ENFERMAGEM - MÓDULO I - HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdf
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1. Freud Além da Alma
Análise com uma visão política e com
Contexto histórico da época vitoriana
Gênero: Drama
Diretor: John Huston
Local/ano: Estados Unidos / 1962
Elenco: Montgomery Clift, Susannah York e Larry Parks
Duração: 140 minutos
Freud Além da Alma
Junto com Copérnico e Charles Darwin, Freud revolucionou a maneira
do ser humano ver a si mesmo dentro do infinito universo. Ao afirmar
que as ações e os desejos humanos não são frutos da vontade e da
vaidade humana, mas sim do nosso inconsciente, Sigmund Freud
abalou o mundo científico e criou uma nova maneira de entender a
psique humana. Em Freud- Além da Alma, John Huston pretende
mostrar como as teorias freudianas esboçam a própria vida de um dos
maiores gênios da humanidade.
Ansioso em obter respostas plausíveis para aplacar o sofrimento de
seus pacientes, Freud enveredou-se à doutrina de Charcot e utilizou-
se da hipnose em seus estudos sobre histeria. Embora seus estudos
encontrassem resistência da ala conservadora da Medicina, que viam
nas teorias de Freud uma ameaça à primazia do ser humano, Freud
prosseguiu em sua linha de pensamento e descobriu que o ser
humano é dividido entre o inconsciente e o consciente, lançando as
bases da Psicanálise.
Huston, baseado no roteiro escrito pelo filósofo Jean-Paul Sartre (que
não consta nos créditos do filme), evitou o risco de fazer uma
caricatura de Freud e não abordou a sua ida pessoal, restringindo-se
aos seus estudos psicanalíticos. Opção acertada do diretor, pois sua
produção não cai na mesmice de filmes meramente biográficos, que
se baseiam em informações fragmentadas sobre a intimidade de um
personagem histórico e acabam criando indiscriminadamente um mito.
2. É interessante observar como Huston conseguiu articular as
descobertas de Freud com as próprias experiências pessoais do
psicanalista, como a teoria que desenvolveu sobre o Complexo de
Édipo, fundamentando-se na relação
com seu pai morto. Com uma linguagem metafórica e onírica, Huston
mostra o conflito interior que viveu Freud enquanto tentava penetrar no
obscuro inconsciente de seus pacientes, pois temia encontrar o
inefável, o impensável.
Na verdade, Freud temia encontrar a sua própria essência.
Freud - Além da Alma é um filme acadêmico, inteligente e instigante,
que nos permite uma melhor compreensão das teorias freudianas
sobre o funcionamento do inconsciente humano e como o pensamento
psicanalítico irrompeu na sociedade vienense e depois no mundo. Um
filme tão genial quanto o legado de Sigmund Freud.
Segundo Erick Fromm, possuímos um excelente vocabulário para
assuntos técnicos. Quase todo homem é capaz de enumerar com
clareza as diferentes partes do motor de um carro, mas quando se
trata de um inter-relacionamento pessoal significativo, nossa
linguagem torna-se pobre. Gaguejamos e ficamos praticamente
isolados, como surdos-mudos que só podem comunicar por meio de
sinais.
A perda da eficácia da linguagem, por estranho que pareça, é sintoma
de uma época conturbada.
E, quando nós paramos de falar porque nossa alma (psique) não pode
pensar, é neste momento que todo o resto do corpo não pode se
expressar: aí pode parar de andar, ter cegueiras da visão por não
poder comunicar e também por não querer enxergar.
O filme “Freud Além da Alma” retrata, muito bem, o momento difícil,
que Freud viveu no início de sua carreira frustrada de médico, como
ele mesmo relata: “Fui, antes, levado por uma espécie de curiosidade
que era, contudo, dirigida mais para as preocupações humanas do
que era para os objetos naturais; eu nem tinha aprendido a
importância da observação como um dos melhores meios de justifica-
3. la”. Nem naquela época que meu pai insistiu que na minha escolha de
uma profissão, deveria seguir somente minha inclinação própria, sentir
qualquer predileção particular pela carreira de médico (...)”
Seu profundo interesse pela história da Bíblia, numa idade tão tenra,
“quase logo de ter aprendido a arte de ler”, levou-o a reconhecer seus
interesses a observar os momentos difíceis pessoais e de seus
estudos na França com Charcot.
Freud, em maio de 1883, faz um estágio na clínica do Prof. Meynert,
onde pensa em se tornar assistente. Descobre, então, uma concepção
materialista da psicologia, não mais fundada em uma mecânica físico-
química, mas em uma psicobiologia evolucionista.
Em março de 1884, Freud publica “A estrutura do sistema nervoso”,
que falava da unidade morfológica e fisiológica do sistema nervoso.
Estava começando o projeto para uma psicologia, em abril do mesmo
ano, quando tomado por uma frustração, destrói seus manuscritos.
Há uma breve discussão com Meynert sobre os seus pensamentos,
quando foi intimidado por esse, para não despertar o que é de mais
oculto do ser humano, o que vive nas sobras da escuridão. Este
episódio é representado no filme com o escorpião preto que Meynert
mantinha em seu gabinete...
Freud vai para França estudar com Charcot.
Em uma carta datada de 21 de outubro de 1885, Freud descreve a
atmosfera da clínica de Charcot, como “muito informal e democrática”.
Em seu necrológico datado de 1893, observa que o momento político
da França, onde ele fazia seus estudos, mostrava claramente que
Charcot, amparado por amigos poderosos como Gambetta, mostrava
a sua atenção contra a política anticlerical de Gambetta na oposição
republicana: “o programa da república recentemente republicanizada
do final da década de 1870 a 1880 era dominada por uma cruzada
anticlerical, e os psiquiatras da escola da Salpêtrière dela participavam
entusiasticamente”.Os republicanos burgueses contra o catolicismo
liberal, nestes estudos, abrangem obras de arte, desde o primitivismo
medieval até o primeiro período moderno.
4. Charcot procurou mostrar com várias imagens de possessão
sobrenaturais e convulsões satânicas, transcritas de modo preciso, o
que foi mais tarde identificado como sintomas de degeneração
nervosa e fases de crises de histerias.
Através da ciência da hipnose, Charcot com seus discípulos puderam
provar a decadência de um povo vivido sobre longo tempo de
opressões e miséria econômica.
Sigmund Freud foi muito mais longe ao perceber que o homem que
não pode comunicar tudo aquilo que está oprimido dentro de si, não
dava oportunidade da livre expressão, e causaria danos profundos no
psiquismo humano.
Para Freud, Charcot era um libertador, por ter analisado o homem
profundamente adoecido desde a época medieval, e o efeito da
religião, da política e da sociedade sobre ele.
Freud retorna a Viena, continua seu debate com Breuer, e ficou
familiarizado com o método “catártico” de tratamento de Breuer.
Breuer descobriu que a paciente “podia ser aliviada de (...) estados
enevoados de consciência, se fosse induzida à fantasia afetiva, pela
qual estava no momento dominado”.
Com o resultado disso, Freud gradualmente afastou-se do emprego da
hipnose, como auxílio na rememoração de lembranças antigas e
substituiu por uma técnica de aplicar pressão com a mão na testa do
paciente, enquanto o incitava a concentrar-se.
Desta maneira, gradativamente, deslocou-se para o sentido da técnica
da associação livre, que parece ter sido empregada já em 1889 no
tratamento de Emmy Von N., o primeiro caso a ser apresentado nos
estudos de histeria.
A exploração da sexualidade por Freud achava-se diretamente em
linha com os interesses centrais de toda a sua carreira científica. Em
seus escritos, surgiu um contexto com fortes tons políticos e religiosos
e estreito relacionamentos, que ele percebia entre a histeria e a cultura
medieval, é ilustrativo disto.
5. Freud com o falecimento de seu pai, Jakob Freud (...), passa por um
momento de muitas perturbações e descreve o seu momento ao
amigo Fliess: “Uma morte, todo o passado se remexe dentro de nós”,
escreveu ele. “Sinto-me (...) arrancado pelas raízes” e prossegue
relatando o seu sonho.
Ao longo desses anos Freud escreveu vários trabalhos isolados.
Em 1904, “Psicopatologia da vida cotidiana”, seu tema principal sobre
a influência dos processos inconscientes no funcionamento
consciente, e foi a partir daí alvo de muitas críticas pelos psicólogos.
Os fenômenos em questão receberam, desde então, a denominação
genérica de “parapraxias”, onde pode ser comprovada na carta datada
de 26 de agosto de 1898 a Fliess: “O mecanismo psíquico de
esquecimento”.
No ano seguinte, Freud escreve “Lembranças encobridoras”,
lembranças que retomam com uma capa para outras associadas, mas
reprimidas.
Em 1905, em período muito frutífero de vida de Freud no caso Dora e
dos importantes três ensaios sobre a sexualidade, um livro intitulado
“O chiste e suas relações com o inconsciente”.
A psicogênese dos chistes remonta ao gosto da criança em brincar
com palavras como se fossem objetos. Podem encontrar três ou
quatro estágios no desenvolvimento de acordo com a crescente
repressão depois dos quatro anos de idade, e da gradual aceitação da
lógica e da realidade.
Os chistes levam a pessoa de volta aos períodos iniciais. Quando
esse jogo prazeroso era permitido, os chistes têm uma função social.
Precisam de uma plateia que possa ser levada ao riso. Isso os
distingue dos mecanismos semelhantes – deslocamentos,
condensação – que atuam nos sonhos. Sua função é ganhar prazer,
ao passo que nos sonhos é evitar desprazer.
Freud viveu numa época em que o ódio tecnológico tinha sido
substituído pelo ódio sexual, e não pelo ódio político.
6. Nessa época, Freud e seus seguidores eram encarados não apenas
como pervertidos sexuais, mas também como psicopatas obsessivos
ou paranóicos, e a combinação era considerada um perigo real para a
comunidade.
As teorias de Freud eram interpretadas como incitamentos diretos à
renúncia a qualquer restrição, à reversão a um estado de
licenciosidade primitiva e selvageria.
Nada menos do que a própria civilização em perigo.