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Garça (SP), Outubro/2017Página 04
Cooperativismo fortalece produtores e fomenta
a modernização da cafeicultura no século 21
Não parece, mas há muita
história por trás de uma simples
e inocente xícara de café. Desde
o cultivo da planta pelos árabes,
na antiguidade, e sua posterior
descoberta na região da Etiópia,
por volta do século 9 por um
pastor de cabras, até os dias de
hoje, muita coisa ocorreu. Na
Europa, o café foi introduzido
no século 16 e, no Brasil, chegou
no início do século 18, trazido
pelo militar Mello Palheta, que
roubou uma muda da esposa do
governador da Guiana Francesa.
Só esses fatos já seriam suficien-
tes para encher a prateleira de
uma biblioteca.
Mas há um capítulo im-
portante na história secular do
café que merece registro. Esse
capítulo diz respeito ao desen-
volvimento da cultura, à sua
renovação e à profissionaliza-
ção da atividade cafeeira graças
aos investimentos feitos pelas
cooperativas. Por isso, antes de
tratar das cooperativas de café,
é fundamental saber um pouco
mais sobre o cooperativismo,
que se desenvolveu da simples
ideia de comprar montantes
maiores de alimentos para que
se pudesse obter preços mais
atrativos.
Essa ação básica ocorreu
há mais de 170 anos no interior
da Inglaterra e envolveu quase
três dezenas de trabalhadores,
que sofriam para garantir o seu
sustento ante os altos preços
dos comércios locais. Essa ini-
ciativa deu a largada para um
sistema que ganharia corpo. A
união dos trabalhadores ingle-
ses, 12 anos depois da primeira
compra, já envolvia uma teia de
mais de 3 mil sócios. A experi-
ência foi um sucesso e se espa-
lhou pelo mundo.
No Brasil — O cooperativis-
mo chegou ao Brasil no final
do século 19, com a primeira
cooperativa conhecida sendo a
de Ouro Preto, Minas Gerais,
focada em produtos agrícolas.
E é na agricultura que o coo-
perativismo brasileiro, até hoje,
vem apresentando muitos des-
taques. Um dos segmentos que
tem o cooperativismo como
O CAFEICULTOR JORGE NAIMEG, DE COROMANDEL/MG: para ele, o “cooperativismo é um instrumento
agregador, no qual os diversos produtores de uma região podem atuar de forma conjunta em busca de resultados”.
parceiro inato é o cafeeiro. Nos
idos dos anos 60 do século pas-
sado, o IBC (Instituto Brasileiro
do Café), o então órgão forte da
economia cafeeira do país, esti-
mulou a criação de cooperativas
de café, vendo nelas um potencial
para garantir maior força para os
produtores e para as regiões que
plantavam o grão.
Pouco a pouco, do Paraná
ao sul de Minas Gerais, passando
pelo interior paulista, Cerrado,
Rio de Janeiro, entre outras regi-
ões, se observou o florescimento
de várias cooperativas. Muitas de-
las ganharam força, amealharam
associados e tiveram papel chave
na condução da cafeicultura na-
cional, mesmo diante de desafios
variados, como os problemas cli-
máticos, as crises de preço, o sur-
gimento de novos concorrentes
internacionais, entre outros.
Não seria exagero dizer
que as cooperativas tiveram pa-
pel chave no “renascimento” da
cafeicultura brasileira. Várias de-
las, atuando em apoio a entidades
de pesquisa e desenvolvimento,
abriram espaço para a criação
de novas variedades resistentes a
doenças e pragas como a broca,
o bicho mineiro, a cigarrinha, o
nematoide, entre outras. Atua-
ram na busca de soluções para
problemas como o da ferrugem
e também trouxeram ao mercado
novas ideias sobre plantio, espa-
çamento, irrigação e outras ações,
que fizeram com que o país tives-
se uma das maiores produtivida-
des da cafeicultura mundial.
Cerrado Mineiro — São muitos
os exemplos de sucesso da relação
entre a cafeicultura e o cooperati-
vismo. Um que salta aos olhos é
verificado no Cerrado Mineiro. A
região é reconhecida pelos cafés
de alta qualidade e pela aposta na
irrigação e vem, ano a ano, conse-
guindo colocar em evidência sua
cafeicultura por ações focadas em
sustentabilidade, certificação e
outros atributos que se mostram
cada vez mais demandados por
compradores internacionais.
O trabalho das cooperativas
nesse sentido já vem sendo estu-
dado e estimulado há anos, mas,
em 2015, um plano de desenvol-
vimento, de cinco anos, foi divul-
gado, reforçando a denominação
de origem “Região do Cerrado
Mineiro”, que tem como foco o
reconhecimento da qualidade dos
cafés locais e a diferenciação por
meio da demarcação dessa área e
sua devida certificação. Essa foi a
primeira denominação de origem
para café no Brasil.
Para se conquistar esse
status houve a união de várias
cooperativas locais, como Ca-
pal, Carpec, Coocacer, Expocac-
cer, Coagril, Coopa e Montecce,
além de algumas associações de
produtores. Tal união permitiu
aos produtores contarem com
melhores condições para desen-
volver a cultura cafeeira, realizar
a comercialização do produto e
também passarem a ter uma es-
trutura sólida para investir em
melhorias em suas propriedades,
privilegiando, principalmente, as-
pectos ambientais e, assim, tendo
condições para obter certificações
e outros reconhecimentos, que
são referências junto aos com-
pradores europeus, asiáticos ou
norte-americanos.
O cafeicultor Jorge Naimeg,
da Fazenda Pântano, em Coro-
mandel, vê no cooperativismo um
instrumento agregador, no qual os
diversos produtores de uma região
podem atuar de forma conjunta
em busca de resultados concretos.
“O cooperativismo é isso: todo
mundo junto. Ele consegue enga-
jar as pessoas para que elas façam
sua parte e, assim, seja possível
implementar mudanças”, avaliou.
O produtor vem desenvol-
vendo diversas ações em busca de
obter melhorias constantes, não
apenas no grão colhido, mas tam-
bém em aspectos ambientais e so-
ciais. Para tanto, conta com o apoio
técnico da Expocaccer. Seu pai foi
um dos primeiros associados dessa
cooperativa e hoje os filhos — to-
dos cafeicultores — também são
associados e participam ativamente
das propostas elaboradas localmen-
te para a consolidação da denomi-
nação de origem “Região do Cer-
rado Mineiro”.
“A cafeicultura de hoje não
pode produzir se não levar em
conta aspectos como a questão
ambiental. Pensamos o que cada
produtor pode fazer nessa área
para termos melhores resultados.
Cada propriedade preserva suas
APPs (Áreas de Preservação Per-
manentes), recupera nascentes,
planta árvores nativas, entre ou-
tros procedimentos”, explicou.
Preservar dá retorno financei-
ro — A Fazenda Pântano segue
diversos procedimentos, por meio
de acompanhamento do corpo téc-
nico da Expocaccer, o que a fez ob-
ter várias certificações, como, por
exemplo, a Rainforest Alliance, que
“abre várias portas” para o café nos
mercados internacionais. Tal cer-
tificação atua como colaboradora
do programa AAA da Nestlé, que
busca a aquisição de grãos para a
marca Nespresso, comercializada
em grande parte do planeta.
A preocupação com esses
aspectos por parte das coope-
rativas do Cerrado é tão efetiva
que uma delas conta até mesmo
com um Departamento de Sus-
tentabilidade. É a Expocaccer,
que criou essa unidade com o
foco em levar aos cooperados
os aspectos necessários para que
suas fazendas possam ter as cer-
tificações que o mercado exige.
“Nosso foco é a susten-
tabilidade e agregar valor. É
difícil preservar se não houver
retorno financeiro. Mas quem
se volta para os aspectos sus-
tentáveis tem um ganho, que é
o de conseguir entrar em novos
mercados e poder lucrar com
isso. Posteriormente, o produtor
começa a enxergar e vê aspectos
gratificantes, como a preserva-
ção de matas, como a satisfação
dos funcionários”, explicou Pe-
trônio Primo Naves Júnior, co-
ordenador do Departamento.
Essa unidade do Expocac-
cer tem uma equipe de campo,
que faz todo o levantamento
das propriedades. Num segun-
do momento, outra equipe ela-
bora os projetos ambientais e
sociais e dá todo o suporte para
aspectos como a certificação,
venda, controle fiscal, de arma-
zenagem, entre outros.
“Nós vemos que os pró-
prios produtores estão muito
mais conscientes, já nos trazem
várias ideias. Eles estão apos-
tando nos aspectos sustentáveis
e vendo que contar com uma
certificação, como a da Rain-
forest, por exemplo, permite
ganhos importantes”, comple-
mentou Naves Júnior.
EM 2015, as cooperativas mineiras, unidas, obtiveram a denominação de origem “Região do Cerrado Mineiro”.
(Por Flávio Bredariol e Marcos Fidêncio)
(CONTINUA NA PÁGINA 5)
Garça (SP), Outubro/2017 Página 05
Garça: sem cooperativa pro-
dutores sofrem — Mas, e sem
uma cooperativa é possível de-
senvolver bem a atividade ca-
feeira? Tome-se o exemplo de
Garça, cidade do interior paulis-
ta com 45 mil habitantes e que
já esteve entre as maiores produ-
toras do grão em todo o país.
Em 1962, alguns produ-
tores garcenses de café perce-
beram a importância da união
da classe em torno de objeti-
vos comuns. Nesse momento,
começava a nascer a Garcafé
(Cooperativa dos Cafeicultores
da Região de Garça). O deses-
tímulo e a intranquilidade do
cafeicultor eram grandes em
1962, consequência de uma
crise que se arrastava desde a
grande depressão mundial de
1929. Era preciso aumentar
a produtividade das lavouras
cafeeiras, melhorar os preços
e conhecer o momento certo
para a comercialização. Tendo
em vista esses fatos, esse grupo
de idealistas verificou a neces-
sidade de se desenvolver uma
luta conjunta. A partir daí, sur-
giu a cooperativa, exatamente
em 21 de abril de 1962.
Quem se lembra bem
dessa fundação é o cafeicultor
e engenheiro agrônomo Carlos
Ferrari, que hoje tem 86 anos
de idade e foi um dos protago-
nistas na criação da entidade.
Na época, foi ele quem con-
vocou uma reunião na Câmara
Municipal para se discutir o as-
sunto pela primeira vez, com a
participação do Departamento
de Cooperativismo da Secreta-
ria da Agricultura de São Paulo.
Segundo Carlos Ferrari,
no final dos anos 50 e início dos
60, o parque cafeeiro local estava
decadente.
“Muitas lavouras antigas
estavam sendo erradicadas. Mu-
nicípios que tinham 40 milhões de
pés de café ficaram sem nenhum.
O governo pagava para que erra-
dicássemos”, lembrou. “Eu, como
agrônomo da Casa da Agricultura
de Garça, na época, notei que era
necessária uma renovação. Então
nós lançamos uma campanha com
novos métodos (de plantio e de
tratos culturais).”
Garça foi então o municí-
pio que iniciou a renovação da
cafeicultura nos anos 60 na região
oeste paulista, com a campanha
“Renovar para Salvar”. Essa se-
mente foi disseminada pelo Brasil
todo e a própria cafeicultura que
hoje se verifica em Minas Gerais
é herdeira desse movimento. Um
detalhe fundamental no sucesso
dessa empreitada é a participação
decisiva da Garcafé, uma coope-
rativa que já nascia grande, com
força política e credibilidade.
A primeira diretoria, pre-
sidida por Jaime Nogueira Mi-
randa, logo foi plenamente re-
conhecida pelo IBC, que, num
fato inédito ocorrido em 20 de
janeiro de 1963, outorgou carta
à cooperativa, elevando-a ao grau
de exportadora. Esta autorização
normalmente era concedida às
empresas com mais de um ano
de funcionamento comprovado.
No final de 1963, a cooperativa
já contava com o expressivo nú-
mero de 118 associados. No ano
seguinte, somaram-se a eles mais
107 cooperados.
“Sem o apoio da coopera-
tiva, não teríamos condições de
promover essa campanha de re-
novação da cafeicultura em Garça
e região. O apoio foi total”, des-
tacou Carlos Ferrari.
A cooperativa investia em
pesquisa de novas variedades de
café no Campo Experimental “Dr.
Alcides de Carvalho”. Por meio
do corpo de agrônomos do seu
departamento técnico, desenvol-
via novos tratos culturais, fornecia
insumos com loja própria e pres-
tava total assistência aos produto-
res, fossem eles grandes ou peque-
nos. E ainda dava total apoio na
comercialização da safra e na me-
lhoria das propriedades, como na
conservação de áreas de preserva-
ção ou na proteção de nascentes.
Ao longo dos seus mais de
40 anos de existência, a Garcafé
também teve papel central e par-
ticipação ativa junto ao governo
na formulação da política cafeei-
ra do país. A cooperativa sempre
esteve envolvida nas tomadas de
decisões e, mais que isso, teve
representantes nos principais ór-
gãos do setor.
Crise e fim – Apesar da pujan-
ça das décadas de 60, 70 e 80 do
século passado, a cooperativa aca-
bou entrando em declínio. No iní-
cio do século 21, a Garcafé passou
a apresentar dificuldades financei-
ras, chegando ao ponto de não
conseguir equacionar suas dívidas.
Fechou as portas em 2005.
O cafeicultor Carlos Ferra-
ri, que chegou a contar com 50
hectares de café plantados, hoje
tem apenas dez. Ele classifica o
fechamento como uma “tragé-
dia” para a atividade. Na área em
que erradicou boa parte da sua
lavoura cafeeira, atualmente ele
cria búfalos.
“O cafeicultor hoje está
completamente desamparado. Ele
está na mão de firmas comprado-
ras de café que fazem o preço que
bem entendem. É difícil com-
prar insumos. O pequeno pro-
dutor que compra insumos em
pequena quantidade e não pode
adquirir uma carreta de adubo,
por exemplo, está desamparado e
perdendo mercado. Os pequenos
e médios estão desaparecendo. É
claro que se a cooperativa existis-
se nós teríamos outras condições.
O nosso parque cafeeiro de Garça
diminuiu muito”, lamentou.
Liquidante — Uma Comissão Li-
quidante foi instalada logo após o
fechamento da Garcafé. Seu presi-
dente é o cafeicultor José Wilson
Lopes, para quem o insucesso da
cooperativa começou a partir de
1990. Segundo ele, através da
atuação e influência da Garcafé,
os produtores tinham condições
de obterem melhores preços para
o produto. Portanto, o fechamen-
to provocou certa desestrutura-
ção da atividade na região.
Lopes lembrou ainda que,
além do apoio irrestrito aos coo-
perados, a Garcafé também cum-
pria um papel social, pois gerava
muitos empregos e colaborava
com diversas entidades assisten-
ciais na cidade.
“É bom destacar que, entre
1979 e 1989, a cooperativa foi a
responsável pela instalação da he-
modiálise na Santa Casa de Mise-
ricórdia de Garça”, disse ele, que
ainda tem esperanças de que será
possível reativar a cooperativa.
“Uma área como a nos-
sa, com o tipo de café que pro-
duzimos, não pode mais ficar
sem uma cooperativa. O café
de Garça é procurado em vá-
rios lugares do mundo, mas os
compradores europeus exigem
um produto de boa qualidade”,
apontou.
Segundo José Wilson Lo-
pes, a dívida da Garcafé é hoje
de R$ 138 milhões. Mas ele
trabalha junto ao governo para
tentar convencer o governo a
retirar multas e juros que repre-
sentam boa parte desse valor.
“Temos que negociar
nossa dívida dentro do que
podemos pagar. E parece que
o governo federal começou a
entender. Há um ano pagamos
R$ 6 milhões de INSS e esta-
mos prestes a liquidar uma dí-
vida de R$ 63 milhões junto ao
governo, dos quais teremos um
desconto de R$ 40 milhões.
Com isso, acredito que a coo-
perativa poderá voltar a operar
para que possamos pagar o res-
tante do que devemos a forne-
cedores e a alguns cooperados”,
encerrou ele.
Café e cooperativismo há
muito andam juntos, com re-
sultados muito expressivos. Da
renovação da cultura nos anos
60 até a aposta em denomina-
ção de origem e certificação dos
dias atuais, se depreende que
as cooperativas têm um papel
diferenciado em permitir que a
atividade cafeeira se desenvolva
de maneira efetiva. Nas regiões
onde essas empresas continuam
fortes e ativas, verificam-se re-
sultados que, de modo algum
podem ser desprezados, sejam
em aspectos econômicos, sus-
tentáveis, ambientais ou sociais.
PRIMEIRO EMBARQUE DE CAFÉ DA GARCAFÉ, no Porto de Santos, em de 1963: o IBC elevou a coope-
rativa ao grau de exportadora em 20 de janeiro daquele mesmo ano, com menos de nove meses de operação.
JAIME NOGUEIRA MIRANDA E ALCIDES DE CARVALHO no an-
tigo campo experimental da Garcafé, que levava o nome do pesquisador.
PARA CARLOS FERRARI, sem o apoio da cooperativa
não haveria a renovação do parque cafeeiro nos anos 60.
ACIMA, A GARCAFÉ DE PATROCÍNIO/MG e abaixo, a matriz da
cooperativa em Garça: ambas estão em liquidação há 12 anos.
JOSÉ WILSON LOPES acredita que será possível rea-
tivar a Garcafé: “Garça não pode ficar sem cooperativa”.

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Cooperativismo fortalece produtores e fomenta a modernização da cafeicultura no século 21

  • 1. Garça (SP), Outubro/2017Página 04 Cooperativismo fortalece produtores e fomenta a modernização da cafeicultura no século 21 Não parece, mas há muita história por trás de uma simples e inocente xícara de café. Desde o cultivo da planta pelos árabes, na antiguidade, e sua posterior descoberta na região da Etiópia, por volta do século 9 por um pastor de cabras, até os dias de hoje, muita coisa ocorreu. Na Europa, o café foi introduzido no século 16 e, no Brasil, chegou no início do século 18, trazido pelo militar Mello Palheta, que roubou uma muda da esposa do governador da Guiana Francesa. Só esses fatos já seriam suficien- tes para encher a prateleira de uma biblioteca. Mas há um capítulo im- portante na história secular do café que merece registro. Esse capítulo diz respeito ao desen- volvimento da cultura, à sua renovação e à profissionaliza- ção da atividade cafeeira graças aos investimentos feitos pelas cooperativas. Por isso, antes de tratar das cooperativas de café, é fundamental saber um pouco mais sobre o cooperativismo, que se desenvolveu da simples ideia de comprar montantes maiores de alimentos para que se pudesse obter preços mais atrativos. Essa ação básica ocorreu há mais de 170 anos no interior da Inglaterra e envolveu quase três dezenas de trabalhadores, que sofriam para garantir o seu sustento ante os altos preços dos comércios locais. Essa ini- ciativa deu a largada para um sistema que ganharia corpo. A união dos trabalhadores ingle- ses, 12 anos depois da primeira compra, já envolvia uma teia de mais de 3 mil sócios. A experi- ência foi um sucesso e se espa- lhou pelo mundo. No Brasil — O cooperativis- mo chegou ao Brasil no final do século 19, com a primeira cooperativa conhecida sendo a de Ouro Preto, Minas Gerais, focada em produtos agrícolas. E é na agricultura que o coo- perativismo brasileiro, até hoje, vem apresentando muitos des- taques. Um dos segmentos que tem o cooperativismo como O CAFEICULTOR JORGE NAIMEG, DE COROMANDEL/MG: para ele, o “cooperativismo é um instrumento agregador, no qual os diversos produtores de uma região podem atuar de forma conjunta em busca de resultados”. parceiro inato é o cafeeiro. Nos idos dos anos 60 do século pas- sado, o IBC (Instituto Brasileiro do Café), o então órgão forte da economia cafeeira do país, esti- mulou a criação de cooperativas de café, vendo nelas um potencial para garantir maior força para os produtores e para as regiões que plantavam o grão. Pouco a pouco, do Paraná ao sul de Minas Gerais, passando pelo interior paulista, Cerrado, Rio de Janeiro, entre outras regi- ões, se observou o florescimento de várias cooperativas. Muitas de- las ganharam força, amealharam associados e tiveram papel chave na condução da cafeicultura na- cional, mesmo diante de desafios variados, como os problemas cli- máticos, as crises de preço, o sur- gimento de novos concorrentes internacionais, entre outros. Não seria exagero dizer que as cooperativas tiveram pa- pel chave no “renascimento” da cafeicultura brasileira. Várias de- las, atuando em apoio a entidades de pesquisa e desenvolvimento, abriram espaço para a criação de novas variedades resistentes a doenças e pragas como a broca, o bicho mineiro, a cigarrinha, o nematoide, entre outras. Atua- ram na busca de soluções para problemas como o da ferrugem e também trouxeram ao mercado novas ideias sobre plantio, espa- çamento, irrigação e outras ações, que fizeram com que o país tives- se uma das maiores produtivida- des da cafeicultura mundial. Cerrado Mineiro — São muitos os exemplos de sucesso da relação entre a cafeicultura e o cooperati- vismo. Um que salta aos olhos é verificado no Cerrado Mineiro. A região é reconhecida pelos cafés de alta qualidade e pela aposta na irrigação e vem, ano a ano, conse- guindo colocar em evidência sua cafeicultura por ações focadas em sustentabilidade, certificação e outros atributos que se mostram cada vez mais demandados por compradores internacionais. O trabalho das cooperativas nesse sentido já vem sendo estu- dado e estimulado há anos, mas, em 2015, um plano de desenvol- vimento, de cinco anos, foi divul- gado, reforçando a denominação de origem “Região do Cerrado Mineiro”, que tem como foco o reconhecimento da qualidade dos cafés locais e a diferenciação por meio da demarcação dessa área e sua devida certificação. Essa foi a primeira denominação de origem para café no Brasil. Para se conquistar esse status houve a união de várias cooperativas locais, como Ca- pal, Carpec, Coocacer, Expocac- cer, Coagril, Coopa e Montecce, além de algumas associações de produtores. Tal união permitiu aos produtores contarem com melhores condições para desen- volver a cultura cafeeira, realizar a comercialização do produto e também passarem a ter uma es- trutura sólida para investir em melhorias em suas propriedades, privilegiando, principalmente, as- pectos ambientais e, assim, tendo condições para obter certificações e outros reconhecimentos, que são referências junto aos com- pradores europeus, asiáticos ou norte-americanos. O cafeicultor Jorge Naimeg, da Fazenda Pântano, em Coro- mandel, vê no cooperativismo um instrumento agregador, no qual os diversos produtores de uma região podem atuar de forma conjunta em busca de resultados concretos. “O cooperativismo é isso: todo mundo junto. Ele consegue enga- jar as pessoas para que elas façam sua parte e, assim, seja possível implementar mudanças”, avaliou. O produtor vem desenvol- vendo diversas ações em busca de obter melhorias constantes, não apenas no grão colhido, mas tam- bém em aspectos ambientais e so- ciais. Para tanto, conta com o apoio técnico da Expocaccer. Seu pai foi um dos primeiros associados dessa cooperativa e hoje os filhos — to- dos cafeicultores — também são associados e participam ativamente das propostas elaboradas localmen- te para a consolidação da denomi- nação de origem “Região do Cer- rado Mineiro”. “A cafeicultura de hoje não pode produzir se não levar em conta aspectos como a questão ambiental. Pensamos o que cada produtor pode fazer nessa área para termos melhores resultados. Cada propriedade preserva suas APPs (Áreas de Preservação Per- manentes), recupera nascentes, planta árvores nativas, entre ou- tros procedimentos”, explicou. Preservar dá retorno financei- ro — A Fazenda Pântano segue diversos procedimentos, por meio de acompanhamento do corpo téc- nico da Expocaccer, o que a fez ob- ter várias certificações, como, por exemplo, a Rainforest Alliance, que “abre várias portas” para o café nos mercados internacionais. Tal cer- tificação atua como colaboradora do programa AAA da Nestlé, que busca a aquisição de grãos para a marca Nespresso, comercializada em grande parte do planeta. A preocupação com esses aspectos por parte das coope- rativas do Cerrado é tão efetiva que uma delas conta até mesmo com um Departamento de Sus- tentabilidade. É a Expocaccer, que criou essa unidade com o foco em levar aos cooperados os aspectos necessários para que suas fazendas possam ter as cer- tificações que o mercado exige. “Nosso foco é a susten- tabilidade e agregar valor. É difícil preservar se não houver retorno financeiro. Mas quem se volta para os aspectos sus- tentáveis tem um ganho, que é o de conseguir entrar em novos mercados e poder lucrar com isso. Posteriormente, o produtor começa a enxergar e vê aspectos gratificantes, como a preserva- ção de matas, como a satisfação dos funcionários”, explicou Pe- trônio Primo Naves Júnior, co- ordenador do Departamento. Essa unidade do Expocac- cer tem uma equipe de campo, que faz todo o levantamento das propriedades. Num segun- do momento, outra equipe ela- bora os projetos ambientais e sociais e dá todo o suporte para aspectos como a certificação, venda, controle fiscal, de arma- zenagem, entre outros. “Nós vemos que os pró- prios produtores estão muito mais conscientes, já nos trazem várias ideias. Eles estão apos- tando nos aspectos sustentáveis e vendo que contar com uma certificação, como a da Rain- forest, por exemplo, permite ganhos importantes”, comple- mentou Naves Júnior. EM 2015, as cooperativas mineiras, unidas, obtiveram a denominação de origem “Região do Cerrado Mineiro”. (Por Flávio Bredariol e Marcos Fidêncio) (CONTINUA NA PÁGINA 5)
  • 2. Garça (SP), Outubro/2017 Página 05 Garça: sem cooperativa pro- dutores sofrem — Mas, e sem uma cooperativa é possível de- senvolver bem a atividade ca- feeira? Tome-se o exemplo de Garça, cidade do interior paulis- ta com 45 mil habitantes e que já esteve entre as maiores produ- toras do grão em todo o país. Em 1962, alguns produ- tores garcenses de café perce- beram a importância da união da classe em torno de objeti- vos comuns. Nesse momento, começava a nascer a Garcafé (Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Garça). O deses- tímulo e a intranquilidade do cafeicultor eram grandes em 1962, consequência de uma crise que se arrastava desde a grande depressão mundial de 1929. Era preciso aumentar a produtividade das lavouras cafeeiras, melhorar os preços e conhecer o momento certo para a comercialização. Tendo em vista esses fatos, esse grupo de idealistas verificou a neces- sidade de se desenvolver uma luta conjunta. A partir daí, sur- giu a cooperativa, exatamente em 21 de abril de 1962. Quem se lembra bem dessa fundação é o cafeicultor e engenheiro agrônomo Carlos Ferrari, que hoje tem 86 anos de idade e foi um dos protago- nistas na criação da entidade. Na época, foi ele quem con- vocou uma reunião na Câmara Municipal para se discutir o as- sunto pela primeira vez, com a participação do Departamento de Cooperativismo da Secreta- ria da Agricultura de São Paulo. Segundo Carlos Ferrari, no final dos anos 50 e início dos 60, o parque cafeeiro local estava decadente. “Muitas lavouras antigas estavam sendo erradicadas. Mu- nicípios que tinham 40 milhões de pés de café ficaram sem nenhum. O governo pagava para que erra- dicássemos”, lembrou. “Eu, como agrônomo da Casa da Agricultura de Garça, na época, notei que era necessária uma renovação. Então nós lançamos uma campanha com novos métodos (de plantio e de tratos culturais).” Garça foi então o municí- pio que iniciou a renovação da cafeicultura nos anos 60 na região oeste paulista, com a campanha “Renovar para Salvar”. Essa se- mente foi disseminada pelo Brasil todo e a própria cafeicultura que hoje se verifica em Minas Gerais é herdeira desse movimento. Um detalhe fundamental no sucesso dessa empreitada é a participação decisiva da Garcafé, uma coope- rativa que já nascia grande, com força política e credibilidade. A primeira diretoria, pre- sidida por Jaime Nogueira Mi- randa, logo foi plenamente re- conhecida pelo IBC, que, num fato inédito ocorrido em 20 de janeiro de 1963, outorgou carta à cooperativa, elevando-a ao grau de exportadora. Esta autorização normalmente era concedida às empresas com mais de um ano de funcionamento comprovado. No final de 1963, a cooperativa já contava com o expressivo nú- mero de 118 associados. No ano seguinte, somaram-se a eles mais 107 cooperados. “Sem o apoio da coopera- tiva, não teríamos condições de promover essa campanha de re- novação da cafeicultura em Garça e região. O apoio foi total”, des- tacou Carlos Ferrari. A cooperativa investia em pesquisa de novas variedades de café no Campo Experimental “Dr. Alcides de Carvalho”. Por meio do corpo de agrônomos do seu departamento técnico, desenvol- via novos tratos culturais, fornecia insumos com loja própria e pres- tava total assistência aos produto- res, fossem eles grandes ou peque- nos. E ainda dava total apoio na comercialização da safra e na me- lhoria das propriedades, como na conservação de áreas de preserva- ção ou na proteção de nascentes. Ao longo dos seus mais de 40 anos de existência, a Garcafé também teve papel central e par- ticipação ativa junto ao governo na formulação da política cafeei- ra do país. A cooperativa sempre esteve envolvida nas tomadas de decisões e, mais que isso, teve representantes nos principais ór- gãos do setor. Crise e fim – Apesar da pujan- ça das décadas de 60, 70 e 80 do século passado, a cooperativa aca- bou entrando em declínio. No iní- cio do século 21, a Garcafé passou a apresentar dificuldades financei- ras, chegando ao ponto de não conseguir equacionar suas dívidas. Fechou as portas em 2005. O cafeicultor Carlos Ferra- ri, que chegou a contar com 50 hectares de café plantados, hoje tem apenas dez. Ele classifica o fechamento como uma “tragé- dia” para a atividade. Na área em que erradicou boa parte da sua lavoura cafeeira, atualmente ele cria búfalos. “O cafeicultor hoje está completamente desamparado. Ele está na mão de firmas comprado- ras de café que fazem o preço que bem entendem. É difícil com- prar insumos. O pequeno pro- dutor que compra insumos em pequena quantidade e não pode adquirir uma carreta de adubo, por exemplo, está desamparado e perdendo mercado. Os pequenos e médios estão desaparecendo. É claro que se a cooperativa existis- se nós teríamos outras condições. O nosso parque cafeeiro de Garça diminuiu muito”, lamentou. Liquidante — Uma Comissão Li- quidante foi instalada logo após o fechamento da Garcafé. Seu presi- dente é o cafeicultor José Wilson Lopes, para quem o insucesso da cooperativa começou a partir de 1990. Segundo ele, através da atuação e influência da Garcafé, os produtores tinham condições de obterem melhores preços para o produto. Portanto, o fechamen- to provocou certa desestrutura- ção da atividade na região. Lopes lembrou ainda que, além do apoio irrestrito aos coo- perados, a Garcafé também cum- pria um papel social, pois gerava muitos empregos e colaborava com diversas entidades assisten- ciais na cidade. “É bom destacar que, entre 1979 e 1989, a cooperativa foi a responsável pela instalação da he- modiálise na Santa Casa de Mise- ricórdia de Garça”, disse ele, que ainda tem esperanças de que será possível reativar a cooperativa. “Uma área como a nos- sa, com o tipo de café que pro- duzimos, não pode mais ficar sem uma cooperativa. O café de Garça é procurado em vá- rios lugares do mundo, mas os compradores europeus exigem um produto de boa qualidade”, apontou. Segundo José Wilson Lo- pes, a dívida da Garcafé é hoje de R$ 138 milhões. Mas ele trabalha junto ao governo para tentar convencer o governo a retirar multas e juros que repre- sentam boa parte desse valor. “Temos que negociar nossa dívida dentro do que podemos pagar. E parece que o governo federal começou a entender. Há um ano pagamos R$ 6 milhões de INSS e esta- mos prestes a liquidar uma dí- vida de R$ 63 milhões junto ao governo, dos quais teremos um desconto de R$ 40 milhões. Com isso, acredito que a coo- perativa poderá voltar a operar para que possamos pagar o res- tante do que devemos a forne- cedores e a alguns cooperados”, encerrou ele. Café e cooperativismo há muito andam juntos, com re- sultados muito expressivos. Da renovação da cultura nos anos 60 até a aposta em denomina- ção de origem e certificação dos dias atuais, se depreende que as cooperativas têm um papel diferenciado em permitir que a atividade cafeeira se desenvolva de maneira efetiva. Nas regiões onde essas empresas continuam fortes e ativas, verificam-se re- sultados que, de modo algum podem ser desprezados, sejam em aspectos econômicos, sus- tentáveis, ambientais ou sociais. PRIMEIRO EMBARQUE DE CAFÉ DA GARCAFÉ, no Porto de Santos, em de 1963: o IBC elevou a coope- rativa ao grau de exportadora em 20 de janeiro daquele mesmo ano, com menos de nove meses de operação. JAIME NOGUEIRA MIRANDA E ALCIDES DE CARVALHO no an- tigo campo experimental da Garcafé, que levava o nome do pesquisador. PARA CARLOS FERRARI, sem o apoio da cooperativa não haveria a renovação do parque cafeeiro nos anos 60. ACIMA, A GARCAFÉ DE PATROCÍNIO/MG e abaixo, a matriz da cooperativa em Garça: ambas estão em liquidação há 12 anos. JOSÉ WILSON LOPES acredita que será possível rea- tivar a Garcafé: “Garça não pode ficar sem cooperativa”.