Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Claro enigma
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5. No dia que Carlos Drummond De Andrade morreu, vítima
de infarto, a notícia nem saiu no jornal, porque as edições
eram só impressas e saíam de manhã cedo. A notícia saiu
no dia seguinte, 18/08/1987, Drummond faleceu de
tristeza, disseram que foi do coração, edema e dispneia,
mas ele desistiu de viver. Morreu 12 dias após a morte da
sua filha Julieta. Maria Julieta morreu aos 57 anos vitimada
por um câncer.
6. Geração de 1930:
Carlos Drummond de Andrade,
Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos,
Vinicius de Moraes, Érico Verissimo e
Jorge Amado
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14. O estilo literário de Carlos
Drummond de Andrade
A produção poética de
Drummond pode ser dividida
em quatro fases:
15. A fase gauche (1930-1940): - Eu
maior que o mundo - poema, humor,
piada. Período marcado pelo
isolamento, individualismo, reflexões
metapoéticas e existenciais, humor e
ironia.
Principais obras: Alguma poesia
(1930) e Brejo das Almas (1934).
16. A fase social (1940-1945): - Eu menor que o
mundo - poesia de ação. Representa as
contradições entre o ser e o mundo. Há o
abandono do individualismo e a tomada de
postura histórico-engajada. Vale lembrar que
falamos de um período de guerras e
conturbação política nacional e mundial:
Segunda Guerra Mundial, Ditadura de Getúlio
Vargas, Nazifacismo.
Principais obras: Sentimento do mundo (1940),
José (1942) e A rosa do povo (1945).
17. A fase do não (1950-1960) - Eu igual ao mundo -
poesia metafísica(Metafísica é uma palavra com
origem no grego e que significa "o que está para além
da física". É uma doutrina que busca o conhecimento
da essência das coisas).
Período marcado pelo desencanto político. O poeta se
lança numa poesia reflexiva, filosófica e metafísica.
Claro Enigma introduz essa vertente filosófica,
pessimista e reflexiva, abordando morte e vida,
infância e velhice, o amor e o tempo.
Principais obras: Claro Enigma (1951), Fazendeiro do
ar (1955), Vida passada a limpo (1959) e Lição de
coisas (1962).
18. A fase da memória (1970-1980):
compreende o período de lembranças
da infância na cidade natal
Itabira, além de reflexões universais
sobre o tempo e a memória.
Principal obra: a série Boitempo
(1973).
Carlos Drummond de Andrade acabou com a estrutura
tradicional da linguagem literária quando inventou uma
palavra composta para dar nome aos seus poemas
memorialísticos: Boitempo.
19. Claro Enigma (1951)
O título do livro é constantemente
marcado pela presença do conflito
eu X mundo.
As contradições permeiam a obra: o eu
poético ora aparece recluso, fechado em
si mesmo, ora se desnuda, aparece com
ares mundanos.
20. O fusionismo, característica barroca,
se mostra desde o título: a tentativa
de união entre claro e escuro,
o encontro e o desencontro, a
aceitação e a negação.
Enigma: o incompreensível, de difícil
explicação, o mistério;
X
Claro: que se revela.
21. Estamos, assim, diante de um eu lírico de
sentimentos indecifráveis, obscuros.
Claro: ausência de mistério, clareza. Ou
seja, a negação do enigma.
Desse modo, tem-se um eu que procura
solucionar os mistérios do mundo, resolvê-
los, pois entende assim a função do poeta.
22. No entanto, após a leitura da obra,
percebe-se que o enigma permanece sem
resolução.
Em A Máquina do Mundo, pertencente à
última parte do livro, o poeta recusa as
respostas propostas, levando consigo as
respostas ausentes.
23. A epígrafe: LÉS ÉVÉNEMENTS
M’ENNUIENT “Os acontecimentos me
entediam”: a frase, tomada de empréstimo a
Paul Valéry, poeta simbolista, encontra-se
como epígrafe do livro de poemas
Claro enigma, de Carlos Drummond de
Andrade, publicado em 1951.
Já aqui a postura desencantada de um eu
lírico que precisa enfrentar a vida sem
falseamentos, sem ilusões.
24. O sujeito quer escancarar para si e
para o mundo tudo o que a vida
traz, buscando a essência das coisas.
“Os acontecimentos me entediam”:
é a resposta do sujeito cansado do
aparente, do meramente visível. É a
tentativa drummondiana de romper
com a poesia engajada.
25. Ao usar tal frase, o poeta confessa
seu asco perante a história, já que essa é
feita de acontecimentos.
Porém, pode-se questionar se esse
desgosto frente a vida é contra a
História ou a própria história do poeta
mineiro. Se é um desabafo para penetrar
no mais íntimo do seu ser, para se
proteger do caos mundano ou para
encontrar uma esperança para a vida.
26. O leitor atento tem que perceber, no entanto,
que Claro enigma também abriga uma série de
poemas que parece desmentir a epígrafe
tomada de Valéry. Trata-se, no caso, daquela
série reunida numa seção nomeada “Selo de
Minas”, que, com os versos de “Morte das casas
de Ouro Preto”, “Museu da Inconfidência” ou
“Os bens e o sangue”, registraram, a partir de
diversos acontecimentos, algo muito específico:
a percepção de feitos que, na história de Minas,
antes de entediarem, terminaram provocando o
espanto diante da frágil identidade entre o
presente e o passado.
27. Recursos literários e de linguagem:
● Formas clássicas: Uso do soneto; tercetos
e versos dísticos; Intertextualidade com
poetas clássicos e mitos greco-romanos;
Influência da poesia classicista e simbolista.
● Recursos modernistas: Uso do verso livre;
Períodos longos e prosaicos; Metapoesia;
metalinguagem; Influência do Surrealismo
(universo onírico, imaginativo).
28. Análise das partes:
O livro está organizado em
seis partes, nas quais vê-se
reflexões sobre o “estar no
mundo”. São ao todo 42
poemas.
29. Claro Enigma, livro que faz parte da
lista de leitura obrigatória da Fuvest
2017, foge um pouco do formato
convencional e apresenta ao
candidato uma coletânea de poemas
escritos por Carlos Drummond de
Andrade.
30. Esses poemas são divididos em 6
seções:
Entre Lobo e Cão – com 18 poemas
Notícias Amorosas – com 7 poemas
O Menino e os Homens – com 4 poemas
Selo de Minas – com 4 poemas
Lábios Cerrados – com 6 poemas
Máquina do Mundo – com 2 poemas
31. Se o vestibulando estava
acostumado a analisar o texto em
busca de respostas sobre a
estrutura narrativa, agora ele vai
ter que se atentar a outros
elementos.
A linguagem da obra é mais
rebuscada, por exemplo.
32. É muito importante destacar que nessa
obra Drummond deixa suas influências
modernistas e adota o formato clássico –
parte de seus poemas são sonetos.
O autor já não possui mais aquele perfil
contestador de quem procura uma
solução para os problemas. Agora, ele
assume o papel reflexivo, simplesmente
apresentando as questões, sem
esperança.
34. Entre Lobo e Cão
Na seção com o maior número de poemas (18), os
alunos vão encontrar textos que expõem o
extremismo e a binariedade(opostos) – O que seria
isso?
De um lado Drummond apresenta o lobo, um
animal selvagem e predador. Do outro, ele
apresenta o cão, um animal domesticado e
carinhoso. É exatamente isso que Drummond faz:
mostra os lados extremos ao retratar seus temas.
Nessa seção fica claro o pessimismo característico
de Drummond, ao contar de suas decepções.
35. Notícias Amorosas
Nessa seção, o aluno vai se deparar com
poemas que falam do amor inatingível.
Drummond constrói uma imagem
romântica do amor, mas destaca que ele
não poderá ser vivido.
Desta forma, o leitor encontra a ideia de
sofrimento e dificuldade em cima desse
sentimento.
36. O Menino e o Homem
Será nessa seção que entram os poemas
feitos com nostalgia e saudade. Ele
retrata amigos e familiares.
Porém, com sua típica visão pessimista,
ele questiona como é que as pessoas
podem aproveitar sua vida, já que o fim
de todos será a morte.
37. Selo de Minas
A seção com 4 poemas é
autobiográfica. Drummond conta
sobre sua terra natal Minas Gerais
e apresenta sua família ao leitor.
38. Lábios Cerrados
O vestibulando vai encontrar poemas
sobre pessoas que já morreram, mas
que ficarão sempre vivas e atuais na
lembrança do autor.
Drummond fala sobre a ausência de
pessoas importantes e apresenta o
tempo como uma possível solução
para seu sofrimento.
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40. A Máquina do Mundo
A última seção da coletânea discute o
futuro do homem dentre de uma
sociedade estabelecida. O poeta
apresenta uma série de soluções, mas
logo as desconsidera.
A seção ganha o nome de seu texto eleito
como o melhor poema brasileiro do
século XX, pelo jornal Folha de S. Paulo.
41. A máquina do mundo: Um dos maiores
poemas de Carlos Drummond de
Andrade é "A Máquina do Mundo". A
ideia de que o mundo era uma máquina
esteve em voga desde a Antiguidade até
a Renascença. No poema de Drummond,
a máquina do mundo abre-se para o
poeta em determinado momento,
oferecendo-lhe uma "total explicação da
vida".
42. Quando isso ocorre, ele, que por
longo tempo havia buscado
exatamente essa explicação,
enigmaticamente a desdenha. Por
quê? O poeta não só não acredita
mais na possibilidade de
tal explicação como não mais a
deseja.
43. o poema é composto por noventa
e seis versos decassílabos, divididos
em trinta e duas estrofes de três
versos, ou tercetos. É mais um
exemplo da volta ao metro clássico
na poesia de Claro enigma.
44. Os Lusíadas - trecho comentado
(CAMÕES)
"Vês aqui a grande máquina do mundo,
Etérea e elemental, que fabricada
Assim foi do Saber alto e profundo,
Que é sem princípio e meta limitada.
Quem cerca em derredor este rotundo
Globo e sua superfície tão limada,
É Deus: mas o que é Deus ninguém o entende,
Que a tanto o engenho humano não se estende."
(Canto X, estrofe 80)
45. Comentário:
Nessa estrofe, a deusa Vênus apresenta aos portugueses a máquina
do mundo, uma esfera perfeita, espécie de maquete do universo,
na qual está contido tudo o que nele existe. As mentes mortais logo
perguntam: se nessa esfera está tudo o que há, então o que está
por fora dela? A deusa responde que, em volta do globo, está Deus.
Alguém poderia perguntar: e o que está além de Deus? Mas logo
somos advertidos de que o entendimento de Deus está além da
compreensão humana; não devemos, portanto, insistir na questão.
Camões adota em seu livro a concepção de Ptolomeu, segundo a
qual a Terra ocuparia o centro do universo, sendo envolvida por
sete esferas celestes, como as camadas de uma cebola, cada uma
correspondendo a um dos sete planetas então conhecidos. O
paraíso celeste, ou empíreo, estaria localizado na sétima esfera, a
mais luminosa e próxima de Deus.