1. O documento discute a produção de vídeo na escola como instrumento de inclusão e aprimoramento do senso crítico dos alunos.
2. Ele propõe capacitar professores para usarem vídeo como recurso educacional que contempla diferentes habilidades dos estudantes e motiva o aprendizado.
3. O objetivo é implementar procedimentos para que os professores utilizem vídeo de forma a promover valores democráticos e uma educação que celebre a diversidade.
1. UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO – RIO DE JANEIRO
INTELIGÊNCIA EDUCACIONAL E SISTEMA DE ENSINO / IESDE-PR
PROGRAMA DE ESPECIALIZAÇÃO DOCENTE / CURITIBA - PR
PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A PRODUÇÃO DE VÍDEO NA ESCOLA: INSTRUMENTO
DE INCLUSÃO E APRIMORAMENTO DO SENSO CRÍTICO
Gladis Xavier Maia
Turma 030432200001
Tutora: Maria das Graças de Campos
Triunfo, RS, dezembro de 2004.
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1. TEMA
A produção de vídeo na escola, como instrumento de sensibilização e motivação
para o sucesso da inclusão na escola pública regular de Ensino Fundamental e Ensino
Médio e aprimoramento do senso crítico dos alunos, especialmente em relação às TVs
comerciais, através da inter-relação da Educação/Comunicação, constituindo um cam-
po de intervenção social: a Educomunicação, um paradigma em construção, na
América Latina.
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2. PROBLEMA
As mudanças pelas quais a sociedade contemporânea vem passando com os
avanços da tecnologia – especialmente em pleno contexto da implantação da Inclusão na
escola brasileira - preocupa a quantos se interessam pela eficiência do ensino, na medi-
da que ocasionam modificações vultosas nos campos da Educação e da Comunicação. A
primeira tornando-se obsoleta em seus métodos e enfoque e despreparada na qualifica-
ção de seus agentes e a segunda mostrando-se, por vezes, perniciosa, principalmente
por estar sujeita a regras do mercado que não se coadunam com os valores da educa-
ção e da ética sustentados pelos educadores.
Parece natural, que essas mudanças aproximem as duas áreas de atuação -
Educação e Comunicação - pelas necessidades convergentes que suscitam e, isto já
está acontecendo, através do trabalho de vários estudiosos de ambas as áreas – em
nível autodidata, com ou sem apoio público, na efetivação de suas pesquisas e projetos
envolvendo os meios de comunicação de massa - especialmente junto ao NCE/ECA/USP
Núcleo de Comunicação e Educação, da Escola de Comunicação e Artes da Universidade
de São Paulo, coordenado pelo professor Dr. Ismar de Oliveira Soares, que vem traba-
lhando, através de pesquisas que visam reunir tudo que vem sendo desenvolvido nesta
área, em toda a América Latina, passando a constituir um novo campo de estudo, ou pa-
radigma nascente : a Educomunicação, a serviço do ensino.
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3. OBJETIVO GERAL
Implementar procedimentos voltados à apropriação dos meios e das linguagens de
comunicação, abrangendo os professores da Rede Municipal de Ensino de Triunfo que
estão cursando as duas turmas de pós-graduação de Educação Inclusiva do IESDE, com
a finalidade de capacitá-los como educomunicadores – profissionais aptos a elaborarem
as ações comunicativas de inter-relação da Educação/Comunicação no espaço educa-
tivo, seja através da coordenação e gestão do processo ou assessorando os outros Edu-
cadores no adequado uso dos recursos de comunicação ou ainda, promovendo ele mes-
mo o uso, cada vez mais intenso, da tecnologia de produção de vídeo como um recurso
tecnológico que facilita a produção cultural, o resgate da cidadania e a inclusão da diver-
sidade, na medida que remete o sujeito singular para o espaço coletivo e plural da cultura
e da comunicação.
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4.OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Utilizar a produção de vídeo no espaço educativo e na comunidade circunscrita à
Escola como:
4.1. recurso tecnológico a serviço da formação de valores solidários e democráticos para
a transformação do ambiente em que vivem;
4.2. recurso apropriado ao desenvolvimento do currículo, seja através de conteúdos pro-
gramáticos das mais variadas disciplinas ou através de projetos que visem promover
campanhas sociais e humanitárias, em prol da ética e da mudança de comportamento em
relação aos preconceitos de qualquer natureza;
4,3. objeto de estudo e de poder que precisa ser conhecido, para que seus mecanismos
sejam dominados, enquanto linguagem e estudo das tecnologias, favorecendo o espírito
crítico do aluno, especialmente em relação ás TVs comerciais;
4.4. instrumento de aprendizagem da modalidade de trabalho em equipe, onde deve im-
perar o respeito às diferenças, para um bom relacionamento entre as partes;
4.5. instrumento de motivação para provocar o desejo no aluno de freqüentar a escola,
evitando a evasão;
4.6. instrumento que contempla com maior facilidade os diferentes gostos, habilidades e
capacidades dos sujeitos , no processo de ensino-aprendizagem, já que possibilita um
trabalho bastante diversificado,envolvendo pré-produção, produção e pós-produção, e
várias linguagens e conseqüentes formas de apreender as mensagens produzidas a se-
rem comunicadas e re-trabalhadas posteriormente.
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5. JUSTIFICATIVA
Considerando-se que:
# os recursos tecnológicos clássicos como o rádio e a televisão tiveram dificuldades
de ser absorvidos pelo campo da educação, especialmente por seu caráter lúdico e
mercantil, que ocasionou a resistência dos educadores em dialogar com a tecnologia,
bem como sua necessidade de reverter-se este quadro para que a escola esteja mais
situada para a vanguarda do que para a obsolescência;
# o vídeo, ao contrário das aulas expositivas é um método que aproxima, ao possibilitar a
releitura do cotidiano, com suas linguagens múltiplas superpostas e interligadas auxilian-
do na informação, sem fragmentá-la, tornando a sua mensagem essencialmente senso-
rial e visual, residindo aí a sua maior força, atuando através da música, do desenho,
da fotografia, da palavra falada e escrita, do gestual, do teatro, da dança, etc., enrique-
cendo a aprendizagem e a comunicação, facilitando a exposição de um tema;
# na cabeça do aluno vídeo não é aula, umbilicalmente ligado à TV , relacionado ao
lazer, colabora para que o aluno aprenda brincando, por assim dizer, motivo pelo qual
precisa ser aproveitada essa expectativa positiva para atraí-lo para os assuntos que
interessam ao planejamento pedagógico;
# é muito difícil resistir aos apelos da linguagem da propaganda em qualquer meio de
comunicação, com suas estratégias usadas para criar o apelo ao consumo, embrulhadas
em pura sedução e convencimento, especialmente na TV, onde conta com o reforço
considerável da força da imagem em movimento, e que esta linguagem, por isso mesmo,
deve ser um objeto de estudo nas escolas;
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# a aprendizagem da “leitura” das peças publicitárias veiculadas na TV é tão importante
na formação de um telespectador crítico, quanto o estudo e análise dos noticiários e das
telenovelas, onde depois de estabelecidas as diferenças entre ficção e realidade, podem
ser discutidos os modelos de comportamentos apresentados ali, até porque uma parce-
la considerável da população os copia e copiados podem virar hábitos que forjam es-
paços alienígenos na cultura local, com sua peculiar criação de modas;
# os alunos que apresentam NEE, Necessidades Educativas Especiais, não são
somente aqueles portadores de deficiência física ou mental, mas todos aqueles que
apresentam alguma dificuldade de aprendizagem e que precisam ser motivados mais
intensamente e o vídeo é muito bom nisto;
# a escola inclusiva necessita caminhar rumo à escola para todos, onde seja celebrada a
diferença e atendidas as NEE, através de uma pedagogia centrada no aluno, dando
oportunidades curriculares que se adaptem a sujeitos com diferentes interesses e capaci-
dades e que o vídeo tem mais facilidade para abranger um leque maior de interesses;
# a escola inclusiva tem a responsabilidade de assegurar que o aluno deficiente seja um
membro integrante e valorizado na sala de aula ou no grupo e que a produção de vídeo
pode inseri-lo até mesmo como assunto, tema, matéria de estudo - no caso o próprio
deficiente pode ser entrevistado - ou seus familiares, na sua impossibilidade - outras
pessoas acometidas da mesma ou de outras deficiências que são exemplos de supera-
ção ao conseguirem se inserir satisfatoriamente na sociedade, suas famílias, a defi-
ciência em si, os especialistas que tratam dela e outros quaisquer elementos a ela liga-
dos, justifica-se este projeto.
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6. BIBLIOGRAFIA
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