O Antigo Regime: Conceito
Foi um sistema de organização política, econômica e sociocultural que vigorou na
Europa durante a Era Modena (séculos XV a XVIII)
Contexto / características:
1.Transição entre o final da Idade Média e o início da Era moderna: crise do
feudalismo _ enfraquecimento da política centralizada e fortalecimento dos
monarcas;
2.Surgimento dos Estados Nacionais Modernos;
3.Absolutismo como regime de goveno: monarcas concentram plenos poderes;
4.Estabelecimento de um acordo tácito entre a realeza, a nobreza e a burguesia.
5.Economia mercantilista com forte intervenção estatal;
6.Resquícios do feudalismo: sociedade de ordens (ou Estados); manutenção de
privilégios para as camadas aristocráticas, em detrimento do povo; agricultura como
base econômica (apesar do crescimento do comércio);
Política:
Do ponto de vista político, o Antigo Regime
caracterizava-se pelo absolutismo, isto é,
os reis concentravam de maneira plena os
poderes.
Os reis declaravam-se representantes de
Deus na Terra, concentrando todos os
poderes nas suas mãos. Todos os súditossúditos
lhes prestavam obediência.
Etapas de formação do absolutismo:
Insurreições camponesas –enfraquecem a
nobreza.
Insurreições urbanas – reduz o poder da
nobreza e corrompe a burguesia.
Desenvolvimento do comércio – Gera a
centralização do poder nas mãos do Rei.
Guerras – Exigiram disciplina e comando
centralizado.
Hyacinth Rigaud
Luís XIV
• O Estado Nacional
• É resultado da aliança entre o rei, a burguesia e alguns setores da
nobreza, interessados, respectivamente, no fortalecimento do
poder real para a ampliação de seus negócios ou para a
manutenção de seus privilégios e segurança.
• BURGUESIA_ A formação da monarquia europeia é associado
ao crescimento da burguesia que apoiou os rei para expandir
sua atividade comercial.
• Eles queriam um governo mais forte que diminuísse a grande
influência da nobreza feudal.
• Com o enfraquecimento dos poderes locais o comércio se
expandiria pois seria fácil a circulação por diferentes
territórios
• NOBREZA_ Muitos nobres resistiram a qualquer tentativa de
centralização, entrando em conflito contra a realeza;
enquanto outros colaboraram no processo, desde que
mantivessem sua posição social. Ou seja, permanecer em
seus terras sem pagar impostos e exercendo poder sobre os
camponeses.
• Meios para garantir o controle político por parte dos Estados
Nacionais Modernos:
a. Formação de um governo central, auxiliado por uma burocracia
estatal (corpo de funcionários públicos), subordinados
diretamente ao monarca;
b. Existência Forças Armadas (Exército, Marinha, guarda real)
permanentes, para assegurar a ordem pública e a autoridade do
governo;
c. Adoção de um sistema de tributos (taxas e impostos) regulares e
obrigatórios, para sustentar as despesas do governo e patrocinar
a administração pública
d. Criação de uma justiça real, com leis e tribunais unificados,
atuante em todo o território do Estado.
e. Idioma nacional: língua oficial do Estado, que transmitia as
origens, as tradições e os costumes da nação e valorizava a
cultura do povo, para criar o sentido de identificação entre os
membros da sociedade.
Teóricos do absolutismo
a) TEORIA LAICA
1. NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527)
OBRA : O Príncipe
TEORIA : Separação entre política e religião:
Política (resultados) _ Religião (moral) _ os mais hábeis deveriam
usar as ideias religiosas para governar o povo, arrancando dos
homens a sua maldade intríseca e torná-los bons.
CONCEITOS : Virtú (saber o que fazer) + Fortuna (quando fazer).
Metáfora do Leão (força) e Raposa (astúcia).
“ Para cada fim, há um meio adequado”.
Senso comum: “Os fins justificam os meios”.
2. THOMAS HOBBES (1588-1619)
OBRA : O Leviatã (monstro fenício = caos)
TEORIA : Contratualismo.
CONCEITOS
Estado de Natureza:
Sem limites aos desejos humanos.
Homem = egoísta por natureza.
Ausência do Estado/Leis.
Guerra de todos contra todos.
Conflito generalizado entre os homens.
– CAUSA : falta de limites entre os homens.
– SOLUÇÃO: Contrato Social:
– Acordo entre os homens.
– Homens: deixam de ter liberdade absoluta.
– Transferem a liberdade e o poder para o Estado.
– REI = representa o Estado = poder absoluto.
– Função do Rei = proteger e preservar a sociedade.
B) TEORIA RELIGIOSA
3. JACQUES BOSSUET (1627-1704)
• OBRA : Política segundo a Sagrada Escritura.
TEORIA : Origem divina do poder real.
– REI = ministro de Deus na terra.
Influenciou o Absolutismo Francês.
– LUÍS XIV : “Um Rei, uma lei, uma fé”.
• 4. JEAN BODIN (1530-1596)
• OBRA : A República
• TEORIA : Princípio da soberania não partilhada.
– CAUSA : origem divina do poder real.
– REI = Executivo + Legislativo + Judiciário.
– Não há restrito para a vontade real.
• Mercantilismo:
• Mercantilismo é o nome dado a um conjunto de práticas econômicas
desenvolvido na Europa na idade moderna, entre o século XV e o
final do século XVIII. Pode ser definido ainda como a intervenção do
Estado na economia ao longo da Idade Moderna.
Práticas mercantilistas:
I. Metalismo
II. Balança comercial favorável
III. Protecionismo
IV. Industrialismo
V. Colonialismo
VI.Intervencionismo estatal.
I. Metalismo
O metalismo, também conhecido como bulionismo ou
entesouramento, foi uma teoria que instituía a medida da
riqueza de uma nação pelo seu acúmulo de metais preciosos
dentro de seu território. Esta teoria viria a valorizar a
exportação de mercadorias para facilitar esta acumulação de
metais. Além do comércio externo, que trazia moedas para a
economia interna do país, a exploração de territórios
conquistados era incentivada neste período.
II. Balança comercial favorável
Era o esforço era para exportar mais do que importar, desta
forma entraria mais moedas do que sairia, deixando o país em
boa situação financeira (superávit).
III. Protecionismo
Os Estados criavam impostos e taxas para evitar ao máximo a entrada
de produtos vindos do exterior. Era uma forma de estimular as
manufaturas e a agricultura nacional e também evitar a saída de
moedas para outros países.
IV. Industrialismo
O governo estimulava o desenvolvimento de manufaturas em
seus territórios. Como o produto manufaturado era mais caro do
que matérias-primas ou gêneros agrícolas, exportar
manufaturados era certeza de bons lucros.
V. Colonialismo
As colônias europeias deveriam fazer comércio apenas com suas
metrópoles (monopólio comercial ou exclusivo metropolitano). Era
uma garantia de vender caro e comprar barato, obtendo ainda
produtos não encontrados na Europa.
VI. Intervencionismo estatal
Monopólios reais:
concessão de permissões para atuação em determinados setores da
economia;
Autorização para a exploração de certa atividade econômica por uma
companhia de comércio;
Irmãos Nain
(Louis e Antoine Le Nain)A
A charrette ;1641
Museu do Louvre
A agricultura era ainda a base da economia. O comércio
gerava cada vez mais lucros, mas a maior parte da população
vivia no campo, dedicando-se a uma agricultura de
subsistência. A terra era a base da riqueza e era a posse da
terra que determinava a posição das famílias na pirâmide
social.
A sociedade do Antigo Regime era uma
sociedade de ordens ou estados,
hierarquizada de acordo com as três
grandes funções sociais definidas na
Idade Média: o clero, a nobreza e o
povo.
Sociedade estática, estratificada,
tripartida e sacralizada.
O indivíduo não era considerado em si mesmo, mas como incluído num corpo profissional ou
social.
Cada ordem tem o seu estatuto próprio juridicamente reconhecido, cada corporação tem um
estatuto e uma hierarquia. É um regime organicista de lei particular e de privilégios
consagrados.
Os contrastes sociais são enormes.
Panfleto anónimo
1789
Thomas Gainsborough
Conversa no Parque
c. 1740
Museu do Louvre
Philippe de Champaigne
Cardeal Richelieu
National Gallery, Londres
c. 1637
O clero, juntamente com a nobreza, era
uma classe privilegiada. Eram grandes
proprietários, estavam isentos de
impostos e tinham foro próprio.
Devemos distinguir entre os altos
cargos (arcebispos, bispos , abades) e o
baixo clero formado por párocos e
monges.
Dedicavam-se a diversas atividades.
Para além das funções religiosas,
desempenhavam cargos políticos e na
administração do Estado, bem como
tarefas assistenciais e educativas.
Vittore Ghislandi
Retrato de um Nobre
c. 1730
Pinacoteca di Brera, Milão
Os membros do alto clero estavam
frequentemente unidos por laços de
sangue à alta aristocracia.
Os nobres eram grandes proprietários.
Para além das funções militares,
ocupavam rendosos cargos na corte
régia e na administração das possessões
ultramarinas, colhendo frequentemente
proveitosos lucros da atividade
comercial.
Em alguns países, muitos nobres
mantiveram-se na administração dos
seus domínios senhoriais, vivendo nos
seus solares de província.
Com a burocratização do aparelho de
Estado, a nobreza dedicou-se ao
exercício de altos cargos: magistrados,
diplomatas, altos funcionários (nobreza
de toga).
[Abbé E.Siéyès]
O Terceiro Estado era o grupo mais numeroso e
heterogêneo. Era formado por ricos burgueses
(banqueiros, mercadores, letrados) que
frequentemente se tornavam nobres. A média e
pequena burguesia incluía pequenos
proprietários, comerciantes, artesãos e oficiais
administrativos.
Jacques-Louis David
Charles-Pierre Pécoul e esposa
1784
Museu do Louvre
Na base da sociedade encontramos os camponeses jornaleiros e mendigos, vivendo
frequentemente em condições miseráveis.
Louis ou Antoine Le Nain
Família de Camponeses
c. 1640
Museu do Louvre
Abraham Bloemaert
Paisagem com Camponeses a Descansar
1650; Staatliche Museen, Berlim
A agricultura praticada era arcaica, tecnicamente
atrasada. Usava tecnologia tradicional, produzindo os
produtos de primeira necessidade: cereais, vinho, azeite,
frutos.
A maioria das terras pertencia aos grandes senhores do
clero e da nobreza. Os pequenos proprietários eram
raros. Os camponeses eram rendeiros ou assalariados.
A ETIQUETA NA CORTE FRANCESA
• Etiqueta refere-se a um conjunto de normas de conduta em
uma sociedade ou grupo social. Trata-se de regras sobre
como agir, por exemplo ao comer, ao conversar ao se vestir,
etc.
• É uma maneira de ser reconhecido com pertencente a um
grupo social.
• No tempo do absolutismo, a etiqueta foi uma prática
importante para diferenciar a nobreza cortesã, ligada ao rei,
do restante da população.
O luxo que cercou os
reis absolutistas
franceses foi muito
grande em contraste
com a maioria da
população que
viviam péssimas
condições.
Uma das modas lançadas por Luís
XIV foi o uso de perucas
elaboradas. Acredita-se que o uso
de perucas, pelo rei era em
função de sua calvície. O fato é
que o uso de perucas indicavam
uma posição de destaque na
sociedade.
• A partir do renascimento é que se começa a utilizar como
artigo de luxo, garfos e lenços. Luís XIV foi o primeiro a ter
uma grande coleção de lenços, e a partir daí mais pessoas
começaram a utilizar essa peça.
PALÁCIO DE VERSALHES
• Foi feito nos tempos de Luís XIV para abrigar a
sede do governo.
• O palácio possui cerca de duas mil janelas,
setecentos quartos, muitas salas ricamente
decoradas, amplos espaços de jardins, enfim
tudo aquilo que a riqueza do período poderia
oferecer.
Os monarcas viviam num ambiente de luxo e ostentação. O poder exibia-se de forma
espectacular e festiva. Luís XIV instalou-se em Versalhes, um enormíssimo palácio rodeado de
belíssimos jardins, cheios de fontes e obras de arte.
COMO VIVIAM NO PALÁCIO?
• As pessoas que viviam no palácio disputavam
a participação em cerimônias que aos nossos
olhos eram ridículas. Exemplo: Assistir às
refeições do rei. As bebidas eram entregues
com muita cerimônia, e havia palavras
decoradas para tornar o momento bastante
solene. O momento do rei dormir e acordar
eram acompanhados por muitas pessoas.
• O luxo na vida da corte foi uma marca das
monarquias absolutistas.
VISITA AO REI
• Nobres de regiões mais distantes procuravam
sempre visitar o rei, essa era uma ocasião
para as pessoas mostrarem sua posição social,
por meio de roupas elaboradas, cheias de
babados, perucas, pinturas no rosto e hábitos
requintados.
• A dança era uma das formas de parecer
nobre, e falar com eloquência devia
impressionar.