Empirismo
D. Hume (1711-1776) foi
um dos maiores filósofos do
século XVIII. Defendeu o
primado da experiência,
expôs as debilidades da
mente humana e
considerou que todo o
nosso conhecimento é
apenas provável e
verosímil.
Allan Ramsay,
David Hume, 1766
Empirismo
Empirismo é a doutrina epistemológica que defende: p. 163
1) o primado da experiência e dos sentidos. A única fonte do
conhecimento humano é a experiência sensível;
2) não há qualquer património a priori da razão: não existem ideias
inatas.
3) a consciência cognoscente não tira os seus conteúdos da razão;
tira-os exclusivamente da experiência. A mente é uma tábua rasa,
uma folha em branco;
4) o conhecimento é fruto da aprendizagem, a partir da experiência
sensível;
5) a experiência sensível é o critério para o conhecimento e para a sua
justificação;
6) os juízos são válidos a posteriori e não a priori.
Teses empiristas de David Hume: p.164
1 - todo o conhecimento deriva da experiência;
2 - a mente é uma tábua rasa;
3 - não existem ideias inatas.
Empirismo de David Hume
3 questões fundamentais a que sua teoria irá responder:
1- De onde provém o conhecimento?
2- Como procede o espírito ao raciocinar e construir o
conhecimento?
3 – Que tipo de conhecimento podemos obter?
1 – De onde provém o conhecimento?
R: da experiência
Perceções
Impressões Ideias
2 – Como procede o espírito para raciocinar e construir conhecimento?
R: O nosso raciocínio funciona por associação de ideias e antecipação de
acontecimentos (pela imaginação)
Associamos ideias segundo três princípios:
1 – semelhança: se dois objetos se assemelham, a ideia de um conduz o
pensamento ao outro (vejo um carro semelhante ao meu e penso no meu) ;
2 – contiguidade no espaço e/ou tempo: se dois objetos são contíguos no
espaço e/ou tempo, a ideia de um leva à ideia de outro (Se falarmos da Torre
Eiffel lembramo-nos de Paris);
3 – causa ou efeito: pensamos os objetos em função da relação de um com o
outro: a causa traz-nos ao pensamento o efeito. O efeito leva o nosso
pensamento para a causa (se olhar para uma cicatriz lembro-me da ferida que
a causou, se vir um terreno ressequido penso na falta de chuva)
O nosso conhecimento, as nossas crenças a propósito do mundo resultam
destas leis associativas da imaginação e não de raciocínios baseados em
ideias a priori.
3 – Que tipo de conhecimento podemos obter?
1) Conhecimento de ideias (sobre relações de ideias)
2) Conhecimento de fatos (sobre questões de fato)
Conhecimento de Ideias Conhecimento de fatos
- “um triângulo é um polígono com 3
lados”
- é um conhecimento a priori e consiste em
estabelecer relações entre as ideias que
constituem cada uma das proposições
- são verdades logicamente necessárias
(ex, as verdades lógicas e matemáticas)
que podem ser conhecidas sem recurso
às impressões
- são verdades analíticas MAS que nada
nos dizem sobre o que existe e acontece
no mundo
- “a neve é branca e fria”
- São verdades que implicam justificação
pela experiência
- o seu valor de verdade está dependente
do teste empírico. É um conhecimento a
posteriori
- São verdades sintéticas, que nos dão
informação sobre o que se passa no
mundo
- Baseiam-se na relação causa/efeito
Observamos A (fogueira) e depois B (cinzas) e concluímos: A
(fogueira) CAUSA B (cinza)
Inferimos, por INDUÇÃO (generalização/previsão):
A causa B; Sempre que acontecer A, acontecerá B
Mas nós não podemos observar (ter experiência) a relação
causal (a conexão necessária) entre A e B
Problema da causalidade
Inferimos, por INDUÇÃO (generalização/previsão):
Sempre que acontecer A, acontecerá B
A causa B; Sempre que acontecer A, acontecerá B
Mas nós não podemos observar (ter experiência) a relação
causal (a conexão necessária) entre A e B. Onde vamos buscar
essa ideia/crença?
Costume/hábito
Crença no princípio da uniformidade da natureza
Inferimos, por INDUÇÃO (generalização/previsão):
Sempre que acontecer A, acontecerá B
Problema: Na indução partimos de premissas com informação
relativa ao passado e/ou presente e chegamos a conclusões
sobre o futuro. Ora, nós não temos conhecimento/experiência
do futuro. Logo, as nossas conclusões indutivas não têm um
justificação racional ou empírica.
Baseia-se na nossa crença no princípio da uniformidade da
natureza. Princípio que é, ele próprio, uma indução.
Conhecimento: contingente, verosímil/provável
Problema da indução
Problema da causalidade
- Relação causa efeito não tem fundamentação racional ou
empírica
- Hábito/costume
Problema da indução
- Não tem fundamentação racional ou empírica
- Crença na uniformidade da natureza (ela própria obtida por
indução)
Ceticismo ( o nosso conhecimento baseia-se no costume ou
hábito e carece de prova empírica, não temos bases seguras
para o considerar absolutamente verdadeiro) moderado (não
conseguimos deixar de acreditar que a natureza tem um
comportamento uniforme e que o mundo exterior é real)
Empirismo
Vemos uma chama, por
exemplo, e concluímos que
queima (relação causal
entre chama e calor).
Como adquirimos crenças?
Impressão
Costume
A experiência repetida da
conjugação de chama e
calor cria uma associação
de ideias entre uma e outra
(crença ou ideia).
Empirismo
Crença e probabilismo:
ainda que a experiência
nos tenha ensinado que
os futuros se assemelham
aos passados, não
podemos daí concluir que
os futuros irão ser
idênticos aos passados.
Allan Ramsay,
David Hume, 1766
Experiência
sensível
A mente é, à partida, uma «tábua rasa».
Todo o conhecimento é adquirido
através da experiência sensível.
Indução
Após a ligação constante entre dois
objetos somos levados, unicamente
pelo costume ou hábito, a esperar por
um quando surge o outro (inferência
causal).
Conhecimento
probabilístico
O conhecimento resulta de processos
de generalização: entre o observado e o
não observado existe uma lacuna.
Empirismo de David Hume
• A experiência sensível é a única fonte de
conhecimento;
• Não existe qualquer património inato na mente;
• A mente é, à partida, uma tábua rasa;
• As ideias ou crenças têm por base impressões;
• Todo o conhecimento deriva de associações de ideias
(relações de causalidade) estabelecidas pelo hábito;
• A mente opera através de inferências indutivas;
• Todo o conhecimento é contingente:
verosímil.
Críticas ao empirismo de David Hume
• (1) é cético – o conhecimento está
limitado à experiência, o conhecimento
do não sensível/suprassensível – Deus,
p.e. – é impossível; a ideia de conexão
causal entre acontecimentos é
resultado do costume ou hábito
• (2) é reducionista – torna a experiência
a única fonte de conhecimento
Bibliografia
• AAVV, Enciclopedia Oxford de Filosofía, Madrid, 2001, Tecnos.
• A. Kenny, História Concisa da Filosofia Ocidental, Temas &
Debates, 2003.
• J. RUSS, A Aventura do Pensamento Europeu. Uma História
das Ideias Ocidentais, Terramar, 1997.