2. Biografia de Eça de Queirós
José Maria Eça de Queirós (1845-1900)
Nasceu na Póvoa do Varzim e faleceu em Paris.
Estudou Direito na Universidade de Coimbra.
Foi nomeado cônsul, tendo viajado pelo Egito, Cuba, Londres, Paris,…
Das suas obras, destacam-se “O crime do Padre Amaro” (1875-1876),
“Os Maias” (1888), “A cidade e as Serras” (1901) e “Contos” (1902).
Traduziu o romance de Rider Haggard, “As minas de Salomão”.
“A Cidade e as Serras” (1901) e “Contos” (1902) são obras póstumas.
3. “O Tesouro”
Organização das sequências narrativas do conto:
Sequência Inicial
Sequência Intermédia
Sequência Final
Está presente a Miséria;
O encontro do Tesouro;
A Morte dos três irmãos;
4. Referências presentes no conto
Na primeira parte do conto estão presentes as seguintes referências:
o
o
A apresentação das personagens como “os fidalgos mais famintos e
remendados…”.
(classe social dos três irmãos: aristocracia falidaNobreza) (Espaço Social)
As três personagens: Rui, Rostabal e Guanes.
o
O local em que estes habitavam “Paços de Medranhos”.
físico)
o
Referência à forma como as personagens passaram o Inverno.
( Espaço
5. Na segunda parte do conto estão presentes as seguintes referências:
o
o
o
o
o
o
Onde a ação se desenrola: “Mata de Roquelanes”;
Encontro do Tesouro…
O comportamento desconfiado e egoísta das três personagens, exigindo
cada um deles uma chave do cofre…
Rui e Rostabal preparam uma cilada a Guanes…
Rui atraiçoa o seu cúmplice matando-o também…
E por fim a morte de Rui que ao sentir-se vitorioso, festeja comendo e
bebendo o que o irmão trouxe da vila, que lhe provoca uma morte
dolorosa - morre envenenado…
6. Na terceira parte do conto estão presentes as seguintes referências:
o
A natureza não se compadece com a morte dos três irmãos, uma vez que:
“ Dois corvos… já tinham pousado sobre o corpo de Guanes”… .
o
O Tesouro permanece na mata de Roquelanes.
7. Funcionamento da Língua
Presença do narrador: Não participante;
Quanto à ciência: é omnisciente, sabe tudo acerca das personagens
inclusive o seu pensamento;
Caracterização dos três irmãos:
Rui- gordo, ruivo e o mais avisado.
Guanes- o mais leve.
Rostabal- o mais alto, com longa guedelha, barba grande e
pescoço de grou.
1.
2.
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8. Explicação dos sete pecados mortais:
Vaidade – Alguém que não é humilde, que se julga superior ou
autossuficiente. Alguém que não respeita o próximo.
Inveja – Quando se deseja atributos, bens, posses, status, habilidades,
competências de outras pessoas, muitas vezes desejando o mal a essas
pessoas.
Ira – Ódio, rancor, zanga, perante algo ou alguém. Um sentimento muitas
vezes difícil de controlar e que muitas vezes se solta diabolicamente.
9. Preguiça – Sentimento de evitar qualquer esforço físico ou mental para se
obter
algo
ou
modificar
alguma
coisa.
Avareza – Cobiça de bens materiais. Prendimento ao sentimento de posse e
de não-partilha.
Gula – Necessidade de comer mais do que o necessário. Comer com pressa,
sem apreciar verdadeiramente.
Luxúria – Associado a prazer carnal, ao sexo. O puro interesse de satisfazer
uma necessidade animal, sem preocupação na escolha do parceiro e
sem sentimentos.
10. Os pecados mortais presentes no conto:
Ira – “Malvado”; ”-Pois que morra, e morra hoje!”
Vaidade – “(…) ele seria o magnífico senhor de Medranhos.”
Gula – “encontrando as duas garrafas de vinho, e um gordo capão assado,
sentiu uma imensa fome.”; “E há quanto tempo não provava capão!”; “Rasgou
a asa do capão: devorava a grandes dentadas.”
Avareza – “Agora eram dele, só dele, as três chaves do cofre!...”; “E era o seu
ouro!”; “Se Guanes, passando aqui sozinho, tivesse achado este ouro, não
dividia connosco, Rostabal!”
Luxúria – “(…)onde teria sempre mulheres.”
12. TRÊS
Durante a narrativa realista em terceira
pessoa, nota-se a presença marcante
do número três, que, além de outros
significados, refere-se na obra à
representação de um inteiro.
Como uma família, que é representada
por pai, mãe e filho, numa respetiva
hierarquia, os irmãos Medranhos
possuem tal hierarquia.
Simbolistas também utilizam o “três”
em associação aos três reis magos.
Exemplo:
“Os três irmãos de Medranhos...”
Os três irmãos:
13. TELHA
Faz-se referência à ausência de
vidraça e telha na casa dos irmãos
no primeiro momento. No
segundo, a telha é citada fazendo
parte da imaginação de Rui.
Segundo a simbologia, “telha”
significa proteção, mas quando o
ambiente é destelhado, as más
influências corrompem o homem.
“... o vento da serra levara vidraça
e telha, passavam eles tardes
desse inverno...”
14. LAREIRA
A lareira, na simbologia, é o
“centro de vida”, pois traz calor e
luz ao lar. No conto, ela é descrita
primeiramente
como
“lareira
negra”, passando a ter significado
oposto, e por uma segunda vez, é
citada
numa
das
viagens
psicológicas de Rui, ao imaginar-se
rico. Observe-se os fragmentos:
“... diante da vasta lareira negra,
onde desde então não estalava
lume, nem fervia panela de ferro...”
“... pensava em Medranhos coberto
de telha nova, nas altas chamas da
lareira por noites de neve...”
15. CORVO
A figura do corvo aparece no
conto mais do que uma vez.
Segundo a simbologia, o corvo
representa mau agouro, ligado ao
medo da infelicidade. É a ave
negra dos românticos.
“Um bando de corvos passou
sobre eles, grasnando”
16. ÁGUA
A água é citada tanto em forma de
“fio de água”, como “fonte”, que
lavava o morto. A simbologia da
água representa principalmente a
“vida”, e a “purificação” tanto no
seu nascimento (fonte) como no
seu estado inerte (tanque). Estas
referências encontram-se nos
fragmentos:
“Rostabal caiu sobre o tanque,
sem um gemido, com a face na
água, os longos cabelos flutuando
na água.”
17. VINHO
O vinho, segundo a
simbologia, representa
sangue (derramado por
todos os personagens
do conto).
18. TESOURO
Símbolo do conhecimento, da imortalidade, das reclusões espirituais, que
só através de uma busca incessante e arriscada seria alcançado.
Mitologicamente guardados por monstros e dragões que representariam as
imagens de perigosas entidades psíquicas, das quais corremos o risco de
sermos as vítimas.
Encontrados na maioria das vezes enterrados ou guardados em
subterrâneos e cavernas, expressariam assim uma situação de dificuldade e
a necessidade de um esforço humano para conquistá-los.
Não vem como um dom gratuito dos céus e sim após longas provações. O
tesouro oculto revela sua característica moral e espiritual, enquanto os
monstros e obstáculos no caminho de sua busca representariam as nossas
próprias imperfeições.
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20. RUIVO
Rui, personagem mais ativo
desde o começo até o fim do
conto, é um homem ruivo.
Desde as iniciais de seu nome,
até suas atitudes, mostram que
a simbologia do ruivo é muito
importante na obra. O ruivo
representa fogo impuro.
Temos tais referências nos
fragmentos:
“Então Rui, que era gordo e
ruivo...”
21. PLUMA
A pluma é representada na
simbologia um canal que faz
com que as orações subam até o
céu.
No conto, ela aparece por duas
vezes, sendo que, na última,
aparece quebrada, cortando a
possibilidade
dessa
comunicação.
Após o assassinato de Guanes, a
pluma de Rostabal é citada como
quebrada e torta.
“Rostabal, adiante, fugindo com
a pluma do sombrero quebrada e
torta...”