Páscoa para os judeus é a memória da ação salvadora de Deus. Para nós, os cristãos, é a recordação da ação redentora de Jesus em favor da humanidade. Cristo é a nossa verdadeira Páscoa, o Cordeiro único e o Sumo Sacerdote por excelência. Seu sacrifício foi definitivo e completo e ilimitado, ou seja, para todos os homens (Jo 3.16).
1. LIÇÃO 02 – A SALVAÇÃO NA PÁSCOA
JUDAICA - 4º TRIMESTRE DE 2017 (Êx
12.21-24,29)
INTRODUÇÃO
Sem dúvida, a Páscoa era uma das festas mais
importantes do judaísmo, e a sua celebração era
carregada de valor simbólico. Quando instituiu a Santa
Ceia, por ocasião da celebração da última Páscoa, Jesus
tinha em mente esses fatos. A libertação da páscoa
reveste-se, portanto, de um caráter introspectivo, por
mostrar a necessidade pessoal de libertação por meio da
substituição. E um caráter prospectivo, porque
profetizava a libertação antes dela acontecer e
prenunciava a obra de Cristo que prometeu a libertação a
todos quantos crerem nele (Jo 8.32,36; Mt 11.28).
I – PÁSCOA, A PRIMEIRA FESTA RELIGIOSA DOS JUDEUS
1.1 Nome da festa. A palavra portuguesa “Páscoa” é
usada para designar a festa dos judeus que, no hebraico,
é chamada “Pesach”, que significa: “saltar por cima”, ou
“passar por sobre”. Esse nome surgiu em face do registro
bíblico de que o anjo da morte, ou anjo destruidor,
passou por sobre as casas marcadas com o sangue do
cordeiro pascal, quando ele matou os primogênitos do
Egito “E aquele sangue vos será por sinal nas casas em
que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de
vós, e não haverá entre vós praga de mortandade,
quando eu ferir a terra do Egito” (Êx 12.23).
1.2 A data em que foi celebrada. O nome hebraico do
mês que aconteceu a primeira Páscoa foi em Abibe, que
significa “espigas verdes”. Corresponde a Março-Abril em
nosso calendário. Durante o Exílio babilônico foi
substituído pelo nome Nisã que significa “começo,
abertura” (Ne 2.1). Ainda hoje o ano civil começa no
outono, com a Festa das Trombetas (Lv 23.24; Nm.
29.1), chamado Rosh Hashanah, que significa “Ponta do
Ano” ou “Ano Novo”.
1.3 Uma festa em família. O registro bíblico nos mostra
que a Páscoa era uma cerimônia familiar:“Falai a toda a
congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome
cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais,
um cordeiro paracada família” (Êx 12.3). Quando a
família fosse pequena demais deveria unir-se a outra. De
acordo com a tradição judaica, a expressão “pequena
demais” significava com menos de dez pessoas. Eles
deviam calcular quanto cada um poderia comer e assim
determinar se deviam se reunir com alguma outra família
(Êx 12.4).
1.4 Elementos da festa. Os participantes da Páscoa
deveriam ter os lombos cingidos, sandálias nos pés e
cajado na mão. Conforme o registro bíblico, a festa da
Páscoa deveria ser preparada com os seguintes
elementos: um cordeiro ou cabrito, pães asmos, ervas
amargas e o sangue do cordeiro que deveria ser aplicado
nas vergas e nos umbrais da porta. Cada um dos
componentes desta celebração tinha um sentido literal e
espiritual, que Deus tinha em mente transmitir não
somente aos filhos de Israel, como a seus descendentes
(Êx 12.24-27).
ELEMENTOS EXIGÊNCIAS PARA A FESTA DA PÁSCOA
SIGNIFICADO ESPIRITUAL.
Cordeiro
Este animal deveria ser: macho, de um ano, e sem
mancha (Êx 12.5). Os hebreus deveriam avaliar o cordeiro
durante quatro dias, e assim verificar se ele estava apto
para ser sacrificado como cordeiro pascal (Êx 12.3,6). Os
hebreus deveriam sacrificar o cordeiro no décimo quarto
dia no período da tarde (Êx 12.6). O sangue do animal
deveria ser colocado nas vergas e no umbral da porta
(Êx 12.7).
Este cordeiro substituiria o primogênito de cada família
dos hebreus morrendo em seu lugar (Êx
12.12,13). A partir daquela comemoração cada
primogênito deveria ser consagrado ao Senhor, tanto dos
homens quanto dos animais (Êx 13.1,2,12-15).
Sangue
O sangue no umbral e nas vergas das portas dos hebreus,
serviria como sinal para livramento, pois o Senhor
“passaria por cima” destas casas poupando da morte o
primogênito (Êx 12.12,13). O Sangue representa a
expiação. O sangue de Cristo nos traz a libertação do
pecado (Jo 3.16; Hb 9.22; 1Jo. 1.7).
Pães asmos
Os pães asmos ou ázimo, do hebraico “matzá” (Êx
12.8), é um tipo de pão assado sem fermento. O pão
asmo é feito somente de farinha de trigo e água.
O pão deveria ser assado sem fermento, pois não
havia tempo para que o pão pudesse crescer
(Êx12.8,11,34-36). A saída do Egito deveria ser rápida. A
farinha amassada sem ter recebido o fermento simboliza
pureza. O fermento servia de símbolo da corrupção moral
(Mt 16.11; Mc 8.15).
Ervas amargas
Os hebreus deveriam comer a páscoa com ervas amargas
(Êx 12.8). A tradição judaica menciona alface, escarola,
chicória, hortelã e dente-de-leão como essas ervas.
As ervas amargas ou alface agreste deveriam ser comidos
para recordar a opressão do Egito e a amargura do
cativeiro que os hebreus sofreram por tanto tempo (Êx
1.14; 12.8).
II – A PÁSCOA E O SEU SIGNIFICADO PARA A IGREJA
Embora a celebração da festa da Páscoa seja uma
ordenança divina para aos judeus (Êx 12; Nm 9.2,4; Dt
16), ela tem um profundo significado para o cristão por
representar a obra de Cristo para a nossa redenção, pois
2. as festas de Israel eram “sombras das coisas futuras” (Cl
2.17). Observemos algumas similaridades entre a Páscoa
e Cristo:
2.1 O significado profético da Páscoa. Assim como um
cordeiro foi sacrificado no dia da páscoa para a libertação
dos judeus no Egito, Cristo foi sacrificado para a
libertação dos nossos pecados: “…Ele salvará o seu povo
dos pecados deles” (Mt 1.21); “… pelo seu sangue nos
libertou dos nossos pecados” (Ap 1.5); “…Cristo, nosso
cordeiro pascal, foi imolado” (1Co 5.7). Há uma perfeita
identificação entre o pecado do crente e a oferta pelo
pecado (Jo 3.14 ver Jo 1.29).
2.2 O poder profético do sacrifício de Cristo. Este era o
método usado por Deus, desde os tempos de Adão, para
perdoar os pe- cados: O sangue deveria ser derramado
“Porque a vida da carne está no sangue” (Lv 17.11).
“Aquele que não conheceu peca- do, ele o fez (oferta
pelo) pecado por nós…” (2Co 5.21). Por isso “… sem
derramamento de sangue não há remissão de peca- dos”
(Hb 9.22). No tempo do AT o sangue dos animais apenas
cobria os pecados, no NT o sangue de Cristo tira o pecado
do mundo (Jo 1.29; Hb 10.10-12).
A PÁSCOA JUDAICA
JESUS CRISTO
O Messias é comparado a um cordeiro pelo profeta Isaías
(Is 53.4). Filipe interpreta essa
Cordeiro sem defeito
(Êx 12.5)
O cordeiro deveria ser observado durante quatro dias a
fim de verificar se não tinha defeito (Êx 12.3,6).
O cordeiro foi morto de maneira vicária; seu sangue
trouxe livramento e sua carne tornou-se alimento (Êx
12.6,23; 12.8). profecia aplicando-a a Jesus (At 8.32-35).
Profeticamente Jesus é o Cordeiro de Deus (Jo
1.29). O cordeiro representava o preço da redenção e
libertação de Israel do Egito e Cristo é a nossa libertação
do pecado (Jo 1.36; 19.36). O Messias nasceu e viveu
uma vida imaculada e irrepreensível (1Pd 1.19; 2.22; Hb
7.26).
(1) Examinado pelos grupos religiosos. No relato de
Mateus 22 do verso 15 ao 46, encontramos Jesus, sendo
examinado pelos herodianos, saduceus, escribas e
fariseus e nenhum deles conseguiu achar nele nenhum
defeito que o incriminasse e eles mesmo ficaram sem
condições de responder-lhe nenhuma palavra (Mt 22.46).
(2) Examinado pelo sumo sacerdote. O cordeiro da
Páscoa era submetido a um exame pelos sacerdotes que
o julgavam, com base no exame de sua perfeição, apto
para ser sacrificado. Caifás queria evidências para o
entregar a Pilatos, mas não as encontrou (Jo
18.29).
(3) Examinado por Herodes e Pilatos. Herodes ao
entrevistá-lo não viu nada de errado (Lc
23.7-11). Pilatos por sua vez, após ter examinado Jesus,
“…não achou nele crime algum…” (Jo 19.4). Pelo menos
três vezes Pilatos declarou que Jesus era inocente (Jo
18.28; 19.4, 6). Sua esposa também viu isso num sonho
(Mt 27.19), bem como o soldado que estava ao pé da
cruz (Lc 23.47).
Jesus foi morto pelos judeus (Mc 15.11-14; At 2.23,36); o
seu sangue foi derramado para nos livrar da ira divina
(Rm 3.25; 5.1; 1Ts 1.10); e a sua carne simbolizada no pão
da ceia instituída pelo Senhor é alimento (Mt 26.26; Jo
6.51,55).
III – PRINCÍPIOS QUE A IGREJA APRENDE COM A FESTA
DA PÁSCOA
3.1 A Páscoa significa libertação. Se esta festa era a festa
da libertação, porque então ela foi celebrada antes da
libertação propriamente dita? Porque Deus quis ensinar
que o sacrifício expiatório, a fé e a nossa obediência
precedem a plena libertação, afinal, Israel não estava
sendo liberto apenas de Faraó, mas também do Anjo
Destruidor. E isto implica que a libertação espiritual
sempre precede a física.
3.2 A Páscoa significa salvação. Observem que a
promessa de Deus era que por meio do sacrifício de um
cordeiro cada casa era salva do destruidor (Êx 12.3). O
Faraó havia dito ao povo hebreu que eles podiam ir, mas
sem os seus filhos (Êx 10.8-11) e nisto podemos entender
a vontade do Diabo quanto as nossas famílias. Satanás
sempre tentará cativar e destruir nossos filhos.
3.3 A Páscoa significa redenção. As festas eram “sombras
das coisas futuras” (Hb 10.1; Cl 2.17), ou seja, elas
tipificavam aquilo que, como no caso da Páscoa, um dia
tornar-se-ia história na encarnação do Senhor. E a Páscoa
era exatamente uma antecipação figurativa da obra de
Jesus no Calvário.
CONCLUSÃO
Concluímos que a Páscoa para os judeus é a memória da
ação salvadora de Deus. Para nós, os cristãos, é a
recordação da ação redentora de Jesus em favor da
humanidade. Cristo é a nossa verdadeira Páscoa, o
Cordeiro único e o Sumo Sacerdote por excelência. Seu
sacrifício foi definitivo e completo e ilimitado, ou seja,
para todos os homens (Jo 3.16).
REFERÊNCIAS
MCMURTRY, Grady Shannon. As Festas Judaicas do Antigo
Testamento. ADSantos.
VAUX, Roland de. Instituições de Israel no Antigo Testamento. Vida
Nova.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.