito Manuel Philomeno de Miranda; e textos do meu arquivo particular. INTROITO: Estamos no período que antecede o Carnaval, festa de grande apelo popular em nosso país, voltada unicamente para a materialidade, e que muitos se entregam aos excessos, em nome da alegria, tendo como desculpa o fato de aproveitar a vida. Desde o início de janeiro a mídia dá destaque às folias de momo. Ligamos a televisão e ouvimos a batida dos surdos das escolas de samba. Aí está um tema bastante polêmico para nossa reflexão. Claro que as opiniões variam.
  • 3. Uns, dizem que é festa perniciosa. Outros, dizem que é alegria. Uma festa para o povo colocar para fora suas emoções guardadas, as angústias contidas durante o ano que passou, um dia de contos de fadas, dia em que a alma dança, o coração se enche de euforia e que as lágrimas podem brotar livremente sem que se precise segurá-las na garganta e no apertar dos olhos. É carnaval. Puxa! Como demorou prá chegar! Hora de relaxar! Hora de acabar com o estresse! Hora ansiosamente aguardada para “sair do sério.” Pierrôs, Palhaços, Colombina, e outras fantasias inomináveis, que muitas vezes, refletem os desejos mais íntimos e nem sempre confessáveis dos foliões, surgem do nada, guiados pelo som irresistível dos tambores e clarins, para “cair na folia.” Quanta loucura! Mas é carnaval e no carnaval tudo é permitido.
  • 4. Infelizmente, os caminhos propostos nada têm a ver com alegria ou alívio de tensões. Na literatura encontramos uma frase da Idade Média, de que “Nada aconteceria se as pessoas enlouquecessem uma vez por ano”. Hoje, estamos próximos dessa frase, só que, não por um dia, mas por muitos. Agora são três dias ou mais de loucuras, sob a denominação de “Tríduo Momesco”, ocasião em que os foliões vão da mais histérica e hilária alegria ao caos total, despertados pela tresloucada folia. O carnaval é uma herança de várias comemorações realizadas na Antiguidade por povos como os egípcios, hebreus, gregos e romanos. Esses festejos pagãos serviam para celebrar grandes colheitas e principalmente louvar divindades. Nos tempos da Grécia antiga, as bacanais, festas dedicadas ao deus Dioniso ou Baco tornaram-se tão perigosas para o equilíbrio da cidade que teve de ser modificada ...
  • 5. ... como uma forma de "domesticação" do conteúdo nocivo da alma humana. A Festa do deus Líber em Roma; a Festa dos Asnos que acontecia na igreja de Ruan no dia de Natal e na cidade de Beauvais no dia 14 de janeiro entre outras inúmeras festas populares em todo o mundo e em todos tempos, têm esta mesma função. O carnaval é uma dessas festas que costuma ser chamada de folia, que vem do francês folie, que significa loucura ou extravagância sem que tenha existido perda da razão. No caso do carnaval a palavra significa desvio, anormalidade, fantasia descontração ou mesmo alegria. Assim, a festa carnavalesca é o momento em que o espírito humano pode observar o que há de mais profundo, de mais primitivo em si mesmo. Para que possamos entender melhor o tema, é necessário que percebamos o seu real significado e lembrar que a Terra ocupa o segundo lugar na escala evolutiva ...
  • 6. ... enquanto um planeta de provas e expiações. Aqui, e em mundos semelhantes, encarnam espíritos recém-saídos da barbárie, dando os primeiros passos na sua história evolutiva e esses espíritos trazem consigo um grupo de sensações ou pulsões que precisam ser extravasadas para que não se voltem contra a sociedade em que encarnaram. A festa é o momento em que o espírito tem a oportunidade de pôr para fora, não necessariamente, o que ele tem de pior, mas as suas emoções mais profundas. Como somos espíritos altamente imperfeitos as nossas festas quase sempre explicitam emoções do tipo primário. A par de todas as movimentações de planejamentos e preparativos, ações e zelo, que denotam certa arte e cultura na apresentação de desfiles com seus carros alegóricos e foliões, somadas as festividades de matizes diversificados, em que grupos se reúnem para comemorações sem medida,
  • 7. não podemos deixar de reconhecer que o carnaval também é uma festa espiritual. O culto à carne evoca tudo o que desperta materialidade, sensualidade, paixão e gozo. O forte apelo do período que antecede, acompanha e sucede o evento ao deus Mamon, guarda íntima relação com o conúbio de energias entre os dois planos da vida, o físico e o extrafísico, alimentado pelos participantes, “vivos de cá e de lá”, que se deleitam em intercâmbio de fluidos materialmente imperceptíveis à maioria dos carnavalescos encarnados. Vivemos em constante relação de intercâmbio, conectando-nos com os que nos são afins pelos pensamentos, gostos, interesses e ações. Sem que nos apercebamos, somos acompanhados por uma “nuvem de testemunhas”, que retrata nossa situação íntima.
  • 8. Com o risco de ser taxado de moralista, num tempo em que se perdem as noções de moralidade, não posso deixar de analisar criticamente os disparates cometidos. Em nenhum momento me coloco contra a alegria. Porém, será justo confundir euforia passageira com alegria real? O carnaval é uma festa de grande apelo popular na maior parte do nosso país, propiciadora de manifestações de alegria e de cultura, sem que haja necessidade de se deixar resvalar para o desequilíbrio. Como acontece em festividades do gênero, em que a euforia tende a dominar o comportamento das pessoas, excessos são cometidos a pretexto de extravasar a alegria contagiante proporcionada pelo festejo. O Carnaval, conforme os conceitos de Bezerra de Menezes é festa que ainda guarda vestígios da barbárie e do primitivismo que ainda reina entre os encarnados, marcado pelas paixões do prazer violento.
  • 9. A folia em que pontifica o Rei Momo já foi um dia a comemoração dos povos guerreiros, festejando vitórias. Na Idade Média, entretanto, é que a festividade adquiriu o conceito que hoje apresenta, o de uma vez por ano é lícito enlouquecer, em homenagem aos falsos deuses do vinho, das orgias, dos desvarios e dos excessos, em suma. Muitos jovens e adultos, transtornados pela música hipnotizante e frenética, caem nas armadilhas das drogas alucinantes. É hora de pular e sambar. Esse é o lado da festa que podemos observar deste lado da vida. Mas há outro lado. Pelo lado espiritual, o carnaval observado do Além, dizem os Mentores espirituais, é lamentavelmente muito mais triste e perigoso. Milhares de espíritos infelizes também invadem as avenidas, num triste e feio espetáculo, que transforma o carnaval em um terrível circo dos horrores de grandes e atemorizantes proporções.
  • 10. Diz o compositor que “Atrás do trio elétrico, só não vai quem já morreu”. Coitado. Está totalmente equivocado, pois os queridos malfeitores das trevas, os “vagabundos do mundo oculto,” vão atrás, sim e se vinculam aos foliões pelos fios invisíveis das preferências que estes trazem escondidas no seu íntimo. Dezenas, centenas, milhares de entidades vampirescas, abraçam e se desdobram em influenciar os foliões, para juntos beberem, fumarem, se drogarem, se entregarem ao sexo desvairado e cometerem os mais tristes desatinos. O homem vive onde e com quem se sintoniza psiquicamente. E essa sintonia se dá pelos desejos e tendências existentes na intimidade de cada um. E é graças a essa lei de afinidade, que os espíritos das trevas se vinculam aos foliões descuidados, induzindo-os a orgias deprimentes e atitudes grotescas, animalizadas, de lamentáveis consequências.
  • 11. Quantos crimes acontecem nesses dias, quantos acidentes, quanta loucura. Acidentes de carro, violência e até óbitos pelo uso de drogas ou combinações perigosas de medicamentos e bebidas. Meses depois, a festa ainda traz consequências: gravidez precoce e abortos realizados, frutos de envolvimentos insensatos e o contágio com doenças sexualmente transmissíveis. As consequências cruéis desse grotesco espetáculo se fazem sentir de forma rápida e inexorável. Pergunte a si mesmo: vale a pena pagar o alto preço exigido por alguns dias de loucura? Vale a pena ver seu nome na estatística de horrores que acontece no carnaval? Espero que não. Algumas pessoas devem pensar: eu brinco, mas não faço nada de errado! Mas se você atravessar um pântano de lama fétida, local de doenças e outras mazelas, pode até acontecer de você não adoecer, mas que vai sujar-se, não há a menor dúvida.
  • 12. Mas não venha com o exemplo do lírio belo e perfumado que brota nos pântanos. Ele nasce lá, mas seu perfume e beleza só são percebidos, quando estão longe daquele lugar. Para atravessar a tempestade de energia negativa que envolve o carnaval, sem ser tocado por ela, só se você for alguém espiritualmente iluminado. Mas se você for tão iluminado, com certeza não estará participando do carnaval. O Carnaval se constitui, sob minha ótica, em um verdadeiro processo de Obsessão Coletiva, afetando profundamente o estado espiritual dos incautos. Mas o grande saldo da festa se resume em duas palavras: ilusão e sensualidade. Referimo-nos à ilusão dos entorpecentes, dos alcoólicos. A ilusão de grandeza, que falsamente produz um imenso contraste entre a beleza da avenida e a realidade da vida.
  • 13. Falamos da sensualidade que se torna material de venda, nos corpos desnudos e aparentemente felizes por fora, mas muitas vezes profundamente infelizes por dentro. O carnaval é bem típico da alienação espiritual que a sociedade se permite. De um lado, as falsas aquisições sociais de alguns, negadas pela agressividade de muitos; de outro, a falsa felicidade de quatro dias de folia, e 361 dias de novas e renovadas angústias. Vale a pena? Advertiu-nos o apóstolo Paulo: "Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém". O mal não está tanto na coisa em si; está em como nos conduzimos dentro dela. O carnaval não seria o que é, se não fôssemos o que somos. O vulgo costuma dizer equivocadamente: “A ocasião faz o ladrão”, mas, de nossa parte, à luz da Doutrina Espírita, diríamos: “O ladrão faz a ocasião”,
  • 14. porque quem já adquiriu valores éticos sólidos não vai se deixar levar por qualquer tipo de obsessão coletiva, já que não será “tentado”, pois está em outro patamar de ideais e propostas existenciais. Vale lembrar os famosos critérios socráticos: bondade, utilidade e verdade. Se nossas atitudes não são aprovadas por tais crivos, nossa consciência espírita não respaldará tais ações, porquanto, submeter-se docilmente a este tipo de subjugação é escolha nossa, pois o livre-arbítrio é alicerce da Lei de Deus. Logo, aproveitar o Carnaval, do ponto de vista espírita, é ocupar esses quatro dias de uma forma prazerosa, mas também útil e espiritualizada, que não deixa de ser um exercício para que busquemos superar “a predominância da natureza animal sobre a espiritual e a satisfação das paixões”, conforme nos ensina a questão 742 de O Livro dos Espíritos.
  • 15. ORAÇÃO e VIGILANCIA é a recomendação sempre atual. Não cabe aqui a análise sob a ótica de proibições ou cerceamento de vontades. Todos somos livres para fazer as escolhas que julgarmos convenientes. O Espiritismo não condena o carnaval, mas, também, não estimula suas festividades. Finalizando, devo dizer que, há sempre a necessidade de situar-se cada coisa em seu próprio lugar. Existe festa de carnaval menos agressiva, e sempre valerá a pena analisar a situação. O poeta Vinicius de Morais deixou isto muito claro ao dizer: "Tristeza não tem fim, felicidade sim / A felicidade parece a grande ilusão do carnaval/ a gente trabalha um ano inteiro / por um momento de sonho/ pra fazer a fantasia de rei ou de pirata ou jardineira / Pra tudo se acabar na quarta-feira."
  • 16. Na realidade, o ser humano é um carnavalesco em potencial. Uma hora ele é pierrô, em outra ele é palhaço, e numa outra ele é arlequim. Sempre mascarado no certame da vida, até que, um dia, a máscara cai; é quando chega a quarta- feira de cinzas da desencarnação, e ele se vê do outro lado da vida, com contas a ajustar, justamente porque não brincou o carnaval da vida de cara limpa. Ao ver a fantasia rota e maltratada, quantas decepções pelo tempo perdido. Valeu a pena? Quer brincar o carnaval? Não se esqueça que o “Bloco Escola da Vida” está sempre em evolução com seu enredo: “A Vida que liberta”. Agora, vá! Mas não fantasiado. Vá, pleno de si. Vá para a apoteose maior, para a felicidade de religar-se a Deus. A festa da vida é muito maior, muito mais divertida, rimada e harmoniosa, quando sabemos escolher um bom enredo para vivenciá-la.
  • 17. E não se esqueça! Devemos procurar sempre as melhores notas nos quesitos que nos são delegados por Deus. Se participar do Carnaval é certo ou errado? Essa é a pergunta que não quer calar, mas que somente a sua consciência pode responder. Boas vibrações, nesse carnaval! Muita Paz! Visite o meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br A serviço da Doutrina Espírita, com estudos comentados.