O documento discute os conceitos de naturalismo e construção social da sexualidade na antropologia. Também aborda noções de feminilidade e masculinidade em diferentes culturas, como práticas de alongamento dos lábios vaginais para definir o gênero feminino em Tete, Moçambique. Finalmente, examina como a socialização sustenta a vulnerabilidade feminina em relação a resultados sexuais negativos.
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Cultura e sexualidade resumo
1. Hélder Luís Página 1
Disciplina: Cultura e Sexualidade
Elaborado por: Hélder Luís
Neste primeiro modelo discute-se os pressupostos defendidos por Naturalismo e pelo
Construção social, conceitos chaves da sexualidade, percurso da Sexualidade na
Antropologia, noções de feminilidade e masculinidade na sexualidade, e Corpo como
constructo social.
Numa primeira fase no texto de Heilborn & Brandão (1999 pp. 7-17), onde nos trás o debate
teórico em torno da sexualidade que tem sido marcado pelo enfrentamento entre duas
posições: essencialismo e o construtivismo social.
• Essencialismo - A identidade sexual é natural; Interno a natureza; Sexo para
Reprodução/Procriação. O essencialismo defende a ideia de que a sexualidade é
determinada por factores biológicos e fisiológicos.
• Construtivismo social - Identidade sexual (o indivíduo é produto da sociedade),
culturalmente não existe uma forma específica de fazer sexo, tudo é fruto da
construção social. O Construtivismo social explica a sexualidade como um constructo
social, produto de forças históricas e sociais. Assim, a identidade sexual de cada
indivíduo seria uma escolha ou uma opção, o que definiria as diferenças seriam as
condições sociais e culturais.
Tanto o Essencialismo como o Construtivismo social, considera que, as condições históricas
culturais e sociais são factores importantes na construção da sexualidade. O Essencialismo,
no entanto, é mais centrado nos aspectos biológicos definidos pela hereditariedade, enquanto
o construtivismo dá maior ênfase aos aspectos sociais.
Género e Sexualidade
Segundo Amâncio (1994) a inferiorização das mulheres é uma condição necessária e não
hesita em recorrer a evidência sobre os volumes dos cérebros, para mostrar que a perda de
capacidades intelectuais é indispensável para que as mulheres desenvolvam os atributos que
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distinguem a feminilidade e lhes permitem a especialização em funções afectivas, enquanto as
funções intelectuais ficam reservadas aos homens.
Margaret Mead considerava que a masculinidade emergia da necessidade de criar e afirmar
uma identidade que não é inerente ao desenvolvimento fisiológico dos homens, ao contrário
do que acontece com as mulheres, cujo ciclo da vida é todo ele marcado pela função
reprodutora.
Conceitos chaves:
Sexo – características biológicas (órgãos sexuais);
Género – características sociais (papeis sociais);
Sexualidade – campo de análise desses todos campos (corpo do individuo como ele se
comporta), atracções sexuais, práticas e identidade sexual.
Percurso da Sexualidade na Antropologia
A pesquisa e a teoria antropológicas desenvolveram-se lentamente, partilhando um paradigma
teórico estável (o modelo de influência cultural) desde os anos 20 até os 90. Embora fosse
além das estruturas determinista e essencialista ainda comuns na biomedicina, o trabalho
antropológico ainda assim considerava aspectos importantes da sexualidade como universais e
transculturais. A teoria da construção social propôs um desafio aos modelos antropológicos
tradicionais, e a partir de 1975 tem sido responsável por uma explosão de trabalhos
inovadores sobre a sexualidade, tanto na Antropologia como em outras disciplinas. As origens
e implicações teóricas da teoria construtivista são investigadas. A competição cada vez maior
entre a influência cultural e os paradigmas construtivistas foi alterada pelo surgimento da
AIDS e do subsequente apoio mais substancial para a pesquisa sobre a sexualidade. Por bom
lado, a expansão do financiamento às pesquisas ameaça fortalecer os modelos essencialistas
em contextos biomédicos e os modelos de influência cultural na Antropologia. Por outro, as
complexidades e as ambiguidades inerentes à sexualidade estudada podem revelar a força das
abordagens construtivistas e estimular o desenvolvimento da pesquisa e da teoria na
Antropologia.
O ensaio de Alexander Goldenweiser, “Sexo e Sociedade Primitiva”, sugere que a
sexualidade tem sido um foco importante para a investigação antropológica. Na verdade, essa
é a reputação que os antropólogos conferiram a si mesmos: investigadores destemidos dos
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costumes e práticas sexuais em todo o mundo, rompendo tabus intelectuais protofónicos
comuns em outras disciplinas mais tímidas. Na realidade, a relação da antropologia com o
estudo da sexualidade é mais complexa e contraditória.
No texto da professora, Antropóloga, Carole S. Vance, intitulado "A antropologia redescobre
a sexualidade", visa debater inicialmente as desigualdades que os estudos antropológicos
enfrentam para transmitirem seus conhecimentos no campo da sexualidade.
Em seguida a autora vai compartilhar seus pensamentos através de subtemas que discutirão a
sexualidade, género e identidade, correlacionando cada uma delas entre si, partindo do
pressuposto da análise da construção social da sexualidade.
Ao tratar do tema sexualidade e género, a autora vai discorrer sobre a intenção das activistas
femininas promoverem uma tentativa de separarem sexualidade dos papéis imputados às
mulheres e resistirem criticamente as teorias que utilizavam a reprodução como forma natural
e inevitável da subordinação da mulher. Esse reexame teórico proporcionou uma investigação
profunda do determinismo biológico e dos papéis atribuídos às mulheres, uma vez que, estes
papéis variavam completamente de cultura para cultura. "O que parecia um corpo
naturalmente marcado pelo género era, na verdade, um produto mediado socialmente em alto
grau" (p.11).
Com uma considerável contribuição da Antropóloga Gayle Rubim, que descreveu a
sexualidade e género em domínios distintos, bem como a sexualidade e o género como
fenómenos analiticamente distintos, levou a concepção de que mais importante que estudar as
mudanças na expressão do comportamento e atitudes sexuais, era examinar estas mudanças no
interior das bases do modo como o género e a sexualidade se organizam no interior das
relações que estabeleciam entre si no que tange ao subtema sexualidade e identidade, Carole
trata do surgimento das questões da homossexualidade masculina na Europa e na América do
Séc. XIX, e da falta de reconhecimento e das tentativas de autores em enfrentar as questões de
identidade sexual sob a perspectiva da construção social; surge nessa época uma abordagem
reconhecida, chamada Construtivista.
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Noções de feminilidade e masculinidade na sexualidade
Na perspectiva de Braun (2005) e Lorber (1993), mostra que sexo é vista como uma
construção social associada a biologia. Onde apresenta a questão da reconstituição do imane
que é aparte vaginal da mulher de genital quando é desvirginada. Ex: cirurgia da genital para
transformação, reduzindo a pele da vagina para que o Clito esteja mais exposto para fácil
excitação do lado da mulher.
Quanto na abordagem de Bagnol & Mariano (2011), no seu estudo feito na província de Tete
intitulado Género, Sexualidade e Praticas Vaginais. O corpo feminino e masculino tem uma
representação simbólica nas sociedades onde foram feitas a etnografia, e viu-se que há uma
sucessão da sexualidade de produção com elementos da cultura material que define os papéis
sócias dos géneros. O homem não só tendo a função de abrir e fechar o corpo da mulher, mas
também de reproduzir e a mulher tem a vagina como a porta de entrada do homem e novos
seres ou melhor filhos.
Na província de Tete uma pessoa se torna mulher se tiver transformado o seu corpo com o
alongamento de lábios vaginais, nesse contexto a prática de alongamento de lábios vaginais
são condições necessárias para uma pessoa ser mulher uma vez que nessa sociedade não se
nasce mulher mas se torna mulher com a efectuação dessas práticas. Nesta ordem de ideia, o
corpo em se não significa nada, dai que ela é transformada em biológico para o social através
das práticas de alongamentos dos pequenos lábios vaginais. Bagnol & Mariano (2011 p. 43-
53).
O acto da transformação do corpo biológico em social é acompanhado com uma madrinha
que ajuda a afilhada de seus 8 a 10 anos de idades, para além das madrinhas encontramos as
tias e amigas que ajudam a puxar os pequenos lábios. Esse acompanhamento vai até aos 15
anos alturas em que elas já se sentem prontas para uma vida sexual, mas a prática contínua até
a pessoa achar que o tamanho das matunas lhe agrada e ao seu homem.
O acto de alongamento de lábios menores da vagina esta também relacionados com algumas
noções básicas da feminilidade, em que fechar matingi o orifício vaginal que naturalmente
aberto a nascença, também aberto com pelos coitos, pelo nascimento de filhos, mas também
com os jogos da sexualidade eróticas entre os parceiros que contribui para o prazer das ambas
partes. Bagnol & Mariano (2011 p. 43-53).
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Macie, Maharaj & Gresh (2011) em seu artigo, mostra as noções dominante de Masculinidade
em Moçambique e demonstram como a socialização sustenta a vulnerabilidade feminina, a
qual as expõe a resultados de praticas sexuais nefastos, nomeadamente, as gravidez
indesejadas e infecções de transmissão sexual, incluindo a infecção pelo HIV.
Do ponto de vistas das autoras adoptada nesse artigo é de que as masculinidades não são
entidades fixas e estas podem diferir e variar de acordo com as relações de género em
contextos sociais específicos.
As autoras apresentam aqui que o conceito de masculinidade é contextual. Para um homem da
zona urbana ser homem é preciso ter bom emprego, família, e condições financeira saudável.
Enquanto o da zona rural é preciso ter mulher e filhos para que seja visto como homem na
sociedade.