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Fundação Armando Álvares Penteado
      Faculdade de Comunicação




        Leandro Carnaúba Lôbo




A ARTE NEOCLÁSSICA E ROMÂNTICA
  Como duas artes tão diferentes coexistiram




                São Paulo
                    2012
Estabeleça uma caracterização e uma
comparação entre o Neoclassicismo e o
Romantismo (com base na bibliografia)
     e exemplificando com o exame de
                obras representativas.
       - 2ª Questão, História da Arte
               Professor André Toral
Na Europa dos séculos XIX e XX, e também na América do Norte, é
possível perceber duas tendências artísticas quase que opostas se
desenvolvendo, principalmente durante a Revolução Francesa e o período de
conquistas napoleônicas. Ambas estão associadas a critérios artísticos e
temas diferentes já que compreendem estudos e retomadas a duas
mitologias, tempos, culturas e espaços diversos. Porém, por serem
movimentos simultâneos que ocupam um espaço comum, mesmo que
predominantes em áreas geográficas diferentes da Europa, acabam por
assumir a mesma ideologia, além da ideia de uma possível unidade cultural e
política, seja nacional ou não.
       Os movimentos a qual nos referimos foram convencionalmente
denominados de Neoclassicismo e Romantismo. O primeiro se apresentou
em maior escala na região mediterrânea da Europa, enquanto o segundo se
desenvolveu melhor no mundo nórdico. As áreas nas quais cada um dos
movimentos se destacou são importantíssimas na hora de compreender suas
características e formas, considerando-se que mesmo na mesma época e
passando pelas mesmas mudanças, cada região reagiu à situação e                   ao
momento de maneiras divergentes, criando espécies de atmosferas
diferentes no Sul e no Norte da Europa.
       Enquanto vemos o Neoclassicismo se formando no espaço meridional
europeu onde temos uma relação mais simples e positiva entre o homem e a
natureza, o Romantismo toma força na região setentrional da Europa cuja
visão da natureza é a de misteriosa e hostil.As principais diferenças entre os
dois movimentos, porém, recaem não na natureza mas sim nos temas
tratados, nas inspirações, no sentimento com o qual o artista vê o mundo e
assim se expressa, nos motivos pelos quais tais sentimentos divergem entre
si, no objetivo da arte, na razão pela qual ela é feita e nos ideais propostos.
O Romantismo se apoia na arte cristã medieval como religião histórica,
retomando a arte Românica e Gótica e se baseando no contexto de
desânimo do qual os jovens artistas faziam parte com a chegada dofim da
era napoleônica, contexto esse que os remetia a um estado de espírito de
isolamento e reflexão do mundo compondo uma ideia de arte como
inspiração, não como uma visão intuitiva do mundo mas uma “renúncia ao
mundo pagão dos sentidos, o pensamento de Deus” (ARGAN, 1992, p. 28).
       O isolamento por parte do artista traz também à tona outros aspectos
da arte romântica como o individualismo e a história vista a partir das
experiências vivida pelo autor de cada obra. O mundo deixa de ser imutável
como era colocado em épocas anteriores e passa a ser visto pelos olhos e
coração dos artistas, adquirindo assim certa subjetividade. Além disso, com a
queda de napoleão, o universalismo imperial antes existente é substituído
pelosentimento nacionalista que acompanha um certo desejo de retomada da
cultura germânica e a independência, e consequente autonomia, das nações.
       Um ótimo exemplo dessa visão, que não a real, que o artista possuía
sobre as coisas a partir de sua inspiração passando para o público aquilo que
sentia, e do forte nacionalismo da época é a obra A Liberdade guia o povo
(1830), de EugèneDelacroix (vide Imagem 1 em anexos) que retrata a
insurreição que acabou com o terror branco na França em 1830 de um ponto
de vista puramente sentimental exaltado pelo artista, já que não é um quadro
histórico, ou seja, não representa um acontecimento real.Não houve mulher
alguma que lutou sobre as barricadas agitando o estandarte tricolor com os
seus seios à mostra, enquanto camponeses e burgueses lutavam juntos pela
liberdade francesa. Isso tudo é a pura visão que Delacroix possuía dos
ocorridos. A mulher apresentada na obra representa a própria Liberdade e ao
mesmo tempo a França exaltando assim a pátria, o nacional que tanto se
idolatrava.




       De maneira oposta ao Romantismo, porém não o excluindo, a arte
neoclássica, igualmente ao movimento Renascentista de séculos anteriores,
retoma a cultura greco-romana da Antiguidade, adotando-a como modelo,
tanto de equilíbrio quanto de proporção. Esse retorno ao clássico se dá em
plena Revolução Francesa, um período de renovação em que se busca uma
mudança, um abandono e condenação de tudo aquilo que é imediatamente
anterior, nesse caso a arte do Barroco e do Rococó.
      Os exageros barrocos são então deixados para trás, desprezando-se a
imaginação, e é então que surge um modelo do ideal. O conceito de um ideal
universal veio acompanhado de um movimento cultural e político conhecido
como Iluminismo e que era contrário ao individualismo romântico. O
universalismo neoclassicista também trazia consigo uma visão da Europa
como um todo, caracterizado talvez pelo Império Napoleônico, o que divergia
do sentimento de pátria característico do Romantismo, além do tecnicismo,
que colocava a existência de uma maneira correta de como se construir a
imagem do ideal.
      A arte neoclássica pode ser vista claramente na obra de Jean Auguste
Dominique Ingres, A Banhista de Valpinçon (1808) (vide Imagem 2 em
anexos) que segue o modelo ideal de beleza e de arte clássica criado na
Antiguidade, um ideal universalista que segue os pretextos do Iluminismo,
através da utilização de uma técnica pré-definida. O quadro, diferentemente
das pinturas do Romantismo, não é subjetivo à visão do artista, é algo que,
mesmo sendo real ou não, já está posto por um modelo.




      O Romantismo e o Neoclassicismo atingiram também as outras artes
como a escultura, a literatura, a poética e em especial a arquitetura. O mundo
que passava não somente pela Revolução Francesa, mas também pela
Revolução Industrial, tinha como característica o artista inserido em um novo
panorama onde se estava presente o moderno, as técnicas industriais, uma
força de criação. Essas mudanças trazem consigo a ideia iluminista de que a
“a natureza não é mais a ordem revelada e imutável da criação, mas o
ambiente da existência humana; não é mais o modelo universal, mas um
estímulo a que cada um reage de modo diferente.”(ARGAN, 1992, p. 12).
      A nova ideia de natureza que surge nesse período leva ao surgimento
da urbanística, inserida nas ideias neoclássicas, que se baseia numa
estilística única da cidade que corresponde à ordem social. O homem passa
então a modificar o espaço a sua volta. Nessa nova ciência da cidade que
trata de criar estruturas sociais públicas, geralmente baseadas em formas
geométricas, ganham destaque os arquitetos Étienne-Louis Boullée,
responsável pelo Projeto de cenotáfio (1780-1800) (vide Imagem 3 em
anexos), e Claude-Nicolas Ledoux, quem elaborou o projeto da conhecida
Casa dos guardas campestres (1780) (vide Imagem 4 em anexos), um posto
de observação com o formato de uma esfera.
      Na perspectiva do Romantismo, a arquitetura se volta para o modelo
Gótico de cunho cristão, caracterizado por estruturas altas e verticais como é
possível observar no Palácio da Câmara dos Comuns e na Torre do
Relógio(1840-1868) (vide Imagem 5 em anexos) situados em Londres e
projetados por Charles Barry e Augustus Pugin, principais arquitetos ingleses
dessa época.




      Uma das principais características da arte durante esse período é a
criação de uma estética, ou seja, uma filosofia da arte, uma ideia de beleza.
Essa beleza no entanto é subjetiva já que o belo romântico é mutável e
depende da visão do artista, daquilo que ele vê e sente; enquanto o belo
neoclassicista é único, universal, imutável e ideal.
       É possível então, chegara a uma conclusão de que a arte assume
papéis diferentes durante a Revolução Francesa, no Império Napoleônico e
após este, se adaptando às novas visões que a sociedade impõe em épocas
e lugares diferentes. É importante lembrar que mesmo sendo o Romantismo
uma arte nórdica e o Neoclassicismo uma arte mediterrânea, eles não
existiram somente nestas regiões. A Europa toda passou por esses
movimentos artísticos em algum momento, seja simultaneamente ou não,
com destaque para a França onde o desenvolvimento da arte desse período
alcançou um patamar de excelência sem igual.
       Podemos dizer que o mundo viveu um período de antítese entre os
séculos XIX e XX pois coexistiam duas vertentes artísticas opostas mas que
ao mesmo templo se complementavam e se assemelhavam de diversas
maneiras. A arte tentou acompanhar o ritmo de mudanças sociais, políticas e
econômicas que ocorriam durante todo esse tempo e talvez seja devido a
isso que se deem tantas diferenças.




                                    Anexos
Imagem 1 – EugèneDelacroix: A Liberdade guia o povo
            (1830); tela, 2,60 x 3,25 m. Paris, Louvre.
Imagem 2 - Dominique Infres: A banhista de Valpinçon
            (1808); tela, 1,46 x 0,97 m. Paris, Louvre.
Imagem 3 – Étienne-Louis Boullée: Projeto de cenotáfio
                            (1780-1800); gravura, 0,30 x 0,63 m.
                                   Paris, BibliothèqueNationale.




Imagem 4 – Claude-Nicolas Ledoux: Casa dos guardas campestres
                                 Em Maupertuis (1780); gravura.
                                   Paris, BibliothèqueNationale.
Imagem 5 – Charles Barry e Auguste Pugin: Palácio da
             Câmara dos Comuns e Torre do Relógio
                              (1840-68) em Londres.
Bibliografia


ARGAN, G. C. Arte moderna:Clássico e Romântico. São Paulo: Cia das
Letras, 1992.Edição de 2008. p. 11-71

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A arte Neoclássica e Romântica: características e comparação

  • 1. Fundação Armando Álvares Penteado Faculdade de Comunicação Leandro Carnaúba Lôbo A ARTE NEOCLÁSSICA E ROMÂNTICA Como duas artes tão diferentes coexistiram São Paulo 2012
  • 2. Estabeleça uma caracterização e uma comparação entre o Neoclassicismo e o Romantismo (com base na bibliografia) e exemplificando com o exame de obras representativas. - 2ª Questão, História da Arte Professor André Toral
  • 3. Na Europa dos séculos XIX e XX, e também na América do Norte, é possível perceber duas tendências artísticas quase que opostas se desenvolvendo, principalmente durante a Revolução Francesa e o período de conquistas napoleônicas. Ambas estão associadas a critérios artísticos e temas diferentes já que compreendem estudos e retomadas a duas mitologias, tempos, culturas e espaços diversos. Porém, por serem movimentos simultâneos que ocupam um espaço comum, mesmo que predominantes em áreas geográficas diferentes da Europa, acabam por assumir a mesma ideologia, além da ideia de uma possível unidade cultural e política, seja nacional ou não. Os movimentos a qual nos referimos foram convencionalmente denominados de Neoclassicismo e Romantismo. O primeiro se apresentou em maior escala na região mediterrânea da Europa, enquanto o segundo se desenvolveu melhor no mundo nórdico. As áreas nas quais cada um dos movimentos se destacou são importantíssimas na hora de compreender suas características e formas, considerando-se que mesmo na mesma época e passando pelas mesmas mudanças, cada região reagiu à situação e ao momento de maneiras divergentes, criando espécies de atmosferas diferentes no Sul e no Norte da Europa. Enquanto vemos o Neoclassicismo se formando no espaço meridional europeu onde temos uma relação mais simples e positiva entre o homem e a natureza, o Romantismo toma força na região setentrional da Europa cuja visão da natureza é a de misteriosa e hostil.As principais diferenças entre os dois movimentos, porém, recaem não na natureza mas sim nos temas tratados, nas inspirações, no sentimento com o qual o artista vê o mundo e assim se expressa, nos motivos pelos quais tais sentimentos divergem entre si, no objetivo da arte, na razão pela qual ela é feita e nos ideais propostos.
  • 4. O Romantismo se apoia na arte cristã medieval como religião histórica, retomando a arte Românica e Gótica e se baseando no contexto de desânimo do qual os jovens artistas faziam parte com a chegada dofim da era napoleônica, contexto esse que os remetia a um estado de espírito de isolamento e reflexão do mundo compondo uma ideia de arte como inspiração, não como uma visão intuitiva do mundo mas uma “renúncia ao mundo pagão dos sentidos, o pensamento de Deus” (ARGAN, 1992, p. 28). O isolamento por parte do artista traz também à tona outros aspectos da arte romântica como o individualismo e a história vista a partir das experiências vivida pelo autor de cada obra. O mundo deixa de ser imutável como era colocado em épocas anteriores e passa a ser visto pelos olhos e coração dos artistas, adquirindo assim certa subjetividade. Além disso, com a queda de napoleão, o universalismo imperial antes existente é substituído pelosentimento nacionalista que acompanha um certo desejo de retomada da cultura germânica e a independência, e consequente autonomia, das nações. Um ótimo exemplo dessa visão, que não a real, que o artista possuía sobre as coisas a partir de sua inspiração passando para o público aquilo que sentia, e do forte nacionalismo da época é a obra A Liberdade guia o povo (1830), de EugèneDelacroix (vide Imagem 1 em anexos) que retrata a insurreição que acabou com o terror branco na França em 1830 de um ponto de vista puramente sentimental exaltado pelo artista, já que não é um quadro histórico, ou seja, não representa um acontecimento real.Não houve mulher alguma que lutou sobre as barricadas agitando o estandarte tricolor com os seus seios à mostra, enquanto camponeses e burgueses lutavam juntos pela liberdade francesa. Isso tudo é a pura visão que Delacroix possuía dos ocorridos. A mulher apresentada na obra representa a própria Liberdade e ao mesmo tempo a França exaltando assim a pátria, o nacional que tanto se idolatrava. De maneira oposta ao Romantismo, porém não o excluindo, a arte neoclássica, igualmente ao movimento Renascentista de séculos anteriores,
  • 5. retoma a cultura greco-romana da Antiguidade, adotando-a como modelo, tanto de equilíbrio quanto de proporção. Esse retorno ao clássico se dá em plena Revolução Francesa, um período de renovação em que se busca uma mudança, um abandono e condenação de tudo aquilo que é imediatamente anterior, nesse caso a arte do Barroco e do Rococó. Os exageros barrocos são então deixados para trás, desprezando-se a imaginação, e é então que surge um modelo do ideal. O conceito de um ideal universal veio acompanhado de um movimento cultural e político conhecido como Iluminismo e que era contrário ao individualismo romântico. O universalismo neoclassicista também trazia consigo uma visão da Europa como um todo, caracterizado talvez pelo Império Napoleônico, o que divergia do sentimento de pátria característico do Romantismo, além do tecnicismo, que colocava a existência de uma maneira correta de como se construir a imagem do ideal. A arte neoclássica pode ser vista claramente na obra de Jean Auguste Dominique Ingres, A Banhista de Valpinçon (1808) (vide Imagem 2 em anexos) que segue o modelo ideal de beleza e de arte clássica criado na Antiguidade, um ideal universalista que segue os pretextos do Iluminismo, através da utilização de uma técnica pré-definida. O quadro, diferentemente das pinturas do Romantismo, não é subjetivo à visão do artista, é algo que, mesmo sendo real ou não, já está posto por um modelo. O Romantismo e o Neoclassicismo atingiram também as outras artes como a escultura, a literatura, a poética e em especial a arquitetura. O mundo
  • 6. que passava não somente pela Revolução Francesa, mas também pela Revolução Industrial, tinha como característica o artista inserido em um novo panorama onde se estava presente o moderno, as técnicas industriais, uma força de criação. Essas mudanças trazem consigo a ideia iluminista de que a “a natureza não é mais a ordem revelada e imutável da criação, mas o ambiente da existência humana; não é mais o modelo universal, mas um estímulo a que cada um reage de modo diferente.”(ARGAN, 1992, p. 12). A nova ideia de natureza que surge nesse período leva ao surgimento da urbanística, inserida nas ideias neoclássicas, que se baseia numa estilística única da cidade que corresponde à ordem social. O homem passa então a modificar o espaço a sua volta. Nessa nova ciência da cidade que trata de criar estruturas sociais públicas, geralmente baseadas em formas geométricas, ganham destaque os arquitetos Étienne-Louis Boullée, responsável pelo Projeto de cenotáfio (1780-1800) (vide Imagem 3 em anexos), e Claude-Nicolas Ledoux, quem elaborou o projeto da conhecida Casa dos guardas campestres (1780) (vide Imagem 4 em anexos), um posto de observação com o formato de uma esfera. Na perspectiva do Romantismo, a arquitetura se volta para o modelo Gótico de cunho cristão, caracterizado por estruturas altas e verticais como é possível observar no Palácio da Câmara dos Comuns e na Torre do Relógio(1840-1868) (vide Imagem 5 em anexos) situados em Londres e projetados por Charles Barry e Augustus Pugin, principais arquitetos ingleses dessa época. Uma das principais características da arte durante esse período é a criação de uma estética, ou seja, uma filosofia da arte, uma ideia de beleza.
  • 7. Essa beleza no entanto é subjetiva já que o belo romântico é mutável e depende da visão do artista, daquilo que ele vê e sente; enquanto o belo neoclassicista é único, universal, imutável e ideal. É possível então, chegara a uma conclusão de que a arte assume papéis diferentes durante a Revolução Francesa, no Império Napoleônico e após este, se adaptando às novas visões que a sociedade impõe em épocas e lugares diferentes. É importante lembrar que mesmo sendo o Romantismo uma arte nórdica e o Neoclassicismo uma arte mediterrânea, eles não existiram somente nestas regiões. A Europa toda passou por esses movimentos artísticos em algum momento, seja simultaneamente ou não, com destaque para a França onde o desenvolvimento da arte desse período alcançou um patamar de excelência sem igual. Podemos dizer que o mundo viveu um período de antítese entre os séculos XIX e XX pois coexistiam duas vertentes artísticas opostas mas que ao mesmo templo se complementavam e se assemelhavam de diversas maneiras. A arte tentou acompanhar o ritmo de mudanças sociais, políticas e econômicas que ocorriam durante todo esse tempo e talvez seja devido a isso que se deem tantas diferenças. Anexos
  • 8. Imagem 1 – EugèneDelacroix: A Liberdade guia o povo (1830); tela, 2,60 x 3,25 m. Paris, Louvre.
  • 9. Imagem 2 - Dominique Infres: A banhista de Valpinçon (1808); tela, 1,46 x 0,97 m. Paris, Louvre.
  • 10. Imagem 3 – Étienne-Louis Boullée: Projeto de cenotáfio (1780-1800); gravura, 0,30 x 0,63 m. Paris, BibliothèqueNationale. Imagem 4 – Claude-Nicolas Ledoux: Casa dos guardas campestres Em Maupertuis (1780); gravura. Paris, BibliothèqueNationale.
  • 11. Imagem 5 – Charles Barry e Auguste Pugin: Palácio da Câmara dos Comuns e Torre do Relógio (1840-68) em Londres.
  • 12. Bibliografia ARGAN, G. C. Arte moderna:Clássico e Romântico. São Paulo: Cia das Letras, 1992.Edição de 2008. p. 11-71