SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 10
Descargar para leer sin conexión
SERVIÇO SOCIAL
           ÉTICA, DEONTOLOGIA
       & PROJECTOS PROFISSIONAIS
Helena Almeida




      A obra que passo a apresentar surge na sequência de um conjunto de
iniciativas promovidas pelo Centro Português de Investigação em História e
Trabalho Social (CPIHTS), designadamente um curso sobre “Ética profissional,
Direitos Humanos e Responsabilidade Social” e um Seminário sobre “Serviço
Social: Ética, Responsabilidade Social e Projecto Social”, e explicita de forma
clara a intenção de promover o debate em torno da questão da cultura
profissional dos assistentes sociais. O livro enquadra-se ainda numa estratégia
de divulgação do esforço empreendido pelo CPIHTS na creditação da área do
Serviço Social enquanto domínio científico.


Trata-se de uma obra colectiva publicada em parceria do CPIHTS com a Veras
Editora e o Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, e foi apoiada pelo Ministério
do Trabalho e Solidariedade, pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, pela
Associação de Profissionais de Serviço Social e pelo Projecto Atlântida.
Apresenta um preâmbulo do seu organizador e Presidente do CPIHTS, Alfredo
Henrique, e é constituída por duas partes complementares: uma de artigos
reflexivos sobre ética, deontologia e projectos profissionais e outra de
documentos essenciais à compreensão do estado da questão.


Conta com a colaboração de investigadores como José Paulo Netto, Maria
Lúcia Barroco, Carlos Jacques, Jorge Cabral e Cristina Maria Brites, o que à
partida constitui um incentivo à leitura pela qualidade que é reconhecida à sua
produção científica e ao sentido crítico que usualmente lhe está associado.
Trata-se , pois, de uma obra colectiva onde se inscrevem os seguintes artigos:
•   A construção do Projecto Ético-político do Serviço Social frente à crise
       Contemporânea - José Paulo Netto


   •   Os fundamentos Sócio-históricos da Ética – Maria Lúcia Barroco


   •   Ética e Solidariedade – Jorge Cabral


   •   Ética e Deontologia Profissional – Jorge Cabral


   •   O que é ser um bom Assistente Social? Prolegómenos de uma
       genealogia moral do Serviço Social – Carlos Jacques


   •   A centralidade da Ética na formação profissional – Cristina Maria Brites e
       Maria Lúcia Barroco




O debate da questão do projecto ético-político do Serviço Social é recente o
que contribui para a relevância científica desta obra, tanto no plano dos
conceitos como no da argumentação, articulados no discurso e apenas
distintos para efeitos de análise.


A obra encontra-se estruturada em torno da análise dos conceitos de projecto
profissional, moral, ética e deontologia profissional, e propõe a reflexão do
quotidiano profissional e a genealogia moral como métodos de abordagem da
questão ética do serviço social .


Sem pretender apresentar aqui a riqueza dos conteúdos dos vários artigos que
integram a obra, destaco quatro ideias implícitas à reflexão desenvolvida pelos
autores.
I – Como distinguir Moral e Ética ?

Os fundamentos da ética são sociais e históricos. Só o ser social age
eticamente uma vez que só ele é capaz de agir com consciência e liberdade.
Para agir teleologicamente o Homem cria alternativas de valor, escolhe entre
elas, incorporando-as nas suas finalidades. Neste contexto, e no sentido de
explicitar as formas específicas de objectivação da ética, Maria Lúcia Barroco
estabeleceu a distinção entre prática moral, a acção ética e reflexão filosófica
sobre elas.


“A moral é o conjunto de costumes e hábitos culturais, transformados em
deveres e normas de conduta, que responde à necessidade de estabelecer
parâmetros de convivência social. As normas morais são orientadas por
princípios e valores que, quando estão legitimados socialmente, funcionam
como deveres exigidos aos membros da sociedade, tendo por objectivo o bem
da comunidade. No plano da moral as acções são valoradas como boas/más,
justas/injustas, correctas/incorrectas” (Maria Lúcia Barroco, 34).


“É no campo da moralidade que são estabelecidos os juízos de valor (...). Os
deveres, as normas e os juízos configuram o carácter normativo da moral e
atendem a expectativas sociais diante do comportamento dos indivíduos” (ibid.,
35).


“A moral e os valores são sempre sociais e históricos: são construções
culturais objectivas inscritas nas relações sociais inerentes à (re)produção da
vida social” (ibid, 35).


Os costumes são considerados como deveres porque são fruto de um
consenso social acerca do que é bom para a colectividade. Tal facto leva a que
se crie uma expectativa de que os indivíduos respeitem tais deveres, mas para
isso é preciso que eles os aceitem conscientemente como legítimos, “daí a
necessidade de criar a vinculação entre o dever e a consciência moral, entre o
carácter social da moral e a sua aceitação subjectiva” (ibid., 35).
A moral constitui a prática dos indivíduos na sua singularidade e a ética é a
reflexão teórica e a acção livre voltada ao humano. O conteúdo da reflexão
ética é a própria realidade moral. ”As normas e os valores não são instituídos
pela teoria, mas por necessidades práticas. A teoria pode contribuir para
entender esse processo, indagando sobre o seu significado e voltando à prática
para contribuir na sua transformação” (ibid.36)


A consciência da universalidade do Homem, o consciente respeito do outro, o
agir individualmente em função do seu compromisso com projectos colectivos,
constituem indicadores de um comportamento ético provido de um “sujeito
consciente das suas escolhas e responsabilidades na sociedade” (ibid., 37).


A reflexão ética contribui para a descoberta das implicações éticas do agir
social e do significado dos valores existentes nas relações de poder.


II – Genealogia da moral do Serviço Social, uma proposta metodológica
fundamental à construção da identidade profissional ?


“Se por deontologia entendemos o conjunto de deveres exigidos aos
profissionais, uma ética de obrigações para consigo próprio, com os outros e
com a comunidade, parece evidente que todas as profissões implicam uma
ética, pois todas se relacionam directa ou indirectamente com outros seres
humanos” (Cabral, 52).


Crítico da abordagem positivista da ética profissional, cuja finalidade reside
essencialmente na exploração da natureza de problemas e dilemas morais,
avançando com a prescrição de formas de agir correctamente, Carlos Jacques
(59-71) propõe uma alternativa : a genealogia da moral do serviço social.
Referindo Nietzsche e Foucault, define genealogia como o estudo das
condições de possibilidade da verdade de um discurso. As condições podem
ser internas ao discurso (critérios de cientificidade, tradições disciplinares,
técnicas retóricas,...) e externas (relações sociais, relações de poder, contexto
histórico, ...), ambas contribuindo para determinar as condições de verdade de
um discurso. Simultaneamente descritiva e crítica, a genealogia apresenta uma
dimensão crítica fundada no complexo histórico que legitima um discurso.


Aquilo que se afirma sobre a moral do serviço social tem a sua própria história,
uma história que acumula e constitui as condições de legitimidade daquilo que
é afirmado. A genealogia moral constitui uma proposta de investigação sobre
as condições de legitimidade do discurso moral, um método de análise da
moral do serviço social, que avalia a importância dos valores que integra e abre
caminho a outras “possibilidades históricas de agir profissionalmente”( ibid. 62).


O conceito do “social” determinou e continua a determinar os valores básicos
da profissão. A finalidade de uma profissão e os valores subjacentes a essa
finalidade são condicionados pela história da profissão e pela história da
sociedade em que se insere. Por isso, a genealogia do social coloca em
evidência a história do serviço social, num evoluir nem sempre tranquilo tendo
mantido inalterado o objectivo da coesão social. De acordo com o código
deontológico internacional do Serviço Social de 1994, os assistentes sociais
devem colocar os seus objectivos, conhecimentos e experiência ao serviço dos
indivíduos, dos grupo, das comunidades e da sociedade, apoiando-os no seu
desenvolvimento e na resolução dos seus conflitos individuais ou colectivos e
nas consequências que daí advêm, descortinando-se o propósito de assegurar
as relações de solidariedade que constituem a sociedade. O serviço social
assume deste modo uma posição conservadora, integrando-se num conjunto
de políticas e instituições dedicadas à promoção da coesão social e na
manutenção da realidade dominante.


Segundo o autor, a alteração da sua justificação moral, o seu conservadorismo,
exige mais do que simplesmente reconceptualizar a natureza das suas acções
no campo social. Terá que ir ao encontro do princípio da soberania
democrática.


III – Em que consiste o Projecto Profissional?
Como refere Paulo Netto, os homens agem sempre teleologicamente. As suas
acções são sempre orientadas para objectivos-metas e fins. A acção
humana implica sempre um projecto que é uma antecipação ideal da finalidade
que se pretende alcançar, com a inovação dos valores que a legitimam e a
escolha dos meios para a atingir. Apenas os projectos societários, aqueles que
apresentam uma imagem da sociedade a ser construída, e que reclamam
valores e privilegiam meios materiais e culturais para concretizar essa
sociedade, possuem uma dimensão política que envolve relações de poder.


O Serviço Social não constitui uma unidade identitária, ele está alicerçado na
diversidade de origens e expectativas sociais, comportamentos e preferências
teóricas, ideológicas e societárias distintas. Por isso, a profissão de Serviço
Social é um espaço plural de onde poderão emergir projectos profissionais
diferentes. “Toda a categoria profissional é um campo de tensões e lutas” e a
afirmação de um projecto profissional não suprime divergências e contradições.
Ela deve fazer-se através do debate, pela discussão, pelo confronto de ideias.


IV - Quais os valores básicos do projecto profissional do Serviço Social?


A análise do projecto ético-político do serviço social no Brasil mostra que ele se
centra nos seguintes valores:


1 - A Liberdade:


Reconhece a liberdade como valor central, concebida historicamente como
possibilidade de escolha entre alternativas concretas. Deste modo, a liberdade
surge associada à autonomia, à emancipação e desenvolvimento dos sujeitos
entendidos como actores providos de vontade.


“O projecto profissional vincula-se a um projecto societário (ideal) que propõe a
construção de uma nova ordem social, sem dominação e/ou exploração de
classe, etnia e género” (Netto, 24).


2 - A Defesa intransigente dos Direitos Humanos:
A equidade e a justiça social, na perspectiva da universalização do acesso aos
bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, a ampliação e a
consolidação da cidadania constituem condição para a garantia dos direitos
civis, políticos e sociais.


3 - A democratização de procedimentos:


O     projecto      reclama-se      radicalmente     democrático,       entendendo-se
democratização como a “socialização da participação política e socialização da
riqueza socialmente produzida”.


4 - Um compromisso com a competência:


A competência profissional implica uma formação académica qualificada que
viabilize   a    “análise     concreta   da   realidade   social”   imprescindível   ao
desenvolvimento de procedimentos adequados. A auto-formação permanente e
o exercício de uma postura investigativa revelam-se fundamentais.


É necessário romper com o voluntarismo, com o isolamento profissional e com
as falsas interpretações acerca da direcção social do projecto ético-profissional.




5 - Um compromisso com a qualidade dos serviços prestados:


O projecto profissional radica num compromisso com a qualidade dos serviços
prestados à população, o que implica uma abertura das decisões institucionais
à participação dos utentes.


No Brasil, o Serviço Social tem-se vindo a afirmar em contextos diversos, e a
sua expansão encontra-se legitimada pela crescente massa crítica e
redimensionamento da formação, mas sobretudo “à reconquista dos direitos
cívicos e sociais que acompanharam a restauração democrática da sociedade
brasileira” (Netto, 22).

O projecto profissional é um processo contínuo que se constroi no quotidiano, e
que assenta numa proposta de resgate da centralidade da ética na formação
profissional. A defesa e a reprodução dos princípios e valores éticos que lhe
estão subjacentes exige sujeitos profissionais activos e autónomos. Como
referem Cristina Maria Brites e Maria Lúcia Barroco “A formação ética, pela sua
natureza filosófica, é pressuposto essencial, tanto para o desvelamento crítico
do significado das escolhas individuais em face dos projectos colectivos,
quanto para orientar a construção de respostas profissionais que, diante dos
desafios quotidianos, tenham a capacidade objectiva de romper, em algumas
situações, ou de resistir aos limites da ordem burguesa” (80).


O contributo essencial deste livro reside no facto de considerar a existência
ética como um recurso teórico acessível aos quadros profissionais que estão
em formação, rompendo com a ausência de reflexão ética sobre a prática
profissional. O estágio, enquanto experiência pré-profissional, permite a
construção de uma identidade e postura éticas no processo de formação, e
constitui “uma relação orgânica com o quotidiano”.


Mas o interesse da obra aqui apresentada ultrapassa a qualidade dos referidos
artigos. Para além de uma listagem das publicações do CPIHTS, o livro inclui
ainda 4 documentos importantes para o estudo e reflexão das questões da
ética, deontologia e projectos profissionais do Serviço Social, designadamente:


   •   • A ética no serviço social. Princípios e Valores, documento adoptado
       pela Assembleia Geral da Federação Internacional de Trabalhadores
       Sociais, em Julho de 1994.


   •   • Definição de Trabalho Social, adoptada pela Federação Internacional
       de Trabalhadores Sociais, documento divulgado pela Associação de
       Profissionais de Serviço Social em 2000.
•      • Princípios Éticos y Políticos para las Organizaciones Profesionales de
          Trabajo Social del Mercosur, documento cedido pelo Comité Mercosur
          de Organizações Profissionais de Trabalho Social.


   •      • Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais, aprovado em
          Brasília pelo Conselho Federal de Serviço Social no dia 13 de Março de
          1993.


Estes documentos mostram por si a actualidade do debate que aqui se inicia.
É difícil numa obra colectiva estabelecer um fio condutor entre os contributos
diversos dos autores que integra. Também nesse aspecto, a obra aqui
apresentada responde a esta exigência. Aparentemente com algumas
repetições no plano dos fundamentos teóricos, a natureza da escrita e as
reflexões a que nos conduz permitem-nos estabelecer a riqueza de abordagem
e uma matriz teórica referencial. Também por isso, a iniciativa desta publicação
merece ser aplaudida.


Coimbra, 22 de Abril de 2002.
                                   BIBLIOGRAFIA


Artigos

- A construção do Projecto Ético-político do Serviço Social frente à crise
Contemporânea - José Paulo Netto

- Os fundamentos Sócio-históricos da Ética -Maria Lúcia Barroco

- Ética e Solidariedade -Jorge Cabral

- Ética e Deontologia Profissional -Jorge Cabral

- O que é ser um bom Assistente Social? Prolegómenos de uma genealogia moral do
Serviço Social -Carlos Jacques

- A centralidade da Ética na formação profissional - Cristina Maria Brites e Maria Lúcia
Barroco

VALORES BÁSICOS DO PROJECTO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL
1 - A LIBERDADE

2 - A DEFESA INTRANSIGENTE DOS DIREITOS HUMANOS

3 - A DEMOCRATIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS

4 - UM COMPROMISSO COM A COMPETÊNCIA

5 - UM COMPROMISSO COM A QUALIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADOS


DOCUMENTOS

A ÉTICA NO SERVIÇO SOCIAL. PRINCÍPIOS E VALORES, documento adoptado
pela Assembleia Geral da Federação Internacional de Trabalhadores Sociais, em Julho
de 1994.

DEFINIÇÃO DE TRABALHO SOCIAL, adoptada pela Federação Internacional de
Trabalhadores Sociais, documento divulgado pela Associação de Profissionais de
Serviço Social em 2000.

PRINCÍPIOS ÉTICOS Y POLÍTICOS PARA LAS ORGANIZACIONES
PROFESIONALES DE TRABAJO SOCIAL DEL MERCOSUR, documento cedido
pelo Comité Mercosur de Organizações Profissionais de Trabalho Social.

CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS, aprovado em
Brasília pelo Conselho Federal de Serviço Social no dia 13 de Março de 1993.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Psicossociologia análise social e intervenção
Psicossociologia   análise social e intervençãoPsicossociologia   análise social e intervenção
Psicossociologia análise social e intervençãoAriane Mafra
 
Texto 10 sócio hist. e comunitária
Texto 10 sócio hist. e comunitáriaTexto 10 sócio hist. e comunitária
Texto 10 sócio hist. e comunitáriaPsicologia_2015
 
Texto 8 sócio histórica
Texto 8 sócio históricaTexto 8 sócio histórica
Texto 8 sócio históricaPsicologia_2015
 
Texto 7 homem em movimento
Texto 7 homem em movimentoTexto 7 homem em movimento
Texto 7 homem em movimentoPsicologia_2015
 
A ciência e os avanços do conhecimento em sociologia
A ciência e os avanços do conhecimento em sociologiaA ciência e os avanços do conhecimento em sociologia
A ciência e os avanços do conhecimento em sociologiaFernando Alcoforado
 
Histórico da psicologia social
Histórico da psicologia socialHistórico da psicologia social
Histórico da psicologia socialmnatrodrigues
 
Texto complem. 1 psi soc contemporanea
Texto complem. 1 psi soc contemporaneaTexto complem. 1 psi soc contemporanea
Texto complem. 1 psi soc contemporaneaPsicologia_2015
 
Investigação revista investigação e debate
Investigação revista investigação e debateInvestigação revista investigação e debate
Investigação revista investigação e debateUniversidade de Coimbra
 
Apostila classicos-sociologia
Apostila classicos-sociologiaApostila classicos-sociologia
Apostila classicos-sociologiaCristina Bentes
 
Jacques relacoes sociais_e_etica
Jacques relacoes sociais_e_eticaJacques relacoes sociais_e_etica
Jacques relacoes sociais_e_eticaJéssica Petersen
 
Apostila psicologia social comunitária
Apostila psicologia social   comunitáriaApostila psicologia social   comunitária
Apostila psicologia social comunitáriaamanda cristina
 
Ue 5 -_a_etica_e_seus_instrumentos_criticos
Ue 5 -_a_etica_e_seus_instrumentos_criticosUe 5 -_a_etica_e_seus_instrumentos_criticos
Ue 5 -_a_etica_e_seus_instrumentos_criticosDi Bilizario
 
Fatenp aula sociologia 3
Fatenp aula sociologia 3Fatenp aula sociologia 3
Fatenp aula sociologia 3Daniel Boppré
 
Aula a evolução dos códigos de ética profissional
Aula a evolução dos códigos de ética  profissionalAula a evolução dos códigos de ética  profissional
Aula a evolução dos códigos de ética profissionalJúlia Nascimento
 
O ensino de Psicologia Social
O ensino de Psicologia SocialO ensino de Psicologia Social
O ensino de Psicologia Socialmnatrodrigues
 
Comportamento humano nas Organizações: atitude comportamental, organização e...
 Comportamento humano nas Organizações: atitude comportamental, organização e... Comportamento humano nas Organizações: atitude comportamental, organização e...
Comportamento humano nas Organizações: atitude comportamental, organização e...A. Rui Teixeira Santos
 

La actualidad más candente (20)

Psicossociologia análise social e intervenção
Psicossociologia   análise social e intervençãoPsicossociologia   análise social e intervenção
Psicossociologia análise social e intervenção
 
Silvia lane
Silvia laneSilvia lane
Silvia lane
 
Texto 10 sócio hist. e comunitária
Texto 10 sócio hist. e comunitáriaTexto 10 sócio hist. e comunitária
Texto 10 sócio hist. e comunitária
 
Texto 8 sócio histórica
Texto 8 sócio históricaTexto 8 sócio histórica
Texto 8 sócio histórica
 
Texto 7 homem em movimento
Texto 7 homem em movimentoTexto 7 homem em movimento
Texto 7 homem em movimento
 
A ciência e os avanços do conhecimento em sociologia
A ciência e os avanços do conhecimento em sociologiaA ciência e os avanços do conhecimento em sociologia
A ciência e os avanços do conhecimento em sociologia
 
Histórico da psicologia social
Histórico da psicologia socialHistórico da psicologia social
Histórico da psicologia social
 
Texto complem. 1 psi soc contemporanea
Texto complem. 1 psi soc contemporaneaTexto complem. 1 psi soc contemporanea
Texto complem. 1 psi soc contemporanea
 
Investigação revista investigação e debate
Investigação revista investigação e debateInvestigação revista investigação e debate
Investigação revista investigação e debate
 
Apostila classicos-sociologia
Apostila classicos-sociologiaApostila classicos-sociologia
Apostila classicos-sociologia
 
Jacques relacoes sociais_e_etica
Jacques relacoes sociais_e_eticaJacques relacoes sociais_e_etica
Jacques relacoes sociais_e_etica
 
Apostila psicologia social comunitária
Apostila psicologia social   comunitáriaApostila psicologia social   comunitária
Apostila psicologia social comunitária
 
Ue 5 -_a_etica_e_seus_instrumentos_criticos
Ue 5 -_a_etica_e_seus_instrumentos_criticosUe 5 -_a_etica_e_seus_instrumentos_criticos
Ue 5 -_a_etica_e_seus_instrumentos_criticos
 
Fatenp aula sociologia 3
Fatenp aula sociologia 3Fatenp aula sociologia 3
Fatenp aula sociologia 3
 
Artigo - A psicologia social
Artigo - A psicologia socialArtigo - A psicologia social
Artigo - A psicologia social
 
Artigo Carol Andion
Artigo Carol AndionArtigo Carol Andion
Artigo Carol Andion
 
Aula a evolução dos códigos de ética profissional
Aula a evolução dos códigos de ética  profissionalAula a evolução dos códigos de ética  profissional
Aula a evolução dos códigos de ética profissional
 
O ensino de Psicologia Social
O ensino de Psicologia SocialO ensino de Psicologia Social
O ensino de Psicologia Social
 
Texto2 1
Texto2 1Texto2 1
Texto2 1
 
Comportamento humano nas Organizações: atitude comportamental, organização e...
 Comportamento humano nas Organizações: atitude comportamental, organização e... Comportamento humano nas Organizações: atitude comportamental, organização e...
Comportamento humano nas Organizações: atitude comportamental, organização e...
 

Destacado

Crise Académica de 1969 - Universidade de Coimbra-Reportagem Fotográfica
Crise Académica de 1969 - Universidade de Coimbra-Reportagem FotográficaCrise Académica de 1969 - Universidade de Coimbra-Reportagem Fotográfica
Crise Académica de 1969 - Universidade de Coimbra-Reportagem FotográficaMarinela St. Aubyn
 
Marques de pombal
Marques de pombalMarques de pombal
Marques de pombalsylvialuzo
 
O projeto pombalino de inspiração iluminista
O projeto pombalino de inspiração iluministaO projeto pombalino de inspiração iluminista
O projeto pombalino de inspiração iluministaStelian Ravas
 
O projecto pombalino de inspiração iluminista
O projecto pombalino de inspiração iluministaO projecto pombalino de inspiração iluminista
O projecto pombalino de inspiração iluministaCarla Teixeira
 
Marqês de Pombal e as reformas pombalinas
Marqês de Pombal e as reformas pombalinasMarqês de Pombal e as reformas pombalinas
Marqês de Pombal e as reformas pombalinasDeaaSouza
 
Reformas pombalinas: educação
Reformas pombalinas: educaçãoReformas pombalinas: educação
Reformas pombalinas: educaçãoMaria Gomes
 

Destacado (9)

Crise Académica de 1969 - Universidade de Coimbra-Reportagem Fotográfica
Crise Académica de 1969 - Universidade de Coimbra-Reportagem FotográficaCrise Académica de 1969 - Universidade de Coimbra-Reportagem Fotográfica
Crise Académica de 1969 - Universidade de Coimbra-Reportagem Fotográfica
 
Marques de pombal
Marques de pombalMarques de pombal
Marques de pombal
 
O projeto pombalino de inspiração iluminista
O projeto pombalino de inspiração iluministaO projeto pombalino de inspiração iluminista
O projeto pombalino de inspiração iluminista
 
O projecto pombalino de inspiração iluminista
O projecto pombalino de inspiração iluministaO projecto pombalino de inspiração iluminista
O projecto pombalino de inspiração iluminista
 
Reformas pombalinas
Reformas pombalinasReformas pombalinas
Reformas pombalinas
 
Politica pombalina
Politica pombalinaPolitica pombalina
Politica pombalina
 
Marqês de Pombal e as reformas pombalinas
Marqês de Pombal e as reformas pombalinasMarqês de Pombal e as reformas pombalinas
Marqês de Pombal e as reformas pombalinas
 
Reformas pombalinas: educação
Reformas pombalinas: educaçãoReformas pombalinas: educação
Reformas pombalinas: educação
 
Marquês de Pombal
Marquês de PombalMarquês de Pombal
Marquês de Pombal
 

Similar a Etica deontologia e projectos profissionais

A dimensão investigativa no exercício profissional
A dimensão investigativa no exercício profissionalA dimensão investigativa no exercício profissional
A dimensão investigativa no exercício profissionalMaristela Mattedi
 
etica profissional em Servico Social 2023.pptx
etica profissional em Servico Social 2023.pptxetica profissional em Servico Social 2023.pptx
etica profissional em Servico Social 2023.pptxArmandoPedroJonas
 
O serviço social na cena contemporânea
O serviço social na cena contemporâneaO serviço social na cena contemporânea
O serviço social na cena contemporâneaRita Jussara
 
A construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo netto
A construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo nettoA construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo netto
A construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo nettodeyselfreire
 
Texto26 P7
Texto26 P7Texto26 P7
Texto26 P7renatotf
 
Aula 3 - Ética no Serviço Público - normas e conduta dentro do serviço públic...
Aula 3 - Ética no Serviço Público - normas e conduta dentro do serviço públic...Aula 3 - Ética no Serviço Público - normas e conduta dentro do serviço públic...
Aula 3 - Ética no Serviço Público - normas e conduta dentro do serviço públic...bomfimrosimeirelima
 
8609-Texto do artigo-36396-1-10-20171219 (1).pdf
8609-Texto do artigo-36396-1-10-20171219 (1).pdf8609-Texto do artigo-36396-1-10-20171219 (1).pdf
8609-Texto do artigo-36396-1-10-20171219 (1).pdfwisilca
 
A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social - José Paulo Netto
A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social - José Paulo NettoA Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social - José Paulo Netto
A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social - José Paulo NettoMacDannie
 
A construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo netto
A construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo nettoA construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo netto
A construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo nettoTadeus Dutra
 
A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social∗Por José Paulo Netto
A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social∗Por José Paulo NettoA Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social∗Por José Paulo Netto
A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social∗Por José Paulo NettoRosane Domingues
 
A Construção Teórica e Metodológica do Serviço Social.pptx
A Construção Teórica e Metodológica do Serviço Social.pptxA Construção Teórica e Metodológica do Serviço Social.pptx
A Construção Teórica e Metodológica do Serviço Social.pptxarmando jonas
 
4 -o_projeto_etico-politico_do_servico_social
4  -o_projeto_etico-politico_do_servico_social4  -o_projeto_etico-politico_do_servico_social
4 -o_projeto_etico-politico_do_servico_socialJoyce Dias
 

Similar a Etica deontologia e projectos profissionais (20)

éTica e serviço social
éTica e serviço socialéTica e serviço social
éTica e serviço social
 
ETICA E COMPETENCIA.pdf
ETICA E COMPETENCIA.pdfETICA E COMPETENCIA.pdf
ETICA E COMPETENCIA.pdf
 
Etica e Educacao
Etica e EducacaoEtica e Educacao
Etica e Educacao
 
A dimensão investigativa no exercício profissional
A dimensão investigativa no exercício profissionalA dimensão investigativa no exercício profissional
A dimensão investigativa no exercício profissional
 
3 etica-profissional
3 etica-profissional3 etica-profissional
3 etica-profissional
 
Artigo - Ética do policial
Artigo - Ética do policialArtigo - Ética do policial
Artigo - Ética do policial
 
Profissão serviço social
Profissão serviço socialProfissão serviço social
Profissão serviço social
 
etica profissional em Servico Social 2023.pptx
etica profissional em Servico Social 2023.pptxetica profissional em Servico Social 2023.pptx
etica profissional em Servico Social 2023.pptx
 
O serviço social na cena contemporânea
O serviço social na cena contemporâneaO serviço social na cena contemporânea
O serviço social na cena contemporânea
 
A construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo netto
A construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo nettoA construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo netto
A construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo netto
 
Dce sociologia
Dce sociologiaDce sociologia
Dce sociologia
 
Texto26 P7
Texto26 P7Texto26 P7
Texto26 P7
 
Aula 3 - Ética no Serviço Público - normas e conduta dentro do serviço públic...
Aula 3 - Ética no Serviço Público - normas e conduta dentro do serviço públic...Aula 3 - Ética no Serviço Público - normas e conduta dentro do serviço públic...
Aula 3 - Ética no Serviço Público - normas e conduta dentro do serviço públic...
 
8609-Texto do artigo-36396-1-10-20171219 (1).pdf
8609-Texto do artigo-36396-1-10-20171219 (1).pdf8609-Texto do artigo-36396-1-10-20171219 (1).pdf
8609-Texto do artigo-36396-1-10-20171219 (1).pdf
 
A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social - José Paulo Netto
A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social - José Paulo NettoA Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social - José Paulo Netto
A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social - José Paulo Netto
 
A construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo netto
A construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo nettoA construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo netto
A construção do projeto ético político do serviço social - josé paulo netto
 
A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social∗Por José Paulo Netto
A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social∗Por José Paulo NettoA Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social∗Por José Paulo Netto
A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social∗Por José Paulo Netto
 
Atuação profissional
Atuação profissionalAtuação profissional
Atuação profissional
 
A Construção Teórica e Metodológica do Serviço Social.pptx
A Construção Teórica e Metodológica do Serviço Social.pptxA Construção Teórica e Metodológica do Serviço Social.pptx
A Construção Teórica e Metodológica do Serviço Social.pptx
 
4 -o_projeto_etico-politico_do_servico_social
4  -o_projeto_etico-politico_do_servico_social4  -o_projeto_etico-politico_do_servico_social
4 -o_projeto_etico-politico_do_servico_social
 

Más de Universidade de Coimbra

Entrepreneurhip tensions between market and governement
Entrepreneurhip tensions between market and governementEntrepreneurhip tensions between market and governement
Entrepreneurhip tensions between market and governementUniversidade de Coimbra
 
Práticas quotidianas e construção de conhecimento
Práticas quotidianas e construção de conhecimentoPráticas quotidianas e construção de conhecimento
Práticas quotidianas e construção de conhecimentoUniversidade de Coimbra
 
Engenharia social, trabalho em rede e empowerment
Engenharia social, trabalho em rede e empowermentEngenharia social, trabalho em rede e empowerment
Engenharia social, trabalho em rede e empowermentUniversidade de Coimbra
 
Caracteristicas genericas da engenharia social
Caracteristicas genericas da engenharia socialCaracteristicas genericas da engenharia social
Caracteristicas genericas da engenharia socialUniversidade de Coimbra
 
7 diagnostico-objectivos-estrategias de intervencao
7   diagnostico-objectivos-estrategias de intervencao7   diagnostico-objectivos-estrategias de intervencao
7 diagnostico-objectivos-estrategias de intervencaoUniversidade de Coimbra
 
3 planeamento, gestão de projectos e desenvolvimento participativo
3   planeamento, gestão de projectos e desenvolvimento participativo3   planeamento, gestão de projectos e desenvolvimento participativo
3 planeamento, gestão de projectos e desenvolvimento participativoUniversidade de Coimbra
 
2 papel dos actores no planeamento e gestão
2   papel dos actores no planeamento e gestão2   papel dos actores no planeamento e gestão
2 papel dos actores no planeamento e gestãoUniversidade de Coimbra
 

Más de Universidade de Coimbra (20)

Entrepreneurhip tensions between market and governement
Entrepreneurhip tensions between market and governementEntrepreneurhip tensions between market and governement
Entrepreneurhip tensions between market and governement
 
17a1 inv e debate
17a1   inv e debate17a1   inv e debate
17a1 inv e debate
 
18a1 inv e debate
18a1  inv e debate18a1  inv e debate
18a1 inv e debate
 
Práticas quotidianas e construção de conhecimento
Práticas quotidianas e construção de conhecimentoPráticas quotidianas e construção de conhecimento
Práticas quotidianas e construção de conhecimento
 
Intervenção em rede
Intervenção em redeIntervenção em rede
Intervenção em rede
 
Fontes de legitimação
Fontes de legitimaçãoFontes de legitimação
Fontes de legitimação
 
Estudo de caso
Estudo de casoEstudo de caso
Estudo de caso
 
Engenharia social, trabalho em rede e empowerment
Engenharia social, trabalho em rede e empowermentEngenharia social, trabalho em rede e empowerment
Engenharia social, trabalho em rede e empowerment
 
Eixos estruturantes do partenariado
Eixos estruturantes do partenariadoEixos estruturantes do partenariado
Eixos estruturantes do partenariado
 
Contextos criticos
Contextos criticosContextos criticos
Contextos criticos
 
Competências e perfis profissionais
Competências e perfis profissionaisCompetências e perfis profissionais
Competências e perfis profissionais
 
Caracteristicas genericas da engenharia social
Caracteristicas genericas da engenharia socialCaracteristicas genericas da engenharia social
Caracteristicas genericas da engenharia social
 
Articulação teoria prática- resumo
Articulação teoria prática- resumoArticulação teoria prática- resumo
Articulação teoria prática- resumo
 
Investigação em serviço social
Investigação em serviço socialInvestigação em serviço social
Investigação em serviço social
 
7 diagnostico-objectivos-estrategias de intervencao
7   diagnostico-objectivos-estrategias de intervencao7   diagnostico-objectivos-estrategias de intervencao
7 diagnostico-objectivos-estrategias de intervencao
 
6 elaboracao do pre-diagnostico
6   elaboracao do pre-diagnostico6   elaboracao do pre-diagnostico
6 elaboracao do pre-diagnostico
 
5 concepção de projectos
5   concepção de projectos5   concepção de projectos
5 concepção de projectos
 
4 historia do planeamento
4   historia do planeamento4   historia do planeamento
4 historia do planeamento
 
3 planeamento, gestão de projectos e desenvolvimento participativo
3   planeamento, gestão de projectos e desenvolvimento participativo3   planeamento, gestão de projectos e desenvolvimento participativo
3 planeamento, gestão de projectos e desenvolvimento participativo
 
2 papel dos actores no planeamento e gestão
2   papel dos actores no planeamento e gestão2   papel dos actores no planeamento e gestão
2 papel dos actores no planeamento e gestão
 

Etica deontologia e projectos profissionais

  • 1. SERVIÇO SOCIAL ÉTICA, DEONTOLOGIA & PROJECTOS PROFISSIONAIS Helena Almeida A obra que passo a apresentar surge na sequência de um conjunto de iniciativas promovidas pelo Centro Português de Investigação em História e Trabalho Social (CPIHTS), designadamente um curso sobre “Ética profissional, Direitos Humanos e Responsabilidade Social” e um Seminário sobre “Serviço Social: Ética, Responsabilidade Social e Projecto Social”, e explicita de forma clara a intenção de promover o debate em torno da questão da cultura profissional dos assistentes sociais. O livro enquadra-se ainda numa estratégia de divulgação do esforço empreendido pelo CPIHTS na creditação da área do Serviço Social enquanto domínio científico. Trata-se de uma obra colectiva publicada em parceria do CPIHTS com a Veras Editora e o Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, e foi apoiada pelo Ministério do Trabalho e Solidariedade, pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, pela Associação de Profissionais de Serviço Social e pelo Projecto Atlântida. Apresenta um preâmbulo do seu organizador e Presidente do CPIHTS, Alfredo Henrique, e é constituída por duas partes complementares: uma de artigos reflexivos sobre ética, deontologia e projectos profissionais e outra de documentos essenciais à compreensão do estado da questão. Conta com a colaboração de investigadores como José Paulo Netto, Maria Lúcia Barroco, Carlos Jacques, Jorge Cabral e Cristina Maria Brites, o que à partida constitui um incentivo à leitura pela qualidade que é reconhecida à sua produção científica e ao sentido crítico que usualmente lhe está associado. Trata-se , pois, de uma obra colectiva onde se inscrevem os seguintes artigos:
  • 2. A construção do Projecto Ético-político do Serviço Social frente à crise Contemporânea - José Paulo Netto • Os fundamentos Sócio-históricos da Ética – Maria Lúcia Barroco • Ética e Solidariedade – Jorge Cabral • Ética e Deontologia Profissional – Jorge Cabral • O que é ser um bom Assistente Social? Prolegómenos de uma genealogia moral do Serviço Social – Carlos Jacques • A centralidade da Ética na formação profissional – Cristina Maria Brites e Maria Lúcia Barroco O debate da questão do projecto ético-político do Serviço Social é recente o que contribui para a relevância científica desta obra, tanto no plano dos conceitos como no da argumentação, articulados no discurso e apenas distintos para efeitos de análise. A obra encontra-se estruturada em torno da análise dos conceitos de projecto profissional, moral, ética e deontologia profissional, e propõe a reflexão do quotidiano profissional e a genealogia moral como métodos de abordagem da questão ética do serviço social . Sem pretender apresentar aqui a riqueza dos conteúdos dos vários artigos que integram a obra, destaco quatro ideias implícitas à reflexão desenvolvida pelos autores.
  • 3. I – Como distinguir Moral e Ética ? Os fundamentos da ética são sociais e históricos. Só o ser social age eticamente uma vez que só ele é capaz de agir com consciência e liberdade. Para agir teleologicamente o Homem cria alternativas de valor, escolhe entre elas, incorporando-as nas suas finalidades. Neste contexto, e no sentido de explicitar as formas específicas de objectivação da ética, Maria Lúcia Barroco estabeleceu a distinção entre prática moral, a acção ética e reflexão filosófica sobre elas. “A moral é o conjunto de costumes e hábitos culturais, transformados em deveres e normas de conduta, que responde à necessidade de estabelecer parâmetros de convivência social. As normas morais são orientadas por princípios e valores que, quando estão legitimados socialmente, funcionam como deveres exigidos aos membros da sociedade, tendo por objectivo o bem da comunidade. No plano da moral as acções são valoradas como boas/más, justas/injustas, correctas/incorrectas” (Maria Lúcia Barroco, 34). “É no campo da moralidade que são estabelecidos os juízos de valor (...). Os deveres, as normas e os juízos configuram o carácter normativo da moral e atendem a expectativas sociais diante do comportamento dos indivíduos” (ibid., 35). “A moral e os valores são sempre sociais e históricos: são construções culturais objectivas inscritas nas relações sociais inerentes à (re)produção da vida social” (ibid, 35). Os costumes são considerados como deveres porque são fruto de um consenso social acerca do que é bom para a colectividade. Tal facto leva a que se crie uma expectativa de que os indivíduos respeitem tais deveres, mas para isso é preciso que eles os aceitem conscientemente como legítimos, “daí a necessidade de criar a vinculação entre o dever e a consciência moral, entre o carácter social da moral e a sua aceitação subjectiva” (ibid., 35).
  • 4. A moral constitui a prática dos indivíduos na sua singularidade e a ética é a reflexão teórica e a acção livre voltada ao humano. O conteúdo da reflexão ética é a própria realidade moral. ”As normas e os valores não são instituídos pela teoria, mas por necessidades práticas. A teoria pode contribuir para entender esse processo, indagando sobre o seu significado e voltando à prática para contribuir na sua transformação” (ibid.36) A consciência da universalidade do Homem, o consciente respeito do outro, o agir individualmente em função do seu compromisso com projectos colectivos, constituem indicadores de um comportamento ético provido de um “sujeito consciente das suas escolhas e responsabilidades na sociedade” (ibid., 37). A reflexão ética contribui para a descoberta das implicações éticas do agir social e do significado dos valores existentes nas relações de poder. II – Genealogia da moral do Serviço Social, uma proposta metodológica fundamental à construção da identidade profissional ? “Se por deontologia entendemos o conjunto de deveres exigidos aos profissionais, uma ética de obrigações para consigo próprio, com os outros e com a comunidade, parece evidente que todas as profissões implicam uma ética, pois todas se relacionam directa ou indirectamente com outros seres humanos” (Cabral, 52). Crítico da abordagem positivista da ética profissional, cuja finalidade reside essencialmente na exploração da natureza de problemas e dilemas morais, avançando com a prescrição de formas de agir correctamente, Carlos Jacques (59-71) propõe uma alternativa : a genealogia da moral do serviço social. Referindo Nietzsche e Foucault, define genealogia como o estudo das condições de possibilidade da verdade de um discurso. As condições podem ser internas ao discurso (critérios de cientificidade, tradições disciplinares, técnicas retóricas,...) e externas (relações sociais, relações de poder, contexto histórico, ...), ambas contribuindo para determinar as condições de verdade de
  • 5. um discurso. Simultaneamente descritiva e crítica, a genealogia apresenta uma dimensão crítica fundada no complexo histórico que legitima um discurso. Aquilo que se afirma sobre a moral do serviço social tem a sua própria história, uma história que acumula e constitui as condições de legitimidade daquilo que é afirmado. A genealogia moral constitui uma proposta de investigação sobre as condições de legitimidade do discurso moral, um método de análise da moral do serviço social, que avalia a importância dos valores que integra e abre caminho a outras “possibilidades históricas de agir profissionalmente”( ibid. 62). O conceito do “social” determinou e continua a determinar os valores básicos da profissão. A finalidade de uma profissão e os valores subjacentes a essa finalidade são condicionados pela história da profissão e pela história da sociedade em que se insere. Por isso, a genealogia do social coloca em evidência a história do serviço social, num evoluir nem sempre tranquilo tendo mantido inalterado o objectivo da coesão social. De acordo com o código deontológico internacional do Serviço Social de 1994, os assistentes sociais devem colocar os seus objectivos, conhecimentos e experiência ao serviço dos indivíduos, dos grupo, das comunidades e da sociedade, apoiando-os no seu desenvolvimento e na resolução dos seus conflitos individuais ou colectivos e nas consequências que daí advêm, descortinando-se o propósito de assegurar as relações de solidariedade que constituem a sociedade. O serviço social assume deste modo uma posição conservadora, integrando-se num conjunto de políticas e instituições dedicadas à promoção da coesão social e na manutenção da realidade dominante. Segundo o autor, a alteração da sua justificação moral, o seu conservadorismo, exige mais do que simplesmente reconceptualizar a natureza das suas acções no campo social. Terá que ir ao encontro do princípio da soberania democrática. III – Em que consiste o Projecto Profissional?
  • 6. Como refere Paulo Netto, os homens agem sempre teleologicamente. As suas acções são sempre orientadas para objectivos-metas e fins. A acção humana implica sempre um projecto que é uma antecipação ideal da finalidade que se pretende alcançar, com a inovação dos valores que a legitimam e a escolha dos meios para a atingir. Apenas os projectos societários, aqueles que apresentam uma imagem da sociedade a ser construída, e que reclamam valores e privilegiam meios materiais e culturais para concretizar essa sociedade, possuem uma dimensão política que envolve relações de poder. O Serviço Social não constitui uma unidade identitária, ele está alicerçado na diversidade de origens e expectativas sociais, comportamentos e preferências teóricas, ideológicas e societárias distintas. Por isso, a profissão de Serviço Social é um espaço plural de onde poderão emergir projectos profissionais diferentes. “Toda a categoria profissional é um campo de tensões e lutas” e a afirmação de um projecto profissional não suprime divergências e contradições. Ela deve fazer-se através do debate, pela discussão, pelo confronto de ideias. IV - Quais os valores básicos do projecto profissional do Serviço Social? A análise do projecto ético-político do serviço social no Brasil mostra que ele se centra nos seguintes valores: 1 - A Liberdade: Reconhece a liberdade como valor central, concebida historicamente como possibilidade de escolha entre alternativas concretas. Deste modo, a liberdade surge associada à autonomia, à emancipação e desenvolvimento dos sujeitos entendidos como actores providos de vontade. “O projecto profissional vincula-se a um projecto societário (ideal) que propõe a construção de uma nova ordem social, sem dominação e/ou exploração de classe, etnia e género” (Netto, 24). 2 - A Defesa intransigente dos Direitos Humanos:
  • 7. A equidade e a justiça social, na perspectiva da universalização do acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, a ampliação e a consolidação da cidadania constituem condição para a garantia dos direitos civis, políticos e sociais. 3 - A democratização de procedimentos: O projecto reclama-se radicalmente democrático, entendendo-se democratização como a “socialização da participação política e socialização da riqueza socialmente produzida”. 4 - Um compromisso com a competência: A competência profissional implica uma formação académica qualificada que viabilize a “análise concreta da realidade social” imprescindível ao desenvolvimento de procedimentos adequados. A auto-formação permanente e o exercício de uma postura investigativa revelam-se fundamentais. É necessário romper com o voluntarismo, com o isolamento profissional e com as falsas interpretações acerca da direcção social do projecto ético-profissional. 5 - Um compromisso com a qualidade dos serviços prestados: O projecto profissional radica num compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população, o que implica uma abertura das decisões institucionais à participação dos utentes. No Brasil, o Serviço Social tem-se vindo a afirmar em contextos diversos, e a sua expansão encontra-se legitimada pela crescente massa crítica e redimensionamento da formação, mas sobretudo “à reconquista dos direitos
  • 8. cívicos e sociais que acompanharam a restauração democrática da sociedade brasileira” (Netto, 22). O projecto profissional é um processo contínuo que se constroi no quotidiano, e que assenta numa proposta de resgate da centralidade da ética na formação profissional. A defesa e a reprodução dos princípios e valores éticos que lhe estão subjacentes exige sujeitos profissionais activos e autónomos. Como referem Cristina Maria Brites e Maria Lúcia Barroco “A formação ética, pela sua natureza filosófica, é pressuposto essencial, tanto para o desvelamento crítico do significado das escolhas individuais em face dos projectos colectivos, quanto para orientar a construção de respostas profissionais que, diante dos desafios quotidianos, tenham a capacidade objectiva de romper, em algumas situações, ou de resistir aos limites da ordem burguesa” (80). O contributo essencial deste livro reside no facto de considerar a existência ética como um recurso teórico acessível aos quadros profissionais que estão em formação, rompendo com a ausência de reflexão ética sobre a prática profissional. O estágio, enquanto experiência pré-profissional, permite a construção de uma identidade e postura éticas no processo de formação, e constitui “uma relação orgânica com o quotidiano”. Mas o interesse da obra aqui apresentada ultrapassa a qualidade dos referidos artigos. Para além de uma listagem das publicações do CPIHTS, o livro inclui ainda 4 documentos importantes para o estudo e reflexão das questões da ética, deontologia e projectos profissionais do Serviço Social, designadamente: • • A ética no serviço social. Princípios e Valores, documento adoptado pela Assembleia Geral da Federação Internacional de Trabalhadores Sociais, em Julho de 1994. • • Definição de Trabalho Social, adoptada pela Federação Internacional de Trabalhadores Sociais, documento divulgado pela Associação de Profissionais de Serviço Social em 2000.
  • 9. • Princípios Éticos y Políticos para las Organizaciones Profesionales de Trabajo Social del Mercosur, documento cedido pelo Comité Mercosur de Organizações Profissionais de Trabalho Social. • • Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais, aprovado em Brasília pelo Conselho Federal de Serviço Social no dia 13 de Março de 1993. Estes documentos mostram por si a actualidade do debate que aqui se inicia. É difícil numa obra colectiva estabelecer um fio condutor entre os contributos diversos dos autores que integra. Também nesse aspecto, a obra aqui apresentada responde a esta exigência. Aparentemente com algumas repetições no plano dos fundamentos teóricos, a natureza da escrita e as reflexões a que nos conduz permitem-nos estabelecer a riqueza de abordagem e uma matriz teórica referencial. Também por isso, a iniciativa desta publicação merece ser aplaudida. Coimbra, 22 de Abril de 2002. BIBLIOGRAFIA Artigos - A construção do Projecto Ético-político do Serviço Social frente à crise Contemporânea - José Paulo Netto - Os fundamentos Sócio-históricos da Ética -Maria Lúcia Barroco - Ética e Solidariedade -Jorge Cabral - Ética e Deontologia Profissional -Jorge Cabral - O que é ser um bom Assistente Social? Prolegómenos de uma genealogia moral do Serviço Social -Carlos Jacques - A centralidade da Ética na formação profissional - Cristina Maria Brites e Maria Lúcia Barroco VALORES BÁSICOS DO PROJECTO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL
  • 10. 1 - A LIBERDADE 2 - A DEFESA INTRANSIGENTE DOS DIREITOS HUMANOS 3 - A DEMOCRATIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS 4 - UM COMPROMISSO COM A COMPETÊNCIA 5 - UM COMPROMISSO COM A QUALIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADOS DOCUMENTOS A ÉTICA NO SERVIÇO SOCIAL. PRINCÍPIOS E VALORES, documento adoptado pela Assembleia Geral da Federação Internacional de Trabalhadores Sociais, em Julho de 1994. DEFINIÇÃO DE TRABALHO SOCIAL, adoptada pela Federação Internacional de Trabalhadores Sociais, documento divulgado pela Associação de Profissionais de Serviço Social em 2000. PRINCÍPIOS ÉTICOS Y POLÍTICOS PARA LAS ORGANIZACIONES PROFESIONALES DE TRABAJO SOCIAL DEL MERCOSUR, documento cedido pelo Comité Mercosur de Organizações Profissionais de Trabalho Social. CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS, aprovado em Brasília pelo Conselho Federal de Serviço Social no dia 13 de Março de 1993.