O documento discute a psicologia da educação e o desenvolvimento humano. Aborda a finalidade da psicologia da educação, como se aplica e como os educadores se relacionam com ela. Também discute fatores do desenvolvimento humano como crescimento orgânico, experiência, interações sociais e mecanismos reguladores.
Psicologia da educação e desenvolvimento humano_aula.pptx
1. Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Programa de Licenciatura em Ciências Agrárias e Biológicas
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO I
DESENVOLVIMENTO HUMANO E
PROCESSOS EDUCACIONAIS
2. Psicologia da educação
Qual a sua finalidade?
A finalidade principal da psicologia da educação é utilizar e aplicar os
conhecimentos, os princípios e os métodos da psicologia para a análise
e o estudo dos fenômenos educativos. A psicologia da educação visa
melhorar as práticas educativas em geral, concretamente a educação
escolar, e elaborar explicações adequadas e úteis para o planejamento e
o desenvolvimento dessas práticas.
(César Coll Salvador, 1999)
3. Psicologia da educação
Como se dá sua aplicação?
A psicologia da educação tem relação com a aplicação da psicologia
aos fenômenos educativos, sendo ela algo mais que um campo de
aplicação, configurando-se como um campo de conhecimento
específico. Acredita-se que a psicologia da educação seja uma
disciplina-ponte entre a educação e a psicologia. Então, assente nessa
perspectiva, falar de psicologia da educação é propor o estudo dos
processos educativos a partir dos instrumentos conceituais e
metodológicos próprios da psicologia.
4. Psicologia da educação
Como o/a educador/a relaciona-se com ela?
A complexidade dos fenômenos educativos é tal que seu estudo, sua
compreensão e sua interpretação exigem a apreciação, simultaneamente
e de forma integrada, das contribuições de diversas disciplinas.
Para além de articular conteúdos específicos de cada disciplina (biologia,
português, física etc.), os professores devem combinar contribuições da
psicologia da educação com o raciocínio filosófico, com a consciência
sociológica, as análises políticas, ambientais, entre outras.
A psicologia da educação, às vezes, proporciona auxílio direto à resolução
de um problema específico enfrentado pelo professor. Em outras ocasiões,
é parte da base para a escolha de metodologias e conhecimentos a serem
trabalhados com os estudantes.
5. Dimensões da psicologia da educação:
- A dimensão teórica ou explicativa: inclui uma sequência de conhecimentos organizados
conceitualmente em relação aos componentes psicológicos dos processos educativos, por
meio dos quais é possível ser obtida uma melhor compreensão e explicação das
características, do desenvolvimento e das consequências desses processos;
- A dimensão projetiva: inclui uma série de conhecimentos de natureza procedimental
sobre o planejamento de processos educativos (por exemplo, atividades de ensino e
aprendizagem, procedimentos de avaliação das aprendizagens, seleção de materiais
didáticos ou do plano de estudo, estratégias de atenção à diversidade etc.) que estão
baseados ou inspirados na análise dos componentes psicológicos presentes;
- A dimensão prática: inclui uma série de conhecimentos orientados à intervenção direta
no desenvolvimento dos processos educativos, seja a partir da perspectiva do exercício da
função docente, seja a partir da perspectiva da intervenção psicopedagógica.
6. O que é desenvolvimento humano?
É um terreno vasto, cuja natureza central é a de DESCOBERTA,
MUDANÇA, NOVAS AQUISIÇÕES, CRESCIMENTO
Diz respeito a nossa vida cotidiana, com questões que vão desde a
aquisição da fala ou do andar, passando pelo processo de aprendizagem
escolar e pelas inquietações da adolescência, até as transformações
biopsicossociais que a vida adulta e a velhice trazem consigo
São mudanças intensas, especialmente nos 20 primeiros anos de vida,
que vão resultando em avanços no plano do pensamento, sentimento,
comportamento etc., para níveis de complexidade cada vez maiores
7. CONTINUIDA
DE
MUDANÇA ETAPAS INTERAÇÕES
CONHECIMEN
TO
AÇÃO
MUDANÇAS UNIVERSAIS: transformações físicas e hormonais que marcam a puberdade
MUDANÇAS SINGULARES: diversidade cultural, social, política e econômica que constitui os
contextos nos quais se desenvolvem os seres humanos
8. REFLEXÃO
Procure lembrar de sua adolescência, destacando as principais características pessoais
que você tinha naquela época:
Quais características se mantêm? O que você deixou para trás?
Quais foram os avanços que teve até hoje, em termos de desenvolvimento pessoal?
Converse com sua/seu colega do lado sobre isso por 3 minutinhos: quais são as
semelhanças e diferenças? Por que elas ocorrem?
9. Concepções de desenvolvimento
(Xavier e Nunes, 2013)
Inatismo: parte do pressuposto de que os eventos ocorridos após o
nascimento não são relevantes para o desenvolvimento. Este seria
influenciado apenas pelas qualidades e capacidades básicas do ser
humano, praticamente prontas, desde o nascimento. Neste sentido,
acredita-se que as crianças e jovens não têm como mudar, pois suas
dificuldades foram herdadas geneticamente
10. Concepções de desenvolvimento
(Xavier e Nunes, 2013)
Empirismo ou ambientalismo: atribui grande poder ao ambiente como
fator interveniente no desenvolvimento humano. A pessoa é vista ao
nascer como uma folha em branco a ser escrita pelo ambiente, ou seja,
como um ser flexível, que desenvolve suas características apenas em função
das condições presentes no meio no qual se encontra. Essa visão do ser
humano como passivo e moldado pelo ambiente tem como consequência
uma definição mecanicista do desenvolvimento e de aprendizagem.
Ainda presente no cenário educacional, está marcada por um ensino
tecnicista, no qual o professor é aquele que detém o conhecimento e o
aluno deve apenas recebê-lo
11. Concepções de desenvolvimento
(Xavier e Nunes, 2013)
Interacionismo: essa perspectiva considera que são múltiplos os fatores
constituintes do desenvolvimento humano, ou seja, entende o sujeito como
ser ativo e interativo no mundo, com diversas influências em sua trajetória.
Por conseguinte, o sujeito é ser que constrói e é construído na permanente
interação dos aspectos biológicos com o meio no qual está inserido.
Tal concepção tem estado presente no âmbito educacional brasileiro, a
partir difusão das ideias de Piaget e Vigotski
12. Continuidade versus descontinuidade no processo evolutivo
A maioria dos teóricos do desenvolvimento está de acordo quanto à continuidade de muitas
mudanças que ocorrem ao longo da vida de modo gradual e tendendo a um aperfeiçoamento.
Contudo, há mudanças descontínuas sobre as quais nem todos têm o mesmo ponto de vista.
Essa descontinuidade no desenvolvimento tem sido chamada de fases ou estágios, indicando que
haveria diferenças qualitativas importantes em determinados períodos do desenvolvimento humano,
seja no aspecto físico, afetivo, cognitivo ou social.
Assim, quando muda de fase, o ser humano passa a pensar, sentir, comportar-se de modo distinto
da fase anterior e com novas aquisições. Para cada fase do desenvolvimento, os teóricos situaram
determinadas faixas-etárias. Contudo, isto não é rígido, imutável. As pessoas, como seres singulares
que são, em contextos diversos, podem passar pelas mesmas fases em idades diversas.
13. Perspectivas teóricas: fases do desenvolvimento
A teoria psicanalítica de Sigmund Freud: o desenvolvimento humano é marcado pela força da libido
que assume várias formas e se localiza em determinadas regiões do corpo, nas quais o sujeito
encontra mais satisfação na medida em que se desenvolve (fases psicossexuais: oral, anal, fálica,
latência e adolescência)
A teoria da recapitulação de Anna Freud: foca na adolescência, que é concebida como um período
de tormenta e contradições
A Psicologia genética de Henri Wallon: foca no estudo da criança, sendo essencialmente o
estudo das fases que vão fazer dela um adulto
Outras, como a perspectiva de Rudolf Steiner e da pedagogia Waldorf: desenvolvimento por
setênios; trimembração (pensar, sentir, querer)
14. Perspectivas teóricas: fases do desenvolvimento
A epistemologia genética de Jean Piaget
A Psicologia histórico-cultural de L. S. Vigotski
A teoria psicossocial de Erik Erikson
15. Fatores do desenvolvimento
Crescimento orgânico e maturação do sistema nervoso e endócrino
• A maturação abre possibilidades novas ao ser humano, sendo condição necessária, mas não
suficiente, para o aparecimento de certas condutas, funções e comportamentos no indivíduo.
Embora não explique todo o desenvolvimento, a maturação desempenha papel fundamental na
ordem fixa dos estágios do desenvolvimento da inteligência.
• A base biológica do funcionamento psicológico humano se assenta no cérebro como órgão
principal do desenvolvimento mental. O cérebro é a base da atividade psíquica que cada indivíduo
traz consigo ao nascer. No entanto, essa base não é imutável, posto que, na permanente
internalização da cultura e interação com o outro, o cérebro humano foi desenvolvendo novas
funções criadas ao longo da história.
• No desenvolvimento humano, os aspectos biológicos presentes fortemente no nascimento vão
gradativamente cedendo lugar à influência dos aspectos sociais. A maturação cerebral nos
processos de desenvolvimento humano, sem a intervenção da cultura, não garante as habilidades
intelectuais mais complexas. Assim, as fronteiras entre os fatores de maturação orgânica e os
sociais são bastante tênues.
16. Fatores do desenvolvimento
O exercício e a experiência
• Para Vigotski, a experiência como fator influente no desenvolvimento se insere em seu conceito
de atividade do indivíduo no mundo, mediado pelos sistemas simbólicos dos quais ele dispõe,
notadamente, pela linguagem. A estrutura humana se constrói em um processo cujas raízes
estão na relação dialética da história individual e social. Apropriando-se das experiências
culturais acumuladas pela humanidade, o indivíduo se constrói como ser humano.
• Wallon também realça a experiência como um dos elementos fundantes do desenvolvimento das
habilidades intelectuais complexas. Uma ideia central de sua teoria é a construção da inteligência
a partir dos atos motores, ou seja, é na ação da criança sobre o mundo físico, que ela vai
constituir o seu pensamento.
17. Fatores do desenvolvimento
As interações e transmissões sociais
• À medida em que a criança se desenvolve cognitivamente, na interação com o meio seu
comportamento é afetado em todas as áreas.
• Assim, a capacidade do indivíduo de julgar o que é certo ou errado, adequado ou inadequado, ético
ou anti-ético, honesto ou desonesto, verdade ou mentira etc, está relacionada diretamente aos
estágios do desenvolvimento do pensamento.
• A internalização das atividades, socialmente e historicamente desenvolvidas, constitui aspecto
característico da espécie humana, culminando na formação dos processos psicológicos superiores.
Esse processo de internalização da cultura é possível graças à mediação dos sistemas simbólicos de
representação do real, cuja a linguagem é o principal sistema. O uso de signos, conduz os seres
humanos a uma estrutura específica de comportamento que se destaca do desenvolvimento
biológico, por exemplo, dos demais animais.
• Cultura e a linguagem fornecem ao pensamento os instrumentos de sua evolução, sendo o
desenvolvimento dependente das condições oferecidas pelo meio e do grau de apropriação que o
sujeito fizer dela. É o ambiente social que vai ajudar a transformar o intenso intercâmbio emocional
característico do primeiro ano de vida, em comunicação verbal.
18. Fatores do desenvolvimento
Mecanismos reguladores
• São mecanismos internos que permitem à nossa mente coordenar e conciliar as contribuições
da maturação, da experiência e da interação social. O organismo, para responder às
perturbações do meio, desenvolve compensações ativas, através de assimilações,
acomodações e adaptações. Essa equilibração funciona como um processo de natureza
auto-reguladora, que permite ao sujeito incorporar, com êxito, aos seus esquemas mentais,
novas experiências, conhecimentos, comportamentos etc.
• Em Vygotsky, o mecanismo coordenador dos demais fatores é o processo de internalização ou
apropriação. Desde o nascimento, as crianças se apropriam da cultura, a partir dos
significados que os adultos atribuem às condutas e a objetos culturais que se formaram ao
longo da história. Através das intervenções constantes dos adultos, os processos psicológicos
complexos começam a se formar. Assim, o desenvolvimento do psiquismo é mediado pelo
outro, que indica, delimita e atribui significados à realidade. Quando internalizadas, as
atividades que antes eram mediadas (interpessoal), passam a constituir-se em um processo
voluntário e independente (atividade intrapessoal).
20. Vigostskii (2000; 2001)
A aprendizagem influencia o desenvolvimento, assim como o desenvolvimento
influencia a aprendizagem
A boa aprendizagem conduz ao desenvolvimento
A aprendizagem influencia as funções psicológicas (memória, atenção, pensamento,
consciência), possibilitando a formação de sistemas funcionais complexos
Quando a criança e o jovem aprendem, eles estão desenvolvendo a tomada de
consciência e a apreensão de diversas funções psíquicas
Relação entre aprendizagem e desenvolvimento humano
21. Bibliografia
COLL, C.; MESTRES, M.M.; GOÑI, J.O.; GALLART, I.S. Psicologia da educação. Porto Alegre:
Artes Médicas Sul, 1999.
XAVIER, A.S.; NUNES, A.I.B.L. Psicologia do desenvolvimento. Brasil, 2013.