2. JUSTIFICATIVA
- INFLUÊNCIA DA LITERATURA PORTUGUESA NA LITERATURA
BRASILEIRA:
- Nossos escritores eram portugueses;
- Ou eram brasileiros, mas com formação universitária em
Portugal.
Assim, a Literatura e a Arte Brasileira , por algum tempo, é
influenciada pela Portuguesa
3.
4. Contextualização
Idade Média : período entre a queda do Império de Roma,
em cerca de 500, e o início da Renascença florentina, o
Renascimento ocorrido no fim do século XV.
A Literatura Portuguesa surge no século XII: na Idade Média,
portanto.
5. Contextualizando
A civilização medieval caracterizou-se por um
fracionamento da autoridade política e um
enfraquecimento da noção de Estado, tendo
em conta a organização e centralidade
romanas.
A economia baseava-se na agricultura,
embora o comércio e as manufaturas tenham
tido algum progresso.
Socialmente, existia uma divisão em três
grupos distintos: dois poderosos, a nobreza,
guerreira e proprietária, e o clero, dominador
mental e culturalmente, e um pobre, servil e
maioritariamente camponês, o povo.
6. Contextualização
A Igreja possuía o controle quase absoluto da
produção cultural;
Apenas 2% da população européia era
alfabetizada;
A escrita e a leitura estavam praticamente
restritas aos mosteiros e abadias;
9. TEOCENTRISMO
O poder da Igreja Católica na Idade Média
“Os príncipes têm poder na terra, os sacerdotes, sobre a
alma. E assim como a alma é muito mais valiosa do
que o corpo, assim também mais valioso é o clero do
que a monarquia [...] Nenhum rei pode reinar com
acerto a menos que sirva devotamente ao vigário de
Cristo.”
Fala do papa Inocêncio III (1198-1216) In. PERRY, Marvin. Civilização
ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 1985. p. 218
10.
11. Manifestação literária da Idade Média
Apesar da manipulação da igreja Católica, encontramos nesse
período uma significativa manifestação cultural. As características
retratadas nos textos variam de acordo com o país e a época em que
o texto foi escrito, tendo assim uma grande diferença entre textos
produzidos no início e no fim da Idade Média.
Entre as manifestações literárias destacaram-se;
o trovadorismo,
as novelas de cavalaria,
as poesias satíricas dos goliardos,
as poesias palacianas
os contos de fadas medievais.
12. Principais características da Literatura
Medieval:
Os textos e livros eram escritos principalmente por monges e integrantes do
alto clero (bispos, arcebispos, papa). Como a maioria da população não
sabia ler na Idade Média, esta literatura ficava restrita aos integrantes do
clero e membros da nobreza.
Religião foi o principal tema da Literatura na Idade Média: vida de santos,
alma humana, moral cristã, existência de Deus, passagens da Bíblia Sagrada,
interpretações religiosas de aspectos cotidianos, etc.
Influência da filosofia grega, principalmente dos filósofos Aristóteles e
Platão.
Textos escritos em latim.
Livros feitos à mão e copiados (reproduzidos) pelos monges copistas.
Usavam o pergaminho para escrever os textos.
Os livros eram ilustrados com iluminuras (desenhos feitos nas margens).
13. Principais escritores medievais:
- Boecio
- Geoffrey Chaucer
- Giovanni Boccaccio
- Santo Agostinho
- São Tomás de Aquino
- Paio Soares de Taveirós
- Dante Alighieri
16. Início: 1189 (ou 1198?)
Cantiga da Ribeirinha, Paio Soares de Taveirós
Término: 1418
Nomeação de Fernão Lopes como guarda-mor da
Torre do Tombo
17. Surgiu no século XII .
O trovadorismo foi a primeira manifestação
literária da língua portuguesa.
Com suas obras divididas em e satírica;
Os textos trovadorescos receberam o nome de cantigas por
serem acompanhados por instrumentos musicais.
Destacou-se pelas CANTIGAS LÍRICAS (de amor e amigo) e
CANTIGAS SATÍRICAS (de escárnio e de maldizer)
Os mais importantes trovadores deste período foram: Paio
Soares de Taveirós, Dom Dinis e Dom Duarte.
18. Trovadorismo
Características das cantigas
Língua: galego-português
Tradição oral e coletiva
Poesia cantada e
acompanhada por
instrumentos musicais
Autores: trovadores
Gêneros: líricas e satíricas
19. As CANTIGAS LÍRICAS foram divididas em
Cantigas de amor, que tem
o amor desmedido e a
submissão a uma mulher
como temática, eu lírico é
masculino;
Cantigas de amigo, que
retrata confidências de
uma moça sobre seu
amado, eu-lírico feminino.
20. CANTIGA DA RIBEIRINHA
No mundo nom me sei parelha,
mentre me for' como me vai,
ca ja moiro por vos - e ai
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia!
Mao dia que me levantei,
que vos enton nom vi fea! "
E, mia senhor, des aquel di' , ai!
me foi a mim muin mal,
e vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d'aver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d'alfaia
nunca de vós ouve nem ei
valia d'ua correa".
(Paio Soares de Taveirós)
No mundo ninguém se assemelha a mim
enquanto a minha vida continuar como vai
porque morro por ti e ai
minha senhora de pele alva e faces rosadas,
quereis que eu vos descreva (retrate)
quanto eu vos vi sem manto (saia : roupa íntima)
Maldito dia! me levantei / que não vos vi feia (ou
seja, viu a mais bela).
E, minha senhora, desde aquele dia, ai
tudo me foi muito mal
e vós, filha de don Pai
Moniz, e bem vos parece
de ter eu por vós guarvaia (guarvaia: roupas
luxuosas)
pois eu, minha senhora, como mimo (ou prova de
amor) de vós nunca recebi
algo, mesmo que sem valor.
CANTIGA DE AMOR
21. Eu tenho tanto pra te falar,
mas com palavras não sei dizer
como é grande o meu amor por você.
E não há nada pra comparar
para poder lhe explicar
como é grande o meu amor por você.
Nem mesmo o céu, nem as estrelas,
nem mesmo o mar e o infinito,
não é maior que o meu amor,
nem mais bonito.
Eu desespero a procurar
alguma forma de lhe falar
como é grande o meu amor por você.
Nunca se esqueça nenhum segundo
que eu tenho o amor maior do mundo,
como é grande o meu amor por você.
Como é grande o meu amor por você - Roberto
Carlos
22. Queixa – Caetano Veloso
Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não devia ter despertado
Ajoelha e não reza
{...}
Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa
Um amor assim violento
Quando torna-se mágoa
É o avesso de um sentimento
Oceano sem água
23.
24. Cantigas de Amigo
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo?
E ai Deus, se verra cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado?
E ai Deus, se verra cedo!
Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro?
E ai Deus, se verra cedo!
Se vistes meu amado,
por que ei gran coitado?
E ai Deus, se verra cedo!
Martim Codax
Ondas do mar de Vigo,
acaso vistes meu amigo? Queira
Deus que ele venha cedo! (digam
que virá cedo)
Ondas do mar agitado,
acaso vistes meu amado?
Queira Deus que ele venha cedo!
Acaso vistes meu amigo
aquele por quem suspiro?
Queira Deus que ele venha cedo!
Acaso vistes meu amado,
por quem tenho grande cuidado
(preocupado) ?
Queira Deus que ele venha cedo
26. Cantigas satíricas foram divididas em
Cantigas de maldizer, que
criticam alguém ou algo com
linguagem grosseira e expondo o
alvo da crítica;
Cantigas de escárnio, que fazem
uma crítica usando duplo sentido
e ironia, ocultando o nome da
pessoa satirizada.
27. Ai dona fea! foste-vos queixarAi dona fea! foste-vos queixar
porque vos nunca louv’ em meu trobarporque vos nunca louv’ em meu trobar
mais ora quero fazer um cantarmais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar;e vedes como vos quero loar;
dona fea, velha e sandia!dona fea, velha e sandia!
Ai dona fea! se Deus mi perdom!Ai dona fea! se Deus mi perdom!
e pois havedes tan gran coraçone pois havedes tan gran coraçon
que vos eu loe em esta razon,que vos eu loe em esta razon,
vos quero já loar toda via;vos quero já loar toda via;
e vedes queal será a loaçon:e vedes queal será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loeiDona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar fareimais ora já um bom cantar farei
em que vos loarei todavia;em que vos loarei todavia;
e direi-vos como vos loarei:e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!dona fea, velha e sandia!
João Garcia de GuilhadiJoão Garcia de Guilhadi
CANTIGAS SATÍRICAS
Cantiga de Escárnio
Cantiga de Maldizer – I
Marinha, o teu folgar
tenho eu por desacertado,
e ando maravilhado
de te não ver rebentar;
pois tapo com esta minha
boca, a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;
com as mãos tapo as orelhas,
os olhos e as sobrancelhas,
tapo-te ao primeiro sono;
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum,
com os colhões te tapo o cu.
E não rebentas, Marinha?
Afonso Eanes de Coton
28. Uma Arlinda Mulher
Mamonas Assassinas
Te encontrei toda remelenta e estronchada
Num bar entregue às bebida
Te cortei os cabelos do sovaco e as unhas do pé
te chamei de querida
Te ensinei todos os auto-reverse da vida
e o movimento de translação que faz a terra
girar
Te falei que o importante é competir
mas te mato de pancada se você não ganhar
29. Geni e o zepelin
Chico Buarque
De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
30. Cancioneiros
As cantigas antes eram apenas cantadas, quando foram
redigidas dividiram-se em três coletâneas chamadas
cancioneiros:
Cancioneiro da Vaticana,
Da Ajuda
Da Biblioteca Nacional.
31.
32. A partir do século XII começam
ser escritos textos relatando
feitos heroicos, guerras e
batalhas, Cruzadas e a vida dos
cavaleiros medievais.
Neste contexto, destaca-se o
Ciclo Literário Arturiano, que se
refere ao Rei Arthur e os
Cavaleiros da Távola Redonda.
37. A língua portuguesa
Fruto da integração linguística e cultural existente entre
Portugal e Galiza, a língua então falada na região que hoje
se conhece como Portugal era o galego-português, e que
persistiu entre os séculos XII e XIV. No século XV, as duas
línguas foram separando-se tornando-se independentes.