1. Intervencao da Engenharia nos grandes eventos desportivos
Desde tempos remotos, datas importantes ou acontecimentos históricos têm sido motivo para a
execução de transformações nas cidades. Esta relação remete aos marcos fúnebres da
antiguidade, aos monumentos militares do período clássico greco-romano, às praças religiosas da
idade média, e às exposições universais da revolução industrial. No entanto, após a década de
1990 os denominados grandes eventos passaram a constar no repertório de instrumentos
disponíveis para impulsionar intervenções urbanas de grande impacto. Generalizou-se o
interesse, por parte das administrações municipais, em fazer uso deste instrumento em suas
próprias cidades, e os grandes eventos conseguiram status de gerador de soluções únicas para as
variadas problemáticas acumuladas pelas cidades, principalmente durante estes dois últimos
séculos.
Dentre os considerados grandes eventos, os que conseguem maior alcance na media mundial, e
que figura como o mais importante e desejado deles, são os Jogos Olímpicos. O número de
cidades que demonstram interesse em receber o evento olímpico sofre uma ascensão,
principalmente desde a década de 1980. No entanto, em paralelo ao aumento do número de
cidades interessadas, também cresce o tamanho do evento, e a quantidade de exigências feitas
para garantir a qualidade da execução dos Jogos.
Breve histórial dos grandes eventos
Em termos históricos, os grandes eventos são frequentes os relatos da utilização de expressões
físicas – seja em forma de edifícios, de espaços públicos, da construção de novos trechos
urbanos, de grandes intervenções ou reconstruções de áreas urbanas – como tentativa de doptar
perpetuar uma ocasião, data ou acontecimento na memória pública.
Desde a história clássica, relatos de ocasiões especiais como no período clássico, as Olimpíadas e
as celebrações dionísicas, ou as saturnais e os circos romanos; na era medieval, as peregrinações
religiosas; ou ainda os Carnavais renascentistas. Assim sendo, a Revolução Industrial agregou
mudanças à utilização dos Mega Eventos. Foi a época das Exposições Mundiais ou Universais.
Parte da vanguarda que se desejava demonstrar estava na perícia em construir edifícios antes
impossíveis, envoltos em grandes e novos parques públicos. Assim nasceram o grande Palácio de
2. Cristal e o Hide Park, em Londres, a Torre Eifell, em Paris, o Parque da Cidadela, em Barcelona,
o Parque das Nações, em Lisboa, etc.
Após a segunda guerra mundial, às Exposições Mundiais somou-se a tendência de utilizá-las
como parte de um programa mais amplo de transformações urbanas a longo prazo, “com
operações de reestruturação de todo um bairro que muda de aplicação ou a uma operação de
desenvolvimento de uma zona ainda não ordenada” (Galopin, M. 1997).
Parque edificado
Os Jogos Olímpicos impõem exigências extensas em relação à existência de instalações para os
diferentes usos relacionados com os diferentes eventos englobados por seu programa. A
necessidade de múltiplos espaços é directamente proporcional ao crescimento do número de
eventos relacionados com os Jogos Olímpicos, ou seja, como o gigantismo é uma das suas
maiores características actualmente, é extensa a lista de instalações necessárias para o seu
perfeito funcionamento. Consequentemente, se é grande a exigência de instalações, extensa a
necessidade de espaço para executá- las. Isto confere ao evento olímpico a característica de ter
extenso poder transformador dentro do espaço urbano. “Os grandes acontecimentos desportivos
são, em geral, grandes consumidores de espaço: pode-se estimar por exemplo que, para uma
edição dos Jogos Olímpicos, precisa-se, no total, de cerca de 500 Ha de solo urbano” (Millet
Serra, 2000). As intervenções olímpicas podem modificar radicalmente amplas áreas do tecido
urbano, e têm a oportunidade de transformar a relação dos cidadãos com a cidade. As instalações
olímpicas têm em comum a complexidade de funções exigidas, a permeabilidade selectiva para
cada categoria de usuário, as grandes áreas exigidas para suas implantações, e também o grande
impacto urbano que elas ocasionam, não só nas áreas próximas, mas geralmente na cidade
inteira.
Com a notícia de que o Brasil sediaria a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de
2016, houve um grande aquecimento no mercado da construção civil, já que o País necessita
modernizar sua infraestrutura urbana e territorial. Aeroportos, estradas, obras de arte como pontes e
viadutos, melhorias urbanas, conjuntos residenciais e de hotelaria, enfi m, várias regiões do Brasil se
transformaram em verdadeiroscanteiros de obra. As reformas e construções de estádios de futebol e
de outros equipamentos esportivos compõem esse contexto favorável à Engenharia Civil.
3. Finalmente,existemcritériostécnicosque podem ser atendidos a partir de aplica- ções da Engenharia
muito simples e pouco agressivas, tais como: distância das placas de publicidade e campo de jogo,
altura das placas de publicidade, altura das grades perimetrais ao campo, armários e bancos
adequados nos vestiários, tipo de sinalização de saída do estádio, tipo de iluminação baliza6 do
estádio,e a numeração clara de filase assentos. O campo de jogo, adaptado para o Futebol,mede 105
m x 68 m. Porém, no Pacaembu, a dimensão máxima para o campo de jogo poderia chegar a 108 m x
77 m, sendo essas dimensões limitadas por interferências arquitetônicas presentes, tais como o
posicionamento dos espaços de área técnica e banco de reservas utilizados no Futebol, a pista de
atletismo e placas de publicidade.
Referencias Bibliograficas
FERNANDES, Sávio Almeida. Os Jogos Olímpicos como Instrumento de Planeamento Urbano, Porto,
Novembro de 2006.
OVERA,André Ferreirae FERRÃO, André Munhoz de Argollo. Aspectos de Engenharia para a adaptação
do Estádio Municipal do Pacaembu à prática do Rúgbi, INTERAÇÕES, Campo Grande, v. 15, n. 1, p. 101-
107, jan./jun. 2014.