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Questões críticas na investigação
qualitativa sob um ponto de vista
sociocultural
João Filipe Matos
Instituto de Educação, Universidade de Lisboa
Porto| 5º Congresso Ibero-Americano Investigação Qualitativa | 12 Julho 2016
sumário
1º andamento: o investigador qualitativo de um
ponto de vista sociocultural
2º andamento: teoria na investigação qualitativa?
3º andamento: mitos sobre a investigação qualitativa
Epílogo: a necessidade de inovação na investigação
qualitativa
1º andamento
o investigador qualitativo de um
ponto de vista sociocultural
investigação
investigador objeto
novo
objeto
mediação
investigador objeto
novo
objeto
elementos de
mediação
1ª geração da Teoria da Atividade (Vygotsky)
mediação
!   Os modos como os humanos criam
representações e interagem com o mundo
constituem processos de ação mediada
!   Ideias, conceitos , significados, palavras tornam-
se substitutos de referentes concretos na
ausência dos objetos
mediação no dia-a-dia
indivíduo situação explicação
pré-concepções, ideias,
mitos,…
mediação na investigação
investigador situação/
problema
resultados
elementos de
mediação
mediação na investigação
investigador situação/
problema
resultados
teoria(s), instrumentos,
procedimentos,…
investigador situação
resultados
teoria(s), instrumentos,
procedimentos,…
regras,
normas,…
comunidade hierarquia, relações
de poder,…
investigador
resultados
teoria(s), …
regras,
normas,…
comunidade hierarquia
objeto
sistema de atividade como unidade de análise
2ª geração da Teoria da Atividade (Leont’ev)
investigador
resultados
teoria(s), …
regras,
normas,
…
comunid
ade
hierarqui
a
objeto reviewer
teoria(s), …
regras,
normas,
…
comunid
ade
hierarqui
a
investigador avaliador
operamos em múltiplos sistemas de atividade
3ª geração da Teoria da Atividade (Y. Engeström)
investigador situação
resultados
teoria(s), instrumentos,
procedimentos,…
regras,
normas,…
comunidade hierarquia, relações
de poder,…
relação com o conhecimento
entendido não como propriedade individual...
...mas como produto colectivo construído na
interação com os recursos estruturantes da
ação
!  os outros
!  os artefactos que usamos
!  as situações e os problemas
!   Participar numa prática social, na qual o
conhecimento reside, é um princípio epistemológico
de aprendizagem.
!   As possibilidades de aprendizagem são definidas:
•  pela estrutura social dessa prática
•  pelas relações de poder e as condições de legitimidade
e de acesso
bases de um ponto de vista
sociocultural
!   o investigador é um ser sistémico, social, política e
historicamente inscrito
!   o investigador é não só um produto da cultura, mas
também um criador e transformador da subjetividade
colectiva
!   o investigador, e os objetos transformados na sua
prática, não podem ser considerados nem
compreendidos sem se atender aos meios culturais de
acesso ao conhecimento - os artefactos (de mediação)
artefactos e mediação
!   o uso de artefactos é uma acumulação,
elaboração e transmissão de conhecimento
social
!   são moldados pelo contexto social e cultural onde são
usados
!   refletem as experiências das pessoas, através das
propriedades estruturais desses artefactos, assim como no
conhecimento de como eles devem ser utilizados
!   são criados e transformados na própria atividade
!   transportam uma cultura particular – a utilização de
artefactos é um meio de elaboração e transmissão de
conhecimento cultural.
artefactos
Princípios a considerar nesta perspetiva
1. sistema de atividade como unidade de análise
2. multivocidade dos sistemas de atividade
3. historicidade dos sistemas de atividade
4. papel central das contradições / tensões /conflitos
como fontes de mudança e de desenvolvimento
5. possibilidade de transformações expansivas nos
sistemas de atividade
2º andamento
teoria na investigação
qualitativa ?
Papel da teoria na investigação
qualitativa
não há nada tão prático e útil
como uma ‘boa’ teoria…
teorias e teorias…
! teorias de longo alcance (Darwin)
! teorias de médio alcance (Piaget)
! teorias substantivas (…)
!   everyday theories
Papéis da teoria
!   descritivo [identifica conceitos chave ou variáveis e
estabelece distinções conceptuais de base]
!   explicativo [revela relações e processos]
!   preditivo [torna possível fazer previsões numa
variedade de contextos potenciais]
!   prescritivo [fornece linhas estruturantes]
!   generativo [orienta para a invenção e descoberta,...]
De que precisamos na investigação
qualitativa?
!   teoria(s) suficientemente rica para capturar
os aspectos ‘mais importantes’ do
fenómeno/situação problematizada
!   teoria(s) suficientemente descritiva e
generalizante para constituir ferramenta útil
de análise
à importância do conceptual framework
3º andamento
mitos sobre a investigação
qualitativa
Mito #1
realizar investigação qualitativa é
mais fácil e menos exigente que
investigação quantitativa
atenção…
trata-se de um problema de literacia estatística?
das dificuldades dos modelos matemáticos…
…às dificuldades dos modelos de análise
qualitativa
Mito #2
a investigação qualitativa é
subjetiva
é um problema de representação?
como se transforma situações / fenómenos
em algo representável (para uma dada audiência)?
! variáveis…
! relações entre variáveis…
como é que o modelo de análise é aplicado
(idiográfico versus nomotético)?
!   que relação existe entre as formas de
aplicação de diferentes modelos de
análise?
!   o que é considerado como evidência na
investigação?
é um problema de representação?
!   o que é um modelo de análise legítimo?
! como são legitimados os resultados da
investigação?
!   e no caso da investigação qualitativa?
ou é um problema de legitimação?
Mito #3
na investigação qualitativa não
se pretende generalizar
atenção à qualidade da
generalização…
população amostra
representativa
para certas
variáveis bem
definidas
estudo das
variáveis X1, X2,
…
amostragem…
generalização
(para variávels Y1, Y2,…)
Mito #4
a escrita dos resultados na
investigação qualitativa é
posterior à análise dos dados
(primeiro analisa-se e depois escreve-se)
escrever é analisar
‘como é que sei o que penso antes de ler o que escrevi?’
Epílogo
a necessidade de inovação na
investigação qualitativa
http://ftelab.ie.ulisboa.pt
“A generation ago, teachers could expect that what they
taught would last their students lifetime. Today, because
of rapid economic and social change, schools have to
prepare students for jobs that have not yet been created,
technologies that have not been invented and problems
that we don’t yet know will arise” (OECD, 2011, par. 7)
Pensar a inovação na investigação
qualitativa implica lutar contra os
“QWERTY” da investigação
O fenómeno QWERTY
O fenómeno QWERTY
teclado	
  HCESAR	
  (Portugal,	
  
1937)	
  
teclado	
  HCESAR	
  (Portugal,	
  
1937)	
  
alternativas
O	
  fenómeno	
  QWERTY	
  
O	
  fenómeno	
  QWERTY	
  
exemplo de QWERTY na
investigação: a representação (relato)
O QUE ESTÁ ENVOLVIDO NA PRÁTICA DE
INVESTIGAÇÃO?
A escrita (o relato) é parte da investigação
O design e o emergente
Há uma incerteza inerente entre o design e a sua realização
nas práticas de investigação (uma vez que essas práticas
não são o resultado do design mas uma resposta ao design)
representação da investigação
! quem é a audiência?
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! que vozes represento?
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“Anything that can will be digitased.
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SITRA (2015). A Land of People who Love to Learn. Helsinki: Finish
Innovation Fund.
representação multimédia?
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dinâmicos, imagens vídeo – e as
relações entre esses elementos à
relações hipertextuais…
‘problemas’ a ultrapassar…
! múltiplas leituras derivadas de diferentes
trajetórias de navegação no relato da
investigação
! necessidade de transparência absoluta da
tecnologia usada no relato
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potencialidades…
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!   …
qual o futuro da e-research em
termos de métodos
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pensar o design do futuro da
investigação qualitativa passa
necessariamente por
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Questoes críticas na investigacao qualitativa sob um ponto de vista sociocultural

  • 1. Questões críticas na investigação qualitativa sob um ponto de vista sociocultural João Filipe Matos Instituto de Educação, Universidade de Lisboa Porto| 5º Congresso Ibero-Americano Investigação Qualitativa | 12 Julho 2016
  • 2. sumário 1º andamento: o investigador qualitativo de um ponto de vista sociocultural 2º andamento: teoria na investigação qualitativa? 3º andamento: mitos sobre a investigação qualitativa Epílogo: a necessidade de inovação na investigação qualitativa
  • 3. 1º andamento o investigador qualitativo de um ponto de vista sociocultural
  • 6. mediação !   Os modos como os humanos criam representações e interagem com o mundo constituem processos de ação mediada !   Ideias, conceitos , significados, palavras tornam- se substitutos de referentes concretos na ausência dos objetos
  • 7. mediação no dia-a-dia indivíduo situação explicação pré-concepções, ideias, mitos,…
  • 8.
  • 9. mediação na investigação investigador situação/ problema resultados elementos de mediação
  • 10. mediação na investigação investigador situação/ problema resultados teoria(s), instrumentos, procedimentos,…
  • 12. investigador resultados teoria(s), … regras, normas,… comunidade hierarquia objeto sistema de atividade como unidade de análise 2ª geração da Teoria da Atividade (Leont’ev)
  • 13. investigador resultados teoria(s), … regras, normas, … comunid ade hierarqui a objeto reviewer teoria(s), … regras, normas, … comunid ade hierarqui a investigador avaliador operamos em múltiplos sistemas de atividade 3ª geração da Teoria da Atividade (Y. Engeström)
  • 15. relação com o conhecimento entendido não como propriedade individual... ...mas como produto colectivo construído na interação com os recursos estruturantes da ação !  os outros !  os artefactos que usamos !  as situações e os problemas
  • 16. !   Participar numa prática social, na qual o conhecimento reside, é um princípio epistemológico de aprendizagem. !   As possibilidades de aprendizagem são definidas: •  pela estrutura social dessa prática •  pelas relações de poder e as condições de legitimidade e de acesso
  • 17. bases de um ponto de vista sociocultural !   o investigador é um ser sistémico, social, política e historicamente inscrito !   o investigador é não só um produto da cultura, mas também um criador e transformador da subjetividade colectiva !   o investigador, e os objetos transformados na sua prática, não podem ser considerados nem compreendidos sem se atender aos meios culturais de acesso ao conhecimento - os artefactos (de mediação)
  • 18. artefactos e mediação !   o uso de artefactos é uma acumulação, elaboração e transmissão de conhecimento social
  • 19. !   são moldados pelo contexto social e cultural onde são usados !   refletem as experiências das pessoas, através das propriedades estruturais desses artefactos, assim como no conhecimento de como eles devem ser utilizados !   são criados e transformados na própria atividade !   transportam uma cultura particular – a utilização de artefactos é um meio de elaboração e transmissão de conhecimento cultural. artefactos
  • 20. Princípios a considerar nesta perspetiva 1. sistema de atividade como unidade de análise 2. multivocidade dos sistemas de atividade 3. historicidade dos sistemas de atividade 4. papel central das contradições / tensões /conflitos como fontes de mudança e de desenvolvimento 5. possibilidade de transformações expansivas nos sistemas de atividade
  • 21. 2º andamento teoria na investigação qualitativa ?
  • 22. Papel da teoria na investigação qualitativa não há nada tão prático e útil como uma ‘boa’ teoria…
  • 23. teorias e teorias… ! teorias de longo alcance (Darwin) ! teorias de médio alcance (Piaget) ! teorias substantivas (…) !   everyday theories
  • 24. Papéis da teoria !   descritivo [identifica conceitos chave ou variáveis e estabelece distinções conceptuais de base] !   explicativo [revela relações e processos] !   preditivo [torna possível fazer previsões numa variedade de contextos potenciais] !   prescritivo [fornece linhas estruturantes] !   generativo [orienta para a invenção e descoberta,...]
  • 25. De que precisamos na investigação qualitativa? !   teoria(s) suficientemente rica para capturar os aspectos ‘mais importantes’ do fenómeno/situação problematizada !   teoria(s) suficientemente descritiva e generalizante para constituir ferramenta útil de análise à importância do conceptual framework
  • 26. 3º andamento mitos sobre a investigação qualitativa
  • 27. Mito #1 realizar investigação qualitativa é mais fácil e menos exigente que investigação quantitativa
  • 28. atenção… trata-se de um problema de literacia estatística? das dificuldades dos modelos matemáticos… …às dificuldades dos modelos de análise qualitativa
  • 29. Mito #2 a investigação qualitativa é subjetiva
  • 30. é um problema de representação? como se transforma situações / fenómenos em algo representável (para uma dada audiência)? ! variáveis… ! relações entre variáveis…
  • 31. como é que o modelo de análise é aplicado (idiográfico versus nomotético)? !   que relação existe entre as formas de aplicação de diferentes modelos de análise? !   o que é considerado como evidência na investigação? é um problema de representação?
  • 32. !   o que é um modelo de análise legítimo? ! como são legitimados os resultados da investigação? !   e no caso da investigação qualitativa? ou é um problema de legitimação?
  • 33. Mito #3 na investigação qualitativa não se pretende generalizar
  • 34. atenção à qualidade da generalização… população amostra representativa para certas variáveis bem definidas estudo das variáveis X1, X2, … amostragem… generalização (para variávels Y1, Y2,…)
  • 35. Mito #4 a escrita dos resultados na investigação qualitativa é posterior à análise dos dados (primeiro analisa-se e depois escreve-se)
  • 36. escrever é analisar ‘como é que sei o que penso antes de ler o que escrevi?’
  • 37. Epílogo a necessidade de inovação na investigação qualitativa
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  • 42. “A generation ago, teachers could expect that what they taught would last their students lifetime. Today, because of rapid economic and social change, schools have to prepare students for jobs that have not yet been created, technologies that have not been invented and problems that we don’t yet know will arise” (OECD, 2011, par. 7)
  • 43. Pensar a inovação na investigação qualitativa implica lutar contra os “QWERTY” da investigação
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  • 60. exemplo de QWERTY na investigação: a representação (relato)
  • 61. O QUE ESTÁ ENVOLVIDO NA PRÁTICA DE INVESTIGAÇÃO? A escrita (o relato) é parte da investigação O design e o emergente Há uma incerteza inerente entre o design e a sua realização nas práticas de investigação (uma vez que essas práticas não são o resultado do design mas uma resposta ao design)
  • 62. representação da investigação ! quem é a audiência? ! como me dirijo ao leitor? (voz ativa/passiva) ! que vozes represento? !   …
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  • 64. “Anything that can will be digitased. What will happen to schools?” SITRA (2015). A Land of People who Love to Learn. Helsinki: Finish Innovation Fund.
  • 65. representação multimédia? ! incluir texto, tabelas e gráficos dinâmicos, imagens vídeo – e as relações entre esses elementos à relações hipertextuais…
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  • 67. ‘problemas’ a ultrapassar… ! múltiplas leituras derivadas de diferentes trajetórias de navegação no relato da investigação ! necessidade de transparência absoluta da tecnologia usada no relato !   …
  • 68. potencialidades… ! evolução dos métodos de trabalho ! análise e avaliação da investigação !   re-análise de dados ! replicação de estudos !   …
  • 69. qual o futuro da e-research em termos de métodos qualitativos?
  • 70. pensar o design do futuro da investigação qualitativa passa necessariamente por lutar contra os QWERTY da investigação