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Doraci Silva dos Santos
     Luís Antônio dos Santos
EXPERIÊNCIAS


    DE


    FÉ
         Doraci Silva dos Santos
         Luís Antônio dos Santos
Agradecimentos:



- A Deus


Por Sua Infinita Misericórdia, e pela Sabedoria doada para escrever estas linhas;

- À minha mãe


Mesmo em meio ao sofrimento infringido pelo falecimento de meu pai, enquanto escrevia
estas linhas, foi a idealizadora deste projeto, corrigindo e colaborando com a fidedignidade
dos fatos;



Aos meus irmãos e irmãs
Pela paciência



Às pessoas citadas nestas linhas
Por emprestarem seus nomes, mesmo que esta obra não tenha fins lucrativos.




                                                                           In Memorian

                                                                         Ao Pastor Agenor
                                                     (Pastor Jubilado da cidade de Tapes)

                                                                               Ao meu Pai
                                                                   Luiz Nunes dos Santos

                                                     Incondicional no apoio a este projeto,
                                   Infelizmente não teve a oportunidade de vê-lo realizado.




                                            2
Prefácio

Estas simples e poucas linhas foram escritas somente com a intenção de levar o leitor a
conhecer um pouco mais daquilo que Deus pode fazer na vida de pessoas humildes que
propuseram no seu coração apenas fazer Sua vontade.


Sem olhar para sua pequenez em termos eclesiásticos ou mesmo sua sofrível condição
social, não perderam a oportunidade que se abria para anunciar e testemunhar o poder
transformador da Palavra de Deus na vida de qualquer pessoa que O aceitasse como Único
e Suficiente Salvador.


As histórias aqui relatadas tiveram lugar, em sua maioria, na zona norte de Porto Alegre,
mais precisamente no bairro Sarandi, vila Elizabeth, e arredores, a partir de 1958 e,
praticamente, até aos dias de hoje.


Longe de querer acumular glória para si, os protagonistas destes escritos quiseram
demonstrar a Misericórdia e a Bondade de Deus, na vida de pessoas que não tiveram
qualquer pretensão, ao longo de suas vidas, de quererem destaque ou aproveitamento, sob
qualquer aspecto, das situações vivenciadas, o que pode ser comprovado pelo estilo
humilde de viver, que em muitas oportunidades, conforme demonstram os relatos,
envolveram tão somente questões espirituais e em momento algum, financeiros (no sentido
de aproveitamento).


Pelo contrário, a vida difícil relatada com a mais fidedigna das realidades demonstrou, em
muitos casos, que eram os partícipes da história que necessitavam de ajuda e, quando
menos esperavam, a Fidelidade e a Providência divina propiciavam o sustento necessário e
adequado àquela família.


A irmã Doraci Silva dos Santos, mas que atende pelo carinhoso e humilde apelido de “irmã
Dora”, mãe do concatenador das idéias aqui expostas, reside na vila e bairro acima citados,
sendo membro da Igreja Evangélica Assembléia de Deus desde 1960. Ela possui, hoje,
com 70 anos de idade, tendo sido consagrada Diaconiza há muitos anos atrás, na
congregação que trás o mesmo nome da vila onde reside. Ela aceitou a Jesus Cristo como
seu Salvador em 24/12/1960 tendo sido batizada nas águas em 03/02/1963, e com o



                                            3
batismo do Espírito Santo, com evidências de falar em línguas espirituais, em outubro do
mesmo ano.


Seu esposo, Luiz Nunes dos Santos, consagrado como Evangelista da mesma Igreja,
também há muitos anos, foi Encarregado de diversas congregações pertencentes ao distrito
Vila Elizabeth, como as congregações de Vila Nova Brasília e Vila União. Ele possuía 74
anos de idade até que o Senhor o chamou para o descanso eterno, em 09/06/2010. Aceitou
a Jesus como seu Salvador em 22/11/1962, tendo sido batizado nas águas em 02/03/1963,
e com o batismo no Espírito Santos, com evidências de falar em línguas espirituais, em
outubro do mesmo ano.


Ambos nascidos no município interiorano do Estado do Rio Grande do Sul, chamado Santo
Antônio da Patrulha. Conhecido como antigo produtor de cana-de-açúcar, este foi um dos
quatro grandes municípios em que era dividido o solo gaúcho.


O casal tem sete filhos conforme relatado em diversas ocasiões, tendo o primeiro sido
chamado de José Ricardo, o segundo de Luís Antônio, o terceiro de Milton Valmir, abrindo a
“série” das meninas nasceu a Miriam Rosane, logo depois dela nasceu o Joel Éverson, e,
por fim, as gêmeas Marliese Raquel e Marlise Isabel.


A família cresceu e o casal de anciãos teve cinco netos e quatro netas.


Os episódios relatados neste ensaio, o foram por minha mãe com total fidelidade e com a
maior riqueza de detalhes possível, principalmente aqueles tratados na primeira pessoa do
plural. Na segunda metade do livro (a partir de Vida de um epiléptico), o texto passa a ser
redigido na primeira pessoa do plural, em razão do contexto a que se propõe, e, também,
por que os relatos de minha mãe perduraram até aquele capítulo.




                                             4
Palavra do Pastor

Este livro retrata a história de uma família que Deus salvou e chamou para um propósito
especial na nossa geração: a Família Nunes. Família esta que representa bem o Salmo 37,
verso 23, que diz: “Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, Ele deleita-
se no seu caminho”.


Referindo-me à Irmã Dora: uma “mãezona”, mulher de fé, pessoa a qual Deus tem usado
muito em Suas mãos, tenho por ela um grande carinho e a amo como se fosse minha mãe,
e aos seus filhos, como meus irmãos. Esta família foi a primeira que me acolheu quando
cheguei à cidade de Porto Alegre.


Referindo-me ao Irmão Luiz Nunes, já de saudosa lembrança: deixou-nos o exemplo de um
homem amoroso, dedicado à família e abençoado na Obra de Deus. Da mesma maneira,
considerava-o como um pai, que sempre me dedicou o maior carinho. Sendo eu um obreiro
de Deus assim como ele, me apoiou e incentivou em meu Ministério.


Meu desejo é que Deus continue abençoando sempre esta família e que este livro venha
servir de bênção para que muitas outras famílias sigam o exemplo valoroso da Família
Nunes.


                                                            Pastor José Ferreira da Silva




                                            5
Introdução

Sempre fui muito católica, trabalhei como doméstica com uma família natural da Itália (que
também era muito católica) local onde me fizeram uma verdadeira lavagem cerebral. Saí
desta casa dia 29 de agosto de 1958 casando-me no dia seguinte.


Nascida e criada em família pobre, típica de cidade interiorana, sem ter contato com as
facilidades da capital.   Meus pais sempre foram agricultores e tinham como único
compromisso aos domingos, participar da missa que se realizava a cerca de dois
quilômetros de distância de onde morávamos.




                                            8
Minha conversão

Dias depois de nos estabilizarmos (eu e o meu esposo), em uma casa alugada em Porto
Alegre, no bairro Passo das Pedras, dois dos meus cunhados solteiros (Mário e Valdemar)
foram morar conosco. Ambos já haviam aceitado a Jesus como Salvador de sua alma e a
partir daí começaram a testificar de Jesus pra mim e logo em seguida se batizaram nas
águas em datas diferentes.   Convidaram-nos para o batismo, meu esposo mesmo não
querendo ir disse-me que se eu quisesse, poderia ir, entretanto, ele não. Mas Deus tem os
Seus planos, porém eu não os entendia.


Em 24 de dezembro de 1960, na programação de Natal, como é de costume nas igrejas
Assembléias de Deus, fomos à programação festiva, depois do convite insistente dos meus
cunhados.


Eu e meu esposo acompanhamos os dois jovens e chegando à frente da congregação na
Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, na entrada do Bairro Passo das Pedras (naquela época
não havia a linda e acolhedora congregação Passo das Pedras que tem hoje), lá estavam
algumas pessoas ensaiando os últimos detalhes da peça que seria apresentada na reunião
daquela noite. A peça que foi apresentada se chamava “A samaritana no poço de Jacó”.
Ficamos parados ali na frente daquela casa humilde, quando aconteceu o primeiro dos
mistérios que caracterizariam e acompanhariam minha vida de fé, no Todo-Poderoso.


Na frente da igreja senti uma sensação tão estranha e, antes que pudesse me olhar, me
senti completamente nua. Ao me sentir nesse estado indaguei ao meu esposo:


– “Por que é que tu me deixaste sair assim? Por que não me falaste nada? O que é que os
outros vão falar de mim?”


No instante seguinte ele puxou o meu vestido, como que me mostrando minha roupa, foi
quando pude perceber que estava vestida. Naquele momento Jesus veio ao encontro de
minha alma e comecei a chorar a tal ponto que pensei que não pararia mais. Meu pranto foi
tanto que um dos meus cunhados (que estava interpretando um personagem na peça, ao
ver-me naquele estado, pediu a um amigo que descesse do palco e fosse me perguntar o
que estava acontecendo e se eu estava me sentindo bem).


                                           9
Saí daquele culto sentindo-me uma nova criatura e nunca mais voltei atrás. Diferentemente,
meu esposo não tomou a mesma decisão naquele dia.


Tínhamos, naquela época, dois filhos. O primeiro chamado José Ricardo e o segundo
chamado Luís Antônio, que contava naquele dia, exatamente, três meses e dezenove dias.




                                           10
O começo com dificuldades

Em junho de 1961 começamos uma nova, dura e prolongada prova. Meu filho Luís Antônio
começou a ter crises epiléticas. A luta foi tremenda, mas pretendo falar desse episódio,
especificamente, mais tarde.


Eu estava grávida do terceiro filho, antes, porém, de o Milton Valmir nascer, passei muito
mal e fui parar na maternidade de um hospital. Fiquei internada por uma noite, com muitas
dores. Meu esposo voltou àquela maternidade pela manhã quando os médicos disseram a
ele que me levasse urgentemente para a Santa Casa (Hospital Santa Casa de Misericórdia
de Porto Alegre), pois o bebê estava morto.       Não me disseram nada.      Passamos pela
“Sandu” (atual SAMU) e ali também diagnosticaram (para o meu esposo) que o bebê estava
morto e que ele precisava me levar urgentemente para a Santa Casa, e que se isso não
acontecesse, estaria colocando minha vida sob risco de morte.


Logo em seguida meu esposo me revelou o que os médicos haviam dito a ele, então eu
disse que preferia morrer em casa, pois naqueles dias se ouvia muitas histórias sinistras da
Santa Casa.


Instantes depois, estávamos nos dirigindo para nossa casa. Chamamos a parteira que me
havia assistido no parto do Luís Antônio. Quando ela chegou, disse a ela o que havia
sucedido ao que ela me respondeu que eu estava com uma infecção e que o nenê não
estava morto, pelo contrário, estava bem.


Pela bondade e misericórdia de Deus, na semana seguinte meu filhinho ao qual demos o
nome de Milton Valmir, nasceu. Lindo e perfeito, hoje é um homem de Deus, usado em
Suas mãos para pregar a Palavra.


                                       Nostalgia

Dia 19 de outubro de 1962, nos mudamos para a vila Elizabeth. Os cultos naquela
localidade haviam iniciado não fazia muito. Os cultos eram ministrados no mesmo lugar em
que são ministrados hoje, porém, era uma casinha humilde, “quatro águas” como se diz,
sem repartições, pintada de cor laranja por fora e azul por dentro, toda em madeira. A igreja


                                             11
naqueles dias não ocupava todo o pátio, e a grama que nascia dentro do terreno era cortada
pelo então porteiro e saudoso irmão José Minho, esposo da também saudosa e amável irmã
Doralina.


Este, mesmo ao carpir a grama, não se desfazia da indumentária típica do gaúcho, como
bombacha, bota de couro, chapéu e o exemplar de uma faca e guaiaca na cintura.


Hoje, no mesmo local, existe um belo templo, sede do distrito número 01, localizado na Rua
Figueiredo de Mascarenhas, esquina com a Avenida 21 de abril.


Lembro-me com carinho quando, nos cultos das irmãs, nas tardes de quarta-feira, enquanto
orávamos e cantávamos, o irmão José Minho continuava firme na sua lida.


No dia 22 de novembro do ano de 1962, meu esposo deu seu primeiro passo de fé
aceitando a Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador.


Em 03 de fevereiro de 1963 fui batizada nas águas e meu esposo tomou a mesma profissão
de fé, em 02 de março do mesmo ano.


                                           Provas

Iniciaram-se pra nós novos tempos de provas.        Naqueles dias ainda não haviam sido
construídas obras de contenção das águas (diques) e com as chuvas dos invernos que se
seguiram sofremos com cinco enchentes na vila Elizabeth. Morávamos naqueles dias na
antiga Rua 10, nas proximidades do que onde existe construído hoje um grande centro
comunitário da vila do mesmo nome.


Na última enchente perdemos tudo do pouco que tínhamos conseguido adquirir com muita
dificuldade. Estávamos morando temporariamente na casa do meu cunhado Mário já fazia
08 meses, no Passo das Pedras, próximo à Avenida Baltazar de Oliveira Garcia. Meu
esposo saía de casa às 4h45min para o seu trabalho em uma cutelaria de grande renome
naqueles dias. A partir do momento em que fechava a porta após sua saída, dobrava meus
joelhos e orava até os filhos acordarem.




                                             12
Em razão de nossas dificuldades econômicas daquele momento, meu esposo havia
solicitado ajuda financeira na empresa onde trabalhava. Certa manhã enquanto eu orava
tive uma visão que me atormentou muito: eu via um acompanhamento fúnebre de grande
extensão – comecei a chorar copiosamente pedindo a Deus que me revelasse o que
significava aquela visão enquanto perguntava a Ele quem dos meus, Jesus iria levar.
Insistia com Deus dizendo nas minhas palavras:


- “Meu Deus não chega o sofrimento pelo qual estamos atravessando e tu ainda vais levar
alguém da minha família? Neste momento, meu Senhor, eu quero saber o que mais nos
sobrevirá ainda, não é possível Senhor que vamos passar por mais um sofrimento desses”.


Estando ainda em meio às minhas palavras eu vi o teto se abrir – Glórias a Deus – naquele
mesmo instante ouvi uma voz que me dizia:


- “Minha serva, as tuas lutas estão sendo sepultadas”.


Fiquei intrigada com aquela visão, porém confiando no Senhor e no que Ele havia me
revelado. Dois dias depois recebi a visita de uma moça desconhecida pra mim. Ela se
apresentou como assistente social da empresa onde meu esposo trabalhava. O objetivo de
sua visita era saber do que exatamente estávamos precisando para voltar à nossa casa.


Antes de voltarmos a residir em nossa casa, ainda no mês de outubro de 1963, (a firma
onde meu esposo trabalhava havia providenciado tudo o que precisávamos para tornar a
casa habitável), nos reunimos na casa de minha cunhada Ivete para cultuarmos a Deus em
ações de graça, num culto doméstico. Nesta ocasião Jesus, por Sua imensa misericórdia,
batizou a mim e ao meu esposo, e mais sete (07) pessoas com o batismo do Espírito Santo
com evidências de falar em línguas estranhas. Glórias a Deus por isso.


Neste culto doméstico estivemos reunidos com mais três dos irmãos de meu esposo. Meu
cunhado mais velho, por nome Antoninho, tinha três meninos sendo que o mais velho deles,
Marcos, era muito usado nas mãos de Deus. Na noite daquele dia não quis voltar prá casa,
pois já se fazia tarde. Pernoitou conosco.




                                             13
Comunhão

Diariamente meu sobrinho Marcos tomava o ônibus às sete horas e quarenta e cinco. Na
manhã do dia seguinte, faltando vinte minutos para as oito horas ele me convidou:


- “Tia, vamos orar? Só por cinco minutinhos antes de o ônibus chegar?”


Qual não foi nossa surpresa que, ao começarmos a orar, o Espírito de Deus inundou o
nosso ser, de uma maneira tão profunda e gloriosa que nossa oração, que seria de apenas
cinco minutos, prolongou-se até as 14 horas, sem nos importarmos para seu horário de
escola, ou mesmo de almoço.


Chegando em casa, mais tarde, meu esposo nos contou que estava no trabalho, em meio à
barulheira normal de um expediente de cutelaria, e, por um momento, aquele barulho
peculiar deu lugar a um profundo silêncio idêntico aos momentos de falta de energia quando
ouviu uma voz intensa e poderosa dizendo:


- “Eis que batizei tua esposa com o Espírito Santo com evidências de línguas estranhas”.
Glórias a Deus.


Na hora normal de chegar em casa, como de costume, eu estava esperando por ele no
portão. Ao avistá-lo bem próximo de mim, ainda na rua, percebi que ele chorava. Ao
perguntar, preocupada, pelo motivo de seu choro, ele me respondeu:


- “Eu já sei de tudo”.


Ele deu dois passos para dentro do pátio de nossa casa e Jesus o batizou, também, ali
naquele lugar, com o Espírito Santo, começando logo em seguida a falar em línguas
estranhas.


E a alegria não parou por aí. Ao todo, naquele dia, em nossa casa, Jesus batizou nove (09),
isso mesmo, nove pessoas com o Espírito Santo.


                         Nova Alegria – Novos Mistérios

                                            14
Deus, por Sua Misericórdia, deu-me uma nova alegria no dia 17 de abril do ano de 1965.
Neste dia nasceu minha primeira e linda filha a qual demos o nome de Miriam Rosane.


Neste período presenciamos alguns novos mistérios que acompanham a salvação de almas.
Poucos dias depois do nascimento da minha filha, o Espírito de Deus me moveu para ir até
a cidade de Cachoeirinha (região metropolitana de Porto Alegre), precisamente, na casa de
minha cunhada de nome Celita.


Chegando à casa dela, deparei-me com sua mãe chamada Alzira que era espírita. Como de
costume, andava sempre acompanhada de minha Bíblia, e comecei a falar de Jesus a ela e
ao ler alguns versículos ela me disse:


- “Dora, a tua bíblia é diferente da que eles lêem lá nas reuniões aonde eu vou. Se eu
tivesse dinheiro te daria para comprar uma dessas pra mim”.


Eu não titubeei, no mesmo instante alcancei minha Bíblia a ela dizendo:


- “Esta é para a senhora, pode ficar com ela”.


Viemos embora. Três meses depois recebi uma visita da minha irmã Geneci, que mora
perto da Celita e, no meio de nossa conversa, perguntou-me:


- “Dora, tu sabes quem se batizou na tua igreja?”. E, antes mesmo que pudesse esboçar
alguma resposta ela mesma foi me respondendo: – “a dona Alzira, a mãe da Celita”.


Depois disso, ela viveu por mais quarenta anos, aproximadamente, e eu a tenho como uma
mulher consagrada na presença do Senhor, pois nesse tempo ela viveu em constante
oração e gostava muito de jejuar. Quando vinha à minha casa sempre jejuava. Costumava
jejuar de quatro a cinco dias. A última vez que me visitou, apesar da idade, mas com muita
saúde, antes de ir embora pediu-me algo estranho:


- “Quero que cantem o hino 202 da Harpa Cristã, no meu velório” (cujo título é: Junto ao
Trono de Deus), e me deixou uma outra recomendação: - “A Bíblia nova que eu comprei vou
deixar pra ti”.


                                             15
Na semana seguinte recebi o comunicado de que ela havia falecido. Falei para minha
cunhada Celita dos pedidos que ela havia me feito. No seu velório cantamos o hino 202 e a
Bíblia que me foi passada, dei à minha cunhada Celita (sua filha) que, posteriormente, a
repassou para o seu filho (neto da irmã Alzira) de nome João Luiz, que algum tempo depois
se converteu e continua fazendo uso da Bíblia da avó.


Em 21 de outubro de 2007, minha cunhada Celita desceu as águas batismais em uma igreja
evangélica em Gravataí, no bairro chamado Mira Flores.


Meu genro Valmir, nos levou até sua casa nos levando também, logo depois à igreja. Lá os
queridos irmãos Roni e Rosangela nos levaram até o local do batismo onde, somente
naquela tarde, mais de 80 (oitenta) novos convertidos deixaram o velho Adão. Estava muito
lindo.


Para mim foi uma grande vitória.


No livro de Eclesiastes, capítulo 11, versículo 1, diz: “Lança teu pão sobre as águas, porque
depois de muitos dias o acharás”.


Há quarenta e dois anos (42) anos anunciei o Evangelho do Nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo à irmã Alzira, arrancando-a das garras do diabo, para os braços de Jesus, e, hoje, sua
filha a Celita, seu neto João Luiz e sua bisneta Paula Roberta estão decididos por Jesus.


Estou muito feliz por isso – Glórias sejam dadas ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.


                      Escutando a voz do Espírito Santo

Em onze de abril de 1969, Deus me deu mais um filho, o quinto (sendo o quarto filho
homem), a quem demos o nome de Joel Éverson. Dias antes de dar à luz ao Joelzinho,
enquanto fazia o pré-natal fui tomada pelo Espírito Santo ao sair do consultório médico.


O consultório era localizado nas proximidades de onde hoje está localizado o estádio do
Clube São José e, invariavelmente, quando saía dessas consultas fazia o contorno pela rua


                                             16
de trás (que me encurtava o caminho para chegar ao ponto do ônibus), porém, nesse dia e
sem saber o motivo, fui levada a tomar o rumo da rua da frente do consultório.


Chegando ao ponto do ônibus vi um senhor contando a uma senhora que sua esposa se
encontrava no Hospital Lazarotto (localizado nas redondezas) acometida de câncer.
Contava para aquela senhora que era procedente da cidade de Erechim, cidade localizada
no noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Por este motivo ele se hospedara na casa de
um amigo, na cidade de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, cujo nome era
Antônio Trindade.


Entrei na conversa e não desperdicei a oportunidade de falar de Jesus a ele. Embarquei no
ônibus com direção à minha casa, não sem antes aquele senhor pedir-me para que eu
visitasse sua esposa.


Já no coletivo, ao passar defronte a uma loja de construção famosa da Avenida Assis Brasil,
zona norte da capital, ouvi uma voz clara e muito especial falando comigo:


- “Desce deste ônibus e volta ao hospital”. Eu respondi ao Senhor: “Eu vou em casa avisar
minha família e volto logo em seguida”.


E assim fiz. Ao chegar ao quarto onde estava baixada aquela senhora, seu marido me
olhou com um certo espanto e me disse:


- “Não é que ela voltou mesmo?”


Ele já havia falado aos seus parentes e amigos sobre nosso contato anterior. Para a glória
do nosso Senhor e Salvador e Jesus Cristo, dias depois, a esposa daquele senhor recebeu
alta daquele hospital.


                    Alegrias de quem ouve a voz do Senhor

Quando o Joel completou nove meses de vida, o irmão Antônio Trindade voltou à Porto
Alegre batizado nas águas e com o poder e unção do Espírito Santo.




                                             17
Minha filha Miriam Rosane, a quem o Senhor havia contemplado com o dom de oração
intercessória, aos quatro anos e meio de idade foi batizada pelo Espírito Santo com
evidência do dom de línguas estranhas e sempre que eu ia ao tanque para lavar roupas,
porque naquela época não possuía máquina de lavar, ela pegava no meu vestido e me
dizia:


- “Mãezinha querida, vamos orar só um pouquinho”. Só que o pouquinho dela era
constituído, aproximadamente, de 90 a 120 minutos. Nunca era menos que isso.


Aproveitando que toquei no nome do Joel, quero relatar mais uma benção extraordinária que
o Senhor me deu através da vida dele.


Eu havia tomado uma vacina muito forte no período de sua amamentação. Em razão disso
o efeito passou a ele através do leite e, como efeito colateral, teve muita febre acompanhada
de uma forte indisposição intestinal, chegando a levá-lo mesmo a uma consulta com um
médico particular, pois tudo que comia lhe fazia mal.


Não havia nada que fizesse cessar aqueles efeitos indo de mal a pior. Numa daquelas
manhãs de sofrimento dobrei os joelhos e comecei a orar. Depois de algum tempo e de um
profundo encontro com o Senhor ouvi claramente uma voz que me dizia:


- “Dê farinha de milho torrada ao menino”.


Quero deixar claro que, em minha experiência como mãe, até então nunca havia ouvido
falar que alguém tivesse dado farinha de milho torrada a um filho, como remédio ou mesmo
para fazer cessar diarréia, nem mesmo ouvido essa receita (transmissão de conhecimento?)
de avó, mãe ou médicos.


Torrei a farinha, fiz um mingau e dei a ele. Desnecessário dizer que o mal logo em seguida
foi embora. O Joel Éverson tornou-se um adepto do mingau de farinha torrada, tomando
esta bebida na mamadeira até aos cinco anos.


Naqueles mesmos dias, um irmão por nome Edi me levou ao Hospital Moinhos de Vento
para orar por um irmão seu. Este havia sido acometido de uma úlcera que havia estourado
fazendo-o perder muito sangue. A cirurgia estava marcada para o dia seguinte. Reunimo-


                                             18
nos em oração no quarto onde estava aquele homem e o sangue estancou no mesmo
momento. Antes da cirurgia levaram o homem para um exame de raios-X, quando foi
comprovada a desnecessidade do procedimento cirúrgico. O exame mostrou que o homem
não tinha mais nada.


Em razão de residir no interior, ao receber alta, voltou a sua cidade de origem, com a
necessidade de retornar três meses depois para nova reavaliação. Passado este tempo
determinado, depois de passar na casa de seu irmão, nos trouxe uma tainha assada. Dirigiu-
se ao hospital, repetiu os exames que nos quais foram diagnosticados laudos negativos para
a úlcera.


Por tudo isso, louvamos ao Senhor. Ele não faz serviço pela metade e Sua Palavra não
retorna vazia.


                                   Provas e vitórias

Naquela época passamos por duras provas.          Num final de mês, dia de pagamento de
salário, não tínhamos nada em casa. O Milton Valmir, meu terceiro filho, como de costume,
foi levar a Miriam Rosane na escola. No retorno, chegando perto de casa, em uma rua que
era só lama, encima de um galho de árvore, estava um pão de meio quilo, que pelo que
contou, na posição em que estava, parece que havia uma mão segurando o pão para que
não caísse no lodo.


Em outro dia, logo depois, o Milton encontrou, no portão de casa, uma caixa de papelão
contendo vinte e quatro (24) latas de sardinha.


Também naqueles dias, eu costurava para uma senhora que me pagava os serviços
realizados em mantimentos. Se ela fosse me pagar o devido, em dinheiro, não compraria a
metade da quantidade de alimentos que deixava em minha casa.


Quando o Joel Éverson tinha dois anos (ano de 1971), fui trabalhar em uma famosa
indústria de confecções da época, localizada próxima ao centro da capital. Lá fiz amizade
com uma colega muito tímida chamada Marisa.




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Ao falar de Jesus a ela, esta O aceitou como seu Salvador, porém, havia um problema ainda
não resolvido em sua vida. Antes de casar-se, seu marido (cujo nome era Rui) possuía um
relacionamento conjugal com outra mulher e, no dia de seu casamento, esta mulher estava
em um hospital, dando a luz a um filho seu.


A nubente da Marisa não sabia disso.          Depois do nascimento dessa criança (e do
casamento da Marisa), essa mulher passou a incomodar muito minha colega. Meses depois
de casar, a Marisa engravidou, porém, antes do nascimento de sua filha, separou-se de seu
marido Rui.


O Rui não chegou a conhecer a filha antes que ela completasse quatro anos de idade. A
Marisa nunca mais o havia avistado. Eles não haviam se divorciado oficial e legalmente, e
por isso, ela odiava o dia de sexta-feira, pois nesses dias a indústria onde trabalhávamos,
pagava suas funcionárias e, a Marisa devia assinar o recebimento de seu salário com o
sobrenome de seu ex-marido (utilizar o nome do marido é uma tradição que aos poucos vai
perdendo força, infelizmente).


Certo dia, não muito depois disso, em uma sexta-feira, estávamos almoçando juntas quando
fui tomada pelo poder do Espírito Santo e quando me dei por conta já estava falando:


- “Tu não te admiras se fores procurada pelo Rui no dia de hoje”.


Ela nunca fazia hora-extra, sobretudo em uma sexta-feira, entretanto, nesse dia ela resolveu
trabalhar mais duas horas. Ao chegar em sua casa, sua mãe lhe perguntou:


- “Tu sabes quem esteve te procurando neste dia?”, ao que ela respondeu: - “Eu sei. Hoje ao
meio-dia, estávamos almoçando quando Deus usou a irmã Dora, e ela profetizou dizendo
que eu não me admirasse se o Rui me procurasse hoje”.


Por aqueles dias, o Rui já possuía mais três filhos com a mulher com quem havia se unido
conjugalmente depois de sua separação com a Marisa.


Passados mais alguns dias o Rui a esperou na porta da empresa onde trabalhávamos
(Confecções Jack), ocasião em que a convidou para tomarem juntos um refrigerante numa
lancheria próxima ao nosso trabalho. Naquele instante recomeçava uma linda história de


                                              20
amor entre os dois. Dias depois, ela, empolgada, me disse que parecia ter sido a primeira
vez que ela o vira e conversara com ele.


Logo em seguida marcaram uma data para voltarem a se unir, alugaram uma casa e parecia
que eram dois adolescentes enamorados até o dia em que foram morar juntos.


Posteriormente, o Rui aceitou a Jesus como seu Salvador e a vida do casal foi abençoada.
Tiveram mais dois filhos juntos até que a morte dele os separou.


                                   Bênçãos dobradas

Quando o meu filho Joel Éverson completou sete anos, um mês e onze dias de idade, Deus
completou minha alegria e me deu mais dois tesouros – dia 22 de maio de 1976, nasceram
minhas filhas Marliese Raquel e Marlise Isabel – nasceram de oito meses. Passei por duras
provas no parto. Elas nasceram muito fraquinhas e com desidratação. Elas chegaram a
estar internadas em três hospitais. O meu sofrimento foi tremendo, mas graças a Deus,
tudo passou. Hoje tenho duas lindas jovens, fiéis a Deus, de oração, de forma que posso
dizer que são bênçãos nas mãos do Senhor.


Quando elas nasceram aconteceu um fato interessante.         Recebi em minha casa, uma
vizinha com seu pequeno netinho que estava com crises convulsivas. Como sabia que eu
era evangélica, ao bater em minha porta pediu que orasse pelo menino, o que fiz
imediatamente. Para a glória de Deus, com o poder da oração e da fé, a criança voltou ao
normal. Pouco tempo depois nos mudamos para outro endereço.


Passados alguns anos e num determinado dia estava no consultório do doutor Eliseu Santos
(médico muito conceituado e que chegou a ser vice-prefeito da cidade de Porto Alegre), e eu
era a primeira da fila para ser atendida.


Nos últimos lugares da fila, das pessoas que conseguiram senha para o atendimento
naquele dia, havia uma senhora que me olhava insistentemente. De tal forma que eu me
perguntava:


- “Por que será que aquela senhora olha tanto pra mim?”


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Abriram as portas da sala de espera e entramos. Logo que surgiu uma oportunidade aquela
senhora se aproximou de mim e foi logo me perguntando:


- “A senhora não morou na vila Ramos (pertencente ao mesmo bairro Sarandi) no ano de
1976?”


Respondi que sim.


- “E quando morou lá ficou grávida de duas meninas gêmeas?”


Respondi que sim.


- “E o seu nome não é Dora?”


Respondi que sim.


Depois de todos esses “sim”, aquela senhora me disse:


- “Então foi a senhora que orou pelo meu neto que estava com crises convulsivas de
epilepsia. Quero lhe dizer que naquele mesmo instante em que senhora orou pelo meu
neto, o Senhor Jesus o curou e nunca mais teve aquelas crises que me deixavam doida.
Hoje ele está com 19 anos cumprindo o serviço militar no quartel da Base Aérea de
Canoas”.


Prá dizer a verdade, eu nem me lembrava mais daquela bênção de libertação. Foi muito
lindo e restaurador para a minha alma saber que o Senhor pela Sua infinita misericórdia me
usou naquele dia para trazer uma bênção para aquela senhora e sua família.




                                   Novas Provas

Ser cristão não é só um mar de rosas. Passamos pelas mais diversas provas.


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Meus três filhos mais velhos José Ricardo, Luís Antônio e Milton Valmir vendiam balas e
chocolates nos pontos de táxi, no centro de Porto Alegre, para ajudar na renda familiar.
Certa vez, quando estavam retornando de mais um dia de trabalho aconteceu um episódio
totalmente inusitado para nós.


Quando o coletivo passava defronte uma delegacia (na época localizada na Rua Xavier de
Carvalho), uma passageira ordenou ao motorista que freiasse o veículo, pois queria chamar
um policial para denunciar o Luís Antônio por furto de um relógio. Com o ônibus parado e
vendo aquele tumulto entre os passageiros, o José Ricardo desembarcou e em desabalada
carreira se pôs a caminho de casa (que estava há mais de dois quilômetros). Ao chegar em
casa comentou o ocorrido ao que o meu esposo apanhou a nota fiscal daquele relógio e
saíram apressadamente para a delegacia com o intuito de resolver aquela situação.


Ao chegarem naquele órgão policial apresentaram a nota fiscal de compra do relógio àquela
autoridade ali constituída. Ao averiguar o documento o delegado liberou o Luís Antônio, não
sem antes exigir que aquela senhora acusadora solicitasse desculpas ao Luís Antônio pelo
mal-entendido.


Meu esposo com vontade de agradar os filhos, poucos dias antes, havia passado em uma
loja do centro da cidade, e comprado um relógio, presente inédito, para cada filho,
guardando as respectivas notas fiscais em um lugar organizadamente preparado, como de
costume.


Graças a Deus, em mais esse triste episódio, Ele nos concedeu vitória, como disse o
salmista – Deus Tu és o meu Senhor, Deus Tu és meu Salvador, Só a Ti, só a Ti recorrerei.




                                  Pesar e bênçãos

Vamos falar de coisas alegres. Congregava na mesma igreja que nós, a irmã por nome Ana
Fernandes. Essa irmã passou por uma luta muito intensa com seu filho que estava entre a
vida e a morte no Hospital Santo Antônio. Meu esposo foi convidado a orar por ele e então


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o acompanhei. Estivemos em seu quarto orando por ele, ocasião em que meu esposo o
ungiu com óleo santo.      A enfermeira vendo aquilo pegou um pedaço de algodão e,
cuidadosamente, ainda antes que nos retirássemos do quarto, passou o algodão por cima
da parte ungida, retirando todo o óleo. Poucas vezes havia visto o Luiz chorando com tanto
sentimento, com tanto pesar. Seu choro era em razão de ter visto a enfermeira ter retirado o
óleo ungido da testa do menino.


Quando saímos do quarto ele chorava muito. Procurei acalmá-lo dizendo a ele:


- “Tu fizeste a tua parte. O resto é com Deus”.


Quando oramos pelo menino, respirava por aparelhos. Dois dias depois disso, o menino
recebeu alta. Louvado seja o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo por todas essas
maravilhas.


O irmão dessa mesma irmã Ana, por nome Francisco Odair, tinha constantes crises
epiléticas, mas antes de orarmos por ele, ela não havia comentado isso conosco, somente
havia dito que seu irmão era acometido de fortes dores de cabeça. Em um culto doméstico
feito por iniciativa dessa querida irmã, em oração, impomos as mãos e seu irmão ficou
curado daquela noite em diante não tendo nem mesmo, qualquer sinal ou vestígio daquelas
convulsões.


Por bondade e misericórdia do Senhor Jesus Cristo, em nossa experiência de fé oramos por
diversas pessoas acometidas desse espírito de enfermidade e o Senhor tem confirmado o
Seu poder libertando radicalmente todas elas.




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Novas Provas – Novas Vitórias

Novamente o Senhor nos provou de uma maneira muito forte.                Meu esposo ficou
desempregado. Além de meus sete (07) filhos, eu havia assumido o compromisso de cuidar
de três crianças pequenas que haviam ficado órfãs de mãe, sendo que uma delas era
recém-nascida (cuidar aqui significa responsabilizar-me integralmente pelas crianças, sem a
expectativa de receber qualquer ajuda ou salário). Em um daqueles dias o Senhor usou um
irmão de nossa congregação, chamado Hipólito Batista (este querido irmão sempre foi
usado pelo Espírito do Senhor para pregar e ensinar com muita graça e sabedoria tendo
ministrado diversos cursos na congregação da vila Elizabeth), a trazer em seu carro até
nossa casa, uma quantidade tão grande de mantimentos, que encheu todo o sofá onde
havíamos começado a colocar aqueles alimentos.          A quantidade foi tão grande que
demoramos mais de um mês para consumir toda a doação deste irmão.


Para conseguir um novo emprego, meu esposo começou a jejuar e propôs no seu coração
jejuar por 30 horas. Momentos antes de entregar o seu jejum, bateu em nossa porta o irmão
Simão Nascimento, hoje Evangelista da igreja, perguntando se meu esposo ainda estava
desempregado. Ao responder afirmativamente aquele irmão nos disse:


- “Está desempregado somente se quiser. Amanhã mesmo já pode trabalhar”.


E assim foi.    Na manhã seguinte meu esposo conseguiu emprego na famosa loja de
departamentos    de   nossa   cidade,   chamada    Lojas   Riachuelo.   Trabalhou   naquele
estabelecimento por aproximadamente um ano e meio.


Por aqueles dias, uma vizinha minha, que tinha um filho que nascera em 1999, cujo nome
era Lucas, descobriu, por meio de exames médicos, que esse seu filho havia nascido com
uma falha congênita no coração que, segundo informação dos médicos, cabia um dedo
naquela falha. Os médicos estavam resistentes em dar alta ao menino, porém depois de
muita insistência por parte dos pais, decidiram por liberá-lo, não sem antes ver assumido por
estes, o compromisso de apresentar o menino aos médicos, para exames, a cada vinte dias.


Com muito esforço, convencemos minha vizinha a levar o menino à igreja. Chegando lá
coube ao meu esposo a oração pelos enfermos naquele culto ungindo o menino com o óleo


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da unção, como ordena a Palavra de Deus. Na semana seguinte estava “vencendo” a
primeira data de a minha vizinha apresentar o menino aos médicos conforme havia se
comprometido.


Chegando à presença dos médicos e, depois dos exames de rotina, foi surpreendida pela
reação daqueles especialistas que, estarrecidos, perguntaram a ela o que havia acontecido.
Depois de contar aos médicos tudo em detalhes, estes a parabenizaram por sua fé. Hoje o
menino corre por todos os lados e brinca como se nada tivesse acorrido. Este é mais um
dos motivos de louvarmos o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.


No mês de outubro de 2006, fui ao posto de saúde mais próximo de minha casa, com a
finalidade de marcar consulta regular com um dos médicos que tratam da minha pressão
alta. Logo em seguida sentou-se ao meu lado uma senhora idosa e, depois de alguns
instantes começamos a conversar, e, ela me disse que havia sido minha vizinha e me
confessou que sempre admirou o modo como eu tratava meus filhos. Logo no início de
nossa conversa não me lembrei quem era aquela senhora. Na nossa frente sentada em
outro banco havia outra senhora, mais nova, com uma menina em seu colo, que me
perguntou:


- “E de mim a senhora lembra?”.


Falei imediatamente que também não me lembrava dela. Foi então que as duas me falaram
que foram minhas vizinhas há alguns anos atrás.        Reconheci logo que me conheciam
porque uma delas perguntou por um dos meus filhos e falou tão alto que foi impossível que
as pessoas que estavam naquele momento no corredor não ouvissem suas palavras. Na
sua explanação para as outras pessoas que ali estavam, falou:


- “Esta mulher, muitas vezes matou nossa fome. Levava de tudo para meus filhos comerem,
inclusive carne”.


Confesso que, mesmo tocada pelas palavras daquela mulher, chorei de vergonha,
entretanto, não perdi mais uma oportunidade de testemunhar de Jesus Cristo, quando citei a
palavra descrita pelo sábio Salomão, em Provérbios capítulo 3, versículo 2, que alerta para a
questão do “tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de ceifar o que
se plantou”.


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Ao final, a filha daquela mulher, que estava com uma menina pequena ao colo, arrematou:


- “E tem mais, certa vez minha mãe estava quase morta e, a meu pedido, ela (se referindo a
mim), chamou um Pastor que orou por minha mãe e hoje ela está aqui cheia de vida e
saúde, como vocês podem ver”.


Somos muitíssimos agradecidos ao Senhor por todas estas bênçãos.


                     Salvação por causa de uma galinha

Naquela mesma época morava perto de minha casa uma vizinha muito tímida. Em razão de
estar empregada chegava em sua casa por volta das 16 horas. Ao vê-la passar diariamente
na frente de minha casa naquele horário pré-determinado, o Espírito Santo começou a
cobrar-me uma atitude de falar-lhe de Jesus.


O nome desta vizinha é Nilza.


Aproximando-se a hora em que ela, costumeiramente, passava defronte da minha casa,
providenciava uma desculpa para pegar na vassoura e varrer na frente de casa, na
esperança de chamar-lhe a atenção e começar a conversar com ela. (Confesso que teve
dias em que varria até mesmo no meio da rua, com a clara finalidade de chamar-lhe a
atenção).


Diversas tentativas foram frustradas, pois ela, propositalmente, passava cabisbaixa e eu não
lograva êxito no meu intento.


Como o Espírito Santo insistisse e, em virtude de meus fracassos, me aborrecia facilmente,
até o dia em que fiz isso pela última vez (pensava eu). Nessa oportunidade entrei em casa
chorando e disse ao Senhor:


- “Senhor, que queres com essa mulher, pois eu não consigo falar com ela?”




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Naquele dia, depois de minha indagação ao Senhor, a “dona” Nilza, quando chegou em
casa, avistou que sua galinha choca estava morta em cima dos ovos e estes ainda estavam
quentes. Na expectativa de conseguir uma galinha choca para substituir a sua que havia
morrido, esteve em casa de quase todas as vizinhas, com a intenção de conseguir uma
galinha choca substituta para a ninhada de sua “falecida”.


Morávamos em um loteamento novo e praticamente todas as donas de casa, naquela
época, criavam galinhas.


Por fim bateu em minha porta. Ela me contou que possuía uma galinha “no choco” havia
dois dias e que ao chegar em casa notou que sua galinha choca havia morrido.


Casualmente possuía uma galinha que estava choca, mas não tinha ovos para chocar
(percebam como Deus tem o seu tempo de trabalhar, independente da vontade humana).
Aproveitei a oportunidade e falei de Jesus a ela convidando-a para ir ao culto naquela
mesma noite.


Cumpriu sua palavra, assistiu à pregação da Palavra de Deus e, naquela mesma noite
tomou a maior decisão de sua vida, a de aceitar a Jesus Cristo como seu único e suficiente
Salvador.


Ela não podia ter filhos, mas fez uma linda amizade com minha filha Miriam Rosane.
Poucos meses depois nos mudamos e a Miriam Rosane chorava muito sentindo a falta, da
agora irmã Nilza.
Com a finalidade de preencher esta falta, minha filha começou a dedicar-se à oração
quando foi agraciada por Deus com o dom da intercessão.


                                         Frutos

Depois de uma enchente muito grande ocorrida naqueles dias a irmã Nilza veio para minha
casa, juntamente com o seu marido por nome Agenor. Eu e o meu esposo falamos de
Jesus a ele, ocasião em que aceitou a Jesus como seu Salvador. O irmão Agenor começou
a ser utilizado como uma benção nas mãos do Senhor. Logo em seguida ele pediu




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demissão do emprego onde trabalhava e o casal mudou-se para a cidade de Tapes
localizada no sul do Rio Grande do Sul.


O irmão Agenor foi pastor por muitos anos naquela localidade tendo o casal sido uma
verdadeira benção a serviço do reino de Deus.


Obs.: o Pastor Agenor faleceu enquanto este livro estava sendo editado.


                                O sonho do cheque

Quando meu esposo esteve desempregado propus no meu coração jejuar por sete dias
consecutivos marcando em uma agenda os dias programados para tal fim.


Minha cunhada, por nome Terezinha, que mora em Chicago desde 1971, contou-me que
certa noite, quando dormia, sonhou comigo.


Em seu sonho eu entrava em sua casa e pedia ajuda financeira a ela. Segundo ela, o
sonho foi tão real que ao acordar-se procurou por mim por toda sua casa julgando que eu
estivesse escondida nela.


Mais tarde, no mesmo dia enquanto fazia um lanche, o Espírito Santo falou com ela
perguntando-lhe:


“Tu não vais ajudar a Dora?”


Mesmo ainda estando na lancheria ela preencheu um cheque com a finalidade de enviá-lo
para mim.


Recebi o tal cheque pelas mãos do meu cunhado Valdemar (a Terezinha havia endereçado
o papel representativo de valor ao endereço dele) cerca de um mês depois da data do envio,
entretanto, eu mesma havia esquecido dos sete dias de jejum.




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Dias depois, na Escola Bíblica Dominical, o irmão Davi Greff foi usado por Deus e, em sua
pregação asseverou que em muitas vezes oramos e jejuamos, Deus responde nossas
orações e esquecemos de dar graças a Deus.


Terminou a reunião voltei apressada à minha casa peguei o envelope que envolveu o
cheque desde os Estados Unidos e, ao olhar a data de postagem confirmei que foi remetido
exatamente na data em que encerrei o jejum, ou seja, Deus respondeu minhas orações
antes mesmo que houvesse encerrado meu propósito.


Por isso, creio firmemente que, para Deus não existem barreiras como está escrito em
Lucas 1.37 – “porque para Deus nada será impossível”. Ele é o Deus do impossível além de
onisciente, onipresente e onipotente.


Somos muitíssimos agradecidos ao Senhor por todas estas bênçãos.


                Manifestação diabólica, vitória e saudades

Em seu trabalho, meu esposo fez amizade com um membro da Igreja Pentecostal o Brasil
para Cristo, que mais tarde passamos a tratá-lo como “irmão Dário”. Esse irmão era esposo
da irmã Evinha. Este casal morava perto de nossa casa e seguidamente nos visitávamos.
Nossas visitas recíprocas tinham por objetivo a oração e, invariavelmente, quando nos
encontrávamos para nossas reuniões eu e ela nos abraçávamos por longo tempo, ocasiões
em que ela chorava muito.


Um dia reuni toda a coragem que possuía e perguntei a ela:


Irmã Evinha, por que a irmã chora tanto quando nos vemos e nos abraçamos?


Com um sorriso entre lágrimas e com um olhar sorrateiro (como que envergonhada por
alguma coisa), ela me respondeu:


Eu tenho inveja da senhora, diminuindo logo em seguida o ímpeto da resposta.




                                           30
Ao perguntar-lhe sobre o motivo dessa inveja, respondeu-me como que querendo esconder
alguma e ao mesmo tempo com vontade de compartilhar um sentimento profundo, dizendo
que:


A senhora tem quatro filhos e eu não tenho nenhum. Sou casada há nove anos e tenho o
útero infantil e os médicos até já me disseram para adotar um bebê.


Logo em seguida propus a ela começarmos a orar por uma semana, de segunda a sexta-
feira, com o objetivo de que o Senhor abrisse sua madre e ela pudesse engravidar.


Semana seguinte nos dispomos a orar. Oramos de segunda a quinta-feira sem nenhuma
novidade e, na sexta-feira, à noite, no horário de costume, antes de a irmã Evinha chegar
em minha casa e dobrarmos nossos joelhos em oração, ouvi nitidamente uma voz que vinha
da rua como se fosse a voz de uma vizinha minha, me chamando pelo nome:


Dona Dora?


Olhei para a penumbra da rua vislumbrada pela luz anêmica do lado de casa não
enxergando ninguém. Logo em seguida ouvi uma gargalhada muito forte e seguida de outra
pergunta:


Estás lavando a casa?


Ao perceber que não era minha vizinha que me chamava respondi imediatamente:


Estou sim Satanás porque vamos orar e buscar a face do Senhor.


Ao acabar de dizer estas palavras, a irmã Evinha dobrou pelo canto de minha casa, chegou
à minha porta, em prantos dizendo:


O inimigo fez de tudo para eu não vir orar aqui hoje.


Foi só o tempo de dobrarmos os joelhos em oração e Jesus a batizou com o Espírito Santo.
A unção foi tão grande que a irmã Evinha, cantava na língua dos anjos, profetizava e pulava



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em pleno gozo dos céus. Foi uma manifestação tremenda da parte do Senhor, para nossas
vidas naquela noite de verão.


Na semana seguinte, recebi a visita da irmã Evinha. Seria uma visita de costume se não
fosse a novidade que, desta vez, a trazia até minha casa. Não se contendo de alegria, foi
logo me dizendo:


Irmã Dora, minha menstruação não veio.


Respondendo disse-lhe:


Não te preocupa, daqui a nove meses vai nascer o teu bebê.


Dito e feito. Deus cumpriu sua promessa e ao fim de nove meses, para Sua honra e glória,
a irmã Evinha foi abençoada com o nascimento do Marcos Rogério, o qual chamávamos
carinhosamente de Marquinhos.


Devido a outras circunstâncias, tempos depois nos mudamos para outro ponto da cidade
não avistando mais este querido casal. Soubemos depois que eles também transferiram seu
domicílio para a zona sul da cidade de Porto Alegre. Somente nos reencontramos em um
dos batismos de aniversário da Igreja Evangélica Assembléia de Deus programado para a
praia do Guarujá no estuário Guaíba.


Para minha surpresa a irmã Evinha estava com cinco (05), isso mesmo, cinco filhinhos, cada
um mais lindinho que o outro, ocasião em que eu disse a ela:


Agora quem vai chorar vai ser eu. Os meus filhos estão todos grandes e os teus ainda
pequenos.


Ela me respondeu brincando:


Quase procurei a senhora para orar por mim prá parar de ganhar filhos.


Nunca mais avistei esta família. Tenho muitas saudades dela.



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Cura Radical

Agora voltarei à cura do meu filho Luís Antônio.


Este tem sido um dos maiores milagres que Deus operou em meu lar, modificando e
restaurando para sempre não somente a vida e a saúde físico-clínica do meu segundo filho
bem como sua saúde espiritual e a de todos nós enquanto família.


Através do milagre da cura realizado por Deus na vida do meu filho Luís Antônio, minha
visão, minha comunhão com Deus e minhas experiências sobre a fé modificaram
consideravelmente. Posso dizer sem as mínimas chances de errar que a cura em sua vida
foi um divisor de águas.


Estou me referindo à fé verdadeira – não a fé positiva como alguns apregoam, nem a fé
cognitiva como outros alegam, mas daquela fé que emana do Trono da Graça do Senhor,
vindo diretamente ao nosso coração, e que é movida e inspirada pelo Espírito Santo.


Permita-me, caro leitor, abrir um pequeno espaço e apropriar-me desta ocasião para fazer
uma breve reflexão sobre a fé verdadeira.


Estou falando daquela fé que “remove montanhas” como diz a Santa Bíblia (escrita por
homens santos de Deus inspirados pelo Espírito Santo) daquela fé que se transformou em
combustível para Abraão (nosso pai na fé) sair do meio de sua parentela e ir para uma terra
que Deus ainda haveria de lhe mostrar. Sem pestanejar por um minuto que fosse, organizou
seus pertences, familiares, criados, gado, e foi-se guiado e resguardado pelas divinas
promessas, sabendo, pela confiança que depositara em seu Deus – em razão de seu
relacionamento (Deus não é homem para que minta), que o Eterno não poderia tornar as
coisas piores para ele, conforme o descrito em Gênesis, capítulo 12, versículos 1 a 9.


A fé verdadeira também pode ser caracterizada pela perseverança de Noé em realizar a
pregação mais extensa – 120 anos (e por que não dizer a mais vigorosa?) de que se tem
conhecimento, pregando a um povo que vivia despreocupadamente, a seu bel prazer,
quando ainda não havia histórico de chuvas sobre a terra conforme Gênesis, capítulo 6
(versículos 1 a 22).


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Quando todos falavam zombeteiramente do seu estilo de pregação procurando desqualificar
suas palavras, procurando demovê-lo de sua perseverança no Altíssimo, desestimulando-o
com palavras daqueles dias que, comparando com as que ouvimos hoje, se traduzem em
desprezo pelas coisas que se referem a Deus, ironia com as coisas santas e sagradas,
provocação aos preceitos ordenados por Deus, pretensa ridicularização aos objetos e às
pessoas que procuram viver uma vida separada, casta, justa.


Em outro particular, neste texto, a Bíblia comenta o estado miserável de homens e mulheres
que casavam-se e davam-se em casamento, o que remete a uma clara conexão entre o
ritmo e a proliferação de pecado daquela geração e a de nossos dias.


Ora, não podemos ser ingênuos a ponto de dizer que o pecado atinge mais esta ou aquela
geração. O pecado atingiu e atingirá todas as gerações com a mesma forma e intensidade,
até o momento em que o Senhor Deus alardear o Seu “basta”, como o descrito em II
Tessalonicenses, capítulo 4, versículo 16, que diz: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu
com alarido, e com voz de arcanjo, e com a voz de trombeta de Deus; e os que morreram
em Cristo ressuscitarão primeiro”.


O pecado está afeto a cada geração como a morte está atrelada à alma que pecar. A
questão não é o pecado de cada geração, em si, mas o fato de que a partir do pecado
original, no jardim do Éden, todo homem nasce com a predisposição de pecar, como diz a
Bíblia: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte,
assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram”, conforme
Romanos 5.12, ou ainda conforme o descrito em I Coríntios 15.21, que diz: “Porque, assim
como por um homem veio a morte, também por um homem veio a ressurreição dos mortos”.


Retornando ao assunto proposto anteriormente, gostaria de incursar nos modelos de fé
representados na vida de Enoque, de Abel, de Jacó – neste último exemplo demonstrado
primeiramente pela obediência – e insistência – a Deus e, depois, também, pelo amor a
Raquel.


Enoque – Sua história na Bíblia é composta de apenas quatro versículos, conforme Gênesis
5.21 a 24, entretanto, este pequeno relato não deixa dúvidas sobre seu relacionamento com
Deus, a ponto de o final de sua minúscula biografia (se é que podemos considerar assim


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esses quatro versículos), tornar-se a concretização do sonho de todo fiel cristão, ou seja, ser
arrebatado, sem provar a morte. Precisamos considerar que Deus não poderia tomar para si
alguém que não Lhe devia devoção, louvor e obediência, o que supõe, vida reta e santa na
Sua presença, porque “no céu não entra pecado”.


A Bíblia precisou somente de quatro versículos para definir sua comunhão com Deus. E
nesses versículos contou todo o seu histórico (e sua vida) desde sua genealogia até seu
encontro com o Altíssimo. Note mais uma vez, o resultado de uma comunhão contínua,
absoluta com Deus. Quando alguém anda com Deus, vive com Deus, ama a Deus, procura
andar com Ele e na Sua presença, Deus (além de demonstrar Sua misericórdia com essa
pessoa), ainda demonstra um “ciúme” com esse alguém, e o recolhe a ponto de ninguém
encontrá-lo. É o compromisso (e uma recompensa) sem igual, do amor (Ágape)
demonstrado para com a raça humana.




Abel – Já ouvi alguém expor esta passagem condoendo-se por Caim, e de certa forma até
injustiçando a Deus pelo fato dEle não ter aceitado a oferta deste, provocando sua ira do
irmão mais velho para com Abel.


Ora, a Palavra de Deus, foi para este prezado, completamente distorcida, ou este irmão
encontra-se desalinhado, desconectado com o ensino que Deus procurou transmitir ao
homem por meio desta mensagem.


Precisamos entender que Abel não teve, deliberadamente, vontade de ofertar a Deus as
primícias de seu trabalho. Abel procurou ofertar o melhor porque conhecia a Deus, fruto de
um conhecimento ou relacionamento anterior.


Por certo, com base neste relacionamento ele aprendeu que Deus gostava que Lhe fosse
ofertado o melhor que se pode oferecer. Este aprendizado com os sacrifícios apresentados
por Abel e Caim, trás um reflexo dos relacionamentos daqueles dias, tal e qual estamos
acostumados a presenciar em nossos dias.


Determinadas vezes pensa o homem que pode enganar a Deus, surrupiando-Lhe o melhor
de suas ofertas, devolvendo o seu dízimo como “coice de porco”, ou mesmo sonegando-Lhe
o seu tempo. Muitas vezes passa muitas horas à frente de um televisor, mas ao dobrar seus


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joelhos, logo vem-lhe o bocejar e o sono e sua oração não dura muito mais que cinco ou dez
minutos.


E o pior – cobrança atrás de cobranças, culpando a Deus pelos seus fracassos, desacertos,
e desilusões, como se Deus e o mundo todo estivesse contra ele.


Tem a seu favor apenas parte do versículo da oração ensinada por Jesus: “venha a nós o
Vosso reino”, ou ainda, “Deus é grande, Ele tem a obrigação de me ajudar”.


Distorcem completamente o que diz em Isaías, capítulo 64, versículo 4, que diz: “Porque
desde a antiguidade não se ouviu, nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se
viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nEle espera”. A diferença é abissal.


Quem confia, é porque crê, quem crê é porque tem um relacionamento com Ele, quem tem
um relacionamento com Ele, é porque sabe que Ele é galardoador. Se o homem reconhece
essa habilidade/característica de Deus, a maneira como O encara (se podemos utilizar
adequadamente este termo), é de submissão, agradecimento e louvor, e nunca como
cobrador das bênçãos de Deus.


Aliás, dificilmente o homem conseguirá alguma coisa cobrando Deus por algo – e mesmo
assim quando questionado, como no caso singular e histórico de Jó, Deus se predispõe a
respondê-lo, tirando de letra os questionamentos (até que bem elaborados e inteligentes) do
patriarca.


Jacó – história pessoal carregada de um misto de curiosidade e de uma infinidade de
performances que nos leva a meditar como uma pessoa consegue, através de seu
relacionamento com Deus, a construção de sua família que, por conseqüência, se
transformou, primeiramente num povo, depois, numa grande nação. Conceitualmente,
nação, no verdadeiro sentido da palavra, somente existe com a união de pessoas, ideais e
um território.


Jacó iniciou sua história trabalhando sete anos para seu tio (que virou sogro), no afã de
conseguir autorização para desposar uma das filhas de Labão, entretanto, o fato de ter de
servir ao seu sogro por mais sete anos (além dos sete que já havia trabalhado), o que
poderia servir de desânimo (pois foi-lhe dado por esposa, uma moçoila pela qual Jacó não


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nutria nenhuma atração ou amor), conforme Gênesis 29.20-30, começou a construir, isso
sim, o seu verdadeiro império, a partir do momento em que começou a prosperar e tornar-se
mais rico que seu patrão (Gn 30.27-43).


Sua prosperidade e riqueza estavam alicerçadas na confiança – não humanas, mas no Deus
de seus avô e pai, que o ensinaram como confiar integralmente no Deus que pode todas as
coisas.


Ao longo da história de sua vida, nutriu um efetivo relacionamento com Deus. Mesmo nos
momentos mais difíceis, como quando recebeu a notícia (fantasiosa) da morte de seu filho
querido José, embora tenha chorado amargamente, como diz a Bíblia, quando tudo parecia
estar contra ele, Jacó tirava forças (algo peculiar de quem crê em Deus), e superava aquela
situação (Gn 37.34-36).


A decisão de partir de sua terra para deslocar-se ao Egito, por exemplo (em razão da fome
onde habitava), foi outra decisão amarga para o patriarca, entretanto, aqui vemos, além do
momento de superação (embora abatido pela situação), possuía confiança suficiente para
saber que sua vida estava regida pelos altos desígnios de Deus, confiança essa
demonstrada pelo fato de não ter sido anotado nenhum sinal de fraqueza ou vacilo de sua
parte, conforme o relato de Gênesis 46.1-27.


Gostaria de refletir, também, um pouquinho sobre as diversas demonstrações de fé da vida
de Moisés que serviu ao Senhor Deus com inteireza de coração e plena confiança de que
estava sendo guiado pelo Todo-Poderoso.


Sua vida, conforme a narrativa da Santa Palavra, em riqueza de detalhes, recheada de
exemplos de fé e confiança inabalável em Deus, começou pela demonstração de fé de seus
pais, mesmo quando o deixaram em um cesto de vime, não somente a mercê das
correntezas do Nilo, mas também de quem quer que o pegasse, inclusive de uma fera.
Aprouve Deus (já direcionando sua vida para o futuro) que a filha de Faraó, o tomasse e se
encarregasse de instruí-lo em toda a ciência do mundo daquela época.


Ao iniciar seu ministério de liderança aos oitenta anos demonstrou que a pessoa,
independente da idade, a partir do momento em que se coloca ao dispor da vontade de
Deus, realiza obras inimagináveis.


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A sua chamada no meio da sarça ardente e a sua coragem (ainda que primeiramente tenha
sido motivado pela curiosidade), denotam que dali para frente sua vida tomaria um rumo
absolutamente diferente.


O primeiro recuo de Moisés, que é relatado na Bíblia em Êxodo 4.10-14, foi no momento em
que Deus o comissionava para ser o líder do povo de Israel ocasião em que,
inoportunamente, Moisés fez o seu primeiro questionamento quando colocou diante de Deus
a sua gagueira – “homem duro de língua”, e tentar jogar sobre os ombros de Arão, seu
irmão, a responsabilidade que o Senhor colocara sobre si.


Talvez, o próprio diabo tenha soprado nos seus ouvidos, quando do assassinato do egípcio,
dizendo:


- “Moisés, acabou – desta vez tu puseste tudo a perder”. Mas, como sabemos que o diabo é
o pai da mentira, ao ler a Bíblia, logo descobrimos que, mais uma vez, colocou suas
artimanhas em ação, ou seja, mentiu. Quando parecia que tudo havia acabado (antes
mesmo de começar), foi aí que Deus, utilizando sua onisciência, demonstrou ao diabo, mais
uma vez, que Ele usa aqueles a quem quer.


Quando os braços de Moisés, cansados em razão da idade, em meio à guerra contra os
amalequitas conforme Êxodo capítulo 17, versículos 7 a 16, se abaixavam, não eram
somente seus braços que desciam vencidos pelo cansaço.         Na verdade, quando seus
braços desciam, Deus estava dizendo ao Seu povo, enquanto vocês não perseverarem, não
terão vitória, e, quando os ajudantes de Moisés (Arão e Hur) levantavam seus braços, era a
esperança do povo sendo erguida em direção à vitória, sob o comando de Josué. Isso só
aconteceu em razão da confiança de Moisés em Deus, ou seja, sua fé depositada no
Senhor. Deus permitiu que isso fosse escrito e relatado para certificar a todos os que se
achegam a Ele de que se você tiver fé e comunhão com Ele, Deus honrará sua confiança a
ponto de deixar subentendido que Ele age através de suas ações. E suas ações tiveram
lugar em razão de sua confiança e fé nEle. É como se fosse uma troca, uma compensação
pela sua comunhão, uma simbiose.


Quando Moisés feriu a rocha (Nm 20.11), ao invés de somente falar como havia sido
ordenado (Nm 20.8), mesmo que Deus tenha ficado contrariado, poderia retirar Sua graça,


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mas, em razão do contato e da comunhão entre os dois (lembre-se Moisés foi chamado de
“o amigo de Deus”, conforme Ex 33.11), embora o Altíssimo tenha lhe perdoado, criou uma
limitação para Moisés – e talvez este tenha sido o motivo da oração de Moisés em pedir a
Deus que o deixasse pisar na terra prometida, o que Deus reprovou dizendo: “Sobe ao
monte e somente com os teus olhos contemplarás, mas com os teus pés não pisarás” (Dt
34.4).


Naquele ato, a rocha representava o próprio Deus, como o relatado em diversas
oportunidades que Ele “é a Rocha da nossa salvação”. (II Sm 22.47, Sl 62.6, etc).


Mesmo assim, pelo muito que o amava, Deus recolheu o corpo de Moisés, para que não
fosse encontrado por ninguém, ainda que o povo o tenha procurado e pranteado por trinta
dias (Dt 34.8).


A limitação a que nos referimos anteriormente, diz respeito à conseqüência de todo pecado
que nos afasta de Deus. Ele, por Sua grande e infinita misericórdia, concede-nos o perdão,
pois além de ser um Deus de amor, é o próprio Amor, conforme I João, capítulo 4, versículo
18, entretanto, não nos livra de sofrermos as conseqüências de nosso deliberado
afastamento dEle.


No caso de Abel, regredindo um pouco nas Escrituras, podemos perceber novamente esse
interesse de Deus por quem Ele ama.          Ao presenciar o ataque (e o conseqüente
assassinato) de Caim a Abel, Deus interfere na história perguntando a Caim:


“Caim onde está o teu irmão?”


Caim responde cinicamente (e vejo como que num ato de desespero – comum a todo que
sabe que cometeu um dano irreparável):


“Sou eu, por acaso, guardador do meu irmão?” (Gn 4.9).


Conforme Gênesis, capítulo 4, versículos 8 a 26, nota-se que não foi simplesmente a
aceitação da oferta dos gêneros alimentícios, por parte de Abel, que despertara a aceitação
do Senhor, mas sim e, principalmente, a condição de ofertar o melhor ao Senhor. Abel não
apenas ofertou o melhor ao Senhor, conforme o episódio relatado nas Escrituras. Ele já


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possuía um contato anterior com Deus, e por isso mesmo ofereceu o melhor. Ele não
ofereceu o melhor porque conhecia Deus, pelo contrário, ele conhecia Deus e por isso
oferece-Lhe o melhor, por isso mesmo se explica o ato advocatício (de acusação), de Deus
sobre Caim.


Quando você decide servir a Deus e honrá-Lo com o seu melhor (em função de seu contato
íntimo anterior com Deus), Ele assume sua causa e o defende. Cada dia que você abre
mão desse contato, cada dia que deixa de aproximar-se dEle, é uma oportunidade perdida e
uma chance de descobrir algo interessante da parte de Deus.


Alguém já disse que quando damos um passo em direção a Deus, Ele dá dois passos em
nossa direção e o salmista disse no Salmo número 68, verso 17: “Uma coisa disse ao
Senhor e Ele ouviu duas vezes”, com certeza, está aí demonstrada (e registrada), mais uma
vez, a boa vontade de Deus para com o homem.


Enfim, em todos esses exemplos mencionados (evidentemente você sabe que poderíamos
citar inúmeros outros, talvez os relatos ocorridos com Josué, Gideão, Sansão, Davi, Daniel e
Isaias, igualmente importantes e cheios de provas da experiência e confiança em Deus,
adquiridas por meio da fé, mas também, igualmente, demonstraríamos (ou comprovaríamos)
que Deus age somente naquelas pessoas e naqueles momentos em que demonstramos
nossa capacidade de confiar no Seu agir), entendemos que Deus tem o maior prazer em
revelar-se a nós (e aos que estão ao nosso redor) seja para nos ajudar a superar
determinados momentos de opressão, dificuldade ou doença, ou mesmo para fazer–nos
alcançar saídas espetaculares ou sobrenaturais da Sua vontade, que Ele mesmo implanta
em nosso ser.


Qual a lição ou significado que podemos tirar para nossa vida de todas essas oportunidades
de aprendizado? É simples – quanto mais confiamos em Deus, mais Ele tem prazer em
revelar-se a nós por meio de Sua infinita bondade e misericórdia.


O que dizer desses exemplos?


Quero dizer é que Deus nunca desiste de você. Se você aplicar a fé genuína em seu
coração em tudo o que fizer na Sua presença, ou como disse o escritor aos Hebreus,
“chegando-se a Ele com inteireza de coração”, Deus assume a responsabilidade por esse


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compromisso de encontro, de intimidade, pois, se tem alguma coisa que Deus não resiste, é
um coração contrito, conforme Salmo número 51, versos 10 e 11.


É assim que Deus age. Deus quer o seu coração fervilhando de fé, Deus quer ver o seu
coração inundado de confiança, de intrepidez.       Olhe o que disse o Apóstolo João, em
Apocalipse, capítulo 21, versículo 8: - “Mas, quanto aos tímidos (ou medrosos, dependendo
da tradução), ... a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, que é a segunda
morte”.


Retomando ao assunto proposto neste capítulo, estávamos em nossa cidade natal (local do
meu nascimento e do meu esposo), Santo Antônio da Patrulha, no Estado do Rio Grande do
Sul, cerca de 90km de Porto Alegre, em férias. O Luís Antônio tinha naquela ocasião quatro
anos e nove meses.


Estávamos na casa de meus sogros em uma manhã de quinta-feira, quando meu filho foi
acometido de uma terrível crise de epilepsia. Meu esposo ficou deveras preocupado, pois
até aquela data ainda não havia presenciado crises como aquela em razão de que, todas as
vezes em os sintomas convulsivos se avolumavam, encontrava-se trabalhando.


Deixei o menino com ele e me afastei indo para o quarto orar fazendo como determina a
Bíblia, no livro de Mateus, capítulo 6, versículo 6, que diz: “Mas tu, quando orares, entras no
teu aposento e, fechando a porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê
o que está oculto, te recompensará”.


Uma vizinha de minha sogra que se encontrava em sua casa naquela ocasião se admirou
da minha atitude em deixar o menino naquela situação com o pai e ir orar.


Em razão do ocorrido arrumamos as malas e voltamos no dia seguinte pela manhã. À tarde
da mesma sexta-feira levei o Luís Antônio ao médico que tratava dele. O especialista me
fez diversas perguntas e depois de um prolongado silêncio levantou-se, pôs a mão no meu
ombro e, em meio a um suspiro, comentou:


“Mãezinha, não existe cura em parte nenhuma do mundo para o seu filho. É epilepsia
declarada”.



                                              41
Naquele momento parece que o chão havia saído de onde eu estava. Saí desolada do
consultório. Fui chorando até chegar à minha casa.


No domingo à tarde estava visitando a igreja onde freqüentávamos, o Missionário Luiz
Nunes (mesmo nome do meu esposo), oriundo da cidade de Taquarimbó, da República
Oriental do Uruguai.


Durante a pregação contou seu testemunho, de todas as maravilhas que Deus havia
realizado em sua vida.


Ele havia residido em São Paulo, foi tuberculoso e tinha um filho (ao qual ele chamava
carinhosamente de Adãozinho) na época com 11 anos de idade.                Contou em seu
testemunho que o Adãozinho nasceu cego e era acometido de convulsões epilépticas.
Quando as crises se acirravam, sua esposa (e mãe do menino) desmaiava de pavor e
nervosismo. Confessou que foi tentado a dar cabo de sua própria vida.


Ainda não havia aceitado a Jesus Cristo como seu Salvador e, portanto, não conhecia o
Cristo Vivo, que é Poderoso para fazer milagres na vida daquele que o aceitar.


Depois de tomar esta decisão em sua vida, por alguma circunstância resolveu vir a Porto
Alegre – chegando aqui deixou sua esposa e filhos na estação rodoviária e saiu para
comprar alguma coisa para comer, pois não conhecia ninguém por aqui.




Perdeu-se ao caminhar pelas ruas próximas à estação rodoviária desviando-se bastante
para retornar. Ao vê-lo perambular pelas ruas de Porto Alegre, casualmente um irmão que
freqüentava os cultos no templo central, o encontrou e indagou ao Missionário Luiz Nunes o
que fazia na cidade, ao que ele prontamente respondeu que estava chegando à Porto
Alegre e que havia deixado sua família na rodoviária, porém, não achava mais o caminho de
volta.


Trabalhava como Porteiro, no culto daquele dia, no templo sede, um irmão de origens
castelhanas e, ao ver aquele transeunte castelhano sendo trazido por outro irmão logo



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travou diálogo. Sem o menor entrave lingüístico o irmão Luiz Nunes contou como foi parar
ali.


Aquele irmão, o conduziu até a estação rodoviária (ainda hoje fica a apenas algumas
quadras do templo central) e com a sua família (que já estava preocupada com a sua
demora) logo em seguida este irmão que o encontrou, o convenceu a se deslocarem até o
templo sede e se dispuseram a caminhar em direção a esse templo, da Igreja Evangélica
Assembléia de Deus, localizado no número 384 da Rua General Neto, no bairro Floresta.


Ao chegarem ao templo central, aquele irmão Porteiro, pediu-lhe que adentrasse,
apresentou o tal visitante com sua família aos pastores, que providenciaram acomodações
para o repouso daquela família pelo período que fosse necessário (naqueles dias o subsolo
do templo central era ocupado por alojamentos de irmãos que se deslocavam do interior,
para participarem de reuniões ou cultos no templo sede).


Providenciou o Senhor, que estivesse sendo realizada naquela semana, uma grande
campanha estando o templo praticamente lotado.


Para quem estava perdido sendo, de uma hora para outra, convidado a assentar-se
confortavelmente em um templo, com a promessa do resgate da família, acolhida e pouso à
noite, por si só, era bom demais.


A família novamente reunida assistiu ao culto e depois das refeições oferecidas pela igreja
repousaram no interior do prédio em alojamentos dispostos para tal fim.


Convidados para assistirem o culto da noite seguinte, o casal não se fez de rogado
aceitando de imediato o convite.    Nem ao menos desconfiavam da grande e agradável
surpresa que lhes aguardava.


À pessoa desprovida de entendimento espiritual ao deparar-se com fatos como este poderá
dizer que tudo não passou de mero acaso ou coincidência, desprezando toda a arquitetura
de um plano superior que, como diz a Bíblia, na primeira carta do apóstolo São Paulo à
Timóteo 2:4: “Importa que todos os homens cheguem ao conhecimento da verdade”. Esta
afirmativa, foi confirmada, neste ato, por alguém que estava no lugar exato e disposto a
atender à ordem missionária de alcançar a mão a quem estivesse precisando.


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Tenho para mim que a missão do porteiro, por mais humilde que possa parecer, se reveste
da maior importância, por ser, exatamente, o início de muitas histórias de conversões e, o
fato precursor de muitas vidas utilizadas com vigor, ousadia e unção nas mãos do Senhor.
A pessoa investida na função de porteiro deve ser tão inspirada quanto o preletor. De nada
adiantaria o pregador estar focado em atender ao chamado de Deus e falar aquilo que o
Espírito Santo está lhe incumbindo se, ao chegar à porta da igreja, o ainda incrédulo
deparar-se com uma pessoa totalmente desprovida da graça de Deus, e sem o mínimo
trejeito de relacionamento humano, fazer com que o amigo ouvinte perca a oportunidade de
entrar no templo para ouvir a Palavra de Deus (a fé é produzida no coração pelo ouvir a
Palavra de Deus). É necessário que o ouvinte dê lugar para o Redentor entrar em sua vida
promovendo a mudança que Ele deseja.


O casal ouviu a mensagem vinda do Senhor transmitida pelo pregador e, ao ouvirem o
convite, aceitaram a Jesus Cristo como seu Único e Suficiente Salvador, numa expressão
pública de fé como todos nós fizemos um dia, como apregoou o apóstolo Paulo em sua
carta aos Romanos, capítulo 10, versículos 9 e 10. Acompanhado dos filhos, passou à frente
e após a afirmativa de aceitarem a Jesus receberam a oração da benção da salvação.


Um irmão que estava assentado próximo à porta teve uma visão (outro mistério tanto para
os que crêem tanto para os incrédulos). Por que digo isso? Explico.


Mistério para os crentes, pois sabem muito bem que o Senhor mostra visões a quem Ele
quiser, quando quiser, e do que Ele quiser, não cabendo a quem quer que seja questionar a
vontade, os motivos ou a ocasião do Senhor para isso.


Mistério para os incrédulos porque, ao não admitirem a interferência divina acusam logo de
delírio ou de transe (como preferem os intelectuais, ou aqueles que têm acesso à mídia),
não entendendo absolutamente nada da vontade do Senhor e que Ele utilizou aquele
método exatamente para demonstrar e comprovar Seu Poder, Sua Vontade e Sua
Onisciência.


Na visão, o irmão viu quando um anjo entrou no templo trazendo em suas mãos uma
bandeja de ouro e sobre essa bandeja dois pulmões. Os dois pulmões foram colocados nas



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costas do irmão Luiz Nunes. Quando o anjo se aproximou de seu filho Adãozinho, que era
cego, este imediatamente começou a gritar, saltitando de alegria e perguntando ao seu pai:


- “Pai, por que tu não me disseste que estas coisas são tão lindas assim?”. Como já disse, o
menino tinha nesta ocasião, 11 anos e não conhecia, ao menos, a luz do sol. Daquele
momento em diante, ficou vendo, foi curado completa e radicalmente das convulsões
epilépticas, nem sua mãe jamais teve motivos para voltar a desmaiar.


Deus operou milagres poderosamente em toda a família – a obra foi completa. Não há Deus
como o nosso Deus.


Ao tomar o púlpito naquela casa humilde naquela tarde de domingo, na singela igreja
localizada na Avenida 21 de Abril, na Vila Elizabeth, o Missionário uruguaio Luiz Nunes foi
poderosamente usado nas mãos do Senhor. Eu tinha quatro filhos à época. O Luís Antônio
era o segundo e eu estava com ele no colo. A Miriam Rosane, ainda pequena, estava nos
braços do pai, o José Ricardo e o Milton Valmir ao nosso lado.


Dirigindo-se a mim em um espanhol que eu mal compreendia, o irmão Luiz Nunes disse:


“Hermana que está con su hijo en sus brazos, el mismo Jesús que sanó a mi hijo Adãozinho
se curará a su hijo aquí y ahora”.


Ao ser convidada para passar à frente demorei-me um pouco, pois estava sentada no último
banco da casa (a igreja era uma casa de 5m50cm por 5m50cm sem divisões internas), havia
muita gente ouvindo a pregação e, além disso, porque o menino era pesado. Minha vontade
naquele momento era falar com ele, o que não foi possível.


Ao encerrar o culto, como estava próximo à saída, pude interceptá-lo. Ao conversar com ele
contei a história do meu filho ao tempo que pedi que orasse pelo Luís Antônio para que
Deus o curasse. Em resposta, ouvi ele me dizer:


“Cuando se fue al frente y recibió la oración de fe, Jesús sanó a su hijo. Lo sentí”.


Graças a Deus, daquele momento em diante o Luís Antônio nunca mais foi o mesmo. Nossa
casa igualmente, daquela noite em diante, nunca mais foi a mesma.


                                               45
Naquele momento percebi que as lágrimas que eu havia derramado naquela sexta-feira
quando saí desenganada do consultório médico, haviam terminado.


O médico mesmo havia dito que neste mundo não havia remédio nem solução, porém,
naquela tarde inesquecível de domingo pude presenciar o gosto da felicidade. Meu choro
agora era de alegria ao saber que a cura do meu filho realmente não veio deste mundo, veio
diretamente de parte de Deus para a minha vida e a de meu filho. Glórias a Deus por mais
esta grande vitória.


Não cabia em mim mesma de tanta alegria. Talvez você que está lendo estas linhas esteja
com um problema tão ou mais sério ou difícil que o mesmo que passei, talvez seja você pai
ou mãe com o coração partido em razão da doença ou da limitação de seu filho (a), quero
lhe dizer com toda a firmeza da fé que Deus colocou em meu coração, que Deus está pronto
pra te ajudar, e ainda ouso dizer mais, Ele tem grande interesse em te ajudar e dar um fim
no problema por qual estás passando.


Quero ainda te dizer que de maneira alguma me sinto melhor que alguém. Sinto-me
privilegiada sim, por ter alcançado tamanha graça (favor imerecido) da parte de Deus, mas,
com a mesma convicção que tenho em meu Deus, digo-te em O Nome do Senhor Jesus
Cristo, que Ele cura de gripe a tuberculose, de resfriado a qualquer doença degenerativa.
(Utilizo a expressão “qualquer” não subestimando a profundidade e a complexidade das
doenças – em absoluto – mas em razão de conhecer um pouquinho do grande poder que o
meu Deus tem para curar todas as enfermidades).


O Deus em quem eu confio “é o mesmo ontem, hoje e eternamente” e “não é homem para
que minta” e “vela pela Sua Palavra para a cumprir”, por isso, ainda que me seja impossível
fazer isso – depende única e exclusivamente de Sua vontade – gostaria de colocar em seu
intelecto, que Deus ama você com todo o amor que Ele dispensou à raça humana e que Ele
quer acabar hoje mesmo com a dificuldade que estás atravessando. Assim com Ele salva a
todos, igualmente está disposto a curar a todos. Esta é a salvação completa que Ele,
liberalmente, coloca à disposição de toda a humanidade.


Esta é a mensagem que temos de Deus, assim como Ele não escolhe pessoas para salvar,
conforme Romanos, capítulo 2, versículo 11, que diz: “Pois para com Deus não há acepção


                                            46
de pessoas”, também não escolhe pessoas para curar. Em Atos, capítulo 10, versículo 38,
diz: “... o qual andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do
diabo, porque Deus era com Ele”. Por isso posso afirmar, com plena convicção que, todos
que tiverem fé, para crer que Deus é poderoso para curá-lo, com certeza alcançarão do
Senhor a cura que precisam para o seu corpo.


Em Isaías 53.5 diz: “...o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele e, pelas Suas pisaduras
fomos sarados”. Por Deus, não há limites para que Ele possa operar em seu ser, a única
limitação quem poderá impor é você por sua fé (ou a ausência dela).


                                       Reencontro

Aproximadamente dez (10) anos mais tarde estávamos num culto no mesmo templo central
quando, em determinado momento, uma irmã levantou-se e pediu oração por seu pai que
estava internado no hospital Cristo Redentor (em Porto Alegre). Não me contive e fui falar
com ela. Disse-me seu nome – Eva – filha do irmão Luiz Nunes. No dia seguinte, na hora
da visita, fui a primeira a entrar no quarto dele. Identifiquei-me comentei com ele o que
relatei acima e pude perceber em seus olhos a emoção se desfazendo em lágrimas. Depois
desse reencontro fizemos uma linda amizade. Recebeu alta e veio para minha casa. Anos
depois tive o privilégio de visitá-lo em sua casa (em Rivera, no Uruguai).


O irmão Luiz Nunes, bem como sua família, esteve várias vezes em minha casa.


                             Ouvindo o “ide” de Jesus

Vou contar agora, algo que aconteceu quando a Miriam e o Joel ainda eram pequenos.


Morava perto de minha casa uma senhora por nome Andradina, que aceitou a Jesus como
seu Salvador logo depois que nos conhecemos. A Andradina fazia, também, limpeza na
casa de uma outra vizinha nossa, que costumeiramente chamávamos de “Dona Inácia”.


Certo dia Andradina ao chegar para limpeza pediu-me para, antes de iniciar sua faxina,
orarmos por Dona Inácia e seu esposo José Vinoca, pois estavam passando por momentos
difíceis.


                                              47
Muitas vezes oramos por esta família somente não imaginava o que poderia ocorrer mais
tarde. Transferimos nossa residência, tempos depois, para endereço bem próximo desta
família.


A Miriam Rosane naquela época dava aulas para várias crianças inclusive para um dos
filhos de Dona Inácia. Este, aceitou a Jesus como seu Salvador e, logo depois começaram
a namorar. Ele, por nome Valmir, é esposo da minha primeira filha.


Dona Inácia passou por aquela fase de lutas conservando-se sempre serva fiel ao Senhor e
feliz com seu esposo.


Quando a Miriam Rosane estava para completar quinze anos de idade, em janeiro de 1980,
foi a um culto em Canoas, cidade da região metropolitana de Porto Alegre. Pastoreava a
igreja naquela cidade, naquela época, o Pastor Edgar Machado.


Naquele culto Deus falou muito forte com ela sobre Missões. Ao chegar do culto ela não me
falou nada. Depois daquela reunião colocava o relógio para despertar sempre às três horas
da manhã e orava até às quatro horas durante um mês inteiro. Escutava sua oração em
todas aquelas manhãs, mas percebia que era uma oração diferente daquelas que estava
acostumada a ouvir de seus lábios.


Sua cama ficava ao lado da minha (dormia no quarto onde estava minha cama porque os
meninos dormiam juntos no quarto restante da casa), mas não fiquei sabendo sobre qual o
propósito que ela orava, porém, imaginava que estivesse orando por alguém que estivesse
gostando.


No domingo à noite, do dia 24 de fevereiro, daquele mesmo ano, nos deitamos e o Espírito
Santo inquietou-me não me deixando dormir. Eu sentia como se fosse uma tocha a me
queimar nas costas e a terceira pessoa da Santíssima Trindade me impulsionava a orar, até
que não resisti e chamei meu esposo. Ele dormia profundamente. Chamei pela segunda
vez. Na terceira vez em que o chamei ele virou-se para o canto (de costas para mim). Ao
ver esse gesto pensei:


“Amanhã é segunda-feira, todos trabalham fora, só eu que não”.


                                            48
Nisto levantei-me dobrei meus joelhos e comecei a orar. O Espírito Santo, por Sua imensa
misericórdia, tomou-me de uma forma especial e eu comecei a falar uma palavra que nunca
havia ouvido falar antes:


“Cochabamba”.


Só pronunciava esta palavra. Quando me dei por conta estava toda minha família ao meu
redor, em volta da cama orando a Deus. O Espírito Santo tomou conta do Luís Antônio e
em palavra de profecia Deus o usou para falar com a Miriam Rosane, dizendo o seguinte:


“Vou te levar para Cochabamba. É lá que tu vais fazer a Minha obra”.


Em oração a Miriam respondeu querendo descartar esta possibilidade:


“Nunca pousei longe de casa, como vou para um lugar desses que eu nem sei onde fica?”


Ao que o Espírito respondeu por meio do Luís Antônio:


“Tenho algo muito especial para ti. Lá o povo é indígena, andam todos nus, e se alimentam
de folhas de árvores”.


Naqueles dias estava morando em minha casa o Nilsinho, um menino cuja mãe havia
falecido e este estava muito doentinho.


Em continuação o Espírito Santo usando o Luís Antônio disse:


"Como prova de que Sou Eu que falo contigo, eis que curo este menino neste momento”.
(Referindo-se ao Nilsinho o qual o Luís Antônio havia tomado em seus braços).


E realmente aconteceu assim.


Quando o Luís Antônio começou a falar, eu tive uma visão. Nessa visão eu vi a Miriam
Rosane em uma rodoviária. Ela entrou em um ônibus, no banco que fica logo atrás da



                                            49
porta, ao lado do motorista. No lado oposto do mesmo veículo, atrás do motorista vi alguém
ao seu lado que conversava com ela, porém não conseguia identificar quem era.


Aquele ônibus percorreu uma longa viagem até que parou próximo a uma árvore muito
frondosa não conseguindo ver mais nada depois disso. A visão acabou ali.


Anos depois o Valmir, um dos filhos do José Vinoca, aceitou a Jesus como seu Salvador,
vindo a se apaixonar pela Miriam Rosane.        Este tinha em seu coração uma chamada
missionária.


                               Missão e Casamento

Antes do casamento dos dois (cuja cerimônia teve lugar no dia vinte e oito de novembro de
1992) eu me encontrava na congregação da Vila União ao lado da irmã Maria do Carmo e
orava ao Senhor pedindo a Ele que soprasse um vento oriental e enviasse codornizes para
o casamento da minha filha.


A nossa parentela é muito grande e estávamos preocupados com a quantidade de pessoas
convidadas. Convidamos muitas pessoas amigas. A festa foi linda. Todos se regozijaram e
comeram à vontade. Sobrou muita comida e nossa preocupação se desfez. Graças a
Deus.


No domingo seguinte a irmã Maria do Carmo me disse:


“Irmã Dora, Deus realmente ouviu e respondeu a sua oração. Eu nunca havia participado de
um casamento com tanta fartura”.


Agradeci a Deus mais uma vez por isso.


No mês de agosto de 1993 acompanhamos o casal até a estação rodoviária de Porto Alegre
quando despediram-se de nós embarcando em direção à Bolívia. Sabem em qual banco do
ônibus sentaram? Justamente no assento atrás da porta, ao lado do motorista, onde Deus
havia me mostrado na visão em fevereiro de 1980.




                                           50
Ficaram na cidade de Santa Cruz de La Sierra com o pastor Paulo Moreira que fazia um
trabalho muito lindo em Cochabamba. A cada três meses entravam em um barco e se
dirigiam àquela localidade levando comida, roupas e medicamentos para os índios que
andavam nus.


Fazia já um ano que o Valmir e a Miriam Rosane estavam na Bolívia quando ela engravidou.
Pedimos a ela que voltasse para ter seu bebê em Porto Alegre o que acabou acontecendo.
Ambos, também se envolveram na obra de Deus, em Porto Alegre.


Em dezembro de 2006 voltaram à Bolívia, em passeio, para rever velhos amigos.


                      O início dos cultos na Vila União

Em novembro de 1978 meu esposo trabalhava à noite o que me impedia de assistir aos
cultos. Por este motivo os irmãos resolveram fazer cultos na minha casa. Os irmãos se
reuniam nas sextas-feiras à noite e nos domingos à tarde. Essas reuniões perduraram dois
anos.


No dia dois de novembro do ano de 1980 houve a invasão da área verde (próxima a minha
casa) a qual tomou o nome de Vila União.


Logo em seguida e, como forma de motivar as pessoas que trabalhavam na construção de
suas próprias casas, nos dedicamos à confecção de sopa.             Também logo depois
começamos a erigir cultos debaixo de uma lona. Era o início do que se chamaria mais tarde
de congregação da Vila União.


Atuei como encarregada da sopa durante quinze anos ininterruptos de segundas a sextas-
feiras. Cada dia havia, invariavelmente, dois irmãos que auxiliavam no transporte de lenhas
para os fogões ou arrecadando (pedindo mesmo) alimentos no Ceasa para “engrossar” a
sopa, sendo o responsável pelo transporte desses ingredientes da sopa, o incansável irmão
Diofanto, com sua camioneta Veraneio. Este querido irmão congregava na igreja da Vila
Meneghetti.




                                            51
Havia também duas irmãs que trabalhavam na confecção de acolchoados para posterior
doação em asilos e orfanatos.     Era um trabalho muito lindo e que requeria dedicação,
abnegação e, sobretudo, vontade de fazer os outros felizes, não obstante os poucos
recursos com os quais todos nós estávamos tão acostumados.


Lembro que certo dia daqueles em que estávamos, invariavelmente, envolvidos com aquela
atividade, meu esposo cortava lenha para pôr no fogão, no pátio (que depois viria a ser
construída a igreja) deu um mau jeito na coluna lombar que, como se diz popularmente, a
coluna virou em um “S”.


Consultando com um médico ortopedista, chamado Eliseu Santos (que mais tarde viria a ser
o vice-prefeito de Porto Alegre, por uma gestão), este disse-lhe que ”a coisa estava feia”, ou
seja, teria que ser feito um tratamento prolongado, dolorido e caro para que a coluna
voltasse ao lugar habitual.


Dias depois, com a coluna ainda naquele estado, quando dava comida a uns pintinhos que
eu tinha, em um horário quando o sol estava a pino, meu esposo apavorou-se ao olhar para
sua própria sombra.     Largou imediatamente o que fazia, entrou em casa e, no quarto,
prostrado de joelhos orou ao Senhor dizendo:


“Senhor eterno, Tu não me fizeste assim, por isso não aceito que minha coluna continue
torta do jeito que está. Em nome de Jesus determino que minha coluna volte para o lugar
em que sempre esteve”.


Quando se levantou do lugar onde se encontrava, sua coluna estava em perfeito estado.
Glória ao nome do Senhor por mais esta vitória e oração respondida.


Você que está lendo estas linhas creia que todas as palavras e histórias aqui descritas
tiveram lugar no tempo e no espaço, tendo todas elas sido fruto de experiências com Deus,
portanto reais, desprovidas, por isso, de qualquer imaginação. Todas elas foram verídicas.


Se por acaso, você está passando por alguma provação ou luta, sugiro que você se coloque
nas mãos do Senhor, ore sem cessar, busque a resposta e a providência do Senhor Deus
para sua vida.



                                             52
Saiba que Deus responde tuas orações segundo a medida da tua fé. Peça a ele que
acrescente tua fé e verás a resposta das tuas orações. Procure ter mais intimidade com a
Bíblia, procure também decorar e ter em mente alguns versículos da Bíblia para poder
resistir e responder ao inimigo nos momentos de prova.


Para a glória de Deus posso te dizer que já li a Bíblia várias vezes de capa a capa, como se
diz, e Deus sempre coloca em minha mente pelo menos um versículo para obter vitória nos
momentos de maior aflição.


                           Bênçãos vindas da Paraíba

Lembrei de um fato que aconteceu há trinta anos. Veio morar perto de minha casa uma
família oriunda do Estado da Paraíba. Fomos as primeiras pessoas cristãs do Rio Grande do
Sul com quem travaram amizade. Foi uma amizade muito linda. Naquela família havia dois
jovens, um chamado João Nilton e o outro chamado José Silva. Freqüentemente vinham à
minha casa para orarmos juntos. Comentava sobre eles com meu esposo dizendo que “eles
soltam fogo de tão cheios do Espírito”.


Certo dia, ao encerrarmos nossa costumeira reunião de oração em minha casa, nos
deparamos com um grupo de homens, contratado pela prefeitura municipal, limpando a
calçada próximo a um caminhão basculante no qual depositavam os detritos que retiravam
da rua.


Ao acompanhar os dois irmãos paraibanos que se preparavam para saírem no portão, o
motorista do caminhão me chamou e eu fui ver o que ele queria. Ao chegar perto dele
percebi que aquele senhor chorava compulsivamente quando perguntei a ele:


“O que está acontecendo aqui?”, ao que ele me respondeu, em meio aos prantos:


“Não conheço vocês, mas ouvi que vocês oravam e quando olhei para o telhado de sua
casa vi uma tocha de fogo muito grande, mas a casa não queimava. Confesso à senhora
que deixei os caminhos do Senhor há vários anos, porém, hoje, depois de ver o sinal aqui na
sua casa vou procurar uma igreja e me reconciliar com Deus”.




                                            53
Eu disse a ele:


“Vou orar por você aqui e agora e você vai sair em paz com Deus”.


E assim fiz, ali mesmo na frente de minha casa e na presença dos colegas dele. Ele chorava
muito, mas de regozijo e alegria em seu coração. Acredito que o Senhor teve um encontro
maravilhoso com ele naquele momento.


Dias depois ele me presenteou com uma carga de terra, no caminhão com o qual
trabalhava, para aterrar o terreno de minha casa.


Damos glórias a Deus por isso.       Hoje, o irmão José Silva (que vinha à minha casa
acompanhando o irmão João Nilton), é um pastor e, casualmente foi, por muito tempo, o
encarregado da congregação da Vila União, igreja que freqüentamos. É um grande homem
de Deus.


                                 A visita de um anjo

Em vinte e quatro de julho de 1988 meu esposo foi convidado a assumir a congregação
denominada Brasília II.   Como tinha o hábito de, ao assumir qualquer trabalho, convocar a
congregação para uma campanha de oração por quarenta dias, desta feita não foi diferente.
Colocou a congregação em oração. (Esses momentos de oração eram divididos pelas
manhãs – para os irmãos que não podiam assistir às reuniões à noite, e também à noite).


Esta campanha tinha a finalidade de evitar que tomasse qualquer decisão de sua própria
vontade ou prejudicar alguém, bem como estar sempre na direção do Altíssimo.


Nessa época ele trabalhava por turno e, em uma semana seu horário era pela manhã e na
outra seu expediente iniciava na tarde e estendia-se até a meia-noite.


Isto quer dizer que ele podia comparecer aos cultos somente em semanas intercaladas, em
razão de seu trabalho, mas eu procurava dar assistência em todos os cultos nessas
campanhas. Quando ele não podia comparecer, eu ia aos cultos acompanhada de minhas
filhas, já que a congregação fica um pouco longe de nossa casa.


                                             54
Certo dia, já perto do final da campanha, numa das semanas em que eu e as gurias
chegávamos à igreja, percebi que a porta estava aberta. Entramos, com receio, verificamos
tudo pensando, primeiramente (e humanamente falando), tratar-se de arrombamento,
porém, para nossa (agradável) surpresa, estava tudo no seu devido lugar.


Passado o susto inicial, logo depois começamos a orar ao mesmo tempo em que foram
chegando mais congregados.      Passado algum tempo alguma coisa começou a desviar
minha atenção. De repente comecei a ouvir o dedilhar muito calmo e muito bonito de um
violão. Olhei para o púlpito e não vi ninguém. Retornei á oração e sistematicamente ouvia
uma voz masculina a glorificar ao Senhor com “Glória a Deus” e “Aleluia” e o violão não
parava de tocar. Aquilo de certa forma me incomodava e pensava comigo mesmo:


- “Como pode alguém estar tocando violão no momento destinado à oração?”


Pude perceber, também, que alguns outros irmãos também ouviam o tocar do violão e volta
e meia olhavam em direção ao altar para ver quem dedilhava o violão.


Terminada a oração, o culto teve o seu desfecho como sempre e voltamos para casa. Dias
depois (na mesma semana) recebemos a visita do irmão Cláudio Caetano que,
frequentemente, nos visitava (havia sido recepcionado por meu esposo que naquela semana
trabalhava no turno da manhã). O Espírito Santo o levou a comentar sobre anjos. Enquanto
conversávamos sobre este assunto preparava um café com bolinhos fritos (eram os
preferidos do irmão Cláudio Caetano).


Quando minhas filhas voltaram da aula, no turno da tarde, uma entrou pela porta da frente e
a outra pela porta da cozinha e perguntei a uma delas:


“Tu não percebeste nada estranho naquele culto enquanto orávamos?”


Ela me respondeu:


“Ouvi uma pessoa tocando violão. Olhei para o púlpito várias vezes (porque era de lá que
vinha o som do violão), mas só não consegui ver quem era. Sei que era uma voz masculina
e que dava Glória a Deus e Aleluia”.


                                            55
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Experiências de fé: a jornada de conversão de uma família

  • 1. Doraci Silva dos Santos Luís Antônio dos Santos
  • 2. EXPERIÊNCIAS DE FÉ Doraci Silva dos Santos Luís Antônio dos Santos
  • 3. Agradecimentos: - A Deus Por Sua Infinita Misericórdia, e pela Sabedoria doada para escrever estas linhas; - À minha mãe Mesmo em meio ao sofrimento infringido pelo falecimento de meu pai, enquanto escrevia estas linhas, foi a idealizadora deste projeto, corrigindo e colaborando com a fidedignidade dos fatos; Aos meus irmãos e irmãs Pela paciência Às pessoas citadas nestas linhas Por emprestarem seus nomes, mesmo que esta obra não tenha fins lucrativos. In Memorian Ao Pastor Agenor (Pastor Jubilado da cidade de Tapes) Ao meu Pai Luiz Nunes dos Santos Incondicional no apoio a este projeto, Infelizmente não teve a oportunidade de vê-lo realizado. 2
  • 4. Prefácio Estas simples e poucas linhas foram escritas somente com a intenção de levar o leitor a conhecer um pouco mais daquilo que Deus pode fazer na vida de pessoas humildes que propuseram no seu coração apenas fazer Sua vontade. Sem olhar para sua pequenez em termos eclesiásticos ou mesmo sua sofrível condição social, não perderam a oportunidade que se abria para anunciar e testemunhar o poder transformador da Palavra de Deus na vida de qualquer pessoa que O aceitasse como Único e Suficiente Salvador. As histórias aqui relatadas tiveram lugar, em sua maioria, na zona norte de Porto Alegre, mais precisamente no bairro Sarandi, vila Elizabeth, e arredores, a partir de 1958 e, praticamente, até aos dias de hoje. Longe de querer acumular glória para si, os protagonistas destes escritos quiseram demonstrar a Misericórdia e a Bondade de Deus, na vida de pessoas que não tiveram qualquer pretensão, ao longo de suas vidas, de quererem destaque ou aproveitamento, sob qualquer aspecto, das situações vivenciadas, o que pode ser comprovado pelo estilo humilde de viver, que em muitas oportunidades, conforme demonstram os relatos, envolveram tão somente questões espirituais e em momento algum, financeiros (no sentido de aproveitamento). Pelo contrário, a vida difícil relatada com a mais fidedigna das realidades demonstrou, em muitos casos, que eram os partícipes da história que necessitavam de ajuda e, quando menos esperavam, a Fidelidade e a Providência divina propiciavam o sustento necessário e adequado àquela família. A irmã Doraci Silva dos Santos, mas que atende pelo carinhoso e humilde apelido de “irmã Dora”, mãe do concatenador das idéias aqui expostas, reside na vila e bairro acima citados, sendo membro da Igreja Evangélica Assembléia de Deus desde 1960. Ela possui, hoje, com 70 anos de idade, tendo sido consagrada Diaconiza há muitos anos atrás, na congregação que trás o mesmo nome da vila onde reside. Ela aceitou a Jesus Cristo como seu Salvador em 24/12/1960 tendo sido batizada nas águas em 03/02/1963, e com o 3
  • 5. batismo do Espírito Santo, com evidências de falar em línguas espirituais, em outubro do mesmo ano. Seu esposo, Luiz Nunes dos Santos, consagrado como Evangelista da mesma Igreja, também há muitos anos, foi Encarregado de diversas congregações pertencentes ao distrito Vila Elizabeth, como as congregações de Vila Nova Brasília e Vila União. Ele possuía 74 anos de idade até que o Senhor o chamou para o descanso eterno, em 09/06/2010. Aceitou a Jesus como seu Salvador em 22/11/1962, tendo sido batizado nas águas em 02/03/1963, e com o batismo no Espírito Santos, com evidências de falar em línguas espirituais, em outubro do mesmo ano. Ambos nascidos no município interiorano do Estado do Rio Grande do Sul, chamado Santo Antônio da Patrulha. Conhecido como antigo produtor de cana-de-açúcar, este foi um dos quatro grandes municípios em que era dividido o solo gaúcho. O casal tem sete filhos conforme relatado em diversas ocasiões, tendo o primeiro sido chamado de José Ricardo, o segundo de Luís Antônio, o terceiro de Milton Valmir, abrindo a “série” das meninas nasceu a Miriam Rosane, logo depois dela nasceu o Joel Éverson, e, por fim, as gêmeas Marliese Raquel e Marlise Isabel. A família cresceu e o casal de anciãos teve cinco netos e quatro netas. Os episódios relatados neste ensaio, o foram por minha mãe com total fidelidade e com a maior riqueza de detalhes possível, principalmente aqueles tratados na primeira pessoa do plural. Na segunda metade do livro (a partir de Vida de um epiléptico), o texto passa a ser redigido na primeira pessoa do plural, em razão do contexto a que se propõe, e, também, por que os relatos de minha mãe perduraram até aquele capítulo. 4
  • 6. Palavra do Pastor Este livro retrata a história de uma família que Deus salvou e chamou para um propósito especial na nossa geração: a Família Nunes. Família esta que representa bem o Salmo 37, verso 23, que diz: “Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, Ele deleita- se no seu caminho”. Referindo-me à Irmã Dora: uma “mãezona”, mulher de fé, pessoa a qual Deus tem usado muito em Suas mãos, tenho por ela um grande carinho e a amo como se fosse minha mãe, e aos seus filhos, como meus irmãos. Esta família foi a primeira que me acolheu quando cheguei à cidade de Porto Alegre. Referindo-me ao Irmão Luiz Nunes, já de saudosa lembrança: deixou-nos o exemplo de um homem amoroso, dedicado à família e abençoado na Obra de Deus. Da mesma maneira, considerava-o como um pai, que sempre me dedicou o maior carinho. Sendo eu um obreiro de Deus assim como ele, me apoiou e incentivou em meu Ministério. Meu desejo é que Deus continue abençoando sempre esta família e que este livro venha servir de bênção para que muitas outras famílias sigam o exemplo valoroso da Família Nunes. Pastor José Ferreira da Silva 5
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  • 9. Introdução Sempre fui muito católica, trabalhei como doméstica com uma família natural da Itália (que também era muito católica) local onde me fizeram uma verdadeira lavagem cerebral. Saí desta casa dia 29 de agosto de 1958 casando-me no dia seguinte. Nascida e criada em família pobre, típica de cidade interiorana, sem ter contato com as facilidades da capital. Meus pais sempre foram agricultores e tinham como único compromisso aos domingos, participar da missa que se realizava a cerca de dois quilômetros de distância de onde morávamos. 8
  • 10. Minha conversão Dias depois de nos estabilizarmos (eu e o meu esposo), em uma casa alugada em Porto Alegre, no bairro Passo das Pedras, dois dos meus cunhados solteiros (Mário e Valdemar) foram morar conosco. Ambos já haviam aceitado a Jesus como Salvador de sua alma e a partir daí começaram a testificar de Jesus pra mim e logo em seguida se batizaram nas águas em datas diferentes. Convidaram-nos para o batismo, meu esposo mesmo não querendo ir disse-me que se eu quisesse, poderia ir, entretanto, ele não. Mas Deus tem os Seus planos, porém eu não os entendia. Em 24 de dezembro de 1960, na programação de Natal, como é de costume nas igrejas Assembléias de Deus, fomos à programação festiva, depois do convite insistente dos meus cunhados. Eu e meu esposo acompanhamos os dois jovens e chegando à frente da congregação na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, na entrada do Bairro Passo das Pedras (naquela época não havia a linda e acolhedora congregação Passo das Pedras que tem hoje), lá estavam algumas pessoas ensaiando os últimos detalhes da peça que seria apresentada na reunião daquela noite. A peça que foi apresentada se chamava “A samaritana no poço de Jacó”. Ficamos parados ali na frente daquela casa humilde, quando aconteceu o primeiro dos mistérios que caracterizariam e acompanhariam minha vida de fé, no Todo-Poderoso. Na frente da igreja senti uma sensação tão estranha e, antes que pudesse me olhar, me senti completamente nua. Ao me sentir nesse estado indaguei ao meu esposo: – “Por que é que tu me deixaste sair assim? Por que não me falaste nada? O que é que os outros vão falar de mim?” No instante seguinte ele puxou o meu vestido, como que me mostrando minha roupa, foi quando pude perceber que estava vestida. Naquele momento Jesus veio ao encontro de minha alma e comecei a chorar a tal ponto que pensei que não pararia mais. Meu pranto foi tanto que um dos meus cunhados (que estava interpretando um personagem na peça, ao ver-me naquele estado, pediu a um amigo que descesse do palco e fosse me perguntar o que estava acontecendo e se eu estava me sentindo bem). 9
  • 11. Saí daquele culto sentindo-me uma nova criatura e nunca mais voltei atrás. Diferentemente, meu esposo não tomou a mesma decisão naquele dia. Tínhamos, naquela época, dois filhos. O primeiro chamado José Ricardo e o segundo chamado Luís Antônio, que contava naquele dia, exatamente, três meses e dezenove dias. 10
  • 12. O começo com dificuldades Em junho de 1961 começamos uma nova, dura e prolongada prova. Meu filho Luís Antônio começou a ter crises epiléticas. A luta foi tremenda, mas pretendo falar desse episódio, especificamente, mais tarde. Eu estava grávida do terceiro filho, antes, porém, de o Milton Valmir nascer, passei muito mal e fui parar na maternidade de um hospital. Fiquei internada por uma noite, com muitas dores. Meu esposo voltou àquela maternidade pela manhã quando os médicos disseram a ele que me levasse urgentemente para a Santa Casa (Hospital Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre), pois o bebê estava morto. Não me disseram nada. Passamos pela “Sandu” (atual SAMU) e ali também diagnosticaram (para o meu esposo) que o bebê estava morto e que ele precisava me levar urgentemente para a Santa Casa, e que se isso não acontecesse, estaria colocando minha vida sob risco de morte. Logo em seguida meu esposo me revelou o que os médicos haviam dito a ele, então eu disse que preferia morrer em casa, pois naqueles dias se ouvia muitas histórias sinistras da Santa Casa. Instantes depois, estávamos nos dirigindo para nossa casa. Chamamos a parteira que me havia assistido no parto do Luís Antônio. Quando ela chegou, disse a ela o que havia sucedido ao que ela me respondeu que eu estava com uma infecção e que o nenê não estava morto, pelo contrário, estava bem. Pela bondade e misericórdia de Deus, na semana seguinte meu filhinho ao qual demos o nome de Milton Valmir, nasceu. Lindo e perfeito, hoje é um homem de Deus, usado em Suas mãos para pregar a Palavra. Nostalgia Dia 19 de outubro de 1962, nos mudamos para a vila Elizabeth. Os cultos naquela localidade haviam iniciado não fazia muito. Os cultos eram ministrados no mesmo lugar em que são ministrados hoje, porém, era uma casinha humilde, “quatro águas” como se diz, sem repartições, pintada de cor laranja por fora e azul por dentro, toda em madeira. A igreja 11
  • 13. naqueles dias não ocupava todo o pátio, e a grama que nascia dentro do terreno era cortada pelo então porteiro e saudoso irmão José Minho, esposo da também saudosa e amável irmã Doralina. Este, mesmo ao carpir a grama, não se desfazia da indumentária típica do gaúcho, como bombacha, bota de couro, chapéu e o exemplar de uma faca e guaiaca na cintura. Hoje, no mesmo local, existe um belo templo, sede do distrito número 01, localizado na Rua Figueiredo de Mascarenhas, esquina com a Avenida 21 de abril. Lembro-me com carinho quando, nos cultos das irmãs, nas tardes de quarta-feira, enquanto orávamos e cantávamos, o irmão José Minho continuava firme na sua lida. No dia 22 de novembro do ano de 1962, meu esposo deu seu primeiro passo de fé aceitando a Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador. Em 03 de fevereiro de 1963 fui batizada nas águas e meu esposo tomou a mesma profissão de fé, em 02 de março do mesmo ano. Provas Iniciaram-se pra nós novos tempos de provas. Naqueles dias ainda não haviam sido construídas obras de contenção das águas (diques) e com as chuvas dos invernos que se seguiram sofremos com cinco enchentes na vila Elizabeth. Morávamos naqueles dias na antiga Rua 10, nas proximidades do que onde existe construído hoje um grande centro comunitário da vila do mesmo nome. Na última enchente perdemos tudo do pouco que tínhamos conseguido adquirir com muita dificuldade. Estávamos morando temporariamente na casa do meu cunhado Mário já fazia 08 meses, no Passo das Pedras, próximo à Avenida Baltazar de Oliveira Garcia. Meu esposo saía de casa às 4h45min para o seu trabalho em uma cutelaria de grande renome naqueles dias. A partir do momento em que fechava a porta após sua saída, dobrava meus joelhos e orava até os filhos acordarem. 12
  • 14. Em razão de nossas dificuldades econômicas daquele momento, meu esposo havia solicitado ajuda financeira na empresa onde trabalhava. Certa manhã enquanto eu orava tive uma visão que me atormentou muito: eu via um acompanhamento fúnebre de grande extensão – comecei a chorar copiosamente pedindo a Deus que me revelasse o que significava aquela visão enquanto perguntava a Ele quem dos meus, Jesus iria levar. Insistia com Deus dizendo nas minhas palavras: - “Meu Deus não chega o sofrimento pelo qual estamos atravessando e tu ainda vais levar alguém da minha família? Neste momento, meu Senhor, eu quero saber o que mais nos sobrevirá ainda, não é possível Senhor que vamos passar por mais um sofrimento desses”. Estando ainda em meio às minhas palavras eu vi o teto se abrir – Glórias a Deus – naquele mesmo instante ouvi uma voz que me dizia: - “Minha serva, as tuas lutas estão sendo sepultadas”. Fiquei intrigada com aquela visão, porém confiando no Senhor e no que Ele havia me revelado. Dois dias depois recebi a visita de uma moça desconhecida pra mim. Ela se apresentou como assistente social da empresa onde meu esposo trabalhava. O objetivo de sua visita era saber do que exatamente estávamos precisando para voltar à nossa casa. Antes de voltarmos a residir em nossa casa, ainda no mês de outubro de 1963, (a firma onde meu esposo trabalhava havia providenciado tudo o que precisávamos para tornar a casa habitável), nos reunimos na casa de minha cunhada Ivete para cultuarmos a Deus em ações de graça, num culto doméstico. Nesta ocasião Jesus, por Sua imensa misericórdia, batizou a mim e ao meu esposo, e mais sete (07) pessoas com o batismo do Espírito Santo com evidências de falar em línguas estranhas. Glórias a Deus por isso. Neste culto doméstico estivemos reunidos com mais três dos irmãos de meu esposo. Meu cunhado mais velho, por nome Antoninho, tinha três meninos sendo que o mais velho deles, Marcos, era muito usado nas mãos de Deus. Na noite daquele dia não quis voltar prá casa, pois já se fazia tarde. Pernoitou conosco. 13
  • 15. Comunhão Diariamente meu sobrinho Marcos tomava o ônibus às sete horas e quarenta e cinco. Na manhã do dia seguinte, faltando vinte minutos para as oito horas ele me convidou: - “Tia, vamos orar? Só por cinco minutinhos antes de o ônibus chegar?” Qual não foi nossa surpresa que, ao começarmos a orar, o Espírito de Deus inundou o nosso ser, de uma maneira tão profunda e gloriosa que nossa oração, que seria de apenas cinco minutos, prolongou-se até as 14 horas, sem nos importarmos para seu horário de escola, ou mesmo de almoço. Chegando em casa, mais tarde, meu esposo nos contou que estava no trabalho, em meio à barulheira normal de um expediente de cutelaria, e, por um momento, aquele barulho peculiar deu lugar a um profundo silêncio idêntico aos momentos de falta de energia quando ouviu uma voz intensa e poderosa dizendo: - “Eis que batizei tua esposa com o Espírito Santo com evidências de línguas estranhas”. Glórias a Deus. Na hora normal de chegar em casa, como de costume, eu estava esperando por ele no portão. Ao avistá-lo bem próximo de mim, ainda na rua, percebi que ele chorava. Ao perguntar, preocupada, pelo motivo de seu choro, ele me respondeu: - “Eu já sei de tudo”. Ele deu dois passos para dentro do pátio de nossa casa e Jesus o batizou, também, ali naquele lugar, com o Espírito Santo, começando logo em seguida a falar em línguas estranhas. E a alegria não parou por aí. Ao todo, naquele dia, em nossa casa, Jesus batizou nove (09), isso mesmo, nove pessoas com o Espírito Santo. Nova Alegria – Novos Mistérios 14
  • 16. Deus, por Sua Misericórdia, deu-me uma nova alegria no dia 17 de abril do ano de 1965. Neste dia nasceu minha primeira e linda filha a qual demos o nome de Miriam Rosane. Neste período presenciamos alguns novos mistérios que acompanham a salvação de almas. Poucos dias depois do nascimento da minha filha, o Espírito de Deus me moveu para ir até a cidade de Cachoeirinha (região metropolitana de Porto Alegre), precisamente, na casa de minha cunhada de nome Celita. Chegando à casa dela, deparei-me com sua mãe chamada Alzira que era espírita. Como de costume, andava sempre acompanhada de minha Bíblia, e comecei a falar de Jesus a ela e ao ler alguns versículos ela me disse: - “Dora, a tua bíblia é diferente da que eles lêem lá nas reuniões aonde eu vou. Se eu tivesse dinheiro te daria para comprar uma dessas pra mim”. Eu não titubeei, no mesmo instante alcancei minha Bíblia a ela dizendo: - “Esta é para a senhora, pode ficar com ela”. Viemos embora. Três meses depois recebi uma visita da minha irmã Geneci, que mora perto da Celita e, no meio de nossa conversa, perguntou-me: - “Dora, tu sabes quem se batizou na tua igreja?”. E, antes mesmo que pudesse esboçar alguma resposta ela mesma foi me respondendo: – “a dona Alzira, a mãe da Celita”. Depois disso, ela viveu por mais quarenta anos, aproximadamente, e eu a tenho como uma mulher consagrada na presença do Senhor, pois nesse tempo ela viveu em constante oração e gostava muito de jejuar. Quando vinha à minha casa sempre jejuava. Costumava jejuar de quatro a cinco dias. A última vez que me visitou, apesar da idade, mas com muita saúde, antes de ir embora pediu-me algo estranho: - “Quero que cantem o hino 202 da Harpa Cristã, no meu velório” (cujo título é: Junto ao Trono de Deus), e me deixou uma outra recomendação: - “A Bíblia nova que eu comprei vou deixar pra ti”. 15
  • 17. Na semana seguinte recebi o comunicado de que ela havia falecido. Falei para minha cunhada Celita dos pedidos que ela havia me feito. No seu velório cantamos o hino 202 e a Bíblia que me foi passada, dei à minha cunhada Celita (sua filha) que, posteriormente, a repassou para o seu filho (neto da irmã Alzira) de nome João Luiz, que algum tempo depois se converteu e continua fazendo uso da Bíblia da avó. Em 21 de outubro de 2007, minha cunhada Celita desceu as águas batismais em uma igreja evangélica em Gravataí, no bairro chamado Mira Flores. Meu genro Valmir, nos levou até sua casa nos levando também, logo depois à igreja. Lá os queridos irmãos Roni e Rosangela nos levaram até o local do batismo onde, somente naquela tarde, mais de 80 (oitenta) novos convertidos deixaram o velho Adão. Estava muito lindo. Para mim foi uma grande vitória. No livro de Eclesiastes, capítulo 11, versículo 1, diz: “Lança teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás”. Há quarenta e dois anos (42) anos anunciei o Evangelho do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo à irmã Alzira, arrancando-a das garras do diabo, para os braços de Jesus, e, hoje, sua filha a Celita, seu neto João Luiz e sua bisneta Paula Roberta estão decididos por Jesus. Estou muito feliz por isso – Glórias sejam dadas ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Escutando a voz do Espírito Santo Em onze de abril de 1969, Deus me deu mais um filho, o quinto (sendo o quarto filho homem), a quem demos o nome de Joel Éverson. Dias antes de dar à luz ao Joelzinho, enquanto fazia o pré-natal fui tomada pelo Espírito Santo ao sair do consultório médico. O consultório era localizado nas proximidades de onde hoje está localizado o estádio do Clube São José e, invariavelmente, quando saía dessas consultas fazia o contorno pela rua 16
  • 18. de trás (que me encurtava o caminho para chegar ao ponto do ônibus), porém, nesse dia e sem saber o motivo, fui levada a tomar o rumo da rua da frente do consultório. Chegando ao ponto do ônibus vi um senhor contando a uma senhora que sua esposa se encontrava no Hospital Lazarotto (localizado nas redondezas) acometida de câncer. Contava para aquela senhora que era procedente da cidade de Erechim, cidade localizada no noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Por este motivo ele se hospedara na casa de um amigo, na cidade de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, cujo nome era Antônio Trindade. Entrei na conversa e não desperdicei a oportunidade de falar de Jesus a ele. Embarquei no ônibus com direção à minha casa, não sem antes aquele senhor pedir-me para que eu visitasse sua esposa. Já no coletivo, ao passar defronte a uma loja de construção famosa da Avenida Assis Brasil, zona norte da capital, ouvi uma voz clara e muito especial falando comigo: - “Desce deste ônibus e volta ao hospital”. Eu respondi ao Senhor: “Eu vou em casa avisar minha família e volto logo em seguida”. E assim fiz. Ao chegar ao quarto onde estava baixada aquela senhora, seu marido me olhou com um certo espanto e me disse: - “Não é que ela voltou mesmo?” Ele já havia falado aos seus parentes e amigos sobre nosso contato anterior. Para a glória do nosso Senhor e Salvador e Jesus Cristo, dias depois, a esposa daquele senhor recebeu alta daquele hospital. Alegrias de quem ouve a voz do Senhor Quando o Joel completou nove meses de vida, o irmão Antônio Trindade voltou à Porto Alegre batizado nas águas e com o poder e unção do Espírito Santo. 17
  • 19. Minha filha Miriam Rosane, a quem o Senhor havia contemplado com o dom de oração intercessória, aos quatro anos e meio de idade foi batizada pelo Espírito Santo com evidência do dom de línguas estranhas e sempre que eu ia ao tanque para lavar roupas, porque naquela época não possuía máquina de lavar, ela pegava no meu vestido e me dizia: - “Mãezinha querida, vamos orar só um pouquinho”. Só que o pouquinho dela era constituído, aproximadamente, de 90 a 120 minutos. Nunca era menos que isso. Aproveitando que toquei no nome do Joel, quero relatar mais uma benção extraordinária que o Senhor me deu através da vida dele. Eu havia tomado uma vacina muito forte no período de sua amamentação. Em razão disso o efeito passou a ele através do leite e, como efeito colateral, teve muita febre acompanhada de uma forte indisposição intestinal, chegando a levá-lo mesmo a uma consulta com um médico particular, pois tudo que comia lhe fazia mal. Não havia nada que fizesse cessar aqueles efeitos indo de mal a pior. Numa daquelas manhãs de sofrimento dobrei os joelhos e comecei a orar. Depois de algum tempo e de um profundo encontro com o Senhor ouvi claramente uma voz que me dizia: - “Dê farinha de milho torrada ao menino”. Quero deixar claro que, em minha experiência como mãe, até então nunca havia ouvido falar que alguém tivesse dado farinha de milho torrada a um filho, como remédio ou mesmo para fazer cessar diarréia, nem mesmo ouvido essa receita (transmissão de conhecimento?) de avó, mãe ou médicos. Torrei a farinha, fiz um mingau e dei a ele. Desnecessário dizer que o mal logo em seguida foi embora. O Joel Éverson tornou-se um adepto do mingau de farinha torrada, tomando esta bebida na mamadeira até aos cinco anos. Naqueles mesmos dias, um irmão por nome Edi me levou ao Hospital Moinhos de Vento para orar por um irmão seu. Este havia sido acometido de uma úlcera que havia estourado fazendo-o perder muito sangue. A cirurgia estava marcada para o dia seguinte. Reunimo- 18
  • 20. nos em oração no quarto onde estava aquele homem e o sangue estancou no mesmo momento. Antes da cirurgia levaram o homem para um exame de raios-X, quando foi comprovada a desnecessidade do procedimento cirúrgico. O exame mostrou que o homem não tinha mais nada. Em razão de residir no interior, ao receber alta, voltou a sua cidade de origem, com a necessidade de retornar três meses depois para nova reavaliação. Passado este tempo determinado, depois de passar na casa de seu irmão, nos trouxe uma tainha assada. Dirigiu- se ao hospital, repetiu os exames que nos quais foram diagnosticados laudos negativos para a úlcera. Por tudo isso, louvamos ao Senhor. Ele não faz serviço pela metade e Sua Palavra não retorna vazia. Provas e vitórias Naquela época passamos por duras provas. Num final de mês, dia de pagamento de salário, não tínhamos nada em casa. O Milton Valmir, meu terceiro filho, como de costume, foi levar a Miriam Rosane na escola. No retorno, chegando perto de casa, em uma rua que era só lama, encima de um galho de árvore, estava um pão de meio quilo, que pelo que contou, na posição em que estava, parece que havia uma mão segurando o pão para que não caísse no lodo. Em outro dia, logo depois, o Milton encontrou, no portão de casa, uma caixa de papelão contendo vinte e quatro (24) latas de sardinha. Também naqueles dias, eu costurava para uma senhora que me pagava os serviços realizados em mantimentos. Se ela fosse me pagar o devido, em dinheiro, não compraria a metade da quantidade de alimentos que deixava em minha casa. Quando o Joel Éverson tinha dois anos (ano de 1971), fui trabalhar em uma famosa indústria de confecções da época, localizada próxima ao centro da capital. Lá fiz amizade com uma colega muito tímida chamada Marisa. 19
  • 21. Ao falar de Jesus a ela, esta O aceitou como seu Salvador, porém, havia um problema ainda não resolvido em sua vida. Antes de casar-se, seu marido (cujo nome era Rui) possuía um relacionamento conjugal com outra mulher e, no dia de seu casamento, esta mulher estava em um hospital, dando a luz a um filho seu. A nubente da Marisa não sabia disso. Depois do nascimento dessa criança (e do casamento da Marisa), essa mulher passou a incomodar muito minha colega. Meses depois de casar, a Marisa engravidou, porém, antes do nascimento de sua filha, separou-se de seu marido Rui. O Rui não chegou a conhecer a filha antes que ela completasse quatro anos de idade. A Marisa nunca mais o havia avistado. Eles não haviam se divorciado oficial e legalmente, e por isso, ela odiava o dia de sexta-feira, pois nesses dias a indústria onde trabalhávamos, pagava suas funcionárias e, a Marisa devia assinar o recebimento de seu salário com o sobrenome de seu ex-marido (utilizar o nome do marido é uma tradição que aos poucos vai perdendo força, infelizmente). Certo dia, não muito depois disso, em uma sexta-feira, estávamos almoçando juntas quando fui tomada pelo poder do Espírito Santo e quando me dei por conta já estava falando: - “Tu não te admiras se fores procurada pelo Rui no dia de hoje”. Ela nunca fazia hora-extra, sobretudo em uma sexta-feira, entretanto, nesse dia ela resolveu trabalhar mais duas horas. Ao chegar em sua casa, sua mãe lhe perguntou: - “Tu sabes quem esteve te procurando neste dia?”, ao que ela respondeu: - “Eu sei. Hoje ao meio-dia, estávamos almoçando quando Deus usou a irmã Dora, e ela profetizou dizendo que eu não me admirasse se o Rui me procurasse hoje”. Por aqueles dias, o Rui já possuía mais três filhos com a mulher com quem havia se unido conjugalmente depois de sua separação com a Marisa. Passados mais alguns dias o Rui a esperou na porta da empresa onde trabalhávamos (Confecções Jack), ocasião em que a convidou para tomarem juntos um refrigerante numa lancheria próxima ao nosso trabalho. Naquele instante recomeçava uma linda história de 20
  • 22. amor entre os dois. Dias depois, ela, empolgada, me disse que parecia ter sido a primeira vez que ela o vira e conversara com ele. Logo em seguida marcaram uma data para voltarem a se unir, alugaram uma casa e parecia que eram dois adolescentes enamorados até o dia em que foram morar juntos. Posteriormente, o Rui aceitou a Jesus como seu Salvador e a vida do casal foi abençoada. Tiveram mais dois filhos juntos até que a morte dele os separou. Bênçãos dobradas Quando o meu filho Joel Éverson completou sete anos, um mês e onze dias de idade, Deus completou minha alegria e me deu mais dois tesouros – dia 22 de maio de 1976, nasceram minhas filhas Marliese Raquel e Marlise Isabel – nasceram de oito meses. Passei por duras provas no parto. Elas nasceram muito fraquinhas e com desidratação. Elas chegaram a estar internadas em três hospitais. O meu sofrimento foi tremendo, mas graças a Deus, tudo passou. Hoje tenho duas lindas jovens, fiéis a Deus, de oração, de forma que posso dizer que são bênçãos nas mãos do Senhor. Quando elas nasceram aconteceu um fato interessante. Recebi em minha casa, uma vizinha com seu pequeno netinho que estava com crises convulsivas. Como sabia que eu era evangélica, ao bater em minha porta pediu que orasse pelo menino, o que fiz imediatamente. Para a glória de Deus, com o poder da oração e da fé, a criança voltou ao normal. Pouco tempo depois nos mudamos para outro endereço. Passados alguns anos e num determinado dia estava no consultório do doutor Eliseu Santos (médico muito conceituado e que chegou a ser vice-prefeito da cidade de Porto Alegre), e eu era a primeira da fila para ser atendida. Nos últimos lugares da fila, das pessoas que conseguiram senha para o atendimento naquele dia, havia uma senhora que me olhava insistentemente. De tal forma que eu me perguntava: - “Por que será que aquela senhora olha tanto pra mim?” 21
  • 23. Abriram as portas da sala de espera e entramos. Logo que surgiu uma oportunidade aquela senhora se aproximou de mim e foi logo me perguntando: - “A senhora não morou na vila Ramos (pertencente ao mesmo bairro Sarandi) no ano de 1976?” Respondi que sim. - “E quando morou lá ficou grávida de duas meninas gêmeas?” Respondi que sim. - “E o seu nome não é Dora?” Respondi que sim. Depois de todos esses “sim”, aquela senhora me disse: - “Então foi a senhora que orou pelo meu neto que estava com crises convulsivas de epilepsia. Quero lhe dizer que naquele mesmo instante em que senhora orou pelo meu neto, o Senhor Jesus o curou e nunca mais teve aquelas crises que me deixavam doida. Hoje ele está com 19 anos cumprindo o serviço militar no quartel da Base Aérea de Canoas”. Prá dizer a verdade, eu nem me lembrava mais daquela bênção de libertação. Foi muito lindo e restaurador para a minha alma saber que o Senhor pela Sua infinita misericórdia me usou naquele dia para trazer uma bênção para aquela senhora e sua família. Novas Provas Ser cristão não é só um mar de rosas. Passamos pelas mais diversas provas. 22
  • 24. Meus três filhos mais velhos José Ricardo, Luís Antônio e Milton Valmir vendiam balas e chocolates nos pontos de táxi, no centro de Porto Alegre, para ajudar na renda familiar. Certa vez, quando estavam retornando de mais um dia de trabalho aconteceu um episódio totalmente inusitado para nós. Quando o coletivo passava defronte uma delegacia (na época localizada na Rua Xavier de Carvalho), uma passageira ordenou ao motorista que freiasse o veículo, pois queria chamar um policial para denunciar o Luís Antônio por furto de um relógio. Com o ônibus parado e vendo aquele tumulto entre os passageiros, o José Ricardo desembarcou e em desabalada carreira se pôs a caminho de casa (que estava há mais de dois quilômetros). Ao chegar em casa comentou o ocorrido ao que o meu esposo apanhou a nota fiscal daquele relógio e saíram apressadamente para a delegacia com o intuito de resolver aquela situação. Ao chegarem naquele órgão policial apresentaram a nota fiscal de compra do relógio àquela autoridade ali constituída. Ao averiguar o documento o delegado liberou o Luís Antônio, não sem antes exigir que aquela senhora acusadora solicitasse desculpas ao Luís Antônio pelo mal-entendido. Meu esposo com vontade de agradar os filhos, poucos dias antes, havia passado em uma loja do centro da cidade, e comprado um relógio, presente inédito, para cada filho, guardando as respectivas notas fiscais em um lugar organizadamente preparado, como de costume. Graças a Deus, em mais esse triste episódio, Ele nos concedeu vitória, como disse o salmista – Deus Tu és o meu Senhor, Deus Tu és meu Salvador, Só a Ti, só a Ti recorrerei. Pesar e bênçãos Vamos falar de coisas alegres. Congregava na mesma igreja que nós, a irmã por nome Ana Fernandes. Essa irmã passou por uma luta muito intensa com seu filho que estava entre a vida e a morte no Hospital Santo Antônio. Meu esposo foi convidado a orar por ele e então 23
  • 25. o acompanhei. Estivemos em seu quarto orando por ele, ocasião em que meu esposo o ungiu com óleo santo. A enfermeira vendo aquilo pegou um pedaço de algodão e, cuidadosamente, ainda antes que nos retirássemos do quarto, passou o algodão por cima da parte ungida, retirando todo o óleo. Poucas vezes havia visto o Luiz chorando com tanto sentimento, com tanto pesar. Seu choro era em razão de ter visto a enfermeira ter retirado o óleo ungido da testa do menino. Quando saímos do quarto ele chorava muito. Procurei acalmá-lo dizendo a ele: - “Tu fizeste a tua parte. O resto é com Deus”. Quando oramos pelo menino, respirava por aparelhos. Dois dias depois disso, o menino recebeu alta. Louvado seja o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo por todas essas maravilhas. O irmão dessa mesma irmã Ana, por nome Francisco Odair, tinha constantes crises epiléticas, mas antes de orarmos por ele, ela não havia comentado isso conosco, somente havia dito que seu irmão era acometido de fortes dores de cabeça. Em um culto doméstico feito por iniciativa dessa querida irmã, em oração, impomos as mãos e seu irmão ficou curado daquela noite em diante não tendo nem mesmo, qualquer sinal ou vestígio daquelas convulsões. Por bondade e misericórdia do Senhor Jesus Cristo, em nossa experiência de fé oramos por diversas pessoas acometidas desse espírito de enfermidade e o Senhor tem confirmado o Seu poder libertando radicalmente todas elas. 24
  • 26. Novas Provas – Novas Vitórias Novamente o Senhor nos provou de uma maneira muito forte. Meu esposo ficou desempregado. Além de meus sete (07) filhos, eu havia assumido o compromisso de cuidar de três crianças pequenas que haviam ficado órfãs de mãe, sendo que uma delas era recém-nascida (cuidar aqui significa responsabilizar-me integralmente pelas crianças, sem a expectativa de receber qualquer ajuda ou salário). Em um daqueles dias o Senhor usou um irmão de nossa congregação, chamado Hipólito Batista (este querido irmão sempre foi usado pelo Espírito do Senhor para pregar e ensinar com muita graça e sabedoria tendo ministrado diversos cursos na congregação da vila Elizabeth), a trazer em seu carro até nossa casa, uma quantidade tão grande de mantimentos, que encheu todo o sofá onde havíamos começado a colocar aqueles alimentos. A quantidade foi tão grande que demoramos mais de um mês para consumir toda a doação deste irmão. Para conseguir um novo emprego, meu esposo começou a jejuar e propôs no seu coração jejuar por 30 horas. Momentos antes de entregar o seu jejum, bateu em nossa porta o irmão Simão Nascimento, hoje Evangelista da igreja, perguntando se meu esposo ainda estava desempregado. Ao responder afirmativamente aquele irmão nos disse: - “Está desempregado somente se quiser. Amanhã mesmo já pode trabalhar”. E assim foi. Na manhã seguinte meu esposo conseguiu emprego na famosa loja de departamentos de nossa cidade, chamada Lojas Riachuelo. Trabalhou naquele estabelecimento por aproximadamente um ano e meio. Por aqueles dias, uma vizinha minha, que tinha um filho que nascera em 1999, cujo nome era Lucas, descobriu, por meio de exames médicos, que esse seu filho havia nascido com uma falha congênita no coração que, segundo informação dos médicos, cabia um dedo naquela falha. Os médicos estavam resistentes em dar alta ao menino, porém depois de muita insistência por parte dos pais, decidiram por liberá-lo, não sem antes ver assumido por estes, o compromisso de apresentar o menino aos médicos, para exames, a cada vinte dias. Com muito esforço, convencemos minha vizinha a levar o menino à igreja. Chegando lá coube ao meu esposo a oração pelos enfermos naquele culto ungindo o menino com o óleo 25
  • 27. da unção, como ordena a Palavra de Deus. Na semana seguinte estava “vencendo” a primeira data de a minha vizinha apresentar o menino aos médicos conforme havia se comprometido. Chegando à presença dos médicos e, depois dos exames de rotina, foi surpreendida pela reação daqueles especialistas que, estarrecidos, perguntaram a ela o que havia acontecido. Depois de contar aos médicos tudo em detalhes, estes a parabenizaram por sua fé. Hoje o menino corre por todos os lados e brinca como se nada tivesse acorrido. Este é mais um dos motivos de louvarmos o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. No mês de outubro de 2006, fui ao posto de saúde mais próximo de minha casa, com a finalidade de marcar consulta regular com um dos médicos que tratam da minha pressão alta. Logo em seguida sentou-se ao meu lado uma senhora idosa e, depois de alguns instantes começamos a conversar, e, ela me disse que havia sido minha vizinha e me confessou que sempre admirou o modo como eu tratava meus filhos. Logo no início de nossa conversa não me lembrei quem era aquela senhora. Na nossa frente sentada em outro banco havia outra senhora, mais nova, com uma menina em seu colo, que me perguntou: - “E de mim a senhora lembra?”. Falei imediatamente que também não me lembrava dela. Foi então que as duas me falaram que foram minhas vizinhas há alguns anos atrás. Reconheci logo que me conheciam porque uma delas perguntou por um dos meus filhos e falou tão alto que foi impossível que as pessoas que estavam naquele momento no corredor não ouvissem suas palavras. Na sua explanação para as outras pessoas que ali estavam, falou: - “Esta mulher, muitas vezes matou nossa fome. Levava de tudo para meus filhos comerem, inclusive carne”. Confesso que, mesmo tocada pelas palavras daquela mulher, chorei de vergonha, entretanto, não perdi mais uma oportunidade de testemunhar de Jesus Cristo, quando citei a palavra descrita pelo sábio Salomão, em Provérbios capítulo 3, versículo 2, que alerta para a questão do “tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de ceifar o que se plantou”. 26
  • 28. Ao final, a filha daquela mulher, que estava com uma menina pequena ao colo, arrematou: - “E tem mais, certa vez minha mãe estava quase morta e, a meu pedido, ela (se referindo a mim), chamou um Pastor que orou por minha mãe e hoje ela está aqui cheia de vida e saúde, como vocês podem ver”. Somos muitíssimos agradecidos ao Senhor por todas estas bênçãos. Salvação por causa de uma galinha Naquela mesma época morava perto de minha casa uma vizinha muito tímida. Em razão de estar empregada chegava em sua casa por volta das 16 horas. Ao vê-la passar diariamente na frente de minha casa naquele horário pré-determinado, o Espírito Santo começou a cobrar-me uma atitude de falar-lhe de Jesus. O nome desta vizinha é Nilza. Aproximando-se a hora em que ela, costumeiramente, passava defronte da minha casa, providenciava uma desculpa para pegar na vassoura e varrer na frente de casa, na esperança de chamar-lhe a atenção e começar a conversar com ela. (Confesso que teve dias em que varria até mesmo no meio da rua, com a clara finalidade de chamar-lhe a atenção). Diversas tentativas foram frustradas, pois ela, propositalmente, passava cabisbaixa e eu não lograva êxito no meu intento. Como o Espírito Santo insistisse e, em virtude de meus fracassos, me aborrecia facilmente, até o dia em que fiz isso pela última vez (pensava eu). Nessa oportunidade entrei em casa chorando e disse ao Senhor: - “Senhor, que queres com essa mulher, pois eu não consigo falar com ela?” 27
  • 29. Naquele dia, depois de minha indagação ao Senhor, a “dona” Nilza, quando chegou em casa, avistou que sua galinha choca estava morta em cima dos ovos e estes ainda estavam quentes. Na expectativa de conseguir uma galinha choca para substituir a sua que havia morrido, esteve em casa de quase todas as vizinhas, com a intenção de conseguir uma galinha choca substituta para a ninhada de sua “falecida”. Morávamos em um loteamento novo e praticamente todas as donas de casa, naquela época, criavam galinhas. Por fim bateu em minha porta. Ela me contou que possuía uma galinha “no choco” havia dois dias e que ao chegar em casa notou que sua galinha choca havia morrido. Casualmente possuía uma galinha que estava choca, mas não tinha ovos para chocar (percebam como Deus tem o seu tempo de trabalhar, independente da vontade humana). Aproveitei a oportunidade e falei de Jesus a ela convidando-a para ir ao culto naquela mesma noite. Cumpriu sua palavra, assistiu à pregação da Palavra de Deus e, naquela mesma noite tomou a maior decisão de sua vida, a de aceitar a Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador. Ela não podia ter filhos, mas fez uma linda amizade com minha filha Miriam Rosane. Poucos meses depois nos mudamos e a Miriam Rosane chorava muito sentindo a falta, da agora irmã Nilza. Com a finalidade de preencher esta falta, minha filha começou a dedicar-se à oração quando foi agraciada por Deus com o dom da intercessão. Frutos Depois de uma enchente muito grande ocorrida naqueles dias a irmã Nilza veio para minha casa, juntamente com o seu marido por nome Agenor. Eu e o meu esposo falamos de Jesus a ele, ocasião em que aceitou a Jesus como seu Salvador. O irmão Agenor começou a ser utilizado como uma benção nas mãos do Senhor. Logo em seguida ele pediu 28
  • 30. demissão do emprego onde trabalhava e o casal mudou-se para a cidade de Tapes localizada no sul do Rio Grande do Sul. O irmão Agenor foi pastor por muitos anos naquela localidade tendo o casal sido uma verdadeira benção a serviço do reino de Deus. Obs.: o Pastor Agenor faleceu enquanto este livro estava sendo editado. O sonho do cheque Quando meu esposo esteve desempregado propus no meu coração jejuar por sete dias consecutivos marcando em uma agenda os dias programados para tal fim. Minha cunhada, por nome Terezinha, que mora em Chicago desde 1971, contou-me que certa noite, quando dormia, sonhou comigo. Em seu sonho eu entrava em sua casa e pedia ajuda financeira a ela. Segundo ela, o sonho foi tão real que ao acordar-se procurou por mim por toda sua casa julgando que eu estivesse escondida nela. Mais tarde, no mesmo dia enquanto fazia um lanche, o Espírito Santo falou com ela perguntando-lhe: “Tu não vais ajudar a Dora?” Mesmo ainda estando na lancheria ela preencheu um cheque com a finalidade de enviá-lo para mim. Recebi o tal cheque pelas mãos do meu cunhado Valdemar (a Terezinha havia endereçado o papel representativo de valor ao endereço dele) cerca de um mês depois da data do envio, entretanto, eu mesma havia esquecido dos sete dias de jejum. 29
  • 31. Dias depois, na Escola Bíblica Dominical, o irmão Davi Greff foi usado por Deus e, em sua pregação asseverou que em muitas vezes oramos e jejuamos, Deus responde nossas orações e esquecemos de dar graças a Deus. Terminou a reunião voltei apressada à minha casa peguei o envelope que envolveu o cheque desde os Estados Unidos e, ao olhar a data de postagem confirmei que foi remetido exatamente na data em que encerrei o jejum, ou seja, Deus respondeu minhas orações antes mesmo que houvesse encerrado meu propósito. Por isso, creio firmemente que, para Deus não existem barreiras como está escrito em Lucas 1.37 – “porque para Deus nada será impossível”. Ele é o Deus do impossível além de onisciente, onipresente e onipotente. Somos muitíssimos agradecidos ao Senhor por todas estas bênçãos. Manifestação diabólica, vitória e saudades Em seu trabalho, meu esposo fez amizade com um membro da Igreja Pentecostal o Brasil para Cristo, que mais tarde passamos a tratá-lo como “irmão Dário”. Esse irmão era esposo da irmã Evinha. Este casal morava perto de nossa casa e seguidamente nos visitávamos. Nossas visitas recíprocas tinham por objetivo a oração e, invariavelmente, quando nos encontrávamos para nossas reuniões eu e ela nos abraçávamos por longo tempo, ocasiões em que ela chorava muito. Um dia reuni toda a coragem que possuía e perguntei a ela: Irmã Evinha, por que a irmã chora tanto quando nos vemos e nos abraçamos? Com um sorriso entre lágrimas e com um olhar sorrateiro (como que envergonhada por alguma coisa), ela me respondeu: Eu tenho inveja da senhora, diminuindo logo em seguida o ímpeto da resposta. 30
  • 32. Ao perguntar-lhe sobre o motivo dessa inveja, respondeu-me como que querendo esconder alguma e ao mesmo tempo com vontade de compartilhar um sentimento profundo, dizendo que: A senhora tem quatro filhos e eu não tenho nenhum. Sou casada há nove anos e tenho o útero infantil e os médicos até já me disseram para adotar um bebê. Logo em seguida propus a ela começarmos a orar por uma semana, de segunda a sexta- feira, com o objetivo de que o Senhor abrisse sua madre e ela pudesse engravidar. Semana seguinte nos dispomos a orar. Oramos de segunda a quinta-feira sem nenhuma novidade e, na sexta-feira, à noite, no horário de costume, antes de a irmã Evinha chegar em minha casa e dobrarmos nossos joelhos em oração, ouvi nitidamente uma voz que vinha da rua como se fosse a voz de uma vizinha minha, me chamando pelo nome: Dona Dora? Olhei para a penumbra da rua vislumbrada pela luz anêmica do lado de casa não enxergando ninguém. Logo em seguida ouvi uma gargalhada muito forte e seguida de outra pergunta: Estás lavando a casa? Ao perceber que não era minha vizinha que me chamava respondi imediatamente: Estou sim Satanás porque vamos orar e buscar a face do Senhor. Ao acabar de dizer estas palavras, a irmã Evinha dobrou pelo canto de minha casa, chegou à minha porta, em prantos dizendo: O inimigo fez de tudo para eu não vir orar aqui hoje. Foi só o tempo de dobrarmos os joelhos em oração e Jesus a batizou com o Espírito Santo. A unção foi tão grande que a irmã Evinha, cantava na língua dos anjos, profetizava e pulava 31
  • 33. em pleno gozo dos céus. Foi uma manifestação tremenda da parte do Senhor, para nossas vidas naquela noite de verão. Na semana seguinte, recebi a visita da irmã Evinha. Seria uma visita de costume se não fosse a novidade que, desta vez, a trazia até minha casa. Não se contendo de alegria, foi logo me dizendo: Irmã Dora, minha menstruação não veio. Respondendo disse-lhe: Não te preocupa, daqui a nove meses vai nascer o teu bebê. Dito e feito. Deus cumpriu sua promessa e ao fim de nove meses, para Sua honra e glória, a irmã Evinha foi abençoada com o nascimento do Marcos Rogério, o qual chamávamos carinhosamente de Marquinhos. Devido a outras circunstâncias, tempos depois nos mudamos para outro ponto da cidade não avistando mais este querido casal. Soubemos depois que eles também transferiram seu domicílio para a zona sul da cidade de Porto Alegre. Somente nos reencontramos em um dos batismos de aniversário da Igreja Evangélica Assembléia de Deus programado para a praia do Guarujá no estuário Guaíba. Para minha surpresa a irmã Evinha estava com cinco (05), isso mesmo, cinco filhinhos, cada um mais lindinho que o outro, ocasião em que eu disse a ela: Agora quem vai chorar vai ser eu. Os meus filhos estão todos grandes e os teus ainda pequenos. Ela me respondeu brincando: Quase procurei a senhora para orar por mim prá parar de ganhar filhos. Nunca mais avistei esta família. Tenho muitas saudades dela. 32
  • 34. Cura Radical Agora voltarei à cura do meu filho Luís Antônio. Este tem sido um dos maiores milagres que Deus operou em meu lar, modificando e restaurando para sempre não somente a vida e a saúde físico-clínica do meu segundo filho bem como sua saúde espiritual e a de todos nós enquanto família. Através do milagre da cura realizado por Deus na vida do meu filho Luís Antônio, minha visão, minha comunhão com Deus e minhas experiências sobre a fé modificaram consideravelmente. Posso dizer sem as mínimas chances de errar que a cura em sua vida foi um divisor de águas. Estou me referindo à fé verdadeira – não a fé positiva como alguns apregoam, nem a fé cognitiva como outros alegam, mas daquela fé que emana do Trono da Graça do Senhor, vindo diretamente ao nosso coração, e que é movida e inspirada pelo Espírito Santo. Permita-me, caro leitor, abrir um pequeno espaço e apropriar-me desta ocasião para fazer uma breve reflexão sobre a fé verdadeira. Estou falando daquela fé que “remove montanhas” como diz a Santa Bíblia (escrita por homens santos de Deus inspirados pelo Espírito Santo) daquela fé que se transformou em combustível para Abraão (nosso pai na fé) sair do meio de sua parentela e ir para uma terra que Deus ainda haveria de lhe mostrar. Sem pestanejar por um minuto que fosse, organizou seus pertences, familiares, criados, gado, e foi-se guiado e resguardado pelas divinas promessas, sabendo, pela confiança que depositara em seu Deus – em razão de seu relacionamento (Deus não é homem para que minta), que o Eterno não poderia tornar as coisas piores para ele, conforme o descrito em Gênesis, capítulo 12, versículos 1 a 9. A fé verdadeira também pode ser caracterizada pela perseverança de Noé em realizar a pregação mais extensa – 120 anos (e por que não dizer a mais vigorosa?) de que se tem conhecimento, pregando a um povo que vivia despreocupadamente, a seu bel prazer, quando ainda não havia histórico de chuvas sobre a terra conforme Gênesis, capítulo 6 (versículos 1 a 22). 33
  • 35. Quando todos falavam zombeteiramente do seu estilo de pregação procurando desqualificar suas palavras, procurando demovê-lo de sua perseverança no Altíssimo, desestimulando-o com palavras daqueles dias que, comparando com as que ouvimos hoje, se traduzem em desprezo pelas coisas que se referem a Deus, ironia com as coisas santas e sagradas, provocação aos preceitos ordenados por Deus, pretensa ridicularização aos objetos e às pessoas que procuram viver uma vida separada, casta, justa. Em outro particular, neste texto, a Bíblia comenta o estado miserável de homens e mulheres que casavam-se e davam-se em casamento, o que remete a uma clara conexão entre o ritmo e a proliferação de pecado daquela geração e a de nossos dias. Ora, não podemos ser ingênuos a ponto de dizer que o pecado atinge mais esta ou aquela geração. O pecado atingiu e atingirá todas as gerações com a mesma forma e intensidade, até o momento em que o Senhor Deus alardear o Seu “basta”, como o descrito em II Tessalonicenses, capítulo 4, versículo 16, que diz: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a voz de trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro”. O pecado está afeto a cada geração como a morte está atrelada à alma que pecar. A questão não é o pecado de cada geração, em si, mas o fato de que a partir do pecado original, no jardim do Éden, todo homem nasce com a predisposição de pecar, como diz a Bíblia: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram”, conforme Romanos 5.12, ou ainda conforme o descrito em I Coríntios 15.21, que diz: “Porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem veio a ressurreição dos mortos”. Retornando ao assunto proposto anteriormente, gostaria de incursar nos modelos de fé representados na vida de Enoque, de Abel, de Jacó – neste último exemplo demonstrado primeiramente pela obediência – e insistência – a Deus e, depois, também, pelo amor a Raquel. Enoque – Sua história na Bíblia é composta de apenas quatro versículos, conforme Gênesis 5.21 a 24, entretanto, este pequeno relato não deixa dúvidas sobre seu relacionamento com Deus, a ponto de o final de sua minúscula biografia (se é que podemos considerar assim 34
  • 36. esses quatro versículos), tornar-se a concretização do sonho de todo fiel cristão, ou seja, ser arrebatado, sem provar a morte. Precisamos considerar que Deus não poderia tomar para si alguém que não Lhe devia devoção, louvor e obediência, o que supõe, vida reta e santa na Sua presença, porque “no céu não entra pecado”. A Bíblia precisou somente de quatro versículos para definir sua comunhão com Deus. E nesses versículos contou todo o seu histórico (e sua vida) desde sua genealogia até seu encontro com o Altíssimo. Note mais uma vez, o resultado de uma comunhão contínua, absoluta com Deus. Quando alguém anda com Deus, vive com Deus, ama a Deus, procura andar com Ele e na Sua presença, Deus (além de demonstrar Sua misericórdia com essa pessoa), ainda demonstra um “ciúme” com esse alguém, e o recolhe a ponto de ninguém encontrá-lo. É o compromisso (e uma recompensa) sem igual, do amor (Ágape) demonstrado para com a raça humana. Abel – Já ouvi alguém expor esta passagem condoendo-se por Caim, e de certa forma até injustiçando a Deus pelo fato dEle não ter aceitado a oferta deste, provocando sua ira do irmão mais velho para com Abel. Ora, a Palavra de Deus, foi para este prezado, completamente distorcida, ou este irmão encontra-se desalinhado, desconectado com o ensino que Deus procurou transmitir ao homem por meio desta mensagem. Precisamos entender que Abel não teve, deliberadamente, vontade de ofertar a Deus as primícias de seu trabalho. Abel procurou ofertar o melhor porque conhecia a Deus, fruto de um conhecimento ou relacionamento anterior. Por certo, com base neste relacionamento ele aprendeu que Deus gostava que Lhe fosse ofertado o melhor que se pode oferecer. Este aprendizado com os sacrifícios apresentados por Abel e Caim, trás um reflexo dos relacionamentos daqueles dias, tal e qual estamos acostumados a presenciar em nossos dias. Determinadas vezes pensa o homem que pode enganar a Deus, surrupiando-Lhe o melhor de suas ofertas, devolvendo o seu dízimo como “coice de porco”, ou mesmo sonegando-Lhe o seu tempo. Muitas vezes passa muitas horas à frente de um televisor, mas ao dobrar seus 35
  • 37. joelhos, logo vem-lhe o bocejar e o sono e sua oração não dura muito mais que cinco ou dez minutos. E o pior – cobrança atrás de cobranças, culpando a Deus pelos seus fracassos, desacertos, e desilusões, como se Deus e o mundo todo estivesse contra ele. Tem a seu favor apenas parte do versículo da oração ensinada por Jesus: “venha a nós o Vosso reino”, ou ainda, “Deus é grande, Ele tem a obrigação de me ajudar”. Distorcem completamente o que diz em Isaías, capítulo 64, versículo 4, que diz: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nEle espera”. A diferença é abissal. Quem confia, é porque crê, quem crê é porque tem um relacionamento com Ele, quem tem um relacionamento com Ele, é porque sabe que Ele é galardoador. Se o homem reconhece essa habilidade/característica de Deus, a maneira como O encara (se podemos utilizar adequadamente este termo), é de submissão, agradecimento e louvor, e nunca como cobrador das bênçãos de Deus. Aliás, dificilmente o homem conseguirá alguma coisa cobrando Deus por algo – e mesmo assim quando questionado, como no caso singular e histórico de Jó, Deus se predispõe a respondê-lo, tirando de letra os questionamentos (até que bem elaborados e inteligentes) do patriarca. Jacó – história pessoal carregada de um misto de curiosidade e de uma infinidade de performances que nos leva a meditar como uma pessoa consegue, através de seu relacionamento com Deus, a construção de sua família que, por conseqüência, se transformou, primeiramente num povo, depois, numa grande nação. Conceitualmente, nação, no verdadeiro sentido da palavra, somente existe com a união de pessoas, ideais e um território. Jacó iniciou sua história trabalhando sete anos para seu tio (que virou sogro), no afã de conseguir autorização para desposar uma das filhas de Labão, entretanto, o fato de ter de servir ao seu sogro por mais sete anos (além dos sete que já havia trabalhado), o que poderia servir de desânimo (pois foi-lhe dado por esposa, uma moçoila pela qual Jacó não 36
  • 38. nutria nenhuma atração ou amor), conforme Gênesis 29.20-30, começou a construir, isso sim, o seu verdadeiro império, a partir do momento em que começou a prosperar e tornar-se mais rico que seu patrão (Gn 30.27-43). Sua prosperidade e riqueza estavam alicerçadas na confiança – não humanas, mas no Deus de seus avô e pai, que o ensinaram como confiar integralmente no Deus que pode todas as coisas. Ao longo da história de sua vida, nutriu um efetivo relacionamento com Deus. Mesmo nos momentos mais difíceis, como quando recebeu a notícia (fantasiosa) da morte de seu filho querido José, embora tenha chorado amargamente, como diz a Bíblia, quando tudo parecia estar contra ele, Jacó tirava forças (algo peculiar de quem crê em Deus), e superava aquela situação (Gn 37.34-36). A decisão de partir de sua terra para deslocar-se ao Egito, por exemplo (em razão da fome onde habitava), foi outra decisão amarga para o patriarca, entretanto, aqui vemos, além do momento de superação (embora abatido pela situação), possuía confiança suficiente para saber que sua vida estava regida pelos altos desígnios de Deus, confiança essa demonstrada pelo fato de não ter sido anotado nenhum sinal de fraqueza ou vacilo de sua parte, conforme o relato de Gênesis 46.1-27. Gostaria de refletir, também, um pouquinho sobre as diversas demonstrações de fé da vida de Moisés que serviu ao Senhor Deus com inteireza de coração e plena confiança de que estava sendo guiado pelo Todo-Poderoso. Sua vida, conforme a narrativa da Santa Palavra, em riqueza de detalhes, recheada de exemplos de fé e confiança inabalável em Deus, começou pela demonstração de fé de seus pais, mesmo quando o deixaram em um cesto de vime, não somente a mercê das correntezas do Nilo, mas também de quem quer que o pegasse, inclusive de uma fera. Aprouve Deus (já direcionando sua vida para o futuro) que a filha de Faraó, o tomasse e se encarregasse de instruí-lo em toda a ciência do mundo daquela época. Ao iniciar seu ministério de liderança aos oitenta anos demonstrou que a pessoa, independente da idade, a partir do momento em que se coloca ao dispor da vontade de Deus, realiza obras inimagináveis. 37
  • 39. A sua chamada no meio da sarça ardente e a sua coragem (ainda que primeiramente tenha sido motivado pela curiosidade), denotam que dali para frente sua vida tomaria um rumo absolutamente diferente. O primeiro recuo de Moisés, que é relatado na Bíblia em Êxodo 4.10-14, foi no momento em que Deus o comissionava para ser o líder do povo de Israel ocasião em que, inoportunamente, Moisés fez o seu primeiro questionamento quando colocou diante de Deus a sua gagueira – “homem duro de língua”, e tentar jogar sobre os ombros de Arão, seu irmão, a responsabilidade que o Senhor colocara sobre si. Talvez, o próprio diabo tenha soprado nos seus ouvidos, quando do assassinato do egípcio, dizendo: - “Moisés, acabou – desta vez tu puseste tudo a perder”. Mas, como sabemos que o diabo é o pai da mentira, ao ler a Bíblia, logo descobrimos que, mais uma vez, colocou suas artimanhas em ação, ou seja, mentiu. Quando parecia que tudo havia acabado (antes mesmo de começar), foi aí que Deus, utilizando sua onisciência, demonstrou ao diabo, mais uma vez, que Ele usa aqueles a quem quer. Quando os braços de Moisés, cansados em razão da idade, em meio à guerra contra os amalequitas conforme Êxodo capítulo 17, versículos 7 a 16, se abaixavam, não eram somente seus braços que desciam vencidos pelo cansaço. Na verdade, quando seus braços desciam, Deus estava dizendo ao Seu povo, enquanto vocês não perseverarem, não terão vitória, e, quando os ajudantes de Moisés (Arão e Hur) levantavam seus braços, era a esperança do povo sendo erguida em direção à vitória, sob o comando de Josué. Isso só aconteceu em razão da confiança de Moisés em Deus, ou seja, sua fé depositada no Senhor. Deus permitiu que isso fosse escrito e relatado para certificar a todos os que se achegam a Ele de que se você tiver fé e comunhão com Ele, Deus honrará sua confiança a ponto de deixar subentendido que Ele age através de suas ações. E suas ações tiveram lugar em razão de sua confiança e fé nEle. É como se fosse uma troca, uma compensação pela sua comunhão, uma simbiose. Quando Moisés feriu a rocha (Nm 20.11), ao invés de somente falar como havia sido ordenado (Nm 20.8), mesmo que Deus tenha ficado contrariado, poderia retirar Sua graça, 38
  • 40. mas, em razão do contato e da comunhão entre os dois (lembre-se Moisés foi chamado de “o amigo de Deus”, conforme Ex 33.11), embora o Altíssimo tenha lhe perdoado, criou uma limitação para Moisés – e talvez este tenha sido o motivo da oração de Moisés em pedir a Deus que o deixasse pisar na terra prometida, o que Deus reprovou dizendo: “Sobe ao monte e somente com os teus olhos contemplarás, mas com os teus pés não pisarás” (Dt 34.4). Naquele ato, a rocha representava o próprio Deus, como o relatado em diversas oportunidades que Ele “é a Rocha da nossa salvação”. (II Sm 22.47, Sl 62.6, etc). Mesmo assim, pelo muito que o amava, Deus recolheu o corpo de Moisés, para que não fosse encontrado por ninguém, ainda que o povo o tenha procurado e pranteado por trinta dias (Dt 34.8). A limitação a que nos referimos anteriormente, diz respeito à conseqüência de todo pecado que nos afasta de Deus. Ele, por Sua grande e infinita misericórdia, concede-nos o perdão, pois além de ser um Deus de amor, é o próprio Amor, conforme I João, capítulo 4, versículo 18, entretanto, não nos livra de sofrermos as conseqüências de nosso deliberado afastamento dEle. No caso de Abel, regredindo um pouco nas Escrituras, podemos perceber novamente esse interesse de Deus por quem Ele ama. Ao presenciar o ataque (e o conseqüente assassinato) de Caim a Abel, Deus interfere na história perguntando a Caim: “Caim onde está o teu irmão?” Caim responde cinicamente (e vejo como que num ato de desespero – comum a todo que sabe que cometeu um dano irreparável): “Sou eu, por acaso, guardador do meu irmão?” (Gn 4.9). Conforme Gênesis, capítulo 4, versículos 8 a 26, nota-se que não foi simplesmente a aceitação da oferta dos gêneros alimentícios, por parte de Abel, que despertara a aceitação do Senhor, mas sim e, principalmente, a condição de ofertar o melhor ao Senhor. Abel não apenas ofertou o melhor ao Senhor, conforme o episódio relatado nas Escrituras. Ele já 39
  • 41. possuía um contato anterior com Deus, e por isso mesmo ofereceu o melhor. Ele não ofereceu o melhor porque conhecia Deus, pelo contrário, ele conhecia Deus e por isso oferece-Lhe o melhor, por isso mesmo se explica o ato advocatício (de acusação), de Deus sobre Caim. Quando você decide servir a Deus e honrá-Lo com o seu melhor (em função de seu contato íntimo anterior com Deus), Ele assume sua causa e o defende. Cada dia que você abre mão desse contato, cada dia que deixa de aproximar-se dEle, é uma oportunidade perdida e uma chance de descobrir algo interessante da parte de Deus. Alguém já disse que quando damos um passo em direção a Deus, Ele dá dois passos em nossa direção e o salmista disse no Salmo número 68, verso 17: “Uma coisa disse ao Senhor e Ele ouviu duas vezes”, com certeza, está aí demonstrada (e registrada), mais uma vez, a boa vontade de Deus para com o homem. Enfim, em todos esses exemplos mencionados (evidentemente você sabe que poderíamos citar inúmeros outros, talvez os relatos ocorridos com Josué, Gideão, Sansão, Davi, Daniel e Isaias, igualmente importantes e cheios de provas da experiência e confiança em Deus, adquiridas por meio da fé, mas também, igualmente, demonstraríamos (ou comprovaríamos) que Deus age somente naquelas pessoas e naqueles momentos em que demonstramos nossa capacidade de confiar no Seu agir), entendemos que Deus tem o maior prazer em revelar-se a nós (e aos que estão ao nosso redor) seja para nos ajudar a superar determinados momentos de opressão, dificuldade ou doença, ou mesmo para fazer–nos alcançar saídas espetaculares ou sobrenaturais da Sua vontade, que Ele mesmo implanta em nosso ser. Qual a lição ou significado que podemos tirar para nossa vida de todas essas oportunidades de aprendizado? É simples – quanto mais confiamos em Deus, mais Ele tem prazer em revelar-se a nós por meio de Sua infinita bondade e misericórdia. O que dizer desses exemplos? Quero dizer é que Deus nunca desiste de você. Se você aplicar a fé genuína em seu coração em tudo o que fizer na Sua presença, ou como disse o escritor aos Hebreus, “chegando-se a Ele com inteireza de coração”, Deus assume a responsabilidade por esse 40
  • 42. compromisso de encontro, de intimidade, pois, se tem alguma coisa que Deus não resiste, é um coração contrito, conforme Salmo número 51, versos 10 e 11. É assim que Deus age. Deus quer o seu coração fervilhando de fé, Deus quer ver o seu coração inundado de confiança, de intrepidez. Olhe o que disse o Apóstolo João, em Apocalipse, capítulo 21, versículo 8: - “Mas, quanto aos tímidos (ou medrosos, dependendo da tradução), ... a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, que é a segunda morte”. Retomando ao assunto proposto neste capítulo, estávamos em nossa cidade natal (local do meu nascimento e do meu esposo), Santo Antônio da Patrulha, no Estado do Rio Grande do Sul, cerca de 90km de Porto Alegre, em férias. O Luís Antônio tinha naquela ocasião quatro anos e nove meses. Estávamos na casa de meus sogros em uma manhã de quinta-feira, quando meu filho foi acometido de uma terrível crise de epilepsia. Meu esposo ficou deveras preocupado, pois até aquela data ainda não havia presenciado crises como aquela em razão de que, todas as vezes em os sintomas convulsivos se avolumavam, encontrava-se trabalhando. Deixei o menino com ele e me afastei indo para o quarto orar fazendo como determina a Bíblia, no livro de Mateus, capítulo 6, versículo 6, que diz: “Mas tu, quando orares, entras no teu aposento e, fechando a porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará”. Uma vizinha de minha sogra que se encontrava em sua casa naquela ocasião se admirou da minha atitude em deixar o menino naquela situação com o pai e ir orar. Em razão do ocorrido arrumamos as malas e voltamos no dia seguinte pela manhã. À tarde da mesma sexta-feira levei o Luís Antônio ao médico que tratava dele. O especialista me fez diversas perguntas e depois de um prolongado silêncio levantou-se, pôs a mão no meu ombro e, em meio a um suspiro, comentou: “Mãezinha, não existe cura em parte nenhuma do mundo para o seu filho. É epilepsia declarada”. 41
  • 43. Naquele momento parece que o chão havia saído de onde eu estava. Saí desolada do consultório. Fui chorando até chegar à minha casa. No domingo à tarde estava visitando a igreja onde freqüentávamos, o Missionário Luiz Nunes (mesmo nome do meu esposo), oriundo da cidade de Taquarimbó, da República Oriental do Uruguai. Durante a pregação contou seu testemunho, de todas as maravilhas que Deus havia realizado em sua vida. Ele havia residido em São Paulo, foi tuberculoso e tinha um filho (ao qual ele chamava carinhosamente de Adãozinho) na época com 11 anos de idade. Contou em seu testemunho que o Adãozinho nasceu cego e era acometido de convulsões epilépticas. Quando as crises se acirravam, sua esposa (e mãe do menino) desmaiava de pavor e nervosismo. Confessou que foi tentado a dar cabo de sua própria vida. Ainda não havia aceitado a Jesus Cristo como seu Salvador e, portanto, não conhecia o Cristo Vivo, que é Poderoso para fazer milagres na vida daquele que o aceitar. Depois de tomar esta decisão em sua vida, por alguma circunstância resolveu vir a Porto Alegre – chegando aqui deixou sua esposa e filhos na estação rodoviária e saiu para comprar alguma coisa para comer, pois não conhecia ninguém por aqui. Perdeu-se ao caminhar pelas ruas próximas à estação rodoviária desviando-se bastante para retornar. Ao vê-lo perambular pelas ruas de Porto Alegre, casualmente um irmão que freqüentava os cultos no templo central, o encontrou e indagou ao Missionário Luiz Nunes o que fazia na cidade, ao que ele prontamente respondeu que estava chegando à Porto Alegre e que havia deixado sua família na rodoviária, porém, não achava mais o caminho de volta. Trabalhava como Porteiro, no culto daquele dia, no templo sede, um irmão de origens castelhanas e, ao ver aquele transeunte castelhano sendo trazido por outro irmão logo 42
  • 44. travou diálogo. Sem o menor entrave lingüístico o irmão Luiz Nunes contou como foi parar ali. Aquele irmão, o conduziu até a estação rodoviária (ainda hoje fica a apenas algumas quadras do templo central) e com a sua família (que já estava preocupada com a sua demora) logo em seguida este irmão que o encontrou, o convenceu a se deslocarem até o templo sede e se dispuseram a caminhar em direção a esse templo, da Igreja Evangélica Assembléia de Deus, localizado no número 384 da Rua General Neto, no bairro Floresta. Ao chegarem ao templo central, aquele irmão Porteiro, pediu-lhe que adentrasse, apresentou o tal visitante com sua família aos pastores, que providenciaram acomodações para o repouso daquela família pelo período que fosse necessário (naqueles dias o subsolo do templo central era ocupado por alojamentos de irmãos que se deslocavam do interior, para participarem de reuniões ou cultos no templo sede). Providenciou o Senhor, que estivesse sendo realizada naquela semana, uma grande campanha estando o templo praticamente lotado. Para quem estava perdido sendo, de uma hora para outra, convidado a assentar-se confortavelmente em um templo, com a promessa do resgate da família, acolhida e pouso à noite, por si só, era bom demais. A família novamente reunida assistiu ao culto e depois das refeições oferecidas pela igreja repousaram no interior do prédio em alojamentos dispostos para tal fim. Convidados para assistirem o culto da noite seguinte, o casal não se fez de rogado aceitando de imediato o convite. Nem ao menos desconfiavam da grande e agradável surpresa que lhes aguardava. À pessoa desprovida de entendimento espiritual ao deparar-se com fatos como este poderá dizer que tudo não passou de mero acaso ou coincidência, desprezando toda a arquitetura de um plano superior que, como diz a Bíblia, na primeira carta do apóstolo São Paulo à Timóteo 2:4: “Importa que todos os homens cheguem ao conhecimento da verdade”. Esta afirmativa, foi confirmada, neste ato, por alguém que estava no lugar exato e disposto a atender à ordem missionária de alcançar a mão a quem estivesse precisando. 43
  • 45. Tenho para mim que a missão do porteiro, por mais humilde que possa parecer, se reveste da maior importância, por ser, exatamente, o início de muitas histórias de conversões e, o fato precursor de muitas vidas utilizadas com vigor, ousadia e unção nas mãos do Senhor. A pessoa investida na função de porteiro deve ser tão inspirada quanto o preletor. De nada adiantaria o pregador estar focado em atender ao chamado de Deus e falar aquilo que o Espírito Santo está lhe incumbindo se, ao chegar à porta da igreja, o ainda incrédulo deparar-se com uma pessoa totalmente desprovida da graça de Deus, e sem o mínimo trejeito de relacionamento humano, fazer com que o amigo ouvinte perca a oportunidade de entrar no templo para ouvir a Palavra de Deus (a fé é produzida no coração pelo ouvir a Palavra de Deus). É necessário que o ouvinte dê lugar para o Redentor entrar em sua vida promovendo a mudança que Ele deseja. O casal ouviu a mensagem vinda do Senhor transmitida pelo pregador e, ao ouvirem o convite, aceitaram a Jesus Cristo como seu Único e Suficiente Salvador, numa expressão pública de fé como todos nós fizemos um dia, como apregoou o apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos, capítulo 10, versículos 9 e 10. Acompanhado dos filhos, passou à frente e após a afirmativa de aceitarem a Jesus receberam a oração da benção da salvação. Um irmão que estava assentado próximo à porta teve uma visão (outro mistério tanto para os que crêem tanto para os incrédulos). Por que digo isso? Explico. Mistério para os crentes, pois sabem muito bem que o Senhor mostra visões a quem Ele quiser, quando quiser, e do que Ele quiser, não cabendo a quem quer que seja questionar a vontade, os motivos ou a ocasião do Senhor para isso. Mistério para os incrédulos porque, ao não admitirem a interferência divina acusam logo de delírio ou de transe (como preferem os intelectuais, ou aqueles que têm acesso à mídia), não entendendo absolutamente nada da vontade do Senhor e que Ele utilizou aquele método exatamente para demonstrar e comprovar Seu Poder, Sua Vontade e Sua Onisciência. Na visão, o irmão viu quando um anjo entrou no templo trazendo em suas mãos uma bandeja de ouro e sobre essa bandeja dois pulmões. Os dois pulmões foram colocados nas 44
  • 46. costas do irmão Luiz Nunes. Quando o anjo se aproximou de seu filho Adãozinho, que era cego, este imediatamente começou a gritar, saltitando de alegria e perguntando ao seu pai: - “Pai, por que tu não me disseste que estas coisas são tão lindas assim?”. Como já disse, o menino tinha nesta ocasião, 11 anos e não conhecia, ao menos, a luz do sol. Daquele momento em diante, ficou vendo, foi curado completa e radicalmente das convulsões epilépticas, nem sua mãe jamais teve motivos para voltar a desmaiar. Deus operou milagres poderosamente em toda a família – a obra foi completa. Não há Deus como o nosso Deus. Ao tomar o púlpito naquela casa humilde naquela tarde de domingo, na singela igreja localizada na Avenida 21 de Abril, na Vila Elizabeth, o Missionário uruguaio Luiz Nunes foi poderosamente usado nas mãos do Senhor. Eu tinha quatro filhos à época. O Luís Antônio era o segundo e eu estava com ele no colo. A Miriam Rosane, ainda pequena, estava nos braços do pai, o José Ricardo e o Milton Valmir ao nosso lado. Dirigindo-se a mim em um espanhol que eu mal compreendia, o irmão Luiz Nunes disse: “Hermana que está con su hijo en sus brazos, el mismo Jesús que sanó a mi hijo Adãozinho se curará a su hijo aquí y ahora”. Ao ser convidada para passar à frente demorei-me um pouco, pois estava sentada no último banco da casa (a igreja era uma casa de 5m50cm por 5m50cm sem divisões internas), havia muita gente ouvindo a pregação e, além disso, porque o menino era pesado. Minha vontade naquele momento era falar com ele, o que não foi possível. Ao encerrar o culto, como estava próximo à saída, pude interceptá-lo. Ao conversar com ele contei a história do meu filho ao tempo que pedi que orasse pelo Luís Antônio para que Deus o curasse. Em resposta, ouvi ele me dizer: “Cuando se fue al frente y recibió la oración de fe, Jesús sanó a su hijo. Lo sentí”. Graças a Deus, daquele momento em diante o Luís Antônio nunca mais foi o mesmo. Nossa casa igualmente, daquela noite em diante, nunca mais foi a mesma. 45
  • 47. Naquele momento percebi que as lágrimas que eu havia derramado naquela sexta-feira quando saí desenganada do consultório médico, haviam terminado. O médico mesmo havia dito que neste mundo não havia remédio nem solução, porém, naquela tarde inesquecível de domingo pude presenciar o gosto da felicidade. Meu choro agora era de alegria ao saber que a cura do meu filho realmente não veio deste mundo, veio diretamente de parte de Deus para a minha vida e a de meu filho. Glórias a Deus por mais esta grande vitória. Não cabia em mim mesma de tanta alegria. Talvez você que está lendo estas linhas esteja com um problema tão ou mais sério ou difícil que o mesmo que passei, talvez seja você pai ou mãe com o coração partido em razão da doença ou da limitação de seu filho (a), quero lhe dizer com toda a firmeza da fé que Deus colocou em meu coração, que Deus está pronto pra te ajudar, e ainda ouso dizer mais, Ele tem grande interesse em te ajudar e dar um fim no problema por qual estás passando. Quero ainda te dizer que de maneira alguma me sinto melhor que alguém. Sinto-me privilegiada sim, por ter alcançado tamanha graça (favor imerecido) da parte de Deus, mas, com a mesma convicção que tenho em meu Deus, digo-te em O Nome do Senhor Jesus Cristo, que Ele cura de gripe a tuberculose, de resfriado a qualquer doença degenerativa. (Utilizo a expressão “qualquer” não subestimando a profundidade e a complexidade das doenças – em absoluto – mas em razão de conhecer um pouquinho do grande poder que o meu Deus tem para curar todas as enfermidades). O Deus em quem eu confio “é o mesmo ontem, hoje e eternamente” e “não é homem para que minta” e “vela pela Sua Palavra para a cumprir”, por isso, ainda que me seja impossível fazer isso – depende única e exclusivamente de Sua vontade – gostaria de colocar em seu intelecto, que Deus ama você com todo o amor que Ele dispensou à raça humana e que Ele quer acabar hoje mesmo com a dificuldade que estás atravessando. Assim com Ele salva a todos, igualmente está disposto a curar a todos. Esta é a salvação completa que Ele, liberalmente, coloca à disposição de toda a humanidade. Esta é a mensagem que temos de Deus, assim como Ele não escolhe pessoas para salvar, conforme Romanos, capítulo 2, versículo 11, que diz: “Pois para com Deus não há acepção 46
  • 48. de pessoas”, também não escolhe pessoas para curar. Em Atos, capítulo 10, versículo 38, diz: “... o qual andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com Ele”. Por isso posso afirmar, com plena convicção que, todos que tiverem fé, para crer que Deus é poderoso para curá-lo, com certeza alcançarão do Senhor a cura que precisam para o seu corpo. Em Isaías 53.5 diz: “...o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele e, pelas Suas pisaduras fomos sarados”. Por Deus, não há limites para que Ele possa operar em seu ser, a única limitação quem poderá impor é você por sua fé (ou a ausência dela). Reencontro Aproximadamente dez (10) anos mais tarde estávamos num culto no mesmo templo central quando, em determinado momento, uma irmã levantou-se e pediu oração por seu pai que estava internado no hospital Cristo Redentor (em Porto Alegre). Não me contive e fui falar com ela. Disse-me seu nome – Eva – filha do irmão Luiz Nunes. No dia seguinte, na hora da visita, fui a primeira a entrar no quarto dele. Identifiquei-me comentei com ele o que relatei acima e pude perceber em seus olhos a emoção se desfazendo em lágrimas. Depois desse reencontro fizemos uma linda amizade. Recebeu alta e veio para minha casa. Anos depois tive o privilégio de visitá-lo em sua casa (em Rivera, no Uruguai). O irmão Luiz Nunes, bem como sua família, esteve várias vezes em minha casa. Ouvindo o “ide” de Jesus Vou contar agora, algo que aconteceu quando a Miriam e o Joel ainda eram pequenos. Morava perto de minha casa uma senhora por nome Andradina, que aceitou a Jesus como seu Salvador logo depois que nos conhecemos. A Andradina fazia, também, limpeza na casa de uma outra vizinha nossa, que costumeiramente chamávamos de “Dona Inácia”. Certo dia Andradina ao chegar para limpeza pediu-me para, antes de iniciar sua faxina, orarmos por Dona Inácia e seu esposo José Vinoca, pois estavam passando por momentos difíceis. 47
  • 49. Muitas vezes oramos por esta família somente não imaginava o que poderia ocorrer mais tarde. Transferimos nossa residência, tempos depois, para endereço bem próximo desta família. A Miriam Rosane naquela época dava aulas para várias crianças inclusive para um dos filhos de Dona Inácia. Este, aceitou a Jesus como seu Salvador e, logo depois começaram a namorar. Ele, por nome Valmir, é esposo da minha primeira filha. Dona Inácia passou por aquela fase de lutas conservando-se sempre serva fiel ao Senhor e feliz com seu esposo. Quando a Miriam Rosane estava para completar quinze anos de idade, em janeiro de 1980, foi a um culto em Canoas, cidade da região metropolitana de Porto Alegre. Pastoreava a igreja naquela cidade, naquela época, o Pastor Edgar Machado. Naquele culto Deus falou muito forte com ela sobre Missões. Ao chegar do culto ela não me falou nada. Depois daquela reunião colocava o relógio para despertar sempre às três horas da manhã e orava até às quatro horas durante um mês inteiro. Escutava sua oração em todas aquelas manhãs, mas percebia que era uma oração diferente daquelas que estava acostumada a ouvir de seus lábios. Sua cama ficava ao lado da minha (dormia no quarto onde estava minha cama porque os meninos dormiam juntos no quarto restante da casa), mas não fiquei sabendo sobre qual o propósito que ela orava, porém, imaginava que estivesse orando por alguém que estivesse gostando. No domingo à noite, do dia 24 de fevereiro, daquele mesmo ano, nos deitamos e o Espírito Santo inquietou-me não me deixando dormir. Eu sentia como se fosse uma tocha a me queimar nas costas e a terceira pessoa da Santíssima Trindade me impulsionava a orar, até que não resisti e chamei meu esposo. Ele dormia profundamente. Chamei pela segunda vez. Na terceira vez em que o chamei ele virou-se para o canto (de costas para mim). Ao ver esse gesto pensei: “Amanhã é segunda-feira, todos trabalham fora, só eu que não”. 48
  • 50. Nisto levantei-me dobrei meus joelhos e comecei a orar. O Espírito Santo, por Sua imensa misericórdia, tomou-me de uma forma especial e eu comecei a falar uma palavra que nunca havia ouvido falar antes: “Cochabamba”. Só pronunciava esta palavra. Quando me dei por conta estava toda minha família ao meu redor, em volta da cama orando a Deus. O Espírito Santo tomou conta do Luís Antônio e em palavra de profecia Deus o usou para falar com a Miriam Rosane, dizendo o seguinte: “Vou te levar para Cochabamba. É lá que tu vais fazer a Minha obra”. Em oração a Miriam respondeu querendo descartar esta possibilidade: “Nunca pousei longe de casa, como vou para um lugar desses que eu nem sei onde fica?” Ao que o Espírito respondeu por meio do Luís Antônio: “Tenho algo muito especial para ti. Lá o povo é indígena, andam todos nus, e se alimentam de folhas de árvores”. Naqueles dias estava morando em minha casa o Nilsinho, um menino cuja mãe havia falecido e este estava muito doentinho. Em continuação o Espírito Santo usando o Luís Antônio disse: "Como prova de que Sou Eu que falo contigo, eis que curo este menino neste momento”. (Referindo-se ao Nilsinho o qual o Luís Antônio havia tomado em seus braços). E realmente aconteceu assim. Quando o Luís Antônio começou a falar, eu tive uma visão. Nessa visão eu vi a Miriam Rosane em uma rodoviária. Ela entrou em um ônibus, no banco que fica logo atrás da 49
  • 51. porta, ao lado do motorista. No lado oposto do mesmo veículo, atrás do motorista vi alguém ao seu lado que conversava com ela, porém não conseguia identificar quem era. Aquele ônibus percorreu uma longa viagem até que parou próximo a uma árvore muito frondosa não conseguindo ver mais nada depois disso. A visão acabou ali. Anos depois o Valmir, um dos filhos do José Vinoca, aceitou a Jesus como seu Salvador, vindo a se apaixonar pela Miriam Rosane. Este tinha em seu coração uma chamada missionária. Missão e Casamento Antes do casamento dos dois (cuja cerimônia teve lugar no dia vinte e oito de novembro de 1992) eu me encontrava na congregação da Vila União ao lado da irmã Maria do Carmo e orava ao Senhor pedindo a Ele que soprasse um vento oriental e enviasse codornizes para o casamento da minha filha. A nossa parentela é muito grande e estávamos preocupados com a quantidade de pessoas convidadas. Convidamos muitas pessoas amigas. A festa foi linda. Todos se regozijaram e comeram à vontade. Sobrou muita comida e nossa preocupação se desfez. Graças a Deus. No domingo seguinte a irmã Maria do Carmo me disse: “Irmã Dora, Deus realmente ouviu e respondeu a sua oração. Eu nunca havia participado de um casamento com tanta fartura”. Agradeci a Deus mais uma vez por isso. No mês de agosto de 1993 acompanhamos o casal até a estação rodoviária de Porto Alegre quando despediram-se de nós embarcando em direção à Bolívia. Sabem em qual banco do ônibus sentaram? Justamente no assento atrás da porta, ao lado do motorista, onde Deus havia me mostrado na visão em fevereiro de 1980. 50
  • 52. Ficaram na cidade de Santa Cruz de La Sierra com o pastor Paulo Moreira que fazia um trabalho muito lindo em Cochabamba. A cada três meses entravam em um barco e se dirigiam àquela localidade levando comida, roupas e medicamentos para os índios que andavam nus. Fazia já um ano que o Valmir e a Miriam Rosane estavam na Bolívia quando ela engravidou. Pedimos a ela que voltasse para ter seu bebê em Porto Alegre o que acabou acontecendo. Ambos, também se envolveram na obra de Deus, em Porto Alegre. Em dezembro de 2006 voltaram à Bolívia, em passeio, para rever velhos amigos. O início dos cultos na Vila União Em novembro de 1978 meu esposo trabalhava à noite o que me impedia de assistir aos cultos. Por este motivo os irmãos resolveram fazer cultos na minha casa. Os irmãos se reuniam nas sextas-feiras à noite e nos domingos à tarde. Essas reuniões perduraram dois anos. No dia dois de novembro do ano de 1980 houve a invasão da área verde (próxima a minha casa) a qual tomou o nome de Vila União. Logo em seguida e, como forma de motivar as pessoas que trabalhavam na construção de suas próprias casas, nos dedicamos à confecção de sopa. Também logo depois começamos a erigir cultos debaixo de uma lona. Era o início do que se chamaria mais tarde de congregação da Vila União. Atuei como encarregada da sopa durante quinze anos ininterruptos de segundas a sextas- feiras. Cada dia havia, invariavelmente, dois irmãos que auxiliavam no transporte de lenhas para os fogões ou arrecadando (pedindo mesmo) alimentos no Ceasa para “engrossar” a sopa, sendo o responsável pelo transporte desses ingredientes da sopa, o incansável irmão Diofanto, com sua camioneta Veraneio. Este querido irmão congregava na igreja da Vila Meneghetti. 51
  • 53. Havia também duas irmãs que trabalhavam na confecção de acolchoados para posterior doação em asilos e orfanatos. Era um trabalho muito lindo e que requeria dedicação, abnegação e, sobretudo, vontade de fazer os outros felizes, não obstante os poucos recursos com os quais todos nós estávamos tão acostumados. Lembro que certo dia daqueles em que estávamos, invariavelmente, envolvidos com aquela atividade, meu esposo cortava lenha para pôr no fogão, no pátio (que depois viria a ser construída a igreja) deu um mau jeito na coluna lombar que, como se diz popularmente, a coluna virou em um “S”. Consultando com um médico ortopedista, chamado Eliseu Santos (que mais tarde viria a ser o vice-prefeito de Porto Alegre, por uma gestão), este disse-lhe que ”a coisa estava feia”, ou seja, teria que ser feito um tratamento prolongado, dolorido e caro para que a coluna voltasse ao lugar habitual. Dias depois, com a coluna ainda naquele estado, quando dava comida a uns pintinhos que eu tinha, em um horário quando o sol estava a pino, meu esposo apavorou-se ao olhar para sua própria sombra. Largou imediatamente o que fazia, entrou em casa e, no quarto, prostrado de joelhos orou ao Senhor dizendo: “Senhor eterno, Tu não me fizeste assim, por isso não aceito que minha coluna continue torta do jeito que está. Em nome de Jesus determino que minha coluna volte para o lugar em que sempre esteve”. Quando se levantou do lugar onde se encontrava, sua coluna estava em perfeito estado. Glória ao nome do Senhor por mais esta vitória e oração respondida. Você que está lendo estas linhas creia que todas as palavras e histórias aqui descritas tiveram lugar no tempo e no espaço, tendo todas elas sido fruto de experiências com Deus, portanto reais, desprovidas, por isso, de qualquer imaginação. Todas elas foram verídicas. Se por acaso, você está passando por alguma provação ou luta, sugiro que você se coloque nas mãos do Senhor, ore sem cessar, busque a resposta e a providência do Senhor Deus para sua vida. 52
  • 54. Saiba que Deus responde tuas orações segundo a medida da tua fé. Peça a ele que acrescente tua fé e verás a resposta das tuas orações. Procure ter mais intimidade com a Bíblia, procure também decorar e ter em mente alguns versículos da Bíblia para poder resistir e responder ao inimigo nos momentos de prova. Para a glória de Deus posso te dizer que já li a Bíblia várias vezes de capa a capa, como se diz, e Deus sempre coloca em minha mente pelo menos um versículo para obter vitória nos momentos de maior aflição. Bênçãos vindas da Paraíba Lembrei de um fato que aconteceu há trinta anos. Veio morar perto de minha casa uma família oriunda do Estado da Paraíba. Fomos as primeiras pessoas cristãs do Rio Grande do Sul com quem travaram amizade. Foi uma amizade muito linda. Naquela família havia dois jovens, um chamado João Nilton e o outro chamado José Silva. Freqüentemente vinham à minha casa para orarmos juntos. Comentava sobre eles com meu esposo dizendo que “eles soltam fogo de tão cheios do Espírito”. Certo dia, ao encerrarmos nossa costumeira reunião de oração em minha casa, nos deparamos com um grupo de homens, contratado pela prefeitura municipal, limpando a calçada próximo a um caminhão basculante no qual depositavam os detritos que retiravam da rua. Ao acompanhar os dois irmãos paraibanos que se preparavam para saírem no portão, o motorista do caminhão me chamou e eu fui ver o que ele queria. Ao chegar perto dele percebi que aquele senhor chorava compulsivamente quando perguntei a ele: “O que está acontecendo aqui?”, ao que ele me respondeu, em meio aos prantos: “Não conheço vocês, mas ouvi que vocês oravam e quando olhei para o telhado de sua casa vi uma tocha de fogo muito grande, mas a casa não queimava. Confesso à senhora que deixei os caminhos do Senhor há vários anos, porém, hoje, depois de ver o sinal aqui na sua casa vou procurar uma igreja e me reconciliar com Deus”. 53
  • 55. Eu disse a ele: “Vou orar por você aqui e agora e você vai sair em paz com Deus”. E assim fiz, ali mesmo na frente de minha casa e na presença dos colegas dele. Ele chorava muito, mas de regozijo e alegria em seu coração. Acredito que o Senhor teve um encontro maravilhoso com ele naquele momento. Dias depois ele me presenteou com uma carga de terra, no caminhão com o qual trabalhava, para aterrar o terreno de minha casa. Damos glórias a Deus por isso. Hoje, o irmão José Silva (que vinha à minha casa acompanhando o irmão João Nilton), é um pastor e, casualmente foi, por muito tempo, o encarregado da congregação da Vila União, igreja que freqüentamos. É um grande homem de Deus. A visita de um anjo Em vinte e quatro de julho de 1988 meu esposo foi convidado a assumir a congregação denominada Brasília II. Como tinha o hábito de, ao assumir qualquer trabalho, convocar a congregação para uma campanha de oração por quarenta dias, desta feita não foi diferente. Colocou a congregação em oração. (Esses momentos de oração eram divididos pelas manhãs – para os irmãos que não podiam assistir às reuniões à noite, e também à noite). Esta campanha tinha a finalidade de evitar que tomasse qualquer decisão de sua própria vontade ou prejudicar alguém, bem como estar sempre na direção do Altíssimo. Nessa época ele trabalhava por turno e, em uma semana seu horário era pela manhã e na outra seu expediente iniciava na tarde e estendia-se até a meia-noite. Isto quer dizer que ele podia comparecer aos cultos somente em semanas intercaladas, em razão de seu trabalho, mas eu procurava dar assistência em todos os cultos nessas campanhas. Quando ele não podia comparecer, eu ia aos cultos acompanhada de minhas filhas, já que a congregação fica um pouco longe de nossa casa. 54
  • 56. Certo dia, já perto do final da campanha, numa das semanas em que eu e as gurias chegávamos à igreja, percebi que a porta estava aberta. Entramos, com receio, verificamos tudo pensando, primeiramente (e humanamente falando), tratar-se de arrombamento, porém, para nossa (agradável) surpresa, estava tudo no seu devido lugar. Passado o susto inicial, logo depois começamos a orar ao mesmo tempo em que foram chegando mais congregados. Passado algum tempo alguma coisa começou a desviar minha atenção. De repente comecei a ouvir o dedilhar muito calmo e muito bonito de um violão. Olhei para o púlpito e não vi ninguém. Retornei á oração e sistematicamente ouvia uma voz masculina a glorificar ao Senhor com “Glória a Deus” e “Aleluia” e o violão não parava de tocar. Aquilo de certa forma me incomodava e pensava comigo mesmo: - “Como pode alguém estar tocando violão no momento destinado à oração?” Pude perceber, também, que alguns outros irmãos também ouviam o tocar do violão e volta e meia olhavam em direção ao altar para ver quem dedilhava o violão. Terminada a oração, o culto teve o seu desfecho como sempre e voltamos para casa. Dias depois (na mesma semana) recebemos a visita do irmão Cláudio Caetano que, frequentemente, nos visitava (havia sido recepcionado por meu esposo que naquela semana trabalhava no turno da manhã). O Espírito Santo o levou a comentar sobre anjos. Enquanto conversávamos sobre este assunto preparava um café com bolinhos fritos (eram os preferidos do irmão Cláudio Caetano). Quando minhas filhas voltaram da aula, no turno da tarde, uma entrou pela porta da frente e a outra pela porta da cozinha e perguntei a uma delas: “Tu não percebeste nada estranho naquele culto enquanto orávamos?” Ela me respondeu: “Ouvi uma pessoa tocando violão. Olhei para o púlpito várias vezes (porque era de lá que vinha o som do violão), mas só não consegui ver quem era. Sei que era uma voz masculina e que dava Glória a Deus e Aleluia”. 55