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GESTÃO DA PRODUÇÃO E
    OPERAÇÕES I
PROFESSOR: LUIZ ANTONIO MELO
    E-mail: luizantonio.melo@globo.com
SUMÁRIO

1.      INTRODUÇÃO À GESTÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES...........................                                                        4
1.1     Conceituação ............................................................................................................     4
1.2     Funções dos Sistemas Produtivos                  .....................................................................        5
1.3     Processo de Transformação ....................................................................................                5
        Modelo de transformação ........................................................................................              6
        Exercícios                                                                                                                    8

2.      ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO E OPERAÇÕES ................................................                                           9
2.1     Gestão Estratégica da Produção e Operações ..........................................................                         9
2.2     Objetivos de desempenho da produção.................................... ................................                      9
2.3     Conflito (TRADE-OFF) entre objetivos de desempenho                                                                            11
2.4     Competitividade ......................................................... .............................................       11
2.5     Prioridade dos Objetivos de desempenho .................................................................                      11
        Critérios qualificadores e ganhadores de pedidos ....................................................                         12
2.6     Índices de desempenho ............................................................................................            13

3.      PROJETO DA REDE DE OPERAÇÕES.................................................................                                 18
3.1     A Rede de Operações....................................................... ........................................           18
3.2     Localização de Instalações.........................................................................................           18
3.2.1   Fatores de localização ...............................................................................................        18

4.      PROJETO EM GESTÃO DA PRODUÇÃO                                                                                                 20
4.1     Projeto de produtos e serviços                                                                                                20
4.2     Tipos de processos em manufatura e serviços                                                                                   21
4.2.1   Tipos de processos em manufatura                                                                                              21
4.2.2   Tipos de processos em serviços                                                                                                22

5.      ARRANJO FÍSICO E BALANCEAMENTO DE LINHAS ....................................                                                 23
5.1     Arranjo Físico ............................................................................................................   23
        Arranjo físico por processo ou funcional ..................................................................                   23
        Arranjo físico por produto ou em linha .....................................................................                  23
        Arranjo físico de posição fixa ...................................................................................            24
        Arranjo físico celular ......................................................... .......................................      24
5.2     Balanceamento de Linhas de Produção .....................................................................                     25
        Linhas de montagem .................................................................................................          25
        Balanceamento de linhas de montagem...................................................                                        26

6.      PLANEJAMENTO DA CAPACIDADE..................................................................                                  30
6.1     Medidas da capacidade...............................................................................................          30
6.2     Capacidade de Projeto e Capacidade Efetiva.............................................................                       30
6.3     Dimensionamento da Capacidade .............................................................................                   34
6.3.1   Determinação do Número de Equipamentos ............................................................                           34
6.3.2   Determinação do Número de Funcionários em Postos de Atendimento ..................                                            34
        Exercícios                                                                                                                    35



                                     Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                                            2
7.    PROJETO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ..................................................                                            36
7.1   Projeto do Trabalho ......................................................... .........................................         36
      Elementos do projeto do trabalho .............................................................................                  36
      Objetivos do projeto do trabalho ...............................................................................                36
      Análise dos métodos de trabalho ...............................................................................                 37
      Empowerment ...........................................................................................................         37
      Fluxograma de processo ............................................................................................             38
      Diagrama homem-máquina .......................................................................................                  38
      Estudo dos movimentos ............................................................................................              38
      Ergonomia ......................................................... .......................................................     38
7.2   Medida do Trabalho ......................................................... ........................................           38
      Determinação do tempo padrão ......................................................... ......................                   39
      Exercícios ......................................................... ........................................................   40

      CASOS PARA LEITURA E ESTUDO
      1. A fábrica Tacaré ..................................................................................................          41
      2. Objetivo de produção da “Penang Mutiara”.........................................................                            43
      3 O que deu errado? .................................................................................................           45
      4 Rio Vermelho ........................................................................................................         46

                                                                                                                                      47




                                   Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                                              3
1 - INTRODUÇÃO À GESTÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES


1.1 - Conceituação:

O que é Gestão de Operações?
A Gestão de Operações é a função empresarial que planeja, coordena e controla todos os
recursos necessários para que sejam produzidos os bens e serviços de uma organização. Isso
significa gerenciar pessoas, equipamentos, tecnologia, informações e demais recursos
necessários para a produção dos bens e serviços.

Qual a diferença entre Organizações de manufatura e de serviços?

As Organizações de manufatura atuam em atividades industriais, cujo objetivo principal é a
fabricação de um bem físico, tangível, tal como uma geladeira, um automóvel, um sabonete, etc.
Como exemplo podemos citar as fábricas, montadoras, etc.

As Organizações de serviços atuam predominantemente na prestação de serviços, que
consistem em uma ação que tenha alguma utilidade para os consumidores. Como exemplo
podemos citar os hospitais, teatros, salões de beleza, colégios, etc.

Os dois tipos de organizações, apesar de parecerem muito diferentes, apresentam várias
       interseções entre si. Muitas empresas de manufatura oferecem serviços como parte
       das ofertas para a compra do seu produto como muitas empresas de serviço produzem
       produtos que são utilizados para a realização do serviço.


Tabela 1.1 Diferença entre bens e serviços
                   Bens                                                        Serviços
Tangíveis                                              Intangível
Pode ser estocado                                      Não pode ser estocado
Produção precede o consumo                             A produção e o consumo são simultâneos
Baixo nível de contato com o consumidor                Alto nível de contato com o consumidor
Pode ser transportado                                  Não pode ser transportado
A qualidade é evidente                                 É difícil julgar a qualidade




1.2 Funções dos Sistemas Produtivos

        A gestão de Operações e Produção é a principal função de qualquer empresa. Isso ocorre
seja a empresa grande ou pequena, de manufatura ou serviços, tenha ou não fins lucrativos. A
função produção é responsável em tornar viável a razão de ser da organização que é o
fornecimento e a comercialização de um bem ou de um serviço. As outras funções da empresa
existem principalmente para apoiar a função de produção e operações.
        De forma geral, essas funções podem ser agrupadas em três funções básicas: Finanças,
Produção e Marketing. O sucesso de um sistema produtivo depende da forma como essas três
funções se relacionam.

                             Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio         4
A figura 1.1 mostra as três principais funções de uma organização empresarial.


                       PRESIDENTE OU CEO (Chief executive officer)




           MARKETING                           PRODUÇÃO
                                                                                  FINANÇAS
                 Vendas                          Produção
                                                                                  Investimentos
                dos bens e                       dos bens e
                                                                                    de capitais
                 serviços                         serviços


                                  Figura 1.1 As principais funções empresariais
                                          Fonte: Adaptado de Reid (2005)


       A função produção é central para a organização porque produz os bens e serviços que são
a razão da sua existência, mas não é a única nem, necessariamente, a mais importante. Todas as
organizações possuem outras funções com suas responsabilidades específicas. Na prática,
diferentes organizações adotarão estruturas organizacionais e definirão funções também
diferentes.



          Funcionários                                                                              Dinheiro

                                Recursos                                   Contabilidade
                                Humanos                                     e finanças




                                                      FUNÇÃO                                 Marketing
 Fornecedores       Compras
                                                     PRODUÇÃO                                              Consumidores




                              Engenharia/                                  Desenvolvimento
                             Assist. técnica                               de produto/ serviço


          Tecnologia                                                                             Idéias de produto/ serviço


                   Figura 1.2 Representação da função produção dentro da organização.
                                     Fonte: Adaptado de Slack (2002)


1.3 – Processo de Transformação

   Toda organização existe para produzir alguma coisa, bens e/ ou serviços e para isso utiliza
um processo de transformação, conforme mostrado na figura a seguir.

                                Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                                    5
1.3.1 Modelo de Transformação


RECURSOS A SEREM                                      Meio Ambiente
 TRANSFORMADOS

-Materiais ( matéria
prima)
-Informações
-Consumidores
                                                                                        (OUTPUT)
                           (INPUT)                                                       Saídas de
                          Entrada de                                                    produtos e   CONSU -
                                                     PROCESSO                                        MIDORES
                           recursos.                                                      serviços
                                                        DE
   RECURSOS DE                                    TRANSFORMAÇÃO
 TRANSFORMAÇÃO
     Instalações
      Máquinas
    Equipamentos
    Mão-de-obra                                       Meio Ambiente



                         Figura 1.3 Representação de um Sistema de Produção
                                    Fonte: Adaptado de Slack(2002)

 ELEMENTOS DO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO

 1 - INPUT
      Os inputs do processo de transformação são os insumos ou recursos necessários para a
 obtenção dos produtos. Segundo Slack (2002) os Inputs podem ser classificados em recursos a
 serem transformados e recursos de transformação.

     a) Recursos a serem transformados
     São aqueles elementos que elementos que serão transformados, tratados ou convertidos, de
     alguma forma, para a obtenção dos outputs (bens e serviços). Podem ser materiais,
     informações ou consumidores.

     b) Recursos de transformação
     São aqueles utilizados para realizar a transformação dos recursos transformados em bens e
     serviços. É composto pela mão-de-obra (funcionários) e instalações (equipamentos, prédio,
     terreno, processo, etc.).


 2 - PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO
      São as operações realizadas para a obtenção dos outputs. É a execução das atividades
 produtivas da organização.

 3. OUTPUT
     É a saída do sistema. São os bens e serviços gerados pela transformação dos recursos.



                           Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                     6
Tabela 1.3 Algumas operações descritas em termos dos processos de input-transformação-output

                                                                 Processo de
      Operação              Recursos de Input                  transformação                      Outputs
                        Aeronave                        Transportar passageiros e        Passageiros e cargas
                        Pilotos e equipe de bordo       cargas pelo mundo                transportados
      Linha aérea       Equipe de terra
                        Passageiros e cargas

                        Matérias-primas                 Montagem                         Liquidificadores
       Fábrica de       Componentes                     Inspeção                         Batedeiras
    eletrodomésticos    Equipamentos                    Armazenagem                      Torradeiras
                        Instalações                     Expedição
                        Mão-de-obra

                        Cirurgiões dentistas            Exame de tratamento              Pacientes com dentes e
        Dentista        Equipamento dentário            dentário                         gengivas saudáveis
                        Enfermeiras                     Orientação preventiva
                        Pacientes

                        Funcionários                    Escrituração de contas           Contas e demonstrativos
     Contabilidade      Informações                     Orientação contábil              publicados e certificados
                        Sistema de computador

                        Instalações                Recepção
                        Equipamentos               Exame
       Hospital         Médicos, enfermeiros,      Terapia                    Pacientes curados
                        ajudantes.                 Medicação
                        Medicamentos               Cirurgia
                        Laboratórios
                               Fonte: Adaptado de Slack(2002) e Tubino (2000)




INFLUÊNCIAS NO PROCESSO DE PRODUÇÃO

O sistema de produção pode sofrer influência do ambiente interno (Marketing, Finanças,
Recursos Humanos, etc). , bem como do ambiente externo (Condições econômicas gerais,
política governamental, competição, tecnologia, etc.).


MEDIDAS QUE DISTINGUEM AS OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO
Há quatro medidas importantes que podem ser usadas para distinguir diferentes operações:

-   Volume de output;
-   Variedade de output;
-   Variação da demanda do output;
-   Grau de Visibilidade (contato com o consumidor) envolvido na produção do output;




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Exercícios:


1) Quais as principais diferenças entre a produção de bens e serviços?



2) (Prova ENADE 2009)
As operações no setor de hotelaria são intangíveis e, em geral, dependem da participação do consumidor.
PORQUE
As operações das empresas de serviços ocorrem no momento do consumo.

A respeito dessas duas afirmações, é CORRETO afirmar que:

A) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira.
B) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.
C) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa.
D) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira.
E) as duas afirmações são falsas.

3) O que é a administração da produção e operações?




4) Baseado no sistema de produção- modelo de transformação, escreva três exemplos de Inputs
(recursos a serem transformados) e três exemplos de Inputs (recursos de transformação) em uma
“fábrica de automóveis” e em um “salão de beleza”.




5) Baseado no sistema de produção- modelo de transformação, escreva três exemplos de
Processos de transformação em uma “fábrica de automóveis” e em um “salão de beleza”.




6) Baseado no sistema de produção- modelo de transformação, escreva três exemplos de output
em uma “fábrica de automóveis” e em um “salão de beleza”.




                            Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                    8
2. ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO E OPERAÇÕES

Para Corrêa (2004), a estratégia de operações preocupa-se com o desenvolvimento de longo
prazo dos processos e recursos e com a criação de competências para que a organização possa ter
níveis sustentáveis de vantagens competitivas. As decisões tomadas como parte da estratégia de
operações de uma empresa são consideradas estratégicas porque:
- têm efeito abrangente e por isso são significativas na parte da organização à qual a estratégia se
refere;
- definem a posição da organização relativamente a seu ambiente;
- aproximam a organização de seus objetivos de longo prazo.
Logo, pode-se definir a "estratégia de produção” de acordo com Slack (2002) como;
o padrão global de decisões e ações, que define o papel, os objetivos e as atividades da
produção de forma que estes apóiem e contribuam para a estratégia de negócios da
organização”.

2.1 Gestão Estratégica da Produção e Operações

A gestão estratégica de operações baseia-se na atuação da gestão de operações tendo sempre
atenção com os impactos estratégicos das decisões tomadas. Como existem vários aspectos que
possivelmente são levados em conta pelos clientes, Corrêa (2004) afirma que “não há uma
melhor forma de se gerenciar operações”.
Por isso, é necessário definir bem os objetivos a perseguir, isso porque há situações em que
gestor deve optar por renunciar a níveis de desempenho superiores em alguns critérios para
favorecer outros.

2.2 Objetivos de desempenho da produção

Segundo Slack (2002), para qualquer organização que deseja ser bem sucedida a longo prazo, a
contribuição de sua função produção é vital. São definidos então “cinco objetivos de
desempenho” básicos que podem direcionar o gerente de produção na busca de vantagens
competitivas.


I - QUALIDADE – Significa fazer certo as coisas. Seja numa empresa de bens ou de serviços é
necessário obter a satisfação do cliente atuando sem erros em todos os aspectos que poderão ser
julgados pelo cliente de acordo com a natureza do negócio (conformidade, bom atendimento,
higiene, etc.)

II - RAPIDEZ – Significa fazer as coisas com velocidade. Atender os clientes no menor tempo
possível.

III - CONFIABILIDADE – Significa cumprir os compromissos assumidos. As coisas devem
ser feitas em tempo, ou seja, uma entrega deve ser estimada dentro das condições da empresa,
comunicar ao cliente e cumprir o prazo estabelecido. Da mesma forma qualquer vantagem ou
promoção oferecida deve ser rigorosamente cumprida.

IV - FLEXIBILIDADE – Significa estar preparado para mudar o que faz. Isto é, estar em
condições de mudar ou de adaptar as atividades de produção para enfrentar circunstâncias

                           Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio             9
inesperadas (um consumidor mudando de idéia ou talvez, consumidores além do esperado
exigindo seus serviços) ou porque os consumidores exigem tratamento exclusivo, de maneira que
a variedade dos bens e serviços produzidos precisa ser ampla o suficiente para satisfazer a todos
eles.
V - CUSTO – Significa fazer as coisas o mais barato possível, isto é, produzir bens e serviços a
custo que possibilite fixar preços apropriados ao mercado e ainda permitir retorno para a
organização.

Todos esses objetivos de desempenho têm efeitos externos e internos. Os efeitos internos de alta
qualidade, rapidez, confiabilidade e flexibilidade têm, geralmente, como objetivo reduzir os
custos de produção.

Tabela 2.1. Detalhamento dos objetivos de desempenho de uma operação

   Objetivos           Subobjetivos                                            Descrição

Preço/custo         Custo de produzir           Custo de produzir o produto
                    Custo de servir             Custo de entregar e servir o cliente

 Rapidez            Acesso                      Tempo e facilidade para ganhar acesso à operação
(Velocidade)        Atendimento                 Tempo para iniciar o atendimento
                    Cotação                     Tempo para cotar preço, prazo, especificação
                    Entrega                     Tempo para entregar o produto

Confiabilidade      Pontualidade                Cumprimento de prazos acordados
                    Integridade                 Cumprimento de promessas feitas
                    Segurança                   Segurança pessoal ou de bens do cliente
                    Robustez                    Manutenção do atendimento mesmo que algo dê errado

Qualidade           Desempenho                  Características primárias do produto
                    Conformidade                Produto conforme as especificações
                    Consistência                Produto sempre conforme especificações
                    Recursos                    Características acessórias do produto
                    Durabilidade                Tempo de vida útil do produto
                    Confiabilidade              Probabilidade de falha do produto no tempo
                    Limpeza                     Asseio das instalações da operação
                    Conforto                    Conforto físico do cliente oferecido pelas instalações
                                                Características (das instalações e produtos) que afetam os
                    Estética
                                                sentidos
                    Comunicação                 Clareza, riqueza, precisão e freqüência da informação
                    Competência                 Grau de capacitação técnica da operação
                    Simpatia                    Educação e cortesia no atendimento
                    Atenção                     Atendimento atento

Flexibilidade                                   Habilidade de introduzir/modificar produtos
                    Produtos
                                                economicamente
                    Mix                         Habilidade de modificar o mix produzido economicamente
                    Entregas                    Habilidade de mudar datas de entrega economicamente
                    Volume                      Habilidade de alterar volumes agregados de produção
                    Horários                    Amplitude de horários de atendimento
                                                Amplitude de área geográfica na qual o atendimento pode
                    Área
                                                ocorrer
Fonte: Correa (2004. p.60)


                               Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                    10
2.3 Conflito (TRADE –OFF) entre os objetivos de desempenho

O termo trade-off é utilizado indicando uma opção de escolha (conflito) entre duas situações.
Algumas vezes para melhorar um dos objetivos de desempenho é necessário prejudicar um dos
outros objetivos. Em algumas situações, por exemplo, melhorar a qualidade do atendimento ao
cliente com equipamentos mais sofisticados pode gerar um aumento do custo do serviço. Nesse
caso dizemos que há um trade-off entre qualidade e custo.
A rede McDonald’s opera com um alto nível de padronização o que garante a qualidade e
consistência dos produtos/ serviços. Em compensação não é permitido ao cliente personalizar os
seus sanduíches de acordo com suas preferências, ou seja, não há flexibilidade de escolha.
Uma analogia que descreve os trade-offs em operações é a “gangorra” de Slack .

                        Objetivo de
                       Desempenho 2




      Objetivo de
     Desempenho 1

                    Figura 2.1 Representação dos trade-offs através da gangorra de Slack.
                                         Fonte: Corrêa (2004.p.67)




2.4 Competitividade

 Ser competitivo é ter condições de concorrer com um ou mais fabricantes e/ ou fornecedores de
um produto/ serviço em um determinado mercado. Essa capacidade de competir normalmente
varia ao longo do tempo e não são raros os exemplos de empresas que perdem tal capacidade e
são expulsas do mercado. Para ser competitiva, a empresa deve estabelecer uma estratégia de
ação para atuar em mercados locais, regionais e globais. Quanto maior o raio de ação, maior
deve ser a sua capacidade competitiva.
De todos os aspectos que influenciam a prioridade de uma organização dá a seus objetivos de
desempenho, os mais imediatos são os dos consumidores da organização. A produção procura
satisfazer aos clientes, desenvolvendo seus cinco objetivos de desempenho. Os fatores que
definem as exigências dos clientes são chamados fatores competitivos ou fatores críticos de
sucesso.

2.5 Prioridade de objetivos de desempenho

A importância relativa de cada dos objetivos de desempenho para uma, ou outra operação
produtiva, sofrerá várias influências diferentes. Três coisas são especialmente importantes na
determinação de quais objetivos de desempenho devem ser enfatizados:

-   As necessidades específicas dos grupos de consumidores da empresa.
-   As atividades dos concorrentes da empresa.
-   O estágio do ciclo de vida do produto no qual se encontra o produto ou serviço.
                            Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio      11
Influência dos consumidores                                       Influência dos concorrentes
             da organização                                                   da organização
      Quais são os fatores ganhadores                                     Como a operação reage a
       de pedidos, qualificadores e                                     mudanças no comportamento
       menos importante para eles?                                            dos concorrentes




                                    Importância relativa de
                                       cada objetivo de
                                      desempenho para a
                                   Operação produtiva




                                Estágio dos produtos e serviços da
                                organização em seu ciclo de vida
                                 Produtos e serviços estão no estágio
                                     de introdução, crescimento,
                                      maturidade ou declínio?


            Figura 1.6 . Aspectos que influenciam a importância dos objetivos de desempenho
                                            Fonte: Slack (1997)

CRITÉRIOS QUALIFICADORES E GANHADORES DE PEDIDOS
Critérios ganhadores de pedidos
São os que direta e significativamente contribuem para a realização de um negócio, para
conseguir um pedido. São considerados pelos consumidores como razões-chaves para comprar o
produto ou serviço. São, portanto, os aspectos mais importantes da forma como uma empresa
define sua posição competitiva. Seria o diferencial positivo da empresa em relação aos
concorrentes.
Critérios qualificadores
São aqueles aspectos da competitividade nos quais o desempenho da produção deve estar acima
de um nível determinado, para ser sequer considerado pelos clientes. São aspectos básicos que o
mercado exige para aquele tipo de negócio e que normalmente todos os concorrentes possuem,
não se tornando, portanto, fator de destaque para ganhar clientes. A sua ausência, entretanto,
desqualifica a empresa a concorrer naquele negócio.
Critérios menos importantes
Não influenciam os clientes de forma significativa, mas podem ser importantes em outras partes
das atividades de produção.




                             Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio               12
2.6 Índices de desempenho

Os índices de desempenho são indicadores calculados a partir das medições efetuadas, e podem
ser determinados de acordo com os objetivos de cada empresa em suas macro ou
microoperações. Dentre os índices de desempenho, destacamos a eficiência, eficácia, qualidade e
produtividade como os mais utilizados pelas empresas para acompanhamento do desempenho.


Eficiência
A eficiência está relacionada com os meios. Produzir com eficiência significa utilizar métodos e
procedimentos de trabalho adequados, executar corretamente as tarefas, aplicar da melhor forma
os recursos físicos e materiais da empresa. A eficiência determina se um equipamento, um
funcionário, um posto de trabalho ou mesmo a empresa está realizando adequadamente suas
atividades dentro do padrão estabelecido. Para calcular a eficiência dividimos a produção
obtida (output) pela produção que se esperava obter com os recursos disponibilizados
(input), medidos na mesma unidade.

Eficiência (%) =       Produção obtida             x 100
                   Produção que se esperava obter (capacidade de produção)

 Exercícios:

1) Uma fábrica tem capacidade para produzir 2500 unidades por dia de um produto. Qual a
eficiência da fábrica sabendo-se que a produção alcança 45.000 unidades nos 20 dias trabalhados
em média por mês?


2) O tempo padrão para a confecção de um produto é de 10 minutos por funcionário. A empresa
contratou 8 funcionários para trabalhar apenas na fabricação do referido produto. No final do
período os resultados apresentados mostraram que o setor estava produzindo uma média de 54
unidades por hora, qual a eficiência do setor ?


Eficácia
É o alcance dos objetivos da empresa. A medida da eficácia mede o quanto o resultado se
aproximou da meta programada. Produzir com eficácia significa executar as tarefas que são
importantes para atingir os melhores resultados e alcançar os objetivos propostos. A eficácia
determina se um equipamento, um funcionário, um posto de trabalho ou mesmo a empresa está
atingindo os objetivos, resultados ou metas estabelecidas. Para calcular a eficácia dividimos o
resultado obtido pela meta que havia sido programada.

Eficácia (%)   = Resultado obtido           x 100
                Meta programada

Se o resultado encontrado for a partir de 100% significa que a empresa foi eficaz. Se for menor
do que 100% significa que a empresa não foi eficaz.

Exercícios:
1) Uma fábrica produz em média 40 toneladas por mês de um produto. Foram feitas algumas
modificações no processo, visando obter um aumento de 15% na produção. Qual o índice de
eficácia em relação ao total produzido se produção média passou para 49 toneladas por mês?

                          Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio         13
2) Uma das metas mensais do Setor de Manutenção de uma empresa era inspecionar 500
transformadores. No final do mês, o relatório de atividades assinalou que foram inspecionados
400 transformadores. Qual a eficácia do Setor de Manutenção naquela atividade?

Índice de Qualidade
A medida da qualidade na produção de bens geralmente está relacionada com o atendimento às
especificações do produto. Na produção de serviços geralmente se refere ao nível de satisfação
do cliente.

Qualidade ( % ) =          Produtos aprovados (clientes satisfeitos)            x 100
                    Total de produtos trabalhados (total de clientes atendidos)

Exercícios:
1) Uma empresa atende, em média, 60 clientes por dia. Uma pesquisa revelou que apenas 48
clientes ficaram satisfeitos com os serviços. Qual o índice de qualidade da empresa?


2) Linha de montagem de uma fábrica recebe diariamente, em média, 650 unidades para serem
montadas. Após a montagem as unidades são submetidas à inspeção de qualidade onde, em
média, são reprovadas diariamente 38 unidades. a) Qual a produção diária da empresa? b) Qual o
índice de qualidade da fábrica?


Índice de Produtividade

Um dos principais objetivos de um gerente de operações é alcançar a máxima produtividade, ou
seja, a utilização mais produtiva dos recursos de uma organização. O índice de produtividade é
determinado pela relação entre o output gerado (a quantidade de bens produzidos e/ ou serviços
oferecidos) e os inputs utilizados (mão-de-obra, materiais, etc) na produção e é expresso como
a razão entre o input e o output.

Produtividade = Output        (saída gerada)
                Input         (recursos consumidos)



                                                PROCESSO
                 INPUTS
                 .M. obra                                                               OUTPUTS
                                            Transformação dos
                .Materiais
                                            Inputs em Outputs
              .Equipamentos                                                        Bens e Serviços
                   . etc.


                       Figura 2.2. Representação de um Sistema de Transformação




A produtividade, portanto, será obtida dividindo-se a quantidade ou o custo dos bens e serviços
pela quantidade ou o custo dos recursos utilizados na produção. Dessa forma, a produtividade
pode ser medida por apenas um recurso de entrada, por uma combinação de todos os recursos
utilizados.


                           Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                14
a) Produtividade em relação à mão-de-obra

O fator de entrada individual mais utilizado para medição da produtividade é a mão-de-obra
que geralmente é representada das seguintes formas:

1. Número de funcionários
A produtividade é determinada dividindo-se a quantidade ou o custo dos bens e serviços obtidos
(output) pelo número de funcionários utilizados.
Exemplo:
Uma empresa trabalhando com 50 funcionários produz 1000 unidades por dia de um
determinado produto. A produtividade diária será :

P=   Output =    1000 unidades = 20 unidades/ funcionário
      Input      50 funcionários

2. Homens.hora (Hh)
A produtividade é determinada dividindo-se a quantidade ou o custo dos bens e serviços obtidos
(output) pela quantidade de Homens.hora trabalhados.
Exemplo:
Uma empresa trabalhando com 50 funcionários, em um turno de 8 horas por dia, produz 1000
unidades diariamente. A produtividade será:


P=    Output = 1000 unidades      = 1000 unidades = 2,5 unidades/ Hh
      Input    (50 x 8) Homens.hora    400 Hh

3. Custo da mão-de-obra
A produtividade é determinada dividindo-se a quantidade ou o custo dos bens e serviços obtidos
(output) pelo custo da mão-de-obra.
Exemplo:
Uma empresa trabalhando com 50 funcionários, em um turno de 8 horas por dia, a um custo
médio de R$ 5 por cada hora/ homem, produz 1000 unidades diariamente. A produtividade
será:


P=   Output =    1000 unidades                  = 1000 unidades = 0,5 unidades/ R$
      Input       R$5 x 8 x 50                     R$ 2000



b) Produtividade Total

A produtividade total é determinada dividindo-se a quantidade ou o custo dos bens e serviços
obtidos (output) pelo custo de todos os recursos de entrada.

É a relação entre a saída gerada e a soma de todos os fatores de entrada. Assim reflete o impacto
conjunto de todos os fatores de entrada na produção da saída.

                        Output
Prod. =

                          Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio           15
Custo de todos os inputs (mão de obra, materiais, energia, etc )
Padrões de desempenho

Depois de se obter a medição do desempenho é necessário saber se aquele desempenho obtido é
bom ou ruim. Para isso é preciso comparar com um valor padrão. São normalmente utilizados
quatro tipos de padrões.

   1. Padrões históricos – comparar o desempenho atual com padrões anteriores obtidos.
   2. Padrões de desempenho meta – é a comparação com as metas estabelecidas pela empresa.
   3. Padrões de desempenho da concorrência – comparação com o desempenho obtido pelos
      concorrentes.
   4. Padrões de desempenho absolutos – são padrões limites teóricos que na maioria das vezes
      nunca serão atingidos na prática. Exemplo: “defeito zero”, “estoque zero”, etc.


Exercícios:


1) Uma empresa fabrica caixas de embalagens para produtores locais. Possui 6 empregados que
trabalham 8 horas por dia e conseguem fazer 168 unidades diariamente.
a) Qual a produtividade da empresa em Hh?
b) Se a produção aumentar para 173 unidades por dia, qual será a nova produtividade?
c) Qual o aumento percentual da produtividade?




2) Uma empresa obteve em 2002 uma produção de 802.400 unidades, trabalhando, em média,
com 50 funcionários que trabalharam 8 horas por dia durante 22 dias mensalmente.
a)Qual a produtividade total da empresa sabendo-se que o custo médio da mão de obra é de R$
5,00 por hora trabalhada e os resultados anuais apontaram um custo de R$ 750.000,00 na
aquisição dos materiais para produção e R$ 150.000,00 de energia e outros custos indiretos?
b) Se a produtividade em 2001 havia sido de 0,50 unidades/ R$, qual foi a variação percentual
da produtividade?




                         Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio        16
4) O relatório diagnóstico de uma empresa apresentou os seguintes dados no último mês:
   Unidades aprovadas e comercializadas: 23.000
   Unidades rejeitadas: 4.000
   Nº de funcionários: 40
   Turno de trabalho: 8 horas
   Dias trabalhados por mês: 22 dias
   Custo do Hh: R$ 8,00
   Custo dos materiais: R$108.000,00
   Sabendo-se que a empresa estabeleceu como objetivo a produção mínima de 1.000 unidades
   por dia e cada funcionário é capaz de produzir 30 peças por dia, determinar:


   a) Índice de qualidade
   b) Eficiência
   c) Eficácia
   d) Produtividade parcial de mão de obra em Unidades/Hh e Unidades/R$
   e) Produtividade total
   f) Variação da produtividade sabendo que no mês anterior ela foi de 0,12 unidades/ R$ .




5) A empresa “VESTE BEM” fabrica, entre outros, vários modelos de calças, bermudas e
camisas masculinas. A produção da fábrica possui três departamentos: Deptº de Corte, Deptº de
Costura e Deptº de Acabamento, onde os produtos são confeccionados seguindo uma
programação estabelecida pelo PCP. A área comercial realiza a previsão de vendas baseando-se
na demanda do mercado que varia com as estações do ano.
  O controle de qualidade é bastante rígido, tendo no último ano rejeitado 5300 peças das
132.200 peças que entraram na linha de produção. Nesse mesmo ano, a “VESTE BEM” tinha
traçado como objetivo a produção mensal de 10.800 unidades, mesmo tendo capacidade para
produzir 11.483 unidades durante as 176 horas mensais de trabalho na fábrica (jornada de 8h/ dia
em 22 dias).
A área de Recursos Humanos contribuiu para os resultados alcançados realizando treinamentos
operacionais para os 45 funcionários do Deptº de Corte, 70 do Deptº de Costura e 35 do Deptº
de Acabamento e também negociou com o sindicato da categoria um salário médio R$ 5,00 / Hh
para os funcionários. A empresa está estudando uma forma de diminuir o custo dos materiais
comprados, que representaram um total de R$ 792.000,00 no último ano.
Determinar os Índices de Qualidade, Eficiência, Eficácia, Produtividade de mão-de-obra
(unidades/ Hh) e a Produtividade Total.




                            Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio       17
3. PROJETO DA REDE DE OPERAÇÕES

3.1 A rede de operações
Nenhuma operação produtiva ou parte dela existe isoladamente. Todas as operações fazem parte
de uma rede maior, interconectadas com outras operações. Esta rede inclui fornecedores e
clientes. Também inclui fornecedores dos fornecedores e clientes dos clientes e assim por diante.
     Começamos nosso tratamento do projeto de processos de transformação definindo a
operação produtiva no contexto de todas as outras operações com as quais interage, algumas das
quais são seus fornecedores e outras seus clientes. Materiais, peças, conjuntos montados,
informações, idéias e às vezes pessoas, tudo flui através da rede de relações cliente-fornecedor
formada por essas operações. No lado do fornecimento uma operação tem seus fornecedores de
peças ou informações ou serviços. Estes fornecedores têm seus próprios fornecedores, que, por
sua vez, também têm fornecedores etc. No lado da demanda a operação tem clientes. Estes
clientes podem não ser os clientes finais dos produtos ou serviços da operação; podem ter seu
próprio conjunto de clientes.
     A Figura abaixo ilustra uma dessas redes. No lado do fornecimento, há um grupo de
operações que fornecem diretamente para a operação; estas em geral são chamadas fornecedores
de "primeira camada". São supridos por fornecedores da "segunda camada". Algumas
operações, que são principalmente fornecedores de segunda camada em um setor, podem,
entretanto, suprir .a operação diretamente, contornando um elo da rede. Analogamente, no lado
da demanda da rede os clientes da "primeira camada" são o principal grupo de clientes da
operação produtiva. Estes, por sua vez, suprem clientes de "segunda camada", embora
novamente a operação possa às vezes fornecer diretamente para clientes da segunda camada. Os
fornecedores e clientes que têm contato direto com uma operação são denominados de rede
imediata de fornecimento, enquanto todas as operações que formam a rede de fornecedores de
fornecedores e clientes de clientes etc., são chamados de rede total de suprimentos.



FORNECEDORES                                                CLIENTES
segunda primeira                                       primeira      segunda
camada  camada                                         camada        camada


                          OPERAÇÃO


3.2 Localização de Instalações
A finalidade do estudo de localização é determinar o local onde será a base de operações e onde
serão fabricados os produtos ou prestados os serviços. O estudo da localização volta-se para a
escolha do melhor local para instalar empresas e é medido pelo menor custo total de fabricação
e comercialização, bem como os aspectos qualitativos que possam comprometer o desempenho e
influenciar os custos. Analisa tanto aquelas instaladas e que procuram mudar de local, como
empresas em formação, cuja localização ainda não foi definida.

3.2.1 Fatores de Localização
A indústria, à proporção que se desenvolve economicamente, traz consigo um crescimento físico
nem sempre realizado de forma ordenada. Com o decorrer dos anos, chega a um tal estado
interno de congestionamento que seu espaço toma-se pequeno em relação ao volume produzido.

                          Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio          18
Algumas empresas até tentam ampliar a área ocupada, mas ficam limitadas por estarem
situadas em zonas residenciais, sempre um motivo de pressão; ou mesmo por preço elevado de
regiões consideradas valorizadas e que exigem grande investimento. Quando atingem situações
como essas, permanecer onde estão significa possibilidade elevada de estagnação operacional,
quando então é chegado o momento de pensar em outra região para reinstalar a indústria.
       O estudo da localização volta-se para a escolha do melhor local para instalar empresas e é
medido pelo menor custo total de fabricação e comercialização. Analisa tanto aquelas instaladas
e que procuram mudar de local, como empresas em formação, cuja localização ainda não foi
definida. É uma abordagem técnica, fundamentada numa ótica econômica, como tudo o mais na
administração da produção. Por isso, deve ficar sob responsabilidade de pessoas habilitadas,
conhecedoras do processo industrial, da sistemática de mercado, dos suprimentos e demais
aspectos relacionados às nuanças empresariais. Os distritos industriais exercem atrativos
especiais por serem dotados de infraestrutura necessária à instalação de indústrias. Mas só isso
não é suficiente. Regiões que antes foram consideradas ideais para localização podem não ter as
mesmas características ideais hoje. Os fatores que antes influenciaram podem mudar de
comportamento ao longo do tempo. Por isso, os custos a longo prazo devem ser considerados.
Vários são os fatores que influem na melhor localização industrial. A seguir um breve
comentário sobre os mais importantes:

Incentivos;
Matéria-prima;
Mão-de-obra;
Mercado;
Transporte;
Energia;
Água;
Outros ( concorrência, bancos, segurança, regulamentos ambientais, etc.)



A localização ideal é aquela que oferece menor despesa depois de computados todos os valores
envolvidos.




                          Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio           19
4. PROJETO EM GESTÃO DA PRODUÇÃO

A idéia que normalmente temos de um projetista é de alguém preocupado com o design de um
produto. Na realidade a atividade de projeto vai além deste aspecto. Todos os gerentes de
produção são projetistas. Muitas de suas decisões do dia-a-dia formam o projeto dos processos
que gerenciam e isso influencia os produtos e serviços que produzem.

O que é projeto?
Não existe nenhuma definição de "projeto" reconhecida universalmente; diferentes especialistas
usam às vezes definições bastante diferentes.
Os pontos importantes que podem ser extraídos destas descrições de projeto são os seguintes:

· O objetivo da atividade de projeto é satisfazer as necessidades dos consumidores.

· A atividade de projeto aplica-se tanto a produtos (ou serviços) como a sistemas (que chamamos
processos).

· A atividade de projeto é em si mesma um processo de transformação.

· O projeto começa com um conceito e termina na tradução desse conceito em uma especificação
de algo que pode ser produzido.

4.1 Projeto de Produtos e Serviços

O produto ou serviço

      Um produto ou serviço é qualquer coisa que possa ser oferecida aos consumidores para
satisfazer suas necessidades e expectativas. Pode-se considerar que todos os produtos e serviços
têm três aspectos principais:

1 - Um Conceito - que é o conjunto de benefícios esperados que o consumidor está comprando;

2 - Um Pacote de produtos e serviços "componentes" que proporcionam os benefícios definidos
no conceito;

3 - O processo - pelo qual a operação produz o pacote de produtos e serviços "componentes".


O processo

     O "processo" é a parte da operação que gera bens e serviços, reúne-os em um pacote e os
fornece ao cliente para satisfazer o conceito. O fornecimento da maior parte de bens e serviços
exige muitos tipos diferentes de processo. Por exemplo, a máquina de lavar inclui três tipos
principais de processos:

· manufatura e montagem de componentes;
· venda da máquina no varejo;
· apoio e manutenção pós-venda.


                          Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio          20
Cada processo pode ser dividido em diversos subprocessos. A manufatura e a montagem de
 componentes, por exemplo, incluirão subprocessos como estampagem, instalação elétrica e
 controle de estoques.

 O restaurante também terá diversos processos:

 · produção das refeições;
 · controle e serviço de bebidas;
 · atividades de linha de frente.

        Novamente, cada um desses processos deve ser dividido em diversos subprocessos. O
 processo de linha de frente, por exemplo, inclui "recepcionar”: “acomodar”, “servir” e
 “cobrar” o cliente.

 4.2. Tipos de processos de produção em manufatura e serviços.

 Normalmente são utilizados termos diferentes para identificar tipos de processos de produção
 nos setores de manufatura e serviços, de acordo com o volume e variedade das operações.
 Apresentamos abaixo os principais termos utilizados.

 4.2.1 Processos em manufatura

 a) Processos de produção contínua;

 b) Processos de produção em massa;

 c) Processos de produção em lotes ou bateladas;

 d) Processos de produção de projeto;

 e) Processos de Jobbing

 a) Processos de produção contínua

 Apresentam uma seqüência linear para se fazer o produto ou serviço; os produtos são bastante
 padronizados e fluem de um posto de trabalho a outro numa seqüência prevista. Caracteriza-se
 pelo alto volume e quase nenhuma variedade de produtos. Também chamados de "produção em
 linha". Ex: Indústria química, aço, papel, cimento.




                                    Posto               Posto                Posto       Posto
                 Posto                                                                           Produto
Mat. prima                            2                   3                    4           5
                   1                                                                             acabado




 b) Processos de produção em massa



                            Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                21
Apresenta as mesmas características do processo de produção contínua, com a diferença de que
     esse modelo, mesmo apresentando uma baixa variedade de produtos, essa variedade, é um pouco
     maior do que a contínua. Ex: Automóveis, fogão, geladeiras.

     c) Processos de produção em lotes ou bateladas
     Também conhecida como "produção intermitente". Nesse processo, a produção é feita em
     lotes. Cada lote do produto vai sofrendo operações em cada seção específica da produção. Ao
     término da operação realizada no lote daquele produto, todo o lote passa para a próxima seção e
     imediatamente lotes de outros produtos tomam seu lugar nas máquinas que ficaram vazias, e
     assim sucessivamente até sair o lote acabado de cada produto.
     Nesse tipo de produção o mesmo produto só voltará a ser feito depois de algum tempo,
     caracterizando-se assim uma produção intermitente de cada um dos produtos. Quando os clientes
     apresentam seus próprios projetos do produto, temos a chamada produção itermitente por
     encomenda. Ex: Móveis, peças, vestuário, ferramentas

     Exemplo numa fábrica de roupas:

Lote de
calças                                                   Lote de
                                                          saias


                                                                                    Seção de Costura
                Seção de Corte


                                                                                                 Lote de
                                                                                                 blusas



                                               Produto
                                               acabado

                                               Lote de                           Seção de Acabamento
                                              bermudas




     d) Processos de produção de projeto
     Cada projeto é um produto único, não havendo, a rigor, um fluxo do produto. Tem-se uma
     seqüência de tarefas , ao longo do tempo, geralmente de longa duração, com pouca ou nenhuma
     repetitividade.
     É o caso dos grandes projetos, como a construção de um navio, construção civil, etc.



     e) Processos de jobbing
     São processos com as características da produção de projetos, mas têm uma dimensão menor e
     um tempo mais curto de execução, sendo realizados junto com outros tantos produtos.
     Ex: alguns técnicos especializados que trabalham por encomenda, como um marceneiro, alfaiate,
     etc.




                              Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                   22
Tabela 4.1 – Principais características dos processos de produção

                  CONTÍNUA               MASSA                LOTES OU                  JOBBING         PROJETOS
                                                             BATELADAS
  VOLUME           Muito Alto               Alto                 Médio                   Baixo         Muito Baixo
 VARIEDADE       Quase nenhuma            Pequena                Grande                 Grande            Grande
   FLUXO           Ininterrupto         Ininterrupto          Intermitente              Não tem          Não tem
TECNOLOGIA          Inflexível           Inflexível             Flexível             Muito flexível    Muito flexível
MÃO-DE-OBRA           Pouco                Pouco                 Média                   Muito            Muito
                  especializada        especializada         especialização          especializada     especializada
                                                                                     (Trabalhos p/
                    Indústria         Automóveis,            Móveis, peças,           encomenda)       Navios, aviões,
  EXEMPLO         química, aço,     fogão, geladeiras.         vestuário,             Marceneiro,     construção civil.
                 papel, cimento.                              Ferramentas               alfaiate,
                                                                                    ferramenteiros

4.2.2 Processos em serviços
Em operações de serviço ainda não há um consenso sobre os termos dos tipos de processos. Os
termos usados por Slack(1997), também em função do volume e variedade, são:

a) Serviços profissionais
Apresentam baixo volume e alta variedade. São definidos como organização de alto contato,
onde os clientes despendem tempo considerável no processo de serviço. Exemplo: consultores,
advogados, arquitetos, cirurgiões, etc.

b) Serviços de massa
Apresentam alto volume e média variedade. Envolve empresas com muitas transações de
clientes, porém com tempo de contato limitado. Os funcionários, geralmente não profissionais,
cumprem procedimentos preestabelecidos pela empresa, com pouca autonomia de decisão.
Exemplo: supermercados, rede ferroviária, aeroportos, serviços de telecomunicações,
atendimento em serviços públicos, etc.

c) Lojas de serviços
Apresentam médio volume e média variedade. Posiciona-se entre os dois processos anteriores. O
serviço é proporcionado através de combinações de atividades dos escritórios da linha de frente e
da retaguarda. Exemplo: shopping centers, bancos, lojas, hotéis, etc.




                           Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                                23
5. ARRANJO FÍSICO E BALANCEAMENTO DE LINHAS DE PRODUÇÃO

 5.1. Arranjo Físico

 O Arranjo Físico se refere ao planejamento do espaço físico a ser ocupado e representa a
 disposição de máquinas e equipamentos necessários à produção dos produtos/ serviços da
 empresa.
 O Arranjo Físico é retratado através do Layout, que é um gráfico que representa a disposição
 espacial, a área ocupada a localização das máquinas e equipamentos ou as seções envolvidas.



 Arranjo Físico por produto ou em linha

 Corresponde ao sistema de produção contínua e é usado quando se requer uma seqüência linear
 de operações. As máquinas ou estações de trabalho são colocadas de acordo com a seqüência de
 produção estabelecida para um determinado produto que será produzido.


                                Posto                Posto                Posto            Posto
                Posto                                                                                       Produto
Mat. prima                        2                    3                    4                5
                  1                                                                                         acabado




 Arranjo Físico por processo ou funcional

 Corresponde ao sistema de produção intermitente. Todos os processos e os equipamentos do
 mesmo tipo são desenvolvidos na mesma área e também operações ou montagens semelhantes
 são agrupadas na mesma área. Os materiais ( ou pessoas ) movem-se de um centro a outro de
 acordo com a necessidade. As maquinas e os demais recursos são agrupados em setores de
 acordo com o processo ou função que exercem.




                                                                                                   y

                                                                                        Seção de Costura
                   Seção de Corte




                                                     Produto
                                                     acabado


                                                                                      Seção de Acabamento
                         Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                              24
Arranjo Físico de posição fixa (ou posicional)

  É utilizado geralmente em sistemas de produção para grandes projetos ou serviços em que o
produto não pode ser movimentado. O produto ou os insumos a serem transformados ficam
estacionários, enquanto os recursos transformadores se movimentam em torno deles de acordo
com a necessidade.

                                                        MAQ.
                                                         A


                      MAQ
                                                                                      MAQ
                        .
                                                    PRODUTO                            B
                       C



                                                      MAQ.
                                                       D



Arranjo Físico celular

É uma forma de organizar a complexidade de fluxo que caracteriza o Arranjo Físico por
processo. São formados pequenos grupamentos para processar algumas peças ou famílias de
peças selecionadas. O material se desloca dentro da célula buscando os processos necessários


                             MP                            PA




                          Célula de produção da peça y




                         Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio         25
5.2 Balanceamento de linhas de produção

5.2.1 Linhas de Montagem
A linha de montagem é um caso especial de arranjo físico por produto. De maneira geral, o
termo “linha de montagem” refere-se a uma montagem progressiva ligada por algum tipo de
dispositivo de manuseio de materiais. Uma consideração importante que não deve ser esquecida
no projeto de linhas de montagem é o fator humano. Nos últimos anos, as linhas de montagem
que antes tinham um ritmo ditado pelas máquinas, passaram a ter um ritmo ditado pelos
operadores. Com o ritmo ditado pelos trabalhadores, o operador continua a trabalhar no produto
até que a tarefa seja concluída satisfatoriamente.

5.2.2 Balanceamento de uma linha de montagem

Uma linha de montagem consiste de uma série de estações de trabalho, cada uma com um
intervalo de tempo uniforme chamado de tempo de ciclo (que é também o intervalo de tempo
entre a saída de um produto acabado e outro).


             Estação de trabalho 1               Estação de trabalho 2                  Estação de trabalho 3

MP           Execução das                        Execução das                           Execução das              PA
                   tarefas                             tarefas                                tarefas
                   A, B, D                               C, F                                E, G, H, I
             Tempo das operações =               Tempo das operações =                  Tempo das operações =
Entrada de matéria prima (MP)                                                           Saída do Produto acabado (PA)


Figura 4.2 Exemplo de uma linha de montagem

A linha funciona da seguinte forma:

- a estação 1 pega as “matérias primas”, efetua as suas tarefas em 5 minutos, passa o “produto em
processo” para a estação 2 e inicia um novo produto.
- a estação 2 recebe o “produto em processo” da estação 1, efetua as suas tarefas em 10 minutos, passa o
“produto em processo” para a estação 3 e pega um novo “produto em processo”.
- a estação 3 recebe o “produto em processo” da estação 2, efetua as suas tarefas em 5 minutos, entrega o
“produto acabado” para o depósito e pega um novo “produto em processo”.

Analise o funcionamento da linha acima e responda:

1) De quanto em quanto tempo sairá um “produto acabado” da linha de montagem?



2) Quantos produtos acabados serão produzidos em cada hora de trabalho?


                                Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                              26
OBS. O balanceamento de linhas consiste em delegar as tarefas às estações de trabalho de
forma que se consiga o maior equilíbrio possível com mínimo tempo ocioso dos trabalhadores.


Exemplo:
Vamos supor que o esquema de montagem de um determinado produto apresente os seguintes
dados e deseja-se uma produção de 100 unidades em 7 horas de trabalho.


                             Tarefa            Tempo de execução
                               A                  2,0 minutos
                               B                  2,2 minutos
                               C                  3,0 minutos
                               D                  4,0 minutos
                               E                  3,0 minutos



MP            A             B                 C                  D                  E     PA

             2,0           2,2                3,0              4,0                3,0

O objetivo do balanceamento é arrumar as atividades em uma linha de montagem, distribuindo
as atividades em postos(estações) de trabalho de forma a obter o melhor desempenho possível.
Para isso temos que considerar os seguintes elementos.

a) Tempo de Ciclo
É o intervalo de tempo em que cada produto acabado deve sair da linha de produção, de forma a
atender a quantidade de produção exigida em um determinado período.

TC = Tempo de trabalho disponível / Produção exigida

Tempo disponível = 7 ( 60 ) = 420 minutos
Produção exigida = 100 unidades

TC = 420 / 100 = 4,2 minutos

b) Número de estações de trabalho necessárias

Para determinar a quantidade mínima teórica ( ideal ) de estações de trabalho para atender as
condições exigidas utilizamos a seguinte fórmula:


  Nº teórico de estações = Soma dos tempos das atividades / Tempo de ciclo = ∑ T / TC

∑ T = 2,0 + 2,2 + 3,0 + 4,0 + 3,0 = 14,2 minutos
Nº teórico         Nt = 14,2 / 4,2 = 3,38 estações
N° real            Nr = 4 estações

c) Eficiência do balanceamento
                             Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio        27
Eb = nº teórico / n° real


Eb = 3,38 / 4 = 0,84 ou 84%

d) Agrupamento das tarefas em postos de trabalho

É feito heuristicamente com a ajuda do diagrama de precedências. As tarefas são distribuídas
nos postos de trabalho até que a duração do ciclo seja preenchida o máximo possível.

No exemplo :

                    Posto de trabalho                 Atividades                  Tempo de duração
                            1                           A,B                           4,2 min
                            2                             C                           3,0 min
                            3                             D                           4,0 min
                            4                             E                           3,0 min

A linha de montagem funcionará da seguinte forma :


          4,2 min                    3,0 min                       4,0 min                    3,0 min

  MP     Posto 1                   Posto 2                       Posto 3                     Posto 4    PA
              A,B                         C                            D                         E




Nota .O tempo de ciclo resultante será igual ao tempo do posto de maior duração.
No exemplo esse tempo será de 4,2 minutos .
Isso quer dizer, que a cada 4,2 minutos sairá um produto acabado da linha de montagem.



Exercícios:

1) As atividades de uma linha de montagem são mostradas a seguir, com as durações necessárias
em minutos. A linha opera por 7 horas diariamente, sendo desejada uma produção de 600
unidades por dia. Determinar:
a) Duração do ciclo.
b) Nº teórico de postos de trabalho.
c) Eficiência do balanceamento
d) Agrupamento das tarefas em postos de trabalho



                                                                    D – 0,14

  A – 0,62             B – 0,39               C – 0,27                                     F – 0,35     G – 0,28


                                                                    E – 0,56

                              Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                           28
2) A fábrica de bolos “BK” quer montar uma linha para realizar as operações de acabamento,
decoração e embalagem em um tipo de bolo fabricado especialmente para uma rede de
supermercados. O pedido do supermercado é de 5000 bolos por semana e o n° de horas
trabalhadas 40h por semana.

Esquema de montagem


                                                              B



 A         K          R               L               M                       P        G



                                                                                   C

Duração das atividades
Atividade   Tempo
          (minutos)
A         0,12
K         0,30
R         0,36
L         0,25
B         0,17
M         0,05
C         0,08
P         0,10
G         0,25




                          Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio       29
6. PLANEJAMENTO DA CAPACIDADE

Capacidade se refere à quantidade de carga que uma unidade operacional pode suportar. Essa
unidade operacional pode ser uma fábrica, um departamento, uma máquina, uma loja, um
funcionário, etc.
A capacidade de uma unidade operacional é uma peça de informação importante para efeito de
planejamento; ela permite que os gerentes quantifiquem as quantidades de produção em termos
de inputs e outputs, permitindo-lhes assim tomar decisões ou fazer planos relacionados com os
valores quantificados.
A capacidade, portanto pode ser definida como sendo “a quantidade máxima de produtos e
serviços que podem ser produzidos numa unidade produtiva, num dado intervalo de tempo”.


6.1 Medidas da Capacidade

De acordo com a natureza da atividade, a capacidade é medida pelos insumos de entrada (inputs)
ou pelo volume de produção obtido na saída do sistema (outputs). Quase todos os tipos de
operações poderiam usar uma mistura de medidas de entradas e saídas, mas na prática, a maioria
usa uma ou outra.

Tabela 6.1 Medidas de Capacidade
        Operação                 Capacidade de Inputs                                    Capacidade de Outputs

        Fábrica                 Horas de máquinas disponíveis                     Número de unidades por semana

        Hospital                        Leitos disponíveis                   Número de pacientes tratados por semana

         Teatro                       Número de assentos                     Número de clientes entretidos por semana

      Universidade                   Número de estudantes                           Estudantes graduados por ano

    Companhia aérea            Número de assentos disponíveis                    Número de passageiros por semana

Companhia de eletricidade             Tamanho do gerador                          Megawatts de eletricidade gerada

       Cervejaria            Volume dos tanques de fermentação                             Litros por semana



6.2 Capacidade de Projeto e Capacidade Efetiva

A capacidade pode ter duas definições úteis:

1- Capacidade de Projeto (capacidade de planta)
É a produção máxima que uma unidade pode ser alcançada. Nesse caso considera-se a produção
sendo realizada dentro das condições mais favoráveis sem ocorrência de nenhuma perda.

2- Capacidade Efetiva

                            Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                               30
É a produção máxima possível, descontando as perdas devido à escolha de um determinado mix
(combinação) de produtos, dificuldade de programação, manutenção das máquinas, fatores de
qualidade e assim por diante.


     Capacidade Efetiva = Capacidade de Projeto – Perdas previsíveis

Tanto a capacidade de projeto como a capacidade efetiva podem ser previamente determinadas
pelo gerente de operações, entretanto, na prática do dia a dia nem sempre os valores planejados
são alcançados. A produção real alcançada no final do período geralmente é bem menor do que
os valores planejados. Isso ocorre devido aos problemas imprevistos e não desejados como:
paralisações por falha de máquina, absenteísmo, falhas de materiais, problemas de qualidade e
outros fatores fora do planejamento.

Com essas medidas de capacidade podemos determinar dois indicadores de desempenho de um
sistema: a Eficiência e o grau de Utilização do sistema.


Eficiência = Produção real
             Capacidade efetiva


Utilização = Produção real
             Capacidade de projeto

Exercícios:
 1) A capacidade máxima de trabalho em uma oficina de manutenção de veículos é de 50
caminhões por dia. Foram feitas algumas concessões de tempo e espaço físico que restringiu a
capacidade para 40 caminhões por dia. Ao fim do primeiro mês de funcionamento constatou-se
que a média diária de manutenção havia sido de 36 caminhões por dia.

a) Qual o índice de eficiência da oficina?

b) Qual o nível de utilização da capacidade?


2) Uma empresa possui 10 máquinas que devem funcionar 8 horas por dia.
a) Qual a capacidade de projeto dessa empresa em horas de máquinas disponíveis?

b) Sabendo-se que durante o dia de trabalho cada máquina deve parar 30 minutos para
manutenção, qual será a capacidade efetiva?

c) Supondo que cada máquina pode produzir um produto a cada 5 minutos, qual a capacidade de
projeto e a capacidade efetiva em unidades por dia?

d) Se no final do período foi constatado que a produção média diária ficou em 783 unidades,
qual a eficiência e o grau de utilização da planta?

3) Uma fábrica trabalha 9 horas por dia e as 8 máquinas existentes param durante 90 minutos
para limpeza, lubrificação e troca de peças. Cada máquina tem capacidade de produzir uma
unidade do produto em 4,5minutos. No final do período constatou-se que a fábrica estava

                          Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio        31
produzindo, em média, 640 unidades por dia. Determine: a) Capacidade de projeto da fábrica. b)
Capacidade efetiva. c) Índices de eficiência e utilização da fábrica.




Gargalo da Produção

Chamamos de gargalo da produção ao setor ou elemento que limita o fluxo normal de produção.

OBS.
A capacidade de uma linha de produção é a capacidade do setor gargalo.

Exemplo:

Vamos supor que um fornecedor de combustível envia o combustível através de uma tubulação
composta de três estágios.


                                                TUBULAÇÃO

FORNECEDOR
    DE
COMBUSTÍVEL                                                                                       CONSUMIDOR
                                                   Capacidade
                     Capacidade                 3000 litros/ hora               Capacidade
                  10000 litros/ hora                                         10000 litros/ hora


Percebemos no exemplo acima que mesmo a maior parte da tubulação tendo capacidade de
conduzir 10.000 litros por hora a tubulação do meio limitará a entrega ao consumidor em 3.000
litros por hora. Esse setor da tubulação é o setor gargalo.
Portanto, para esse exemplo, a capacidade total de fornecimento é de 3.000 litros por hora.


Exercícios:

1)Vamos supor que o esquema abaixo representa a produção de um determinado produto, onde
as operações são realizadas seqüencialmente nos três setores até se transformar no produto
acabado. a) Qual o gargalo da linha? b) Quantos produtos acabados a linha produzirá por dia?




                                                                                                    Produto
                     Setor A                        Setor B                        Setor C
                                                                                                    Acabado


Capacidade de cada Setor:
Setor A = 1000 unidades/ dia
Setor B = 700 unidades/ dia
Setor C = 900 unidades/ dia



                          Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                          32
2) Vamos supor agora que na linha de produção abaixo o Setor A possui 3 máquinas e cada uma
  pode fazer 100 peças por hora. O setor B possui 5 máquinas e cada uma pode fazer 50 peças por
  hora. O Setor C possui 4 máquinas e cada uma pode fazer 60 peças por hora. a) Qual o gargalo
  da linha? b) Quantos produtos acabados a linha produzirá por dia?




                                                                                                       Produto
                Setor A                         Setor B                         Setor C
                                                                                                       Acabado




  3) Uma fábrica produz uma pequena mesa de madeira composta por uma base e quatro pés. As bases e os
  pés são feitos em duas linhas diferentes para depois serem coladas. A figura abaixo mostra as duas linhas
  de produção e a capacidade de cada posto por hora de trabalho. Determine a quantidade de mesas que a
  fábrica tem capacidade de fazer por hora.

                          Posto 1                                  Posto 3
                                             Posto 2
       BASE                25pç/h                                   23pç/h
                                             21pç/h
                                                                                                 COLAGEM         Produto
                                                                                                  24 pç/h        Acabado
                           Posto 1                                  Posto 3
                                               Posto 2
          PÉ                68pç/h                                  76 pç/h
                                               84 pç/h




  4) Observe a figura que se segue, onde a capacidade de produção de cada operação está representada em
  unidades por hora (un/h). MP A representa a matéria-prima A, que recebe seguidamente as operações
  A1, A2 e A3. MP B representa a matéria-prima B, que recebe seguidamente as operações B1 e B2.
  C1 representa a operação de montagem dos componentes produzidos a partir de 3 unidades da matéria-
  prima A e 2 da matéria-prima B. C2 representa a operação que dá o acabamento final ao produto.

          20 um./ h             9 um./ h               17 um./ h


MP A      Oper. A1              Oper. A2                  Oper. A3                                                Demanda
                                                                                                                     do
                                                                                                                   mercado
                                                                                 Oper. C1            Oper. C2
                                                                                                                   12 um./ h
MP B      Oper. B1              Oper.B2
                                                                                 10 um./ h           15 um./ h

          30 um./ h             25 um./ h



                                    Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                      33
Sabendo que a demanda do mercado é de 12 un/h, de quanto é a produção máxima de produtos acabados?

(A) 12 un/h   (B)10 un/h   (C) 9 un/h (D) 15 un/h              (E) 3 un/h

(Questão da prova do ENADE – 2006)
6.3 Dimensionamento da Capacidade

5.3.1 Dimensionamento do Número de Equipamentos
Passo 1: Determinar a quantidade de produtos que cada máquina é capaz de produzir no período.
Para isso basta dividir o Tempo trabalhado no período (T) pelo tempo de cada operação na
máquina (t).

                                                                            T
                    p ( produção de uma máquina ) =
                                                                             t

Passo 2 : Determinar o número de máquinas necessárias.
 Para isso basta dividir a Produção total a ser realizada no período (Pt) pela capacidade de
produção de cada máquina (p).
                                                  Pt
                   m ( nº de máquinas ) =
                                                  p

Exemplo:
Uma peça deve passar por três diferentes operações a serem processadas em três diferentes
máquinas :
                Operação            Máquina           Duração ( minutos )
                   1                   M1                 0,48
                   2                   M2                 0,25
                   3                   M3                 0,10

As máquinas estão disponíveis para utilização durante um turno diário de 8 horas e a produção
exigida é de 5000 peças por dia. Determinar o nº de máquinas necessárias de cada tipo,
assumindo que essas máquinas estarão paradas 10% do tempo para reparos e manutenção.
Pergunta-se: a) Qual a operação gargalo? b) Qual será a capacidade do sistema em quantidade
de produção?

6.3.2 Dimensionamento do número de funcionários em postos de atendimento

Como as atividades de serviços são normalmente intensivas no uso da mão de obra , o
planejamento de pessoal acaba sendo um dos principais aspectos do planejamento da
capacidade.
Similarmente ao cálculo de máquinas, podemos determinar:

a) Considerando que o funcionário só faça uma atividade :
                                          T
 p (produção de um funcionário) =
                                          t
                                Pt
 n (nº de funcionários ) =
                                 p

                           Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio           34
b) Considerando que os funcionários façam todas as atividades:

          T                            Pt
 p =                      n =
          Σt                         p
Exemplo:
Um posto de atendimento médico apresenta três diferentes atividades ligadas ao pré-exame de
mulheres em estado de gravidez: o preenchimento de uma ficha (atividade A), que demora em
média 8 minutos; uma entrevista ( B ) , que demora cerca de 10 minutos e , por último , a
pesagem e medida da pressão arterial que, juntas ( atividade C ) , consomem aproximadamente 5
minutos . O posto atende cerca de 100 mulheres por dia de 6 horas de trabalho. Supondo que
20% do tempo de trabalho será dedicado a momentos de descanso, a necessidades pessoais e a
outras atividades menores. a) Determinar o número de atendentes supondo que cada um deles
possa desempenhar as três atividades. b) Qual a capacidade do sistema em quantidade de
produção? c) Haverá alguma alteração nesse número se for feita a restrição de que cada um dos
atendentes deve se ligar a apenas uma atividade?



Exercícios propostos:
1) Um supermercado deseja determinar o número de funcionários de caixas que deve ser
dimensionado para atender a demanda de 800 clientes por dia de 8 horas. Estima-se que cada
cliente demora, em média, 5 minutos para passar pelo caixa. Considerar que 20% do tempo dos
caixas é dedicado a descanso e refeições. a) Determine o número de funcionários necessários. b)
Determine a capacidade em quantidade de produção.




2) Uma fábrica deseja determinar a quantidade de máquinas para atender uma demanda prevista
de 400 unidades por dia de um determinado produto. Cada produto passa por duas operações na
máquina com duração de 5 minutos cada operação. O turno de trabalho é de 8 horas, com 48
minutos de paradas para manutenção. Calcule o nº necessário de máquinas e a capacidade do
sistema em quantidade de produção.




                         Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio         35
3) Uma peça deve passar por operações em 3 diferentes máquinas com os seguintes tempos por
cada operação: (M1) 0,013 horas ; (M2) 0,010 horas ; (M3) 0,019 horas .
Determinar o número de máquinas de cada tipo, o gargalo e a capacidade do sistema, sabendo
que o produto passa por 2 operações na 1ª máquina , 3 operações na 2ª , 1 operação na 3ª e que a
fábrica trabalha 8 horas por dia com 15% de paradas para manutenção e deve fabricar 12000
peças por semana de 5 dias.
7. PROJETO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

7.1 Projeto do Trabalho

De uma forma mais restrita, entendemos como trabalho o conjunto específico de tarefas de cada
empregado. Qualquer organização tem, portanto, um conjunto de trabalhos espalhados pelas
várias unidades funcionais. O projeto do trabalho diz respeito exatamente à especificação dos
conteúdos e dos métodos associados a cada um desses trabalhos.

Elementos do projeto do trabalho

-   Que tarefas devem ser alocadas a cada pessoa na operação? (quem fará o trabalho)
-   Que seqüência de tarefas deve ser estabelecida como a maneira de fazer o trabalho? (como o
    trabalho será feito)
-   Quem mais deve estar envolvido com o trabalho? (interação com outros grupos ou
    indivíduos)
-   Como devem ser as interfaces com as instalações e o equipamento usado no trabalho?
    (interação com ferramentas, equipamentos, máquinas e instalações)
-   Que condições ambientais devem ser estabelecidas no local do trabalho? ( temperatura,
    iluminação, ruído, qualidade do ar, etc.)
-   Quanta autonomia será embutida no trabalho? (grau de responsabilidade alocada ao pessoal
    em relação às tarefas)
-    Que habilidades precisam ser desenvolvidas no pessoal? (necessidade de treinamento)

Objetivos do projeto do trabalho

1 – Qualidade
2 – Rapidez
3 – Confiabilidade
4 – Flexibilidade
5 – Custo
6 – Saúde e segurança
7 – Qualidade de vida no trabalho



Cronologia das diferentes abordagens para o projeto do trabalho



Divisão do      Administração      Ergonomia             Abordagem                     Empowerment
Trabalho          científica                             comportamental

Antes de         1900                  1950                     1970                     1980
 1900

                          Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                 36
Estudo do Trabalho
                                  Estudo do método e medição do
                                  trabalho, que são utilizados no
                                  exame do trabalho humano.




       Estudo do Método                                                        Medição do Trabalho
 Registro sistemático e exame                                                A aplicação de técnicas
 crítico dos métodos existentes                                              projetadas para estabelecer os
 na tentativa de desenvolver                                                 tempos padrões para o trabalho.
 métodos mais fáceis e eficazes




Análise de Métodos de Trabalho
A análise de métodos do trabalho pode ser feita tanto sobre novos trabalhos que ainda estão
sendo criados , como sobre trabalhos já rotineiros. Existe uma seqüência de passos mais ou
menos fixa , que deve ser seguida ao se empreender uma análise do trabalho.

1- Selecionar a operação a ser estudada
2- Registrar o método atual
3- Examinar os fatos
4- Desenvolvimento de um novo método
5- Implantação do novo método
6- Acompanhamento do novo método


Empowerment

O princípio do projeto do trabalho do empowerment consiste em aumentar a autonomia e a
autoridade que os indivíduos têm de conformar a natureza do seu trabalho. Envolve mover o
processo de tomada de decisões para baixo, para as pessoas que estão fazendo o trabalho sobre o
qual a decisão está sendo tomada .
Empowerment é usualmente considerado como sendo mais do que autonomia. Considerando que
autonomia significa dar ao pessoal a habilidade de mudar como eles fazem seu trabalho,
empowerment significa dar autoridade para fazer mudanças no trabalho em si, assim como na
forma em que é desempenhado.

Envolvimento de sugestão – não é realmente empowerment na sua forma verdadeira, mas dá
poder para que as pessoas sugiram melhorias, porém sem autoridade para sugerir mudanças.

                            Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio                         37
Envolvimento no trabalho – vai muito mais longe e dá poder ao pessoal dentro de certos limites
para que façam modificações no trabalho.

Fluxograma de Processo
É uma representação gráfica do que ocorre com o material, ou conjunto de materiais durante o
processo produtivo. A representação gráfica inclui cinco tipos de eventos, cujos nomes, símbolos
e caracterizações são os seguintes:



Operação      Inspeção       Transporte             Demora           Armazenagem



Diagrama Homem-Máquina

É uma representação gráfica que envolve um ou mais operadores trabalhando em uma ou mais
máquinas. No diagrama é mostrada tanto a atividade isolada do homem e da máquina como as
atividades combinadas ou as esperas de um ou de outro.


Estudo dos Movimentos

O estudo dos movimentos, foi introduzido por Frank Gilbreth (um dos seguidores de Taylor) e
visa ao registro e análise dos movimentos do corpo humano durante a realização de uma tarefa.
Há dois objetivos básicos nesse estudo: a eliminação de movimentos desnecessários e a busca da
melhor seqüência de movimentos para o aumento da produtividade.


Ergonomia

A ergonomia preocupa-se primariamente com os aspectos fisiológicos do projeto do trabalho,
isto é, com o corpo humano e como ele se ajusta ao ambiente. A ergonomia refere-se, portanto
às condições em que o trabalho é realizado e como os aspectos fisiológicos do trabalhador são
preservados (posicionamento para o trabalho, ruído, iluminação, temperatura, etc.).
O trabalho e o local do trabalho devem se adequar ao homem, e não o contrário. Nos trabalhos
desenvolvidos manualmente devemos abordar alguns aspectos fundamentais:

• Que movimentos o operador realiza?
• Qual é a característica do posto de trabalho?
• Qual é a característica do ambiente de trabalho?


7.2 Medida do Trabalho

É a determinação do intervalo de tempo que uma operação leva para ser completada. Para cada
operação será definido um tempo padrão , que é obtido após uma série de considerações tanto
sobre o operador como sobre o método de trabalho seguido.

Finalidades do estudo dos tempos
As principais finalidades são:
- Estabelecer padrões para os programas de produção.
                          Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio          38
-    Fornecer dados para a determinação dos custos padrões.
-    Estimar o custo de um produto novo.
-    Fornecer dados para o estudo do balanceamento das linhas de produção.

Avaliação da velocidade do operador
A velocidade V do operador é determinada subjetivamente por parte do cronometrista . À
velocidade ou ritmo de trabalho considerado normal é atribuído um valor 100 % e serve como
referência . Caso o trabalho seja realizado numa velocidade diferente da referência, será
atribuído um valor maior ou menor de acordo com a avaliação do cronometrista. Para que isso
ocorra é necessário o treinamento sistemático da equipe de cronometristas.

Determinação das tolerâncias
Devem ser previstas interrupções no trabalho para que sejam atendidas as denominadas
necessidades pessoais e para proporcionar um descanso, aliviando os efeitos da fadiga no
trabalho.
A tolerância para necessidades pessoais costuma-se considerar um tempo de aproximadamente
5% da jornada de trabalho.
  A fadiga no trabalho é proveniente não somente do trabalho realizado, mas também da
ergonomia no ambiente de trabalho. Excesso de ruído, iluminação insuficiente, condições
térmicas inadequadas, cores inadequadas, entre outros, podem gerar fadiga. As tolerâncias
concedidas para fadiga geralmente têm um valor entre 10% (trabalho leve em um bom ambiente)
e 50% do tempo (trabalho pesado em condições inadequadas). Geralmente, adota-se uma
tolerância entre 15% e 20% do tempo para trabalhos normais realizados em um ambiente normal
para as empresas industriais.




Determinação do Tempo Padrão
Para se chegar ao Tempo padrão de uma operação primeiramente devem ser determinados o
tempo real e o tempo normal.

Tempo real - é aquele que decorre realmente quando é feita uma operação. É obtido por
cronometragem direta.

Tempo normal - é o tempo requerido para o operador completar sua tarefa com velocidade
normal. Entendemos como velocidade ou ritmo normal um trabalhador trabalhando com
eficiência de 100%.

Passos:
1- Cronometrar o trabalho diversas vezes.

2.Calcular a média das n cronometragens válidas, obtendo-se o tempo real ( TR )

3- Calcular o tempo normal (TN)

     TN = TR x V / 100                         V – velocidade do operador

4- Calcular o tempo padrão (TP)

    TP = TN x FT                      FT – fator de tolerância

                          Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio     39
FT = 1 + T                        T – tolerância


Exercícios:

1)Uma operação foi cronometrada diversas vezes, obtendo-se um tempo médio de duração de
5,44 min. A velocidade do operador foi estimada em 105%. Determinar:
a) o tempo normal
b) o tempo padrão, assumindo-se uma tolerância de 15 %.

2) Uma tarefa foi observada várias vezes durante 30 horas. Foram registrados 25horas de
trabalho normal e 5 horas de atrasos inevitáveis. Qual o fator de tolerância a ser estabelecido
para essa tarefa?

3) Uma empresa permite 5% de descanso e 4% de atrasos pessoais. Qual o tempo padrão para
uma atividade que obteve um tempo médio de 3,4 minutos, com velocidade normal de trabalho?


4)Um analista, ao medir os tempos de uma tarefa registrou os valores abaixo (em minutos) .
    1,8 1,6 1,7 1,6 1,9
 Qual o tempo normal e o tempo padrão sabendo-se que o serviço foi executado com uma
velocidade de 110% e assume-se um fator de tolerância de 15 % ?

5) Uma tarefa apresentou os seguintes tempos cronometrados (em minutos):
   4,2   3,8 4,0 1,9 3,9 4,2 9,8 4,0
Qual o tempo padrão sabendo-se que a velocidade do operador foi de 120% e a tolerância 25% ?




                         Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio         40
Introdução à Gestão da Produção e Operações
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Introdução à Gestão da Produção e Operações

  • 1. GESTÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES I PROFESSOR: LUIZ ANTONIO MELO E-mail: luizantonio.melo@globo.com
  • 2. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO À GESTÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES........................... 4 1.1 Conceituação ............................................................................................................ 4 1.2 Funções dos Sistemas Produtivos ..................................................................... 5 1.3 Processo de Transformação .................................................................................... 5 Modelo de transformação ........................................................................................ 6 Exercícios 8 2. ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO E OPERAÇÕES ................................................ 9 2.1 Gestão Estratégica da Produção e Operações .......................................................... 9 2.2 Objetivos de desempenho da produção.................................... ................................ 9 2.3 Conflito (TRADE-OFF) entre objetivos de desempenho 11 2.4 Competitividade ......................................................... ............................................. 11 2.5 Prioridade dos Objetivos de desempenho ................................................................. 11 Critérios qualificadores e ganhadores de pedidos .................................................... 12 2.6 Índices de desempenho ............................................................................................ 13 3. PROJETO DA REDE DE OPERAÇÕES................................................................. 18 3.1 A Rede de Operações....................................................... ........................................ 18 3.2 Localização de Instalações......................................................................................... 18 3.2.1 Fatores de localização ............................................................................................... 18 4. PROJETO EM GESTÃO DA PRODUÇÃO 20 4.1 Projeto de produtos e serviços 20 4.2 Tipos de processos em manufatura e serviços 21 4.2.1 Tipos de processos em manufatura 21 4.2.2 Tipos de processos em serviços 22 5. ARRANJO FÍSICO E BALANCEAMENTO DE LINHAS .................................... 23 5.1 Arranjo Físico ............................................................................................................ 23 Arranjo físico por processo ou funcional .................................................................. 23 Arranjo físico por produto ou em linha ..................................................................... 23 Arranjo físico de posição fixa ................................................................................... 24 Arranjo físico celular ......................................................... ....................................... 24 5.2 Balanceamento de Linhas de Produção ..................................................................... 25 Linhas de montagem ................................................................................................. 25 Balanceamento de linhas de montagem................................................... 26 6. PLANEJAMENTO DA CAPACIDADE.................................................................. 30 6.1 Medidas da capacidade............................................................................................... 30 6.2 Capacidade de Projeto e Capacidade Efetiva............................................................. 30 6.3 Dimensionamento da Capacidade ............................................................................. 34 6.3.1 Determinação do Número de Equipamentos ............................................................ 34 6.3.2 Determinação do Número de Funcionários em Postos de Atendimento .................. 34 Exercícios 35 Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 2
  • 3. 7. PROJETO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .................................................. 36 7.1 Projeto do Trabalho ......................................................... ......................................... 36 Elementos do projeto do trabalho ............................................................................. 36 Objetivos do projeto do trabalho ............................................................................... 36 Análise dos métodos de trabalho ............................................................................... 37 Empowerment ........................................................................................................... 37 Fluxograma de processo ............................................................................................ 38 Diagrama homem-máquina ....................................................................................... 38 Estudo dos movimentos ............................................................................................ 38 Ergonomia ......................................................... ....................................................... 38 7.2 Medida do Trabalho ......................................................... ........................................ 38 Determinação do tempo padrão ......................................................... ...................... 39 Exercícios ......................................................... ........................................................ 40 CASOS PARA LEITURA E ESTUDO 1. A fábrica Tacaré .................................................................................................. 41 2. Objetivo de produção da “Penang Mutiara”......................................................... 43 3 O que deu errado? ................................................................................................. 45 4 Rio Vermelho ........................................................................................................ 46 47 Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 3
  • 4. 1 - INTRODUÇÃO À GESTÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES 1.1 - Conceituação: O que é Gestão de Operações? A Gestão de Operações é a função empresarial que planeja, coordena e controla todos os recursos necessários para que sejam produzidos os bens e serviços de uma organização. Isso significa gerenciar pessoas, equipamentos, tecnologia, informações e demais recursos necessários para a produção dos bens e serviços. Qual a diferença entre Organizações de manufatura e de serviços? As Organizações de manufatura atuam em atividades industriais, cujo objetivo principal é a fabricação de um bem físico, tangível, tal como uma geladeira, um automóvel, um sabonete, etc. Como exemplo podemos citar as fábricas, montadoras, etc. As Organizações de serviços atuam predominantemente na prestação de serviços, que consistem em uma ação que tenha alguma utilidade para os consumidores. Como exemplo podemos citar os hospitais, teatros, salões de beleza, colégios, etc. Os dois tipos de organizações, apesar de parecerem muito diferentes, apresentam várias interseções entre si. Muitas empresas de manufatura oferecem serviços como parte das ofertas para a compra do seu produto como muitas empresas de serviço produzem produtos que são utilizados para a realização do serviço. Tabela 1.1 Diferença entre bens e serviços Bens Serviços Tangíveis Intangível Pode ser estocado Não pode ser estocado Produção precede o consumo A produção e o consumo são simultâneos Baixo nível de contato com o consumidor Alto nível de contato com o consumidor Pode ser transportado Não pode ser transportado A qualidade é evidente É difícil julgar a qualidade 1.2 Funções dos Sistemas Produtivos A gestão de Operações e Produção é a principal função de qualquer empresa. Isso ocorre seja a empresa grande ou pequena, de manufatura ou serviços, tenha ou não fins lucrativos. A função produção é responsável em tornar viável a razão de ser da organização que é o fornecimento e a comercialização de um bem ou de um serviço. As outras funções da empresa existem principalmente para apoiar a função de produção e operações. De forma geral, essas funções podem ser agrupadas em três funções básicas: Finanças, Produção e Marketing. O sucesso de um sistema produtivo depende da forma como essas três funções se relacionam. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 4
  • 5. A figura 1.1 mostra as três principais funções de uma organização empresarial. PRESIDENTE OU CEO (Chief executive officer) MARKETING PRODUÇÃO FINANÇAS Vendas Produção Investimentos dos bens e dos bens e de capitais serviços serviços Figura 1.1 As principais funções empresariais Fonte: Adaptado de Reid (2005) A função produção é central para a organização porque produz os bens e serviços que são a razão da sua existência, mas não é a única nem, necessariamente, a mais importante. Todas as organizações possuem outras funções com suas responsabilidades específicas. Na prática, diferentes organizações adotarão estruturas organizacionais e definirão funções também diferentes. Funcionários Dinheiro Recursos Contabilidade Humanos e finanças FUNÇÃO Marketing Fornecedores Compras PRODUÇÃO Consumidores Engenharia/ Desenvolvimento Assist. técnica de produto/ serviço Tecnologia Idéias de produto/ serviço Figura 1.2 Representação da função produção dentro da organização. Fonte: Adaptado de Slack (2002) 1.3 – Processo de Transformação Toda organização existe para produzir alguma coisa, bens e/ ou serviços e para isso utiliza um processo de transformação, conforme mostrado na figura a seguir. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 5
  • 6. 1.3.1 Modelo de Transformação RECURSOS A SEREM Meio Ambiente TRANSFORMADOS -Materiais ( matéria prima) -Informações -Consumidores (OUTPUT) (INPUT) Saídas de Entrada de produtos e CONSU - PROCESSO MIDORES recursos. serviços DE RECURSOS DE TRANSFORMAÇÃO TRANSFORMAÇÃO Instalações Máquinas Equipamentos Mão-de-obra Meio Ambiente Figura 1.3 Representação de um Sistema de Produção Fonte: Adaptado de Slack(2002) ELEMENTOS DO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO 1 - INPUT Os inputs do processo de transformação são os insumos ou recursos necessários para a obtenção dos produtos. Segundo Slack (2002) os Inputs podem ser classificados em recursos a serem transformados e recursos de transformação. a) Recursos a serem transformados São aqueles elementos que elementos que serão transformados, tratados ou convertidos, de alguma forma, para a obtenção dos outputs (bens e serviços). Podem ser materiais, informações ou consumidores. b) Recursos de transformação São aqueles utilizados para realizar a transformação dos recursos transformados em bens e serviços. É composto pela mão-de-obra (funcionários) e instalações (equipamentos, prédio, terreno, processo, etc.). 2 - PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO São as operações realizadas para a obtenção dos outputs. É a execução das atividades produtivas da organização. 3. OUTPUT É a saída do sistema. São os bens e serviços gerados pela transformação dos recursos. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 6
  • 7. Tabela 1.3 Algumas operações descritas em termos dos processos de input-transformação-output Processo de Operação Recursos de Input transformação Outputs Aeronave Transportar passageiros e Passageiros e cargas Pilotos e equipe de bordo cargas pelo mundo transportados Linha aérea Equipe de terra Passageiros e cargas Matérias-primas Montagem Liquidificadores Fábrica de Componentes Inspeção Batedeiras eletrodomésticos Equipamentos Armazenagem Torradeiras Instalações Expedição Mão-de-obra Cirurgiões dentistas Exame de tratamento Pacientes com dentes e Dentista Equipamento dentário dentário gengivas saudáveis Enfermeiras Orientação preventiva Pacientes Funcionários Escrituração de contas Contas e demonstrativos Contabilidade Informações Orientação contábil publicados e certificados Sistema de computador Instalações Recepção Equipamentos Exame Hospital Médicos, enfermeiros, Terapia Pacientes curados ajudantes. Medicação Medicamentos Cirurgia Laboratórios Fonte: Adaptado de Slack(2002) e Tubino (2000) INFLUÊNCIAS NO PROCESSO DE PRODUÇÃO O sistema de produção pode sofrer influência do ambiente interno (Marketing, Finanças, Recursos Humanos, etc). , bem como do ambiente externo (Condições econômicas gerais, política governamental, competição, tecnologia, etc.). MEDIDAS QUE DISTINGUEM AS OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO Há quatro medidas importantes que podem ser usadas para distinguir diferentes operações: - Volume de output; - Variedade de output; - Variação da demanda do output; - Grau de Visibilidade (contato com o consumidor) envolvido na produção do output; Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 7
  • 8. Exercícios: 1) Quais as principais diferenças entre a produção de bens e serviços? 2) (Prova ENADE 2009) As operações no setor de hotelaria são intangíveis e, em geral, dependem da participação do consumidor. PORQUE As operações das empresas de serviços ocorrem no momento do consumo. A respeito dessas duas afirmações, é CORRETO afirmar que: A) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira. B) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. C) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa. D) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira. E) as duas afirmações são falsas. 3) O que é a administração da produção e operações? 4) Baseado no sistema de produção- modelo de transformação, escreva três exemplos de Inputs (recursos a serem transformados) e três exemplos de Inputs (recursos de transformação) em uma “fábrica de automóveis” e em um “salão de beleza”. 5) Baseado no sistema de produção- modelo de transformação, escreva três exemplos de Processos de transformação em uma “fábrica de automóveis” e em um “salão de beleza”. 6) Baseado no sistema de produção- modelo de transformação, escreva três exemplos de output em uma “fábrica de automóveis” e em um “salão de beleza”. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 8
  • 9. 2. ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO E OPERAÇÕES Para Corrêa (2004), a estratégia de operações preocupa-se com o desenvolvimento de longo prazo dos processos e recursos e com a criação de competências para que a organização possa ter níveis sustentáveis de vantagens competitivas. As decisões tomadas como parte da estratégia de operações de uma empresa são consideradas estratégicas porque: - têm efeito abrangente e por isso são significativas na parte da organização à qual a estratégia se refere; - definem a posição da organização relativamente a seu ambiente; - aproximam a organização de seus objetivos de longo prazo. Logo, pode-se definir a "estratégia de produção” de acordo com Slack (2002) como; o padrão global de decisões e ações, que define o papel, os objetivos e as atividades da produção de forma que estes apóiem e contribuam para a estratégia de negócios da organização”. 2.1 Gestão Estratégica da Produção e Operações A gestão estratégica de operações baseia-se na atuação da gestão de operações tendo sempre atenção com os impactos estratégicos das decisões tomadas. Como existem vários aspectos que possivelmente são levados em conta pelos clientes, Corrêa (2004) afirma que “não há uma melhor forma de se gerenciar operações”. Por isso, é necessário definir bem os objetivos a perseguir, isso porque há situações em que gestor deve optar por renunciar a níveis de desempenho superiores em alguns critérios para favorecer outros. 2.2 Objetivos de desempenho da produção Segundo Slack (2002), para qualquer organização que deseja ser bem sucedida a longo prazo, a contribuição de sua função produção é vital. São definidos então “cinco objetivos de desempenho” básicos que podem direcionar o gerente de produção na busca de vantagens competitivas. I - QUALIDADE – Significa fazer certo as coisas. Seja numa empresa de bens ou de serviços é necessário obter a satisfação do cliente atuando sem erros em todos os aspectos que poderão ser julgados pelo cliente de acordo com a natureza do negócio (conformidade, bom atendimento, higiene, etc.) II - RAPIDEZ – Significa fazer as coisas com velocidade. Atender os clientes no menor tempo possível. III - CONFIABILIDADE – Significa cumprir os compromissos assumidos. As coisas devem ser feitas em tempo, ou seja, uma entrega deve ser estimada dentro das condições da empresa, comunicar ao cliente e cumprir o prazo estabelecido. Da mesma forma qualquer vantagem ou promoção oferecida deve ser rigorosamente cumprida. IV - FLEXIBILIDADE – Significa estar preparado para mudar o que faz. Isto é, estar em condições de mudar ou de adaptar as atividades de produção para enfrentar circunstâncias Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 9
  • 10. inesperadas (um consumidor mudando de idéia ou talvez, consumidores além do esperado exigindo seus serviços) ou porque os consumidores exigem tratamento exclusivo, de maneira que a variedade dos bens e serviços produzidos precisa ser ampla o suficiente para satisfazer a todos eles. V - CUSTO – Significa fazer as coisas o mais barato possível, isto é, produzir bens e serviços a custo que possibilite fixar preços apropriados ao mercado e ainda permitir retorno para a organização. Todos esses objetivos de desempenho têm efeitos externos e internos. Os efeitos internos de alta qualidade, rapidez, confiabilidade e flexibilidade têm, geralmente, como objetivo reduzir os custos de produção. Tabela 2.1. Detalhamento dos objetivos de desempenho de uma operação Objetivos Subobjetivos Descrição Preço/custo Custo de produzir Custo de produzir o produto Custo de servir Custo de entregar e servir o cliente Rapidez Acesso Tempo e facilidade para ganhar acesso à operação (Velocidade) Atendimento Tempo para iniciar o atendimento Cotação Tempo para cotar preço, prazo, especificação Entrega Tempo para entregar o produto Confiabilidade Pontualidade Cumprimento de prazos acordados Integridade Cumprimento de promessas feitas Segurança Segurança pessoal ou de bens do cliente Robustez Manutenção do atendimento mesmo que algo dê errado Qualidade Desempenho Características primárias do produto Conformidade Produto conforme as especificações Consistência Produto sempre conforme especificações Recursos Características acessórias do produto Durabilidade Tempo de vida útil do produto Confiabilidade Probabilidade de falha do produto no tempo Limpeza Asseio das instalações da operação Conforto Conforto físico do cliente oferecido pelas instalações Características (das instalações e produtos) que afetam os Estética sentidos Comunicação Clareza, riqueza, precisão e freqüência da informação Competência Grau de capacitação técnica da operação Simpatia Educação e cortesia no atendimento Atenção Atendimento atento Flexibilidade Habilidade de introduzir/modificar produtos Produtos economicamente Mix Habilidade de modificar o mix produzido economicamente Entregas Habilidade de mudar datas de entrega economicamente Volume Habilidade de alterar volumes agregados de produção Horários Amplitude de horários de atendimento Amplitude de área geográfica na qual o atendimento pode Área ocorrer Fonte: Correa (2004. p.60) Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 10
  • 11. 2.3 Conflito (TRADE –OFF) entre os objetivos de desempenho O termo trade-off é utilizado indicando uma opção de escolha (conflito) entre duas situações. Algumas vezes para melhorar um dos objetivos de desempenho é necessário prejudicar um dos outros objetivos. Em algumas situações, por exemplo, melhorar a qualidade do atendimento ao cliente com equipamentos mais sofisticados pode gerar um aumento do custo do serviço. Nesse caso dizemos que há um trade-off entre qualidade e custo. A rede McDonald’s opera com um alto nível de padronização o que garante a qualidade e consistência dos produtos/ serviços. Em compensação não é permitido ao cliente personalizar os seus sanduíches de acordo com suas preferências, ou seja, não há flexibilidade de escolha. Uma analogia que descreve os trade-offs em operações é a “gangorra” de Slack . Objetivo de Desempenho 2 Objetivo de Desempenho 1 Figura 2.1 Representação dos trade-offs através da gangorra de Slack. Fonte: Corrêa (2004.p.67) 2.4 Competitividade Ser competitivo é ter condições de concorrer com um ou mais fabricantes e/ ou fornecedores de um produto/ serviço em um determinado mercado. Essa capacidade de competir normalmente varia ao longo do tempo e não são raros os exemplos de empresas que perdem tal capacidade e são expulsas do mercado. Para ser competitiva, a empresa deve estabelecer uma estratégia de ação para atuar em mercados locais, regionais e globais. Quanto maior o raio de ação, maior deve ser a sua capacidade competitiva. De todos os aspectos que influenciam a prioridade de uma organização dá a seus objetivos de desempenho, os mais imediatos são os dos consumidores da organização. A produção procura satisfazer aos clientes, desenvolvendo seus cinco objetivos de desempenho. Os fatores que definem as exigências dos clientes são chamados fatores competitivos ou fatores críticos de sucesso. 2.5 Prioridade de objetivos de desempenho A importância relativa de cada dos objetivos de desempenho para uma, ou outra operação produtiva, sofrerá várias influências diferentes. Três coisas são especialmente importantes na determinação de quais objetivos de desempenho devem ser enfatizados: - As necessidades específicas dos grupos de consumidores da empresa. - As atividades dos concorrentes da empresa. - O estágio do ciclo de vida do produto no qual se encontra o produto ou serviço. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 11
  • 12. Influência dos consumidores Influência dos concorrentes da organização da organização Quais são os fatores ganhadores Como a operação reage a de pedidos, qualificadores e mudanças no comportamento menos importante para eles? dos concorrentes Importância relativa de cada objetivo de desempenho para a Operação produtiva Estágio dos produtos e serviços da organização em seu ciclo de vida Produtos e serviços estão no estágio de introdução, crescimento, maturidade ou declínio? Figura 1.6 . Aspectos que influenciam a importância dos objetivos de desempenho Fonte: Slack (1997) CRITÉRIOS QUALIFICADORES E GANHADORES DE PEDIDOS Critérios ganhadores de pedidos São os que direta e significativamente contribuem para a realização de um negócio, para conseguir um pedido. São considerados pelos consumidores como razões-chaves para comprar o produto ou serviço. São, portanto, os aspectos mais importantes da forma como uma empresa define sua posição competitiva. Seria o diferencial positivo da empresa em relação aos concorrentes. Critérios qualificadores São aqueles aspectos da competitividade nos quais o desempenho da produção deve estar acima de um nível determinado, para ser sequer considerado pelos clientes. São aspectos básicos que o mercado exige para aquele tipo de negócio e que normalmente todos os concorrentes possuem, não se tornando, portanto, fator de destaque para ganhar clientes. A sua ausência, entretanto, desqualifica a empresa a concorrer naquele negócio. Critérios menos importantes Não influenciam os clientes de forma significativa, mas podem ser importantes em outras partes das atividades de produção. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 12
  • 13. 2.6 Índices de desempenho Os índices de desempenho são indicadores calculados a partir das medições efetuadas, e podem ser determinados de acordo com os objetivos de cada empresa em suas macro ou microoperações. Dentre os índices de desempenho, destacamos a eficiência, eficácia, qualidade e produtividade como os mais utilizados pelas empresas para acompanhamento do desempenho. Eficiência A eficiência está relacionada com os meios. Produzir com eficiência significa utilizar métodos e procedimentos de trabalho adequados, executar corretamente as tarefas, aplicar da melhor forma os recursos físicos e materiais da empresa. A eficiência determina se um equipamento, um funcionário, um posto de trabalho ou mesmo a empresa está realizando adequadamente suas atividades dentro do padrão estabelecido. Para calcular a eficiência dividimos a produção obtida (output) pela produção que se esperava obter com os recursos disponibilizados (input), medidos na mesma unidade. Eficiência (%) = Produção obtida x 100 Produção que se esperava obter (capacidade de produção) Exercícios: 1) Uma fábrica tem capacidade para produzir 2500 unidades por dia de um produto. Qual a eficiência da fábrica sabendo-se que a produção alcança 45.000 unidades nos 20 dias trabalhados em média por mês? 2) O tempo padrão para a confecção de um produto é de 10 minutos por funcionário. A empresa contratou 8 funcionários para trabalhar apenas na fabricação do referido produto. No final do período os resultados apresentados mostraram que o setor estava produzindo uma média de 54 unidades por hora, qual a eficiência do setor ? Eficácia É o alcance dos objetivos da empresa. A medida da eficácia mede o quanto o resultado se aproximou da meta programada. Produzir com eficácia significa executar as tarefas que são importantes para atingir os melhores resultados e alcançar os objetivos propostos. A eficácia determina se um equipamento, um funcionário, um posto de trabalho ou mesmo a empresa está atingindo os objetivos, resultados ou metas estabelecidas. Para calcular a eficácia dividimos o resultado obtido pela meta que havia sido programada. Eficácia (%) = Resultado obtido x 100 Meta programada Se o resultado encontrado for a partir de 100% significa que a empresa foi eficaz. Se for menor do que 100% significa que a empresa não foi eficaz. Exercícios: 1) Uma fábrica produz em média 40 toneladas por mês de um produto. Foram feitas algumas modificações no processo, visando obter um aumento de 15% na produção. Qual o índice de eficácia em relação ao total produzido se produção média passou para 49 toneladas por mês? Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 13
  • 14. 2) Uma das metas mensais do Setor de Manutenção de uma empresa era inspecionar 500 transformadores. No final do mês, o relatório de atividades assinalou que foram inspecionados 400 transformadores. Qual a eficácia do Setor de Manutenção naquela atividade? Índice de Qualidade A medida da qualidade na produção de bens geralmente está relacionada com o atendimento às especificações do produto. Na produção de serviços geralmente se refere ao nível de satisfação do cliente. Qualidade ( % ) = Produtos aprovados (clientes satisfeitos) x 100 Total de produtos trabalhados (total de clientes atendidos) Exercícios: 1) Uma empresa atende, em média, 60 clientes por dia. Uma pesquisa revelou que apenas 48 clientes ficaram satisfeitos com os serviços. Qual o índice de qualidade da empresa? 2) Linha de montagem de uma fábrica recebe diariamente, em média, 650 unidades para serem montadas. Após a montagem as unidades são submetidas à inspeção de qualidade onde, em média, são reprovadas diariamente 38 unidades. a) Qual a produção diária da empresa? b) Qual o índice de qualidade da fábrica? Índice de Produtividade Um dos principais objetivos de um gerente de operações é alcançar a máxima produtividade, ou seja, a utilização mais produtiva dos recursos de uma organização. O índice de produtividade é determinado pela relação entre o output gerado (a quantidade de bens produzidos e/ ou serviços oferecidos) e os inputs utilizados (mão-de-obra, materiais, etc) na produção e é expresso como a razão entre o input e o output. Produtividade = Output (saída gerada) Input (recursos consumidos) PROCESSO INPUTS .M. obra OUTPUTS Transformação dos .Materiais Inputs em Outputs .Equipamentos Bens e Serviços . etc. Figura 2.2. Representação de um Sistema de Transformação A produtividade, portanto, será obtida dividindo-se a quantidade ou o custo dos bens e serviços pela quantidade ou o custo dos recursos utilizados na produção. Dessa forma, a produtividade pode ser medida por apenas um recurso de entrada, por uma combinação de todos os recursos utilizados. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 14
  • 15. a) Produtividade em relação à mão-de-obra O fator de entrada individual mais utilizado para medição da produtividade é a mão-de-obra que geralmente é representada das seguintes formas: 1. Número de funcionários A produtividade é determinada dividindo-se a quantidade ou o custo dos bens e serviços obtidos (output) pelo número de funcionários utilizados. Exemplo: Uma empresa trabalhando com 50 funcionários produz 1000 unidades por dia de um determinado produto. A produtividade diária será : P= Output = 1000 unidades = 20 unidades/ funcionário Input 50 funcionários 2. Homens.hora (Hh) A produtividade é determinada dividindo-se a quantidade ou o custo dos bens e serviços obtidos (output) pela quantidade de Homens.hora trabalhados. Exemplo: Uma empresa trabalhando com 50 funcionários, em um turno de 8 horas por dia, produz 1000 unidades diariamente. A produtividade será: P= Output = 1000 unidades = 1000 unidades = 2,5 unidades/ Hh Input (50 x 8) Homens.hora 400 Hh 3. Custo da mão-de-obra A produtividade é determinada dividindo-se a quantidade ou o custo dos bens e serviços obtidos (output) pelo custo da mão-de-obra. Exemplo: Uma empresa trabalhando com 50 funcionários, em um turno de 8 horas por dia, a um custo médio de R$ 5 por cada hora/ homem, produz 1000 unidades diariamente. A produtividade será: P= Output = 1000 unidades = 1000 unidades = 0,5 unidades/ R$ Input R$5 x 8 x 50 R$ 2000 b) Produtividade Total A produtividade total é determinada dividindo-se a quantidade ou o custo dos bens e serviços obtidos (output) pelo custo de todos os recursos de entrada. É a relação entre a saída gerada e a soma de todos os fatores de entrada. Assim reflete o impacto conjunto de todos os fatores de entrada na produção da saída. Output Prod. = Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 15
  • 16. Custo de todos os inputs (mão de obra, materiais, energia, etc ) Padrões de desempenho Depois de se obter a medição do desempenho é necessário saber se aquele desempenho obtido é bom ou ruim. Para isso é preciso comparar com um valor padrão. São normalmente utilizados quatro tipos de padrões. 1. Padrões históricos – comparar o desempenho atual com padrões anteriores obtidos. 2. Padrões de desempenho meta – é a comparação com as metas estabelecidas pela empresa. 3. Padrões de desempenho da concorrência – comparação com o desempenho obtido pelos concorrentes. 4. Padrões de desempenho absolutos – são padrões limites teóricos que na maioria das vezes nunca serão atingidos na prática. Exemplo: “defeito zero”, “estoque zero”, etc. Exercícios: 1) Uma empresa fabrica caixas de embalagens para produtores locais. Possui 6 empregados que trabalham 8 horas por dia e conseguem fazer 168 unidades diariamente. a) Qual a produtividade da empresa em Hh? b) Se a produção aumentar para 173 unidades por dia, qual será a nova produtividade? c) Qual o aumento percentual da produtividade? 2) Uma empresa obteve em 2002 uma produção de 802.400 unidades, trabalhando, em média, com 50 funcionários que trabalharam 8 horas por dia durante 22 dias mensalmente. a)Qual a produtividade total da empresa sabendo-se que o custo médio da mão de obra é de R$ 5,00 por hora trabalhada e os resultados anuais apontaram um custo de R$ 750.000,00 na aquisição dos materiais para produção e R$ 150.000,00 de energia e outros custos indiretos? b) Se a produtividade em 2001 havia sido de 0,50 unidades/ R$, qual foi a variação percentual da produtividade? Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 16
  • 17. 4) O relatório diagnóstico de uma empresa apresentou os seguintes dados no último mês: Unidades aprovadas e comercializadas: 23.000 Unidades rejeitadas: 4.000 Nº de funcionários: 40 Turno de trabalho: 8 horas Dias trabalhados por mês: 22 dias Custo do Hh: R$ 8,00 Custo dos materiais: R$108.000,00 Sabendo-se que a empresa estabeleceu como objetivo a produção mínima de 1.000 unidades por dia e cada funcionário é capaz de produzir 30 peças por dia, determinar: a) Índice de qualidade b) Eficiência c) Eficácia d) Produtividade parcial de mão de obra em Unidades/Hh e Unidades/R$ e) Produtividade total f) Variação da produtividade sabendo que no mês anterior ela foi de 0,12 unidades/ R$ . 5) A empresa “VESTE BEM” fabrica, entre outros, vários modelos de calças, bermudas e camisas masculinas. A produção da fábrica possui três departamentos: Deptº de Corte, Deptº de Costura e Deptº de Acabamento, onde os produtos são confeccionados seguindo uma programação estabelecida pelo PCP. A área comercial realiza a previsão de vendas baseando-se na demanda do mercado que varia com as estações do ano. O controle de qualidade é bastante rígido, tendo no último ano rejeitado 5300 peças das 132.200 peças que entraram na linha de produção. Nesse mesmo ano, a “VESTE BEM” tinha traçado como objetivo a produção mensal de 10.800 unidades, mesmo tendo capacidade para produzir 11.483 unidades durante as 176 horas mensais de trabalho na fábrica (jornada de 8h/ dia em 22 dias). A área de Recursos Humanos contribuiu para os resultados alcançados realizando treinamentos operacionais para os 45 funcionários do Deptº de Corte, 70 do Deptº de Costura e 35 do Deptº de Acabamento e também negociou com o sindicato da categoria um salário médio R$ 5,00 / Hh para os funcionários. A empresa está estudando uma forma de diminuir o custo dos materiais comprados, que representaram um total de R$ 792.000,00 no último ano. Determinar os Índices de Qualidade, Eficiência, Eficácia, Produtividade de mão-de-obra (unidades/ Hh) e a Produtividade Total. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 17
  • 18. 3. PROJETO DA REDE DE OPERAÇÕES 3.1 A rede de operações Nenhuma operação produtiva ou parte dela existe isoladamente. Todas as operações fazem parte de uma rede maior, interconectadas com outras operações. Esta rede inclui fornecedores e clientes. Também inclui fornecedores dos fornecedores e clientes dos clientes e assim por diante. Começamos nosso tratamento do projeto de processos de transformação definindo a operação produtiva no contexto de todas as outras operações com as quais interage, algumas das quais são seus fornecedores e outras seus clientes. Materiais, peças, conjuntos montados, informações, idéias e às vezes pessoas, tudo flui através da rede de relações cliente-fornecedor formada por essas operações. No lado do fornecimento uma operação tem seus fornecedores de peças ou informações ou serviços. Estes fornecedores têm seus próprios fornecedores, que, por sua vez, também têm fornecedores etc. No lado da demanda a operação tem clientes. Estes clientes podem não ser os clientes finais dos produtos ou serviços da operação; podem ter seu próprio conjunto de clientes. A Figura abaixo ilustra uma dessas redes. No lado do fornecimento, há um grupo de operações que fornecem diretamente para a operação; estas em geral são chamadas fornecedores de "primeira camada". São supridos por fornecedores da "segunda camada". Algumas operações, que são principalmente fornecedores de segunda camada em um setor, podem, entretanto, suprir .a operação diretamente, contornando um elo da rede. Analogamente, no lado da demanda da rede os clientes da "primeira camada" são o principal grupo de clientes da operação produtiva. Estes, por sua vez, suprem clientes de "segunda camada", embora novamente a operação possa às vezes fornecer diretamente para clientes da segunda camada. Os fornecedores e clientes que têm contato direto com uma operação são denominados de rede imediata de fornecimento, enquanto todas as operações que formam a rede de fornecedores de fornecedores e clientes de clientes etc., são chamados de rede total de suprimentos. FORNECEDORES CLIENTES segunda primeira primeira segunda camada camada camada camada OPERAÇÃO 3.2 Localização de Instalações A finalidade do estudo de localização é determinar o local onde será a base de operações e onde serão fabricados os produtos ou prestados os serviços. O estudo da localização volta-se para a escolha do melhor local para instalar empresas e é medido pelo menor custo total de fabricação e comercialização, bem como os aspectos qualitativos que possam comprometer o desempenho e influenciar os custos. Analisa tanto aquelas instaladas e que procuram mudar de local, como empresas em formação, cuja localização ainda não foi definida. 3.2.1 Fatores de Localização A indústria, à proporção que se desenvolve economicamente, traz consigo um crescimento físico nem sempre realizado de forma ordenada. Com o decorrer dos anos, chega a um tal estado interno de congestionamento que seu espaço toma-se pequeno em relação ao volume produzido. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 18
  • 19. Algumas empresas até tentam ampliar a área ocupada, mas ficam limitadas por estarem situadas em zonas residenciais, sempre um motivo de pressão; ou mesmo por preço elevado de regiões consideradas valorizadas e que exigem grande investimento. Quando atingem situações como essas, permanecer onde estão significa possibilidade elevada de estagnação operacional, quando então é chegado o momento de pensar em outra região para reinstalar a indústria. O estudo da localização volta-se para a escolha do melhor local para instalar empresas e é medido pelo menor custo total de fabricação e comercialização. Analisa tanto aquelas instaladas e que procuram mudar de local, como empresas em formação, cuja localização ainda não foi definida. É uma abordagem técnica, fundamentada numa ótica econômica, como tudo o mais na administração da produção. Por isso, deve ficar sob responsabilidade de pessoas habilitadas, conhecedoras do processo industrial, da sistemática de mercado, dos suprimentos e demais aspectos relacionados às nuanças empresariais. Os distritos industriais exercem atrativos especiais por serem dotados de infraestrutura necessária à instalação de indústrias. Mas só isso não é suficiente. Regiões que antes foram consideradas ideais para localização podem não ter as mesmas características ideais hoje. Os fatores que antes influenciaram podem mudar de comportamento ao longo do tempo. Por isso, os custos a longo prazo devem ser considerados. Vários são os fatores que influem na melhor localização industrial. A seguir um breve comentário sobre os mais importantes: Incentivos; Matéria-prima; Mão-de-obra; Mercado; Transporte; Energia; Água; Outros ( concorrência, bancos, segurança, regulamentos ambientais, etc.) A localização ideal é aquela que oferece menor despesa depois de computados todos os valores envolvidos. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 19
  • 20. 4. PROJETO EM GESTÃO DA PRODUÇÃO A idéia que normalmente temos de um projetista é de alguém preocupado com o design de um produto. Na realidade a atividade de projeto vai além deste aspecto. Todos os gerentes de produção são projetistas. Muitas de suas decisões do dia-a-dia formam o projeto dos processos que gerenciam e isso influencia os produtos e serviços que produzem. O que é projeto? Não existe nenhuma definição de "projeto" reconhecida universalmente; diferentes especialistas usam às vezes definições bastante diferentes. Os pontos importantes que podem ser extraídos destas descrições de projeto são os seguintes: · O objetivo da atividade de projeto é satisfazer as necessidades dos consumidores. · A atividade de projeto aplica-se tanto a produtos (ou serviços) como a sistemas (que chamamos processos). · A atividade de projeto é em si mesma um processo de transformação. · O projeto começa com um conceito e termina na tradução desse conceito em uma especificação de algo que pode ser produzido. 4.1 Projeto de Produtos e Serviços O produto ou serviço Um produto ou serviço é qualquer coisa que possa ser oferecida aos consumidores para satisfazer suas necessidades e expectativas. Pode-se considerar que todos os produtos e serviços têm três aspectos principais: 1 - Um Conceito - que é o conjunto de benefícios esperados que o consumidor está comprando; 2 - Um Pacote de produtos e serviços "componentes" que proporcionam os benefícios definidos no conceito; 3 - O processo - pelo qual a operação produz o pacote de produtos e serviços "componentes". O processo O "processo" é a parte da operação que gera bens e serviços, reúne-os em um pacote e os fornece ao cliente para satisfazer o conceito. O fornecimento da maior parte de bens e serviços exige muitos tipos diferentes de processo. Por exemplo, a máquina de lavar inclui três tipos principais de processos: · manufatura e montagem de componentes; · venda da máquina no varejo; · apoio e manutenção pós-venda. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 20
  • 21. Cada processo pode ser dividido em diversos subprocessos. A manufatura e a montagem de componentes, por exemplo, incluirão subprocessos como estampagem, instalação elétrica e controle de estoques. O restaurante também terá diversos processos: · produção das refeições; · controle e serviço de bebidas; · atividades de linha de frente. Novamente, cada um desses processos deve ser dividido em diversos subprocessos. O processo de linha de frente, por exemplo, inclui "recepcionar”: “acomodar”, “servir” e “cobrar” o cliente. 4.2. Tipos de processos de produção em manufatura e serviços. Normalmente são utilizados termos diferentes para identificar tipos de processos de produção nos setores de manufatura e serviços, de acordo com o volume e variedade das operações. Apresentamos abaixo os principais termos utilizados. 4.2.1 Processos em manufatura a) Processos de produção contínua; b) Processos de produção em massa; c) Processos de produção em lotes ou bateladas; d) Processos de produção de projeto; e) Processos de Jobbing a) Processos de produção contínua Apresentam uma seqüência linear para se fazer o produto ou serviço; os produtos são bastante padronizados e fluem de um posto de trabalho a outro numa seqüência prevista. Caracteriza-se pelo alto volume e quase nenhuma variedade de produtos. Também chamados de "produção em linha". Ex: Indústria química, aço, papel, cimento. Posto Posto Posto Posto Posto Produto Mat. prima 2 3 4 5 1 acabado b) Processos de produção em massa Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 21
  • 22. Apresenta as mesmas características do processo de produção contínua, com a diferença de que esse modelo, mesmo apresentando uma baixa variedade de produtos, essa variedade, é um pouco maior do que a contínua. Ex: Automóveis, fogão, geladeiras. c) Processos de produção em lotes ou bateladas Também conhecida como "produção intermitente". Nesse processo, a produção é feita em lotes. Cada lote do produto vai sofrendo operações em cada seção específica da produção. Ao término da operação realizada no lote daquele produto, todo o lote passa para a próxima seção e imediatamente lotes de outros produtos tomam seu lugar nas máquinas que ficaram vazias, e assim sucessivamente até sair o lote acabado de cada produto. Nesse tipo de produção o mesmo produto só voltará a ser feito depois de algum tempo, caracterizando-se assim uma produção intermitente de cada um dos produtos. Quando os clientes apresentam seus próprios projetos do produto, temos a chamada produção itermitente por encomenda. Ex: Móveis, peças, vestuário, ferramentas Exemplo numa fábrica de roupas: Lote de calças Lote de saias Seção de Costura Seção de Corte Lote de blusas Produto acabado Lote de Seção de Acabamento bermudas d) Processos de produção de projeto Cada projeto é um produto único, não havendo, a rigor, um fluxo do produto. Tem-se uma seqüência de tarefas , ao longo do tempo, geralmente de longa duração, com pouca ou nenhuma repetitividade. É o caso dos grandes projetos, como a construção de um navio, construção civil, etc. e) Processos de jobbing São processos com as características da produção de projetos, mas têm uma dimensão menor e um tempo mais curto de execução, sendo realizados junto com outros tantos produtos. Ex: alguns técnicos especializados que trabalham por encomenda, como um marceneiro, alfaiate, etc. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 22
  • 23. Tabela 4.1 – Principais características dos processos de produção CONTÍNUA MASSA LOTES OU JOBBING PROJETOS BATELADAS VOLUME Muito Alto Alto Médio Baixo Muito Baixo VARIEDADE Quase nenhuma Pequena Grande Grande Grande FLUXO Ininterrupto Ininterrupto Intermitente Não tem Não tem TECNOLOGIA Inflexível Inflexível Flexível Muito flexível Muito flexível MÃO-DE-OBRA Pouco Pouco Média Muito Muito especializada especializada especialização especializada especializada (Trabalhos p/ Indústria Automóveis, Móveis, peças, encomenda) Navios, aviões, EXEMPLO química, aço, fogão, geladeiras. vestuário, Marceneiro, construção civil. papel, cimento. Ferramentas alfaiate, ferramenteiros 4.2.2 Processos em serviços Em operações de serviço ainda não há um consenso sobre os termos dos tipos de processos. Os termos usados por Slack(1997), também em função do volume e variedade, são: a) Serviços profissionais Apresentam baixo volume e alta variedade. São definidos como organização de alto contato, onde os clientes despendem tempo considerável no processo de serviço. Exemplo: consultores, advogados, arquitetos, cirurgiões, etc. b) Serviços de massa Apresentam alto volume e média variedade. Envolve empresas com muitas transações de clientes, porém com tempo de contato limitado. Os funcionários, geralmente não profissionais, cumprem procedimentos preestabelecidos pela empresa, com pouca autonomia de decisão. Exemplo: supermercados, rede ferroviária, aeroportos, serviços de telecomunicações, atendimento em serviços públicos, etc. c) Lojas de serviços Apresentam médio volume e média variedade. Posiciona-se entre os dois processos anteriores. O serviço é proporcionado através de combinações de atividades dos escritórios da linha de frente e da retaguarda. Exemplo: shopping centers, bancos, lojas, hotéis, etc. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 23
  • 24. 5. ARRANJO FÍSICO E BALANCEAMENTO DE LINHAS DE PRODUÇÃO 5.1. Arranjo Físico O Arranjo Físico se refere ao planejamento do espaço físico a ser ocupado e representa a disposição de máquinas e equipamentos necessários à produção dos produtos/ serviços da empresa. O Arranjo Físico é retratado através do Layout, que é um gráfico que representa a disposição espacial, a área ocupada a localização das máquinas e equipamentos ou as seções envolvidas. Arranjo Físico por produto ou em linha Corresponde ao sistema de produção contínua e é usado quando se requer uma seqüência linear de operações. As máquinas ou estações de trabalho são colocadas de acordo com a seqüência de produção estabelecida para um determinado produto que será produzido. Posto Posto Posto Posto Posto Produto Mat. prima 2 3 4 5 1 acabado Arranjo Físico por processo ou funcional Corresponde ao sistema de produção intermitente. Todos os processos e os equipamentos do mesmo tipo são desenvolvidos na mesma área e também operações ou montagens semelhantes são agrupadas na mesma área. Os materiais ( ou pessoas ) movem-se de um centro a outro de acordo com a necessidade. As maquinas e os demais recursos são agrupados em setores de acordo com o processo ou função que exercem. y Seção de Costura Seção de Corte Produto acabado Seção de Acabamento Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 24
  • 25. Arranjo Físico de posição fixa (ou posicional) É utilizado geralmente em sistemas de produção para grandes projetos ou serviços em que o produto não pode ser movimentado. O produto ou os insumos a serem transformados ficam estacionários, enquanto os recursos transformadores se movimentam em torno deles de acordo com a necessidade. MAQ. A MAQ MAQ . PRODUTO B C MAQ. D Arranjo Físico celular É uma forma de organizar a complexidade de fluxo que caracteriza o Arranjo Físico por processo. São formados pequenos grupamentos para processar algumas peças ou famílias de peças selecionadas. O material se desloca dentro da célula buscando os processos necessários MP PA Célula de produção da peça y Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 25
  • 26. 5.2 Balanceamento de linhas de produção 5.2.1 Linhas de Montagem A linha de montagem é um caso especial de arranjo físico por produto. De maneira geral, o termo “linha de montagem” refere-se a uma montagem progressiva ligada por algum tipo de dispositivo de manuseio de materiais. Uma consideração importante que não deve ser esquecida no projeto de linhas de montagem é o fator humano. Nos últimos anos, as linhas de montagem que antes tinham um ritmo ditado pelas máquinas, passaram a ter um ritmo ditado pelos operadores. Com o ritmo ditado pelos trabalhadores, o operador continua a trabalhar no produto até que a tarefa seja concluída satisfatoriamente. 5.2.2 Balanceamento de uma linha de montagem Uma linha de montagem consiste de uma série de estações de trabalho, cada uma com um intervalo de tempo uniforme chamado de tempo de ciclo (que é também o intervalo de tempo entre a saída de um produto acabado e outro). Estação de trabalho 1 Estação de trabalho 2 Estação de trabalho 3 MP Execução das Execução das Execução das PA tarefas tarefas tarefas A, B, D C, F E, G, H, I Tempo das operações = Tempo das operações = Tempo das operações = Entrada de matéria prima (MP) Saída do Produto acabado (PA) Figura 4.2 Exemplo de uma linha de montagem A linha funciona da seguinte forma: - a estação 1 pega as “matérias primas”, efetua as suas tarefas em 5 minutos, passa o “produto em processo” para a estação 2 e inicia um novo produto. - a estação 2 recebe o “produto em processo” da estação 1, efetua as suas tarefas em 10 minutos, passa o “produto em processo” para a estação 3 e pega um novo “produto em processo”. - a estação 3 recebe o “produto em processo” da estação 2, efetua as suas tarefas em 5 minutos, entrega o “produto acabado” para o depósito e pega um novo “produto em processo”. Analise o funcionamento da linha acima e responda: 1) De quanto em quanto tempo sairá um “produto acabado” da linha de montagem? 2) Quantos produtos acabados serão produzidos em cada hora de trabalho? Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 26
  • 27. OBS. O balanceamento de linhas consiste em delegar as tarefas às estações de trabalho de forma que se consiga o maior equilíbrio possível com mínimo tempo ocioso dos trabalhadores. Exemplo: Vamos supor que o esquema de montagem de um determinado produto apresente os seguintes dados e deseja-se uma produção de 100 unidades em 7 horas de trabalho. Tarefa Tempo de execução A 2,0 minutos B 2,2 minutos C 3,0 minutos D 4,0 minutos E 3,0 minutos MP A B C D E PA 2,0 2,2 3,0 4,0 3,0 O objetivo do balanceamento é arrumar as atividades em uma linha de montagem, distribuindo as atividades em postos(estações) de trabalho de forma a obter o melhor desempenho possível. Para isso temos que considerar os seguintes elementos. a) Tempo de Ciclo É o intervalo de tempo em que cada produto acabado deve sair da linha de produção, de forma a atender a quantidade de produção exigida em um determinado período. TC = Tempo de trabalho disponível / Produção exigida Tempo disponível = 7 ( 60 ) = 420 minutos Produção exigida = 100 unidades TC = 420 / 100 = 4,2 minutos b) Número de estações de trabalho necessárias Para determinar a quantidade mínima teórica ( ideal ) de estações de trabalho para atender as condições exigidas utilizamos a seguinte fórmula: Nº teórico de estações = Soma dos tempos das atividades / Tempo de ciclo = ∑ T / TC ∑ T = 2,0 + 2,2 + 3,0 + 4,0 + 3,0 = 14,2 minutos Nº teórico Nt = 14,2 / 4,2 = 3,38 estações N° real Nr = 4 estações c) Eficiência do balanceamento Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 27
  • 28. Eb = nº teórico / n° real Eb = 3,38 / 4 = 0,84 ou 84% d) Agrupamento das tarefas em postos de trabalho É feito heuristicamente com a ajuda do diagrama de precedências. As tarefas são distribuídas nos postos de trabalho até que a duração do ciclo seja preenchida o máximo possível. No exemplo : Posto de trabalho Atividades Tempo de duração 1 A,B 4,2 min 2 C 3,0 min 3 D 4,0 min 4 E 3,0 min A linha de montagem funcionará da seguinte forma : 4,2 min 3,0 min 4,0 min 3,0 min MP Posto 1 Posto 2 Posto 3 Posto 4 PA A,B C D E Nota .O tempo de ciclo resultante será igual ao tempo do posto de maior duração. No exemplo esse tempo será de 4,2 minutos . Isso quer dizer, que a cada 4,2 minutos sairá um produto acabado da linha de montagem. Exercícios: 1) As atividades de uma linha de montagem são mostradas a seguir, com as durações necessárias em minutos. A linha opera por 7 horas diariamente, sendo desejada uma produção de 600 unidades por dia. Determinar: a) Duração do ciclo. b) Nº teórico de postos de trabalho. c) Eficiência do balanceamento d) Agrupamento das tarefas em postos de trabalho D – 0,14 A – 0,62 B – 0,39 C – 0,27 F – 0,35 G – 0,28 E – 0,56 Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 28
  • 29. 2) A fábrica de bolos “BK” quer montar uma linha para realizar as operações de acabamento, decoração e embalagem em um tipo de bolo fabricado especialmente para uma rede de supermercados. O pedido do supermercado é de 5000 bolos por semana e o n° de horas trabalhadas 40h por semana. Esquema de montagem B A K R L M P G C Duração das atividades Atividade Tempo (minutos) A 0,12 K 0,30 R 0,36 L 0,25 B 0,17 M 0,05 C 0,08 P 0,10 G 0,25 Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 29
  • 30. 6. PLANEJAMENTO DA CAPACIDADE Capacidade se refere à quantidade de carga que uma unidade operacional pode suportar. Essa unidade operacional pode ser uma fábrica, um departamento, uma máquina, uma loja, um funcionário, etc. A capacidade de uma unidade operacional é uma peça de informação importante para efeito de planejamento; ela permite que os gerentes quantifiquem as quantidades de produção em termos de inputs e outputs, permitindo-lhes assim tomar decisões ou fazer planos relacionados com os valores quantificados. A capacidade, portanto pode ser definida como sendo “a quantidade máxima de produtos e serviços que podem ser produzidos numa unidade produtiva, num dado intervalo de tempo”. 6.1 Medidas da Capacidade De acordo com a natureza da atividade, a capacidade é medida pelos insumos de entrada (inputs) ou pelo volume de produção obtido na saída do sistema (outputs). Quase todos os tipos de operações poderiam usar uma mistura de medidas de entradas e saídas, mas na prática, a maioria usa uma ou outra. Tabela 6.1 Medidas de Capacidade Operação Capacidade de Inputs Capacidade de Outputs Fábrica Horas de máquinas disponíveis Número de unidades por semana Hospital Leitos disponíveis Número de pacientes tratados por semana Teatro Número de assentos Número de clientes entretidos por semana Universidade Número de estudantes Estudantes graduados por ano Companhia aérea Número de assentos disponíveis Número de passageiros por semana Companhia de eletricidade Tamanho do gerador Megawatts de eletricidade gerada Cervejaria Volume dos tanques de fermentação Litros por semana 6.2 Capacidade de Projeto e Capacidade Efetiva A capacidade pode ter duas definições úteis: 1- Capacidade de Projeto (capacidade de planta) É a produção máxima que uma unidade pode ser alcançada. Nesse caso considera-se a produção sendo realizada dentro das condições mais favoráveis sem ocorrência de nenhuma perda. 2- Capacidade Efetiva Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 30
  • 31. É a produção máxima possível, descontando as perdas devido à escolha de um determinado mix (combinação) de produtos, dificuldade de programação, manutenção das máquinas, fatores de qualidade e assim por diante. Capacidade Efetiva = Capacidade de Projeto – Perdas previsíveis Tanto a capacidade de projeto como a capacidade efetiva podem ser previamente determinadas pelo gerente de operações, entretanto, na prática do dia a dia nem sempre os valores planejados são alcançados. A produção real alcançada no final do período geralmente é bem menor do que os valores planejados. Isso ocorre devido aos problemas imprevistos e não desejados como: paralisações por falha de máquina, absenteísmo, falhas de materiais, problemas de qualidade e outros fatores fora do planejamento. Com essas medidas de capacidade podemos determinar dois indicadores de desempenho de um sistema: a Eficiência e o grau de Utilização do sistema. Eficiência = Produção real Capacidade efetiva Utilização = Produção real Capacidade de projeto Exercícios: 1) A capacidade máxima de trabalho em uma oficina de manutenção de veículos é de 50 caminhões por dia. Foram feitas algumas concessões de tempo e espaço físico que restringiu a capacidade para 40 caminhões por dia. Ao fim do primeiro mês de funcionamento constatou-se que a média diária de manutenção havia sido de 36 caminhões por dia. a) Qual o índice de eficiência da oficina? b) Qual o nível de utilização da capacidade? 2) Uma empresa possui 10 máquinas que devem funcionar 8 horas por dia. a) Qual a capacidade de projeto dessa empresa em horas de máquinas disponíveis? b) Sabendo-se que durante o dia de trabalho cada máquina deve parar 30 minutos para manutenção, qual será a capacidade efetiva? c) Supondo que cada máquina pode produzir um produto a cada 5 minutos, qual a capacidade de projeto e a capacidade efetiva em unidades por dia? d) Se no final do período foi constatado que a produção média diária ficou em 783 unidades, qual a eficiência e o grau de utilização da planta? 3) Uma fábrica trabalha 9 horas por dia e as 8 máquinas existentes param durante 90 minutos para limpeza, lubrificação e troca de peças. Cada máquina tem capacidade de produzir uma unidade do produto em 4,5minutos. No final do período constatou-se que a fábrica estava Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 31
  • 32. produzindo, em média, 640 unidades por dia. Determine: a) Capacidade de projeto da fábrica. b) Capacidade efetiva. c) Índices de eficiência e utilização da fábrica. Gargalo da Produção Chamamos de gargalo da produção ao setor ou elemento que limita o fluxo normal de produção. OBS. A capacidade de uma linha de produção é a capacidade do setor gargalo. Exemplo: Vamos supor que um fornecedor de combustível envia o combustível através de uma tubulação composta de três estágios. TUBULAÇÃO FORNECEDOR DE COMBUSTÍVEL CONSUMIDOR Capacidade Capacidade 3000 litros/ hora Capacidade 10000 litros/ hora 10000 litros/ hora Percebemos no exemplo acima que mesmo a maior parte da tubulação tendo capacidade de conduzir 10.000 litros por hora a tubulação do meio limitará a entrega ao consumidor em 3.000 litros por hora. Esse setor da tubulação é o setor gargalo. Portanto, para esse exemplo, a capacidade total de fornecimento é de 3.000 litros por hora. Exercícios: 1)Vamos supor que o esquema abaixo representa a produção de um determinado produto, onde as operações são realizadas seqüencialmente nos três setores até se transformar no produto acabado. a) Qual o gargalo da linha? b) Quantos produtos acabados a linha produzirá por dia? Produto Setor A Setor B Setor C Acabado Capacidade de cada Setor: Setor A = 1000 unidades/ dia Setor B = 700 unidades/ dia Setor C = 900 unidades/ dia Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 32
  • 33. 2) Vamos supor agora que na linha de produção abaixo o Setor A possui 3 máquinas e cada uma pode fazer 100 peças por hora. O setor B possui 5 máquinas e cada uma pode fazer 50 peças por hora. O Setor C possui 4 máquinas e cada uma pode fazer 60 peças por hora. a) Qual o gargalo da linha? b) Quantos produtos acabados a linha produzirá por dia? Produto Setor A Setor B Setor C Acabado 3) Uma fábrica produz uma pequena mesa de madeira composta por uma base e quatro pés. As bases e os pés são feitos em duas linhas diferentes para depois serem coladas. A figura abaixo mostra as duas linhas de produção e a capacidade de cada posto por hora de trabalho. Determine a quantidade de mesas que a fábrica tem capacidade de fazer por hora. Posto 1 Posto 3 Posto 2 BASE 25pç/h 23pç/h 21pç/h COLAGEM Produto 24 pç/h Acabado Posto 1 Posto 3 Posto 2 PÉ 68pç/h 76 pç/h 84 pç/h 4) Observe a figura que se segue, onde a capacidade de produção de cada operação está representada em unidades por hora (un/h). MP A representa a matéria-prima A, que recebe seguidamente as operações A1, A2 e A3. MP B representa a matéria-prima B, que recebe seguidamente as operações B1 e B2. C1 representa a operação de montagem dos componentes produzidos a partir de 3 unidades da matéria- prima A e 2 da matéria-prima B. C2 representa a operação que dá o acabamento final ao produto. 20 um./ h 9 um./ h 17 um./ h MP A Oper. A1 Oper. A2 Oper. A3 Demanda do mercado Oper. C1 Oper. C2 12 um./ h MP B Oper. B1 Oper.B2 10 um./ h 15 um./ h 30 um./ h 25 um./ h Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 33
  • 34. Sabendo que a demanda do mercado é de 12 un/h, de quanto é a produção máxima de produtos acabados? (A) 12 un/h (B)10 un/h (C) 9 un/h (D) 15 un/h (E) 3 un/h (Questão da prova do ENADE – 2006) 6.3 Dimensionamento da Capacidade 5.3.1 Dimensionamento do Número de Equipamentos Passo 1: Determinar a quantidade de produtos que cada máquina é capaz de produzir no período. Para isso basta dividir o Tempo trabalhado no período (T) pelo tempo de cada operação na máquina (t). T p ( produção de uma máquina ) = t Passo 2 : Determinar o número de máquinas necessárias. Para isso basta dividir a Produção total a ser realizada no período (Pt) pela capacidade de produção de cada máquina (p). Pt m ( nº de máquinas ) = p Exemplo: Uma peça deve passar por três diferentes operações a serem processadas em três diferentes máquinas : Operação Máquina Duração ( minutos ) 1 M1 0,48 2 M2 0,25 3 M3 0,10 As máquinas estão disponíveis para utilização durante um turno diário de 8 horas e a produção exigida é de 5000 peças por dia. Determinar o nº de máquinas necessárias de cada tipo, assumindo que essas máquinas estarão paradas 10% do tempo para reparos e manutenção. Pergunta-se: a) Qual a operação gargalo? b) Qual será a capacidade do sistema em quantidade de produção? 6.3.2 Dimensionamento do número de funcionários em postos de atendimento Como as atividades de serviços são normalmente intensivas no uso da mão de obra , o planejamento de pessoal acaba sendo um dos principais aspectos do planejamento da capacidade. Similarmente ao cálculo de máquinas, podemos determinar: a) Considerando que o funcionário só faça uma atividade : T p (produção de um funcionário) = t Pt n (nº de funcionários ) = p Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 34
  • 35. b) Considerando que os funcionários façam todas as atividades: T Pt p = n = Σt p Exemplo: Um posto de atendimento médico apresenta três diferentes atividades ligadas ao pré-exame de mulheres em estado de gravidez: o preenchimento de uma ficha (atividade A), que demora em média 8 minutos; uma entrevista ( B ) , que demora cerca de 10 minutos e , por último , a pesagem e medida da pressão arterial que, juntas ( atividade C ) , consomem aproximadamente 5 minutos . O posto atende cerca de 100 mulheres por dia de 6 horas de trabalho. Supondo que 20% do tempo de trabalho será dedicado a momentos de descanso, a necessidades pessoais e a outras atividades menores. a) Determinar o número de atendentes supondo que cada um deles possa desempenhar as três atividades. b) Qual a capacidade do sistema em quantidade de produção? c) Haverá alguma alteração nesse número se for feita a restrição de que cada um dos atendentes deve se ligar a apenas uma atividade? Exercícios propostos: 1) Um supermercado deseja determinar o número de funcionários de caixas que deve ser dimensionado para atender a demanda de 800 clientes por dia de 8 horas. Estima-se que cada cliente demora, em média, 5 minutos para passar pelo caixa. Considerar que 20% do tempo dos caixas é dedicado a descanso e refeições. a) Determine o número de funcionários necessários. b) Determine a capacidade em quantidade de produção. 2) Uma fábrica deseja determinar a quantidade de máquinas para atender uma demanda prevista de 400 unidades por dia de um determinado produto. Cada produto passa por duas operações na máquina com duração de 5 minutos cada operação. O turno de trabalho é de 8 horas, com 48 minutos de paradas para manutenção. Calcule o nº necessário de máquinas e a capacidade do sistema em quantidade de produção. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 35
  • 36. 3) Uma peça deve passar por operações em 3 diferentes máquinas com os seguintes tempos por cada operação: (M1) 0,013 horas ; (M2) 0,010 horas ; (M3) 0,019 horas . Determinar o número de máquinas de cada tipo, o gargalo e a capacidade do sistema, sabendo que o produto passa por 2 operações na 1ª máquina , 3 operações na 2ª , 1 operação na 3ª e que a fábrica trabalha 8 horas por dia com 15% de paradas para manutenção e deve fabricar 12000 peças por semana de 5 dias. 7. PROJETO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 7.1 Projeto do Trabalho De uma forma mais restrita, entendemos como trabalho o conjunto específico de tarefas de cada empregado. Qualquer organização tem, portanto, um conjunto de trabalhos espalhados pelas várias unidades funcionais. O projeto do trabalho diz respeito exatamente à especificação dos conteúdos e dos métodos associados a cada um desses trabalhos. Elementos do projeto do trabalho - Que tarefas devem ser alocadas a cada pessoa na operação? (quem fará o trabalho) - Que seqüência de tarefas deve ser estabelecida como a maneira de fazer o trabalho? (como o trabalho será feito) - Quem mais deve estar envolvido com o trabalho? (interação com outros grupos ou indivíduos) - Como devem ser as interfaces com as instalações e o equipamento usado no trabalho? (interação com ferramentas, equipamentos, máquinas e instalações) - Que condições ambientais devem ser estabelecidas no local do trabalho? ( temperatura, iluminação, ruído, qualidade do ar, etc.) - Quanta autonomia será embutida no trabalho? (grau de responsabilidade alocada ao pessoal em relação às tarefas) - Que habilidades precisam ser desenvolvidas no pessoal? (necessidade de treinamento) Objetivos do projeto do trabalho 1 – Qualidade 2 – Rapidez 3 – Confiabilidade 4 – Flexibilidade 5 – Custo 6 – Saúde e segurança 7 – Qualidade de vida no trabalho Cronologia das diferentes abordagens para o projeto do trabalho Divisão do Administração Ergonomia Abordagem Empowerment Trabalho científica comportamental Antes de 1900 1950 1970 1980 1900 Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 36
  • 37. Estudo do Trabalho Estudo do método e medição do trabalho, que são utilizados no exame do trabalho humano. Estudo do Método Medição do Trabalho Registro sistemático e exame A aplicação de técnicas crítico dos métodos existentes projetadas para estabelecer os na tentativa de desenvolver tempos padrões para o trabalho. métodos mais fáceis e eficazes Análise de Métodos de Trabalho A análise de métodos do trabalho pode ser feita tanto sobre novos trabalhos que ainda estão sendo criados , como sobre trabalhos já rotineiros. Existe uma seqüência de passos mais ou menos fixa , que deve ser seguida ao se empreender uma análise do trabalho. 1- Selecionar a operação a ser estudada 2- Registrar o método atual 3- Examinar os fatos 4- Desenvolvimento de um novo método 5- Implantação do novo método 6- Acompanhamento do novo método Empowerment O princípio do projeto do trabalho do empowerment consiste em aumentar a autonomia e a autoridade que os indivíduos têm de conformar a natureza do seu trabalho. Envolve mover o processo de tomada de decisões para baixo, para as pessoas que estão fazendo o trabalho sobre o qual a decisão está sendo tomada . Empowerment é usualmente considerado como sendo mais do que autonomia. Considerando que autonomia significa dar ao pessoal a habilidade de mudar como eles fazem seu trabalho, empowerment significa dar autoridade para fazer mudanças no trabalho em si, assim como na forma em que é desempenhado. Envolvimento de sugestão – não é realmente empowerment na sua forma verdadeira, mas dá poder para que as pessoas sugiram melhorias, porém sem autoridade para sugerir mudanças. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 37
  • 38. Envolvimento no trabalho – vai muito mais longe e dá poder ao pessoal dentro de certos limites para que façam modificações no trabalho. Fluxograma de Processo É uma representação gráfica do que ocorre com o material, ou conjunto de materiais durante o processo produtivo. A representação gráfica inclui cinco tipos de eventos, cujos nomes, símbolos e caracterizações são os seguintes: Operação Inspeção Transporte Demora Armazenagem Diagrama Homem-Máquina É uma representação gráfica que envolve um ou mais operadores trabalhando em uma ou mais máquinas. No diagrama é mostrada tanto a atividade isolada do homem e da máquina como as atividades combinadas ou as esperas de um ou de outro. Estudo dos Movimentos O estudo dos movimentos, foi introduzido por Frank Gilbreth (um dos seguidores de Taylor) e visa ao registro e análise dos movimentos do corpo humano durante a realização de uma tarefa. Há dois objetivos básicos nesse estudo: a eliminação de movimentos desnecessários e a busca da melhor seqüência de movimentos para o aumento da produtividade. Ergonomia A ergonomia preocupa-se primariamente com os aspectos fisiológicos do projeto do trabalho, isto é, com o corpo humano e como ele se ajusta ao ambiente. A ergonomia refere-se, portanto às condições em que o trabalho é realizado e como os aspectos fisiológicos do trabalhador são preservados (posicionamento para o trabalho, ruído, iluminação, temperatura, etc.). O trabalho e o local do trabalho devem se adequar ao homem, e não o contrário. Nos trabalhos desenvolvidos manualmente devemos abordar alguns aspectos fundamentais: • Que movimentos o operador realiza? • Qual é a característica do posto de trabalho? • Qual é a característica do ambiente de trabalho? 7.2 Medida do Trabalho É a determinação do intervalo de tempo que uma operação leva para ser completada. Para cada operação será definido um tempo padrão , que é obtido após uma série de considerações tanto sobre o operador como sobre o método de trabalho seguido. Finalidades do estudo dos tempos As principais finalidades são: - Estabelecer padrões para os programas de produção. Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 38
  • 39. - Fornecer dados para a determinação dos custos padrões. - Estimar o custo de um produto novo. - Fornecer dados para o estudo do balanceamento das linhas de produção. Avaliação da velocidade do operador A velocidade V do operador é determinada subjetivamente por parte do cronometrista . À velocidade ou ritmo de trabalho considerado normal é atribuído um valor 100 % e serve como referência . Caso o trabalho seja realizado numa velocidade diferente da referência, será atribuído um valor maior ou menor de acordo com a avaliação do cronometrista. Para que isso ocorra é necessário o treinamento sistemático da equipe de cronometristas. Determinação das tolerâncias Devem ser previstas interrupções no trabalho para que sejam atendidas as denominadas necessidades pessoais e para proporcionar um descanso, aliviando os efeitos da fadiga no trabalho. A tolerância para necessidades pessoais costuma-se considerar um tempo de aproximadamente 5% da jornada de trabalho. A fadiga no trabalho é proveniente não somente do trabalho realizado, mas também da ergonomia no ambiente de trabalho. Excesso de ruído, iluminação insuficiente, condições térmicas inadequadas, cores inadequadas, entre outros, podem gerar fadiga. As tolerâncias concedidas para fadiga geralmente têm um valor entre 10% (trabalho leve em um bom ambiente) e 50% do tempo (trabalho pesado em condições inadequadas). Geralmente, adota-se uma tolerância entre 15% e 20% do tempo para trabalhos normais realizados em um ambiente normal para as empresas industriais. Determinação do Tempo Padrão Para se chegar ao Tempo padrão de uma operação primeiramente devem ser determinados o tempo real e o tempo normal. Tempo real - é aquele que decorre realmente quando é feita uma operação. É obtido por cronometragem direta. Tempo normal - é o tempo requerido para o operador completar sua tarefa com velocidade normal. Entendemos como velocidade ou ritmo normal um trabalhador trabalhando com eficiência de 100%. Passos: 1- Cronometrar o trabalho diversas vezes. 2.Calcular a média das n cronometragens válidas, obtendo-se o tempo real ( TR ) 3- Calcular o tempo normal (TN) TN = TR x V / 100 V – velocidade do operador 4- Calcular o tempo padrão (TP) TP = TN x FT FT – fator de tolerância Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 39
  • 40. FT = 1 + T T – tolerância Exercícios: 1)Uma operação foi cronometrada diversas vezes, obtendo-se um tempo médio de duração de 5,44 min. A velocidade do operador foi estimada em 105%. Determinar: a) o tempo normal b) o tempo padrão, assumindo-se uma tolerância de 15 %. 2) Uma tarefa foi observada várias vezes durante 30 horas. Foram registrados 25horas de trabalho normal e 5 horas de atrasos inevitáveis. Qual o fator de tolerância a ser estabelecido para essa tarefa? 3) Uma empresa permite 5% de descanso e 4% de atrasos pessoais. Qual o tempo padrão para uma atividade que obteve um tempo médio de 3,4 minutos, com velocidade normal de trabalho? 4)Um analista, ao medir os tempos de uma tarefa registrou os valores abaixo (em minutos) . 1,8 1,6 1,7 1,6 1,9 Qual o tempo normal e o tempo padrão sabendo-se que o serviço foi executado com uma velocidade de 110% e assume-se um fator de tolerância de 15 % ? 5) Uma tarefa apresentou os seguintes tempos cronometrados (em minutos): 4,2 3,8 4,0 1,9 3,9 4,2 9,8 4,0 Qual o tempo padrão sabendo-se que a velocidade do operador foi de 120% e a tolerância 25% ? Gestão da Produção e Operações 1 – Professor: Luiz Antonio 40