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Das redes para as ruas, das ruas para as redes: uma
cartografia preliminar das plataformas net-ativistas
de participação política e ação coletiva na AL
Comunicação
X
Transformações políticas e econômicas
da sociedade
• Escrita: fundação dos estados burocráticos e da administração econômica
centralizada
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principalmente, da democracia
• Imprensa: formação da opinião pública, a partir da circulação massiva de
livros e jornais, e Revolução Industrial
• Mídia audiovisual de massa: surgimento da sociedade do espetáculo e da
publicidade
Tecnologias de Informação e
Comunicação
• Desenvolvimento e consolidação do capitalismo
financeiro globalizado
• Novas formas de trabalho: trabalho imaterial
• Era da informação
• Sociedade em rede
• Nova forma de fazer política: Net-ativismo
“a última revolução comunicativa”
(...) alterou, pela primeira vez na história da humanidade, a própria
arquitetura do processo informativo, realizando a substituição da forma frontal
de repasse de informações (teatro, livro, imprensa, cinema, TV), por aquela
reticular, tecnologicamente interativa e colaborativa. Surge, portanto, não
somente uma nova forma de interação, consequência de uma inovação
tecnológica que altera o modo de comunicar e seus significados, mas também os
pressupostos e as características de uma nova arquitetura social que estimula
inéditas práticas interativas entre nós e as tecnologias de informação” (DI FELICE,
2012, p. 16).
Movimentos políticos emergentes
•Começam nas redes e continuam nas ruas (ou vice-versa)
•Usam email, redes sociais (Facebook, Twitter, Youtube, Instagram etc.), sites,
SMS, aplicativos de mensagens, fóruns de debates etc.
•Caráter informativo-digital: filmados, transmitidos, fotografados, postados e
comentados online
•Desvinculados de partidos políticos, ideologias e governos
•Operados de forma horizontal, sem lideranças e hierarquias
•Glocais – globais e locais
Movimentos políticos emergentes
Movimentos políticos emergentes
Movimentos políticos emergentes
• Movimento Zapatista
• Occupy
• 15M/indignados
• Primavera árabe
• Yo soy 132
• Jornadas de Junho
• Parque Gezi
• Nuit Debout
Plataformas de democracia direta
• Participação nas decisões sobre políticas públicas
• Esforço para influenciar parlamentares e governos
• Expressão de opinião e/ou decisão sobre temas de
interesse público/comum
• Busca da transparência político-administrativa
• Participação desvinculada de partidos ou movimentos
Plataformas de democracia direta
• Islândia
• Avaaz
• Change.org
• Anistia Internacional
• Colab
• Nossas Cidades
• Democracy OS
Plataformas de democracia direta
Panorama da América Latina
• 43,4% das residências têm internet em 2015 – dobrou em 5 anos.
• Acesso cresceu 20% entre 2010 e 2015 – chega a 54,4% da
população
• Banda larga móvel passou de 7% para 58% em 5 anos
• Desigualdades permanecem – de 24 países, apenas 3 têm acesso
superior a 60% à banda larga móvel (Chile, Costa Rica e Uruguai). E
3, inferior a 10% (Nicarágua, Haiti e Guiana)
• Brasil tem 88,6% e Uruguai, 77,7% de acesso à banda larga móvel.
Fonte: Cepal, 2016
Panorama da América Latina
• Mapeamento da ONG Update identificou pelo menos
700 iniciativas de inovação política no continente:
mobilização e democracia direta.
• 17 hubs de inovação em governo aberto – definição de
políticas públicas em cidades, parlamentos e governos
nacionais.
• Pelo menos 150 ONGs trabalham na promoção da
participação política, e a 41 as alianças e parceria com
estes objetivos
Esfera Pública
Digital
Esfera pública
• Estrutura de mediação e controle entre o sistema político e os
setores privados do mundo da vida (Habermas), onde a mídia tem
papel preponderante na formação de opinião
• Espaço público onde se dão os embates entre poder e contrapoder,
local de interação da sociedade, campo para ação e reação (Castells)
• “Autocomunicação de massa” tira supremacia da mídia corporativa
sobre o que o público deve conhecer e discutir, abrindo espaço para
autonomia dos cidadãos
• Espaço dos fluxos – virtual e real, local e global (glocal)
Evolução da comunicação
Novas perspectivas para democracia
• Redes como facilitadoras do debate e da tomada de decisão
• Transparência
• Maiorias se formam em torno de questões específicas
• Elaborações coletivas
• Minorias têm direito de expressão
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• Democracia em tempo real
O Comum
• Aquilo que não é público nem privado
• A riqueza material derivada da natureza (água, ar, frutos da terra),
que deve ser usufruída de forma compartilhada (Elinor Otrom,
“Governing the commons")
• Os saberes, as linguagens, os códigos, a informação, os afetos... -
aquilo que é necessário para a interação social e a vida em comum
junto à natureza (Hardt e Negri)
• Capitalismo financeiro globalizado está ancorado no comum –
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interatividade
O Comum
• Aquilo que não é público nem privado
• A riqueza material derivada da natureza (água, ar, frutos da terra),
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• Os saberes, as linguagens, os códigos, a informação, os afetos... -
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junto à natureza (Hardt e Negri)
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•Capitalismo financeiro globalizado fundado em relações sociais em formas de
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•Trabalho imaterial, feminização da mão de obra (jornadas mais flexíveis,
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•Também stá ancorado no comum – códigos abertos, informações comuns,
amplas conexões e interatividade
•Ponto de partida e de chegada – a rqiueza que da comunicade brota –
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•Regimes disciplinares – biopoder, poder sobre a vida exercido pelo capital
(Foucault)
•Resistência, produção alternativa de subjetividades que busca autonomia em
relação ao poder – biopolítica, poder da vida de resistir por meio da
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O espectro do comum ronda as cidades, onde sua produção é mais intensa e
direta:
•Externalidades positivas - práticas culturais, circuitos intelectuais, redes
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Rede Nossas Cidades
•Rede que conecta 10 cidades de 8 estados*
•Mais de 350 mil pessoas mobilizadas
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•Atua só ou em parceria com movimentos sociais e políticos
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Rede Nossas Cidades
Rede Nossas Cidades
•Mobilizações online e offline (a partir da
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•Pressão de autoridades por email e telefone
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• 140 mil cadastrados, 20 mil com atuação frequente
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Hackeando a democracia
• As Tecnologias de Informação e comunicação (TICs) e a crise de
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Democracia en Red
• Fundação criada em 2011, em Buenos Aires, por um grupo de jovens
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“atualizar”o sistema de governo
• Democracy OS - Plataforma para dar voz a todos os cidadãos sem
necessitar de intermediários, que permite consultas e debates online
• Plataforma já usada na Argentina, Peru, Colômbia, Estados Unidos,
França e Espanha, entre outros
• Construída em código aberto, permite ampla utilização para consultas,
debates e votações.
Democracia en Red
Democracia en Red
Argentina
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Democracia en Red
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•32 propostas para fortalecer e melhorar a democracia no país,
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criam sentimento de unidade; isso é importante porque é através da unidade
que as pessoas superam o medo e descobrem a esperança. Unidade não é o
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Dessa forma, a comunidade é um objetivo a se alcançar, enquanto unidade é o
ponto de partida e a fonte de empoderamento: Juntas podemos. (CASTELLS”
Referências
Referências
CASTELLS, Manuel. O poder da comunicação.
__________. Redes de Indignação e Esperança: Movimentos sociais na era da internet.
DI FELICE, Massimo; LEMOS, Ronaldo. A vida em rede.
DI FELICE, Massimo; TORRES, Juliana C.; YANAZE, Leandro K. H.. Redes digitais e sustentabilidade: as
interações com o meio ambiente na era da informação
GOMES, Wilson. Participação política online: Questões e hipóteses de trabalho. In orgs. GOMES, Wilson;
MAIA, Rousiley Celi Moreira; MARQUES, Francisco Paulo Jamil Almeida. Internet e Participação Política no
Brasil. LEVY, PIERRE. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço.
OSTROM, Elinor. Governing the Commons – The evolution of Institutions for Collective Action.
TRIVINHO, Eugênio. Glocal – Visibilidade mediática, imaginário bunker e existência em tempo real.
CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e Caribe). Estado de la banda ancha en America Latina y
el Caribe 2016. Disponível em http://bit.ly/2cUoYQ8. Acesso em 26/09/2016.
UPDATE. A democracia na América Latina no século XXI. Disponível em http://updatepolitics.cc/. Acesso
em 25/09/2016.
Malu Oliveira
Mestranda do Promusp (EACH-USP) e pesquisadora Celacc
Twitter: @MaluOliveira
Facebook: MaluOliveira
maluoliveira@usp.br
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Das redes para as ruas, das ruas para as redes: cartografia preliminar das plataformas de participação política e ação coletiva na AL

  • 1. Das redes para as ruas, das ruas para as redes: uma cartografia preliminar das plataformas net-ativistas de participação política e ação coletiva na AL
  • 3. • Escrita: fundação dos estados burocráticos e da administração econômica centralizada • Alfabeto grego: aparecimento da moeda, da cidade antiga e, principalmente, da democracia • Imprensa: formação da opinião pública, a partir da circulação massiva de livros e jornais, e Revolução Industrial • Mídia audiovisual de massa: surgimento da sociedade do espetáculo e da publicidade
  • 4. Tecnologias de Informação e Comunicação • Desenvolvimento e consolidação do capitalismo financeiro globalizado • Novas formas de trabalho: trabalho imaterial • Era da informação • Sociedade em rede • Nova forma de fazer política: Net-ativismo
  • 5. “a última revolução comunicativa” (...) alterou, pela primeira vez na história da humanidade, a própria arquitetura do processo informativo, realizando a substituição da forma frontal de repasse de informações (teatro, livro, imprensa, cinema, TV), por aquela reticular, tecnologicamente interativa e colaborativa. Surge, portanto, não somente uma nova forma de interação, consequência de uma inovação tecnológica que altera o modo de comunicar e seus significados, mas também os pressupostos e as características de uma nova arquitetura social que estimula inéditas práticas interativas entre nós e as tecnologias de informação” (DI FELICE, 2012, p. 16).
  • 6. Movimentos políticos emergentes •Começam nas redes e continuam nas ruas (ou vice-versa) •Usam email, redes sociais (Facebook, Twitter, Youtube, Instagram etc.), sites, SMS, aplicativos de mensagens, fóruns de debates etc. •Caráter informativo-digital: filmados, transmitidos, fotografados, postados e comentados online •Desvinculados de partidos políticos, ideologias e governos •Operados de forma horizontal, sem lideranças e hierarquias •Glocais – globais e locais
  • 9. Movimentos políticos emergentes • Movimento Zapatista • Occupy • 15M/indignados • Primavera árabe • Yo soy 132 • Jornadas de Junho • Parque Gezi • Nuit Debout
  • 10. Plataformas de democracia direta • Participação nas decisões sobre políticas públicas • Esforço para influenciar parlamentares e governos • Expressão de opinião e/ou decisão sobre temas de interesse público/comum • Busca da transparência político-administrativa • Participação desvinculada de partidos ou movimentos
  • 11. Plataformas de democracia direta • Islândia • Avaaz • Change.org • Anistia Internacional • Colab • Nossas Cidades • Democracy OS
  • 13. Panorama da América Latina • 43,4% das residências têm internet em 2015 – dobrou em 5 anos. • Acesso cresceu 20% entre 2010 e 2015 – chega a 54,4% da população • Banda larga móvel passou de 7% para 58% em 5 anos • Desigualdades permanecem – de 24 países, apenas 3 têm acesso superior a 60% à banda larga móvel (Chile, Costa Rica e Uruguai). E 3, inferior a 10% (Nicarágua, Haiti e Guiana) • Brasil tem 88,6% e Uruguai, 77,7% de acesso à banda larga móvel. Fonte: Cepal, 2016
  • 14. Panorama da América Latina • Mapeamento da ONG Update identificou pelo menos 700 iniciativas de inovação política no continente: mobilização e democracia direta. • 17 hubs de inovação em governo aberto – definição de políticas públicas em cidades, parlamentos e governos nacionais. • Pelo menos 150 ONGs trabalham na promoção da participação política, e a 41 as alianças e parceria com estes objetivos
  • 16. Esfera pública • Estrutura de mediação e controle entre o sistema político e os setores privados do mundo da vida (Habermas), onde a mídia tem papel preponderante na formação de opinião • Espaço público onde se dão os embates entre poder e contrapoder, local de interação da sociedade, campo para ação e reação (Castells) • “Autocomunicação de massa” tira supremacia da mídia corporativa sobre o que o público deve conhecer e discutir, abrindo espaço para autonomia dos cidadãos • Espaço dos fluxos – virtual e real, local e global (glocal)
  • 18. Novas perspectivas para democracia • Redes como facilitadoras do debate e da tomada de decisão • Transparência • Maiorias se formam em torno de questões específicas • Elaborações coletivas • Minorias têm direito de expressão • Expressão individual é possível • Democracia em tempo real
  • 19. O Comum • Aquilo que não é público nem privado • A riqueza material derivada da natureza (água, ar, frutos da terra), que deve ser usufruída de forma compartilhada (Elinor Otrom, “Governing the commons") • Os saberes, as linguagens, os códigos, a informação, os afetos... - aquilo que é necessário para a interação social e a vida em comum junto à natureza (Hardt e Negri) • Capitalismo financeiro globalizado está ancorado no comum – códigos abertos, informações comuns, amplas conexões e interatividade
  • 20. O Comum • Aquilo que não é público nem privado • A riqueza material derivada da natureza (água, ar, frutos da terra), que deve ser usufruída de forma compartilhada (Elinor Otrom, “Governing the commons") • Os saberes, as linguagens, os códigos, a informação, os afetos... - aquilo que é necessário para a interação social e a vida em comum junto à natureza (Hardt e Negri)
  • 21. O Comum no capitalismo •Capitalismo financeiro globalizado fundado em relações sociais em formas de vida (biopolítica) •Trabalho imaterial, feminização da mão de obra (jornadas mais flexíveis, tarefas “afetivas”), imigração e mescla social •Também stá ancorado no comum – códigos abertos, informações comuns, amplas conexões e interatividade •Ponto de partida e de chegada – a rqiueza que da comunicade brota – linguagens, criações coletivas, produção imaterial – é a riqueza posta para circular
  • 22. Biopoder e Biopolítica •Regimes disciplinares – biopoder, poder sobre a vida exercido pelo capital (Foucault) •Resistência, produção alternativa de subjetividades que busca autonomia em relação ao poder – biopolítica, poder da vida de resistir por meio da cooperação social e interação de corpos e desejos (Hardt e Negri)
  • 23. Cidades rebeldes O espectro do comum ronda as cidades, onde sua produção é mais intensa e direta: •Externalidades positivas - práticas culturais, circuitos intelectuais, redes afetivas, instituições sociais •Externalidades negativas - bens imobiliários e suas localizações, serviços e facilidades, mas também violência, poluição, trânsito As dualidades abrem caminho ppara que a cidade seja o palco de encontro e de organização política
  • 24. Rede Nossas Cidades •Rede que conecta 10 cidades de 8 estados* •Mais de 350 mil pessoas mobilizadas •Cerca de 700 mobilizações desde 2011 •Reunião de comunidades de interesse •Missão de lutar por cidades mais justas, inclusivas, sustentáveis e agradáveis de viver •Foco em temas que afetam a vida das pessoas nas cidades – mobilidade, segurança, educação, saúde, lazer, meio ambiente, questões de gênero etc. •Atua só ou em parceria com movimentos sociais e políticos •Financiamento por fundraising e crowdfunding
  • 26. Rede Nossas Cidades •Mobilizações online e offline (a partir da plataforma) •Pressão de autoridades por email e telefone •Abaixo-assinados •Atos e performances públicas •Eventos •Contatos presenciais com autoridades •Reuniões com outros coletivos e parceiros
  • 27. Minha Sampa • 140 mil cadastrados, 20 mil com atuação frequente Campanhas vitoriosas: • Abertura de CPI contra desvio de merenda – 1.339 pressões diretas, 21.279 assinaturas em petição pública, ato público e vídeo com apoio de artistas • Fechamento da avenida Paulista aos domingos – envio de emails ao prefeito e ao Ministério Público, que era contra; recolhimento de assinaturas, ato público, reuniões em conjunto com outro coletivo
  • 28. Hackeando a democracia Rousseau: "a soberania não pode ser representada” "o povo inglês acredita ser livre mas se engana redondamente; só o é durante a eleição dos membros do parlamento; uma vez eleitos estes, ele volta a ser escravo, não é mais nada”. "uma verdadeira democracia jamais existiu nem existirá"
  • 29. Hackeando a democracia • As Tecnologias de Informação e comunicação (TICs) e a crise de representatividade inauguraram novas práticas democráticas • A interação política e a prática da democracia direta incrementam o poder simbólico e material do público, como eleitor e sujeito com posições e vontades (Gomes) • Um caminho sem volta – interação leva agentes públicos a alterarem posições e muda a cultura política, permitindo o exercício da cidadania e a obrigação de respeitá-la
  • 30. Democracia en Red • Fundação criada em 2011, em Buenos Aires, por um grupo de jovens educadores, comunicadores, programadores e artistas para “atualizar”o sistema de governo • Democracy OS - Plataforma para dar voz a todos os cidadãos sem necessitar de intermediários, que permite consultas e debates online • Plataforma já usada na Argentina, Peru, Colômbia, Estados Unidos, França e Espanha, entre outros • Construída em código aberto, permite ampla utilização para consultas, debates e votações.
  • 32. Democracia en Red Argentina •Compromisso pela educação – Declaración de Putamarca •Consulta popular de julho a setembro de 2016 •8 mil visitantes – 520 visitas/dia •1.346 cadastrados para participar do debate •Centenas de contribuições, comentários e críticas ao plano
  • 34. Democracia en Red Peru •Asociación Civil Transparencia – Plan 32 •32 propostas para fortalecer e melhorar a democracia no país, incluindo administração pública, poder judiciário, Congresso e sistema eleitoral •Projeto de lei apresentado ao Congresso e à Presidência do Conselho de Ministros •Busca respaldo da população com divulgação das medidas propostas e coleta de assinaturas como forma de pressão
  • 36. Juntxs podemos “Redes horizontais multimodais, tanto na internet quanto no espaço urbano, criam sentimento de unidade; isso é importante porque é através da unidade que as pessoas superam o medo e descobrem a esperança. Unidade não é o mesmo que comunidade, uma vez que esta última implica um conjunto de valores comuns, que, dentro do movimento, é algo que está em processo, já que a maior parte dos participantes chega com seus próprios objetivos e motivações e, então, partem para descobrir o potencial comum na prática do movimento. Dessa forma, a comunidade é um objetivo a se alcançar, enquanto unidade é o ponto de partida e a fonte de empoderamento: Juntas podemos. (CASTELLS”
  • 38. Referências CASTELLS, Manuel. O poder da comunicação. __________. Redes de Indignação e Esperança: Movimentos sociais na era da internet. DI FELICE, Massimo; LEMOS, Ronaldo. A vida em rede. DI FELICE, Massimo; TORRES, Juliana C.; YANAZE, Leandro K. H.. Redes digitais e sustentabilidade: as interações com o meio ambiente na era da informação GOMES, Wilson. Participação política online: Questões e hipóteses de trabalho. In orgs. GOMES, Wilson; MAIA, Rousiley Celi Moreira; MARQUES, Francisco Paulo Jamil Almeida. Internet e Participação Política no Brasil. LEVY, PIERRE. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. OSTROM, Elinor. Governing the Commons – The evolution of Institutions for Collective Action. TRIVINHO, Eugênio. Glocal – Visibilidade mediática, imaginário bunker e existência em tempo real. CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e Caribe). Estado de la banda ancha en America Latina y el Caribe 2016. Disponível em http://bit.ly/2cUoYQ8. Acesso em 26/09/2016. UPDATE. A democracia na América Latina no século XXI. Disponível em http://updatepolitics.cc/. Acesso em 25/09/2016.
  • 39. Malu Oliveira Mestranda do Promusp (EACH-USP) e pesquisadora Celacc Twitter: @MaluOliveira Facebook: MaluOliveira maluoliveira@usp.br Obrigada