O documento discute hérnias abdominais, definindo-as como protusões anormais de órgãos através de defeitos na parede abdominal. Apresenta detalhes sobre a anatomia da região inguinal e os tipos de hérnias, como indireta e femoral. Também descreve vários métodos de tratamento cirúrgico como Bassini, Shouldice, Lichtenstein e reparo laparoscópico.
2. Generalidades
Hérnia é derivada do latim – Ruptura
Definida como uma protusão anormal de órgão ou tecido
através de defeito da parede circundante
Cerca de 5% da população é acometida por algum tipo de
hérnia, sendo a hernioplastia a cirurgia mais realizada em
todo o mundo
3. Generalidades
75% das hérnias
estão na região
inguinal
2/3 das hérnias são
indiretas
Incidência em
homens é 25X
maior que na
mulher
Mais comum
ocorrer do lado
direito
4. História
1795 Gimbernat descreveu o Ligamento
lacunar
1804 Cooper descreveu a Fascia
transversalis e Ligamento Ileopectíneo
1812 Scarpa foi o primeiro a descrever a
hérnia por deslizamento
5. História
1816 Hasselbach delimitou a parede
posterior
1819 Cloquet dissecou e desenhou 345
casos de hérnia
1836 Thomsom descreveu a cinta ileo-
pubiana
6. Anatomia
A região inguinal é a porção infero-lateral da
parede abdominal
No subcutâneo, abaixo da pele, encontramos as
fácias de Camper e Scarpa
Os musculos da parede abdominal antero-lateral
são:
• Obliquos externo, Obliquo interno e o m. transverso
16. Anatomia
Canal Inguinal é um espaço virtual de
aproximadamente 4cm, o qual da passagem
para o funículo espermático ou ligamento
redondo
• Limites
• Anterior – Ap. m. Obliquo externo e orifício inguinal E.
• Posterior – fáscia transversalis e o tendão conjunto
• Inferior – Lig. Inguinal e Cooper
• Superior: m. Transverso e m. Obliquo interno
18. Anatomia
Espaço pré peritoneal
•Entre a Fáscia Transversalis e o
peritôneo existe o espaço pré-
peritoneal, conhecido na linha média
como Espaço de Retzius e
lateralmente como Espaço de Brogos
19. Anatomia
Orifício de Fruchaud
• É o sítio de todas as hérnias inguinais femorais. Sua
parede é composta apenas pela fáscia transversalis e
tendão do M. Transverso
Limites:
• Sup: M. Oblíquo interno + Transverso
• Medial: Reto Abdominal
• Inf: Lig. Cooper
• Lateral: M. Íleopsoas
32. Hérnia Inguinal Indireta
O saco herniário com seu conteúdo atravessa o
anel inguinal interno, podendo descer até o anel
inguinal externo e chegar até o escroto.
35. Femoral
3% das Hérnias da Região da Virilha
Mulheres obesas > 45 anos;
Cerca de 40% dos casos se apresentam com encarceiramento
ou estrangulamento;
Passa medial aos vasos e nervo femorais no canal femoral;
O ligamento inguinal forma a borda superior
37. Quadro Clínico
Dor vaga na região inguinal
Sensação de peso ou queimação na região inguinal
Abaulamento na região inguinal, com redução
espontânea
Perda da simetria abaixo da cicatriz umbilical
39. Avaliação
Hérnia podem ser:
• Redutível
• Seus conteúdos podem ser reposicionados
• Irredutível ou Encarcerada
• Não pode ser reduzida
• Estrangulada (cirurgia de urgência)
• Suprimento sanguíneo comprometido ou
prejuízo da vascularização da alça
43. Classificação de Nyhus (Modificada)
Tipo I: Hérnia indireta – anel interno normal
Tipo II: Hérnia indireta – anel interno dilatado
• mas com parede posterior preservada, vasos epigástricos inferiores não desviados
Tipo III: Defeito na parede posterior
• A. Hérnia direta
• B. Hérnia indireta – anel interno dilatado ou destruindo fáscia transversális
• C. Hérnia Crural ou femoral
Tipo IV: Hérnia recorrente ou recidivantes
• A. Direta
• B. Indireta
• C. Crural ou Femoral
• D. Mista
46. Tratamento
Bassini (1884)
•O reforço é realizado através de
sutura dos arcos músculo-
aponeuróticos do transverso
abdominal e do oblíquo interno (ou
tendão conjunto) ao ligamento
inguinal;
51. Tratamento
McVay (1948)
• Aproximação da borda da aponeurose do
transverso abdominal ao Ligamento de Cooper
desde o tubérculo púbico até os vasos femorais,
a partir dos quais a fixação é feita com o trato
iliopúbico até o anel inguinal interno. Uma
incisão de relaxamento curvilínea é feita a 1 cm
do tubérculo púbico até a borda lateral do reto
abdominal para diminuir a tensão.
53. Tratamento
Shouldice (1949)
• Imbricação em 4 planos músculo-aponeuróticos:
• 1) A linha de sutura inicial fixa o arco aponeurótico
transverso ao trato iliopúbico;
• 2) Os músculos oblíquo interno, transverso e
aponeuroses são suturadas ao ligamento inguinal;
• 3) A terceira e a quarta linhas de sutura fecham o
ligamento inguinal fixando a parte inferior do
oblíquo externo no obliquo interno,
56. Tratamento
Stoppa (1973)
• Substituição da fáscia transversais na região inguinal
por uma grande prótese;
• É especialmente apropriado para o reparo de hérnias
bilaterais e recorrentes pois minimiza o risco de
complicações (atrofia testicular e neuralgia crônica);
• Tem como objetivo envolver o saco peritônio-visceral
tornando-o inextensível em vez de reparar os defeitos
na parede abdominal;
57. Tratamento
É um reparo sem suturas e livre de tensões;
A tela deve ser macia, elástica, flexível, complacente,
integrar-se rapidamente e ser tolerante à infecção;
Através de incisão mediana infra-umbilical ou de
Pfannenstiel desloca-se o espaço pré-peritoneal até o
tubérculo púbico;
58. Tratamento
Os elementos do cordão são parietalizados (evita fender a
tela);
Lida-se com os sacos herniários de maneira habitual;
A tela em formato de chevron é ajustada ao paciente e
deve medir transversalmente 2cm a menos do que a
distância entre o umbigo e o púbis
60. Tratamento
Lichtenstein (1986)
• Incisão transversa ínguino- abdominal a cerca de
2 cm da sínfise púbica;
• Abertura do subcutâneo, passando pelas fáscias
de Camper e Scarpa;
• Abertura da aponeurose do oblíquo externo a
partir do anel inguinal externo no sentido das
fibras e em direção à espinha ilíaca
anterosuperior;
61. Tratamento
• Isolamento do cordão espermátivo junto ao
púbis;
• Abertura do Cremaster (continuação do
Oblíquo interno);
• Dissecção e isolamento dos elementos do
cordão (Ducto Deferente, Artéria Espermática
e Plexo panpiliforme);
62. Tratamento
• Fixação de tela de Marlex no Cooper com
Prolene 0 e sutura contínua com o mesmo fio
fixando a borda lateral da tela no Ligamento
Inguinal, interrompida após ultrapassar o anel
inguinal interno;
• A tela é fendida longitudinalmente a partir do
limite superior até o nível da borda inferior do
anel inguinal interno;
63. Tratamento
• O segmento medial é fixado no Ligamento
Inguinal, confeccionando novo orifício do anel
inguinal interno;
• Pontos simples de Prolene fixam a borda
medial da tela no Oblíquo Interno
72. Tratamento
Reparo Laparoscopico
• Outro método de reparo livre de tensão,
baseado na abordagem pré-peritoneal;
• Vantagem para hérnias bilaterais ou
recorrentes;
• Abordagens: transabdominal pré-peritoneal
(TAPP) e mais recentemente extraperitoneal
total (TEP).
74. Tratamento
Reparo Pré-Peritoneal Trans-abdominal (TAPP)
• Um trocarte de 5mm é introduzido através da incisão da
cicatriz umbilical para confecção de pneumo-peritôneo e
colocação da ótica;
• Ao nível da cicatriz umbilical junto às bordas laterais de reto
abdominal são introduzidos outros 2 trocartes de 5 mm;
• É realizada incisão tranversa a partir do ligamento umbilical
medial até o anel inguinal interno para acesso do espaço
pré-peritoneal e dissecção do conteúdo herniário;
75. Tratamento
A tela de Marlex de tamanho
apropriado é acomodada no espaço
de Retzius com pequenos pontos de
fixação com Cooper e na parede
posterior tomando cuidado com os
vasos epigástricos e o deferente e
vasos testiculares;
83. Tratamento
Reparo Laparoscópico Extra-
peritoneal Total (TEP)
• Realiza-se incisão infra-umbilical e incisão
da bainha do reto;
• Dissecção romba do reto lateralmente,
criando-se um espaço abaixo do mesmo;
• Introdução de balão dissecante até sínfise
púbica;
84. Tratamento
• Insuflação sob visão direta e introdução dos demais
trocartes;
• Identificação e isolamento dos v. Epigástricos;
• Dissecção do Lig. Cooper e identificação do trato
íliopúbico;
• Redução do saco herniário;
• Inserção de tela de polipropileno(10 x 15cm) tendo
q cobrir os espaços direto, indireto e femorais e
permanecer sob os elementos do cordão;
• Fixação cuidadosa com clipes ao lig.Cooper;
88. Reparo Videolaparoscópico
Desvantagens
• Tempo cirúrgico prolongado
• Aumento do custo
• Dificuldades técnicas
• Curva de aprendizado maior
Vantagens
• Menor taxa de ISC
• Recuperação mais rápida
• Menor probabilidade de dor persistente pós-operatória
89. Reparo Videolaparoscópico
Taxa de recorrência é igual a técnica
livre de tensão
Principais indicações
• Hérnias Bilaterais
• Hérnias Recidivadas
90. Complicações
Dor Crônica na virilha
• Neurectomia e retirada da tela
Orquite isquêmica (manipulação do plexo panpiniforme)
• Não há muito oque fazer
Recidiva da Hérnia
• 1 a 3%
• Aberta X Video recidiva igual
• Tecnicas sem tela X Lichestain recidiva maior nas primeiras
ISC
• Mais no reparo aberto (ATB) :
92. Hérnia Umbilical
Indicações de Cirurgia na Criança
• Não fechar após 4-6 anos
• Orifício > 2cm
• Associado a DVP
• Concomitante a hérnia inguinal
Indicaões de Cirurgia no Adulto
• Hérnias Sintomática
• Concomitante a ascite volumosa
105. Hérnias Incisionais
Ocorrem devido a uma deiscência da aponeurose
após seu fechamento
Fatores de risco
• ISC
• Obesidade
• Diabetes
• Ascite
• QxT para Câncer
106.
107.
108. Hérnias Lombares
Triangulo Grynfeit
• 12 arco costal
• m. Denteado Menor
• m. Oblíquo Interno
Triangulo de Petit
• Crista Ilíaca
• m. Grande Dorsal
• m. Oblíquo Externo
112. Hérnia de Spiegel
Todo saco herniário que se anuncia entre a
linha semilunar e bordo do reto abdominal
• Defeito da aponeurose do musculo transverso
abdominal
Linha semilunar de Spiegel
• Camada aponeurótica entre os retoabdominais
medialmente e a linha semilunar lateralmente.
123. Denominações especiais das Hérnias
Hérnia de Richter
• Quando temos parte da circunferência de uma alça intestinal pinçada no saco herniário
• Mais encontrada na hérnia femoral
Hérnia de Littré
• Quando o saco herniário contem um divertículo de Meckel
Hérnia Garengeot
• Hérnia com apendicite aguda
Hérnia de Amyand
• Hérnia com apendicite vermiforme em seu interior
Hérnia por deslizamento
• Quando um órgão compõe parte da parede do saco herniário
• Geralmente o Cólon e Bexiga
A porção inferior da aponeurose do m. Obliquo externo forma o Lig. Inguinal ou de Poupart
Anel inguinal externo – é uma abertura ovóide da aponeurose do m. obliquo externo
Ligamento de Cooper ou Ileopectineo formado pelo periósteo púbico e sua fáscia
Ligamento Lacunar ou Gimbernat formado pela inserção do lig. Inguinal no púbis
Tendão conjunto é formado pela inserção conjunta das aponeuroses do m. Oblq.Int. e m. Transv.
Conduto peritôneo vaginal tem que esta fechado
Hérnia Femoral
Ligamento de Cooper: Formado pelo periósteo e fáscia ao longo do ramo superior do púbis;
Corona mortis - um vaso cruza a margem lateral do ligamento de Cooper e é comunicação direta do obturador e vasos ilíacos
Embaixo desta fascia não tem musculo, tem gordura pre peritoneal e peritoneo
Mecanismo de defesa – Contratura dos m. Obliquo interno e transverso fechando a fascia transversalis
Embriogênise o testículo migra para a bolsa escrotal através do anel inguinal interno empurrando o peritônio formando um túnel de peritônio – conduto peritônio vaginal
Este conduto se oblitera posteriormente
HII – patência do conduto peritôneo vaginal
HID – Fascia Transversalis, mais precisamente no Triângulo de Hesselbach
Vasos Epigástricos inferiores são o parâmetro anatômico para a diferenciação entre as hérnias Direta e Indiretas
Hérnias da virilha – HII, HID e H. Femoral
HID – Fascia Transversalis, mais precisamente no Triângulo de Hesselbach
Vasos Epigástricos inferiores são o parâmetro anatômico para a diferenciação entre as hérnias Direta e Indiretas
Peritônio vaginal patente
+ frequente
Manobra de Valsalva
Herniorrafia X Hernioplastia
Herniorrafia X Hernioplastia
Libera e disseca a hérnia, tanto direta como indireta e após faz o reforço.
Na criança a hérnia é indireta e somente é realizado a dissecção redução do saco herniário.
Aspecto final
Reduzir o saco herniário e Fixado uma tela no ligamento de Cooper para estreitar o anel femoral
Sabinston – ATB somente nos pacientes que já tiveram ISC, ASA III ou infecção crônica de pele.
Ta acabando
Agora denominações especiais de hernias
A hérnia de Amyand deve o seu nome ao cirurgião britânico, Claudius Amyand (1680-1740), que em 1735 descreveu o primeiro caso de apendicite perfurada no saco de uma hérnia inguinal