A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. O homem não é fatalmente levado ao mal e pode, por sua vontade e ações, influenciar os acontecimentos e evitar males, embora certos fatos importantes para sua evolução espiritual estejam predeterminados. A Providência é o espírito superior ou anjo que vela sobre o infortúnio e consola invisivelmente.
1. 1
RESENHA spíritas
DE ESTUDOS
E
novembro
2015
NO
. 10
ESPIRITISMO ESTUDADO
semeando conhecimento iluminativo
descortinando novos horizontes às criaturas humanas
estimulando a prática incondicional do bem
enaltecendo Jesus
especialmente ao principiante espírita
2. 2 3
Fatalidade
a
Seguimos com os nossos estudos.
No último fascículo, O Livre-Arbítrio foi o tema abordado.
E estudo sobre o livre-arbítrio é incompleto sem estudo sobre A Fatalidade, que é o
que aqui estaremos trabalhando.
Em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, as questões de número 851 a 867
tratam desse nosso tema. E mais a de número 872, que faz um resumo muito
interessante das ações humanas.
Extraímos algumas questões e as transcrevemos aqui, como introdução ao estudo
do tema, sem deixar de recomendar que as demais acima citadas sejam atentamente
lidas e estudadas.
851. Haverá fatalidade nos acontecimentos
da vida, conforme ao sentido que se dá
a este vocábulo? Quer dizer: todos os
acontecimentos são predeterminados? E,
neste caso, que vem a ser do livre-arbítrio?
“A fatalidade existe unicamente pela
escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta
ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a,
institui para si uma espécie de destino, que é
a consequência mesma da posição em que
vem a achar-se colocado. Falo das provas
físicas, pois, pelo que toca às provas morais
e às tentações, o Espírito, conservando o
livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é
sempre senhor de ceder ou de resistir. Ao
vê-lo fraquejar, um bom Espírito pode vir-lhe
em auxílio, mas não pode influir sobre ele
de maneira a dominar-lhe a vontade. Um
Espírito mau, isto é, inferior, mostrando-lhe,
exagerando aos seus olhos um perigo físico,
o poderá abalar e amedrontar. Nem por isso,
entretanto, a vontade do Espírito encarnado
deixa de se conservar livre de quaisquer
peias.”
859. Com todos os acidentes, que nos
sobrevêm no curso da vida, se dá o mesmo
que com a morte, que não pode ser evitada,
quando tem que ocorrer?
“São de ordinário coisas muito
insignificantes, de sorte que vos podeis
prevenir deles e fazer que os eviteis algumas
vezes, dirigindo o vosso pensamento, pois
nos desagradam os sofrimentos materiais.
Isso, porém, nenhuma importância tem
na vida que escolhestes. A fatalidade,
verdadeiramente, só existe quanto ao
momento em que deveis aparecer e
desaparecer deste mundo.”
a) - Haverá fatos que forçosamente devam
dar-se e que os Espíritos não possam
conjurar, embora o queiram?
“Há, mas que tu viste e pressentiste
quando, no estado de Espírito, fizeste a tua
escolha. Não creias, entretanto, que tudo o
que sucede esteja escrito, como costumam
dizer. Um acontecimento qualquer pode ser
a consequência de um ato que praticaste
por tua livre vontade, de tal sorte que, se
não o houvesses praticado, o acontecimento
não seria dado. Imagina que queimas o
dedo. Isso nada mais é senão resultado
da tua imprudência e efeito da matéria. Só
as grandes dores, os fatos importantes e
capazes de influir no moral, Deus os prevê,
porque são úteis à tua depuração e à tua
instrução.”
860. Pode o homem, pela sua vontade
e por seus atos, fazer que se não deem
acontecimentos que deveriam verificar-se e
reciprocamente?
“Pode-o, se essa aparente mudança
na ordem dos fatos tiver cabimento na
sequência da vida que ele escolheu. Acresce
que, para fazer o bem, como lhe cumpre,
pois que isso constitui o objetivo único da
vida, facultado lhe é impedir o mal, sobretudo
aquele que possa concorrer para a produção
de um mal maior.”
A fatalidade existe
unicamente pela
escolha que o Espírito
fez, ao encarnar, desta
ou daquela prova para
sofrer.
3. 4 5
das ações Humanas
resumo teórico do móvel
(O livro dos Espíritos) 872. A questão
do livre-arbítrio se pode resumir assim: O
homem não é fatalmente levado ao mal;
os atos que pratica não foram previamente
determinados; os crimes que comete não
resultam de uma sentença do destino. Ele
pode, por prova e por expiação, escolher
uma existência em que seja arrastado
ao crime, quer pelo meio onde se ache
colocado, quer pelas circunstâncias que
sobrevenham, mas será sempre livre de agir
ou não agir. Assim, o livre-arbítrio existe para
ele, quando no estado de Espírito, ao fazer a
escolha da existência e das provas e, como
encarnado, na faculdade de ceder ou de
resistir aos arrastamentos a que todos nos
temos voluntariamente submetido. Cabe à
educação combater essas más tendências.
Fá-lo-á utilmente, quando se basear no
estudo aprofundado da natureza moral do
homem. Pelo conhecimento das leis que
regem essa natureza moral, chegar-se-á a
modificá-la, como se modifica a inteligência
pela instrução e o temperamento pela
higiene.
Desprendido da matéria e no estado de
erraticidade, o Espírito procede à escolha
de suas futuras existências corporais, de
acordo com o grau de perfeição a que haja
chegado e é nisso, como temos dito, que
consiste sobretudo o seu livre-arbítrio. Esta
liberdade, a encarnação não a anula. Se ele
cede à influência da matéria, é que sucumbe
nas provas que por si mesmo escolheu. Para
ter quem o ajude a vencê-las, concedido lhe
é invocar a assistência de Deus e dos bons
Espíritos. (337)
Sem o livre-arbítrio, o homem não teria
nem culpa por praticar o mal, nem mérito
em praticar o bem. E isto a tal ponto está
reconhecido que, no mundo, a censura ou o
elogio são feitos à intenção, isto é, à vontade.
Ora, quem diz vontade diz liberdade.
Nenhuma desculpa poderá, portanto, o
homem buscar, para os seus delitos, na
sua organização física, sem abdicar da
razão e da sua condição de ser humano,
para se equiparar ao bruto. Se fora assim
quanto ao mal, assim não poderia deixar de
ser relativamente ao bem. Mas, quando o
homem pratica o bem, tem grande cuidado
de averbar o fato à sua conta, como mérito,
e não cogita de por ele gratificar os seus
órgãos, o que prova que, por instinto, não
renuncia, mau grado à opinião de alguns sistemáticos, ao mais belo privilégio de sua espécie: a liberdade
de pensar.
A fatalidade, como vulgarmente é entendida, supõe a decisão prévia e irrevogável de todos os sucessos
da vida, qualquer que seja a importância deles. Se tal fosse a ordem das coisas, o homem seria qual
máquina sem vontade. De que lhe serviria a inteligência, desde que houvesse de estar invariavelmente
dominado, em todos os seus atos, pela força do destino? Semelhante doutrina, se verdadeira, conteria a
destruição de toda liberdade moral; já não haveria para o homem responsabilidade, nem, por conseguinte,
bem, nem mal, crimes ou virtudes. Não seria possível que Deus, soberanamente justo, castigasse suas
criaturas por faltas cujo cometimento não dependera delas, nem que as recompensasse por virtudes de
que nenhum mérito teriam. Demais, tal lei seria a negação da do progresso, porquanto o homem, tudo
esperando da sorte, nada tentaria para melhorar a sua posição, visto que não conseguiria ser mais nem
menos.
Contudo, a fatalidade não é uma palavra vã. Existe na posição que o homem ocupa na Terra e nas
funções que aí desempenha, em consequência do gênero de vida que seu Espírito escolheu como prova,
expiação ou missão. Ele sofre fatalmente todas as vicissitudes dessa existência e todas as tendências
boas ou más, que lhe são inerentes. Aí, porém, acaba a fatalidade, pois da sua vontade depende ceder ou
não a essas tendências. Os pormenores dos acontecimentos, esses ficam subordinados às circunstâncias
que ele próprio cria pelos seus atos, sendo que nessas circunstâncias podem os Espíritos influir pelos
4. 6 7
pensamentos que sugiram. (459)
Há fatalidade, portanto, nos acontecimentos
que se apresentam, por serem estes
consequência da escolha que o Espírito fez
da sua existência de homem. Pode deixar
de haver fatalidade no resultado de tais
acontecimentos, visto ser possível ao homem,
pela sua prudência, modificar-lhes o curso.
Nunca há fatalidade nos atos da vida moral.
No que concerne à morte é que o homem
se acha submetido, em absoluto, à inexorável
lei da fatalidade, por isso que não pode
escapar à sentença que lhe marca o termo da
existência, nem ao gênero de morte que haja
de cortar a esta o fio.
Segundo a doutrina vulgar, de si mesmo
tiraria o homem todos os seus instintos que,
então, proviriam, ou da sua organização
física, pela qual nenhuma responsabilidade
lhe toca, ou da sua própria natureza, caso
em que lícito lhe fora procurar desculpar-se
consigo mesmo, dizendo não lhe pertencer a
culpa de ser feito como é. Muito mais moral
se mostra, indiscutivelmente, a Doutrina
Espírita. Ela admite no homem o livre-arbítrio
em toda a sua plenitude e, se lhe diz que,
praticando o mal, ele cede a uma sugestão
estranha e má, em nada lhe diminui a
responsabilidade, pois lhe reconhece o poder
de resistir, o que evidentemente lhe é muito
mais fácil do que lutar contra a sua própria
natureza. Assim, de acordo com a Doutrina
Espírita, não há arrastamento irresistível: o
homem pode sempre cerrar ouvidos à voz
oculta que lhe fala no íntimo, induzindo-o
ao mal, como pode cerrá-los à voz material
daquele que lhe fale ostensivamente. Pode-o
pela ação da sua vontade, pedindo a Deus a
força necessária e reclamando, para tal fim,
a assistência dos bons Espíritos. Foi o que
Jesus nos ensinou por meio da sublime prece
que é a oração dominical, quando manda
que digamos: “Não nos deixes sucumbir à
tentação, mas livra-nos do mal.”
Essa teoria da causa determinante dos
nossos atos ressalta com evidência de todo
o ensino que os Espíritos hão dado. Não
só é sublime de moralidade, mas também,
acrescentaremos, eleva o homem aos seus
próprios olhos. Mostra-o livre de subtrair-se a
um jugo obsessor, como livre é de fechar sua
casa aos importunos. Ele deixa de ser simples
máquina, atuando por efeito de uma impulsão
independente da sua vontade, para ser um
ente racional, que ouve, julga e escolhe
livremente de dois conselhos um. Aditemos
que, apesar disto, o homem não se acha
privado de iniciativa, não deixa de agir por
impulso próprio, pois que, em definitiva, ele é
apenas um Espírito encarnado que conserva,
sob o envoltório corporal, as qualidades e os
defeitos que tinha como Espírito.
Conseguintemente, as faltas que
cometemos têm por fonte primária a
imperfeição do nosso próprio Espírito, que
ainda não conquistou a superioridade moral
que um dia alcançará, mas que, nem por isso,
carece de livre-arbítrio. A vida corpórea lhe é
dada para se expungir de suas imperfeições,
mediante as provas por que passa,
imperfeições que, precisamente, o tornam
mais fraco e mais acessível às sugestões
de outros Espíritos imperfeitos, que delas
se aproveitam para tentar fazê-lo sucumbir
na luta em que se empenhou. Se dessa
luta sai vencedor ele se eleva; se fracassa,
permanece o que era, nem pior, nem melhor.
Será uma prova que lhe cumpre recomeçar,
podendo suceder que longo tempo gaste
nessa alternativa. Quanto mais se depura,
tanto mais diminuem os seus pontos fracos
e tanto menos acesso oferece aos que
procurem atraí-lo para o mal. Na razão de sua
elevação, cresce-lhe a força moral, fazendo
que dele se afastem os maus Espíritos.
Todos os Espíritos, mais ou menos bons, quando encarnados, constituem a espécie humana
e, como o nosso mundo é um dos menos adiantados, nele se conta maior número de Espíritos
maus do que de bons. Tal a razão por que aí vemos perversidade. Façamos, pois, todos os
esforços para a este planeta não voltarmos, após a presente estada, e para merecermos ir
repousar em mundo melhor, em um desses mundos privilegiados, onde não nos lembraremos
da nossa passagem por aqui, senão como de um exílio temporário.
... a fatalidade não é uma palavra vã. Existe
na posição que o homem ocupa na Terra
e nas funções que aí desempenha, em
consequência do gênero de vida que seu
Espírito escolheu como prova, expiação ou
missão.
5. 8 9
Providência
Léon Denis, em seu livro: Depois da Morte, Cap. XL, aborda o tema que
tratamos neste fascículo, com muita propriedade e clareza, ensinando-nos que
a Providência, é o espírito superior, é o anjo que vela sobre o infortúnio, é o
consolador invisível.
Vejamos:
A questão do livre-arbítrio é uma das
que mais tem preocupado os filósofos e os
teólogos. Conciliar a vontade, a liberdade
do homem com o jogo das leis naturais e
a vontade divina, pareceu tanto mais difícil
quanto a fatalidade cega parecia pesar,
aos olhos de um grande número, sobre o
des¬tino humano. O ensino dos espíritos
elucidou o problema. A fatalidade aparente
que semeia de males o caminho da vida é
apenas a consequência do nosso passado,
o efeito retornando para a causa; é o
cumprimento do programa aceito por nós
antes de renascermos, segundo os conselhos
de nossos guias espirituais, para o nosso
grande bem e nossa elevação.
Nas camadas inferiores da criação, o
ser ainda se ig¬nora. Só o instinto e a
necessidade o conduzem, e somente nos
tipos mais evoluídos que aparecem, como
uma aurora pálida, os primeiros rudimentos
das faculdades. No estado de humanidade, a
alma atingiu a liberdade moral. Seu raciocínio,
sua consciência desenvolvem-se cada vez
mais, à medida que percorre sua imensa
jornada. Colocada entre o bem e o mal,
compara e escolhe livremente. Esclarecida
através de suas decepções e seus males, é
no meio das provas que sua experiência se
forma, que sua força moral se tempera.
A alma humana, dotada de consciência e
de liberdade, não pode degenerar na vida
inferior. Suas encarnações se sucedem
até que tenha adquirido esses três bens
imperecí-veis, alvo de seus longos trabalhos:
a sabedoria, a Ciência e o amor. Sua posse
liberta-a para sempre dos renascimentos e da
morte e abre-lhe o acesso à vida celeste.
Pelo uso de seu livre-arbítrio, a alma fixa
seus destinos, prepara suas alegrias ou
suas dores. Mas, nunca, no decorrer de sua
marcha, na prova amarga como no meio da
ardente luta da paixão, nunca os socorros do
Alto lhe foram recusados. Por mais que se
abandone a si mesma, por mais indigna que
pareça, desde que desperte sua vontade de
caminhar pelo caminho reto, a via sacra, a
Providência a ajuda e sustenta.
A Providência, é o espírito superior, é
o anjo que vela sobre o infortúnio, é o
consolador invisível, cujos fluidos vivificantes
sustentam os corações acabrunhados; é o
farol aceso na noite para a salvação daqueles
que erram no mar tempestuoso da vida. A
Providência, é ainda, é sobretudo, o amor
divino derramando-se em abundância sobre
a criatura. E que solicitude, que previdência
nesse amor! Não é apenas para a alma, para
servir de moldura à sua vida, de teatro para
os seus progressos, que ela dependurou os
mundos no espaço, acendeu os sóis, formou
os continentes e os mares? Somente para a
alma essa grande obra efetua-se, as forças
naturais se combinam, os universos eclodem
no seio das nebulosas.
A alma é criada para a felicidade, mas
essa felicidade, para apreciá-la no seu
valor, para conhecer-lhe o preço, deve ela
própria conquistá-la e, para isso, desenvolver
livremente as potências que nela estão. Sua
livre-arbítrio e
6. 10 11
liberdade de ação e sua responsabilidade
aumentam com sua elevação, pois, quanto
mais se esclarece, mais pode e deve
conformar o jogo de suas forças pessoais às
leis que regem o Universo.
A liberdade do ser se exerce, portanto,
num círculo limitado, de um lado, pelas
exigências da lei natural, que nenhum ultraje
pode sofrer, nenhuma alteração na ordem do
mundo; do outro, pelo seu próprio passado,
cujas consequências jorram sobre ele através
dos tempos, até a reparação completa.
Em nenhum caso o exercício da liberdade
humana pode entravar a execução dos
planos divinos; sem isso, a ordem das coisas
seria a cada instante perturbada. Acima
das nossas visões limitadas e mutantes, a
ordem imutável do Universo se mantém e
prossegue. Somos, quase sempre, maus
juízes daquilo que é para nós o verdadeiro
bem; e se a ordem natural das coisas tivesse
que se dobrar aos nossos desejos, que
perturbações medonhas não resultariam
disso?
O primeiro uso que o homem faria de
uma liberdade absoluta seria o de afastar
de si todas as causas de sofrimento e de
assegurar para si, desde aqui na Terra, uma
vida de fe-licidades. Ora, se há males que a
inteligência humana tem o dever e os meios
de conjurar e de destruir, — por exemplo,
aqueles que provêm do meio terrestre — há
outros, inerentes à nossa natureza moral, que
só a dor e a compreensão podem dominar
e vencer; tais são os nossos vícios. Nesse
caso, a dor torna-se uma escola, ou melhor,
um remédio indispensável e as provas
suportadas são apenas uma repartição
equitativa da infalível justiça. É, portanto, a
nossa ignorância dos fins objetivados por
Deus que nos faz recriminar a ordem do
mundo e suas leis. Se as criticamos é porque
ignoramos os meios ocultos.
O destino é a resultante, através das nossas
vidas su¬cessivas, dos nossos atos e das
nossas livres resoluções. Mais esclarecidos
sobre nossas imperfeições, no estado de
espíritos, preocupados com os meios de
atenuá-los, aceitamos a vida material sob
a forma e nas condições que nos parecem
próprias para realizar esse objetivo.
Os fenômenos do hipnotismo e da
sugestão mental ex¬plicam o que acontece,
em caso semelhante, sob a influência de
nossos protetores espirituais. No estado de
sonambulismo, a alma, sob a sugestão do
magnetizador, empenha-se em exe¬cutar tal
ou qual ato, num dado tempo. De retorno
ao estado de vigília, sem ter conservado
nenhuma lembrança aparente dessa
promessa, executa-a exatamente. Da mesma
maneira, resoluções são tomadas antes de
renascer; mas, chegada a hora, ela se adianta
à frente dos acontecimentos previstos e
deles participa na medida necessária ao seu
adiantamento ou à execução da inelutável lei.
Liberdade
direito de
Intrinsecamente livre, criado para a vida
feliz, o homem traz, no entanto, ínsitos
na própria consciência, os limites da sua
liberdade.
Jamais devendo constituir tropeço na
senda por onde avança o seu próximo, é-lhe
vedada a exploração de outras vidas sob
qualquer argumentação, das quais subtraia o
direito de liberdade.
Sem dúvida, centenas de milhões de
seres transitam pela infância espiritual, na
Terra, sem as condições básicas para o
autodiscernimento e a própria condução.
Apesar disso, a ninguém é lícito aproveitar-se
da circunstância, a fim de coagir e submeter
os que seguem na retaguarda do progresso,
antes competindo aos melhor dotados e
mais avançados distender-lhes as mãos, em
generosa oferenda de auxílio com que os
educarão, preparando-os para o avanço e o
crescimento.
Liberdade legítima decorre da legítima
responsabilidade, não podendo aquela
triunfar sem esta.
7. 12 13
Q ueda
erro e
O salutar conselho do apóstolo Tiago continua muito oportuno e de grande atualidade para
os cristãos novos.
Erro — compromisso negativo, amarra ao passado.
Ao erro cometido impõe-se sempre a necessidade de reparação.
A responsabilidade resulta do
amadurecimento pessoal em torno dos
deveres morais e sociais, que são a questão
matriz fomentadora dos lídimos direitos
humanos.
Pela lei natural todos os seres possuímos
direitos, que, todavia, não escusam a
ninguém dos respectivos contributos que
decorrem do seu uso.
A toda criatura é concedida a liberdade
de pensar, falar e agir, desde que essa
concessão subentenda o respeito aos
direitos semelhantes do próximo.
Desde que o uso da faculdade livre
engendre sofrimento e coerção para outrem,
incide-se em crime passível de cerceamento
daquele direito, seja por parte das leis
humanas, sem dúvida nenhuma através da
Justiça Divina.
Graças a isso, o limite da liberdade
encontra-se inscrito na consciência de cada
pessoa, que gera para si mesma o cárcere
de sombra e dor, a prisão sem barras em que
expungirá mais tarde, mediante o impositivo
da reencarnação, ou as asas de luz para a
perene harmonia.
*
A liberdade é a grande saga dos povos,
das nações, da Humanidade que lutam
através dos milênios contra a usurpação, a
violência, a hegemonia da força dominadora,
sucumbindo, sempre, nessas batalhas
os valores éticos, vencidos pelo caos da
brutalidade.
Livre o homem se tornará, somente, após
romper as férreas algemas que o agrilhoam
aos fortins das paixões.
A sua luta deve partir de dentro, vencendo-
se, de modo a, pacificando-se interiormente,
usufruir dessa liberdade real que nenhuma
grilheta ou presídio algum pode limitar ou
coibir.
Enquanto, porém, arrojar-se à luta
sistemática de opinião de classe, de grei, de
comunidade, de fé, de nação, estimulará a
desordem e a escravidão do vencido.
Todo vencedor guerreiro, porém, é servo de
quem lhe padece às mãos, qual ocorre com
os guardiães de presidiários, que se fazem,
também, presos vigiando encarcerados.
*
Prega e vive o amor conforme o ensinou
Jesus.
Ensina e usa a verdade em torno da vida
em triunfo, de que está referto o Evangelho, a
fim de seres livre.
Atém-te aos deveres que te ensinam
engrandecimento e serviço ao próximo.
O trabalho pelos que sofrem limites e
tumultos ensinar-te-á autoconhecimento,
favorecendo-te com o júbilo de viver e a
liberdade de amar.
Na violência trágica do Gólgota não vemos
um vencido queixando-se, esbravejando
impropérios e explodindo em revolta.
Sua suprema sujeição e seu grandioso
padecimento sob o flagício da loucura dos
perseguidores gratuitos atingem o clímax no
brado de perdão a todos: ingratos, cruéis,
insanos, em insuperável ensinamento sobre
a liberdade de pensar, falar e agir com a
sublime consciência responsável pelo dever
cumprido. 1
1 FRANCO, Divaldo. Leis Morais da Vida. Joanna de
Ângelis. Cap. 49
Não erreis, não vos enganeis, meus amados
irmãos.” - (Tiago: 1 : 16)
8. 14 15
Quem conhece Jesus não se pode permitir
o desculpismo constante, irresponsável, que
domina um sem número de pessoas.
Por toda parte se apresentam os que
mentem e traem, enganam e dilapidam,
usurpam e negligenciam, exploram e
envilecem, aplaudidos uns, homenageados
outros, constituindo o perfeito clã dos
iludidos em si mesmos.
Sem embargo, o mal que fazem ao próximo
prejudica-os, porquanto não se furtarão a
fazer a paz com a consciência, agora ou
depois.
Anestesiados os centros do discernimento
e da razão, hoje ou amanhã as conjunturas
de que ninguém se consegue eximir
impor-lhes-ão reexame de atitudes e de
realizações, gerando neles o impositivo
do despertamento para as superiores
conceituações sobre a vida.
Enquanto se erra, muitas vezes se diz
crer na honestidade e valia da ação, como
a ocultar-se em ideais ou objetivos que têm
aparência elevada e honesta. Todavia, todo
homem, à exceção dos que transitam nas
faixas mais primitivas da evolução ou os que
padecem distúrbios psíquicos, tem a noção
exata do que lhe constitui bem e mal, do que
lhe compete, ou não, realizar.
Dormem nos recessos íntimos do ser
e despertar no momento próprio as
inabordáveis expressões da presença divina,
que se transformam em impulsos generosos,
sentimentos de amor e fé, aspirações de
beleza e ideal nobre que não se podem
esmagar ou usar indevidamente sem a
correspondente consequência, que passa
a constituir problemas e dificuldade na
economia moral-espiritual do mau usuário.
*
Refere-se, porém, especificamente o
Apóstolo austero do Cristo, aos erros que o
homem pratica em relação à concupiscência
e à desconsideração para com o santuário
das funções genésicas.
O espírito é sempre livre para escolher a
melhor forma de evolução. Não fugirá, porém,
aos escolhos ou aos alcatifados que lhe
apraz colocar pela senda em que jornadeia.
Em razão disso, a advertência merece
meditada nos dias em que, diminuindo as
expressões de fidelidade e renúncia, se
elaboram fórmulas apressadas para as
justificativas e as conivências com a falência
dos valores morais, que engoda os menos
avisados.
Os seus fâmulos creem-se progressistas
e tornam-se concordes para fruírem mais,
iludindo-se quanto ao que chamam “evolução
da ética”.
*
Não te justifiques os erros.
Se possível, evita errar.
Desculpa os caídos e ajuda-os, mas luta por
manter-te de pé.
A corroborar com a necessidade imperiosa
da preservação moral do aprendiz do
Evangelho, adverte Paulo, na sua Primeira
Epístola aos Coríntios, conforme se lê no
Capítulo dez, versículo doze: “Aquele, pois,
que cuida estar em pé, olhe, não caia.
Perfeitamente concorde com a lição de
Tiago, os dois ensinamentos são inadiável
concitamento à resistência contra as
tentações.
A tentação representa uma avaliação
em torno das conquistas do equilíbrio por
parte de quem busca o melhor, na trilha do
aperfeiçoamento próprio.
Assim, policia-te, não caindo nem fazendo outrem cair.
Pensamento otimista e sadio, palavra esclarecedora, sem a pimenta da malícia ou da
censura e atitudes bem definidas no compromisso superior aceito, ser-te-ão abençoadas
forças mentais e escoras morais impedindo-te que erres ou que caias. 1
1 FRANCO, Divaldo. Leis Morais da Vida. Joanna de Ângelis. Cap. 49
O espírito é sempre livre para escolher a
melhor forma de evolução. Não fugirá, porém,
aos escolhos ou aos alcatifados que lhe apraz
colocar pela senda em que jornadeia.
9. 16 17
Vida
lei da
Ninguém se evade das consequências
dos próprios atos. Estas são inevitáveis no
processo evolutivo de todas criaturas.
Conforme seja a ação, desencadeia-se
a reação. Por isto mesmo, o homem vive
segundo age.
Nem sempre, porém, os resultados se
fazem imediatos.
Há tempo para semear, quanto o existe
para colher.
A trilha de cada criatura é percorrida com
os pés do esforço pessoal.
Indispensável, portanto, pensar antes
de agir, de modo a não se arrepender, ao
raciocinar depois.
Produze, a cada momento, uma sementeira
de amor, deixando pela estrada percorrida os
sinais da esperança e do bem.
Talvez retornes pelo mesmo caminho,
realizando uma nova experiência. E, se, por
acaso, não volveres por aí, aqueles que o irão
percorrer te bendirão o labor realizado.
Sê tu aquele que acende luzes na treva
dominante.
A viagem evolutiva se faz assinalar pelas
conquistas incessantes, que respondem pela
promoção moral e espiritual do indivíduo.
Há quem se compraz na ignorância, porque
o conhecimento lhe é estranho.
Teimam, muitos homens, pela permanência
na arbitrariedade.
Pessoas agem, equivocadamente, no
disfarce do oculto, acreditando-se dribladoras
da honestidade, da correção, do dever.
Sorriem, enganadas, supondo-se livres do
escândalo, ou, escamoteando a verdade,
creem-se indenes ao escárnio, à cobrança
pelas suas vítimas.
Quiçá, permaneçam ignoradas pelos
demais, as suas ações ignóbeis; nunca, no
entanto, pela própria consciência, que reflete
a presença de Deus em todos os indivíduos.
É até mesmo provável que o culpado não
venha a ser acusado publicamente, e passe
pela vida respeitado por todos.
Isso, todavia, não é importante.
Ele jamais fugirá de si mesmo, das suas
recordações.
O tempo não para, mas, os efeitos de cada
um permanecem.
Um dia ressumam dos arquivos da
memória os lances dos atos perpetrados.
E, se por acaso se demoram anestesiadas,
as lembranças, elas prosseguem vivas,
aguardando o momento próprio.
*
De uma existência se transfere para outra,
o somatório das experiências.
A reencarnação é lei natural da vida.
Através dela cada Espírito avança,
conquistando, palmo a palmo, o campo do
progresso pessoal.
Graças aos seus impositivos, o que parecia
oculto faz-se revelado, o desconhecido torna-
se público, o errado se faz corrigir.
Assim, não cesses de produzir no bem, com
o bem e para o bem.
Se te enganas ou a alguém prejudicas,
apressa-te para retificá-lo e reabilitar-te.
Com muita propriedade, afirma a lição
evangélica, ensinando que “nada há de
oculto, que não venha a ser revelado”. 1
1 FRANCO, Divaldo. Momentos de Alegria.
Joanna de Ângelis. Cap. 7
10. 18 19
Essa tendência perturbadora para fazer-se
o que se não deve em detrimento daquilo
que é correto e ideal, remanesce na criatura
humana como efeito das experiências
primevas do processo da evolução.
As reações intempestivas que irrompem
com violência no ser, quando contrariado,
gerando desequilíbrio e deixando rastros
de desespero, têm origem no instinto de
conservação que ainda predomina em a
natureza humana.
A propensão para o mal que não se
deseja praticar e, muitas vezes, sobrepuja
no comportamento, sendo responsável por
lamentáveis consequências que poderiam ser
evitadas, procede dos impulsos automáticos
que permanecem, não sendo racionalizados
pelo Espírito.
Inclinações
as más
Essa natureza animal, que prevalece
durante o ministério da reencarnação,
é característica das necessidades do
desenvolvimento das potencialidades
espirituais que se experiência, ao largo
da evolução, trabalhando os mecanismos
que as libertam, assim facultando-lhes o
desabrochar.
Desse modo, o crescimento moral se
realiza mediante etapas sucessivas que
proporcionam a superação dos diversos
fenômenos existenciais necessários, que se
demoram por alguns períodos, logo depois
ultrapassados.
As sequelas, deles decorrentes,
prosseguem por largo tempo na condição de
atavismos que se repetem automaticamente,
produzindo mal-estar ou conduzindo a
selecionar aquelas que proporcionam paz e
alegria de viver, ao invés daqueloutras que
facultam as sensações agradáveis, mas de
efeito perturbador.
À medida que o Espírito se liberta dos
impulsos iniciais dos instintos e desenvolve
a inteligência, consegue entender quais os
valores que o enriquecem, selecionando-
os e elegendo-os, de forma que o mal nele
existente se vai transformando em bem real
que o induzirá sempre a maior crescimento
no rumo da plenitude a que aspira.
Desse modo, o mal é relativo e faz parte
dos mecanismos existenciais, sendo,
portanto, uma experiência iluminativa,
a princípio grotesca e agressiva,
transformando-se em reminiscência que
sempre adverte no momento da decisão de
qual o caminho a percorrer.
Em razão disso, costuma-se dizer que,
muitas vezes, um mal transforma-se em
um grande bem, caso o indivíduo possa
dele retirar a melhor parte, aquela que lhe
proporcione satisfação e sabedoria.
A questão fundamental, na ocorrência
do mal, diz respeito à maneira como seja
enfrentado, procurando-se evitar-lhe a
fixação no comportamento que se transforma
em hábito infeliz.
O conceito do bem, por sua vez, deve ser
examinado fora do âmbito do egoísmo de
cada pessoa, porquanto aquilo que, muitas
vezes, é considerado como bom e próprio,
porque favorece o interesse pessoal, em
realidade decorre do mal que proporciona
a outrem, transformando-se, mais cedo ou
tarde, em dano, aflição, realmente um grande
prejuízo.
Assim, as más inclinações são inerentes
aos seres que ainda transitam da animalidade
para a sua humanidade, prelúdio da sua
ascese à espiritualização que os aguarda.
aflições.
Avançando, da inconsciência em que
permanece por indeterminado e longo
período de tempo, para a consciência que
lhe abre as portas da percepção para o
divino que nele existe, o Espírito se agrilhoa
demoradamente, sendo-lhe necessário
investir um grande esforço, a fim de romper
as algemas vigorosas.
O embrião vegetal rompe o perisperma que
o guarda em germe, vencendo as pesadas
camadas do solo em que se encontra
sepultada a semente, atraído pelo tropismo
da luz. Ascende no rumo da fonte de
energia e engrandece-se, porém necessita
do apoio da terra em que se fixa a planta,
desenvolvendo todas as potencialidades que
lhe permanecem adormecidas.
Não seja de estranhar, que ainda
permaneçam no Espírito em crescimento para
Deus, as fixações ancestrais decorrentes
das experiências por que passou, retendo-o
ou dificultando-lhe a ascese. Mediante
esforço bem direcionado e constante, são
vencidos os impedimentos, e os atributos
de sublimação rompem o cárcere em que se
demoram retidos, facultando o alcance da
plenitude.
Em todos aqueles que aspiram à
autorrealização, ultrapassando os limites nos
quais se aprisionam, a força da retaguarda
compete com a atração da Grande Luz.
Por essa razão, afirmava o Apóstolo das
Gentes, conforme escreveu em Romanos:
7-15: Pois o que faço não o entendo, porque
o que quero, isso não pratico, mas o que
aborreço, isso eu faço.
A origem do mal se encontra no uso
irregular do livre-arbítrio que, nos primórdios
da evolução, ainda sem o direcionamento
da consciência, elege experiências
perturbadoras, aprendendo, desse modo, a
11. 20 21
Quanto puderes, posterga a prática do mal até o momento que possas vencer essa força
doentia que te empurra para o abismo.
Provocado pela perversidade, que campeia a solta, age em silêncio, mediante a oração que
te resguarda na tranquilidade.
Espicaçado pelos desejos inferiores, que grassam, estimulados pela onde crescente do ero-
tismo e da vulgaridade, gasta as tuas energias excedentes na atividade fraternal.
Empurrado para o campeonato da competição, na área da violência, estuga o passo e refle-
xiona, assumindo a postura da resistência passiva.
Desconsiderado nos anseios nobres do teu sentimento, cultiva a paciência e aguarda a bên-
ção do tempo que tudo vence.
Acoimado pela injustiça ou sitiado pela calúnia, prossegue no compromisso abraçado, sem
desânimo, confiando no valor do bem.
Aturdido pela compulsão do desforço cruel, considera o teu agressor como infeliz amigo
que se compraz na perturbação.
Na esteira do progresso, a sabedoria induz
à transformação das tendências prejudiciais
em aquisições benfazejas, em favor das
quais devem ser investidos todos os recursos
da inteligência e da razão, desde que a
ascensão é inevitável, atraente e convidativa,
comprazendo e felicitando.
Não lamentes, portanto, a presença
das más inclinações, que lentamente te
impulsionam no rumo da aquisição dos
sentimentos formosos.
Quem pretende o acume da montanha não
pode desdenhar as dificuldades da base em
que a mesma repousa.
Quem se compraz na escuridão, somente
valoriza a claridade quando por ela
beneficiado.
Caminhando em pleno nevoeiro, o Sol
prossegue brilhando, embora o viandante,
mesmo beneficiado pelos seus raios
invisíveis, não o veja. À medida que a neblina
se dissipa, mais favoráveis se apresentam os
recursos que o indivíduo alcança, olvidando-
se, logo depois, da bruma que o confundia na
região ora vencida.
O mesmo fenômeno acontece com as
más inclinações. Não te detenhas, pois,
porque ainda assinalas-lhes a presença no
teu mundo interior e no teu comportamento
externo.
Insiste na sua eliminação, ampliando o
campo das tuas conquistas. Cada vitória, por
menor que seja, sobre os impulsos primários
e prejudiciais, constituem-te conquista valiosa
no rumo da Espiritualidade.
Da mesma forma como não te deves afligir
por vivenciar esses impulsos ancestrais,
não te permitas acomodar ante as suas
manifestações.
Medita e considera a excelente
oportunidade de que dispões para o
crescimento íntimo por meio do bem,
laborando afanosamente pela tua
transformação moral para melhor, sempre e
incessantemente.
A escada ascensional não possui último
degrau, sempre havendo patamares mais
altos que aguardam pelos argonautas
espirituais.
Jesus desceu até o ser humano na
pequenez deste, a fim de que a Sua grandeza
lhe servisse de estímulo para crescer até Ele.
Não te detenhas! 1
1 FRANCO, Divaldo. Diretrizes para o Êxito.
Joanna de Ângelis. Cap. 17
Íntima
a reforma
Quem pretende o
acume da montanha
não pode desdenhar as
dificuldades da base em
que a mesma repousa.
12. 22 23
Desestimulado no lar, e sensibilizado por outros afetos, renova a paisagem familiar e tenta
salvar a construção moral doméstica abalada.
É muito fácil desistir do esforço nobre, comprazer-se por um momento, tornar-se igual aos
demais, nas suas manifestações inferiores. Todavia, os estímulos e gozos de hoje, no campo
das paixões desgovernadas, caracterizam-se pelo sabor dos temperos que se convertem em
ácido e fel, a requeimarem por dentro, passados os primeiros momentos.
Ninguém foge aos desafios da vida, que são técnicas de avaliação moral para os candidatos
à felicidade.
O homem revela sabedoria e prudência, no momento do exame, quando está convidado à
demonstração das conquistas realizadas.
Parentes difíceis, amigos ingratos, companheiros inescrupulosos, co-idealistas insensíveis,
conhecidos descuidados, não são acontecimentos fortuitos, no teu episódio reencarnacionis-
ta.
Cada um se movimenta, no mundo, no campo onde as possibilidades melhores estão colo-
cadas para o seu crescimento. Nem sempre se recebe o que se merece. Antes, são propicia-
dos os recursos para mais amplas e graves conquistas, que darão resultados mais valiosos.
Assim, aprende a controlar as tuas más inclinações e adia o teu momento infeliz.
Lograrás vencer a violência interior que te propele para o mal, se perseverares na luta.
Sempre que surja oportunidade, faze o bem, por mais insignificante que te pareça. Gera o
momento de ser útil e aproveita-o.
Não aguardes pelas realizações retumbantes, nem te detenhas esperando as horas de
glorificação.
Para quem está honestamente interessado na reforma íntima, cada instante lhe faculta con-
quistas que investe no futuro, lapidando-se e melhorando-se sem cansaço.
Toda ascensão exige esforço, adaptação e sacrifício.
Toda queda resulta em prejuízo, desencanto e recomeço.
Trabalha-te interiormente, vencendo limite e obstáculo, não considerando os terrenos venci-
dos, porém, fitando as paisagens ainda a percorrer.
A tua reforma íntima te concederá a paz por que anelas e a felicidade que desejas. 1
1 FRANCO, Divaldo. Vigilância. Joanna de Ângelis. Cap. 11
Vida
lei da
Indagas, muita vez, alma querida e boa,
Como recuperar a fé perdida,
Quando alguém te vergasta o coração e a
vida,
A ofender e ferir, a espancar e humilhar. . .
Sai de ti mesmo e fita o mundo em torno,
Todas as forças lutam, entretanto,
A natureza pede em cada canto:
Renovar, renovar. . .
13. 24 25
A noite envolve a terra em longa faixa,
Mas a terra em silêncio espera o dia
E o sol dissipa a névoa espessa e fria,
Simplesmente a brilhar. . .
Alteia-se a manhã, o trabalho enxameia. . .
Do pó ao firmamento em novo brilho,
Ouve-se, em toda parte, o sagrado
estribilho:
Renovar, renovar. . .
A semente lançada ao barro agreste
Sobre o assalto do lodo que a devora,
Mas o embrião resiste, luta e aflora,
No anseio de ser pão e alegria no lar. . .
A princípio, é um rebento pobre e frágil,
Tolera praga e temporal violento,
Faz-se árvore linda e canta entre as notas
do vento:
Renovar, renovar. . .
Arrebatada a pedra ao chão da furna
Quer descanso, sem garbos de obra –
prima,
Contudo, o artista chega, corta e lima
A brumir e a sonhar. . .
Ei-la que escala os topos da escultura
E, estátua em que se estampa a essência
da beleza,
Diz à vida que a busca, encantada e
surpresa:
Renovar, renovar. . .
Assim também, alma querida e boa,
Se alguém te impôs olvido, abandono e
amargura,
Segue, serve e perdoa o golpe que te
apura,
Esquecendo o desprezo e procurando
amar. . .
E ouvirás claramente, entre ascensões mais
belas,
Ante a fé no porvir luminoso e risonho,
A própria voz do céu, ao restaurar-te o
sonho:
Renovar, renovar . . . 1
1 XAVIER, Francisco Cândido. Encontro de
paz. Diversos. Cap. 37
ROTEIRO
o celeste
Resenha de Estudos Espíritas
no
10
15 de novembro de 2015
Unidade em estudo: Eu Sou o Caminho
tema:
abordagem:
parte segunda:
título desta edição:
Eu e Deus
A fatalidade
Livre-arbítrio e determinismo
Livre arbítrio, fatalidade e a
escolha das provas
objetivo do tema abordado:
observação:
O objetivo deste tema é aclarar que,
juntamente com o livre-arbítrio, há que
se estudar sobre fatalidade e as escolhas
da provas, de modo a que se entenda
melhor as Leis de Deus que norteiam
nossas vidas.
Além das Notas de Referência para as
citações contidas no texto de abordagem
do assunto, ao final seguem referências
bibliográficas, que recomendamos
sejam lidas e estudadas, pois ali se
encontra conhecimento que irá dar maior
substância ao que ora nos dispomos
aprender neste fascículo.
série
14. 26
Sugestões bibliográficas
• TEIXEIRA, Raul. Todos precisam de paz na alma. Benedita Maria. Cap.: 1, 3, 13, 37
• ________. Vozes do infinito. Diversos. Cap.: 12, 14, 33
• ________. Nos passos da vida terrestre. Camilo. Cap.: 3
• FRANCO, Divaldo P. Momentos enriquecedores. Joanna de Ângelis. Cap.: 3, 7, 10, 14
• ________. Celeiro de bênçãos. Joanna de Ângelis. Cap.: 11, 16, 39
• ________. Entrega-te a Deus. Joanna de Ângelis. Cap.: 10, 11
• ________. Diretrizes para uma vida feliz. Marco Prisco. Cap.: 12, 39
• ________. Episódios diários. Joanna de Ângelis. Cap.: 34
• DENIS, Léon. Depois da morte. Cap.: L