O documento discute os estilos literários do Realismo e Naturalismo no contexto da Revolução Industrial e do avanço científico no século XIX. Apresenta as principais características desses movimentos como a ênfase na observação da realidade, na crítica social e na representação fiel dos problemas da época. Também menciona obras literárias brasileiras que exemplificam esses estilos, como O mulato de Aluísio Azevedo e Memórias póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis.
1. Os estilos de época da Revolução Industrial
à 1ª Guerra:
Realismo/Naturalismo
Profª Juliana Liriss
2. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Utilização do aço, do petróleo e da
eletricidade
AVANÇO CIENTÍFICO
Novas descobertas no campo da Física e da
Química
CAPITALISMO
Surgimento de grandes complexos
industriais
Aumento da massa operária
urbana
População marginalizada
3. Questão Coimbrã
CIENTIFICISMO
• Aconteceu em 1865, nas cidade de Coimbrã em
Lisboa, em Portugal.
• Polêmica literária que extrapolava os temas
artísticos
• “Todavia, quem pensa e sabe hoje na Europa, não é
Portugal, não é Lisboa, cuido eu: é Paris, é Londres,
é Berlim. Não é nossa divertida Academia de
Ciências que resolve, decompõe, classifica e explica o
mundo dos fatos e das ideias.”
Antero de Quental
4. • POSITIVISMO
Augusto Comte
Cientificismo no pensamento filosófico. Conciliação entre
ordem e progresso.
• SOCIALISMO CIENTÍFICO
Karl Marx e Friederich Engels
Manifesto Comunista (1948) – o materialismo histórico e a
luta de classes
• EVOLUCIONISMO
Charles Darwin
A origem das espécies ( 1859) – a evolução das espécies pelo
processo da seleção natural, negação da origem divina.
5. • O Realismo é uma reação contra o
Romantismo: o Romantismo era a
apoteose do sentimento; - o Realismo
é a anatomia do caráter. É a crítica
do homem. É a arte que nos pinta a
nossos próprios olhos – para
condenar o que houver de mau na
nossa sociedade.
Eça de Queirós, na Conferência “O Realismo como nova
expressão da arte”
6. "Não é possível idear nada mais puro e
harmonioso do que o perfil dessa estátua
de moça.
Era alta e esbelta. Tinha um desses talhes
flexíveis e lançados, que são hastes de lírio
para o rosto gentil; porém na mesma
delicadeza do porte esculpiam-se os
contornos mais graciosos com firme
nitidez das linhas e uma deliciosa
suavidade nos relevos.
Não era alva, também não era morena.
Tinha sua tez a cor das pétalas da
magnólia, quando vão desfalecendo ao
beijo do sol. Mimosa cor de mulher, se a
aveluda a pubescência juvenil, e a luz coa
pelo fino tecido, e um sangue puro a
escumilha de róseo matiz. A dela era
assim.
Uma altivez de rainha cingia-lhe a fronte,
como diadema cintilando na cabeça de um
anjo. Havia em toda a sua pessoa um quer
que fosse de sublime e excelso que a
abstraía da terra. Contemplando-a
naquele instante de enlevo, dir-se-ia que
ela se preparava para sua celeste
ascensão.“
(José de Alencar, Diva. São Paulo: Saraiva,
1959. p. 17)
"Era muito bem feita de quadris e de
ombros. Espartilhada, como estava
naquele momento, a volta enérgica da
cintura e a suave protuberância dos
seios, produziam nos sentidos de
quem a contemplava de perto uma
deliciosa impressão artística.
Sentia-se-lhe dentro das mangas do
vestido a trêmula carnadura dos
braços; e os pulsos apareciam nus,
muito brancos, chamalotados de
veiazinhas sutis, que se prolongavam
serpeando. Tinha as mãos finas e bem
tratadas, os dedos longos e roliços, a
palma cor-de-rosa e as unhas curvas
como o bico de um papagaio.
Sem ser verdadeiramente bonita de
rosto, era muito simpática e graciosa.
Tez macia, de uma palidez fresca de
camélia; olhos escuros, um pouco
preguiçosos, bem guarnecidos e
penetrantes; nariz curto, um nadinha
arrebitado, beiços polpudos e viçosos,
à maneira de uma fruta que provoca o
apetite e dá vontade de morder.
Usava o cabelo cofiado em franjas
sobre a testa, e, quando queria ver ao
longe, tinha de costume apertar as
pálpebras e abrir ligeiramente a
boca.“
(Aluísio Azevedo, Casa de Pensão. 20ª
ed. São Paulo: Martins, s.d. p.87)
7. • Oposição ao Romantismo
• Resgate do objetivismo
• Contenção emocional (racionalismo)
• Apreciação da descrição detalhada
• Apontam falhas, propõem mudanças de
comportamentos humanos e de
instituições
• Substituem o heróis por pessoas limitadas
e comuns
• Representação fiel da realidade
• Universalismo
• Antropocentrismo
8. • Baseia-se nos PROCEDIMENTOS CIENTÍFICOS;
• OBSERVAÇÃO como ponto de partida do processo
criativo;
• O romance realista torna-se assim um DOCUMENTO
SOCIAL social;
• As obras literárias e artísticas retratam o momento
PRESENTE;
• A literatura realista autoproclama-se INSTRUMENTO
DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL E MORAL; retratar os
problemas do presente é sua missão.
• Por meio de uma atitude racional e de uma postura crítica
diante dos fatos, o artista deveria fazer um retrato FIEL,
OBJETIVO e IMPARCIAL da sociedade da época.
• Suas metas eram a busca da verdade e a dissecação
da sociedade burguesa. Assim, temas como a traição,
o adultério, a dissimulação, a falta de ética e os jogos
de interesses são recorrentes nas obras realistas.
9. Naturalismo
• Um prolongamento do Realismo
• Visão predominantemente cientificista da
existência, assumindo os preceitos do
evolucionismo, da hereditariedade biológica,
do positivismo da medicina experimental.
• As principais características desse movimento
são a radicalização dos conceitos desenvolvidos
pelos realistas, o cientificismo exagerado e sua
forte inclinação para temas de patologia social,
como taras, adultério, homossexualidade,
criminalidade etc.
10. • As personagens são também animalizadas,
tendo suas atitudes ou características físicas
comparadas às de animais.
• A estética naturalista, portanto, propõe às
obras literárias a função de representar o
homem por uma visão determinista, ou seja, o
meio, a herança genética, a fisiologia ou o
momento influenciam o caráter e as atitudes
da pessoa. Além disso, propõe uma análise
social, psicológica e física de grupos
marginalizados da sociedade,
preferencialmente, tratando de questões como
miséria, adultério, crimes, taras sexuais,
exploração no trabalho etc.
11. Realismo no Brasil - 1881
O mulato, de Aluísio Azevedo
Memórias póstumas de Brás
Cubas, de Machado de Assis
12. “Ao cabo, era um lindo garção, lindo e audaz, que entrava na
vida de botas e esporas, chicote na mão e sangue nas veias,
cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz, como o corcel das
antigas baladas, que o romantismo foi buscar ao castelo
medieval, para dar com ele nas ruas do nosso século. O pior é
que o estafaram a tal ponto, que foi preciso deitá-lo à
margem, onde o realismo o veio achar, comido de lazeira e
vermes e, por compaixão, o transportou para seus livros.”
“Era isto Vírgilia, e era clara, muito clara, faceira, ignorante,
pueril, cheia de uns ímpetos misteriosos; muita preguiça e
alguma devoção, - devoção, ou talvez medo; creio que medo”
“isto não é romance que sobredoura a realidade e fecha os
olhos às sardas e espinhas”
“Não se irrite o leitor com esta confissão. Eu bem sei que,
para titilar-lhe os nervos da fantasia, devia padecer um
grande desespero, derramar algumas lágrimas, e não
almoçar. Seria romanesco; mas não seria biográfico. A
realidade pura é que almocei, como nos demais dias...
13. Realismo
• Objetivismo
• Narrativa lenta
• Uso de adjetivos realistas
• Linguagem direta
• Universalismo
• Análise e valorização do
indivíduo
• Documental
• O homem é um ser social
• Demonstração dos defeitos e
detalhes da mulher
• Subordinação do amor aos
interesses sociais
• Heróis são mostrados como
pessoas comuns, com
defeitos, incertezas e manias
• Personagens com elaboração
psicológica trabalhada
• Crítica à falsa moral, a
excessiva religiosidade
14. Naturalismo
• Realismo exagerado
• Linguagem simples
• Harmonia e clareza na
composição
• Uso de regionalismo
• Descrição e narrativas lentas
• Demonstração de detalhes
• Impessoalidade
• Objetivismo científico
• Determinismo
• Ser humano é mostrado
como animal
(zoomorfismo)
• Sensualidade
• Engajamento social
• Análise e valorização do
coletivo
• Experimental
• O homem é um ser
natural (valorização dos
instintos)