O romance narra a história de dois irmãos gêmeos, Pedro e Paulo, que desde crianças são rivais pelo amor de uma mulher, Flora. Apesar dos esforços da mãe para unir os irmãos, eles se afastam politicamente com a proclamação da República Brasileira, tornando-se inimigos declarados apesar de terem sido eleitos deputados. A rivalidade entre os irmãos mostra como as disputas políticas podem dividir laços familiares.
2. Penúltimo romance de Machado de Assis.
CXXI capítulos.
Narrador da história: A apresentação da advertência no início do
livro, explicando que o texto foi encontrado no meio de cadernos
manuscritos, torna o Conselheiro Aires, que é personagem, num
autor suposto. Mas Aires não é o narrador: quem narra é o
narrador onisciente. A voz machadiana, que conversa com o
leitor, se sobrepõe à do Conselheiro. O esquema narrativo é
complexo, pois há um narrador em terceira pessoa que também
dialoga em primeira pessoa com o leitor.
Período histórico
Publicado em 1904, o livro foi escrito em uma época de
transição na política brasileira, o país deixa de ser uma
monarquia para ser uma república.
3. CITAÇÕES DE CLÁSSICOS:
“Camões afirmou que de certo pai só se
podia esperar tal filho, e a ciência confirma
esta regra poética.” (Capítulo XXIV)
4. A INTERTEXTUALIDADE
“ Pessoas do tempo, querendo exagerar a
riqueza, dizem que o dinheiro brotava do
chão, mas não é verdade. Quando muito,
caía do céu. Cândido e Cacambo...
Ai, pobre Cacambo nosso! Sabes que é o
nome daquele índio que Basílio da Gama
cantou no Uruguai. Voltaire pegou dele para
o meter no seu livro, e a ironia do filósofo
venceu a doçura do poeta. Pobre José
Basílio!” (Capítulo LXXIII)
5. DIGRESSÕES FILOSÓFICAS
[...] “aprenda as verdades eternas”.
— Verdades eternas pedem horas eternas,
ponderou este (Conselheiro Aires),
consultando o relógio.
(Capítulo XIV)
6. CONVERSAS COM O LEITOR
“O que a senhora deseja, amiga minha, é
chegar já ao capítulo do amor ou dos amores,
que é o seu interesse particular nos livros.”
(Capítulo XXVII)
7. Humor e ironia:
“Quando a sorte ri, toda a natureza ri
também, e o coração ri como tudo o mais.Tal
foi a explicação que, por outras palavras
menos especulativas, deu o irmão das almas
aos dois mil-réis.” (Capítulo III)
8.
9. “Esaú e Jacó, filhos de Isaac e Rebeca nascem a
pedido do pai que clama a Deus a dádiva dos
filhos, já que a esposa era estéril. Ainda na barriga,
as duas crianças brigam e Rebeca tem a revelação,
pela boca de Javé, de que eles representam a briga
entre duas nações que se separam em suas
entranhas. Um povo vencerá o outro, e o mais
velho servirá ao mais novo. Esaú se tornou um
caçador e Jacó preferia a tranquilidade, vivendo sob
tendas. Isaac se identificava com Esaú; Rebeca
preferia Jacó. Jacó ambicionava ser o primogênito,
direito que dava a Esaú, como o primeiro a sair da
barriga da mãe, ter a autoridade patriarcal sobre os
irmãos. Esaú, voltando do campo esgotado de
fome, só recebe a comida de Jacó quando lhe
concede o direito à primogenitura.”
O título vem com o significado de um texto bíblico em que narra a
história de gêmeos que eram muito diferentes. Esaú foi o primeiro a
nascer, portanto, a primogenitura já era destinada a ele. Já quando
maior, era caçador, robusto e com feições muito másculas, diferente
de Jacó que por sua vez, não tinha o mesmo tamanho do irmão e
tinha preferência por ficar junto da mãe cozinhando.
O pai preferia mais a Esaú e a mãe, tinha mais carinho por Jacó.
Um dia Esaú voltado faminto de uma caçada e viu o irmão
cozinhando lentilhas e acaba pedindo ao irmão uma porção de sua
comida.
Jacó, que sempre almejou a primogenitura do irmão e aproveitou
para propor uma troca. Jacó só daria o prato de comida se o irmão
passasse a primogenitura a ele.
10. Esaú que nunca tinha se importado muito com seu título de
sucessor do pai, logo fez a troca, passando a primogenitura
ao irmão.
Após a troca feita, o pai dos gêmeos veio a adoecer, e na
hora da benção simbólica para a transferência de bens
Jacó aparece com uma pele de animal encobrindo seu
braço para se passar por Esaú.
11. PERSONAGENS
Pedro: Jovem monarquista. Formado em medicina, apaixona-se pela
jovem Flora e a disputa com seu irmão. É amigo do Conselheiro Aires,
por quem tem grande estima. Torna-se deputado republicano
conservador e, no fim da narrativa, rompe laços com seu irmão.
Paulo: Irmão gêmeo de Pedro, republicano, formado em direito. Como
o irmão, apaixona-se por Flora e a disputa com ele. Sofre com a morte
da amada. É amigo do conselheiro Aires. Elege-se deputado reformista
ao final da narrativa, rompendo definitivamente laços com Pedro.
Natividade: Mãe de Pedro e de Paulo, Natividade é uma mulher forte e
condescendente. Viveu para os filhos, os amigos e a família. Tentou,
em vão, estabelecer a paz entre os gêmeos, sonhando toda a vida com
a “grandiosidade” anunciada pela cabocla.
Santos: Pai de Pedro e Paulo, marido de Natividade. Homem de
origem humilde, que fez fortuna com usura e tornou-se banqueiro. De
fé duvidosa, converte-se ao espiritismo.
12. Flora: Jovem misteriosa, firme e ingênua a um só tempo. Apaixona-se
pelos gêmeos Pedro e Paulo. Indecisa, acaba ficando perturbada
mentalmente e morrendo. Pode ser entendida como a metonímia do
Brasil, sem esperança entre os jogos de interesse políticos.
Batista: Pai de Flora e marido de D. Cláudia. É um oportunista, sem
opinião firme e influenciável facilmente. Considera-se conservador, mas
quando se dá a queda destes, alia-se aos liberais. Não consegue ter o
seu sonhado retorno à política concretizado.
D. Cláudia: Mãe de Flora e mulher de Batista. Mulher superficial,
interesseira e fútil. Está sempre buscando maneiras de reconduzir o
marido à política, para reaver a satisfação pessoal.
Conselheiro Aires: Conselheiro do império, Aires é um homem
viajado, diplomata experiente e tido em alta conta pelos amigos. É
quem auxilia Natividade na campanha de paz entre os gêmeos e ajuda
Flora a lidar com seu sofrimento. É refinado, discreto e um tanto cético.
13. Análise psicológica de personagens
Paulo e Pedro
Republicano e Monarquista
Rivais: desde o ventre materno e Flora
Unidos: amor à mãe
Pedro – cauteloso – Medicina
Paulo – arrojado – Direito
14. Pedro vem de São Pedro, que na tradição bíblica se vincula
ao conservadorismo: faz Medicina, carreira que figura como
conservadora na literatura da época, tem um retrato do
imperador francês Luís XVI e defende a monarquia.
Paulo remonta a São Paulo, faz Direito, carreira tida como
liberal no período, tem uma gravura de Robespierre e defende
a república. Mas há uma inversão importante ao final da
narrativa.
Com a proclamação da República, pressupõe-se que Pedro,
sempre a favor da monarquia, se tornaria um crítico do novo
regime, e que Paulo continuaria defendendo-o. Mas não é o
que ocorre.
Afinal, situacionista e oposicionista?
15. Santos alegrou-se com a notícia mas foi até seu
amigo espírita, Plácido
Briga = Grandeza dos meninos
Cresceram fisicamente iguais, mas muito diferentes
Brigavam por coisas banais
16. Filhos gêmeos de Natividade e Agostinho Santos
De nada valem os conselhos de Aires, nem as
previsões de discórdia de A Cabocla do Castelo.
“Grandes homens no futuro”
Fazendo o caminho de volta um mendigo pedia pelas
almas...
17. Primeira paixão: Flora
Pedro tinha “sorte”: morava no RJ
Paulo nem tanto: São Paulo
Batista recebe o cargo de presidente da província
Pedro, apaixonado...
18. Golpe foi dado no governo e o país deixou de ser
Império e tornou-se República
Quem ficou feliz?
Pedro ignorava tudo!
Batista continuou no RJ
19. Os dois fizeram um acordo
Flora PERTURBADA! Foi à casa de D. Rita, irmã de
Aires em Andaraí
Desenhava e tinha outros pretendentes
Nóbrega torna-se rico
20. Flora adoece
Todos iam visitá-la e Paulo a examinava
“É moça, virgem, e morre de doença estranha, mal de
sentimento ou coisa parecida” (Massaud Moisés)
Opiniões políticas: Pedro aceitou a República, mas Paulo
queria mais
Foram ver o túmulo de Flora
Os dois foram eleitos deputados
Natividade morreu: “sempre seriam amigos”
Primeiro ano na política: amigos fieis
21. Depois, voltara, ao ódio.
“Aires apenas afirmou que eram os mesmos”
Previsão da cabocla: Grandes homens, porém
inimigos