SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 55
Descargar para leer sin conexión
Anota¸c˜oes sobre sequˆencias
Rodrigo Carlos Silva de Lima ‡
rodrigo.uff.math@gmail.com
‡
1
Sum´ario
1 Sequˆencias 4
1.1 Defini¸c˜ao e propriedades b´asicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Opera¸c˜oes com sequˆencias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2.1 Defini¸c˜ao de subsequˆencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3 Limites de sequˆencias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3.1 Caracteriza¸c˜ao de sequˆencias por meio de abertos . . . . . . . . . . 13
1.3.2 Defini¸c˜ao de sequˆencia peri´odica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.3.3 Valores de aderˆencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.4 Sequˆencias mon´otonas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.4.1 Toda sequˆencia mon´otona limitada ´e convergente . . . . . . . . . . 20
1.4.2
√
a +
√
a +
√
a + · · · Ra´ızes encaixadas . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.4.3 lim bn = 0, |an| < c ⇒ lim anbn = 0. . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.4.4 A sequˆencia
(
1 +
1
n
)n
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.4.5
√
x
√
x
√
x
√
x · · · . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.4.6 Limite do m´odulo de uma sequˆencia. . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.4.7 Estudo da sequˆencia (an
). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.5 Propriedades aritm´eticas dos limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.5.1 Limite da soma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.5.2 Limite do produto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.5.3 Limite do quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.5.4 lim p
√
(xn). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.5.5 Se N =
p
∪
k=1
Nk e lim
n∈Nk
xn = a ent˜ao lim xn = a. . . . . . . . . . . . . 38
1.6 C´alculo de limites por meio de subsequˆencias . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2
SUM ´ARIO 3
1.6.1 lim a
1
n = 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
1.6.2 lim n
1
n = 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
1.7 Limites infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
1.7.1 lim
√
n = ∞. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.7.2 lim
n∑
k=1
1
√
n + k
= ∞. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.8 Opera¸c˜oes com limites infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.8.1 Se lim
|xn+1|
|xn|
= L ent˜ao lim n
√
|xn| = L. . . . . . . . . . . . . . . . . 44
1.8.2 lim
n
√
(2n)!
n!nn
=
4
e
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1.8.3 lim
n→∞
(
m + n
n
)1
n
= 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
1.8.4 lim
n
√
n! = ∞ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
1.8.5 lim
1
√
n + 1 +
√
n
= lim
√
n + 1 −
√
n = 0 . . . . . . . . . . . . . . 46
1.8.6 lim ln(n + 1) − ln(n) = 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
1.8.7 lim
ln(n + 1)
ln(n)
= 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
1.9 Limites e desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
1.9.1 O limite preserva desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Cap´ıtulo 1
Sequˆencias
1.1 Defini¸c˜ao e propriedades b´asicas
Defini¸c˜ao 1 (Sequˆencia finita ou n-upla). Uma sequˆencia finita ´e uma fun¸c˜ao x :
In → B, onde In = {1, . . . n} e B ´e um conjunto qualquer, podemos denotar a sequˆencia
como (xk)n
1 .
Defini¸c˜ao 2 (Sequˆencia vazia). ´E uma sequˆencia sem elementos denotada por () que
consideraremos tamb´em como uma sequˆencia finita.
Defini¸c˜ao 3 (Sequˆencia). Come¸caremos com uma sequˆencia em um corpo qualquer e
depois trataremos de sequˆencias onde o corpo ´e o corpo dos n´umeros reais. Uma sequˆencia
com elementos em um corpo K ´e uma fun¸c˜ao X : N → K. xn ´e chamado n-´esimo termo
da sequˆencia e podemos denotar a sequˆencia das seguintes maneiras
(x1, . . . , xn, . . . ) = (xn)n∈N = (xn) = {xn}.
Tal defini¸c˜ao pode ser feita tomando um conjunto qualquer B no lugar do corpo K, nesse
caso podemos ter sequˆencia de elementos arbitr´arios.
Em nossa apresenta¸c˜ao escolhemos come¸car a sequˆencia do termo x1 pois associamos
a ele normalmente o primeiro termo.
4
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 5
Usaremos a nota¸c˜ao x(N) = {x1, . . . , xn, . . . } = {xn|n ∈ N} para simbolizar o con-
junto dos termos da sequˆencia. ´e preciso tomar cuidado para n˜ao confundir o conjunto de
termos da sequˆencia com a representa¸c˜ao da sequˆencias atrav´es da upla. Se a sequˆencia
for injetiva, isto ´e, xm = xn implicar n = m, diremos que ´e uma sequˆencia de termos dois
a dois distintos. Em (xn), n ´e chamado de ´ındice da sequˆencia. Dizemos tamb´em que em
(xn), xn ´e o termo de ordem n ou ´e o n-´esimo termo da sequˆencia.
Defini¸c˜ao 4 (Sucessores e antecessores). Dado o termo xs em uma sequˆencia (xn),
os termos xp tais que p > s s˜ao ditos sucessores de xs na sequˆencia (xn) se s > 1 ent˜ao os
termos xp tal que p < s s˜ao ditos antecessores de xs na sequˆencia (xn).
1.2 Opera¸c˜oes com sequˆencias
Defini¸c˜ao 5 (Igualdade de sequˆencias). Duas sequˆencias (ak) e (bk) s˜ao iguais, quando
ak = bk para todo k ∈ N
(ak) = (bk)
, isto ´e duas sequˆencias s˜ao iguais quando seus termos de ´ındices iguais, s˜ao iguais.
Defini¸c˜ao 6 (Adi¸c˜ao de sequˆencias). Sejam sequˆencias (an) e (bn), definimos a adi¸c˜ao
como uma outra sequˆencia (cn)
(an) + (bn) = (cn)
onde o termo cn ´e dado pela adi¸c˜ao de an e bn, cn = an + bn.
Defini¸c˜ao 7 (Produto de sequˆencias). Sejam sequˆencias (an) e (bn), definimos o
produto, como
(an)(bn) = (cn)
onde o termo cn ´e dado pelo produto dos termos bn e an, cn = anbn.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 6
Propriedades da adi¸c˜ao
Sejam (an), (bn), (cn) sequˆencias quaisquer no corpo K, a adi¸c˜ao e o produto de
sequˆencias gozam das seguintes propriedades
Propriedade 1 (Elemento neutro). O elemento neutro da adi¸c˜ao de sequˆencias ´e a
sequˆencia onde todos termos s˜ao nulos
(cn) = (0)
onde cn = 0 ∀ n ∈ N1. E temos a propriedade, sendo (an) uma sequˆencia qualquer, temos
a propriedade
(an) + (0) = (an + 0) = (an).
Pois o corpo k possui elemento neutro da adi¸c˜ao. Temos um elemento neutro do produto
que ´e (1) a sequˆencia constante formada pelo n´umero 1, e temos a propriedade
(an)(1) = (an.1) = (an).
Pois 1 ´e o elemento neutro do produto no corpo K
Propriedade 2 (Comutatividade). Temos as propriedades
(cn) + (bn) = (cn + bn) = (bn + cn) = (bn) + (cn)
(cn)(bn) = (cn.bn) = (bn.cn) = (bn)(cn)
pela propriedade da adi¸c˜ao e o produto serem comutativos no corpo k.
Propriedade 3 (Associatividade).
[(cn) + (bn)] + (an) = (cn + bn) + (an) = (cn + bn + an) = (cn) + [(bn + an)]
[(cn).(bn)].(an) = (cn.bn).(an) = (cn.bn.an) = (cn).[(bn.an)]
pela associatividade no corpo K.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 7
Propriedade 4 (Existˆencia de inverso). Para a sequˆencia (an) existe a sequˆencia
(−an), tal que
(an) + (−an) = (an − an) = (0)
a soma das sequˆencias ´e a sequˆencia nula. Se an ̸= 0 para todo n, existe a−1
n e temos a
sequˆencia dos inversos (a−1
n ) onde temos a propriedade
(an).(a−1
n ) = (an.a−1
n ) = (1).
Propriedade 5 (Existˆencia de divisores de zero). Dadas duas sequˆencias n˜ao nulas
(xn) e (yn) seu produto pode ser uma sequˆencia nula.
Demonstra¸c˜ao. Considere (xn) dada por xn = 0 se n par e xn = 1 se n ´ımpar,
(yn) tal que yn = 0 se n ´ımpar yn = 1 se n par, ent˜ao (xn)(yn) = (0) e nenhuma delas ´e a
sequˆencia nula.
Corol´ario 1. Com isso conclu´ımos que o conjunto das sequˆencias munido da adi¸c˜ao
e multiplica¸c˜ao que definimos , n˜ao ´e um corpo, pois em corpos n˜ao existem divisores de
zero.
Propriedade 6 (Distributividade).
(an)[(cn) + (bn)] = (an)(cn + bn) = (ancn + anbn) = (ancn) + (anbn) = (an)(cn) + (an)(bn)
pela distributividade no corpo K.
Defini¸c˜ao 8 (Produto por elemento de um corpo). Sejam uma sequˆencia (an) e um
elemento r do corpo K, definimos o produto da sequˆencia por r como uma outra sequˆencia
(cn)
r(an) = (cn)
onde o termo cn ´e dado pelo produto do termo an e r, cn = an.r.
Propriedade 7 (Distributividade). Sendo r e p ∈ k, temos
(r + p)(an) = (ran + pan) = (ran) + (pan) = r(an) + p(an).
r[(an) + (bn)] = r(an + bn) = (ran + rbn) = r(an) + r(bn).
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 8
Propriedade 8 (Multiplica¸c˜ao por 1).
1.(an) = (1.an) = (an).
Propriedade 9. c e d no corpo K temos
c[d.(an)] = c(d.an) = (c.d.an) = (c.d).(an)
Com as propriedades de adi¸c˜ao e produto por escalar (que no caso s˜ao elementos do
corpo K), as sequˆencias em um corpo k, formam um espa¸c o vetorial. Este espa¸c o vetorial
de sequˆencias ser´a simbolizado por K∞
, em especial se o corpo for o corpo dos n´umeros
reais R, teremos o espa¸c o vetorial R∞
que s˜ao sequˆencias de n´umeros reais.
Propriedade 10. Seja, s um n´umero natural maior que 1 , as sequˆencias (xn) com
xn = 0 para n ≥ s e outros termos livres em K formam um subespa¸c o vetorial de K∞
.
Em termos de upla escrevemos
(
xk|s−1
1 , xk|∞
s
)
=
(
xk|s−1
1 , 0|∞
s
)
= (x1, . . . , xs−1, 0, . . . ).
Demonstra¸c˜ao. A sequˆencia (0) pertence a sequˆencia (xn), pois basta tomar
xn = 0 para n < s, pela defini¸c˜ao da sequˆencia (xn) vamos ter xn = 0 para n ≥ s.
Escrevendo com nota¸c˜ao de upla
(
xk
∞
1
)
abrindo, temos
(
xk
∞
1
)
=
(
xk
s−1
1
, xk
∞
s
)
para que seja a sequˆencia zera basta tomar xk = 0 para k de 1 at´e s − 1, pois a partir de
s, todos s˜ao zero.
Sejam agora duas sequˆencias (an) e (bn) com as propriedades da hip´otese, vamos
demonstrar a soma continua tendo as propriedades que queremos. Escrevendo como
upla, temos
(an) + (bn) =
(
ak
s−1
1
, 0
∞
s
)
+
(
bk
s−1
1
, 0
∞
s
)
=
(
ak + bk
s−1
1
, 0
∞
s
)
.
logo a adi¸c˜ao ´e fechada.
Agora seja a um elemento do corpo K e uma sequˆencia (xn) com as propriedades da
hip´otese, vamos mostrar que o produto continua sendo uma sequˆencia com a propriedade
que queremos
a
(
ak
s−1
1
, 0
∞
s
)
=
(
a.ak
s−1
1
, 0
∞
s
)
.
que ´e do tipo que desejamos. Assim demonstrada essas trˆes propriedades temos que tais
sequˆencias s˜ao subespa¸c o de K∞
.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 9
1.2.1 Defini¸c˜ao de subsequˆencia
Defini¸c˜ao 9 (Subsequˆencia). Uma subsequˆencia (xn)n∈N′ de uma sequˆencia (xn) ´e
a restri¸c˜ao da sequˆencia xn : N → R a um subconjunto infinito N′
de N, isto ´e, (xn)n∈N′
´e a fun¸c˜ao xn : N′
→ R, onde N′
⊂ N ´e um conjunto infinito .
Vamos analisar agora o caso onde o corpo K ´e o corpo dos n´umeros reais.
Defini¸c˜ao 10 (Sequˆencia limitada). Uma sequˆencia (xn) ´e limitada quando existem
a e b reais tais que xn ∈ [a, b] ∀ n ∈ N, isto ´e, sempre vale a ≤ xn ≤ b . Todo intervalo
[a, b] est´a contido num intervalo do tipo [−c, c], com c > 0 (intervalo sim´etrico). Para ver
isto, basta tomar c = max{|a|, |b|}, pois c ≥ b e c ≥ −a da´ı a ≥ −c e portanto,
−c ≤ xn ≤ c ⇔ |xn| ≤ c,
assim podemos ver que uma sequˆencia (xn) ´e limitada ⇔ existe c > 0 real, tal que
|xn| ≤ c para todo n ∈ N, Da´ı resulta que (xn) ´e limitada ⇔ (|xn|) ´e limitada.
Propriedade 11. A soma finita de sequˆencias limitada ´e uma sequˆencia limitada.
Demonstra¸c˜ao. Usaremos nota¸c˜ao xp(k) para simbolizar o k-´esimo termo da
p-´esima sequˆencia, como cada uma das n sequˆencias ´e limitada ent˜ao para cada p existe
uma constante Mp > 0, tal que |xp(k)| ≤ Mp para todo k ∈ N. Somando sobre p tem-se
|
n∑
p=1
xp(k)| ≤
n∑
p=1
|xp(k)| ≤
n∑
p=1
Mp
logo a sequˆencia dada pela soma ´e limitada.
Propriedade 12. O produto de sequˆencias limitadas ´e uma sequˆencia limitada.
Demonstra¸c˜ao. Usaremos a mesma nota¸c˜ao da propriedade anterior. Vale
|xp(k)| ≤ Mp da´ı podemos tomar o produto com p variando
n∏
p=1
|xp(k)| = |
n∏
p=1
xp(k)| ≤
n∏
p=1
Mp
de onde segue o resultado.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 10
Defini¸c˜ao 11 (Sequˆencia ilimitada). Quando uma sequˆencia n˜ao ´e limitada, diz-se
que ela ´e ilimitada.
Defini¸c˜ao 12 (Sequˆencia limitada superiormente). Uma sequˆencia (xn) ´e limitada
superiormente, quando existe b ∈ R, tal que xn ≤ b para todo n ∈ N1, isto ´e, todos
elementos pertencem ao intervalo (−∞, b].
Defini¸c˜ao 13 (Sequˆencia limitada inferiormente). Uma sequˆencia (xn) ´e limitada
inferiormente, quando existe b ∈ R , tal que b ≤ xn para todo n ∈ N1, isto ´e, todos termos
da sequˆencia pertencem ao intervalo [b, ∞).
Corol´ario 2. Uma sequˆencia ´e limitada sse ´e limitada superiormente e inferiormente.
Se a sequˆencia for limitada ent˜ao todos seus termos pertencem a um intervalo fechado [a, b],
logo temos sempre a ≤ xn ≤ b, de onde segue que xn ≤ b logo ´e limitada superiormente e
a ≤ xn logo limitada inferiormente. Agora se ela ´e limitada inferiormente e superiormente
temos a, b tais que a ≤ xn e xn ≤ b logo xn ∈ [a, b] para todo n.
Corol´ario 3. Toda subsequˆencia de uma sequˆencia limitada ´e limitada. Se a sequˆencia
´e limitada ent˜ao temos que xn ∈ [a, b]∀n ∈ N1 em especial temos tamb´em que xn ∈
[a, b]∀n ∈ N′
pois N′
´e um subconjunto de N.
Defini¸c˜ao 14 (Sequˆencias crescentes e n˜ao-decrescentes). Uma sequˆencia (xn) ´e
crescente, quando temos xn+1 > xn, para todo n ∈ N1. Podemos escrever da seguinte
forma xn+1 − xn > 0, usando o operador delta, ∆xn > 0, logo uma sequˆencia ´e crescente,
quando ∆xn > 0 para todo n.
Uma sequˆencia (xn) ´e n˜ao-decrescente, quando temos xn+1 ≥ xn para todo n ∈ N1,
que podemos escrever ∆xn ≥ 0. As sequˆencias crescentes s˜ao sequˆencias n˜ao-decrescentes,
pois satisfazem xn ≥ 0 mas as n˜ao-decrescentes em geral n˜ao s˜ao crescentes.
Defini¸c˜ao 15 (Sequˆencias decrescentes e n˜ao-crescentes). Uma sequˆencia (xn) ´e
decrescente quando temos xn > xn+1 para todo n ∈ N1, que pode ser escrito como
0 > xn+1 − xn e usando novamente o operador delta, 0 > ∆xn ou ∆xn < 0.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 11
Uma sequˆencia (xn) ´e n˜ao-crescente, quando temos xn+1 ≤ xn para todo n ∈ N1, e
usando o operador, escrevemos ∆xn ≤ 0. Da mesma maneira que nas sequˆencias crescen-
tes, as sequˆencias decrescentes s˜ao sequˆencias n˜ao-crescentes pois satisfazem ∆xn ≤ 0,
por´em as sequˆencias n˜ao-crescentes n˜ao s˜ao necessariamente decrescentes.
Propriedade 13. Toda sequˆencia n˜ao-decrescente ´e limitada inferiormente e toda
n˜ao-crescente ´e limitada inferiormente.
Demonstra¸c˜ao. Temos que vale ∆xk ≥ 0 para todo k ∈ N1 vamos mostrar que a
sequˆencia n˜ao-decrescente ´e limitada inferiormente pelo seu primeiro termo x1, para isso
temos que mostrar que xn ≥ x1 para qualquer n ∈ N1, como temos que vale ∆xk ≥ 0
para todo k ∈ N1, tomamos o somat´orio com k em [1, n − 1]
n−1∑
k=1
∆xk = xk
n
1
= xn − x1 ≥ 0
pois ´e uma soma de n´umeros n˜ao negativos, logo vale xn ≥ x1. O mesmo argumento para
uma sequˆencia crescente, nela vale ∆xk > 0 aplicando a soma em [0.n − 1] temos
n−1∑
k=1
∆xk = xn − x1 > 0
pois ´e soma de termos maiores que zero, implicando xn > x1 para n > 1. Agora toda
sequˆencia n˜ao-crescente ´e limitada superiormente pelo seu primeiro termo, pois temos
∆xk ≤ 0 e aplicando a soma em [1, n − 1] temos
n−1∑
k=1
∆xk = xn − x1 ≤ 0
logo xn ≤ x1 sendo o mesmo v´alido para sequˆencias decrescentes ∆xk < 0
n−1∑
k=1
∆xk = xn − x1 < 0
logo xn < x1.
Defini¸c˜ao 16 (Sequˆencias mon´otonas). sequˆencias mon´otonas s˜ao sequˆencias que
tˆem uma das propriedades: Crescentes, decrescentes, n˜ao-crescentes ou n˜ao-decrescentes.
Como as sequˆencias crescentes s˜ao tamb´em n˜ao-decrescentes e as decrescentes s˜ao n˜ao-
crescentes podemos demonstrar algumas propriedades para n˜ao-crescentes e n˜ao-decrescentes
sendo v´alida para outras sequˆencias mon´otonas tamb´em.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 12
Propriedade 14. N˜ao existe sequˆencia decrescente de n´umero naturais.
Demonstra¸c˜ao. Suponha que exista uma sequˆencia (xn) decrescente, considere
o conjunto dos termos da sequˆencia A = {xn | n ∈ N}, por ser um conjunto de n´umeros
naturais o PBO garante que existe o menor elemento de A, da´ı existe m ∈ N tal que xm
´e m´ınimo, por´em como a sequˆencia ´e decrescente ent˜ao xm > xm+1, absurdo.
Propriedade 15. N˜ao existe sequˆencia crescente limitada de n´umeros naturais.
Demonstra¸c˜ao. Supondo que exista uma sequˆencia (xn) crescente o conjunto de
seus termos A tem um maior elemento, digamos xm, por´em como ela ´e crescente temos
xm+1 > xm o que ´e absurdo.
Propriedade 16. Toda sequˆencia n˜ao-decrescente limitada de n´umeros naturais ´e
constante a partir de certo termo.
Demonstra¸c˜ao. Dado o conjunto dos termos da sequˆencia, existe um elemento
m´aximo, digamos xm, vale xm+1 ≥ xm, como n˜ao pode valer xm+1 > xm ent˜ao vale
xm+1 = xm, o mesmo deve valer para todo outro p > m, xp = xm, pois n˜ao pode valer
xp > xm.
Propriedade 17. Se uma sequˆencia (xk) de n´umeros naturais ´e crescente, ent˜ao vale
xk ≥ k para todo k ∈ N.
Demonstra¸c˜ao. Por indu¸c˜ao sobre n, para n = 1, vale x1 ≥ 1, pois x1 sendo
natural n˜ao pode ser menor que 1. Suponha que xn ≥ n, vamos mostrar que xn+1 ≥ n+1,
vale que xn+1 > xn = n, da´ı xn+1 > n, o que implica xn+1 ≥ n + 1, pois xn+1 n˜ao pode
estar em (n, n + 1) pelo fato de ser natural.
Defini¸c˜ao 17. Uma sequˆencia (xn) ´e dita estar eventualmente num conjunto A se
existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica an ∈ A, isto ´e, todos termos de ´ındices suficiente-
mente grandes pertencem ao conjunto A.
Defini¸c˜ao 18. Uma sequˆencia (xn) ´e dita estar frequentemente num conjunto A se
para todo n0 ∈ N existe n1 > n0 tal que an1 ∈ A, isto ´e, para todo ´ındice n0 podemos
achar outro ´ındice maior n1 tal que an1 ∈ A. Nesse caso dizemos que a sequˆencia (xn)
est´a frequentemente no conjunto A.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 13
1.3 Limites de sequˆencias
Usaremos a nota¸c˜ao B(a, ε) para o conjunto
B(a, ε) = {x ∈ R | |x − a| < ε}.
Tal conjunto ´e chamado de bola de centro a ´e raio ε.
Defini¸c˜ao 19 (Limite de sequˆencia.). Dizemos que lim xn = a ⇔ para qualquer ε > 0
dado, conseguimos encontrar um n´umero natural n0 tal que para n maior que n0 tem-se
|xn − a| < ε, nesse caso dizemos que a sequˆencia ´e convergente e seu limite ´e a, caso n˜ao
exista a tal que a sequˆencia satisfa¸ca essa propriedade dizemos que a sequˆencia diverge.
Em s´ımbolos tem-se a defini¸c˜ao
lim xn = a ⇔ ∀ε > 0 ∃ n0 ∈ N|n > n0 ⇒ |xn − a| < ε.
Lˆe-se lim xn = a como : limite de xn ´e igual `a a. De maneira equivalente podemos
escrever1
lim xn = a ⇔ ∀ε > 0 ∃ n0 ∈ N|n > n0 ⇒ xn ∈ B(a, ε).
Tamb´em denotamos lim xn = a por xn → a e lim xn = lim
n→∞
xn.
.
Quando n˜ao vale lim xn = a, negamos a defini¸c˜ao, ent˜ao fica
∃ε > 0, ∀ n0 ∈ N, ∃n > n0 tal que |xn − a| ≥ ε.
Nesse caso existem infinitos valores fora do intervalo (a − ε, a + ε).
1.3.1 Caracteriza¸c˜ao de sequˆencias por meio de abertos
Propriedade 18 (Caracteriza¸c˜ao de sequˆencias por meio de abertos). lim xn = a ⇔
∀ aberto A com a ∈ A existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn ∈ A.
1
Dada um sequˆencia xn → a, existe n0 tal que uma vez que a sequˆencia entra na bola B(a, ε) ela
nunca mais sa´ı
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 14
Demonstra¸c˜ao.
⇒).
Seja A um aberto com a ∈ A, ent˜ao existe ε > 0 tal que (a − ε, a + ε) ⊂ A e por
lim xn = a existe n0 ∈ N | n > n0 tem-se xn ∈ (a − ε, a + ε), logo xn ∈ A.
⇐).
Supondo que ∀ aberto A com a ∈ A existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn ∈ A,
ent˜ao em especial para todo ε > 0 podemos tomar o aberto A = (a − ε, a + ε) e tem-se
lim xn = a pela defini¸c˜ao de limite.
Propriedade 19 (Unicidade do limite de sequˆencias). Se lim xn = a e lim xn = b
ent˜ao a = b.
Dado um a qualquer quando lim xn = a dizemos que a sequˆencia (xn) converge para
a ou tende para a e tem limite. As sequˆencias que tˆem limite chamamos de convergentes
e as que n˜ao chamamos de divergentes.
Demonstra¸c˜ao. Seja lim xn = a e b ̸= a vamos tomar ε =
|b − a|
2
, ε > 0 temos
que os intervalos (a − ε, a + ε) e (b − ε, b + ε) s˜ao disjuntos, pois se houvesse x tal que
|a−x| < ε e |x−b| < ε somando as desigualdades ter´ıamos |a−x|+|x−b| < 2ε = |b−a|
e pela desigualdade triangular |b − a| ≤ |a − x| + |x − b| < |b − a| o que ´e absurdo, temos
ent˜ao que os intervalos s˜ao disjuntos. Como lim xn = a temos que existe n0 tal que para
∀n > n0 vale xn ∈ (a − ε, a + ε) e xn /∈ (b − ε, b + ε), logo lim xn ̸= b.
Propriedade 20 (Limite de constante). Se f(n) = a ent˜ao lim f(n) = a. Vamos usar
a defini¸c˜ao de limite. Temos que ∀ε > 0 e para todo n vale |f(n) − a| = |a − a| = 0 < ε
logo lim f(n) = a.
Propriedade 21. Se f(n) =
1
n
ent˜ao lim f(n) = 0. Por propriedade arquimediana
dos naturais temos que para todo ε > 0 existe n0 ∈ N tal que n0 >
1
ε
logo ε >
1
n0
, al´em
disso f(n) ´e decrescente pois ∆f(n) = −
1
n(n + 1)
< 0 assim para todo ε > 0 e n > n0
vale
1
n
<
1
n0
< ε, isso implica pela defini¸c˜ao de limite que lim
1
n
= 0.
Propriedade 22. Sejam lim xn = a e ε > 0, ent˜ao apenas um n´umero finito de termos
n˜ao pertence ao intervalo (a − ε, a + ε).
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 15
Demonstra¸c˜ao.
Figura 1.1: Um n´umero finito de elementos n˜ao pertence ao intervalo (a − ε, a + ε)
Como lim xn = a tem-se ∀ε > 0 ∃n0 ∈ N tal que n > n0 (n ∈ N) implica |xn − a| < ε
isso significa que para n > n0 tem-se xn ∈ (a−ε, a+ε) logo os ´unicos termos da sequˆencia
que poderiam estar fora do intervalo s˜ao os termo xk com k ∈ [1, n0]N sendo no m´aximo
n0 elementos, tem-se ent˜ao um n´umero finito de termos fora do intervalo. O n´umero de
elementos fora do intervalo (a − ε, a + ε) pode ser 0, por exemplo caso xn = 0 o intervalo
´e (−ε, ε) que cont´em todos termos da sequˆencia.
Propriedade 23. Se para qualquer ε > 0 fixado vale que fora do intervalo (a−ε, a+ε)
h´a apenas um n´umero finito de valores de xn ent˜ao lim xn = a.
Demonstra¸c˜ao. Seja ε > 0 ´arbitr´ario fixado tem-se que fora do intervalo I =
(a − ε, a + ε) h´a apenas um n´umero finito de valores de xn ent˜ao teremos no m´aximo os
valores xk de k = 1 at´e um certo k = n0 tal que xk /∈ I (pode ser que para alguns desses
´ındices k se tenha xk ∈ I) assim para n > n0 teremos xn ∈ I logo |xn − a| < ε, isto ´e para
todo ε > 0 existe n0 tal que n > n0 implica |xn − a| < ε.
Propriedade 24. Se lim xn = a ent˜ao toda subsequˆencia de (xn) converge para a.
Demonstra¸c˜ao.Para todo ε > 0 apenas um n´umero finito de termos de (xn) n˜ao
pertence ao intervalo I = (a − ε, a + ε) assim apenas um n´umero finito de termos da
subsequˆencia podem estar fora do intervalo I o que implica que a subsequˆencia converge
para a, pois I ir´a conter todos termos da subsequˆencia (a menos de uma quantidade finita)
para qualquer ε > 0.
Corol´ario 4. Se duas subsequˆencias de (xn) possuem limites distintos ent˜ao (xn)
diverge. Pois se lim xn = a ent˜ao toda subsequˆencia de (xn) converge para a.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 16
Propriedade 25. Se lim(xn+p) = a para algum p natural ent˜ao lim xn = a.
Demonstra¸c˜ao. Existe n0 ∈ N tal que para n > n0 tem-se |xn+p − a| < ε, logo a
partir de xn0 + p + 1 vale a desigualdade anterior, ent˜ao para n > n0 +p vale |xn −a| < ε
que significa que lim xn = a.
lim xn+p = a ⇔ lim xn = a.
Corol´ario 5. Uma sequˆencia (xn) converge para a ⇔ todas suas subsequˆencias con-
vergem para a. A ida j´a mostramos . Agora se todas subsequˆencias de (xn) convergem
para a, ela pr´opria converge para a, pois ela ´e subsequˆencia dela mesma. Se toda sub-
sequˆencia pr´opria de (xn) converge para a, ainda assim lim xn = a, pois podemos tomar
a subsequˆencia (xn+1 e como vimos na propriedade anterior se lim xn+1 = a ent˜ao lim xa.
1.3.2 Defini¸c˜ao de sequˆencia peri´odica
Defini¸c˜ao 20 (Sequˆencia peri´odica). Uma sequˆencia (xn) ´e dita peri´odica sse existe
p ∈ N tal que xn+p = x para todo n ∈ N. O menor dos valores p ´e chamado de per´ıodo
da sequˆencia.
Corol´ario 6. A sequˆencia constante ´e peri´odica pois satisfaz xn = x(n + p) para
qualquer p, sendo o menor desses valores 1, ent˜ao ela possui per´ıodo 1.
Propriedade 26. Uma sequˆencia possui per´ıodo p = 1 sse ´e uma sequˆencia constante.
Demonstra¸c˜ao. Se uma sequˆencia possui per´ıodo 1, ent˜ao vale para todo k ∈ N,
xk = xk+1 da´ı ∆xk = 0, aplicando a soma
n−1∑
k=1
tem-se
xn − x1 = 0
da´ı xn = x1 para todo n, sendo assim ela ´e constante. No exemplo anterior vimos que a
sequˆencia constante possui per´ıodo 1, ent˜ao a propriedade est´a demonstrada.
Propriedade 27. Se (xn) possui per´ıodo p, ent˜ao para todo n, q ∈ N, tem-se x(n) =
x(qp + n).
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 17
Demonstra¸c˜ao. Por indu¸c˜ao sobre q, para q = 1 vem da defini¸c˜ao. Supondo para
q, xn = xqp+n, vamos provar que x(q + 1)p + n = xn. Tem-se x(q + 1)p + n = xqp+n+p =
xqp+n = xn. Ent˜ao est´a demonstrado.
Propriedade 28. Uma sequˆencia peri´odica ´e convergente sse ´e constante.
Demonstra¸c˜ao.[1] Considere as subsequˆencias da sequˆencia (xk) que possui
per´ıodo p
(x1, x1+p, x1+2p, · · · ) = (x1+kp)k∈N
(x2, x2+p, x2+2p, · · · ) = (x2+kp)k∈N
...
(xp−1, xp−1+p, xp−1+2p, · · · ) = (xp−1+kp)k∈N
cada sequˆencia dessas ´e constante e possui valor sempre igual ao seu primeiro termo pelo
fato da sequˆencia ser peri´odica de per´ıodo p, xn+p = xn. Se (xk) converge ent˜ao todas suas
subsequˆencias devem convergir para o mesmo valor, ent˜ao deve valer x1 = x2 = · · · = xp−1
e cada termo da sequˆencia (xk) deve pertencer a uma dessas subsequˆencias, disso segue
que (xk) ´e constante.
Demonstra¸c˜ao.[2] Se a sequˆencia xn ´e peri´odica ent˜ao existe um per´ıodo p, se esse
per´ıodo ´e 1 ent˜ao ela ´e constante, considere ent˜ao que seja p > 1. Tome a divis˜ao euclidiana
de n por p ent˜ao n = qp+s ou n = qp onde 0 < s < p, da´ı temos xn = xs no primeiro caso e
no segundo xqp = xp, considere as subsequˆencias definidas como zs(q) = x((q−1)p+s) = xs
e z0(q) = x(qp) = x(p) com q ∈ N, cada uma dessas subsequˆencias ´e constante e como
a sequˆencia ´e convergente ent˜ao todas essas subsequˆencias devem assumir o mesmo valor
t = xs = xp, ent˜ao no caso de n = qp + s tem-se xqp+s = xs = t e no caso n = qp tem-se
xqp = xp = t, logo a sequˆencia ´e constante.
Exemplo 1. f(n) = (−1)n
diverge pois a subsequˆencia de ´ındices pares f(2n) =
(−1)2n
= 1 e a de ´ındices ´ımpares f(2n + 1) = (−1)2n+1
= −1 s˜ao constantes logo os
limites das subsequˆencias s˜ao 1 e −1, sendo diferentes a sequˆencia diverge.
Corol´ario 7. Se (xn) converge e o limite de uma subsequˆencia for a ent˜ao lim xn = a
, pois a subsequˆencia deve convergir para o mesmo limite da sequˆencia.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 18
Corol´ario 8. Se lim xn = a ent˜ao lim xn+p = a para qualquer p natural. Segue da
propriedade anterior pois (xn+p) ´e uma subsequˆencia de (xn). Assim o limite de uma
sequˆencia n˜ao se altera quando omitimos um n´umero finito de termos dela.
Propriedade 29. Toda sequˆencia convergente ´e limitada.
Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = a ent˜ao para todo ε > 0 temos que existe n0 tal
que para n > n0 implica xn ∈ (a − ε, a + ε), ent˜ao tomando ε = 1 tomamos o conjunto
{x1, . . . , xn0 , a − 1, a + 1} seu m´aximo sendo c e m´ınimo d e temos todos elementos da
sequˆencia contidos no intervalo [d, c], logo a sequˆencia ´e limitada.
Corol´ario 9. Se uma sequˆencia n˜ao ´e limitada ela n˜ao ´e convergente.
Exemplo 2. Mostre que a sequˆencia (xn) dada por xn =
n∑
k=1
n
n + k
diverge. Vale
k ≤ n, da´ı n + k ≤ 2n,
1
2
≤
n
n + k
, aplicando a soma tem-se
n∑
k=1
1
2
≤
n∑
k=1
n
n + k
n
2
≤
n∑
k=1
n
n + k
logo a sequˆencia diverge.
1.3.3 Valores de aderˆencia
Defini¸c˜ao 21 (Valor de aderˆencia). Um n´umero real a ´e dito valor de aderˆencia
de uma sequˆencia (xn), quando existe uma subsequˆencia de (xn) que converge para a.
Simbolizaremos o conjunto dos valores de aderˆencia de uma sequˆencia por A[xn].
Corol´ario 10. Se uma sequˆencia ´e convergente ent˜ao todas subsequˆencias convergem
para o mesmo limite que ´e o limite da sequˆencia, ent˜ao se uma sequˆencia ´e convergente ela
possui apenas um valor de aderˆencia, isto ´e, se lim xn = a ent˜ao A[xn] = {a} = {lim xn}.
Exemplo 3. Os racionais s˜ao densos na reta e s˜ao enumer´aveis, ent˜ao podemos to-
mar uma sequˆencia (xn) que enumera os racionais, logo pra essa sequˆencia vale A[xn] = R.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 19
Em especial os racionais em [0, 1] s˜ao enumer´aveis e densos logo tomando uma enumera¸c˜ao
(xn) dos racionais nesse conjunto temos A[xn] = [0, 1].
Exemplo 4. A sequˆencia (1, 2, 3, 1, 2, 3, 1, 2, 3, · · · ) que satisfaz x1 = 1, x2 = 2, x3 =
3 sendo peri´odica de per´ıodo 3, xn+3 = xn, tem A[xn] = {1, 2, 3}.
Exemplo 5. Dar o exemplo de uma sequˆencia (xn) que possua A[xn] = N. Para que
isso aconte¸ca ´e necess´ario que cada n´umero natural apare¸ca infinitas vezes na sequˆencia.
Definimos a sequˆencia (xn) como xn = k se n ´e da forma pαk
k , onde pk ´e o k-´esimo primo e
αk ∈ N, da´ı existem infinitos valores de n tais que xn = k com isso geramos subsequˆencias
que convergem para um k qualquer dado, definimos tamb´em xn = 1 caso n n˜ao seja da
forma pαk
k , apenas para completar a defini¸c˜ao da sequˆencia.
Propriedade 30. a ∈ A[xn] ⇔ ∀ ε > 0 e ∀ k ∈ N exista n com n > k tal
que |xn − a| < ε. Um ponto a ´e de aderˆencia se existem infinito termos da sequˆencia
arbitrariamente pr´oximos de a.
Demonstra¸c˜ao.
⇒). Se a ´e valor de aderˆencia de (xn), ent˜ao ela possui uma subsequˆencia que converge
para a, logo para qualquer ε > 0 e k ∈ N fixo, existe n ´ındice da subsequˆencia tal que
n > k e |xn − a| < ε.
⇐). Supondo que ∀ ε > 0 e ∀ k ∈ N exista n com n > k tal que |xn − a| < ε.
No primeiro passo tomamos ε = 1 e k = 1 da´ı existe n1 > 1 tal que xn1 ∈ (a−1, a+1).
Podemos tomar agora ε =
1
2
e k = n1 ent˜ao existe n2 > n1 tal que xn2 ∈ (a −
1
2
, a +
1
2
),
na t + 1-´esima etapa tomamos ε =
1
t + 1
e k = nt da´ı existe nt+1 > nt tal que xnt+1 ∈
(a−
1
t + 1
, a+
1
t + 1
), logo constru´ımos uma subsequˆencia (xnt ) de (xn) tal que lim
t→∞
xnt = a.
Corol´ario 11. Negamos a proposi¸c˜ao anterior.
a /∈ A[xn] ⇔ ∃ ε > 0 e ∃k ∈ N tal que para todo n > k temos |xn − a| ≥ ε.
Exemplo 6. Quais s˜ao os valores de aderˆencia da sequˆencia (xn) definida como
x2n−1 = n e x2n =
1
n
? Para que um ponto seja de aderˆencia ´e necess´ario que existam
infinitos termos arbitrariamente pr´oximos de tal ponto, no caso de tal sequˆencia o ´unico
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 20
n´umero que satisfaz tal propriedade ´e o 0, al´em disso tal sequˆencia n˜ao ´e convergente pois
n˜ao ´e limitada.
Propriedade 31. O conjunto A dos valores de aderˆencia de uma sequˆencia (xn) ´e
fechado.
Demonstra¸c˜ao. Temos que mostrar que A = A.J´a sabemos que vale A ⊂ A,
falta mostrar que A ⊂ A . Queremos mostrar que , se a ∈ A ent˜ao a ∈ A, vamos mostrar
a contrapositiva que ´e : se a /∈ A ent˜ao a /∈ A, que equivale logicamente.
Se a /∈ A ent˜ao existe ε > 0 tal que (a − ε, a + ε) n˜ao possui elementos de (xn) da´ı n˜ao
pode valer a ∈ A.
Propriedade 32. Se uma sequˆencia (xn) for limitada ent˜ao seu conjunto de pontos
de aderˆencia ´e compacto.
Demonstra¸c˜ao. J´a vimos que A ´e fechado, agora se (xn) for limitada ent˜ao A ´e
limitado, sendo limitado e fechado ´e compacto.
Nessas condi¸c˜oes A possui elemento m´ınimo e elemento m´aximo. o M´ınimo de A ´e
denotado como lim inf xn e o elemento m´aximo de A ´e denotado como lim sup xn.
1.4 Sequˆencias mon´otonas
1.4.1 Toda sequˆencia mon´otona limitada ´e convergente
⋆ Teorema 1. Toda sequˆencia mon´otona limitada ´e convergente.
Demonstra¸c˜ao.
X Sejam (xn) uma sequˆencia crescente limitada, a = sup{xn | n ∈ N}, vamos mostrar
que limxn = a. Para qualquer ε > 0 temos a > a−ε como a ´e o supremo (menor das
cotas superiores) temos que a−ε n˜ao ´e cota superior, ent˜ao ∃ n0 tal que xn0 > a−ε
e como a sequˆencia ´e crescente temos para n > n0 que xn ≥ xn0 logo xn > a − ε e
a − ε < xn < a + ε implicando lim xn = a.
X Sejam (xn) uma sequˆencia decrescente limitada, a = inf{xn|n ∈ N}, vamos mostrar
que limxn = a. Para qualquer ε > 0 temos a + ε > a como a ´e ´ınfimo temos que
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 21
a + ε n˜ao ´e cota inferior, ent˜ao existe n0 tal que xn0 < a + ε e como a sequˆencia
´e n˜ao-crescente temos para n > n0, xn ≤ xn0 e a − ε < xn < a + ε implicando
lim xn = a.
Corol´ario 12. X Uma sequˆencia (xn) crescente limitada converge para o supremo
a dos seus termos, ent˜ao vale sempre xn ≤ a.
X Uma sequˆencia (xn) decrescente limitada converge para o ´ınfimo a dos seus termos,
ent˜ao vale sempre xn ≥ a.
Propriedade 33. 1. Toda sequˆencia estritamente crescente limitada tem todos
seus termos menores que seu limite .
2. Toda sequˆencia estritamente decrescente limitada tem todos seus termos maiores
que seu limite.
Demonstra¸c˜ao.
1. Seja (xn) a sequˆencia limitada , estritamente crescente e lim xn = a, vamos mostrar
que sempre vale xn < a. Se fosse xn ≥ a para n > n0 ent˜ao xn+1 > xn ≥ a, da´ı
xn+1 > a e a n˜ao seria o supremo do conjunto dos elementos da sequˆencia.
2. Seja (xn) a sequˆencia limitada , estritamente decrescente lim xn = a, vamos mostrar
que sempre vale xn > a. Se fosse xn ≤ a para n > n0 ent˜ao xn+1 < xn ≤ a, da´ı
xn+1 < a e a n˜ao seria o supremo do conjunto dos elementos da sequˆencia.
1.4.2
√
a +
√
a +
√
a + · · · Ra´ızes encaixadas
Exemplo 7. Seja a sequˆencia (xn) definida como x1 = a e xn+1 =
√
xn + b, onde
x2
1 < x1 + b, isto ´e , a2
< a + b, a e b positivos , calcular lim xn.
Vamos mostrar primeiro que a sequˆencia ´e crescente. Por indu¸c˜ao sobre n, temos
x2 =
√
a + b e a <
√
a + b pois a2
< a + b. Supondo para n, xn < xn+1 vamos mostrar
que vale para n + 1, xn+1 < xn+2 . Da hip´otese tem-se que xn + b < xn+1 + b da´ı
√
xn + b <
√
xn+1 + b implicando xn+1 < xn+2. Vamos mostrar agora que a sequˆencia ´e
limitada superiormente. Existe t > 0 ∈ R tal que t2
> a+b e t2
−b > t. Da´ı a sequˆencia ´e
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 22
limitada superiormente por t2
− b pois, por indu¸c˜ao x1 = a < t2
− b e supondo xn < t2
− b
segue xn + b < t2
tomando a raiz segue xn+1 < t < t2
− b. Ela ´e limitada superiormente e
crescente logo ´e convergente.
Tomando limite em ambos lados de x2
n+1 = xn + b resolvendo a equa¸c˜ao do segundo
grau encontramos L =
1 +
√
1 + 4b
2
.
Podemos tomar x1 = 0 e b = a da´ı 0 < a, logo converge e temos o corol´ario
√
a +
√
a +
√
a + · · · =
1 +
√
1 + 4a
2
.
Exemplo 8. √
1 +
√
1 +
√
1 + · · · =
1 +
√
5
2
converge para a raz˜ao ´aurea.
Exemplo 9. √
2 +
√
2 +
√
2 + · · · = 2.
Seja f(0) = 0 e f(n) =
√
2 + f(n) ent˜ao vale
2 − f(n + 1)
2 − f(n)
>
1
4
.
Como 2 − f(n) > 0 para todo n tem-se que essa desigualdade ´e equivalente `a
4f(n + 1) − f(n) < 6 ⇔ 4
√
2 + f(n) − f(n) < 6
tomando f(n) = x, simplificando ap´os elevar ao quadrado, chegamos numa inequa¸c˜ao de
segundo grau, satisfeita para qualquer x, logo se verifica a inequa¸c˜ao .
Propriedade 34. Se uma sequˆencia mon´otona possui subsequˆencia limitada, ent˜ao
a sequˆencia ´e limitada.
Demonstra¸c˜ao. Suponha que (xn) seja crescente e possua uma subsequˆencia
(xnk
) limitada, vamos mostrar que para todo n natural vale xn < M, para algum M.
Como (xnk
) ´e limitada , ent˜ao para todo n ∈ N existe n0 ∈ N tal que n0 > n e n0 ´e
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 23
´ındice da subsequˆencia limitada (xnk
) com isso tem-se xn ≤ xn0 e como a subsequˆencia
´e limitada, existe M tal que xn0 < M, da´ı por transitividade xn < M, isso implica
que (xn) ´e limitada superiormente e como a sequˆencia crescente ela tamb´em ´e limitada
inferiormente, sendo limitada inferiormente e superiormente ela ´e limitada.
Corol´ario 13. Se uma sequˆencia mon´otona possui subsequˆencia limitada ent˜ao ela ´e
convergente, pois a sequˆencia mon´otona ser´a limitada e toda sequˆencia mon´otona limitada
´e convergente.
Corol´ario 14. Em especial se uma sequˆencia mon´otona possui subsequˆencia conver-
gente, ent˜ao essa subsequˆencia ´e limitada e da´ı a sequˆencia mon´otona ´e convergente.
1.4.3 lim bn = 0, |an| < c ⇒ lim anbn = 0.
Propriedade 35. Se lim bn = 0 e (an) ´e uma sequˆencia limitada, ent˜ao lim anbn = 0.
Demonstra¸c˜ao. Como an ´e limitada existe c > 0 tal que |an| < c para todo n
natural, e como lim bn = 0 temos ∀ ε > 0 ∃n0 tal que n > n0 implica |bn| < ε, temos que
mostrar que ∀ ε1 > 0 ∃n0 tal que n > n′
0 implica |anbn| = |an||bn| < ε1. Como lim bn = 0
podemos escolher ε =
ε1
c
para qualquer ε1 > 0 logo para n > n0 segue |bn| <
ε1
c
e como
|an| < c tem-se |an||bn| < c
ε1
c
= ε1 como quer´ıamos demonstrar.
Corol´ario 15. Em especial se (xn) ´e convergente e lim yn = 0 ent˜ao lim xn.yn = 0,
pois uma sequˆencia convergente ´e limitada.
Exemplo 10. Se (xn) ´e convergente e yn = n ent˜ao lim
xn
yn
= 0, pois (xn) ´e limitada
e
(
1
yn
)
tende a zero.
Exemplo 11. Calcular o limite da sequˆencia
cos(nπ
4
)
n
.
Temos que an = cos(
nπ
4
) ´e limitada e bn =
1
n
tem limite 0, logo a sequˆencia de termo
cos(nπ
4
)
n
converge para zero.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 24
Exemplo 12. A sequˆencia f(n) =
(−1)n
n
tem limite 0 pois (−1)n
´e limitada e
lim
1
n
= 0.
Propriedade 36. Sejam (an) e (bn) sequˆencias limitada tais que an +bn = 1 ∀ n ∈ N,
(zn) e (tn) com o mesmo limite a, ent˜ao lim an.zn + bn.tn = a.
Demonstra¸c˜ao. Escrevemos
an.zn + bn.tn = an.zn − a.an + a. an
=1−bn
+bn.tn = an(zn − a) + a(1 − bn) + bn.tn =
= an(zn − a) + a − a.bn + bn.tn = an(zn − a) + a + bn(tn − a)
da´ı
lim an(zn − a) + a + bn(tn − a) = a = lim an.zn + bn.tn
pois an e bn s˜ao limitadas e zn − a, tn − a tendem a zero.
Propriedade 37. Se lim
n→∞
zk(n) = a ∀ k e cada (xk(n)) ´e limitada com
p
∑
k=1
xk(n) =
vn → b ent˜ao lim
n→∞
p
∑
k=1
xk(n)zk(n) = a.b.
Demonstra¸c˜ao. Vale x1(n) = vn −
p
∑
k=2
xk(n).
p
∑
k=1
xk(n)zk(n) = x1(n)z1(n) +
p
∑
k=2
xk(n)zk(n) =
= z1(n)vn −
p
∑
k=2
xk(n)z1(n) +
p
∑
k=2
xk(n)zk(n) =
= z1(n)vn
→a.b
+
p
∑
k=2
xk(n) (zk(n) − z1(n))
→0
→ a.b.
1.4.4 A sequˆencia
(
1 +
1
n
)n
.
Vamos analisar a sequˆencia definida por
f(n) =
(
1 +
1
n
)n
.
Primeiro vamos mostrar que ela ´e crescente e depois que ´e limita superiormente, por isso
ela converge.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 25
Propriedade 38. A sequˆencia de termo
(
1 +
1
n
)n
´e crescente.
Demonstra¸c˜ao.[1-Desigualdade das m´edias] Usaremos que a m´edia aritm´etica ´e
maior ou igual a m´edia geom´etrica, na sequˆencia de n + 1 n´umeros com n n´umeros iguais
`a
(
1 +
1
n
)
e um deles sendo a unidade 1, com isso, temos
1 + n
(
1 + 1
n
)
n + 1
=




1 +
n∑
k=1
(
1 + 1
n
)
n + 1



 ≥
( n∏
k=1
(
1 +
1
n
)) 1
n+1
=
(
1 +
1
n
) n
n+1
,
(
n + 1 + 1
n + 1
)
= 1 +
1
n + 1
≥
((
1 +
1
n
)n) 1
n+1
⇒
(
1 +
1
n + 1
)n+1
≥
(
1 +
1
n
)n
,
por isso a sequˆencia ´e crescente.
Demonstra¸c˜ao.[2-Desigualdade de Bernoulli] (Solu¸c˜ao por Luccas Campos). Seja
an =
(
1 +
1
n
)n
. Vale que
an+1
an
=
(
1 − 1
(n+1)2
)n+1
1 − 1
n+1
,
pois (
1 − 1
(n+1)2
)n+1
1 − 1
n+1
=
(
n2+2n
(n+1)2
)n+1
n
(n + 1) =
nn
(n + 2)n+1
(n + 1)2n+1
,
temos tamb´em
(
1 + 1
n+1
)n+1
(
1 + 1
n
)n =
(n + 2)n+1
(n + 1)n+1
nn
(n + 1)n
=
nn
(n + 2)n+1
(n + 1)2n+1
,
logo s˜ao iguais. Usando agora a desigualdade de Bernoulli, temos
(
1 −
1
(n + 1)2
)n+1
≤ 1 −
(n + 1)
(n + 1)2
= 1 −
1
n + 1
.
Temos que
an+1
an
=
(
1 − 1
(n+1)2
)n+1
1 − 1
n+1
≥
1 − 1
n+1
1 − 1
n+1
= 1,
da´ı an+1 ≥ an, como quer´ıamos demonstrar.
Demonstra¸c˜ao.[3-Binomial] Expandindo pelo teorema binomial, tem-se
(
1 +
1
n
)n
=
n∑
k=0
(
n
k
)
1
nk
=
n∑
k=0
k−1∏
s=0
(n − s)
k!nk
=
n∑
k=0
k−1∏
s=0
(1 − s
n
)
k!
.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 26
De 1 −
s
n
≤ 1 −
s
n + 1
, aplicando
k−1∏
s=0
, dividindo por k! e depois aplicando
n∑
k=0
, em ambos
lados, temos
n∑
k=0
k−1∏
s=0
(
1 − s
n
)
k!
≤
n∑
k=0
k−1∏
s=0
(
1 − s
n+1
)
k!
,
portanto, obtemos
n∑
k=0
(
n
k
)
1
nk
≤
n∑
k=0
(
n + 1
k
)
1
(n + 1)k
,
finalmente, somando o termo
1
(n + 1)n+1
ao lado direito, segue que
n∑
k=0
(
n
k
)
1
nk
<
n∑
k=0
(
n + 1
k
)
1
(n + 1)k
+
1
(n + 1)n+1
=
n+1∑
k=0
(
n + 1
k
)
1
(n + 1)k
,
assim
n+1∑
k=0
(
n + 1
k
)
1
(n + 1)k
>
n∑
k=0
(
n
k
)
1
nk
,
isto ´e, (
1 +
1
n + 1
)n+1
>
(
1 +
1
n
)n
,
como quer´ıamos provar.
Propriedade 39. A sequˆencia de termo
(
1 +
1
n
)n
´e limitada.
Demonstra¸c˜ao.[1-Desigualdade das m´edias] (Solu¸c˜ao por Alexandre Cezar). Seja
a sequˆencia de n + 1 temos
(1,
(
1 −
1
n
)
, · · · ,
(
1 −
1
n
)
n termos
),
aplicando a desigualdade a esse tipo de sequˆencia, segue que
1 + n(1 − 1
n
)
n + 1
≥
(
1 −
1
n
)n/(n+1)
⇒
(
n
n + 1
)n+1
≥
(
n − 1
n
)n
.
Definindo f(k + 1) =
(
k
k + 1
)k+1
, temos
f(k + 1)
f(k)
≥ 1 ent˜ao podemos aplicar o produto
n∏
k=2
de ambos lados, implicando f(n + 1) ≥ f(2), ∀ n ≥ 2, f(2) =
(
1
2
)2
=
1
4
, por isso
(
1 +
1
n
)n
≤
(
1 +
1
n
)n+1
=
(
n + 1
n
)n+1
≤ 4,
de onde segue finalmente que a sequˆencia ´e limitada.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 27
Demonstra¸c˜ao.[2-Binomial] Expandindo pelo teorema binomial
(
1 +
1
n
)n
=
n∑
k=0
(
n
k
)
1
nk
=
n∑
k=0
k−1∏
s=0
(n − s)
k!nk
=
n∑
k=0
k−1∏
s=0
(1 − s
n
)
k!
1 −
s
n
≤ 1 ⇒
k−1∏
s=0
1 −
s
n
≤
k−1∏
s=0
1 = 1
dividindo por k! e aplicando a soma
n∑
k=0
em ambos lados, segue
(1 +
1
n
)n
≤
n∑
k=0
1
k!
e da desigualdade (para k ≥ 1)
2 ≤ k + 1 ⇒
n∏
k=1
2 = 2n
≤
n∏
k=1
(k + 1) =
n+1∏
k=2
k = (n + 1)!
logo temos 2n
≤ (n + 1)! ⇒
1
(k + 1)!
≤
1
2k
⇒
n−1∑
k=1
1
(k + 1)!
≤
n−1∑
k=1
1
2k
⇒
n∑
k=2
1
(k)!
≤
n−1∑
k=1
1
2k
2 +
n∑
k=2
1
(k)!
=
n∑
k=0
1
(k)!
≤ 2 +
n−1∑
k=1
1
2k
= 1 +
n−1∑
k=0
1
2k
logo
(1 +
1
n
)n
≤ 1 +
n−1∑
k=0
1
2k
e como
∞∑
k=0
1
2k
= 2 temos
(1 +
1
n
)n
≤ 1 + 2 < 3
como a sequˆencia ´e crescente e limitada superiormente en˜ao ela ´e convergente, sendo
limitada pelo seu primeiro termo
(1 + 1) = 2
, temos ent˜ao
2 ≤ (1 +
1
n
)n
< 3
portanto a sequˆencia de termo (1 +
1
n
)n
´e convergente.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 28
Defini¸c˜ao 22 (N´umero e). Simbolizamos por e o n´umero para o qual a sequˆencia de
termo (1 +
1
n
)n
converge.
lim(1 +
1
n
)n
= e.
Exemplo 13. Usando que a m´edia aritm´etica ´e maior ou igual a m´edia geom´etrica,
na sequˆencia de n+1 n´umeros com n n´umeros iguais `a (1+
t
n
) e um deles sendo a unidade
1, com isso temos
(
1 +
n∑
k=1
(1 + t
n
)
n + 1
) ≥ (
n∏
k=1
(1 +
t
n
))
1
n+1
(
n + 1 + t
n + 1
) = 1 +
t
n + 1
≥ ((1 +
t
n
)n
)
1
n+1 ⇒ (1 +
t
n + 1
)n+1
≥ (1 +
t
n
)n
com t ≥ −1 real. Em especial a sequˆencia de termo xn = (1 −
1
n
)n
´e crescente e para
n = 2 temos
x2 =
1
4
da´ı xn ≥
1
4
para n > 1.
Exemplo 14. Vale que
lim(1 −
1
n
)n
(1 +
1
n
)n
= lim 1n
= 1
da´ı lim(1 −
1
n
)n
= e−1
.
1.4.5
√
x
√
x
√
x
√
x · · ·
Exemplo 15. Seja a sequˆencia definida como
f(n + 1) =
√
xf(n)
com condi¸c˜ao inicial f(1) =
√
x, x > 1, mostrar que existe o limite lim f(n).
Vamos mostrar que a sequˆencia ´e crescente e limitada superiormente. Primeiro por
indu¸c˜ao sobre n vamos mostrar que ela ´e crescente,isto ´e, f(n + 1) > f(n). Temos pela
recorrˆencia que f(2) =
√
xf(1) =
√
x
√
x e temos
f(2) > f(1) ⇔
√
x
√
x >
√
x ⇔ x
√
x > x
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 29
essa ´ultima vale pois x > 1 implica
√
x > 1 que implica x
√
x > x. agora supondo
f(n + 1) > f(n) vamos mostrar que f(n + 2) > f(n + 1)
f(n + 1) > f(n) ⇒ f(n + 1) > 2f(n) ⇒
√
xf(n + 1) >
√
xf(n)
como f(n + 2) =
√
xf(n + 1) e f(n + 1) =
√
xf(n) segue
f(n + 2) > f(n + 1)
logo fica provado por indu¸c˜ao que a sequˆencia ´e crescente. Vamos mostrar agora que seus
termos s˜ao menores que x, por indu¸c˜ao tamb´em, para f(1)
x >
√
x ⇔ x2
> x
que vale pois x > 1 implica x2
> x. Supondo que x > f(n) temos que mostrar que
x >
√
xf(n) = f(n + 1)
x > f(n) ⇒ x2
> xf(n) ⇒ x >
√
xf(n) = f(n + 1)
logo est´a provada que a sequˆencia ´e limitada superiormente e crescente, logo ´e convergente.
Tomando o limite em ambos lados de f(n + 1) =
√
xf(n) segue que L =
√
2L, logo
L2
= xL como L n˜ao ´e nulo segue L = x.
Podemos perceber tamb´em que
√
x
√
x
√
x
√
x · · · = x
∞∑
k=1
1
2k
= x1
= x
pois a s´erie converge para 1.
Exemplo 16 (IME-1964). Calcule
lim
x→2
√
x
√
x
√
x
√
x · · ·.
Como sabemos que
√
x
√
x
√
x
√
x · · · = x ent˜ao
lim
x→2
√
x
√
x
√
x
√
x · · · = lim
x→2
x = 2.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 30
Exemplo 17. Mostrar que
√
x
√
y
√
x
√
y · · · = 3
√
x2y.
Escrevemos a express˜ao em termo do produto de dois n´umeros elevados a s´eries
x
1
2 y
1
4 x
1
8 y
1
16 · · ·
x
∞∑
k=0
1
22k+1
y
∞∑
k=0
1
22k+2
calculamos as s´eries por meio de s´erie geom´etrica
∞∑
k=0
1
22k+1
=
1
2
∞∑
k=0
1
4k
=
1
2
1
1 − 1
4
=
1
2
4
3
=
2
3
da´ı a s´erie que resulta no expoente de y converge para
1
3
da´ı segue o resultado.
Defini¸c˜ao 23 (Termo destacado). Um termo xs de uma sequˆencia (xn) ´e dito termo
destacado quando vale xs ≥ xp, ∀ p ≥ s, isto ´e , o termo xs ´e maior ou igual a seus
sucessores na sequˆencia.
Propriedade 40. Em uma sequˆencia n˜ao-crescente, todos termos s˜ao destacados.
Demonstra¸c˜ao. Tomando xs ∈ (xn), vamos mostrar que xs ´e destacado. Vale
xs ≥ xs+1 e da´ı −∆xk ≥ 0 tomando a soma
s+p
∑
k=s
segue
−(xs+p+1 − xs) ≥ 0
e da´ı xs ≥ xs+p+1 = xn com n ≥ s.
Propriedade 41. Se uma sequˆencia n˜ao-decrescente possui termo destacado ent˜ao
ela ´e constante a partir de certo termo.
Demonstra¸c˜ao. Suponha que exista xs destacado em (xn) ent˜ao vale xs ≥ xp
para p ≥ s, mas como a sequˆencia ´e n˜ao-decrescente, ent˜ao vale tamb´em xp ≥ xs de onde
segue xp = xs para todo p ≥ s, ent˜ao para n ≥ s vale xn = xs, sendo ela constante a
partir desse termo.
Defini¸c˜ao 24 (Termo apagado). Um termo xs ´e dito apagado quando para todo
p ≥ s vale xp ≥ xs, isto ´e o termo xs ´e menor ou igual a seus sucessores.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 31
1.4.6 Limite do m´odulo de uma sequˆencia.
Propriedade 42. Se lim xn = a ent˜ao lim |xn| = |a|.
Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = a ent˜ao
∀ ε > 0, ∃n0 ∈ N | n > n0 ⇒ |xn − a| < ε
por´em temos a desigualdade ||xn| − |a|| ≤ |xn − a| logo ||xn| − |a|| < ε e lim |xn| = |a|.
Exemplo 18. lim |xn| pode existir por´em lim xn pode n˜ao existir, por exemplo
tomamos xn = (−1)n
, ela n˜ao converge por´em |(−1)n
| = 1 ´e constante logo convergente.
1.4.7 Estudo da sequˆencia (an
).
Exemplo 19. Vamos analisar a sequˆencia dada por f(n) = an
.
1. Se a = 0 a sequˆencia ´e constante f(n) = 0 logo seu limite ´e 0.
2. Se a = 1 temos a sequˆencia constante, f(n) = 1 cujo limite ´e 1.
3. Se a > 1 multiplicando por an
segue an+1
> an
, ∆an
> 0 logo a sequˆencia ´e crescente.
Vamos mostrar agora que ela ´e ilimitada superiormente, escrevemos a = 1+h e vale
1 + h > 1, h > 0 (pela suposi¸c˜ao inicial de a) pela desigualdade de bernoulli segue
(1 + h)n
≥ 1 + nh, se quisermos 1 + nh > b (b sendo um n´umero real qualquer)
basta nh > b − 1, n >
b − 1
h
assim podemos achar n tal que (1 + h)n
seja maior que
qualquer n´umero real b logo seu limite ´e ∞.
4. Se 0 < a < 1 segue de a < 1 multiplicando por an
em ambos lados que an+1
< an
,
an+1
− an
= ∆an
< 0 logo f(n) ´e decrescente logo limitada superiormente pelo
seu primeiro termo a , temos que ela ´e limitada inferiormente tamb´em pois 0 < a
implica 0 < an
, sendo limitada inferiormente e decrescente ela ´e convergente.
5. Se a = (−1) temos a sequˆencia alternada (−1)n
que para n para vale 1 e n ´ımpar
vale −1, essa sequˆencia n˜ao converge pois tais subsequˆencias n˜ao convergem para o
mesmo limite.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 32
6. Se −1 < a < 0 ent˜ao 0 < −a < 1 e temos lim(−a)n
= 0 e da´ı lim(−1)n
(−a)n
= 0
pois (−1)n
´e limitada por´em tal limite ´e lim an
= 0.
1.5 Propriedades aritm´eticas dos limites
1.5.1 Limite da soma
Propriedade 43 (Limite da soma). Se lim an = a e lim bn = b ent˜ao
lim(an + bn) = lim an + lim bn = a + b.
Demonstra¸c˜ao. Como lim an = a e lim bn = n existem n0 ∈ N e n1 ∈ N tal
que quaisquer ε1 > 0, ε2 > 0 vale n > n0 implica |an−a| < ε1 e n > n1 implica |bn−b| < ε2.
Temos que mostrar que para qualquer ε > 0 existe n2 ∈ N tal que n > n2 implica
|an + bn − (a + b)| < ε. Escolhemos ent˜ao ε1 e ε2 tais que ε1 + ε2 = ε ( com ε1 > 0, ε2 > 0
) tomando n2 = max{n0, n1} temos que para n > n2 vale |bn − b| < ε2 e |an − a| < ε1
somando as duas desigualdades termo a termo segue
|an + bn − (a + b)| ≤ |bn − b| + |an − a| < ε1 + ε2 = ε .
Corol´ario 16. Se lim yn = b ent˜ao lim(yn − b) = 0.
Como lim yn existe e lim −b = −b (pela propriedade do limite da sequˆencia constante)
ent˜ao pelo limite da soma temos lim(yn − b) = lim yn + lim −b = lim yn − b = b − b = 0.
Corol´ario 17. Se lim xn = a e b uma constante real ent˜ao lim b(xn − a) = 0 pois a
sequˆencia yn = b ´e limitada e o limite lim(xn − a) = 0.
Propriedade 44. Se lim(xn − a) = 0 ent˜ao lim xn = a.
Demonstra¸c˜ao. Se lim xn −a = 0 temos que ∀ε > 0 ∃n0 ∈ N tal que para n > n0
segue |xn − a| < ε mas isso ´e equivalente a defini¸c˜ao de lim xn = a, logo lim xn = a.
Corol´ario 18. Se lim xn existe e lim yn = b ent˜ao lim xn(yn − b) = 0. Pelo lim xn
existir xn ´e limitada e por lim yn = b segue lim yn −b = 0 logo lim xn(yn −b) = 0 por ser o
produto de uma sequˆencia limitada e por uma que tende a zero implica lim xn(yn −b) = 0.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 33
1.5.2 Limite do produto
Propriedade 45 (Limite do produto). Se lim xn = a e lim yn = b ent˜ao
lim xnyn = lim xn. lim yn = a.b.
Demonstra¸c˜ao.
|an.bn −ab| = |anbn −abn +abn −ab| ≤ |an.bn −abn|+|abn −ab| = |bn||an −a|+|a||bn −b|.
Demonstra¸c˜ao.[2] Podemos escrever
xnyn − ab = xnyn − xnb + xnb − ab = xn(yn − b) + b(xn − a)
temos que
lim xn(yn − b) = 0, lim b(xn − a) = 0
pois xn ´e limitada por ser convergente e yn − b tende a zero (por yn → b), da mesma
maneira b ´e limitada e xn − a tende a zero (por xn → a) logo
lim(xn(yn − b) + b(xn − a)) = lim xn(yn − b) + lim b(xn − a) = 0 = lim xnyn − ab
como
lim xnyn − ab = 0 ⇒ lim xnyn = ab.
Corol´ario 19. Se a ´e constante e yn → b ent˜ao lim ayn = a.b. Tomamos xn = a e
usamos a propriedade do produto lim xnyn = lim xn lim yn = a.b.
Corol´ario 20 (Linearidade). Se lim yn e lim xn existem, a e b sendo constantes ent˜ao
lim ayn + bxn = a lim yn + b lim xn.
Usamos a propriedade da soma e do produto respectivamente
lim ayn + bxn = lim ayn + lim bxn = a lim yn + b lim xn.
Corol´ario 21. Se lim xn = a e lim xn − yn = 0 ent˜ao lim yn = a pois lim yn − xn = 0
e pelo limite da soma lim yn − xn + xn = lim yn − xn + lim xn = 0 + a = a = lim yn.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 34
1.5.3 Limite do quociente
Propriedade 46 (Limite do inverso). Se lim yn = b ̸= 0 ent˜ao
lim
1
yn
=
1
b
.
Demonstra¸c˜ao. Temos o limite lim ynb = b2
assim para todo ε > 0, ∃n0 ∈ N tal
que para n > n0 implica ynb ∈ (b2
− ε, b2
+ ε), tomando ε =
b2
2
temos ynb ∈ (
b2
2
,
3b2
2
)
assim ynb >
b2
2
e ´e positivo, segue disso que para n > n0 temos
2
b2
>
1
ynb
, sendo positivo
e limitado superiormente (ynb) ´e uma sequˆencia limitada, consideramos ent˜ao o limite
lim
1
yn
−
1
b
= lim
b − yn
ynb
no numerador temos um limite que ´e zero e no denominador uma sequˆencia limitada,
ent˜ao tal limite ´e zero, logo
lim
1
yn
−
1
b
= 0, lim
1
yn
=
1
b
.
Corol´ario 22. Sendo lim xn = a e lim yn = b ̸= 0 ent˜ao
lim
xn
yn
=
a
b
pois
lim
xn
yn
= lim xn lim
1
yn
=
a
b
.
Corol´ario 23. Se lim xn = a e lim
xn
yn
= b ̸= 0 ent˜ao lim yn =
a
b
, pois lim
yn
xn
=
1
b
e
da´ı por limite do produto
lim xn
yn
xn
= lim yn =
a
b
.
Corol´ario 24. Seja a ̸= 0. Se lim
yn
a
= 1 ent˜ao lim yn = a, pois usando linearidade
do limite lim
yn
a
=
1
a
lim yn = 1 portanto lim yn = a.
Corol´ario 25. Se lim xn = a ̸= 0 e lim xnyn = b ent˜ao lim yn =
b
a
.
Vale que lim
1
xn
= a, da´ı lim xnyn lim
1
xn
= lim xnyn
1
xn
= lim yn =
b
a
.
Propriedade 47 (Limite do somat´orio). Escrever.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 35
Exemplo 20. Exemplo de uma sequˆencia onde lim |xn| existe e lim xn n˜ao existe.
Considere xn = (−1)n
+
(−1)n
n
temos em m´odulo |xn| = 1 +
1
n
com limite lim |xn| =
lim 1 +
1
n
= 1 e temos x2n = 1 +
1
2n
com limite 1 e x2n+1 = −1 −
1
2n + 1
como limite −1,
assim temos subsequˆencias com limites diferentes logo a sequˆencia n˜ao tem limite por´em
o m´odulo dela possui.
Propriedade 48. Sejam a ≥ 0, b ≥ 0 ent˜ao
|a
1
n − b
1
n | ≤ |a − b|
1
n
Demonstra¸c˜ao. Supondo a ≥ b , definindo c = a
1
n e d = b
1
n , ent˜ao c − d ≥ 0 por
expans˜ao binomial tem-se
cn
= ((c − d) + d)n
=
n∑
k=0
(
n
k
)
(c − d)k
dn−k
≥ dn
+ (c − d)n
≥ 0
da´ı cn
− dn
≥ (c − d)n
≥ 0 implicando
|a − b| ≥ |a
1
n − b
1
n |n
e da´ı
|a
1
n − b
1
n | ≤ |a − b|
1
n .
Exemplo 21. N˜ao vale a propriedade
|an
− bn
| ≤ |a − b|n
para perceber isso tome a = 2, b = 1, da´ı ter´ıamos
|2n
− 1| ≤ 1
o que ´e falso .
Na verdade a propriedade acima implica que
|x − y|n
≤ |xn
− yn
|.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 36
1.5.4 lim p
√
(xn).
Propriedade 49. Se xn ≥ 0 e lim xn = a ent˜ao lim(xn)
1
p = a
1
p
Demonstra¸c˜ao. Como lim xn = a ent˜ao ∀ ε > 0 conseguimos n0 ∈ N tal que
para n > n0 tem-se |xn − a| < εp
e da´ı |xn − a|
1
p < ε, da desigualdade anterior temos que
|x
1
p
n − a
1
p | ≤ |xn − a|
1
p < ε
e da´ı lim(xn)
1
p = a
1
p .
Propriedade 50. Seja m racional e (xn) de termos positivos. Se lim xn = a ent˜ao
lim xn = am
.
Demonstra¸c˜ao.
Escrevemos m =
p
q
, da´ı
lim x
1
q
n = a
1
q
usando propriedade do produto segue
lim x
p
q
n = a
p
q .
Defini¸c˜ao 25. Diremos que duas sequˆencias (xn) e (yn) diferem por um n´umero
finito de pontos quando existe n0 ∈ N tal que para n > n0 implica xn = yn. Escreveremos
essa rela¸c˜ao como (xn) ∼ (yn).
Propriedade 51. Diferir por um n´umero finito de pontos ´e uma rela¸c˜ao de equi-
valˆencia.
Demonstra¸c˜ao. Reflexividade (xn) ∼ (xn) pois existe n0 tal que para n > n0
xn = xn, no caso qualquer n0 vale. Simetria, Se (xn) ∼ (yn) ent˜ao (yn) ∼ (xn), se
a primeira vale temos xn = yn para n > n0 logo yn = xn implicando2
(yn) ∼ (xn).
Transitividade, Se (xn) ∼ (yn) e (yn) ∼ (zn) ent˜ao (xn) ∼ (zn), pois existe n0 tal que
para n > n0 vale xn = yn e existe n1 tal que para n > n1 vale yn = zn, logo tomando
n2 = max{n0, n1} vale para n > n2 vale xn = yn e yn = zn ent˜ao xn = zn logo (xn) ∼ (zn).
2
Propriedade trivial na verdade, n˜ao acham?
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 37
Propriedade 52. Se lim xn = a e (yn) ∼ (xn) ent˜ao lim yn = a.
Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = a ent˜ao ∀ε > 0 ∃n0 ∈ N tal que n > n0 implica
|xn − a| < ε e (yn) ∼ (xn) implica existir n1 tal que para n > n1 temos yn = xn, tomando
n2 = max{n0, n1} temos que para n > n2 vale xn = yn e ∀ε > 0 ∃n2 ∈ N tal que n > n2
implica |yn − a| < ε logo lim yn = a.
Propriedade 53. Se lim xn = a, a > 0, ent˜ao (xn) ∼ (|xn|).
Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = a e a > 0 ent˜ao para qualquer ε > 0 existe n0 tal
que para n > n0 temos xn ∈ (a−ε, a+ε), no caso podemos tomar um ε tal que a−ε > 0,
por exemplo ε =
a
2
, logo para n > n0 os termos s˜ao positivos, logo temos xn = |xn|
implicando (xn) ∼ (|xn|) e implicando lim |xn| = a.
Propriedade 54. Se lim xn = a, a < 0, ent˜ao (−xn) ∼ (|xn|).
Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = a ent˜ao lim −xn = −a com a < 0 ent˜ao para
qualquer ε > 0 existe n0 tal que para n > n0 temos −xn ∈ (−a − ε, −a + ε), no caso
podemos tomar um ε tal que −a − ε > 0, por exemplo ε =
−a
2
, logo para n > n0 os
termos s˜ao positivos, logo temos −xn = |xn| implicando (−xn) ∼ (|xn|) e implicando
lim |xn| = −a.
Propriedade 55. Se lim xn = 0 ent˜ao lim |xn| = 0.
Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = 0 temos que para todo ε > 0 ∃n0 ∈ N tal que para
n > n0 temos |xn| < ε mas como ||xn|| = |xn| temos tamb´em ||xn|| < ε implicando que
lim |xn| = 0
Corol´ario 26. Juntando as ´ultimas propriedades segue que se lim xn = a ent˜ao
lim |xn| = |a|.
Propriedade 56. Sejam duas sequˆencias (xn) e (yn) tais que lim xn = lim yn = a
ent˜ao para todo ε > 0 existe n0 ∈ N tal que para n > n0 xn e yn pertencem ao intervalo
(a − ε, a + ε).
Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = a ent˜ao para todo ε > 0 existe n1 ∈ N tal que para
n > n1 xn ∈ (a − ε, a + ε) e se lim yn = a ent˜ao para todo ε > 0 existe n2 ∈ N tal que
para n > n2 yn ∈ (a − ε, a + ε) logo tomando o m´aximo de n1, n2 como n0, tem-se para
n > n0 que xn, yn ∈ (a − ε, a + ε).
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 38
Propriedade 57. Seja lim xn = 0. Para cada n ∈ N definimos yn = min{|xk|, k ∈
In|} . Temos ent˜ao lim yn = 0.
Demonstra¸c˜ao. Como lim xn = 0 temos que ∀ε > 0 ∃n0 ∈ N tal que para n > n0
segue |xn| < ε e temos tamb´em yn ≤ |xn| < ε e como |yn| = yn por yn ser sempre n˜ao
negativo segue |yn| < ε logo lim yn = 0.
Propriedade 58. Se lim x2n = a e lim x2n−1 = a ent˜ao lim xn = a.
Demonstra¸c˜ao. Sejam yn = x2n e zn = x2n−1 como temos lim yn = lim zn = a,
para qualquer ε > 0 existem n0 e n1 tais que para n > n0 vale yn ∈ (a − ε, a + ε)
e n > n1 vale zn ∈ (a − ε, a + ε), escolhendo n2 > max{n0, n1} temos para n ≥ n2
simultaneamente zn, yn ∈ (a − ε, a + ε), x2n−1, x2n ∈ (a − ε, a + ε), ent˜ao para n > 2n2 − 1
temos xn ∈ (a − ε, a + ε) logo vale lim xn = a.
Propriedade 59. Se as subsequˆencias (x2n) , (x2n−1) e (xtn) s˜ao convergentes, onde
t ´e ´ımpar, ent˜ao (xn) ´e convergente.
Demonstra¸c˜ao. Seja a = lim x2n , b = lim x2n−1, c = lim xtn, a subsequˆencia
(x2t, x22t, x23t, · · · , x2st, )
converge para t por ser subsequˆencia de (xtn), por´em ela tamb´em ´e subsequˆencia de (x2n),
logo ela converge para a, disso segue a = c.
a subsequˆencia
(x3t, x32t, x33t, · · · , x3st, )
´e subsequˆencia de (xtn), logo converge para a, ela tamb´em ´e subsequˆencia de (x2n−1), pois
como t ´e ´ımpar 3s
t tamb´em ´e ´ımpar, logo tal subsequˆencia converge para b, disso segue
que a = b, lim x2n = lim x2n−1 = a, por isso lim xn = a, pelo resultado anterior.
1.5.5 Se N =
p∪
k=1
Nk e lim
n∈Nk
xn = a ent˜ao lim xn = a.
Propriedade 60. Se N =
p
∪
k=1
Nk e lim
n∈Nk
xn = a ent˜ao lim xn = a.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 39
Demonstra¸c˜ao.
Dado ε > 0 fixo e arbitr´ario existe nk ∈ Nk tal que ∀ n > nk, n ∈ Nk vale xn ∈
(a − ε, a + ε) pelo fato de lim
n∈Nk
xn = a. Tomamos n0 = max{n1, · · · , np}, da´ı vale para
n > n0, xn ∈ (a − ε, a + ε) para todo n ∈ Nk com todo k, com isso uniformizamos o valor
do ´ındice para o qual os termos da sequˆencia est˜ao no mesmo intervalo (a − ε, a + ε).
Como todo n ∈ N pertence a algum Nk ent˜ao para n ∈ N suficientemente grande vale xn
em (a − ε, a + ε) . Vamos tentar deixar mais clara a ´ultima proposi¸c˜ao.
Seja n′
0 = min{n > n0 |xn ∈ (a−ε, a+ε) ∀ n ∈ Nk, ∀ k}, tal conjunto ´e n˜ao vazio logo
possui m´ınimo. Para todo n ∈ N, n > n′
0 vale xn ∈ (a − ε, a + ε), pois dado n > n′
0 > n0
xn pertence `a algum Nk e nas condi¸c˜oes colocadas na constru¸c˜ao do conjunto para Nk
vale xn ∈ (a − ε, a + ε).
Exemplo 22. Pode valer N =
∞∪
k=1
Nk com lim
n∈Nk
xn = a e lim xn ̸= a.
Como por exemplo, definimos N2 = {2, 22
, 23
, · · · , 2n
, · · · } em geral Nk+1 = {p1
k, p2
k, · · · , pn
k , · · · }
onde pk ´e o k-´esimo primo, definindo N1 como o complemento de
∞∪
k=2
Nk em N. De-
finimos em N2, x2 = 2, xn = 0 para os outros valores, da mesma forma em Nk+1
definimos xpk
= pk e xn = 0 para os outros valores. Em N1 definimos xn = 0 para
todo n. A sequˆencia xn n˜ao converge possui uma subsequˆencia que tende a infinito.
x2 = 2, x3 = 3, x5 = 5, · · · , xpk
= pk, · · · a subsequˆencia dos primos.
Propriedade 61. Se lim xn = a e lim(xn − yn) = 0 ent˜ao lim yn = a.
Demonstra¸c˜ao. Temos lim xn = a somando com o limite lim(−xn + yn) = 0
segue lim −xn + xn + yn = a = lim yn.
Propriedade 62. Sejam a ̸= 0 e lim
yn
a
= 1 ent˜ao lim yn = a.
Demonstra¸c˜ao. Tomando o produto dos limites lim a = a e lim
yn
a
= 1 segue
lim a
yn
a
= lim yn = a.
1.6 C´alculo de limites por meio de subsequˆencias
1.6.1 lim a
1
n = 1
Propriedade 63. Seja a > 0 ent˜ao lim a
1
n = 1.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 40
Demonstra¸c˜ao. A sequˆencia ´e decrescente se a > 1, pois de 1 < a multiplicando
por an
ambos lados segue an
< an+1
, a
1
n+1 < a
1
n e tamb´em ´e limitada inferiormente, por
1 por exemplo, pois de 1 < a elevando a
1
n + 1
de ambos lados temos 1 < a
1
n .
Se 0 < a < 1 a sequˆencia ´e crescente pois a < 1 multiplicando por an
em ambos lados
an+1
< an
, a
1
n < a
1
n+1 al´em disso ´e limitada superiormente pois de a < 1 elevando a
1
n
temos a
1
n < 1.
Em qualquer dos casos temos que a sequˆencia ´e convergente por ser mon´otona e
limitada. Logo existe o limite l = lim a
1
n . Qualquer subsequˆencia deve convergir ao
mesmo limite, consideramos ent˜ao o limite da subsequˆencia
l = lim a
1
(n)(n+1) = lim
a
1
(n)
a
1
n+1
=
l
l
= 1
logo l = 1.
Demonstra¸c˜ao.[2] Considere a > 1 escrevemos a
1
n = 1 + h da´ı h > 0 e
a = (1 + h)n
≥ 1 + nh
que implica
a − 1
n
≥ h e 1 +
a − 1
n
≥ 1 + h
a
1
n
≥ 1, ent˜ao tem-se a desigualdade
1 +
a − 1
n
≥ a
1
n ≥ 1
por teorema do sandu´ıche segue que lim a
1
n = 1.
1.6.2 lim n
1
n = 1
Propriedade 64.
lim n
1
n = 1.
Demonstra¸c˜ao. Vamos provar que a sequˆencia (xn) com termo dado por xn = n
1
n
´e decrescente a partir do seu terceiro termo. Tomamos a fun¸c˜ao f(x) = x
1
x = e
1
x
lnx
,
derivando f′
(x) =
1
x2
(1 − lnx)x
1
x , 1 − lnx < 0, 1 < lnx para x > e, pois segue lnx >
lne = 1, lnx ´e fun¸c˜ao crescente cont´ınua. Ent˜ao a sequˆencia ´e decrescente a partir do
terceiro termo 3 > e. Outra maneira de demonstrar que a sequˆencia ´e decrescente a partir
do primeiro termo segue de (1 +
1
n
)n
< n para n ≥ 3 da´ı (n + 1)n
< nn+1
que implica
(n + 1)
1
n+1 < n
1
n .
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 41
Ela tamb´em ´e limitada inferiormente por 1, pois n ≥ 1 ⇒ n
1
n ≥ 1
1
n = 1. Portanto ela
converge para o ´ınfimo do conjunto dos termos da sequˆencia e todas suas subsequˆencias
devem convergir para o mesmo limite, digamos l, tem-se que l ≥ 1 pela propriedade da
sequˆencia, ent˜ao l ̸= 0. Tomamos a subsequˆencia de termos (2n)
1
2n , segue
l2
= (lim(2n)
1
2n )2
= lim(2n)
1
n = lim 2
1
n lim n
1
n = l
logo l2
= l que implica l = 1, pois n˜ao pode ser l = 0.
Exemplo 23. Se 0 < a < 1 ent˜ao lim an
= 0, pois an
´e decrescente limitada
inferiormente logo ´e convergente. lim an+1
= L = a. lim an
= aL, se L ̸= 0 ent˜ao a = 1,
absurdo, logo L = 0.
1.7 Limites infinitos
Defini¸c˜ao 26 (Limite +infinito). Seja uma sequˆencia (xn) . Ent˜ao lim xn = ∞ se
acontece
∀ A > 0 ∃n0 ∈ N | n > n0 ⇒ xn > A
nesse caso dizemos que xn tende a infinito.
Negar que lim(xn) = ∞ significa que
∃A > 0 ∀ n0 ∈ N | ∃n > n0 tal que xn < A
isto ´e, sempre haver´a uma infinidade de termos menores que um certo n´umero A.
Defini¸c˜ao 27 (Limite − infinito). Dizemos que lim xn = −∞ ⇔ lim −xn = ∞.
Corol´ario 27. Se limxn = ∞ ent˜ao por defini¸c˜ao (xn) n˜ao ´e limitada superiormente,
da mesma maneira se lim xn = −∞ ent˜ao xn n˜ao ´e limitada inferiormente .
Defini¸c˜ao 28 (Sequˆencia Oscilante). Uma sequˆencia (xn) ´e dita oscilante se ela n˜ao
´e convergente, nem vale lim xn = ∞ ou lim xn = −∞.
Propriedade 65. Seja (xn) tal que lim xn = a ent˜ao lim(−1)n
xn existe sse a = 0.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 42
Demonstra¸c˜ao. Seja ent˜ao lim xn = a considere a sequˆencia (zn) de termo
dado por zn = (−1)n
xn temos a subsequˆencia de termos pares (z2n) = (x2n) com limite
lim z2n = lim x2n = a e a subsequˆencia de termos ´ımpares (z2n−1) = (−x2n−1) com limite
lim z2n−1 = lim −x2n−1 = −a para que o limite exista ´e necess´ario e suficiente que a = −a
logo 2a = 0, a = 0.
Propriedade 66. Se lim xn = a ̸= 0 ent˜ao ((−1)n
xn) ´e oscilante.
Demonstra¸c˜ao. (xn) ´e limitada logo n˜ao pode valer lim(−1)n
xn infinito ou menos
infinito, como (xn) converge para um valor n˜ao nulo, ent˜ao a sequˆencia ´e oscilante.
Propriedade 67. Se lim xn = ±∞ ent˜ao ((−1)n
xn) ´e oscilante .
Demonstra¸c˜ao. Para n > n0 vale xn > A > 0 logo para n par (−1)n
xn ´e positivo
e para n ´ımpar tal termo ´e negativo ent˜ao a sequˆencia n˜ao pode tender a infinito, tamb´em
n˜ao pode ser convergente pois n˜ao ´e limitada.
Propriedade 68. lim n = ∞.
Demonstra¸c˜ao. Temos que mostrar que para todo A > 0 podemos encontrar
n0 ∈ N tal que n > n0 implica n > A, isso vale pois os naturais n˜ao s˜ao limitados
superiormente nos reais.
Propriedade 69. Se a > 1 ent˜ao lim an
= ∞.
Demonstra¸c˜ao. Podemos escrever an
= (1 + h)n
com 1 + h > 1 logo h > 0 e
vale a desigualdade de Bernoulli an
= (1 + h)n
> 1 + nh podemos conseguir assim que
1 + nh > A, tomando n0 >
A
h
− 1 e como a > 1 implica an+1
> an
temos uma sequˆencia
crescente logo n > n0 implica an
> A logo lim an
= ∞.
Propriedade 70. Dada uma sequˆencia (xn) n˜ao-decrescente ilimitada temos que
lim xn = ∞.
Demonstra¸c˜ao. Se (xn) ´e uma sequˆencia ilimitada n˜ao-decrescente ela ´e limitada
inferiormente pelo seu primeiro termo ent˜ao ela deve ser ilimitada superiormente, logo
podemos tomar A > 0 e vai existir n0 ∈ N tal que xn0 > A e como ela ´e n˜ao-decrescente
temos que n > n0 implica xn ≥ xn0 > A logo temos lim xn = ∞.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 43
1.7.1 lim
√
n = ∞.
Exemplo 24. lim
√
n = ∞. Temos que
√
n ´e crescente e n˜ao ´e limitada superior-
mente, pois
√
A2 = A.
(
√
n) n˜ao ´e limitada por´em lim
√
n
n
= lim
1
√
n
= 0.
Propriedade 71. Se lim xn+p = ∞ para algum p natural ent˜ao lim xn = ∞.
Demonstra¸c˜ao. Para qualquer A > 0 existe n0 ∈ n tal que n > n0 implica
xn+p > A, a partir de xn0+1+p vale essa desigualdade, ent˜ao existe n1 = n0 + p tal que
para n > n1 vale xn > A o que implica lim xn = ∞.
Propriedade 72. Se lim xn = ∞ ent˜ao xn ´e limitada inferiormente.
Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = ∞, ent˜ao ∀ A > 0 existe n0 ∈ N tal que n > n0 vale
xn > A, tomando A = 1 tem-se que para n > n0 , xn > 1, como existe um n´umero finito
de termos possivelmente menores que 1 ent˜ao a sequˆencia ´e limitada inferiormente.
1.7.2 lim
n∑
k=1
1
√
n + k
= ∞.
Exemplo 25.
lim
n∑
k=1
1
√
n + k
= ∞.
Vale
k ≤ n ⇒ k + n ≤ 2n ⇒
√
k + n ≤
√
2n ⇒
1
√
2n
≤
1
√
k + n
somando de 1 at´e n segue √
n
2
≤ lim
n∑
k=1
1
√
n + k
logo por compara¸c˜ao lim
n∑
k=1
1
√
n + k
= ∞.
1.8 Opera¸c˜oes com limites infinitos
Propriedade 73 (Crit´erio do inverso). Seja xn > 0 para todo n ∈ N ent˜ao lim xn =
0 ⇔ lim
1
xn
= ∞.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 44
Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = 0 temos que para todo ε > 0 existe n0 ∈ N tal
que para n > n0 implica |xn| < ε, xn < ε,
1
ε
<
1
xn
tomando A =
1
ε
segue
1
xn
> A logo
lim
1
xn
= ∞.
Considerando agora lim
1
xn
= ∞ temos que para todo A > 0 existe n0 ∈ N tal que
para n > n0 vale
1
xn
> A logo
1
A
> xn tomando ε = A temos xn < ε, |xn| < ε logo
lim xn = 0.
1.8.1 Se lim
|xn+1|
|xn|
= L ent˜ao lim n
√
|xn| = L.
Propriedade 74. Seja (xn) uma sequˆencia de termos n˜ao nulos, se lim
|xn+1|
|xn|
= L
ent˜ao lim n
√
|xn| = L.
Demonstra¸c˜ao. Seja L > 0, ent˜ao existe n0 ∈ N tal que para k > n0 vale
0 < L − ε < t1 <
|xk+1|
|xk|
< t2 < L + ε
aplicando
n∏
k=n0+1
em ambos lados e usando produto telesc´opico tem-se
|xn0+1|(t1)n−n0
< |xn+1| < |xn0+1|(t2)n−n0
tomando a raiz n-´esima
|xn0+1|
1
n (t1)1−
n0
n
< |xn+1|
1
n < |xn0+1|
1
n (t2)1−
n0
n
para n grande tem-se
L − ε < |xn+1|
1
n < L + ε
da´ı segue que lim |xn+1|
1
n = L.
Se L = 0, temos argumento similar, existe n0 ∈ N tal que para k > n0 vale
0 <
|xk+1|
|xk|
< t2 < ε < 1
aplicando
n∏
k=n0+1
em ambos lados e usando produto telesc´opico tem-se
0 < |xn+1| < |xn0+1|(t2)n−n0
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 45
tomando a raiz n-´esima
0 < |xn+1|
1
n < |xn0+1|
1
n (t2)1−
n0
n
para n grande tem-se
0 < |xn+1|
1
n < ε
da´ı segue que lim |xn+1|
1
n = 0.
Corol´ario 28. Usando o crit´erio do inverso, temos que se lim
|xn+1|
|xn|
= ∞ ent˜ao
lim n
√
|xn| = ∞.
Exemplo 26. Provar que lim
n
√
(2n)!
n!
= ∞. Tomamos xn =
(2n)!
n!
da´ı temos
xn+1
xn
=
(2n + 2)(2n + 1)(2n)!
(n + 1)n!
n!
(2n)!
=
(2n + 2)(2n + 1)
(n + 1)
= 2(2n + 1) → ∞ logo lim
n
√
(2n)!
n!
= ∞.
1.8.2 lim
n
√
(2n)!
n!nn
=
4
e
.
Exemplo 27. Mostrar que lim
n
√
(2n)!
n!nn
=
4
e
.
Tomamos xn =
(2n)!
n!nn
, da´ı
xn+1
xn
=
2(2n + 1)
n + 1
1
(1 + 1
n
)n
→
4
e
.
Exemplo 28. Mostrar que lim
n
n
√
n!
= e.
Tomamos xn =
nn
n!
, da´ı
xn+1
xn
=
(n + 1)n+1
nn
1
n + 1
=
(n + 1)n
nn
= (1 +
1
n
)n
→ e , da´ı
segue que lim
n
n
√
n!
= e.
Disso segue tamb´em que
lim
n
a n
√
n!
=
e
a
,
isto ´e,
lim n
√
nn
n!an
=
e
a
,
da´ı tomando o inverso, temos
lim
n
√
n!an
nn
=
a
e
,
em especial se e = a, segue que
lim
n
√
n!en
nn
=
e
e
= 1.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 46
1.8.3 lim
n→∞
(
m + n
n
)1
n
= 1
Exemplo 29. Vale que
lim
n→∞
(
m + n
n
)1
n
= 1.
Vamos usar o crit´erio que acabamos de provar, vamos tomar xn =
(
m + n
n
)
=
(m + n)!
n!m!
, da´ı o limite do quociente ´e o limite de
xn+1
xn
=
(m + n + 1)!
(n + 1)!m!
m!.n!
(m + n)!
=
(m + n + 1)
n + 1
=
m
n + 1
+ 1,
tomando o limite tem-se que
m
n + 1
→ 0 com m fixo logo lim
xn+1
xn
= 1 e da´ı lim x
1
n
n = 1,
por isso
lim
n→∞
(
m + n
n
)1
n
= 1.
1.8.4 lim
n
√
n! = ∞
Exemplo 30. Mostrar que lim
n
√
n! = ∞ .
Vamos trablhar com xn =
1
n!
, temos que
xn+1
xn
=
1
(n + 1)!
n! =
1
n + 1
→ 0
ent˜ao pelo teorema anterior o limite da raiz n -´esima de tal sequˆencia tamb´em tende
a zero, isto ´e
lim
1
n
√
n!
→ 0,
pelo crit´erio do inverso segue que lim
n
√
n! = ∞.
Exemplo 31. lim
1
√
n
= 0 pois lim
√
n = ∞ e
√
n > 0.
1.8.5 lim
1
√
n + 1 +
√
n
= lim
√
n + 1 −
√
n = 0
Exemplo 32. lim ∆
√
n = 0 pois
√
n + 1 −
√
n =
1
√
n + 1 +
√
n
.
Exemplo 33. Mostrar que
lim
√
n + t
√
n + 1 +
√
n
=
1
2
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 47
para t ≥ 0.
Tem-se
lim
√
n + t
√
n + 1 +
√
n
= lim
1
√
n+1
n+t
+
√ n
n+t
= lim
1
√
n+1
n+t
+
√ n
n+t
= lim
1
√
1+ 1
n
1+ t
n
+
√
1
1+ t
n
=
1
2
.
Propriedade 75 (Crit´erio de compara¸c˜ao). Sejam duas sequˆencias (xn) e (yn) e um
n´umero natural n0 tal que se para n > n0 vale xn ≥ yn e lim yn = ∞ ent˜ao lim xn = ∞.
Demonstra¸c˜ao. Se lim yn = ∞ ent˜ao para qualquer A > 0 existe n1 ∈ N tal
que para n > n1 vale yn > A e temos tamb´em que para n > n0 vale xn ≥ yn, tomando
n2 = max{n1, n0} para n > n2 vale xn ≥ yn e yn > A logo xn > A o que implica
lim xn = ∞.
Propriedade 76. Se lim xn = ∞ e (yn) ´e limitada inferiormente ent˜ao lim xn + yn =
∞.
Demonstra¸c˜ao. Com (yn) limitada inferiormente tem-se B ∈ R tal que yn > B
e como temos lim xn = ∞ vale para todo A > 0 existe n0 ∈ N tal que n > n0 ⇒ xn > A
logo de yn > B somando xn tem-se xn + yn > B + xn e de xn > A somando B segue
xn + B > A + B logo xn + yn > A + B para todo C > 0 podemos tomar A + B = C assim
lim xn + yn = ∞.
Corol´ario 29. Se lim yn = ∞ e lim xn = ∞ ent˜ao lim xn +yn = ∞, pois yn ´e limitada
inferiormente.
Corol´ario 30.
lim
1
n
+ n = ∞
pois
1
n
´e limitada inferiormente e n → ∞.
Corol´ario 31. Se (yn) ´e uma sequˆencia convergente e lim xn = ∞ ent˜ao lim xn +yn =
∞, pois (yn) sendo convergente, ela ´e limitada logo limitada inferiormente.
Propriedade 77. Se lim xn = ∞ e existe c > 0 tal que yn > c para todo n ∈ N ent˜ao
lim xnyn = ∞.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 48
Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = ∞ ent˜ao ∀A > 0 ∃n0 ∈ N tal que n > n0 ⇒ xn > A
e se existe c > 0 tal que yn > c para todo n natural ent˜ao para n > n0 , xn > 0 logo
yn.xn > c.xn e de xn > A segue xn.c > Ac assim xnyn > Ac podemos tomar ent˜ao A =
B
c
com B > 0 arbitr´ario donde segue xnyn > B logo lim xnyn = ∞.
Corol´ario 32. Se lim xn = ∞ e lim yn = ∞ ent˜ao lim xn.yn = ∞.
Corol´ario 33. Se lim xn = ∞ e b > 0 uma constante ent˜ao lim bxn = ∞. Podemos
tomar yn = b para todo n na propriedade anterior e como b > 0 existe 0 < c < b da´ı a
propriedade segue.
Propriedade 78. Seja b > 0 real, se lim xn = ∞ ent˜ao lim(xn)b
= ∞.
Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = ∞ ent˜ao
∀ B > 0 ∃n0 ∈ N | n > n0 ⇒ xn > B
tomando B = A
1
b , ent˜ao xn > A
1
b da´ı (xn)b
> A com A arbitr´ario, logo a sequˆencia tende
a infinito.
Propriedade 79. Se lim an = ∞ e an > 0∀ n ∈ N ent˜ao lim
n∑
k=1
ak
n
= ∞.
Demonstra¸c˜ao.
∀ A > 0 ∃ n0 ∈ N tal que para n > n0 tem-se an > 2A ent˜ao para n > 2n0 ( que
implica
n − n0
n
>
1
2
) vale
n∑
k=1
ak
n
≥
n∑
k=n0+1
2A
n
= 2A
n − n0
n
≥
2A
2
= A
logo
lim
n∑
k=1
ak
n
= ∞.
Corol´ario 34. Se lim xn = ∞ e n˜ao vale xn > 0 ∀ n ∈ N ent˜ao a propriedade
tamb´em vale pois existe n0 ∈ N tal que para n > n0 tem-se xn > 0 , da´ı
n∑
k=1
ak
n
=
n0∑
k=1
ak
n
+
n∑
k=n0+1
ak
n
=
n0∑
k=1
ak
n
+
n−n0∑
k=1
xk
ak+n0
n
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 49
assim se define uma nova sequˆencia (xn) que satisfaz as propriedades do resultado anterior
.
Propriedade 80. Se (xn − yn) ´e limitada e lim yn = ∞ ent˜ao lim
xn
yn
= 1.
Demonstra¸c˜ao. Existem t1, t2 ∈ R e n0 tal que para n > n0 vale
t1 < xn − yn < t2, ⇒ t1 + yn < xn < t2 + yn
com yn > 0 dividimos por esse valor
t1
yn
+ 1 <
xn
yn
<
t2
yn
+ 1
tomando o limite em ambos lados tem-se por sandu´ıche
1 ≤ lim
xn
yn
≤ 1
lim lim
xn
yn
= 1.
1.8.6 lim ln(n + 1) − ln(n) = 0
Propriedade 81. Vale que lim ln(n + 1) − ln(n) = 0.
Demonstra¸c˜ao.
0 < ln(n + 1) − ln(n) = ln(
n + 1
n
) = ln(1 +
1
n
) =
n ln(1 + 1
n
)
n
=
ln(1 + 1
n
)n
n
≤
(1 + 1
n
)n
n
como lim(1 +
1
n
)n
= e ent˜ao tal sequˆencia ´e limitada e com lim
1
n
= 0 segue que
lim
(1 + 1
n
)n
n
= 0, da´ı por sandu´ıche tem-se
lim ln(n + 1) − ln(n) = 0.
1.8.7 lim
ln(n + 1)
ln(n)
= 1.
Corol´ario 35. lim
ln(n + 1)
ln(n)
= 1 pois lim ln(n + 1) − ln(n) = 0 e lim ln(n) = ∞.
Poder´ıamos argumentar apenas que (lim ln(n+1)−ln(n)) ´e limitada sem mostrar que
converge da seguinte maneira:(ln(n+1)−ln(n)) ´e limitada pois vale 0 < ln(1+
1
n
) < 1+
1
n
com 1 +
1
n
limitada.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 50
Outra maneira ´e considerar
ln(n + 1)
ln(n)
− 1 =
ln(n + 1) − ln(n)
ln(n)
=
ln(1 + 1
n
)
ln(n)
como o numerador ´e limitado e o denominador tende ao infinito o limite ´e nulo
lim
ln(n + 1)
ln(n)
− 1 = 0 ⇒ lim
ln(n + 1)
ln(n)
= 1.
Exemplo 34. O limite lim(xn − yn) pode existir, por´em n˜ao vale lim
xn
yn
= 1, tome
por exemplo xn =
2
n
, yn =
1
n
, vale lim(xn − yn) = lim
1
n
= 0 e
lim
xn
yn
= lim
2
n
n = 2.
Exemplo 35. Se (xn) ´e limitada e lim yn = ∞ n˜ao podemos concluir nada sobre
lim xn.yn , pode ser infinito xn = 1, pode ser − infinito, com xn = −1, o limite pode
existir como xn =
1
n
e yn = n, ou pode n˜ao existir com xn = (−1)n
.
Exemplo 36. Se (xk) ´e limitada ent˜ao (xk) (C, 1) ´e convergente?
Propriedade 82. Se lim xn = ∞ e a > 0 ent˜ao
lim
√
ln(xn + a −
√
ln(xn = 0.
Demonstra¸c˜ao.
√
ln(xn + a −
√
ln(xn =
ln(xn + a) − ln(xn)
√
ln(xn + a +
√
ln(xn
o denominador ln(1 +
a
xn
) < 1 +
a
xn
→ 1 logo o numerador ´e limitado e o numerador
tende ao infinito, ent˜ao o limite ´e nulo.
Propriedade 83. Seja f : N → N injetora ent˜ao lim f(n) = ∞.
Demonstra¸c˜ao. Vamos mostrar que
∀ n0 ∈ N ∃n1 ∈ N | n > n1 ⇒ f(n) > n0.
Seja An0 = {n ∈ N | f(n) ≤ n0} tal conjunto tem no m´aximo n0 elementos, pois se
tivesse mais de n0 ent˜ao f n˜ao seria injetiva , pois ter´ıamos n1, · · · , nn0 tais que
f(n1) = 1 , f(n2) = 2, · · · , f(nn0 ) = n0
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 51
se houvesse mais algum nt com f(nt) igual a algum desses valores acima, ter´ıamos f(nt) =
f(ns) com nt ̸= ns e da´ı a fun¸c˜ao n˜ao seria injetora, observe que os valores de An0 s´o
podem ser 1, 2, · · · , n0. Se An0 ´e vazio tomamos n1 = 1, da´ı para n > 1 vale f(n) > n0,
se n˜ao for vazio, tomamos n1 = max{An0 }, que pode ser tomado, pois todo conjunto
finito tem um m´aximo, da´ı para n > n1 tem-se f(n) > n0, pois se existisse n2 > n1 tal
que f(n2) ≤ n0 entraria em contradi¸c˜ao com o fato de n1 ser o m´aximo desses valores,
da´ı segue que lim f(n) = ∞.
Exemplo 37. Se f : N → N ´e sobrejetora ent˜ao pode n˜ao valer lim f(n) = ∞,
como por exemplo a sequˆencia
(1, 2, 1, 3, 1, 4, · · · )
em que se tem subsequˆencia de termo yn = n e xn = 1 alternadas.
Propriedade 84. Se lim xn = a ent˜ao lim xf(n) = a onde f : N → N ´e injetora.
Demonstra¸c˜ao. Como lim xn = a ent˜ao para todo ε > 0 existe n1 ∈ N tal que
n > n1 implica |xn − a| < ε. Pelo fato de f(n) → ∞, existe n2 ∈ N tal que n > n2 + n1
implica f(n) > n1 da´ı |xf(n) − a| < ε.
1.9 Limites e desigualdades
Propriedade 85 (Permanˆencia de sinal I). Se lim xn = b com b > 0 ent˜ao no
m´aximo uma quantidade finita de termos dessa sequˆencia pode n˜ao ser positiva, isto ´e,
existe n0 ∈ N tal que para n > n0 vale xn > 0.
Demonstra¸c˜ao. Como lim xn = b para todo ε > 0 existe n0 tal que para n > n0
temos |xn − b| < ε, xn ∈ (b − ε, b + ε) tomando ε =
b
2
temos b − ε = b −
b
2
=
2b − b
2
=
b
2
e b + ε = b +
b
2
=
3b
2
logo existe n0 tal que para n > n0 tem-se xn ∈ (
b
2
,
3b
2
) logo xn ´e
positivo.
Propriedade 86 (Permanˆencia de sinal II). Se lim xn = b com b < 0 ent˜ao no
m´aximo uma quantidade finita de termos dessa sequˆencia pode n˜ao ser negativa, isto ´e,
existe n0 ∈ N tal que para n > n0 vale xn < 0.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 52
Demonstra¸c˜ao. Como lim xn = b para todo ε > 0 existe n0 tal que para n > n0
temos |xn −b| < ε, xn ∈ (b−ε, b+ε) tomando ε =
b
2
existe n0 tal que para n > n0 tem-se
xn ∈ (
b
2
,
3b
2
) logo xn ´e negativo.
Corol´ario 36. Seja (xn) uma sequˆencia com limxn = a e b ∈ R tal que a > b ent˜ao
existe n0 ∈ N tal que xn > b para qualquer n > n0.
Consideramos a sequˆencia (xn − b) ela tem limite lim(xn − b) = lim xn − b = a − b > 0
pela permanˆencia de sinal existe n0 tal que para n > n0 vale xn − b > 0 logo xn > b.
Corol´ario 37. Se lim xn < b ent˜ao xn < b para n suficientemente grande. Sendo
lim xn = a < b ent˜ao lim xn − b = a − b < 0, da´ı por permanˆencia de sinal segue que para
n suficientemente grande tem-se xn − b < 0, xn < b.
Outra demonstra¸c˜ao pode ser feita assim:
Se lim xn = a < b, ent˜ao 0 < b − a, tomando ε < b − a segue que
∃ n0 ∈ N | n > n0 ⇒ xn ∈ (a − ε, a + ε)
por´em a + ε < b, da´ı xn < a + ε < b.
Corol´ario 38. Sejam (xn), (yn) duas sequˆencias com lim xn = a e lim yn = b. Se b > a
ent˜ao existe n0 ∈ N tal que yn > xn para qualquer n > n0. Considerando a sequˆencia
(xn − yn) ela tem limite lim xn − yn = b − a > 0 logo pela permanˆencia de sinal existe
n0 ∈ N tal que para n > n0 vale xn − yn > 0, xn > yn .
Propriedade 87. Se lim xn = 0 e existe t ∈ N tal que xt > 0 , ent˜ao {xn} possui
m´aximo.
Demonstra¸c˜ao. Vale xt > 0, da´ı tomamos ε > 0 tal que ε < xt, ent˜ao para
n > n0 > t vale xn ∈ (−ε, ε), o conjunto A = {xn, n ≤ n0}, possui m´aximo por ser finito
e o m´aximo xs dele satisfaz xs ≥ xn para n ≤ n0 por constru¸c˜ao e xs ≥ xn para n > n0,
pois xs ≥ xt > ε > xn nessas condi¸c˜oes.
Generalizando a propriedade anterior
Propriedade 88. Se lim xn = a e existe t ∈ N tal que xt > a , ent˜ao {xn} possui
m´aximo.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 53
Demonstra¸c˜ao. Vale xt > a, da´ı tomamos ε > 0 tal que ε < xt − a, ent˜ao para
n > n0 > t vale xn ∈ (a − ε, a + ε), o conjunto A = {xn, n ≤ n0}, possui m´aximo por ser
finito e o m´aximo xs dele satisfaz xs ≥ xn para n ≤ n0 por constru¸c˜ao e xs ≥ xn para
n > n0, pois xs ≥ xt > a + ε > xn nessas condi¸c˜oes.
Propriedade 89. Se lim xn = a e existe t ∈ N tal que xt < a , ent˜ao {xn} possui
m´ınimo.
Demonstra¸c˜ao. Tomamos ε > 0 tal que ε < a − xt da´ı existe n0 ∈ N tal que
para n > n0 > t vale xn ∈ (a−ε, a+ε) dai tomamos xs = min{xn | n ≤ n0}, vale xn ≥ xs
para todo n, pois para n ≤ n0 isso vale por defini¸c˜ao e para n > n0 tem-se xs ≥ xt ≥ xn.
Corol´ario 39. Se uma sequˆencia ´e convergente e possui um ponto `a direita do seu
limite ent˜ao ela possui m´aximo, se ela possui um ponto a esquerda do seu limite ent˜ao ela
possui um m´ınimo. Se ela for constante ela possui m´aximo e m´ınimo. Ent˜ao em qualquer
caso uma sequˆencia convergente possui m´aximo ou m´ınimo.
Corol´ario 40. Se uma sequˆencia n˜ao possui m´aximo ou m´ınimo ela ´e divergente.
Propriedade 90. Se existe n0 ∈ N tal que para n > n0 temos xn ≥ 0 e lim xn = a
ent˜ao a ≥ 0. Esta propriedade diz que se a sequˆencia tem no m´aximo um n´umero finito
de termos negativos (esse n´umero podendo ser zero) ent˜ao seu limite quando existe n˜ao
pode ser negativo.
Demonstra¸c˜ao. Suponha que a < 0 ent˜ao existir˜ao n1 ∈ N e ε = −
a
2
> 0 tal que
para n > n1 temos xn ∈ (a − ε, a + ε) , nesse caso temos xn < 0 mas por hip´otese temos
que para n > n0 , xn ≥ 0 o que contradiz a hip´otese, pois podemos tomar n2 > n1, n0 e
ter´ıamos xn2 ≥ 0 (pela hip´otese ) e xn2 < 0 (pela condi¸c˜ao de a < 0) o que ´e um absurdo
logo temos que a ≥ 0.
Corol´ario 41. Um sequˆencia de n´umeros n˜ao-negativos n˜ao pode ter limite negativo.
No caso de uma sequˆencia de n´umeros n˜ao-negativos temos xn ≥ 0 para todo n.
CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 54
1.9.1 O limite preserva desigualdades
Propriedade 91 (Limite preserva desigualdade). Se (xn) e (yn) s˜ao convergentes e
satisfazem yn ≥ xn para todo n > n0 ent˜ao lim yn ≥ lim xn.
Demonstra¸c˜ao. Tomamos zn = yn − zn, vale para n > n0 que zn ≥ 0, (zn) ´e
convergente por ser subtra¸c˜ao de sequˆencias convergentes logo lim zn = lim yn −lim xn ≥ 0
e da´ı lim yn ≥ lim xn.
Propriedade 92. Se lim xn = a, lim yn = b e |xn − yn| ≥ ε para todo n, ent˜ao
|a − b| ≥ ε.
Demonstra¸c˜ao. Suponha por absurdo que |a − b|
=ε1
< ε e |yn − xn| ≥ ε. Podemos
tomar n > n0 tal que |yn − b| < ε2 e |xn − a| < ε3 onde ε1 + ε2 + ε3 < ε, que pode ser
feito, pois basta tomar ε2 + ε3 < ε − ε1
>0
logo
|yn − xn| ≤ |yn − b| + |b − a| + |xn − a| < ε1 + ε2 + ε3 = ε
que contradiz |yn − xn| ≥ ε.
Propriedade 93. Se g : A → R ´e limitada numa vizinhan¸ca de a e lim xn = a (com
xn ∈ A ) ent˜ao a sequˆencia (g(xn)) ´e limitada.
Demonstra¸c˜ao. Como g ´e limitada numa vizinhan¸ca de a ent˜ao existe ε > 0
tal que para x ∈ (a − ε, a + ε) ∩ A vale |g(x)| ≤ M. Por termos lim xn = a, ent˜ao existe
n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn ∈ (a − ε, a + ε), logo vale |g(xn)| ≤ M.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

A matemática do ensino médio vol 1
A matemática do ensino médio vol 1A matemática do ensino médio vol 1
A matemática do ensino médio vol 1
joutrumundo
 

La actualidad más candente (20)

Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempoAplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
 
Aula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrau
Aula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrauAula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrau
Aula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrau
 
Ms impresso aula05
Ms impresso aula05Ms impresso aula05
Ms impresso aula05
 
Aula 5: Operador momento e energia e o princípio da incerteza
Aula 5: Operador momento e energia e o princípio da incertezaAula 5: Operador momento e energia e o princípio da incerteza
Aula 5: Operador momento e energia e o princípio da incerteza
 
Aula 10: Exercícios
Aula 10: ExercíciosAula 10: Exercícios
Aula 10: Exercícios
 
Calculo1 aula03
Calculo1 aula03Calculo1 aula03
Calculo1 aula03
 
Processos estocaticos 20150
Processos estocaticos 20150Processos estocaticos 20150
Processos estocaticos 20150
 
Estr mat i
Estr mat iEstr mat i
Estr mat i
 
Aula 16: Exercícios
Aula 16: ExercíciosAula 16: Exercícios
Aula 16: Exercícios
 
Aula 15: O oscilador harmônico
Aula 15: O oscilador harmônicoAula 15: O oscilador harmônico
Aula 15: O oscilador harmônico
 
A matemática do ensino médio vol 1
A matemática do ensino médio vol 1A matemática do ensino médio vol 1
A matemática do ensino médio vol 1
 
Apostila ESTRUTURAS
Apostila ESTRUTURAS Apostila ESTRUTURAS
Apostila ESTRUTURAS
 
Aula11
Aula11Aula11
Aula11
 
Capitulo1
Capitulo1Capitulo1
Capitulo1
 
Aula 13: O poço de potencial finito
Aula 13: O poço de potencial finitoAula 13: O poço de potencial finito
Aula 13: O poço de potencial finito
 
Rodrigo de lima (uff) edo - parte 1edo
Rodrigo de lima (uff)   edo - parte 1edoRodrigo de lima (uff)   edo - parte 1edo
Rodrigo de lima (uff) edo - parte 1edo
 
Aula 6: O caso estacioário em uma dimensão
Aula 6: O caso estacioário em uma dimensãoAula 6: O caso estacioário em uma dimensão
Aula 6: O caso estacioário em uma dimensão
 
Aula 7: A partícula livre
Aula 7: A partícula livreAula 7: A partícula livre
Aula 7: A partícula livre
 
Capítulo4 interpolação
Capítulo4 interpolaçãoCapítulo4 interpolação
Capítulo4 interpolação
 
00 propserpot
00 propserpot00 propserpot
00 propserpot
 

Destacado

COMUNICADO DE PRENSA 12 DE JUNIO DEL 2012 ASESINAN A COMUNERO MIXE
COMUNICADO DE PRENSA 12 DE JUNIO DEL 2012 ASESINAN A COMUNERO MIXE COMUNICADO DE PRENSA 12 DE JUNIO DEL 2012 ASESINAN A COMUNERO MIXE
COMUNICADO DE PRENSA 12 DE JUNIO DEL 2012 ASESINAN A COMUNERO MIXE
UCIZONI AC
 
Mapa conceptual
Mapa conceptualMapa conceptual
Mapa conceptual
rafaly
 
Getuigschriftlandalhoogvaals
GetuigschriftlandalhoogvaalsGetuigschriftlandalhoogvaals
Getuigschriftlandalhoogvaals
diana0407
 

Destacado (20)

CHT
CHTCHT
CHT
 
Sivik
SivikSivik
Sivik
 
COMUNICADO DE PRENSA 12 DE JUNIO DEL 2012 ASESINAN A COMUNERO MIXE
COMUNICADO DE PRENSA 12 DE JUNIO DEL 2012 ASESINAN A COMUNERO MIXE COMUNICADO DE PRENSA 12 DE JUNIO DEL 2012 ASESINAN A COMUNERO MIXE
COMUNICADO DE PRENSA 12 DE JUNIO DEL 2012 ASESINAN A COMUNERO MIXE
 
Titeres
TiteresTiteres
Titeres
 
E4 moodboard 2
E4 moodboard 2 E4 moodboard 2
E4 moodboard 2
 
Santoantonio
SantoantonioSantoantonio
Santoantonio
 
Diagrama_webquest
Diagrama_webquestDiagrama_webquest
Diagrama_webquest
 
Justicatrabalhosantoantionio
JusticatrabalhosantoantionioJusticatrabalhosantoantionio
Justicatrabalhosantoantionio
 
Mapa conceptual
Mapa conceptualMapa conceptual
Mapa conceptual
 
Sustitución de una estribera
Sustitución de una estriberaSustitución de una estribera
Sustitución de una estribera
 
Associacao
AssociacaoAssociacao
Associacao
 
Momentum - April 2015 [Cover1]
Momentum - April 2015 [Cover1]Momentum - April 2015 [Cover1]
Momentum - April 2015 [Cover1]
 
Proceso instalación Sonido Hi-Fi en coche de serie
Proceso instalación Sonido Hi-Fi en coche de serieProceso instalación Sonido Hi-Fi en coche de serie
Proceso instalación Sonido Hi-Fi en coche de serie
 
Itaucard
ItaucardItaucard
Itaucard
 
Ntic
NticNtic
Ntic
 
Mapa conceptual
Mapa conceptualMapa conceptual
Mapa conceptual
 
Getuigschriftlandalhoogvaals
GetuigschriftlandalhoogvaalsGetuigschriftlandalhoogvaals
Getuigschriftlandalhoogvaals
 
Leccion 9
Leccion 9Leccion 9
Leccion 9
 
1608
16081608
1608
 
Adobe captivate
Adobe captivateAdobe captivate
Adobe captivate
 

Similar a Seqe (20)

Sequencias e-series
Sequencias e-seriesSequencias e-series
Sequencias e-series
 
Topologiaespacometri (1)
Topologiaespacometri (1)Topologiaespacometri (1)
Topologiaespacometri (1)
 
Introducao_a_Algebra_Linear.pdf
Introducao_a_Algebra_Linear.pdfIntroducao_a_Algebra_Linear.pdf
Introducao_a_Algebra_Linear.pdf
 
Series
SeriesSeries
Series
 
Algebra kat
Algebra  katAlgebra  kat
Algebra kat
 
Limites2
Limites2Limites2
Limites2
 
Cal amostra
Cal   amostraCal   amostra
Cal amostra
 
Basiconumcomplex (1)
Basiconumcomplex (1)Basiconumcomplex (1)
Basiconumcomplex (1)
 
Sucessoes e series com res
Sucessoes e series com resSucessoes e series com res
Sucessoes e series com res
 
Apostila funções
Apostila funçõesApostila funções
Apostila funções
 
Polinomios 17122016
Polinomios 17122016Polinomios 17122016
Polinomios 17122016
 
Polinomios
PolinomiosPolinomios
Polinomios
 
Trigonometria
TrigonometriaTrigonometria
Trigonometria
 
Trigonometria
TrigonometriaTrigonometria
Trigonometria
 
Notas de Aula de Probabilidade
Notas de Aula de ProbabilidadeNotas de Aula de Probabilidade
Notas de Aula de Probabilidade
 
Analise matematica-2003
Analise matematica-2003Analise matematica-2003
Analise matematica-2003
 
ajuste de curva
ajuste de curvaajuste de curva
ajuste de curva
 
Tr pascal binnewton-teoria-e-exerc
Tr pascal binnewton-teoria-e-exercTr pascal binnewton-teoria-e-exerc
Tr pascal binnewton-teoria-e-exerc
 
Resumo Matemática 3º Ciclo
Resumo Matemática 3º CicloResumo Matemática 3º Ciclo
Resumo Matemática 3º Ciclo
 
Edp1 aulas-22-8-13
Edp1 aulas-22-8-13Edp1 aulas-22-8-13
Edp1 aulas-22-8-13
 

Seqe

  • 1. Anota¸c˜oes sobre sequˆencias Rodrigo Carlos Silva de Lima ‡ rodrigo.uff.math@gmail.com ‡
  • 2. 1
  • 3. Sum´ario 1 Sequˆencias 4 1.1 Defini¸c˜ao e propriedades b´asicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.2 Opera¸c˜oes com sequˆencias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.2.1 Defini¸c˜ao de subsequˆencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.3 Limites de sequˆencias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.3.1 Caracteriza¸c˜ao de sequˆencias por meio de abertos . . . . . . . . . . 13 1.3.2 Defini¸c˜ao de sequˆencia peri´odica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.3.3 Valores de aderˆencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.4 Sequˆencias mon´otonas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 1.4.1 Toda sequˆencia mon´otona limitada ´e convergente . . . . . . . . . . 20 1.4.2 √ a + √ a + √ a + · · · Ra´ızes encaixadas . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.4.3 lim bn = 0, |an| < c ⇒ lim anbn = 0. . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 1.4.4 A sequˆencia ( 1 + 1 n )n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 1.4.5 √ x √ x √ x √ x · · · . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 1.4.6 Limite do m´odulo de uma sequˆencia. . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 1.4.7 Estudo da sequˆencia (an ). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 1.5 Propriedades aritm´eticas dos limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 1.5.1 Limite da soma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 1.5.2 Limite do produto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 1.5.3 Limite do quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 1.5.4 lim p √ (xn). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 1.5.5 Se N = p ∪ k=1 Nk e lim n∈Nk xn = a ent˜ao lim xn = a. . . . . . . . . . . . . 38 1.6 C´alculo de limites por meio de subsequˆencias . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 2
  • 4. SUM ´ARIO 3 1.6.1 lim a 1 n = 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 1.6.2 lim n 1 n = 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 1.7 Limites infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 1.7.1 lim √ n = ∞. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 1.7.2 lim n∑ k=1 1 √ n + k = ∞. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 1.8 Opera¸c˜oes com limites infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 1.8.1 Se lim |xn+1| |xn| = L ent˜ao lim n √ |xn| = L. . . . . . . . . . . . . . . . . 44 1.8.2 lim n √ (2n)! n!nn = 4 e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 1.8.3 lim n→∞ ( m + n n )1 n = 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 1.8.4 lim n √ n! = ∞ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 1.8.5 lim 1 √ n + 1 + √ n = lim √ n + 1 − √ n = 0 . . . . . . . . . . . . . . 46 1.8.6 lim ln(n + 1) − ln(n) = 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 1.8.7 lim ln(n + 1) ln(n) = 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 1.9 Limites e desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 1.9.1 O limite preserva desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
  • 5. Cap´ıtulo 1 Sequˆencias 1.1 Defini¸c˜ao e propriedades b´asicas Defini¸c˜ao 1 (Sequˆencia finita ou n-upla). Uma sequˆencia finita ´e uma fun¸c˜ao x : In → B, onde In = {1, . . . n} e B ´e um conjunto qualquer, podemos denotar a sequˆencia como (xk)n 1 . Defini¸c˜ao 2 (Sequˆencia vazia). ´E uma sequˆencia sem elementos denotada por () que consideraremos tamb´em como uma sequˆencia finita. Defini¸c˜ao 3 (Sequˆencia). Come¸caremos com uma sequˆencia em um corpo qualquer e depois trataremos de sequˆencias onde o corpo ´e o corpo dos n´umeros reais. Uma sequˆencia com elementos em um corpo K ´e uma fun¸c˜ao X : N → K. xn ´e chamado n-´esimo termo da sequˆencia e podemos denotar a sequˆencia das seguintes maneiras (x1, . . . , xn, . . . ) = (xn)n∈N = (xn) = {xn}. Tal defini¸c˜ao pode ser feita tomando um conjunto qualquer B no lugar do corpo K, nesse caso podemos ter sequˆencia de elementos arbitr´arios. Em nossa apresenta¸c˜ao escolhemos come¸car a sequˆencia do termo x1 pois associamos a ele normalmente o primeiro termo. 4
  • 6. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 5 Usaremos a nota¸c˜ao x(N) = {x1, . . . , xn, . . . } = {xn|n ∈ N} para simbolizar o con- junto dos termos da sequˆencia. ´e preciso tomar cuidado para n˜ao confundir o conjunto de termos da sequˆencia com a representa¸c˜ao da sequˆencias atrav´es da upla. Se a sequˆencia for injetiva, isto ´e, xm = xn implicar n = m, diremos que ´e uma sequˆencia de termos dois a dois distintos. Em (xn), n ´e chamado de ´ındice da sequˆencia. Dizemos tamb´em que em (xn), xn ´e o termo de ordem n ou ´e o n-´esimo termo da sequˆencia. Defini¸c˜ao 4 (Sucessores e antecessores). Dado o termo xs em uma sequˆencia (xn), os termos xp tais que p > s s˜ao ditos sucessores de xs na sequˆencia (xn) se s > 1 ent˜ao os termos xp tal que p < s s˜ao ditos antecessores de xs na sequˆencia (xn). 1.2 Opera¸c˜oes com sequˆencias Defini¸c˜ao 5 (Igualdade de sequˆencias). Duas sequˆencias (ak) e (bk) s˜ao iguais, quando ak = bk para todo k ∈ N (ak) = (bk) , isto ´e duas sequˆencias s˜ao iguais quando seus termos de ´ındices iguais, s˜ao iguais. Defini¸c˜ao 6 (Adi¸c˜ao de sequˆencias). Sejam sequˆencias (an) e (bn), definimos a adi¸c˜ao como uma outra sequˆencia (cn) (an) + (bn) = (cn) onde o termo cn ´e dado pela adi¸c˜ao de an e bn, cn = an + bn. Defini¸c˜ao 7 (Produto de sequˆencias). Sejam sequˆencias (an) e (bn), definimos o produto, como (an)(bn) = (cn) onde o termo cn ´e dado pelo produto dos termos bn e an, cn = anbn.
  • 7. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 6 Propriedades da adi¸c˜ao Sejam (an), (bn), (cn) sequˆencias quaisquer no corpo K, a adi¸c˜ao e o produto de sequˆencias gozam das seguintes propriedades Propriedade 1 (Elemento neutro). O elemento neutro da adi¸c˜ao de sequˆencias ´e a sequˆencia onde todos termos s˜ao nulos (cn) = (0) onde cn = 0 ∀ n ∈ N1. E temos a propriedade, sendo (an) uma sequˆencia qualquer, temos a propriedade (an) + (0) = (an + 0) = (an). Pois o corpo k possui elemento neutro da adi¸c˜ao. Temos um elemento neutro do produto que ´e (1) a sequˆencia constante formada pelo n´umero 1, e temos a propriedade (an)(1) = (an.1) = (an). Pois 1 ´e o elemento neutro do produto no corpo K Propriedade 2 (Comutatividade). Temos as propriedades (cn) + (bn) = (cn + bn) = (bn + cn) = (bn) + (cn) (cn)(bn) = (cn.bn) = (bn.cn) = (bn)(cn) pela propriedade da adi¸c˜ao e o produto serem comutativos no corpo k. Propriedade 3 (Associatividade). [(cn) + (bn)] + (an) = (cn + bn) + (an) = (cn + bn + an) = (cn) + [(bn + an)] [(cn).(bn)].(an) = (cn.bn).(an) = (cn.bn.an) = (cn).[(bn.an)] pela associatividade no corpo K.
  • 8. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 7 Propriedade 4 (Existˆencia de inverso). Para a sequˆencia (an) existe a sequˆencia (−an), tal que (an) + (−an) = (an − an) = (0) a soma das sequˆencias ´e a sequˆencia nula. Se an ̸= 0 para todo n, existe a−1 n e temos a sequˆencia dos inversos (a−1 n ) onde temos a propriedade (an).(a−1 n ) = (an.a−1 n ) = (1). Propriedade 5 (Existˆencia de divisores de zero). Dadas duas sequˆencias n˜ao nulas (xn) e (yn) seu produto pode ser uma sequˆencia nula. Demonstra¸c˜ao. Considere (xn) dada por xn = 0 se n par e xn = 1 se n ´ımpar, (yn) tal que yn = 0 se n ´ımpar yn = 1 se n par, ent˜ao (xn)(yn) = (0) e nenhuma delas ´e a sequˆencia nula. Corol´ario 1. Com isso conclu´ımos que o conjunto das sequˆencias munido da adi¸c˜ao e multiplica¸c˜ao que definimos , n˜ao ´e um corpo, pois em corpos n˜ao existem divisores de zero. Propriedade 6 (Distributividade). (an)[(cn) + (bn)] = (an)(cn + bn) = (ancn + anbn) = (ancn) + (anbn) = (an)(cn) + (an)(bn) pela distributividade no corpo K. Defini¸c˜ao 8 (Produto por elemento de um corpo). Sejam uma sequˆencia (an) e um elemento r do corpo K, definimos o produto da sequˆencia por r como uma outra sequˆencia (cn) r(an) = (cn) onde o termo cn ´e dado pelo produto do termo an e r, cn = an.r. Propriedade 7 (Distributividade). Sendo r e p ∈ k, temos (r + p)(an) = (ran + pan) = (ran) + (pan) = r(an) + p(an). r[(an) + (bn)] = r(an + bn) = (ran + rbn) = r(an) + r(bn).
  • 9. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 8 Propriedade 8 (Multiplica¸c˜ao por 1). 1.(an) = (1.an) = (an). Propriedade 9. c e d no corpo K temos c[d.(an)] = c(d.an) = (c.d.an) = (c.d).(an) Com as propriedades de adi¸c˜ao e produto por escalar (que no caso s˜ao elementos do corpo K), as sequˆencias em um corpo k, formam um espa¸c o vetorial. Este espa¸c o vetorial de sequˆencias ser´a simbolizado por K∞ , em especial se o corpo for o corpo dos n´umeros reais R, teremos o espa¸c o vetorial R∞ que s˜ao sequˆencias de n´umeros reais. Propriedade 10. Seja, s um n´umero natural maior que 1 , as sequˆencias (xn) com xn = 0 para n ≥ s e outros termos livres em K formam um subespa¸c o vetorial de K∞ . Em termos de upla escrevemos ( xk|s−1 1 , xk|∞ s ) = ( xk|s−1 1 , 0|∞ s ) = (x1, . . . , xs−1, 0, . . . ). Demonstra¸c˜ao. A sequˆencia (0) pertence a sequˆencia (xn), pois basta tomar xn = 0 para n < s, pela defini¸c˜ao da sequˆencia (xn) vamos ter xn = 0 para n ≥ s. Escrevendo com nota¸c˜ao de upla ( xk ∞ 1 ) abrindo, temos ( xk ∞ 1 ) = ( xk s−1 1 , xk ∞ s ) para que seja a sequˆencia zera basta tomar xk = 0 para k de 1 at´e s − 1, pois a partir de s, todos s˜ao zero. Sejam agora duas sequˆencias (an) e (bn) com as propriedades da hip´otese, vamos demonstrar a soma continua tendo as propriedades que queremos. Escrevendo como upla, temos (an) + (bn) = ( ak s−1 1 , 0 ∞ s ) + ( bk s−1 1 , 0 ∞ s ) = ( ak + bk s−1 1 , 0 ∞ s ) . logo a adi¸c˜ao ´e fechada. Agora seja a um elemento do corpo K e uma sequˆencia (xn) com as propriedades da hip´otese, vamos mostrar que o produto continua sendo uma sequˆencia com a propriedade que queremos a ( ak s−1 1 , 0 ∞ s ) = ( a.ak s−1 1 , 0 ∞ s ) . que ´e do tipo que desejamos. Assim demonstrada essas trˆes propriedades temos que tais sequˆencias s˜ao subespa¸c o de K∞ .
  • 10. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 9 1.2.1 Defini¸c˜ao de subsequˆencia Defini¸c˜ao 9 (Subsequˆencia). Uma subsequˆencia (xn)n∈N′ de uma sequˆencia (xn) ´e a restri¸c˜ao da sequˆencia xn : N → R a um subconjunto infinito N′ de N, isto ´e, (xn)n∈N′ ´e a fun¸c˜ao xn : N′ → R, onde N′ ⊂ N ´e um conjunto infinito . Vamos analisar agora o caso onde o corpo K ´e o corpo dos n´umeros reais. Defini¸c˜ao 10 (Sequˆencia limitada). Uma sequˆencia (xn) ´e limitada quando existem a e b reais tais que xn ∈ [a, b] ∀ n ∈ N, isto ´e, sempre vale a ≤ xn ≤ b . Todo intervalo [a, b] est´a contido num intervalo do tipo [−c, c], com c > 0 (intervalo sim´etrico). Para ver isto, basta tomar c = max{|a|, |b|}, pois c ≥ b e c ≥ −a da´ı a ≥ −c e portanto, −c ≤ xn ≤ c ⇔ |xn| ≤ c, assim podemos ver que uma sequˆencia (xn) ´e limitada ⇔ existe c > 0 real, tal que |xn| ≤ c para todo n ∈ N, Da´ı resulta que (xn) ´e limitada ⇔ (|xn|) ´e limitada. Propriedade 11. A soma finita de sequˆencias limitada ´e uma sequˆencia limitada. Demonstra¸c˜ao. Usaremos nota¸c˜ao xp(k) para simbolizar o k-´esimo termo da p-´esima sequˆencia, como cada uma das n sequˆencias ´e limitada ent˜ao para cada p existe uma constante Mp > 0, tal que |xp(k)| ≤ Mp para todo k ∈ N. Somando sobre p tem-se | n∑ p=1 xp(k)| ≤ n∑ p=1 |xp(k)| ≤ n∑ p=1 Mp logo a sequˆencia dada pela soma ´e limitada. Propriedade 12. O produto de sequˆencias limitadas ´e uma sequˆencia limitada. Demonstra¸c˜ao. Usaremos a mesma nota¸c˜ao da propriedade anterior. Vale |xp(k)| ≤ Mp da´ı podemos tomar o produto com p variando n∏ p=1 |xp(k)| = | n∏ p=1 xp(k)| ≤ n∏ p=1 Mp de onde segue o resultado.
  • 11. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 10 Defini¸c˜ao 11 (Sequˆencia ilimitada). Quando uma sequˆencia n˜ao ´e limitada, diz-se que ela ´e ilimitada. Defini¸c˜ao 12 (Sequˆencia limitada superiormente). Uma sequˆencia (xn) ´e limitada superiormente, quando existe b ∈ R, tal que xn ≤ b para todo n ∈ N1, isto ´e, todos elementos pertencem ao intervalo (−∞, b]. Defini¸c˜ao 13 (Sequˆencia limitada inferiormente). Uma sequˆencia (xn) ´e limitada inferiormente, quando existe b ∈ R , tal que b ≤ xn para todo n ∈ N1, isto ´e, todos termos da sequˆencia pertencem ao intervalo [b, ∞). Corol´ario 2. Uma sequˆencia ´e limitada sse ´e limitada superiormente e inferiormente. Se a sequˆencia for limitada ent˜ao todos seus termos pertencem a um intervalo fechado [a, b], logo temos sempre a ≤ xn ≤ b, de onde segue que xn ≤ b logo ´e limitada superiormente e a ≤ xn logo limitada inferiormente. Agora se ela ´e limitada inferiormente e superiormente temos a, b tais que a ≤ xn e xn ≤ b logo xn ∈ [a, b] para todo n. Corol´ario 3. Toda subsequˆencia de uma sequˆencia limitada ´e limitada. Se a sequˆencia ´e limitada ent˜ao temos que xn ∈ [a, b]∀n ∈ N1 em especial temos tamb´em que xn ∈ [a, b]∀n ∈ N′ pois N′ ´e um subconjunto de N. Defini¸c˜ao 14 (Sequˆencias crescentes e n˜ao-decrescentes). Uma sequˆencia (xn) ´e crescente, quando temos xn+1 > xn, para todo n ∈ N1. Podemos escrever da seguinte forma xn+1 − xn > 0, usando o operador delta, ∆xn > 0, logo uma sequˆencia ´e crescente, quando ∆xn > 0 para todo n. Uma sequˆencia (xn) ´e n˜ao-decrescente, quando temos xn+1 ≥ xn para todo n ∈ N1, que podemos escrever ∆xn ≥ 0. As sequˆencias crescentes s˜ao sequˆencias n˜ao-decrescentes, pois satisfazem xn ≥ 0 mas as n˜ao-decrescentes em geral n˜ao s˜ao crescentes. Defini¸c˜ao 15 (Sequˆencias decrescentes e n˜ao-crescentes). Uma sequˆencia (xn) ´e decrescente quando temos xn > xn+1 para todo n ∈ N1, que pode ser escrito como 0 > xn+1 − xn e usando novamente o operador delta, 0 > ∆xn ou ∆xn < 0.
  • 12. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 11 Uma sequˆencia (xn) ´e n˜ao-crescente, quando temos xn+1 ≤ xn para todo n ∈ N1, e usando o operador, escrevemos ∆xn ≤ 0. Da mesma maneira que nas sequˆencias crescen- tes, as sequˆencias decrescentes s˜ao sequˆencias n˜ao-crescentes pois satisfazem ∆xn ≤ 0, por´em as sequˆencias n˜ao-crescentes n˜ao s˜ao necessariamente decrescentes. Propriedade 13. Toda sequˆencia n˜ao-decrescente ´e limitada inferiormente e toda n˜ao-crescente ´e limitada inferiormente. Demonstra¸c˜ao. Temos que vale ∆xk ≥ 0 para todo k ∈ N1 vamos mostrar que a sequˆencia n˜ao-decrescente ´e limitada inferiormente pelo seu primeiro termo x1, para isso temos que mostrar que xn ≥ x1 para qualquer n ∈ N1, como temos que vale ∆xk ≥ 0 para todo k ∈ N1, tomamos o somat´orio com k em [1, n − 1] n−1∑ k=1 ∆xk = xk n 1 = xn − x1 ≥ 0 pois ´e uma soma de n´umeros n˜ao negativos, logo vale xn ≥ x1. O mesmo argumento para uma sequˆencia crescente, nela vale ∆xk > 0 aplicando a soma em [0.n − 1] temos n−1∑ k=1 ∆xk = xn − x1 > 0 pois ´e soma de termos maiores que zero, implicando xn > x1 para n > 1. Agora toda sequˆencia n˜ao-crescente ´e limitada superiormente pelo seu primeiro termo, pois temos ∆xk ≤ 0 e aplicando a soma em [1, n − 1] temos n−1∑ k=1 ∆xk = xn − x1 ≤ 0 logo xn ≤ x1 sendo o mesmo v´alido para sequˆencias decrescentes ∆xk < 0 n−1∑ k=1 ∆xk = xn − x1 < 0 logo xn < x1. Defini¸c˜ao 16 (Sequˆencias mon´otonas). sequˆencias mon´otonas s˜ao sequˆencias que tˆem uma das propriedades: Crescentes, decrescentes, n˜ao-crescentes ou n˜ao-decrescentes. Como as sequˆencias crescentes s˜ao tamb´em n˜ao-decrescentes e as decrescentes s˜ao n˜ao- crescentes podemos demonstrar algumas propriedades para n˜ao-crescentes e n˜ao-decrescentes sendo v´alida para outras sequˆencias mon´otonas tamb´em.
  • 13. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 12 Propriedade 14. N˜ao existe sequˆencia decrescente de n´umero naturais. Demonstra¸c˜ao. Suponha que exista uma sequˆencia (xn) decrescente, considere o conjunto dos termos da sequˆencia A = {xn | n ∈ N}, por ser um conjunto de n´umeros naturais o PBO garante que existe o menor elemento de A, da´ı existe m ∈ N tal que xm ´e m´ınimo, por´em como a sequˆencia ´e decrescente ent˜ao xm > xm+1, absurdo. Propriedade 15. N˜ao existe sequˆencia crescente limitada de n´umeros naturais. Demonstra¸c˜ao. Supondo que exista uma sequˆencia (xn) crescente o conjunto de seus termos A tem um maior elemento, digamos xm, por´em como ela ´e crescente temos xm+1 > xm o que ´e absurdo. Propriedade 16. Toda sequˆencia n˜ao-decrescente limitada de n´umeros naturais ´e constante a partir de certo termo. Demonstra¸c˜ao. Dado o conjunto dos termos da sequˆencia, existe um elemento m´aximo, digamos xm, vale xm+1 ≥ xm, como n˜ao pode valer xm+1 > xm ent˜ao vale xm+1 = xm, o mesmo deve valer para todo outro p > m, xp = xm, pois n˜ao pode valer xp > xm. Propriedade 17. Se uma sequˆencia (xk) de n´umeros naturais ´e crescente, ent˜ao vale xk ≥ k para todo k ∈ N. Demonstra¸c˜ao. Por indu¸c˜ao sobre n, para n = 1, vale x1 ≥ 1, pois x1 sendo natural n˜ao pode ser menor que 1. Suponha que xn ≥ n, vamos mostrar que xn+1 ≥ n+1, vale que xn+1 > xn = n, da´ı xn+1 > n, o que implica xn+1 ≥ n + 1, pois xn+1 n˜ao pode estar em (n, n + 1) pelo fato de ser natural. Defini¸c˜ao 17. Uma sequˆencia (xn) ´e dita estar eventualmente num conjunto A se existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica an ∈ A, isto ´e, todos termos de ´ındices suficiente- mente grandes pertencem ao conjunto A. Defini¸c˜ao 18. Uma sequˆencia (xn) ´e dita estar frequentemente num conjunto A se para todo n0 ∈ N existe n1 > n0 tal que an1 ∈ A, isto ´e, para todo ´ındice n0 podemos achar outro ´ındice maior n1 tal que an1 ∈ A. Nesse caso dizemos que a sequˆencia (xn) est´a frequentemente no conjunto A.
  • 14. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 13 1.3 Limites de sequˆencias Usaremos a nota¸c˜ao B(a, ε) para o conjunto B(a, ε) = {x ∈ R | |x − a| < ε}. Tal conjunto ´e chamado de bola de centro a ´e raio ε. Defini¸c˜ao 19 (Limite de sequˆencia.). Dizemos que lim xn = a ⇔ para qualquer ε > 0 dado, conseguimos encontrar um n´umero natural n0 tal que para n maior que n0 tem-se |xn − a| < ε, nesse caso dizemos que a sequˆencia ´e convergente e seu limite ´e a, caso n˜ao exista a tal que a sequˆencia satisfa¸ca essa propriedade dizemos que a sequˆencia diverge. Em s´ımbolos tem-se a defini¸c˜ao lim xn = a ⇔ ∀ε > 0 ∃ n0 ∈ N|n > n0 ⇒ |xn − a| < ε. Lˆe-se lim xn = a como : limite de xn ´e igual `a a. De maneira equivalente podemos escrever1 lim xn = a ⇔ ∀ε > 0 ∃ n0 ∈ N|n > n0 ⇒ xn ∈ B(a, ε). Tamb´em denotamos lim xn = a por xn → a e lim xn = lim n→∞ xn. . Quando n˜ao vale lim xn = a, negamos a defini¸c˜ao, ent˜ao fica ∃ε > 0, ∀ n0 ∈ N, ∃n > n0 tal que |xn − a| ≥ ε. Nesse caso existem infinitos valores fora do intervalo (a − ε, a + ε). 1.3.1 Caracteriza¸c˜ao de sequˆencias por meio de abertos Propriedade 18 (Caracteriza¸c˜ao de sequˆencias por meio de abertos). lim xn = a ⇔ ∀ aberto A com a ∈ A existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn ∈ A. 1 Dada um sequˆencia xn → a, existe n0 tal que uma vez que a sequˆencia entra na bola B(a, ε) ela nunca mais sa´ı
  • 15. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 14 Demonstra¸c˜ao. ⇒). Seja A um aberto com a ∈ A, ent˜ao existe ε > 0 tal que (a − ε, a + ε) ⊂ A e por lim xn = a existe n0 ∈ N | n > n0 tem-se xn ∈ (a − ε, a + ε), logo xn ∈ A. ⇐). Supondo que ∀ aberto A com a ∈ A existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn ∈ A, ent˜ao em especial para todo ε > 0 podemos tomar o aberto A = (a − ε, a + ε) e tem-se lim xn = a pela defini¸c˜ao de limite. Propriedade 19 (Unicidade do limite de sequˆencias). Se lim xn = a e lim xn = b ent˜ao a = b. Dado um a qualquer quando lim xn = a dizemos que a sequˆencia (xn) converge para a ou tende para a e tem limite. As sequˆencias que tˆem limite chamamos de convergentes e as que n˜ao chamamos de divergentes. Demonstra¸c˜ao. Seja lim xn = a e b ̸= a vamos tomar ε = |b − a| 2 , ε > 0 temos que os intervalos (a − ε, a + ε) e (b − ε, b + ε) s˜ao disjuntos, pois se houvesse x tal que |a−x| < ε e |x−b| < ε somando as desigualdades ter´ıamos |a−x|+|x−b| < 2ε = |b−a| e pela desigualdade triangular |b − a| ≤ |a − x| + |x − b| < |b − a| o que ´e absurdo, temos ent˜ao que os intervalos s˜ao disjuntos. Como lim xn = a temos que existe n0 tal que para ∀n > n0 vale xn ∈ (a − ε, a + ε) e xn /∈ (b − ε, b + ε), logo lim xn ̸= b. Propriedade 20 (Limite de constante). Se f(n) = a ent˜ao lim f(n) = a. Vamos usar a defini¸c˜ao de limite. Temos que ∀ε > 0 e para todo n vale |f(n) − a| = |a − a| = 0 < ε logo lim f(n) = a. Propriedade 21. Se f(n) = 1 n ent˜ao lim f(n) = 0. Por propriedade arquimediana dos naturais temos que para todo ε > 0 existe n0 ∈ N tal que n0 > 1 ε logo ε > 1 n0 , al´em disso f(n) ´e decrescente pois ∆f(n) = − 1 n(n + 1) < 0 assim para todo ε > 0 e n > n0 vale 1 n < 1 n0 < ε, isso implica pela defini¸c˜ao de limite que lim 1 n = 0. Propriedade 22. Sejam lim xn = a e ε > 0, ent˜ao apenas um n´umero finito de termos n˜ao pertence ao intervalo (a − ε, a + ε).
  • 16. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 15 Demonstra¸c˜ao. Figura 1.1: Um n´umero finito de elementos n˜ao pertence ao intervalo (a − ε, a + ε) Como lim xn = a tem-se ∀ε > 0 ∃n0 ∈ N tal que n > n0 (n ∈ N) implica |xn − a| < ε isso significa que para n > n0 tem-se xn ∈ (a−ε, a+ε) logo os ´unicos termos da sequˆencia que poderiam estar fora do intervalo s˜ao os termo xk com k ∈ [1, n0]N sendo no m´aximo n0 elementos, tem-se ent˜ao um n´umero finito de termos fora do intervalo. O n´umero de elementos fora do intervalo (a − ε, a + ε) pode ser 0, por exemplo caso xn = 0 o intervalo ´e (−ε, ε) que cont´em todos termos da sequˆencia. Propriedade 23. Se para qualquer ε > 0 fixado vale que fora do intervalo (a−ε, a+ε) h´a apenas um n´umero finito de valores de xn ent˜ao lim xn = a. Demonstra¸c˜ao. Seja ε > 0 ´arbitr´ario fixado tem-se que fora do intervalo I = (a − ε, a + ε) h´a apenas um n´umero finito de valores de xn ent˜ao teremos no m´aximo os valores xk de k = 1 at´e um certo k = n0 tal que xk /∈ I (pode ser que para alguns desses ´ındices k se tenha xk ∈ I) assim para n > n0 teremos xn ∈ I logo |xn − a| < ε, isto ´e para todo ε > 0 existe n0 tal que n > n0 implica |xn − a| < ε. Propriedade 24. Se lim xn = a ent˜ao toda subsequˆencia de (xn) converge para a. Demonstra¸c˜ao.Para todo ε > 0 apenas um n´umero finito de termos de (xn) n˜ao pertence ao intervalo I = (a − ε, a + ε) assim apenas um n´umero finito de termos da subsequˆencia podem estar fora do intervalo I o que implica que a subsequˆencia converge para a, pois I ir´a conter todos termos da subsequˆencia (a menos de uma quantidade finita) para qualquer ε > 0. Corol´ario 4. Se duas subsequˆencias de (xn) possuem limites distintos ent˜ao (xn) diverge. Pois se lim xn = a ent˜ao toda subsequˆencia de (xn) converge para a.
  • 17. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 16 Propriedade 25. Se lim(xn+p) = a para algum p natural ent˜ao lim xn = a. Demonstra¸c˜ao. Existe n0 ∈ N tal que para n > n0 tem-se |xn+p − a| < ε, logo a partir de xn0 + p + 1 vale a desigualdade anterior, ent˜ao para n > n0 +p vale |xn −a| < ε que significa que lim xn = a. lim xn+p = a ⇔ lim xn = a. Corol´ario 5. Uma sequˆencia (xn) converge para a ⇔ todas suas subsequˆencias con- vergem para a. A ida j´a mostramos . Agora se todas subsequˆencias de (xn) convergem para a, ela pr´opria converge para a, pois ela ´e subsequˆencia dela mesma. Se toda sub- sequˆencia pr´opria de (xn) converge para a, ainda assim lim xn = a, pois podemos tomar a subsequˆencia (xn+1 e como vimos na propriedade anterior se lim xn+1 = a ent˜ao lim xa. 1.3.2 Defini¸c˜ao de sequˆencia peri´odica Defini¸c˜ao 20 (Sequˆencia peri´odica). Uma sequˆencia (xn) ´e dita peri´odica sse existe p ∈ N tal que xn+p = x para todo n ∈ N. O menor dos valores p ´e chamado de per´ıodo da sequˆencia. Corol´ario 6. A sequˆencia constante ´e peri´odica pois satisfaz xn = x(n + p) para qualquer p, sendo o menor desses valores 1, ent˜ao ela possui per´ıodo 1. Propriedade 26. Uma sequˆencia possui per´ıodo p = 1 sse ´e uma sequˆencia constante. Demonstra¸c˜ao. Se uma sequˆencia possui per´ıodo 1, ent˜ao vale para todo k ∈ N, xk = xk+1 da´ı ∆xk = 0, aplicando a soma n−1∑ k=1 tem-se xn − x1 = 0 da´ı xn = x1 para todo n, sendo assim ela ´e constante. No exemplo anterior vimos que a sequˆencia constante possui per´ıodo 1, ent˜ao a propriedade est´a demonstrada. Propriedade 27. Se (xn) possui per´ıodo p, ent˜ao para todo n, q ∈ N, tem-se x(n) = x(qp + n).
  • 18. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 17 Demonstra¸c˜ao. Por indu¸c˜ao sobre q, para q = 1 vem da defini¸c˜ao. Supondo para q, xn = xqp+n, vamos provar que x(q + 1)p + n = xn. Tem-se x(q + 1)p + n = xqp+n+p = xqp+n = xn. Ent˜ao est´a demonstrado. Propriedade 28. Uma sequˆencia peri´odica ´e convergente sse ´e constante. Demonstra¸c˜ao.[1] Considere as subsequˆencias da sequˆencia (xk) que possui per´ıodo p (x1, x1+p, x1+2p, · · · ) = (x1+kp)k∈N (x2, x2+p, x2+2p, · · · ) = (x2+kp)k∈N ... (xp−1, xp−1+p, xp−1+2p, · · · ) = (xp−1+kp)k∈N cada sequˆencia dessas ´e constante e possui valor sempre igual ao seu primeiro termo pelo fato da sequˆencia ser peri´odica de per´ıodo p, xn+p = xn. Se (xk) converge ent˜ao todas suas subsequˆencias devem convergir para o mesmo valor, ent˜ao deve valer x1 = x2 = · · · = xp−1 e cada termo da sequˆencia (xk) deve pertencer a uma dessas subsequˆencias, disso segue que (xk) ´e constante. Demonstra¸c˜ao.[2] Se a sequˆencia xn ´e peri´odica ent˜ao existe um per´ıodo p, se esse per´ıodo ´e 1 ent˜ao ela ´e constante, considere ent˜ao que seja p > 1. Tome a divis˜ao euclidiana de n por p ent˜ao n = qp+s ou n = qp onde 0 < s < p, da´ı temos xn = xs no primeiro caso e no segundo xqp = xp, considere as subsequˆencias definidas como zs(q) = x((q−1)p+s) = xs e z0(q) = x(qp) = x(p) com q ∈ N, cada uma dessas subsequˆencias ´e constante e como a sequˆencia ´e convergente ent˜ao todas essas subsequˆencias devem assumir o mesmo valor t = xs = xp, ent˜ao no caso de n = qp + s tem-se xqp+s = xs = t e no caso n = qp tem-se xqp = xp = t, logo a sequˆencia ´e constante. Exemplo 1. f(n) = (−1)n diverge pois a subsequˆencia de ´ındices pares f(2n) = (−1)2n = 1 e a de ´ındices ´ımpares f(2n + 1) = (−1)2n+1 = −1 s˜ao constantes logo os limites das subsequˆencias s˜ao 1 e −1, sendo diferentes a sequˆencia diverge. Corol´ario 7. Se (xn) converge e o limite de uma subsequˆencia for a ent˜ao lim xn = a , pois a subsequˆencia deve convergir para o mesmo limite da sequˆencia.
  • 19. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 18 Corol´ario 8. Se lim xn = a ent˜ao lim xn+p = a para qualquer p natural. Segue da propriedade anterior pois (xn+p) ´e uma subsequˆencia de (xn). Assim o limite de uma sequˆencia n˜ao se altera quando omitimos um n´umero finito de termos dela. Propriedade 29. Toda sequˆencia convergente ´e limitada. Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = a ent˜ao para todo ε > 0 temos que existe n0 tal que para n > n0 implica xn ∈ (a − ε, a + ε), ent˜ao tomando ε = 1 tomamos o conjunto {x1, . . . , xn0 , a − 1, a + 1} seu m´aximo sendo c e m´ınimo d e temos todos elementos da sequˆencia contidos no intervalo [d, c], logo a sequˆencia ´e limitada. Corol´ario 9. Se uma sequˆencia n˜ao ´e limitada ela n˜ao ´e convergente. Exemplo 2. Mostre que a sequˆencia (xn) dada por xn = n∑ k=1 n n + k diverge. Vale k ≤ n, da´ı n + k ≤ 2n, 1 2 ≤ n n + k , aplicando a soma tem-se n∑ k=1 1 2 ≤ n∑ k=1 n n + k n 2 ≤ n∑ k=1 n n + k logo a sequˆencia diverge. 1.3.3 Valores de aderˆencia Defini¸c˜ao 21 (Valor de aderˆencia). Um n´umero real a ´e dito valor de aderˆencia de uma sequˆencia (xn), quando existe uma subsequˆencia de (xn) que converge para a. Simbolizaremos o conjunto dos valores de aderˆencia de uma sequˆencia por A[xn]. Corol´ario 10. Se uma sequˆencia ´e convergente ent˜ao todas subsequˆencias convergem para o mesmo limite que ´e o limite da sequˆencia, ent˜ao se uma sequˆencia ´e convergente ela possui apenas um valor de aderˆencia, isto ´e, se lim xn = a ent˜ao A[xn] = {a} = {lim xn}. Exemplo 3. Os racionais s˜ao densos na reta e s˜ao enumer´aveis, ent˜ao podemos to- mar uma sequˆencia (xn) que enumera os racionais, logo pra essa sequˆencia vale A[xn] = R.
  • 20. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 19 Em especial os racionais em [0, 1] s˜ao enumer´aveis e densos logo tomando uma enumera¸c˜ao (xn) dos racionais nesse conjunto temos A[xn] = [0, 1]. Exemplo 4. A sequˆencia (1, 2, 3, 1, 2, 3, 1, 2, 3, · · · ) que satisfaz x1 = 1, x2 = 2, x3 = 3 sendo peri´odica de per´ıodo 3, xn+3 = xn, tem A[xn] = {1, 2, 3}. Exemplo 5. Dar o exemplo de uma sequˆencia (xn) que possua A[xn] = N. Para que isso aconte¸ca ´e necess´ario que cada n´umero natural apare¸ca infinitas vezes na sequˆencia. Definimos a sequˆencia (xn) como xn = k se n ´e da forma pαk k , onde pk ´e o k-´esimo primo e αk ∈ N, da´ı existem infinitos valores de n tais que xn = k com isso geramos subsequˆencias que convergem para um k qualquer dado, definimos tamb´em xn = 1 caso n n˜ao seja da forma pαk k , apenas para completar a defini¸c˜ao da sequˆencia. Propriedade 30. a ∈ A[xn] ⇔ ∀ ε > 0 e ∀ k ∈ N exista n com n > k tal que |xn − a| < ε. Um ponto a ´e de aderˆencia se existem infinito termos da sequˆencia arbitrariamente pr´oximos de a. Demonstra¸c˜ao. ⇒). Se a ´e valor de aderˆencia de (xn), ent˜ao ela possui uma subsequˆencia que converge para a, logo para qualquer ε > 0 e k ∈ N fixo, existe n ´ındice da subsequˆencia tal que n > k e |xn − a| < ε. ⇐). Supondo que ∀ ε > 0 e ∀ k ∈ N exista n com n > k tal que |xn − a| < ε. No primeiro passo tomamos ε = 1 e k = 1 da´ı existe n1 > 1 tal que xn1 ∈ (a−1, a+1). Podemos tomar agora ε = 1 2 e k = n1 ent˜ao existe n2 > n1 tal que xn2 ∈ (a − 1 2 , a + 1 2 ), na t + 1-´esima etapa tomamos ε = 1 t + 1 e k = nt da´ı existe nt+1 > nt tal que xnt+1 ∈ (a− 1 t + 1 , a+ 1 t + 1 ), logo constru´ımos uma subsequˆencia (xnt ) de (xn) tal que lim t→∞ xnt = a. Corol´ario 11. Negamos a proposi¸c˜ao anterior. a /∈ A[xn] ⇔ ∃ ε > 0 e ∃k ∈ N tal que para todo n > k temos |xn − a| ≥ ε. Exemplo 6. Quais s˜ao os valores de aderˆencia da sequˆencia (xn) definida como x2n−1 = n e x2n = 1 n ? Para que um ponto seja de aderˆencia ´e necess´ario que existam infinitos termos arbitrariamente pr´oximos de tal ponto, no caso de tal sequˆencia o ´unico
  • 21. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 20 n´umero que satisfaz tal propriedade ´e o 0, al´em disso tal sequˆencia n˜ao ´e convergente pois n˜ao ´e limitada. Propriedade 31. O conjunto A dos valores de aderˆencia de uma sequˆencia (xn) ´e fechado. Demonstra¸c˜ao. Temos que mostrar que A = A.J´a sabemos que vale A ⊂ A, falta mostrar que A ⊂ A . Queremos mostrar que , se a ∈ A ent˜ao a ∈ A, vamos mostrar a contrapositiva que ´e : se a /∈ A ent˜ao a /∈ A, que equivale logicamente. Se a /∈ A ent˜ao existe ε > 0 tal que (a − ε, a + ε) n˜ao possui elementos de (xn) da´ı n˜ao pode valer a ∈ A. Propriedade 32. Se uma sequˆencia (xn) for limitada ent˜ao seu conjunto de pontos de aderˆencia ´e compacto. Demonstra¸c˜ao. J´a vimos que A ´e fechado, agora se (xn) for limitada ent˜ao A ´e limitado, sendo limitado e fechado ´e compacto. Nessas condi¸c˜oes A possui elemento m´ınimo e elemento m´aximo. o M´ınimo de A ´e denotado como lim inf xn e o elemento m´aximo de A ´e denotado como lim sup xn. 1.4 Sequˆencias mon´otonas 1.4.1 Toda sequˆencia mon´otona limitada ´e convergente ⋆ Teorema 1. Toda sequˆencia mon´otona limitada ´e convergente. Demonstra¸c˜ao. X Sejam (xn) uma sequˆencia crescente limitada, a = sup{xn | n ∈ N}, vamos mostrar que limxn = a. Para qualquer ε > 0 temos a > a−ε como a ´e o supremo (menor das cotas superiores) temos que a−ε n˜ao ´e cota superior, ent˜ao ∃ n0 tal que xn0 > a−ε e como a sequˆencia ´e crescente temos para n > n0 que xn ≥ xn0 logo xn > a − ε e a − ε < xn < a + ε implicando lim xn = a. X Sejam (xn) uma sequˆencia decrescente limitada, a = inf{xn|n ∈ N}, vamos mostrar que limxn = a. Para qualquer ε > 0 temos a + ε > a como a ´e ´ınfimo temos que
  • 22. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 21 a + ε n˜ao ´e cota inferior, ent˜ao existe n0 tal que xn0 < a + ε e como a sequˆencia ´e n˜ao-crescente temos para n > n0, xn ≤ xn0 e a − ε < xn < a + ε implicando lim xn = a. Corol´ario 12. X Uma sequˆencia (xn) crescente limitada converge para o supremo a dos seus termos, ent˜ao vale sempre xn ≤ a. X Uma sequˆencia (xn) decrescente limitada converge para o ´ınfimo a dos seus termos, ent˜ao vale sempre xn ≥ a. Propriedade 33. 1. Toda sequˆencia estritamente crescente limitada tem todos seus termos menores que seu limite . 2. Toda sequˆencia estritamente decrescente limitada tem todos seus termos maiores que seu limite. Demonstra¸c˜ao. 1. Seja (xn) a sequˆencia limitada , estritamente crescente e lim xn = a, vamos mostrar que sempre vale xn < a. Se fosse xn ≥ a para n > n0 ent˜ao xn+1 > xn ≥ a, da´ı xn+1 > a e a n˜ao seria o supremo do conjunto dos elementos da sequˆencia. 2. Seja (xn) a sequˆencia limitada , estritamente decrescente lim xn = a, vamos mostrar que sempre vale xn > a. Se fosse xn ≤ a para n > n0 ent˜ao xn+1 < xn ≤ a, da´ı xn+1 < a e a n˜ao seria o supremo do conjunto dos elementos da sequˆencia. 1.4.2 √ a + √ a + √ a + · · · Ra´ızes encaixadas Exemplo 7. Seja a sequˆencia (xn) definida como x1 = a e xn+1 = √ xn + b, onde x2 1 < x1 + b, isto ´e , a2 < a + b, a e b positivos , calcular lim xn. Vamos mostrar primeiro que a sequˆencia ´e crescente. Por indu¸c˜ao sobre n, temos x2 = √ a + b e a < √ a + b pois a2 < a + b. Supondo para n, xn < xn+1 vamos mostrar que vale para n + 1, xn+1 < xn+2 . Da hip´otese tem-se que xn + b < xn+1 + b da´ı √ xn + b < √ xn+1 + b implicando xn+1 < xn+2. Vamos mostrar agora que a sequˆencia ´e limitada superiormente. Existe t > 0 ∈ R tal que t2 > a+b e t2 −b > t. Da´ı a sequˆencia ´e
  • 23. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 22 limitada superiormente por t2 − b pois, por indu¸c˜ao x1 = a < t2 − b e supondo xn < t2 − b segue xn + b < t2 tomando a raiz segue xn+1 < t < t2 − b. Ela ´e limitada superiormente e crescente logo ´e convergente. Tomando limite em ambos lados de x2 n+1 = xn + b resolvendo a equa¸c˜ao do segundo grau encontramos L = 1 + √ 1 + 4b 2 . Podemos tomar x1 = 0 e b = a da´ı 0 < a, logo converge e temos o corol´ario √ a + √ a + √ a + · · · = 1 + √ 1 + 4a 2 . Exemplo 8. √ 1 + √ 1 + √ 1 + · · · = 1 + √ 5 2 converge para a raz˜ao ´aurea. Exemplo 9. √ 2 + √ 2 + √ 2 + · · · = 2. Seja f(0) = 0 e f(n) = √ 2 + f(n) ent˜ao vale 2 − f(n + 1) 2 − f(n) > 1 4 . Como 2 − f(n) > 0 para todo n tem-se que essa desigualdade ´e equivalente `a 4f(n + 1) − f(n) < 6 ⇔ 4 √ 2 + f(n) − f(n) < 6 tomando f(n) = x, simplificando ap´os elevar ao quadrado, chegamos numa inequa¸c˜ao de segundo grau, satisfeita para qualquer x, logo se verifica a inequa¸c˜ao . Propriedade 34. Se uma sequˆencia mon´otona possui subsequˆencia limitada, ent˜ao a sequˆencia ´e limitada. Demonstra¸c˜ao. Suponha que (xn) seja crescente e possua uma subsequˆencia (xnk ) limitada, vamos mostrar que para todo n natural vale xn < M, para algum M. Como (xnk ) ´e limitada , ent˜ao para todo n ∈ N existe n0 ∈ N tal que n0 > n e n0 ´e
  • 24. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 23 ´ındice da subsequˆencia limitada (xnk ) com isso tem-se xn ≤ xn0 e como a subsequˆencia ´e limitada, existe M tal que xn0 < M, da´ı por transitividade xn < M, isso implica que (xn) ´e limitada superiormente e como a sequˆencia crescente ela tamb´em ´e limitada inferiormente, sendo limitada inferiormente e superiormente ela ´e limitada. Corol´ario 13. Se uma sequˆencia mon´otona possui subsequˆencia limitada ent˜ao ela ´e convergente, pois a sequˆencia mon´otona ser´a limitada e toda sequˆencia mon´otona limitada ´e convergente. Corol´ario 14. Em especial se uma sequˆencia mon´otona possui subsequˆencia conver- gente, ent˜ao essa subsequˆencia ´e limitada e da´ı a sequˆencia mon´otona ´e convergente. 1.4.3 lim bn = 0, |an| < c ⇒ lim anbn = 0. Propriedade 35. Se lim bn = 0 e (an) ´e uma sequˆencia limitada, ent˜ao lim anbn = 0. Demonstra¸c˜ao. Como an ´e limitada existe c > 0 tal que |an| < c para todo n natural, e como lim bn = 0 temos ∀ ε > 0 ∃n0 tal que n > n0 implica |bn| < ε, temos que mostrar que ∀ ε1 > 0 ∃n0 tal que n > n′ 0 implica |anbn| = |an||bn| < ε1. Como lim bn = 0 podemos escolher ε = ε1 c para qualquer ε1 > 0 logo para n > n0 segue |bn| < ε1 c e como |an| < c tem-se |an||bn| < c ε1 c = ε1 como quer´ıamos demonstrar. Corol´ario 15. Em especial se (xn) ´e convergente e lim yn = 0 ent˜ao lim xn.yn = 0, pois uma sequˆencia convergente ´e limitada. Exemplo 10. Se (xn) ´e convergente e yn = n ent˜ao lim xn yn = 0, pois (xn) ´e limitada e ( 1 yn ) tende a zero. Exemplo 11. Calcular o limite da sequˆencia cos(nπ 4 ) n . Temos que an = cos( nπ 4 ) ´e limitada e bn = 1 n tem limite 0, logo a sequˆencia de termo cos(nπ 4 ) n converge para zero.
  • 25. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 24 Exemplo 12. A sequˆencia f(n) = (−1)n n tem limite 0 pois (−1)n ´e limitada e lim 1 n = 0. Propriedade 36. Sejam (an) e (bn) sequˆencias limitada tais que an +bn = 1 ∀ n ∈ N, (zn) e (tn) com o mesmo limite a, ent˜ao lim an.zn + bn.tn = a. Demonstra¸c˜ao. Escrevemos an.zn + bn.tn = an.zn − a.an + a. an =1−bn +bn.tn = an(zn − a) + a(1 − bn) + bn.tn = = an(zn − a) + a − a.bn + bn.tn = an(zn − a) + a + bn(tn − a) da´ı lim an(zn − a) + a + bn(tn − a) = a = lim an.zn + bn.tn pois an e bn s˜ao limitadas e zn − a, tn − a tendem a zero. Propriedade 37. Se lim n→∞ zk(n) = a ∀ k e cada (xk(n)) ´e limitada com p ∑ k=1 xk(n) = vn → b ent˜ao lim n→∞ p ∑ k=1 xk(n)zk(n) = a.b. Demonstra¸c˜ao. Vale x1(n) = vn − p ∑ k=2 xk(n). p ∑ k=1 xk(n)zk(n) = x1(n)z1(n) + p ∑ k=2 xk(n)zk(n) = = z1(n)vn − p ∑ k=2 xk(n)z1(n) + p ∑ k=2 xk(n)zk(n) = = z1(n)vn →a.b + p ∑ k=2 xk(n) (zk(n) − z1(n)) →0 → a.b. 1.4.4 A sequˆencia ( 1 + 1 n )n . Vamos analisar a sequˆencia definida por f(n) = ( 1 + 1 n )n . Primeiro vamos mostrar que ela ´e crescente e depois que ´e limita superiormente, por isso ela converge.
  • 26. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 25 Propriedade 38. A sequˆencia de termo ( 1 + 1 n )n ´e crescente. Demonstra¸c˜ao.[1-Desigualdade das m´edias] Usaremos que a m´edia aritm´etica ´e maior ou igual a m´edia geom´etrica, na sequˆencia de n + 1 n´umeros com n n´umeros iguais `a ( 1 + 1 n ) e um deles sendo a unidade 1, com isso, temos 1 + n ( 1 + 1 n ) n + 1 =     1 + n∑ k=1 ( 1 + 1 n ) n + 1     ≥ ( n∏ k=1 ( 1 + 1 n )) 1 n+1 = ( 1 + 1 n ) n n+1 , ( n + 1 + 1 n + 1 ) = 1 + 1 n + 1 ≥ (( 1 + 1 n )n) 1 n+1 ⇒ ( 1 + 1 n + 1 )n+1 ≥ ( 1 + 1 n )n , por isso a sequˆencia ´e crescente. Demonstra¸c˜ao.[2-Desigualdade de Bernoulli] (Solu¸c˜ao por Luccas Campos). Seja an = ( 1 + 1 n )n . Vale que an+1 an = ( 1 − 1 (n+1)2 )n+1 1 − 1 n+1 , pois ( 1 − 1 (n+1)2 )n+1 1 − 1 n+1 = ( n2+2n (n+1)2 )n+1 n (n + 1) = nn (n + 2)n+1 (n + 1)2n+1 , temos tamb´em ( 1 + 1 n+1 )n+1 ( 1 + 1 n )n = (n + 2)n+1 (n + 1)n+1 nn (n + 1)n = nn (n + 2)n+1 (n + 1)2n+1 , logo s˜ao iguais. Usando agora a desigualdade de Bernoulli, temos ( 1 − 1 (n + 1)2 )n+1 ≤ 1 − (n + 1) (n + 1)2 = 1 − 1 n + 1 . Temos que an+1 an = ( 1 − 1 (n+1)2 )n+1 1 − 1 n+1 ≥ 1 − 1 n+1 1 − 1 n+1 = 1, da´ı an+1 ≥ an, como quer´ıamos demonstrar. Demonstra¸c˜ao.[3-Binomial] Expandindo pelo teorema binomial, tem-se ( 1 + 1 n )n = n∑ k=0 ( n k ) 1 nk = n∑ k=0 k−1∏ s=0 (n − s) k!nk = n∑ k=0 k−1∏ s=0 (1 − s n ) k! .
  • 27. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 26 De 1 − s n ≤ 1 − s n + 1 , aplicando k−1∏ s=0 , dividindo por k! e depois aplicando n∑ k=0 , em ambos lados, temos n∑ k=0 k−1∏ s=0 ( 1 − s n ) k! ≤ n∑ k=0 k−1∏ s=0 ( 1 − s n+1 ) k! , portanto, obtemos n∑ k=0 ( n k ) 1 nk ≤ n∑ k=0 ( n + 1 k ) 1 (n + 1)k , finalmente, somando o termo 1 (n + 1)n+1 ao lado direito, segue que n∑ k=0 ( n k ) 1 nk < n∑ k=0 ( n + 1 k ) 1 (n + 1)k + 1 (n + 1)n+1 = n+1∑ k=0 ( n + 1 k ) 1 (n + 1)k , assim n+1∑ k=0 ( n + 1 k ) 1 (n + 1)k > n∑ k=0 ( n k ) 1 nk , isto ´e, ( 1 + 1 n + 1 )n+1 > ( 1 + 1 n )n , como quer´ıamos provar. Propriedade 39. A sequˆencia de termo ( 1 + 1 n )n ´e limitada. Demonstra¸c˜ao.[1-Desigualdade das m´edias] (Solu¸c˜ao por Alexandre Cezar). Seja a sequˆencia de n + 1 temos (1, ( 1 − 1 n ) , · · · , ( 1 − 1 n ) n termos ), aplicando a desigualdade a esse tipo de sequˆencia, segue que 1 + n(1 − 1 n ) n + 1 ≥ ( 1 − 1 n )n/(n+1) ⇒ ( n n + 1 )n+1 ≥ ( n − 1 n )n . Definindo f(k + 1) = ( k k + 1 )k+1 , temos f(k + 1) f(k) ≥ 1 ent˜ao podemos aplicar o produto n∏ k=2 de ambos lados, implicando f(n + 1) ≥ f(2), ∀ n ≥ 2, f(2) = ( 1 2 )2 = 1 4 , por isso ( 1 + 1 n )n ≤ ( 1 + 1 n )n+1 = ( n + 1 n )n+1 ≤ 4, de onde segue finalmente que a sequˆencia ´e limitada.
  • 28. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 27 Demonstra¸c˜ao.[2-Binomial] Expandindo pelo teorema binomial ( 1 + 1 n )n = n∑ k=0 ( n k ) 1 nk = n∑ k=0 k−1∏ s=0 (n − s) k!nk = n∑ k=0 k−1∏ s=0 (1 − s n ) k! 1 − s n ≤ 1 ⇒ k−1∏ s=0 1 − s n ≤ k−1∏ s=0 1 = 1 dividindo por k! e aplicando a soma n∑ k=0 em ambos lados, segue (1 + 1 n )n ≤ n∑ k=0 1 k! e da desigualdade (para k ≥ 1) 2 ≤ k + 1 ⇒ n∏ k=1 2 = 2n ≤ n∏ k=1 (k + 1) = n+1∏ k=2 k = (n + 1)! logo temos 2n ≤ (n + 1)! ⇒ 1 (k + 1)! ≤ 1 2k ⇒ n−1∑ k=1 1 (k + 1)! ≤ n−1∑ k=1 1 2k ⇒ n∑ k=2 1 (k)! ≤ n−1∑ k=1 1 2k 2 + n∑ k=2 1 (k)! = n∑ k=0 1 (k)! ≤ 2 + n−1∑ k=1 1 2k = 1 + n−1∑ k=0 1 2k logo (1 + 1 n )n ≤ 1 + n−1∑ k=0 1 2k e como ∞∑ k=0 1 2k = 2 temos (1 + 1 n )n ≤ 1 + 2 < 3 como a sequˆencia ´e crescente e limitada superiormente en˜ao ela ´e convergente, sendo limitada pelo seu primeiro termo (1 + 1) = 2 , temos ent˜ao 2 ≤ (1 + 1 n )n < 3 portanto a sequˆencia de termo (1 + 1 n )n ´e convergente.
  • 29. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 28 Defini¸c˜ao 22 (N´umero e). Simbolizamos por e o n´umero para o qual a sequˆencia de termo (1 + 1 n )n converge. lim(1 + 1 n )n = e. Exemplo 13. Usando que a m´edia aritm´etica ´e maior ou igual a m´edia geom´etrica, na sequˆencia de n+1 n´umeros com n n´umeros iguais `a (1+ t n ) e um deles sendo a unidade 1, com isso temos ( 1 + n∑ k=1 (1 + t n ) n + 1 ) ≥ ( n∏ k=1 (1 + t n )) 1 n+1 ( n + 1 + t n + 1 ) = 1 + t n + 1 ≥ ((1 + t n )n ) 1 n+1 ⇒ (1 + t n + 1 )n+1 ≥ (1 + t n )n com t ≥ −1 real. Em especial a sequˆencia de termo xn = (1 − 1 n )n ´e crescente e para n = 2 temos x2 = 1 4 da´ı xn ≥ 1 4 para n > 1. Exemplo 14. Vale que lim(1 − 1 n )n (1 + 1 n )n = lim 1n = 1 da´ı lim(1 − 1 n )n = e−1 . 1.4.5 √ x √ x √ x √ x · · · Exemplo 15. Seja a sequˆencia definida como f(n + 1) = √ xf(n) com condi¸c˜ao inicial f(1) = √ x, x > 1, mostrar que existe o limite lim f(n). Vamos mostrar que a sequˆencia ´e crescente e limitada superiormente. Primeiro por indu¸c˜ao sobre n vamos mostrar que ela ´e crescente,isto ´e, f(n + 1) > f(n). Temos pela recorrˆencia que f(2) = √ xf(1) = √ x √ x e temos f(2) > f(1) ⇔ √ x √ x > √ x ⇔ x √ x > x
  • 30. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 29 essa ´ultima vale pois x > 1 implica √ x > 1 que implica x √ x > x. agora supondo f(n + 1) > f(n) vamos mostrar que f(n + 2) > f(n + 1) f(n + 1) > f(n) ⇒ f(n + 1) > 2f(n) ⇒ √ xf(n + 1) > √ xf(n) como f(n + 2) = √ xf(n + 1) e f(n + 1) = √ xf(n) segue f(n + 2) > f(n + 1) logo fica provado por indu¸c˜ao que a sequˆencia ´e crescente. Vamos mostrar agora que seus termos s˜ao menores que x, por indu¸c˜ao tamb´em, para f(1) x > √ x ⇔ x2 > x que vale pois x > 1 implica x2 > x. Supondo que x > f(n) temos que mostrar que x > √ xf(n) = f(n + 1) x > f(n) ⇒ x2 > xf(n) ⇒ x > √ xf(n) = f(n + 1) logo est´a provada que a sequˆencia ´e limitada superiormente e crescente, logo ´e convergente. Tomando o limite em ambos lados de f(n + 1) = √ xf(n) segue que L = √ 2L, logo L2 = xL como L n˜ao ´e nulo segue L = x. Podemos perceber tamb´em que √ x √ x √ x √ x · · · = x ∞∑ k=1 1 2k = x1 = x pois a s´erie converge para 1. Exemplo 16 (IME-1964). Calcule lim x→2 √ x √ x √ x √ x · · ·. Como sabemos que √ x √ x √ x √ x · · · = x ent˜ao lim x→2 √ x √ x √ x √ x · · · = lim x→2 x = 2.
  • 31. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 30 Exemplo 17. Mostrar que √ x √ y √ x √ y · · · = 3 √ x2y. Escrevemos a express˜ao em termo do produto de dois n´umeros elevados a s´eries x 1 2 y 1 4 x 1 8 y 1 16 · · · x ∞∑ k=0 1 22k+1 y ∞∑ k=0 1 22k+2 calculamos as s´eries por meio de s´erie geom´etrica ∞∑ k=0 1 22k+1 = 1 2 ∞∑ k=0 1 4k = 1 2 1 1 − 1 4 = 1 2 4 3 = 2 3 da´ı a s´erie que resulta no expoente de y converge para 1 3 da´ı segue o resultado. Defini¸c˜ao 23 (Termo destacado). Um termo xs de uma sequˆencia (xn) ´e dito termo destacado quando vale xs ≥ xp, ∀ p ≥ s, isto ´e , o termo xs ´e maior ou igual a seus sucessores na sequˆencia. Propriedade 40. Em uma sequˆencia n˜ao-crescente, todos termos s˜ao destacados. Demonstra¸c˜ao. Tomando xs ∈ (xn), vamos mostrar que xs ´e destacado. Vale xs ≥ xs+1 e da´ı −∆xk ≥ 0 tomando a soma s+p ∑ k=s segue −(xs+p+1 − xs) ≥ 0 e da´ı xs ≥ xs+p+1 = xn com n ≥ s. Propriedade 41. Se uma sequˆencia n˜ao-decrescente possui termo destacado ent˜ao ela ´e constante a partir de certo termo. Demonstra¸c˜ao. Suponha que exista xs destacado em (xn) ent˜ao vale xs ≥ xp para p ≥ s, mas como a sequˆencia ´e n˜ao-decrescente, ent˜ao vale tamb´em xp ≥ xs de onde segue xp = xs para todo p ≥ s, ent˜ao para n ≥ s vale xn = xs, sendo ela constante a partir desse termo. Defini¸c˜ao 24 (Termo apagado). Um termo xs ´e dito apagado quando para todo p ≥ s vale xp ≥ xs, isto ´e o termo xs ´e menor ou igual a seus sucessores.
  • 32. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 31 1.4.6 Limite do m´odulo de uma sequˆencia. Propriedade 42. Se lim xn = a ent˜ao lim |xn| = |a|. Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = a ent˜ao ∀ ε > 0, ∃n0 ∈ N | n > n0 ⇒ |xn − a| < ε por´em temos a desigualdade ||xn| − |a|| ≤ |xn − a| logo ||xn| − |a|| < ε e lim |xn| = |a|. Exemplo 18. lim |xn| pode existir por´em lim xn pode n˜ao existir, por exemplo tomamos xn = (−1)n , ela n˜ao converge por´em |(−1)n | = 1 ´e constante logo convergente. 1.4.7 Estudo da sequˆencia (an ). Exemplo 19. Vamos analisar a sequˆencia dada por f(n) = an . 1. Se a = 0 a sequˆencia ´e constante f(n) = 0 logo seu limite ´e 0. 2. Se a = 1 temos a sequˆencia constante, f(n) = 1 cujo limite ´e 1. 3. Se a > 1 multiplicando por an segue an+1 > an , ∆an > 0 logo a sequˆencia ´e crescente. Vamos mostrar agora que ela ´e ilimitada superiormente, escrevemos a = 1+h e vale 1 + h > 1, h > 0 (pela suposi¸c˜ao inicial de a) pela desigualdade de bernoulli segue (1 + h)n ≥ 1 + nh, se quisermos 1 + nh > b (b sendo um n´umero real qualquer) basta nh > b − 1, n > b − 1 h assim podemos achar n tal que (1 + h)n seja maior que qualquer n´umero real b logo seu limite ´e ∞. 4. Se 0 < a < 1 segue de a < 1 multiplicando por an em ambos lados que an+1 < an , an+1 − an = ∆an < 0 logo f(n) ´e decrescente logo limitada superiormente pelo seu primeiro termo a , temos que ela ´e limitada inferiormente tamb´em pois 0 < a implica 0 < an , sendo limitada inferiormente e decrescente ela ´e convergente. 5. Se a = (−1) temos a sequˆencia alternada (−1)n que para n para vale 1 e n ´ımpar vale −1, essa sequˆencia n˜ao converge pois tais subsequˆencias n˜ao convergem para o mesmo limite.
  • 33. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 32 6. Se −1 < a < 0 ent˜ao 0 < −a < 1 e temos lim(−a)n = 0 e da´ı lim(−1)n (−a)n = 0 pois (−1)n ´e limitada por´em tal limite ´e lim an = 0. 1.5 Propriedades aritm´eticas dos limites 1.5.1 Limite da soma Propriedade 43 (Limite da soma). Se lim an = a e lim bn = b ent˜ao lim(an + bn) = lim an + lim bn = a + b. Demonstra¸c˜ao. Como lim an = a e lim bn = n existem n0 ∈ N e n1 ∈ N tal que quaisquer ε1 > 0, ε2 > 0 vale n > n0 implica |an−a| < ε1 e n > n1 implica |bn−b| < ε2. Temos que mostrar que para qualquer ε > 0 existe n2 ∈ N tal que n > n2 implica |an + bn − (a + b)| < ε. Escolhemos ent˜ao ε1 e ε2 tais que ε1 + ε2 = ε ( com ε1 > 0, ε2 > 0 ) tomando n2 = max{n0, n1} temos que para n > n2 vale |bn − b| < ε2 e |an − a| < ε1 somando as duas desigualdades termo a termo segue |an + bn − (a + b)| ≤ |bn − b| + |an − a| < ε1 + ε2 = ε . Corol´ario 16. Se lim yn = b ent˜ao lim(yn − b) = 0. Como lim yn existe e lim −b = −b (pela propriedade do limite da sequˆencia constante) ent˜ao pelo limite da soma temos lim(yn − b) = lim yn + lim −b = lim yn − b = b − b = 0. Corol´ario 17. Se lim xn = a e b uma constante real ent˜ao lim b(xn − a) = 0 pois a sequˆencia yn = b ´e limitada e o limite lim(xn − a) = 0. Propriedade 44. Se lim(xn − a) = 0 ent˜ao lim xn = a. Demonstra¸c˜ao. Se lim xn −a = 0 temos que ∀ε > 0 ∃n0 ∈ N tal que para n > n0 segue |xn − a| < ε mas isso ´e equivalente a defini¸c˜ao de lim xn = a, logo lim xn = a. Corol´ario 18. Se lim xn existe e lim yn = b ent˜ao lim xn(yn − b) = 0. Pelo lim xn existir xn ´e limitada e por lim yn = b segue lim yn −b = 0 logo lim xn(yn −b) = 0 por ser o produto de uma sequˆencia limitada e por uma que tende a zero implica lim xn(yn −b) = 0.
  • 34. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 33 1.5.2 Limite do produto Propriedade 45 (Limite do produto). Se lim xn = a e lim yn = b ent˜ao lim xnyn = lim xn. lim yn = a.b. Demonstra¸c˜ao. |an.bn −ab| = |anbn −abn +abn −ab| ≤ |an.bn −abn|+|abn −ab| = |bn||an −a|+|a||bn −b|. Demonstra¸c˜ao.[2] Podemos escrever xnyn − ab = xnyn − xnb + xnb − ab = xn(yn − b) + b(xn − a) temos que lim xn(yn − b) = 0, lim b(xn − a) = 0 pois xn ´e limitada por ser convergente e yn − b tende a zero (por yn → b), da mesma maneira b ´e limitada e xn − a tende a zero (por xn → a) logo lim(xn(yn − b) + b(xn − a)) = lim xn(yn − b) + lim b(xn − a) = 0 = lim xnyn − ab como lim xnyn − ab = 0 ⇒ lim xnyn = ab. Corol´ario 19. Se a ´e constante e yn → b ent˜ao lim ayn = a.b. Tomamos xn = a e usamos a propriedade do produto lim xnyn = lim xn lim yn = a.b. Corol´ario 20 (Linearidade). Se lim yn e lim xn existem, a e b sendo constantes ent˜ao lim ayn + bxn = a lim yn + b lim xn. Usamos a propriedade da soma e do produto respectivamente lim ayn + bxn = lim ayn + lim bxn = a lim yn + b lim xn. Corol´ario 21. Se lim xn = a e lim xn − yn = 0 ent˜ao lim yn = a pois lim yn − xn = 0 e pelo limite da soma lim yn − xn + xn = lim yn − xn + lim xn = 0 + a = a = lim yn.
  • 35. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 34 1.5.3 Limite do quociente Propriedade 46 (Limite do inverso). Se lim yn = b ̸= 0 ent˜ao lim 1 yn = 1 b . Demonstra¸c˜ao. Temos o limite lim ynb = b2 assim para todo ε > 0, ∃n0 ∈ N tal que para n > n0 implica ynb ∈ (b2 − ε, b2 + ε), tomando ε = b2 2 temos ynb ∈ ( b2 2 , 3b2 2 ) assim ynb > b2 2 e ´e positivo, segue disso que para n > n0 temos 2 b2 > 1 ynb , sendo positivo e limitado superiormente (ynb) ´e uma sequˆencia limitada, consideramos ent˜ao o limite lim 1 yn − 1 b = lim b − yn ynb no numerador temos um limite que ´e zero e no denominador uma sequˆencia limitada, ent˜ao tal limite ´e zero, logo lim 1 yn − 1 b = 0, lim 1 yn = 1 b . Corol´ario 22. Sendo lim xn = a e lim yn = b ̸= 0 ent˜ao lim xn yn = a b pois lim xn yn = lim xn lim 1 yn = a b . Corol´ario 23. Se lim xn = a e lim xn yn = b ̸= 0 ent˜ao lim yn = a b , pois lim yn xn = 1 b e da´ı por limite do produto lim xn yn xn = lim yn = a b . Corol´ario 24. Seja a ̸= 0. Se lim yn a = 1 ent˜ao lim yn = a, pois usando linearidade do limite lim yn a = 1 a lim yn = 1 portanto lim yn = a. Corol´ario 25. Se lim xn = a ̸= 0 e lim xnyn = b ent˜ao lim yn = b a . Vale que lim 1 xn = a, da´ı lim xnyn lim 1 xn = lim xnyn 1 xn = lim yn = b a . Propriedade 47 (Limite do somat´orio). Escrever.
  • 36. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 35 Exemplo 20. Exemplo de uma sequˆencia onde lim |xn| existe e lim xn n˜ao existe. Considere xn = (−1)n + (−1)n n temos em m´odulo |xn| = 1 + 1 n com limite lim |xn| = lim 1 + 1 n = 1 e temos x2n = 1 + 1 2n com limite 1 e x2n+1 = −1 − 1 2n + 1 como limite −1, assim temos subsequˆencias com limites diferentes logo a sequˆencia n˜ao tem limite por´em o m´odulo dela possui. Propriedade 48. Sejam a ≥ 0, b ≥ 0 ent˜ao |a 1 n − b 1 n | ≤ |a − b| 1 n Demonstra¸c˜ao. Supondo a ≥ b , definindo c = a 1 n e d = b 1 n , ent˜ao c − d ≥ 0 por expans˜ao binomial tem-se cn = ((c − d) + d)n = n∑ k=0 ( n k ) (c − d)k dn−k ≥ dn + (c − d)n ≥ 0 da´ı cn − dn ≥ (c − d)n ≥ 0 implicando |a − b| ≥ |a 1 n − b 1 n |n e da´ı |a 1 n − b 1 n | ≤ |a − b| 1 n . Exemplo 21. N˜ao vale a propriedade |an − bn | ≤ |a − b|n para perceber isso tome a = 2, b = 1, da´ı ter´ıamos |2n − 1| ≤ 1 o que ´e falso . Na verdade a propriedade acima implica que |x − y|n ≤ |xn − yn |.
  • 37. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 36 1.5.4 lim p √ (xn). Propriedade 49. Se xn ≥ 0 e lim xn = a ent˜ao lim(xn) 1 p = a 1 p Demonstra¸c˜ao. Como lim xn = a ent˜ao ∀ ε > 0 conseguimos n0 ∈ N tal que para n > n0 tem-se |xn − a| < εp e da´ı |xn − a| 1 p < ε, da desigualdade anterior temos que |x 1 p n − a 1 p | ≤ |xn − a| 1 p < ε e da´ı lim(xn) 1 p = a 1 p . Propriedade 50. Seja m racional e (xn) de termos positivos. Se lim xn = a ent˜ao lim xn = am . Demonstra¸c˜ao. Escrevemos m = p q , da´ı lim x 1 q n = a 1 q usando propriedade do produto segue lim x p q n = a p q . Defini¸c˜ao 25. Diremos que duas sequˆencias (xn) e (yn) diferem por um n´umero finito de pontos quando existe n0 ∈ N tal que para n > n0 implica xn = yn. Escreveremos essa rela¸c˜ao como (xn) ∼ (yn). Propriedade 51. Diferir por um n´umero finito de pontos ´e uma rela¸c˜ao de equi- valˆencia. Demonstra¸c˜ao. Reflexividade (xn) ∼ (xn) pois existe n0 tal que para n > n0 xn = xn, no caso qualquer n0 vale. Simetria, Se (xn) ∼ (yn) ent˜ao (yn) ∼ (xn), se a primeira vale temos xn = yn para n > n0 logo yn = xn implicando2 (yn) ∼ (xn). Transitividade, Se (xn) ∼ (yn) e (yn) ∼ (zn) ent˜ao (xn) ∼ (zn), pois existe n0 tal que para n > n0 vale xn = yn e existe n1 tal que para n > n1 vale yn = zn, logo tomando n2 = max{n0, n1} vale para n > n2 vale xn = yn e yn = zn ent˜ao xn = zn logo (xn) ∼ (zn). 2 Propriedade trivial na verdade, n˜ao acham?
  • 38. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 37 Propriedade 52. Se lim xn = a e (yn) ∼ (xn) ent˜ao lim yn = a. Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = a ent˜ao ∀ε > 0 ∃n0 ∈ N tal que n > n0 implica |xn − a| < ε e (yn) ∼ (xn) implica existir n1 tal que para n > n1 temos yn = xn, tomando n2 = max{n0, n1} temos que para n > n2 vale xn = yn e ∀ε > 0 ∃n2 ∈ N tal que n > n2 implica |yn − a| < ε logo lim yn = a. Propriedade 53. Se lim xn = a, a > 0, ent˜ao (xn) ∼ (|xn|). Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = a e a > 0 ent˜ao para qualquer ε > 0 existe n0 tal que para n > n0 temos xn ∈ (a−ε, a+ε), no caso podemos tomar um ε tal que a−ε > 0, por exemplo ε = a 2 , logo para n > n0 os termos s˜ao positivos, logo temos xn = |xn| implicando (xn) ∼ (|xn|) e implicando lim |xn| = a. Propriedade 54. Se lim xn = a, a < 0, ent˜ao (−xn) ∼ (|xn|). Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = a ent˜ao lim −xn = −a com a < 0 ent˜ao para qualquer ε > 0 existe n0 tal que para n > n0 temos −xn ∈ (−a − ε, −a + ε), no caso podemos tomar um ε tal que −a − ε > 0, por exemplo ε = −a 2 , logo para n > n0 os termos s˜ao positivos, logo temos −xn = |xn| implicando (−xn) ∼ (|xn|) e implicando lim |xn| = −a. Propriedade 55. Se lim xn = 0 ent˜ao lim |xn| = 0. Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = 0 temos que para todo ε > 0 ∃n0 ∈ N tal que para n > n0 temos |xn| < ε mas como ||xn|| = |xn| temos tamb´em ||xn|| < ε implicando que lim |xn| = 0 Corol´ario 26. Juntando as ´ultimas propriedades segue que se lim xn = a ent˜ao lim |xn| = |a|. Propriedade 56. Sejam duas sequˆencias (xn) e (yn) tais que lim xn = lim yn = a ent˜ao para todo ε > 0 existe n0 ∈ N tal que para n > n0 xn e yn pertencem ao intervalo (a − ε, a + ε). Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = a ent˜ao para todo ε > 0 existe n1 ∈ N tal que para n > n1 xn ∈ (a − ε, a + ε) e se lim yn = a ent˜ao para todo ε > 0 existe n2 ∈ N tal que para n > n2 yn ∈ (a − ε, a + ε) logo tomando o m´aximo de n1, n2 como n0, tem-se para n > n0 que xn, yn ∈ (a − ε, a + ε).
  • 39. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 38 Propriedade 57. Seja lim xn = 0. Para cada n ∈ N definimos yn = min{|xk|, k ∈ In|} . Temos ent˜ao lim yn = 0. Demonstra¸c˜ao. Como lim xn = 0 temos que ∀ε > 0 ∃n0 ∈ N tal que para n > n0 segue |xn| < ε e temos tamb´em yn ≤ |xn| < ε e como |yn| = yn por yn ser sempre n˜ao negativo segue |yn| < ε logo lim yn = 0. Propriedade 58. Se lim x2n = a e lim x2n−1 = a ent˜ao lim xn = a. Demonstra¸c˜ao. Sejam yn = x2n e zn = x2n−1 como temos lim yn = lim zn = a, para qualquer ε > 0 existem n0 e n1 tais que para n > n0 vale yn ∈ (a − ε, a + ε) e n > n1 vale zn ∈ (a − ε, a + ε), escolhendo n2 > max{n0, n1} temos para n ≥ n2 simultaneamente zn, yn ∈ (a − ε, a + ε), x2n−1, x2n ∈ (a − ε, a + ε), ent˜ao para n > 2n2 − 1 temos xn ∈ (a − ε, a + ε) logo vale lim xn = a. Propriedade 59. Se as subsequˆencias (x2n) , (x2n−1) e (xtn) s˜ao convergentes, onde t ´e ´ımpar, ent˜ao (xn) ´e convergente. Demonstra¸c˜ao. Seja a = lim x2n , b = lim x2n−1, c = lim xtn, a subsequˆencia (x2t, x22t, x23t, · · · , x2st, ) converge para t por ser subsequˆencia de (xtn), por´em ela tamb´em ´e subsequˆencia de (x2n), logo ela converge para a, disso segue a = c. a subsequˆencia (x3t, x32t, x33t, · · · , x3st, ) ´e subsequˆencia de (xtn), logo converge para a, ela tamb´em ´e subsequˆencia de (x2n−1), pois como t ´e ´ımpar 3s t tamb´em ´e ´ımpar, logo tal subsequˆencia converge para b, disso segue que a = b, lim x2n = lim x2n−1 = a, por isso lim xn = a, pelo resultado anterior. 1.5.5 Se N = p∪ k=1 Nk e lim n∈Nk xn = a ent˜ao lim xn = a. Propriedade 60. Se N = p ∪ k=1 Nk e lim n∈Nk xn = a ent˜ao lim xn = a.
  • 40. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 39 Demonstra¸c˜ao. Dado ε > 0 fixo e arbitr´ario existe nk ∈ Nk tal que ∀ n > nk, n ∈ Nk vale xn ∈ (a − ε, a + ε) pelo fato de lim n∈Nk xn = a. Tomamos n0 = max{n1, · · · , np}, da´ı vale para n > n0, xn ∈ (a − ε, a + ε) para todo n ∈ Nk com todo k, com isso uniformizamos o valor do ´ındice para o qual os termos da sequˆencia est˜ao no mesmo intervalo (a − ε, a + ε). Como todo n ∈ N pertence a algum Nk ent˜ao para n ∈ N suficientemente grande vale xn em (a − ε, a + ε) . Vamos tentar deixar mais clara a ´ultima proposi¸c˜ao. Seja n′ 0 = min{n > n0 |xn ∈ (a−ε, a+ε) ∀ n ∈ Nk, ∀ k}, tal conjunto ´e n˜ao vazio logo possui m´ınimo. Para todo n ∈ N, n > n′ 0 vale xn ∈ (a − ε, a + ε), pois dado n > n′ 0 > n0 xn pertence `a algum Nk e nas condi¸c˜oes colocadas na constru¸c˜ao do conjunto para Nk vale xn ∈ (a − ε, a + ε). Exemplo 22. Pode valer N = ∞∪ k=1 Nk com lim n∈Nk xn = a e lim xn ̸= a. Como por exemplo, definimos N2 = {2, 22 , 23 , · · · , 2n , · · · } em geral Nk+1 = {p1 k, p2 k, · · · , pn k , · · · } onde pk ´e o k-´esimo primo, definindo N1 como o complemento de ∞∪ k=2 Nk em N. De- finimos em N2, x2 = 2, xn = 0 para os outros valores, da mesma forma em Nk+1 definimos xpk = pk e xn = 0 para os outros valores. Em N1 definimos xn = 0 para todo n. A sequˆencia xn n˜ao converge possui uma subsequˆencia que tende a infinito. x2 = 2, x3 = 3, x5 = 5, · · · , xpk = pk, · · · a subsequˆencia dos primos. Propriedade 61. Se lim xn = a e lim(xn − yn) = 0 ent˜ao lim yn = a. Demonstra¸c˜ao. Temos lim xn = a somando com o limite lim(−xn + yn) = 0 segue lim −xn + xn + yn = a = lim yn. Propriedade 62. Sejam a ̸= 0 e lim yn a = 1 ent˜ao lim yn = a. Demonstra¸c˜ao. Tomando o produto dos limites lim a = a e lim yn a = 1 segue lim a yn a = lim yn = a. 1.6 C´alculo de limites por meio de subsequˆencias 1.6.1 lim a 1 n = 1 Propriedade 63. Seja a > 0 ent˜ao lim a 1 n = 1.
  • 41. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 40 Demonstra¸c˜ao. A sequˆencia ´e decrescente se a > 1, pois de 1 < a multiplicando por an ambos lados segue an < an+1 , a 1 n+1 < a 1 n e tamb´em ´e limitada inferiormente, por 1 por exemplo, pois de 1 < a elevando a 1 n + 1 de ambos lados temos 1 < a 1 n . Se 0 < a < 1 a sequˆencia ´e crescente pois a < 1 multiplicando por an em ambos lados an+1 < an , a 1 n < a 1 n+1 al´em disso ´e limitada superiormente pois de a < 1 elevando a 1 n temos a 1 n < 1. Em qualquer dos casos temos que a sequˆencia ´e convergente por ser mon´otona e limitada. Logo existe o limite l = lim a 1 n . Qualquer subsequˆencia deve convergir ao mesmo limite, consideramos ent˜ao o limite da subsequˆencia l = lim a 1 (n)(n+1) = lim a 1 (n) a 1 n+1 = l l = 1 logo l = 1. Demonstra¸c˜ao.[2] Considere a > 1 escrevemos a 1 n = 1 + h da´ı h > 0 e a = (1 + h)n ≥ 1 + nh que implica a − 1 n ≥ h e 1 + a − 1 n ≥ 1 + h a 1 n ≥ 1, ent˜ao tem-se a desigualdade 1 + a − 1 n ≥ a 1 n ≥ 1 por teorema do sandu´ıche segue que lim a 1 n = 1. 1.6.2 lim n 1 n = 1 Propriedade 64. lim n 1 n = 1. Demonstra¸c˜ao. Vamos provar que a sequˆencia (xn) com termo dado por xn = n 1 n ´e decrescente a partir do seu terceiro termo. Tomamos a fun¸c˜ao f(x) = x 1 x = e 1 x lnx , derivando f′ (x) = 1 x2 (1 − lnx)x 1 x , 1 − lnx < 0, 1 < lnx para x > e, pois segue lnx > lne = 1, lnx ´e fun¸c˜ao crescente cont´ınua. Ent˜ao a sequˆencia ´e decrescente a partir do terceiro termo 3 > e. Outra maneira de demonstrar que a sequˆencia ´e decrescente a partir do primeiro termo segue de (1 + 1 n )n < n para n ≥ 3 da´ı (n + 1)n < nn+1 que implica (n + 1) 1 n+1 < n 1 n .
  • 42. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 41 Ela tamb´em ´e limitada inferiormente por 1, pois n ≥ 1 ⇒ n 1 n ≥ 1 1 n = 1. Portanto ela converge para o ´ınfimo do conjunto dos termos da sequˆencia e todas suas subsequˆencias devem convergir para o mesmo limite, digamos l, tem-se que l ≥ 1 pela propriedade da sequˆencia, ent˜ao l ̸= 0. Tomamos a subsequˆencia de termos (2n) 1 2n , segue l2 = (lim(2n) 1 2n )2 = lim(2n) 1 n = lim 2 1 n lim n 1 n = l logo l2 = l que implica l = 1, pois n˜ao pode ser l = 0. Exemplo 23. Se 0 < a < 1 ent˜ao lim an = 0, pois an ´e decrescente limitada inferiormente logo ´e convergente. lim an+1 = L = a. lim an = aL, se L ̸= 0 ent˜ao a = 1, absurdo, logo L = 0. 1.7 Limites infinitos Defini¸c˜ao 26 (Limite +infinito). Seja uma sequˆencia (xn) . Ent˜ao lim xn = ∞ se acontece ∀ A > 0 ∃n0 ∈ N | n > n0 ⇒ xn > A nesse caso dizemos que xn tende a infinito. Negar que lim(xn) = ∞ significa que ∃A > 0 ∀ n0 ∈ N | ∃n > n0 tal que xn < A isto ´e, sempre haver´a uma infinidade de termos menores que um certo n´umero A. Defini¸c˜ao 27 (Limite − infinito). Dizemos que lim xn = −∞ ⇔ lim −xn = ∞. Corol´ario 27. Se limxn = ∞ ent˜ao por defini¸c˜ao (xn) n˜ao ´e limitada superiormente, da mesma maneira se lim xn = −∞ ent˜ao xn n˜ao ´e limitada inferiormente . Defini¸c˜ao 28 (Sequˆencia Oscilante). Uma sequˆencia (xn) ´e dita oscilante se ela n˜ao ´e convergente, nem vale lim xn = ∞ ou lim xn = −∞. Propriedade 65. Seja (xn) tal que lim xn = a ent˜ao lim(−1)n xn existe sse a = 0.
  • 43. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 42 Demonstra¸c˜ao. Seja ent˜ao lim xn = a considere a sequˆencia (zn) de termo dado por zn = (−1)n xn temos a subsequˆencia de termos pares (z2n) = (x2n) com limite lim z2n = lim x2n = a e a subsequˆencia de termos ´ımpares (z2n−1) = (−x2n−1) com limite lim z2n−1 = lim −x2n−1 = −a para que o limite exista ´e necess´ario e suficiente que a = −a logo 2a = 0, a = 0. Propriedade 66. Se lim xn = a ̸= 0 ent˜ao ((−1)n xn) ´e oscilante. Demonstra¸c˜ao. (xn) ´e limitada logo n˜ao pode valer lim(−1)n xn infinito ou menos infinito, como (xn) converge para um valor n˜ao nulo, ent˜ao a sequˆencia ´e oscilante. Propriedade 67. Se lim xn = ±∞ ent˜ao ((−1)n xn) ´e oscilante . Demonstra¸c˜ao. Para n > n0 vale xn > A > 0 logo para n par (−1)n xn ´e positivo e para n ´ımpar tal termo ´e negativo ent˜ao a sequˆencia n˜ao pode tender a infinito, tamb´em n˜ao pode ser convergente pois n˜ao ´e limitada. Propriedade 68. lim n = ∞. Demonstra¸c˜ao. Temos que mostrar que para todo A > 0 podemos encontrar n0 ∈ N tal que n > n0 implica n > A, isso vale pois os naturais n˜ao s˜ao limitados superiormente nos reais. Propriedade 69. Se a > 1 ent˜ao lim an = ∞. Demonstra¸c˜ao. Podemos escrever an = (1 + h)n com 1 + h > 1 logo h > 0 e vale a desigualdade de Bernoulli an = (1 + h)n > 1 + nh podemos conseguir assim que 1 + nh > A, tomando n0 > A h − 1 e como a > 1 implica an+1 > an temos uma sequˆencia crescente logo n > n0 implica an > A logo lim an = ∞. Propriedade 70. Dada uma sequˆencia (xn) n˜ao-decrescente ilimitada temos que lim xn = ∞. Demonstra¸c˜ao. Se (xn) ´e uma sequˆencia ilimitada n˜ao-decrescente ela ´e limitada inferiormente pelo seu primeiro termo ent˜ao ela deve ser ilimitada superiormente, logo podemos tomar A > 0 e vai existir n0 ∈ N tal que xn0 > A e como ela ´e n˜ao-decrescente temos que n > n0 implica xn ≥ xn0 > A logo temos lim xn = ∞.
  • 44. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 43 1.7.1 lim √ n = ∞. Exemplo 24. lim √ n = ∞. Temos que √ n ´e crescente e n˜ao ´e limitada superior- mente, pois √ A2 = A. ( √ n) n˜ao ´e limitada por´em lim √ n n = lim 1 √ n = 0. Propriedade 71. Se lim xn+p = ∞ para algum p natural ent˜ao lim xn = ∞. Demonstra¸c˜ao. Para qualquer A > 0 existe n0 ∈ n tal que n > n0 implica xn+p > A, a partir de xn0+1+p vale essa desigualdade, ent˜ao existe n1 = n0 + p tal que para n > n1 vale xn > A o que implica lim xn = ∞. Propriedade 72. Se lim xn = ∞ ent˜ao xn ´e limitada inferiormente. Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = ∞, ent˜ao ∀ A > 0 existe n0 ∈ N tal que n > n0 vale xn > A, tomando A = 1 tem-se que para n > n0 , xn > 1, como existe um n´umero finito de termos possivelmente menores que 1 ent˜ao a sequˆencia ´e limitada inferiormente. 1.7.2 lim n∑ k=1 1 √ n + k = ∞. Exemplo 25. lim n∑ k=1 1 √ n + k = ∞. Vale k ≤ n ⇒ k + n ≤ 2n ⇒ √ k + n ≤ √ 2n ⇒ 1 √ 2n ≤ 1 √ k + n somando de 1 at´e n segue √ n 2 ≤ lim n∑ k=1 1 √ n + k logo por compara¸c˜ao lim n∑ k=1 1 √ n + k = ∞. 1.8 Opera¸c˜oes com limites infinitos Propriedade 73 (Crit´erio do inverso). Seja xn > 0 para todo n ∈ N ent˜ao lim xn = 0 ⇔ lim 1 xn = ∞.
  • 45. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 44 Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = 0 temos que para todo ε > 0 existe n0 ∈ N tal que para n > n0 implica |xn| < ε, xn < ε, 1 ε < 1 xn tomando A = 1 ε segue 1 xn > A logo lim 1 xn = ∞. Considerando agora lim 1 xn = ∞ temos que para todo A > 0 existe n0 ∈ N tal que para n > n0 vale 1 xn > A logo 1 A > xn tomando ε = A temos xn < ε, |xn| < ε logo lim xn = 0. 1.8.1 Se lim |xn+1| |xn| = L ent˜ao lim n √ |xn| = L. Propriedade 74. Seja (xn) uma sequˆencia de termos n˜ao nulos, se lim |xn+1| |xn| = L ent˜ao lim n √ |xn| = L. Demonstra¸c˜ao. Seja L > 0, ent˜ao existe n0 ∈ N tal que para k > n0 vale 0 < L − ε < t1 < |xk+1| |xk| < t2 < L + ε aplicando n∏ k=n0+1 em ambos lados e usando produto telesc´opico tem-se |xn0+1|(t1)n−n0 < |xn+1| < |xn0+1|(t2)n−n0 tomando a raiz n-´esima |xn0+1| 1 n (t1)1− n0 n < |xn+1| 1 n < |xn0+1| 1 n (t2)1− n0 n para n grande tem-se L − ε < |xn+1| 1 n < L + ε da´ı segue que lim |xn+1| 1 n = L. Se L = 0, temos argumento similar, existe n0 ∈ N tal que para k > n0 vale 0 < |xk+1| |xk| < t2 < ε < 1 aplicando n∏ k=n0+1 em ambos lados e usando produto telesc´opico tem-se 0 < |xn+1| < |xn0+1|(t2)n−n0
  • 46. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 45 tomando a raiz n-´esima 0 < |xn+1| 1 n < |xn0+1| 1 n (t2)1− n0 n para n grande tem-se 0 < |xn+1| 1 n < ε da´ı segue que lim |xn+1| 1 n = 0. Corol´ario 28. Usando o crit´erio do inverso, temos que se lim |xn+1| |xn| = ∞ ent˜ao lim n √ |xn| = ∞. Exemplo 26. Provar que lim n √ (2n)! n! = ∞. Tomamos xn = (2n)! n! da´ı temos xn+1 xn = (2n + 2)(2n + 1)(2n)! (n + 1)n! n! (2n)! = (2n + 2)(2n + 1) (n + 1) = 2(2n + 1) → ∞ logo lim n √ (2n)! n! = ∞. 1.8.2 lim n √ (2n)! n!nn = 4 e . Exemplo 27. Mostrar que lim n √ (2n)! n!nn = 4 e . Tomamos xn = (2n)! n!nn , da´ı xn+1 xn = 2(2n + 1) n + 1 1 (1 + 1 n )n → 4 e . Exemplo 28. Mostrar que lim n n √ n! = e. Tomamos xn = nn n! , da´ı xn+1 xn = (n + 1)n+1 nn 1 n + 1 = (n + 1)n nn = (1 + 1 n )n → e , da´ı segue que lim n n √ n! = e. Disso segue tamb´em que lim n a n √ n! = e a , isto ´e, lim n √ nn n!an = e a , da´ı tomando o inverso, temos lim n √ n!an nn = a e , em especial se e = a, segue que lim n √ n!en nn = e e = 1.
  • 47. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 46 1.8.3 lim n→∞ ( m + n n )1 n = 1 Exemplo 29. Vale que lim n→∞ ( m + n n )1 n = 1. Vamos usar o crit´erio que acabamos de provar, vamos tomar xn = ( m + n n ) = (m + n)! n!m! , da´ı o limite do quociente ´e o limite de xn+1 xn = (m + n + 1)! (n + 1)!m! m!.n! (m + n)! = (m + n + 1) n + 1 = m n + 1 + 1, tomando o limite tem-se que m n + 1 → 0 com m fixo logo lim xn+1 xn = 1 e da´ı lim x 1 n n = 1, por isso lim n→∞ ( m + n n )1 n = 1. 1.8.4 lim n √ n! = ∞ Exemplo 30. Mostrar que lim n √ n! = ∞ . Vamos trablhar com xn = 1 n! , temos que xn+1 xn = 1 (n + 1)! n! = 1 n + 1 → 0 ent˜ao pelo teorema anterior o limite da raiz n -´esima de tal sequˆencia tamb´em tende a zero, isto ´e lim 1 n √ n! → 0, pelo crit´erio do inverso segue que lim n √ n! = ∞. Exemplo 31. lim 1 √ n = 0 pois lim √ n = ∞ e √ n > 0. 1.8.5 lim 1 √ n + 1 + √ n = lim √ n + 1 − √ n = 0 Exemplo 32. lim ∆ √ n = 0 pois √ n + 1 − √ n = 1 √ n + 1 + √ n . Exemplo 33. Mostrar que lim √ n + t √ n + 1 + √ n = 1 2
  • 48. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 47 para t ≥ 0. Tem-se lim √ n + t √ n + 1 + √ n = lim 1 √ n+1 n+t + √ n n+t = lim 1 √ n+1 n+t + √ n n+t = lim 1 √ 1+ 1 n 1+ t n + √ 1 1+ t n = 1 2 . Propriedade 75 (Crit´erio de compara¸c˜ao). Sejam duas sequˆencias (xn) e (yn) e um n´umero natural n0 tal que se para n > n0 vale xn ≥ yn e lim yn = ∞ ent˜ao lim xn = ∞. Demonstra¸c˜ao. Se lim yn = ∞ ent˜ao para qualquer A > 0 existe n1 ∈ N tal que para n > n1 vale yn > A e temos tamb´em que para n > n0 vale xn ≥ yn, tomando n2 = max{n1, n0} para n > n2 vale xn ≥ yn e yn > A logo xn > A o que implica lim xn = ∞. Propriedade 76. Se lim xn = ∞ e (yn) ´e limitada inferiormente ent˜ao lim xn + yn = ∞. Demonstra¸c˜ao. Com (yn) limitada inferiormente tem-se B ∈ R tal que yn > B e como temos lim xn = ∞ vale para todo A > 0 existe n0 ∈ N tal que n > n0 ⇒ xn > A logo de yn > B somando xn tem-se xn + yn > B + xn e de xn > A somando B segue xn + B > A + B logo xn + yn > A + B para todo C > 0 podemos tomar A + B = C assim lim xn + yn = ∞. Corol´ario 29. Se lim yn = ∞ e lim xn = ∞ ent˜ao lim xn +yn = ∞, pois yn ´e limitada inferiormente. Corol´ario 30. lim 1 n + n = ∞ pois 1 n ´e limitada inferiormente e n → ∞. Corol´ario 31. Se (yn) ´e uma sequˆencia convergente e lim xn = ∞ ent˜ao lim xn +yn = ∞, pois (yn) sendo convergente, ela ´e limitada logo limitada inferiormente. Propriedade 77. Se lim xn = ∞ e existe c > 0 tal que yn > c para todo n ∈ N ent˜ao lim xnyn = ∞.
  • 49. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 48 Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = ∞ ent˜ao ∀A > 0 ∃n0 ∈ N tal que n > n0 ⇒ xn > A e se existe c > 0 tal que yn > c para todo n natural ent˜ao para n > n0 , xn > 0 logo yn.xn > c.xn e de xn > A segue xn.c > Ac assim xnyn > Ac podemos tomar ent˜ao A = B c com B > 0 arbitr´ario donde segue xnyn > B logo lim xnyn = ∞. Corol´ario 32. Se lim xn = ∞ e lim yn = ∞ ent˜ao lim xn.yn = ∞. Corol´ario 33. Se lim xn = ∞ e b > 0 uma constante ent˜ao lim bxn = ∞. Podemos tomar yn = b para todo n na propriedade anterior e como b > 0 existe 0 < c < b da´ı a propriedade segue. Propriedade 78. Seja b > 0 real, se lim xn = ∞ ent˜ao lim(xn)b = ∞. Demonstra¸c˜ao. Se lim xn = ∞ ent˜ao ∀ B > 0 ∃n0 ∈ N | n > n0 ⇒ xn > B tomando B = A 1 b , ent˜ao xn > A 1 b da´ı (xn)b > A com A arbitr´ario, logo a sequˆencia tende a infinito. Propriedade 79. Se lim an = ∞ e an > 0∀ n ∈ N ent˜ao lim n∑ k=1 ak n = ∞. Demonstra¸c˜ao. ∀ A > 0 ∃ n0 ∈ N tal que para n > n0 tem-se an > 2A ent˜ao para n > 2n0 ( que implica n − n0 n > 1 2 ) vale n∑ k=1 ak n ≥ n∑ k=n0+1 2A n = 2A n − n0 n ≥ 2A 2 = A logo lim n∑ k=1 ak n = ∞. Corol´ario 34. Se lim xn = ∞ e n˜ao vale xn > 0 ∀ n ∈ N ent˜ao a propriedade tamb´em vale pois existe n0 ∈ N tal que para n > n0 tem-se xn > 0 , da´ı n∑ k=1 ak n = n0∑ k=1 ak n + n∑ k=n0+1 ak n = n0∑ k=1 ak n + n−n0∑ k=1 xk ak+n0 n
  • 50. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 49 assim se define uma nova sequˆencia (xn) que satisfaz as propriedades do resultado anterior . Propriedade 80. Se (xn − yn) ´e limitada e lim yn = ∞ ent˜ao lim xn yn = 1. Demonstra¸c˜ao. Existem t1, t2 ∈ R e n0 tal que para n > n0 vale t1 < xn − yn < t2, ⇒ t1 + yn < xn < t2 + yn com yn > 0 dividimos por esse valor t1 yn + 1 < xn yn < t2 yn + 1 tomando o limite em ambos lados tem-se por sandu´ıche 1 ≤ lim xn yn ≤ 1 lim lim xn yn = 1. 1.8.6 lim ln(n + 1) − ln(n) = 0 Propriedade 81. Vale que lim ln(n + 1) − ln(n) = 0. Demonstra¸c˜ao. 0 < ln(n + 1) − ln(n) = ln( n + 1 n ) = ln(1 + 1 n ) = n ln(1 + 1 n ) n = ln(1 + 1 n )n n ≤ (1 + 1 n )n n como lim(1 + 1 n )n = e ent˜ao tal sequˆencia ´e limitada e com lim 1 n = 0 segue que lim (1 + 1 n )n n = 0, da´ı por sandu´ıche tem-se lim ln(n + 1) − ln(n) = 0. 1.8.7 lim ln(n + 1) ln(n) = 1. Corol´ario 35. lim ln(n + 1) ln(n) = 1 pois lim ln(n + 1) − ln(n) = 0 e lim ln(n) = ∞. Poder´ıamos argumentar apenas que (lim ln(n+1)−ln(n)) ´e limitada sem mostrar que converge da seguinte maneira:(ln(n+1)−ln(n)) ´e limitada pois vale 0 < ln(1+ 1 n ) < 1+ 1 n com 1 + 1 n limitada.
  • 51. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 50 Outra maneira ´e considerar ln(n + 1) ln(n) − 1 = ln(n + 1) − ln(n) ln(n) = ln(1 + 1 n ) ln(n) como o numerador ´e limitado e o denominador tende ao infinito o limite ´e nulo lim ln(n + 1) ln(n) − 1 = 0 ⇒ lim ln(n + 1) ln(n) = 1. Exemplo 34. O limite lim(xn − yn) pode existir, por´em n˜ao vale lim xn yn = 1, tome por exemplo xn = 2 n , yn = 1 n , vale lim(xn − yn) = lim 1 n = 0 e lim xn yn = lim 2 n n = 2. Exemplo 35. Se (xn) ´e limitada e lim yn = ∞ n˜ao podemos concluir nada sobre lim xn.yn , pode ser infinito xn = 1, pode ser − infinito, com xn = −1, o limite pode existir como xn = 1 n e yn = n, ou pode n˜ao existir com xn = (−1)n . Exemplo 36. Se (xk) ´e limitada ent˜ao (xk) (C, 1) ´e convergente? Propriedade 82. Se lim xn = ∞ e a > 0 ent˜ao lim √ ln(xn + a − √ ln(xn = 0. Demonstra¸c˜ao. √ ln(xn + a − √ ln(xn = ln(xn + a) − ln(xn) √ ln(xn + a + √ ln(xn o denominador ln(1 + a xn ) < 1 + a xn → 1 logo o numerador ´e limitado e o numerador tende ao infinito, ent˜ao o limite ´e nulo. Propriedade 83. Seja f : N → N injetora ent˜ao lim f(n) = ∞. Demonstra¸c˜ao. Vamos mostrar que ∀ n0 ∈ N ∃n1 ∈ N | n > n1 ⇒ f(n) > n0. Seja An0 = {n ∈ N | f(n) ≤ n0} tal conjunto tem no m´aximo n0 elementos, pois se tivesse mais de n0 ent˜ao f n˜ao seria injetiva , pois ter´ıamos n1, · · · , nn0 tais que f(n1) = 1 , f(n2) = 2, · · · , f(nn0 ) = n0
  • 52. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 51 se houvesse mais algum nt com f(nt) igual a algum desses valores acima, ter´ıamos f(nt) = f(ns) com nt ̸= ns e da´ı a fun¸c˜ao n˜ao seria injetora, observe que os valores de An0 s´o podem ser 1, 2, · · · , n0. Se An0 ´e vazio tomamos n1 = 1, da´ı para n > 1 vale f(n) > n0, se n˜ao for vazio, tomamos n1 = max{An0 }, que pode ser tomado, pois todo conjunto finito tem um m´aximo, da´ı para n > n1 tem-se f(n) > n0, pois se existisse n2 > n1 tal que f(n2) ≤ n0 entraria em contradi¸c˜ao com o fato de n1 ser o m´aximo desses valores, da´ı segue que lim f(n) = ∞. Exemplo 37. Se f : N → N ´e sobrejetora ent˜ao pode n˜ao valer lim f(n) = ∞, como por exemplo a sequˆencia (1, 2, 1, 3, 1, 4, · · · ) em que se tem subsequˆencia de termo yn = n e xn = 1 alternadas. Propriedade 84. Se lim xn = a ent˜ao lim xf(n) = a onde f : N → N ´e injetora. Demonstra¸c˜ao. Como lim xn = a ent˜ao para todo ε > 0 existe n1 ∈ N tal que n > n1 implica |xn − a| < ε. Pelo fato de f(n) → ∞, existe n2 ∈ N tal que n > n2 + n1 implica f(n) > n1 da´ı |xf(n) − a| < ε. 1.9 Limites e desigualdades Propriedade 85 (Permanˆencia de sinal I). Se lim xn = b com b > 0 ent˜ao no m´aximo uma quantidade finita de termos dessa sequˆencia pode n˜ao ser positiva, isto ´e, existe n0 ∈ N tal que para n > n0 vale xn > 0. Demonstra¸c˜ao. Como lim xn = b para todo ε > 0 existe n0 tal que para n > n0 temos |xn − b| < ε, xn ∈ (b − ε, b + ε) tomando ε = b 2 temos b − ε = b − b 2 = 2b − b 2 = b 2 e b + ε = b + b 2 = 3b 2 logo existe n0 tal que para n > n0 tem-se xn ∈ ( b 2 , 3b 2 ) logo xn ´e positivo. Propriedade 86 (Permanˆencia de sinal II). Se lim xn = b com b < 0 ent˜ao no m´aximo uma quantidade finita de termos dessa sequˆencia pode n˜ao ser negativa, isto ´e, existe n0 ∈ N tal que para n > n0 vale xn < 0.
  • 53. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 52 Demonstra¸c˜ao. Como lim xn = b para todo ε > 0 existe n0 tal que para n > n0 temos |xn −b| < ε, xn ∈ (b−ε, b+ε) tomando ε = b 2 existe n0 tal que para n > n0 tem-se xn ∈ ( b 2 , 3b 2 ) logo xn ´e negativo. Corol´ario 36. Seja (xn) uma sequˆencia com limxn = a e b ∈ R tal que a > b ent˜ao existe n0 ∈ N tal que xn > b para qualquer n > n0. Consideramos a sequˆencia (xn − b) ela tem limite lim(xn − b) = lim xn − b = a − b > 0 pela permanˆencia de sinal existe n0 tal que para n > n0 vale xn − b > 0 logo xn > b. Corol´ario 37. Se lim xn < b ent˜ao xn < b para n suficientemente grande. Sendo lim xn = a < b ent˜ao lim xn − b = a − b < 0, da´ı por permanˆencia de sinal segue que para n suficientemente grande tem-se xn − b < 0, xn < b. Outra demonstra¸c˜ao pode ser feita assim: Se lim xn = a < b, ent˜ao 0 < b − a, tomando ε < b − a segue que ∃ n0 ∈ N | n > n0 ⇒ xn ∈ (a − ε, a + ε) por´em a + ε < b, da´ı xn < a + ε < b. Corol´ario 38. Sejam (xn), (yn) duas sequˆencias com lim xn = a e lim yn = b. Se b > a ent˜ao existe n0 ∈ N tal que yn > xn para qualquer n > n0. Considerando a sequˆencia (xn − yn) ela tem limite lim xn − yn = b − a > 0 logo pela permanˆencia de sinal existe n0 ∈ N tal que para n > n0 vale xn − yn > 0, xn > yn . Propriedade 87. Se lim xn = 0 e existe t ∈ N tal que xt > 0 , ent˜ao {xn} possui m´aximo. Demonstra¸c˜ao. Vale xt > 0, da´ı tomamos ε > 0 tal que ε < xt, ent˜ao para n > n0 > t vale xn ∈ (−ε, ε), o conjunto A = {xn, n ≤ n0}, possui m´aximo por ser finito e o m´aximo xs dele satisfaz xs ≥ xn para n ≤ n0 por constru¸c˜ao e xs ≥ xn para n > n0, pois xs ≥ xt > ε > xn nessas condi¸c˜oes. Generalizando a propriedade anterior Propriedade 88. Se lim xn = a e existe t ∈ N tal que xt > a , ent˜ao {xn} possui m´aximo.
  • 54. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 53 Demonstra¸c˜ao. Vale xt > a, da´ı tomamos ε > 0 tal que ε < xt − a, ent˜ao para n > n0 > t vale xn ∈ (a − ε, a + ε), o conjunto A = {xn, n ≤ n0}, possui m´aximo por ser finito e o m´aximo xs dele satisfaz xs ≥ xn para n ≤ n0 por constru¸c˜ao e xs ≥ xn para n > n0, pois xs ≥ xt > a + ε > xn nessas condi¸c˜oes. Propriedade 89. Se lim xn = a e existe t ∈ N tal que xt < a , ent˜ao {xn} possui m´ınimo. Demonstra¸c˜ao. Tomamos ε > 0 tal que ε < a − xt da´ı existe n0 ∈ N tal que para n > n0 > t vale xn ∈ (a−ε, a+ε) dai tomamos xs = min{xn | n ≤ n0}, vale xn ≥ xs para todo n, pois para n ≤ n0 isso vale por defini¸c˜ao e para n > n0 tem-se xs ≥ xt ≥ xn. Corol´ario 39. Se uma sequˆencia ´e convergente e possui um ponto `a direita do seu limite ent˜ao ela possui m´aximo, se ela possui um ponto a esquerda do seu limite ent˜ao ela possui um m´ınimo. Se ela for constante ela possui m´aximo e m´ınimo. Ent˜ao em qualquer caso uma sequˆencia convergente possui m´aximo ou m´ınimo. Corol´ario 40. Se uma sequˆencia n˜ao possui m´aximo ou m´ınimo ela ´e divergente. Propriedade 90. Se existe n0 ∈ N tal que para n > n0 temos xn ≥ 0 e lim xn = a ent˜ao a ≥ 0. Esta propriedade diz que se a sequˆencia tem no m´aximo um n´umero finito de termos negativos (esse n´umero podendo ser zero) ent˜ao seu limite quando existe n˜ao pode ser negativo. Demonstra¸c˜ao. Suponha que a < 0 ent˜ao existir˜ao n1 ∈ N e ε = − a 2 > 0 tal que para n > n1 temos xn ∈ (a − ε, a + ε) , nesse caso temos xn < 0 mas por hip´otese temos que para n > n0 , xn ≥ 0 o que contradiz a hip´otese, pois podemos tomar n2 > n1, n0 e ter´ıamos xn2 ≥ 0 (pela hip´otese ) e xn2 < 0 (pela condi¸c˜ao de a < 0) o que ´e um absurdo logo temos que a ≥ 0. Corol´ario 41. Um sequˆencia de n´umeros n˜ao-negativos n˜ao pode ter limite negativo. No caso de uma sequˆencia de n´umeros n˜ao-negativos temos xn ≥ 0 para todo n.
  • 55. CAP´ITULO 1. SEQUˆENCIAS 54 1.9.1 O limite preserva desigualdades Propriedade 91 (Limite preserva desigualdade). Se (xn) e (yn) s˜ao convergentes e satisfazem yn ≥ xn para todo n > n0 ent˜ao lim yn ≥ lim xn. Demonstra¸c˜ao. Tomamos zn = yn − zn, vale para n > n0 que zn ≥ 0, (zn) ´e convergente por ser subtra¸c˜ao de sequˆencias convergentes logo lim zn = lim yn −lim xn ≥ 0 e da´ı lim yn ≥ lim xn. Propriedade 92. Se lim xn = a, lim yn = b e |xn − yn| ≥ ε para todo n, ent˜ao |a − b| ≥ ε. Demonstra¸c˜ao. Suponha por absurdo que |a − b| =ε1 < ε e |yn − xn| ≥ ε. Podemos tomar n > n0 tal que |yn − b| < ε2 e |xn − a| < ε3 onde ε1 + ε2 + ε3 < ε, que pode ser feito, pois basta tomar ε2 + ε3 < ε − ε1 >0 logo |yn − xn| ≤ |yn − b| + |b − a| + |xn − a| < ε1 + ε2 + ε3 = ε que contradiz |yn − xn| ≥ ε. Propriedade 93. Se g : A → R ´e limitada numa vizinhan¸ca de a e lim xn = a (com xn ∈ A ) ent˜ao a sequˆencia (g(xn)) ´e limitada. Demonstra¸c˜ao. Como g ´e limitada numa vizinhan¸ca de a ent˜ao existe ε > 0 tal que para x ∈ (a − ε, a + ε) ∩ A vale |g(x)| ≤ M. Por termos lim xn = a, ent˜ao existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn ∈ (a − ε, a + ε), logo vale |g(xn)| ≤ M.