Este documento discute as mudanças nos suportes da leitura ao longo do tempo, desde os rolos de papiro até os textos digitais. A passagem da leitura oral para a silenciosa foi um processo gradual que privatizou a prática da leitura. As revoluções na reprodução de textos, como a invenção da imprensa, democratizaram o acesso ao conhecimento, porém encontravam resistência inicial. Novas tecnologias como a internet trouxeram novos desafios para a educação e a leitura.
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
DOS ROLOS E CÓDICES AOS TEXTOS DIGITAIS: MUDANÇAS E DESAFIOS NAS PRÁTICAS DA LEITURA
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DOS ROLOS E CÓDICES AOS TEXTOS DIGITAIS: MUDANÇAS E
DESAFIOS NAS PRÁTICAS DA LEITURA
Locimar Massalai1
Resumo
Falar de livros e leitura é aventurar-se em um mundo de conflitos, contradições e
poderes. É falar também das interdições que permearam a relação entre o homem, a
leitura e a escrita ao longo do tempo. Muitos pesquisadores procuraram desvelar os
meandros desta relação. O objetivo deste texto é discutir as mudanças nos suportes da
leitura ao longo do tempo e as conseqüências advindas dessas mudanças tomando como
base os escritos de alguns autores. Em CHARTIER, (1993, 2007, 2009) faremos uma
retomada das revoluções pelas quais passou a leitura e de como estas marcaram a forma
de aquisição dos textos manuscritos ou impressos; em ABREU (2001), modalidades de
leituras; em DARNTON (2010) seu apreço pelo impresso a defesa da democratização
do conhecimento digitalizado e em SILVA (2008), novos gêneros de leitura e seus
desafios para a educação escolar. Cada um a sua maneira vai contar um pouco da
epopéia da palavra escrita, suas mudanças e desafios impostos por elas.
Palavras-chave: Conhecimento. História da Leitura. Novas Tecnologias.
INTRODUÇÃO
As discussões acerca de livros e leituras não são novas e acreditamos que autor
algum vai dissecá-las. Talvez o significativo deste texto seja seu arranjo a partir dos
autores que escolhemos e dos seus arrazoados que nos marcaram.
Acreditamos que a história da leitura é um dos capítulos fascinantes da história
da humanidade e refletir sobre suas revoluções é um propósito que deve ser
contextualizado e interdisciplinar. Revoluções que provocaram mudanças, tão bem
pontuadas por Darnton (2010, p. 41) quando as sintetiza dizendo que,
[...] Da escrita ao códice foram 4300 anos; do códice aos tipos móveis,
1150 anos; dos tipos móveis à internet, 524 anos; da internet aos
1 Orientador Educacional em Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio e Mestrando do Programa
de Pós-graduação de Psicologia da Universidade Federal de Rondônia. E-mail: locimassalai@gmail.com
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buscadores, dezessete anos; dos buscadores ao algoritmo de relevância
do Google, sete anos; e quem pode imaginar o que está por vir no
futuro próximo?
Fantástica provocação deixada pelo autor quando hoje se fala tanto da
revolução do texto eletrônico. Porém é verdade que a história do livro já viu e passou
por outras mudanças. O leitor menos especializado, isto é, sem uma formação específica
na área da história da leitura ou o público em geral, aquele que dificilmente lê algo
específico sobre como se construiu a história do livro, quando pega um livro nas mãos,
talvez nem imagina que este veio transformando-se ao longo da história, mas que estas
transformações não aconteceram de uma hora para outra. E para corroborar este
argumento, vamos ao exercício e tentar nos colocar no espaço da cena relatada abaixo
por Chartier (1993, p. 24) falando da relação do leitor com o suporte da leitura,
A leitura antiga é leitura de uma forma de livro que não tem nada de
semelhante com o livro tal qual o conhecemos, tal como conhecia Gutenberg
e tal como conheciam os homens da idade média. Este livro é um rolo, uma
longa faixa de papiro ou duas mãos para poder desenrolá-la. Ele faz aparecer
trechos distribuídos em colunas. Assim, um autor não pode escrever ao
mesmo tempo em que lê. Ou bem ele lê e suas duas mãos estão mobilizadas
para segurar o rolo, neste caso, ele só pode ditar a umescriba suas reflexões,
notas, ou aquilo que lhe inspira a leitura. Ou bem ele escreve durante sua
leitura, mas então ele necessariamente fechou o rolo e não lê mais. Imaginar
Platão, Aristóteles ou Tito Lívio como autores supõe imaginá-los como
leitores de rolos que impõem suas próprias limitações. Isto supõe imaginá-los
também, ditando seus textos e dando uma importância à voz infinitamente
maior que o autor dos tempos posteriores, que, no retiro de seu gabinete,
pode escrever ao mesmo tempo em que lê, consultar e comparar as obras
abertas diante de si.
Aparecem na citação acima, de forma clara as dificuldades deste leitor com o
texto. Dificuldades que são inerentes a cada suporte de leitura, desde os rolos até os e-
books e os textos digitais.
A revolução de Gutenberg provocou profunda mudança na relação homem-livro.
Dos textos copiados à mão a nova técnica baseada nos tipos móveis e na prensa
transformou a relação do homem com a cultura escrita. Barateou-se o custo do livro e as
tiragens aumentaram. Mas o formato do livro como o temos hoje permanece bastante
inalterado ao longo dos séculos, como por exemplo, paginação, numerações, índices e
sumários.
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O processo da cópia para a impressão foi acontecendo lentamente. Esta
constatação encontra sustentação em Chartier (2009, p. 09) quando pondera que, “há
uma continuidade muito forte na relação entre a cultura do manuscrito e a cultura do
impresso, embora durante muito tempo se tenha acreditado numa ruptura total entre
uma e outra”. A causa desta resistência, consiste no fato de que nem sempre as editoras
da época respeitavam os textos dos autores. Para explicar esta relação Chartier (2007),
toma como exemplo as peças teatrais; seus autores diziam que se elas fossem impressas
haveriam de perder seu poder de vivacidade, pois tinham como destino primeiro serem
ouvidas, vistas e encenadas. Ou como explica em outro texto, que a resistência em
imprimir peças teatrais era comum em toda a Europa do começo da época moderna.
As fórmulas retóricas presentes nos prólogos e nas advertências ao leitor
multiplicam esta manifestação de estigma ao impresso. (Chartier, 2002). Esta resistência
ao impresso era justificada porque as obras seriam abandonadas nas mãos de operários
considerados ignorantes que introduziam muitos erros no texto. No entanto, o impresso
foi ganhando terreno e se estabelecendo, pois leitura tornou-se a única maneira de
atingir a plena compreensão da perfeição estética exigida pelos autores das peças
teatrais.
O historiador cita ainda o caso de dissidentes soviéticos no século XX que
optaram pelos textos manuscritos como forma de resistência, pois de modo geral
“persistia uma forte suspeita diante do impresso, que supostamente romperia a
familiaridade entre o autor e seus leitores e corromperia a correção dos textos,
colocando-os em mãos mecânicas e nas práticas do comércio”. (Chartier, 2009, p.09)
A luta entre o manuscrito, seus valores e visões de mundo nele embutidas e a
cultura do impresso como comércio que ia se estabelecendo progressivamente. Desta
forma, Chartier (2007) relativiza o poder da imprensa sobre a história da leitura e diz
que aconteceram “revoluções múltiplas” da leitura como um longo processo das práticas
orais para uma leitura visual e silenciosa e vai apontando os momentos de rupturas entre
uma prática e outra. E de como uma história da leitura e dos leitores, entendendo aqui
neste contexto, leitura como apropriação do texto, foi sendo transformado pelos
indivíduos em algo que possibilitava sentido com o mundo onde estava inserido. A
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mudança no suporte do livro teve uma contribuição muito grande para que isto
acontecesse.
MUDANÇAS NO TEMPO E NOS SUPORTES
Existem múltiplas relações entre a escrita e a oralidade: as formas da
transmissão oral dos textos particularmente no palco do teatro e os indícios deixados
pelas representações nas obras teatrais e suas constantes reconstruções a partir do
contato destas com os vários sujeitos que as manipulam e finalmente a história dos
modos de ler, principalmente a leitura em voz alta. Esta prática constitui uma das mais
importantes formas de circulação e de apropriação de textos teatrais na época moderna.
A leitura em voz alta era vista, como um meio de ler que fundava e
alimentava as relações de sociabilidade, mas também como uma prática que
impossibilitava o investimento completo da sensibilidade do texto lido. Havia
ai a inversão de uma imagem mais antiga que concebia a leitura em voz alta,
realizada em grupo, como uma proteção indispensável contra as perigosas
seduções provocadas pelos textos de ficção quando lidos silenciosa e
solitariamente. (CHARTIER, 2002, p.08)
Esta visão da leitura silenciosa como perigo foi relativamente suplantada no
século XVII por Diderot quando defende a leitura silenciosa como uma possibilidade de
entrar em contato íntimo e silencioso com as obras. Neste conflito entre a leitura em voz
alta e a silenciosa, que se transformava como uma experiência corpórea, as expectativas
dos leitores e suas práticas tiveram um papel fundamental no processo de transformação
da escrita e todo seu universo inaugurando novos gestos de leitura.
A capacidade de ler provocou novas práticas de leitura entre os séculos XVI e
XVIII na Europa, principalmente. A mudança mais significativa que podemos assinalar
foi a passagem de uma prática de leitura oral, coletiva e vigiada, para uma leitura feita
na intimidade que permitia reflexão solitária e tudo o que dela advêm. Este processo,
chamado por Chartier (1993) de “privatização” da prática da leitura é
incontestavelmente uma das principais transformações culturais da modernidade. A
leitura solitária, individual, permitiu ao leitor fugir do controle da comunidade
tornando-a mais rápida, fácil e interiorizada. “Ler sozinho, em silêncio, em segredo,
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propicia audácias inéditas: daí no final da Idade Média, na época do manuscrito, a
circulação de textos heréticos, a expressão de idéias críticas e o sucesso dos livros
eróticos” (CHARTIER, 1993, p. 128). E falando de livros de livros eróticos ou
pornográficos, Goulemot (2000) defende a idéia de se levar mais a sério a literatura
pornográfica, porque ela representa aquilo que chama de modelo oculto de toda
literatura narrativa.
É salutar relativizar aqui, quando falamos deste processo aproximação de
individualização da leitura. Ainda era uma leitura para poucos, reservada para alguns
virtuoses da escrita. A partir da análise de inventários pessoais do século XVI,
percebeu-se uma presença maior de livros na relação dos bens inventariados. Porém, “a
hierarquia de sua presença mantêm-se estável: são possuidores de livros nove entre dez
clérigos, três entre quatro profissionais liberais, um entre dois nobres, um entre três
comerciantes e apenas um trabalhador braçal entre dez.” (CHARTIER, 1993, p.129). A
posse do livro, fala da estratificação de uma sociedade e mostra que é possível
compreender tempos e espaços de determinadas comunidades humanas a partir do
resgate da evolução do escrito e seus suportes.
Por exemplo, pesquisas demonstraram que a posse privada do livro aumentou
progressivamente na Europa e América nos séculos XVI e XVIII, mas em maior volume
nas cidades protestantes pelo viés da leitura religiosa marcando uma cultura baseada nas
leituras dos textos bíblicos. Saber ler nesta cultura era natural, pois a criança crescia
ouvindo leituras orais dos textos bíblicos pelos mais velhos e iam a partir dessa
dinâmica, se familiarizando com os sons das palavras e desta forma, alfabetizando-se.
Guardando as devidas proporções e relativizando tempos e espaços, Sarita (1994), fala
de semelhante apropriação dos textos escritos, só que no caso, pelas crianças e
adolescentes escravos no século XIX que ao ouvirem de seus amos e senhores,
recitações de ladainhas, cânticos e outras leituras religiosas iam se familiarizando com a
leitura causando estranhamento nos senhores, quando constatavam escravos letrados e
alfabetizados.
Vale destacar Sarita (1994, p.209) porque justifica nossa fala quando
defendemos a compreensão da história via aquisição da leitura pela oralidade e pela
escrita:
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Por meio da cantiga, da brincadeira de reproduzir a soletração, busca a
identificação dos sinais, das letras, do texto que, dificilmente, chega-lhe às
mãos. Sem se poder quantificá-las, essas formas de interação com a escrita
sugerem a diversidade de apropriações de significados da leitura e da escrita
que, pouco a pouco, incorporam-se na orientação para um determinado tipo
de leitura, na continuidade de práticas de leitura em voz alta. Dessas práticas
de leitura, religiosas e didáticas, estruturadas na moral e na educação,
ensinadas como boa conduta, advêm um léxico e uma sintaxe, característicos
desse universo.
Tanto para uma situação quanto para outra, os textos que não entravam no
cânone ou no índex do que era permitido tornavam-se interditados e vistos como
perigosos para a mente e para a meditação. Os livros permitidos eram a bíblia, livros de
prece e de cantos e orientação para a moralidade e os bons costumes. As leituras destes
textos construíam subjetividades, forneciam referências e maneiras de organizar a vida
seja ela individual ou comunitária. Davam sentido para aquele mundo e suas
expectativas.
Abreu (2001) nos apresenta a leitura como uma construção sócio-
histórica, com seus altos e baixos, contextualizando-os sempre. Conta-nos que a
passagem da leitura oral para a silenciosa como práticas sociais não se deu de uma hora
para outra e que no século XIX ler oralmente era uma das formas de entretenimento nos
meios urbanos e dos operários. Esta prática aos poucos foi sendo restringida nas igrejas,
nos tribunais e nas escolas para verificar a qualidade da leitura silenciosa que era objeto
final da aprendizagem. Sendo assim, “a leitura tomava parte em um conjunto de práticas
culturais que passavam pelo livro: a escuta dos textos, sua memorização, o
reconhecimento, nas letras impressas no papel, no texto repetidas vezes ouvido, sua
recitação para si ou para um grupo”. (ABREU, 2001, p. 02).
A autora nos mostra que as maneiras de conceber a relação com os materiais
impressos, têm uma história, e que
Até há alguns anos atrás não se imaginava que as formas de ler pudessemter
se alterado desde que o homeminventou maneiras de registrar conteúdos por
escrito e formas de decifrá-los. Imaginava-se que a leitura sempre se fizera
como supomos que ela hoje se faz, em silêncio e solitariamente, de modo a
favorecer a concentração e o recolhimento. Supunha-se que, em todas as
épocas, ler implicava pensar sobre textos e interpretá-los, exigindo
habilidades superiores à capacidade para decifrar os sinais gráficos da escrita.
Acreditava-se que o contato com os livros foi sempre valorizado por
favorecer o espírito crítico, tornando o leitor uma pessoa melhor por meio do
contato com experiências e idéias registradas por escrito. (ABREU, 2001, p.
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E por falar em interdições da leitura, Abreu (2001) aponta que a leitura já foi
considerada como um veneno para a saúde espiritual e física das pessoas. Hoje soaria
absurdo alguém declarar ou afirmar que a leitura possa ser prejudicial a alguém. Abreu
relata em seu texto Diferentes formas de ler, que “na segunda metade do século XVIII,
o médico suíço Tissot escreveu um livro intitulado A Saúde dos Homens de Letras em
que apresentava os perigos que a leitura oferecia para a saúde. Ele explicava que o
esforço continuado de intelecção de um texto prejudicaria os olhos, o cérebro, os nervos
e o estômago”. Em tempos de tantas propagandas e projeto de incentivos à leitura soaria
estranho alguém declarar ou afirmar que a leitura possa ser prejudicial a alguém. Em
tempos de fomento à leitura esclarece que
É relativamente recente também a idéia de que o bom leitor é o que lê muitos
e variados textos. Durante séculos a quantidade de impressos disponível era
pequena, seu preço, elevado, e o livro, muitas vezes, sacralizado - mesmo que
não tratasse de tema religioso. O bom leitor era aquele que lia pouco, relia
com freqüência e meditava muito sobre os escritos. Ler muito poderia ser
visto como um problema - até mesmo para a saúde. (ABREU, 2001, p.02)
A solução para a leitura como problema de saúde era ler pouco e realizar muitos
exercícios físicos para que o corpo ficasse ocupado e a mente também fazendo jus ao
ditado latino 2mens sana in corpore sano.
Chartier (2002, p. 107) no seu livro “do palco à página” fala que no século
XVIII o discurso sobre os perigos da leitura,
[...] que se medicalizava através da construção de uma patologia do excesso
de leitura, considerado como uma doença individual ou como uma epidemia.
Por um lado, a leitura sem controle era vista como perigosa, pois ela
associava a mobilidade do corpo e o estímulo da imaginação. Assim, ela
acaba por causar os piores males: a obstrução do estômago e dos intestinos, a
desordem dos nervos e o esgotamento do corpo. Os profissionais da leitura,
isto é, os letrados, são os mais vulneráveis a estas disfunções.
E quando se trata de leitura de romances, o cuidado teria que ser redobrado,
principalmente para mulheres e moças, pois eles eram vistos como prejudicial para a
formação da moralidade e do caráter. “O perigo atinge seu ápice quando a leitura é
leitura de romance, e o leitor, uma leitora, retirada na solidão”. (CHARTIER, 2002, p.
2 Uma mente sã em um corpo são.
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108). Acreditava-se que a prática da leitura de romances levava as mulheres e moças a
ter contato com cenas e situações reprováveis, pecaminosas, isto é, a leitura dos
romances as fazia imaginar tais cenas. “Também perigoso era o impulso de imaginar-se
no lugar dos personagens envolvidos em situações criminosas: supor-se no lugar de uma
adúltera era quase tão grave quanto praticar o adultério.” (ABREU, 2001, p. 03). Isto
nos lembra de uma passagem do livro Stevenson sob as palmeiras escrito por Manguel
(2000, p.28-29) que nos conta do tempo em que o escritor escocês Robert Louis
Stevenson viveu em Samoa para cuidar de sua tuberculose e os contrastes entre a vida
do novo e do velho mundo. A passagem que citaremos abaixo relata como a inserção
nesta nova cultura muda sua visão de mundo provocando novas maneiras de escrever e
de como ele é interditado e cerceado por isso. Mas antes vamos acompanhar a descrição
da casa:
Stevenson habita uma casa em que móveis e objetos reproduzemo bem-estar
britânico. Os livros se distribuem pelas estantes; dão à paisagemdoméstica a
intimidade própria de uma casa onde há leitores. Aquela é também a casa de
um escritor. Em seu escritório, sentado à escrivaninha, molha a pena no
tinteiro de prata e pode preencher folhas e folhas sem rasuras: o mundo
inteiro está em silêncio; o escritor ouve o que deseja sua imaginação. (orelha
do livro)
Agora vamos relatar a reprimenda da esposa diante do que considera uma
indecência e uma imoralidade.
[...] Fanny estava sentada na poltrona de couro, o manuscrito no colo. “O que
achou”, perguntou ele. Fanny esperou um momento antes de responder.
Então disse: ‘É horrível. É grosseiro. É indecente. A história que você estava
escrevendo era sinistra mas poderosa, e estava se tornando uma obra-prima.
Isto aqui é pior do que sensacionalismo. E é totalmente impróprio para um
romance”. Impróprio para um romance?” “Eu preferiria que você nem tivesse
se permitido sonhar comtais coisas. Isso é veneno.” Stevenson ficou furioso.
Sentia as faces avermelharem-se de raiva, e sem dizer palavra arrancou-lhe as
páginas das mãos. (...) Leu por alguns momentos, como se apalermado. Então
foi até a lareira, jogou o manuscrito sobre as pedras e riscou o fósforo. Fanny
permanecia imóvel. Foi até lá, ajoelhou-se ao lado dela e pôs a cabeça emseu
colo. “Você tem razão. Perdi-me completamente da história. Fui
desencaminhado, não sei como. Você me perdoa?” Ela corria os dedos pelo
seu cabelo. Nem ele nem ela jamais voltaram a falar sobre aquelas páginas.
“Escrevi fábulas morais”, disse Stevenson ao senhor Baker quando
novamente se encontraram. (MANGUEL, 2000, p. 28-9).
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Qual seria o teor daquelas páginas que teriam deixado a mulher tão alterada? E
porque jamais voltaram a falar sobre elas? Foram verdadeiramente interditadas. Para se
precaver dos efeitos nocivos chegou-se a cogitar uma lei na França e também no
México.
A partir do refletido podemos perceber que a prática da leitura, incluindo seus
locais e suportes mudam ao longo do tempo. Abreu (2001) defende a idéia de que a
concepção que ainda hoje se tem da leitura é herança das idéias dos Oitocentos e
Novecentos onde os livros eram apresentados como adorno demonstrando a classe
social e a posição na sociedade daqueles que os possuíam. O livro era então um sinal
exterior que demonstrava sucesso: boas casas, belos vestidos, ambientes confortáveis e
livros. E ainda assim, com distinções definidas de leituras para homens e mulheres. Para
eles, leituras de instrução e livros técnicos; para elas, leituras de entretenimento. E
afirma que a leitura como ato prazeroso e que evidencia prestígio persiste no imaginário
coletivo das pessoas. Cita uma pesquisa feita em duzentas páginas de sites pessoais que
continham imagem de leituras e foi possível perceber que ler aparece como algo
prazeroso dentro de locais harmônicos e tranqüilos. Abreu (2001) aponta uma causa
para isto dizendo que pessoas que elaboram páginas pessoais na internet convidam-nos
a exercitar nosso voyeurismo. [...] “Acreditam que sua vida privada é tão interessante ou
exemplar que vale a pena mostrá-la. E ao construir uma imagem positiva de si, recorrem
com freqüência, aos livros e à leitura”. (ABREU, 2001, p. 06).
Esta situação apontada e constatada por Abreu (2001) nos ajuda entender as
práticas de leitura no mundo contemporâneo. Aquelas que temos e as que queremos
promover nas Escolas de Educação Básica, por exemplo, e nos cursos de formação de
professores.
A LEITURA E O LIVRO EM TEMPOS DIGITAIS
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Podemos dizer que a explosão das formas eletrônicas de comunicação é “tão
revolucionária quanto a invenção da impressão com os tipos móveis. Estamos com
tendo tanta dificuldade em assimilá-la quanto os leitores do século XV ao se
confrontarem com textos impressos.” (DARNTON, 2010, p. 14).
Muito já se falou sobre o fim do livro impresso como suporte para a leitura, em
tempos de leituras digitais e textos eletrônicos. O resgate histórico que fizemos acima
nos impele a dizer que isto não é verdade e autores como Chartier, (2009), Darnton
(2010) com sua explicita paixão e coerente defesa do impresso e Silva (2008) nos
ajudarão a esclarecer este discurso e trazer elementos para entender o processo de
transição, mudança e convivência entre o impresso e o eletrônico por um bom tempo
ainda. Os três escritores refletem sobre a transformação histórica dos livros e discutem
cada um à sua maneira, o papel da internet e do mundo digital como novas formas de se
praticar a leitura e a escrita.
Nenhum dos autores citados acima se opõe ao livro impresso ou defendem o
texto eletrônico acriticamente como panacéia para a suposta crise de leitura. Daí a razão
de nossa escolha.
É salutar lembrar que nenhuma mudança acontece abruptamente substituindo a
outra como num passe de mágica. Neste sentido, Silva (2008, p. 15) chama atenção
quando afirma que “ainda que os suportes impressos e digitais dos textos sofram
alterações profundas em termos de configuração, nenhum deles chegará a desaparecer,
mesmo porque cada qual dinamiza práticas culturais específicas surgidas de
necessidades diferenciadas nas sociedades do mundo contemporâneo”.
É inegável a riqueza presente nas novas maneiras e práticas de leitura e aqui
estamos falando especificamente dos textos eletrônicos e leituras digitais. Ao se falar de
leituras e livros não se pode prescindir de tais práticas. No entanto não podemos deixar
de apontar os desafios presentes do mundo digital, e um deles é o que Silva (2008)
chama de analfabetismo digital e o que Chartier (2001) chama de exclusão do acesso ao
mundo eletrônico, que seria uma divisão profunda dentro das sociedades. Seria a
tradução da desigualdade no desenvolvimento socioeconômico. Daí a idéia de um novo
analfabetismo, que definiria pessoas capazes de escrever e de ler, mas sem acesso a tudo
que existe por meio dessa nova forma tecnológica.
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Para falar destes e outros precisamos dizer que num país com tantas
desigualdades sociais como é o caso do Brasil é preciso olhar para (2008) utiliza
belamente a metáfora dos “oceanos informacionais da internet” que vão sofrendo
restrições conforme as classes sociais e a região onde o indivíduo vive. E a partir destas
contingências, os oceanos vão sendo transformados em rios, filetes de água até chegar à
ausência total dela.
Os desafios apontados acima nos remetem a necessidade de discutir os novos
suportes de leituras via formatos eletrônicos a partir da dimensão da cidadania. Ou seja,
“formação de sujeitos sociais com condições objetivas para satisfazer suas necessidades
informacionais e participar dignamente dos destinos da sociedade”. (SILVA, 2008, p.
14). Ou como provoca Darnton (2010, p.30) falando de bibliotecas digitais e a
digitalização de impressos, sejam livros ou jornais, “é preciso digitalizar, mas
democratizar é ainda mais importante. Precisamos garantir o livre acesso à nossa
herança cultural”.
Feitas estas advertências passaremos a considerar os ganhos dos novos suportes,
ou seja, o eletrônico e digital.
Estamos vivenciando transformações da técnica de produção e reprodução dos
textos e essas mudanças na forma e no suporte certamente influenciam o próprio hábito
de ler que bem pode ser corroborado por Chartier (2009, p. 77) quando afirma que
Novas atitudes são inventadas, outras se extinguem. Do rolo antigo ao códice
medieval, do livro impresso ao texto eletrônico, várias rupturas maiores
dividem a longa história das maneiras de ler. Elas colocam em jogo a relação
entre o corpo e o livro, os possíveis usos da escrita e as categorias intelectuais
que asseguramsua compreensão.
Considerando tais postulados, podemos dizer que Chartier (2009) apresenta o
texto eletrônico identificando suas virtudes quando afirma sua maleabilidade e abertura
à reescritas múltiplas, a partir da apropriação individual dos textos. O leitor não é mais
constrangido a intervir na margem, no sentido literal ou no sentido figurado. Ele pode
intervir no coração, no centro do texto. No mesmo suporte, o texto, a imagem e o som
podem ser conservados e transmitidos. Imediatamente, toda a realidade do mundo
sensível pode ser apreendida através de diferentes figuras, de sua descrição, de sua
representação ou de sua presença. Leitor e livro não precisam exatamente estar no
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mesmo lugar. Texto e leitor podem estar em lugares distintos subvertendo certa tirania
do impresso. Para Silva (2008, p. 16) o ganho da leitura do mundo virtual é imenso,
pois nele, “a comunicação falada, escrita ou lida é horizontal, livre e democrática: talvez
resida nisso a possibilidade maior de instauração de certo tipo de cultura entre os
homens que, pelas práticas de leitura poderão de agora em diante, viver mais
intensamente a criatividade e a liberdade”. Porém esta criatividade e liberdade ainda não
estão a disposição do todos como afirmamos acima. É necessário um longo caminho
para que isto aconteça.
E como fica a escola neste processo? Como ela deveria lidar com os desafios
trazidos pela cultura digital? Os autores, cada um com seu posicionamento vão nos
dando algumas pistas interessantes.
Chartier (2007) quando questionado sobre como desenvolver o gosto dos jovens
pela leitura diz que a escola tem o papel de incentivar a relação dos alunos com o
patrimônio cultural, tirando proveito das novas possibilidades do mundo eletrônico e
ajudá-los através da utilização destas novas práticas de escrita a entender melhor o
mundo em que vivem, a partir de políticas públicas que tenham por objetivo a correta
utilização das tecnologias em sala de aula.
Silva (2008) defende que internet e computador ampliam a possibilidades da
aprendizagem, pois oportunizam as crianças e jovens imensas gamas de informações,
porém com o devido e necessário acompanhamento da escola. O acesso à internet
disponibiliza um ilimitado repertório de textos e fontes de informações. “A
superabundância textual da internet poderá vir a sanar a clássica pobreza da oferta de
informações nas escolas públicas. A textualidade eletrônica, multiplicando o repertório
dos textos escritos, poderá preencher a lacuna na oferta de textos impressos”. (SILVA,
2008, p. 122).
E falando de impressos, será que irão desaparecer? Os autores defendem outra
postura. Qual seja a da convivência dos vários suportes, pois foi assim que a história da
leitura mostrou. Chartier (2007) é o primeiro a defender que de fato o essencial da
leitura hoje passa pela tela do computador. Porém existem discursos propagando o fim
do livro e que ninguém mais lê. O autor discorda deste posicionamento e diz que o livro
impresso oferece ao leitor a percepção da totalidade, coerência e identidade. Situação
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que não acontece na tela do computador. Pontua que é muito complicado manter um
contato profundo com um Romance de Machado de Assis, por exemplo. Provoca que
cabe à escola e bibliotecas mostrar que existem outras formas de leitura que não estão
na tela dos computadores. Que não existe apenas a língua inventada na comunicação
eletrônica. E defende que um romance é uma obra que se lê lentamente, reflexivamente.
Chartier em entrevista à TV Cultura, no programa Roda Viva, no dia 03 de
setembro de 2001 ao ser questionado sobre a sobrevivência do livro impresso responde
categoricamente que não se pode supor que o triunfo da forma eletrônica signifique a
morte da cultura escrita. O texto manuscrito ou impresso deve sobreviver, porque
correspondem a usos, necessidades e hábitos tão profundamente incorporados que não
vão desaparecer. Aos mais jovens pode-se mostrar sua riqueza, a importância da forma
impressa, que mantém a relação entre o objeto escrito e a obra como obra. Na mesma
entrevista quando perguntado como percebia leitores que lidavam muito bem com o
impresso e o eletrônico respondeu que
“Cada leitor, sobretudo os que adquiriram uma competência mais forte e
diversificada, lê de maneira diferente segundo o momento, os desejos, as
necessidades. O leitor do texto eletrônico não está totalmente moldado pela
forma eletrônica. Há diversas formas de se apoderar do texto eletrônico, e sua
leitura é apenas uma, mas há outras paralelas, inclusive para os mais jovens,
que são obrigados a ler certos textos na escola. Mas tambémlêemrevistas e o
que se pode encontrar nas livrarias, nas bancas. Não devemos pensar que a
técnica impõe uma forma única de prática. Devemos pensar na pluralidade de
práticas e talvez ajudar essa diversidade. Se colocarmos sua observação
dentro de um marco pedagógico, o que fica muito claro é que essa diferença -
e acaba sendo basicamente a mesma conclusão - é a ordemdo discurso, com
a distinção entre textos que têm uma autoridade diferenciada, a idéia de uma
diversificação do mundo eletrônico, da sobrevivência de uma existência
paralela - talvez conflituosa - mas paralela entre o manuscrito, o impresso, o
texto eletrônico. Daí, a idéia de mostrar que há uma pluralidade possível de
leitura, superficial ou profunda, de diversão ou de saber, de prazer ou de
conhecimento. E não há normas determinadas pela forma do texto.
Claramente, as técnicas permitem mais ou menos certo tipo de leitura, mas
sempre existe a possibilidade de o leitor usar uma maneira original,
diversificada daquilo que a técnica propõe”.
Em Darnton (2010) a defesa pelo impresso comparece de forma explícita o que
não significa uma posição intransigente de rechaço aos novos suportes de leitura pelos
meios eletrônicos e sua convivência com outros suportes. Há um posicionamento de
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defesa da convivência e reconhecimento dos vários suportes quando, por exemplo, diz
da alegria de ver os ensaios que compõe o livro A Questão dos Livros sendo publicados
como palavras impressas e sendo disponibilizados também na internet e em áudio.
Apresenta a perenidade do livro dizendo que “ao selecionar textos, editá-los,
permitir sua legibilidade e trazê-los à atenção dos leitores, os profissionais do livro
fornecem serviços que sobreviverão a todas as mudanças tecnológicas”. (DARNTON,
2010, p. 16). Demonstra seu encantamento pelo impresso quando declara que seu amor
pelo livro: “Amo livros, livros à moda antiga; quanto mais velhos, melhor. (...) O códice
supera o computador em alguns quesitos. Podemos folheá-lo, fazer anotações em suas
margens, levá-lo para cama e guardá-lo comodamente numa prateleira”. (DARNTON,
2010, p. 76).
Em momento algum os autores que serviram de base para estas considerações
são radicais em afirmar que uma tecnologia é melhor do que a outra quando se trata das
novas práticas de leitura. Em primeiro lugar porque uma tecnologia jamais suplanta a
outra radicalmente de uma hora para outra como num passe de mágica. Em segundo
lugar porque em países cujas desigualdades sociais são gritantes, como é o caso do
Brasil, uma grande parcela da população não tem acesso aos novos suportes de leitura.
PARA CONCLUSÃO
O que permeia os autores é a historicidade na relação homem, leitura e
linguagem e de como esta se deu ao longo do tempo de forma violenta e violentadora,
mas que está posta como testemunha poderosa, servindo como mediadora na
constituição de subjetividades a partir da objetividade da vida seja ela dura ou não,
através do impresso, do oral, do pictórico ou do digital. E nos apontam ainda a leitura
como o elemento mais fundamental e misterioso do processo de comunicação humana a
partir de situações concretas de pesquisa com leitores e leitoras ao longo do tempo. Esta
cultura escrita que pode transmitir aquilo que Chartier (2001), chama de uma relação
crítica com o mundo e a primeira identidade do cidadão, mesmo em meio a tantos
discursos de crise de leituras e leitores, tanto no Brasil, como na Europa. Em entrevista
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para a revista eletrônica Trópico no dia 11 de novembro de 2004 a esta tão propalada
crise de leitura, Chartier critica a visão pessimista de alguns teóricos dizendo que
Hoje se lê mais do que nos anos 1950. Inclusive porque o computador não é
apenas um novo veículo para imagens ou jogos Ele é responsável também
pela multiplicação da presença do escritor nas sociedades contemporâneas.
No computador tanto se pode lê os clássicos como publicações acadêmicas e
revistas em geral. Podem não ser necessariamente leituras fundamentais,
enriquecedoras, mas são leituras. O problema está numa certa discrepância
entre essa nova cultura e os modelos de referência que, a nosso ver, seriam
mais consistentes e forneceriam mais recursos para a compreensão do mundo
social, a compreensão de si mesmo e a representação do outro.
Diante de uma suposta “crise de leitura”, vale o questionamento que se pergunta:
será que ao invés de afirmarmos que o brasileiro não lê, não deveríamos perguntar antes
o que ele lê? Quem nos oferece informações significativas diante de tal provocação é
uma pesquisa realizada entre dezembro de 2000 a janeiro de 2001 onde foram ouvidas
5.200 pessoas acima de 14 anos, com 03 anos de escolaridade e residentes em 44
cidades brasileiras em 19 das unidades da federação. A pesquisa denominada Retrato da
leitura no Brasil foi organizada pelo Instituto Pró-Livro cujo objetivo era identificar a
penetração da leitura de livros no país e o acesso a eles. Também objetivava levantar o
perfil do leitor de livros e as preferências do leitor brasileiro. O estudo mostrou que
57% dos entrevistados não compram livros
Constatou-se que ao contrário de tantos discursos, o brasileiro tem uma boa
relação com os livros e acreditam que eles são importantes para melhorar de vida.
Mostrou ainda que a população adquire sim livros; porém esta compra aumenta, de
acordo com o poder aquisitivo das pessoas. O estudo mostrou que 57% dos
entrevistados não compram livros porque não conseguem fazê-lo, pelo alto preço do
impresso.
A pesquisa provocou um olhar sobre o que o brasileiro lê e sobre suas
concepções de leitura e de livro. Ficou comprovada pelos dados que a preferência de
homens e mulheres é voltada para livros religiosos e técnicos. A literatura não aparece
como preferência dos leitores. E quando se trata de leitura de lazer, as histórias em
quadrinhos dos gibis aparecem em primeiro lugar.
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Dentro deste contexto, é sumamente importante citar Abreu (2001) quando
afirma, comentando a pesquisa que não parece necessário fazer campanhas para
divulgar a idéia de que ler é um prazer, de que ler faz bem para as pessoas, pois elas
demonstraram acreditar nisso.
Um dos grandes desafios é conhecer que leituras nosso povo anda lendo no
cotidiano e possibilitar a partir do conhecimento gerado pelas pesquisas, o acesso a
outras leituras. O que não significa colocar num índex classificando o que é uma boa
leitura ou uma leitura de qualidade. Acreditamos que isto já seria uma atitude
verticalizada que mostraria o que uma boa ou má leitura.
E finalmente, criar condições sociais para superar as desigualdades e assim
possibilitar o acesso a aquisição de livros, possibilitando a toda população acesso a
educação de qualidade e que as leituras as possibilitem ler e entender o mundo em que
vivem. Ou como desafia Chartier (2004) em entrevista para Revista Trópico citada logo
acima: “Para que as pessoas não sejam totalmente submetidas às leis do mercado, à
incerteza ou à inquietude, o essencial é dar a cada um instrumentos que lhe permita
decifrar o mundo em que vive e a sua própria situação neste mundo”. Desafio perene!
REFERÊNCIAS
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