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Copyright © dos autores 
Todos os direitos garantidos. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida ou 
transmitida ou arquivada, desde que levados em conta os direitos dos autores. 
Autores: 
Joviane Marcondelli Dias Maia, Cristiane Camargo de Oliveira , Roselaine de 
Oliveira Giusto & Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams 
Capa, projeto gráfico e diagramação: 
Izis Cavalcanti 
Editores: 
Pedro Amaro de Moura Brito & João Rodrigo de Moura Brito 
Conselho Científico da Pedro & João Editores: 
Augusto Ponzio (Bari/Itália); João Wanderley Geraldi (Unicamp/Brasil); Roberto 
Leiser Baronas (UFSCar/Brasil); Nair F. Gurgel do Amaral (UNIR/Brasil) Maria 
Isabel de Moura (UFSCar/Brasil); Dominique Maingueneau (Universidade de 
Paris XII); Maria da Piedade Resende da Costa (UFSCar/Brasil). 
Joviane Marcondelli Dias Maia, Cristiane Camargo de Oliveira, Roselaine de Oliveira Giusto, Lúcia 
Cavalcanti de Albuquerque Williams [Autoras] 
Mãe, pai e casal na adolescência: e agora? Orientações para profissionais da saúde. São Carlos: 
Pedro & João Editores, 2011. 88p. 
ISBN 978-85-7993-045-4 
1. Adolescência. 2. Gravidez na adolescência. 3. Parentalidade na adolescência 4.Conjugalidade na 
adolescência 5. Autores. I. Título. 
Pedro & João Editores 
Rua Tadão Kamikado, 296 . Parque Belvedere . 13568-878 . São Carlos, SP 
www.pedroejoaoeditores.com.br 
CDD – 150
5 
Sumário
Apresentação 
O presente trabalho é fruto do Projeto de pesquisa intitulado: “Projeto de 
intervenção com casais de pais adolescentes: da avaliação de uma proposta à 
capacitação de psicólogos da rede de saúde”, financiado pelo Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Edital Saúde da Mulher (processo 
n° 551170/2007-7), tendo como coordenadora Lúcia Cavalcanti de Albuquerque 
Williams, Professora Titular do Departamento de Psicologia da Universidade Federal 
de São Carlos e coordenadora do LAPREV (Laboratório de Análise e Prevenção da 
Violência), a pesquisadora Joviane Marcondelli Dias Maia e as bolsistas Cristiane 
Camargo de Oliveira e Roselaine de Oliveira Giusto. 
Parte desse Projeto incorporou a tese de Doutorado de Joviane M. D. Maia 
desenvolvida no Programa de Pos-Graduação em Educação Especial da Universidade 
Federal de São Carlos, intitulada Parentalidade e Conjugalidade na adolescência: 
uma proposta interventiva (2010) sob orientação da Profa. Dra. Lúcia Cavalcanti de 
Albuquerque Williams. 
Esperamos que esse manual possa estimular o desenvolvimento de projetos de 
intervenção, por profissionais da saúde, com adolescentes que enfrentam o desafio 
de se tornarem mães e pais na adolescência, bem como os desafios decorrentes de 
serem um novo casal. Que suas histórias possam ser ressignificadas para que as próxi-mas 
gerações vivenciem novos contextos, contribuindo para uma cultura de paz! 
Gostaríamos de agradecer ao CNPq e a Dra. Evelyn Eisenstein, Professora Adjunta 
da UERJ, médica pediatrica e clínica de adolescentes pela ajuda com a revisão desse 
texto. 
As autoras
Em sua prática 
profissional, como é 
estabelecido o período 
da faixa etária 
da adolescência?
9 
Adolescência 
Para refletirmos sobre a adolescência é necessário analisarmos seu limite 
curiosamente impreciso. Realmente, parece estar cada dia mais difícil determinar 
o fim da adolescência. A complexidade da adolescência também está refletida nos 
diferentes critérios adotados para sua delimitação etária: 
Estatuto da Criança e do A »» dolescente: entre 12 e 18 anos.1 
»» Organização Mundial de Saúde (OMS):2 entre 10 e 20 anos incompletos. O 
mesmo critério é utilizado para o Programa Saúde do Adolescente no Brasil 
em suas diretrizes básicas e sistematização dos serviços de atenção.3 
»» Society for Adolescent Medicine (Sociedade de Medicina para Adolescentes): 
público a ser atendido pelos médicos especialistas em adolescência abrange 
dos 10 aos 25 anos.4 
De forma geral, a adolescência é apontada como sendo um período, entre a 
infância e a idade adulta, caracterizado por profundas alterações no desenvolvimento 
biológico, psicológico e social.5 É também associado, geralmente, a uma etapa de 
crises.6
10 
A puberdade é outro conceito importante 
que está frequentemente associado à faixa etária 
da adolescência, sendo marcada por modificações 
físicas, na faixa etária entre 10 e 14 anos. 
Caracteriza-se pela: aceleração do crescimento 
esquelético, alterações da composição corporal 
e amadurecimento sexual.8 Cabe destacar que 
a adolescência engloba e ultrapassa o conceito 
de puberdade, já que é necessário um olhar 
biopsicossocial para uma melhor compreensão e 
atuação profissional. 
A adolescência e a iniciação sexual 
precoce 
Um tema de enorme preocupação dos 
pais, profissionais e adolescentes refere-se ao 
desenvolvimento sexual nessa fase. Trata-se de 
um período de formação da identidade sexual 
do indivíduo, podendo haver contradições de-correntes 
de um desequilíbrio entre a matu-ração 
física (corpo apto à reprodução) e um 
repertório psicoemocional despreparado.9 
Observa-se atualmente uma iniciação 
sexual cada vez mais precoce. No Brasil, há 
relatos de que a iniciação sexual das me-ninas 
ocorra aos 13 e 14 anos, em média, 
com pequena utilização de preservativos 
(cerca de 15% das relações sexuais), ten-do 
um ou mais parceiros freqüentes.10 
“Considera-se que a adolescência 
é a fase de definir que tipo 
de adulto se quer ser. E, mais 
importante ainda decidir de que 
forma vai ler sua história e quais 
capítulos escolher escrever. O 
desenvolvimento da flexibilidade 
e da responsabilidade é ingrediente 
importante para fazer dessa 
fase um marco de crescimento 
e individuação com 
autonomia” .7 
?
11 
Nos países desenvolvidos, a atividade sexual também está se iniciando cada 
vez mais precocemente, enquanto o casamento está sendo postergado para 
idades mais tardias.11 Há dados brasileiros indicativos relacionando o início 
da vida sexual e a primeira gestação, apontando uma relação entre a idade 
da primeira relação sexual e a primeira gravidez.12 
A família em transição... 
O que compreendemos por família? 
Nas últimas décadas a família também tem sofrido algumas modifica-ções 
em sua configuração, tais como: o aumento do número de mulheres sem 
cônjuge (famílias mononucleares ou monoparentais), famílias binucleares ou 
que compartilham a guarda dos filhos, famílias reconstituídas, famílias homo-afetivas. 
13 Assim, não podemos encarar a família como uma entidade estática, 
mas sim, encontrando-se em processo de mudança contínua, bem como seu 
contexto social.14 
Entretanto, tais mudanças não interferem na importância atribuída à fa-mília 
sendo essa considerada como o mais poderoso sistema de socialização 
para o desenvolvimento saudável da criança e do adolescente. É importante 
destacar que, segundo uma perspectiva sistêmica, é preciso pensar na família 
como um importante e complexo sistema norteador na vida do indivíduo. 
Família = Sistema 
Vizinhos 
Igreja 
Família Cidade 
Centro comunitários 
Posto de saúde 
Parentes 
próximos 
Ampliando-se o 
foco, o sistema 
familiar é uma parte 
de um todo maior 
no qual a família se 
encontra inserida 
(comunidade, 
cidade, país, etc).15
12 
Assim, é necessário a mudança do foco de atuação profissional para 
uma perspectiva que não se volte apenas para o indivíduo, mas sim para a 
compreensão das pessoas em suas mais diversas relações. 
Para isso é preciso que adotemos uma nova visão paradigmática, en-volvendo 
assim cada vez mais a responsabilidade também do usuário do 
serviço de saúde como parte fundamental da qualidade no serviço a ser 
oferecido. 
para 
pessoas 
nas relações 
Foco 
do 
indivíduo 
As Políticas Públicas enfrentam o desafio de compreender a complexidade 
familiar e desenvolver programas de atenção, promoção e cuidado com os 
cidadãos de forma a tornar a família consciente de seu papel fundamental 
no processo de provimento das necessidades de seus membros. Devem de-senvolver 
competências, dando poder a tais pessoas, na medida em que se 
conscientizem que cada pessoa envolvida em um problema é tanto parte do 
problema como parte da solução. 
Foco do indivíduo para pessoas nas relações 
Uma nova visão 
Da organização 
hierárquica de alguns 
poucos que decidem, 
um grupo maior que 
planeja e executa e 
uma comunidade que 
recebe; 
para uma rede de 
trocas colaborativas 
e responsabilidades 
compartilhadas entre 
todos os envolvidos 
– usuários/famílias/ 
técnicos/instituições.
13 
Referências 
1. Brasil (1990). Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal no. 8069/1990. 
2. World Health Organization (2001). Physical status: the use and interpretation 
of anthropometry. Report of a WHO Expert Committee. Geneva: World Health 
Organization (Technical Report Series, 854). 
3. Ministério da Saúde (2002). Violência Intrafamiliar: orientações para a prática 
em serviço. Brasília: Ministério da Saúde. 
4. Brookman, R. R. (1995). The age of adolescence. Jornal Adolescence Health; 
16(5), 339-340. 
5. Saito, M. I. & Queiroz, L. B. (2008). Medicina de Adolescentes: visão histórica e 
perspectiva atual. Em M. I. Saito, L. E. da Silva & M. M. Leal (Eds). Adolescência: 
prevenção e risco (2 ed., Cap. 1, pp.3-11). São Paulo: Atheneu. 
6 Maia, J. M. D. (2010). Parentalidade e conjugalidade na adolescência: uma 
proposta interventiva. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em 
Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. 
7. Rosset, C. M. (2009). Famílias com adolescentes. Em: L. C. Osório & M. E. P. do 
Valle. Manual de Terapia Familiar. Porto Alegre: Artmed. 
8. Magalhães, M.L.C. (2009). A adolescência e a gravidez. Em: D.L.M. Monteiro; 
A.J.B. Trajano & A. da C. Bastos (Orgs). Gravidez e Adolescência. Rio de Janeiro: 
Revinter. 
9. Saito, M. I. (2008). Adolescência, Cultura, Vulnerabilidade e Risco. A Prevenção 
em questão. Em: M. I. Saito, L. E. da Silva & M. M. Leal (Eds.). Adolescência: 
prevenção e risco (2ed., Cap. 4, pp.41-46). São Paulo: Atheneu. 
10. Marcondes Filho, W., Mezzaroba, L., Turini, C. A., Loike, A., Motomatsu 
Junior, A., Shibayama, E. E. M. & Fenner, F. L. S. (2002). Tentativa de suicídio 
por substâncias químicas na adolescência e juventude. Adolescência Latino 
Americana, 3 (2).
14 
11. Guimarães, E. M. B. (2008). Gravidez na adolescência: fatores de risco. Em M. 
I. Saito, L. E. da Silva & M. M. Leal (Eds.), Adolescência: prevenção e risco (2ed., 
pp.419-426). São Paulo: Atheneu. 
12. Rosa, A. J., Reis, A. O. A. & Tanaka, A. C. (2007). Gestações sucessivas na 
adolescência. Revista Brasileira de Crescimento Desenvolvimento Humano, 17 
(1), 165-172. 
13. Castro, M. C. d’A. (2008). Configurações Familiares Atuais. Em: R. M. S. Macedo 
(Org). Terapia Familiar no Brasil na última década, (51, pp. 419-427). São Paulo: 
Rocca. 
14. Minuchin, S. & Fishman, H. C. (1990). Técnicas de terapia familiar. Porto Alegre: 
Artes Médicas. 
15. Bronfenbrenner, U. (1996). A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos 
naturais e planejados. Porto Alegre: Artmed.
15 
Gravidez na adolescência: prevalência 
O fenômeno da gravidez na adolescência ocorre nos mais diversos países. 
Anualmente, mais de 14 milhões de adolescentes dão à luz no mundo, sendo que 
a proporção de mães que tem seu primeiro filho em torno dos 18 anos varia de 
1% no Japão a 53% na Nigéria.1 O número de partos ocorridos em adolescentes 
brasileiras no ano de 20092 foi de 444.056; em contrapartida, no ano de 2000 o 
índice foi equivalente a 679.358. Entre os anos de 2000 e 2009 houve uma redução 
nos índices nas diferentes regiões do nosso país, sendo que a maior redução ocor-reu 
no Centro-Oeste (37%), seguido pelo Sul (36,50%), Sudeste (36,30%), Nordeste 
(36,10%) e Norte (21,90%). 
Algumas das justificativas destacadas para tal redução estão relacionadas à com-binação 
de fatores como a educação sexual e o uso de métodos anticoncepcionais. A 
pílula do dia seguinte também exerceu papel preponderante.2
16 
Um milhão de meninas ficam grávidas por ano no Brasil.1 Os filhos de 
mães adolescentes são um em cada quatro brasileiros que nascem.3 
Gravidez sucessiva na adolescência 
Alertamos para o fato de que a gravidez sucessiva na adolescência não é 
estudada pela Saúde Pública e, tampouco, considerada como sendo um fenô-meno 
importante na dinâmica reprodutiva das populações. Destaca-se que: 
O tema da gravidez sucessiva é encontrado »» disperso ou apenas 
citado em estudos sobre gestação na adolescência em geral. 
»» Há grande possibilidade de repetição da gestação na adoles-cência 
na ausência de recursos protetores pós-parto.4 
Cabe destacamos os esforços do Estado de São Paulo no sentido 
de reduzir os índices de uma segunda gestação na adolescência:5 
As reduções nos índices foram relacionadas à Política 
Estadual de Saúde Pública para evitar a gravidez na adolescência, 
envolvendo um modelo de atendimento integral a adolescente que 
contempla aspectos físicos, psicológicos e sociais e o investimento 
na capacitação de profissionais.5 
Apesar do 
decréscimo nos 
índices de gravidez 
na adolescência, o 
número de jovens 
que se torna mãe 
precocemente ainda 
é preocupante. 
Em um período de 4 anos o Estado conseguiu reduzir em 
27,1% o número de adolescentes que ficaram grávidas 
pela segunda vez. Entre os anos de 1998 e 2007 a 
queda foi de 47,8%.
A maternidade na 
adolescência é 
um desafio a ser 
enfrentado!! 
17 
Modelo de atendimento integral a adolescente 
Aspectos físicos, 
psicológicos e sociais 
Fatores de risco 
+ Capacitação para 
os profissionais 
Para prosseguirmos na análise da ocorrência de uma gestação na ado-lescência, 
é necessário compreendermos dois importantes conceitos: os fa-tores 
de risco e os fatores de proteção ao desenvolvimento infantil. 
Os fatores de risco podem ser definidos como condições ou variáveis 
associadas à alta probabilidade de ocorrência de resultados negativos ou 
indesejáveis. Dentre tais fatores encontram-se os comportamentos que po-dem 
comprometer nossa saúde, bem estar ou desenvolvimento social.6 
São aqueles fatores, que se presentes, aumentam a probabilidade de 
um indivíduo desenvolver uma desordem emocional ou comportamental, 
ou seja, a probabilidade de dano ou resultado indesejado.7 Tais fatores po-dem 
incluir atributos biológicos e genéticos da criança ou da família, bem 
como fatores da comunidade que influenciam tanto o ambiente da criança 
quanto de sua respectiva família.8 
Não se pode analisar os fatores de risco de forma isolada, independen-te 
e fragmentada, pois a exposição ao perigo que os potencializa ocorre de 
diversas formas e em vários contextos.9 O conceito de risco está associado 
ao conceito de vulnerabilidade, ou seja, o conjunto de fatores que podem 
aumentar ou diminuir a ocorrência de determinada situação a que se está 
exposto em todas as fases de vida.10
18 
A adolescência é um período do ciclo vital associado à vulnerabilidade. 
Todas as mudanças pelas quais passam os adolescentes aumentam sua expo-sição 
e sensibilidade aos problemas enfrentados pela sociedade, o que explica 
sua vulnerabilidade social.11 
Dentre os comportamentos de risco emitidos por adolescentes des-tacam- 
se: fumo, abuso de álcool e/ou drogas, relações sexuais que podem 
levar à gravidez e doenças sexualmente transmissíveis, evasão escolar, uso 
de armas, violência sexual e impulsividade.12 Tais fatores de risco estão asso-ciados 
à acidentes, violência, suicídio, doenças sexualmente transmissíveis, 
gravidez não planejada e seus desdobramentos.13 
A ocorrência de uma gravidez na adolescência está associada a diversos 
fatores de riscos, sendo considerada um problema de Saúde Pública, tanto 
no Brasil como em muitos outros países, prevalecendo a opinião na literatu-ra 
da área de que a mesma implicaria em riscos tanto do ponto de vista mé-dico, 
para a mãe e para o filho, como em riscos psicossociais. Por tais razões, 
a gravidez na adolescência passa a ser considerada um problema médico-social, 
tendo sido já considerada de alto risco pela OMS.14
19 
Fatores de risco para a ocorrência da gestação na 
adolescência 
Fatores relacionados à adolescência e a a. spectos psicológicos 11, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 
Características da adolescência Aspectos psicológicos 
·· Falta de informação consistente 
··Motivação para experimentação 
·· Sensação de invulnerabilidade 
·· Sentimentos ambivalentes 
··Baixa auto-estima 
··Problemas psicossociais 
··Poucos projetos e planos de vida 
··Desejo de engravidar (ter família e relação 
adulta com o parceiro) 
··Certificar-se da própria capacidade 
reprodutiva (construir identidade 
feminina) 
b. Fatores relacionados à família e questões sociais 3, 11, 14, 18, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26 
Características familiares Questões sociais 
··Histórico de atividade sexual precoce 
··Gravidez adolescente na família 
··Conflitos familiares 
··Violência Intrafamiliar 
··Orientação familiar insuficiente 
··Migração 
·· Irmãos menores sob o cuidado da 
adolescente 
·· Família monoparental 
··Moradia fora da família 
·· Famílias residentes em bolsões de pobreza 
ou regiões rurais 
··Abuso de substâncias 
··Evasão escolar 
··Escassez de projetos sociais na área de 
prevenção 
··Efeitos dos meios de comunicação 
··Conflitos ou vivências de preconceitos 
religiosos, étnicos e culturais 
··Atitudes tradicionais em relação ao papel 
da mulher 
·· Status social destinado aos jovens pais e 
mães
20 
Fatores de risco para a ocorrência de gestação sucessiva 
na adolescência 27, 28, 29, 30 
··Menarca precoce 
··Primeira relação logo após a 
menarca 
··Repetição escolar 
··Ocupação não remunerada 
··Envolvimento com um parceiro mais 
velho 
··Co-habitação com o parceiro 
··Baixa utilização de preservativo 
··Pai ausente 
··Mudança de parceiro 
··Reação positiva da família a gestação 
anterior 
··Ausência de consulta de puerpério 
··Antecedente familiar de gestação na 
adolescência 
·· Família em condições de pobreza 
··Não voltar aos estudos depois do 
parto 
··Ter amigas gestantes na mesma faixa 
etária 
··Aborto prévio 
Fatores de risco para o bebê decorrentes da gestação 
na adolescência 
Podem ser considerados fatores de risco ambientais ao bebê fruto de 
uma gestação na adolescência: o contexto psicossocial de pobreza, a depen-dência 
dos pais adolescentes de suas famílias de origem, a baixa instrução 
dos jovens pais, a falta de apoio social, a presença de violência intrafamiliar, 
o histórico de abuso sexual na infância, a ausência de apoio materno, o es-tresse 
e a depressão pós-parto.31 
Destaca-se um maior risco de prematuridade e baixo peso do bebê 
ao nascer nos filhos de mães adolescentes,32 bem como problemas sócio-afetivos 
como: agressividade, impulsividade, falta de atenção e maior deserção 
escolar.3
21 
Fatores de risco para a gestante adolescente 3, 11, 14, 33, 34, 
35, 36, 37, 38 
Riscos físicos Riscos psicológicos e sociais 
··Doença hipertensiva específica da 
gestação 
··Anemia 
··Diabetes gestacional 
··Obesidade devido a erros 
alimentares 
··Aumento da desnutrição da mãe a 
partir do terceiro filho 
··Desproporção feto-pélvica 
··Complicações no parto 
··Disfunções uterinas 
·· Infecções 
··Hemorragias pós-parto 
··Óbito materno 
··Ansiedade 
··Prejuízos ao processo de maturação 
psicológica 
··Abandono ou interrupção dos 
estudos e dificuldades de retorno à 
escola 
··Depressão e suicídio 
·· Falta de apoio e/ou isolamento 
social e familiar 
·· Separação conjugal 
··Menor chance de qualificação 
profissional 
··Tendência a ter habilidades 
sociais inadequadas 
··Exploração sexual 
Fatores de proteção e resiliência 
Em contrapartida aos fatores de risco, os fatores de proteção 
podem ser definidos como fatores que modificam ou alteram a respos-ta 
pessoal para algum risco ambiental que predispõe a resultado mal 
adaptativo.39 São classificados em três categorias.8 
Para refletir!! 
Baixo rendimento 
acadêmico; 
evasão escolar; 
pobreza; violência 
intrafamiliar; causas 
e/ou conseqüências 
da gestação na 
adolescência? 
profissional, estabelecido
22 
Fatores de proteção e resiliência 
Atributos disposicionais d a. a criança ou adolescente 
Fatores de Proteção 
relacionados a criança 
ou adolescente 
Atividades 
Autonomia 
Orientação 
social positiva 
Autoestima 
Preferências 
Suporte cultural 
Relacionamento da criança com 
pares e pessoas de fora da família 
Atendimento individual 
(psicológico, médico, etc) 
Instituições religiosas 
Fatores de Proteção 
relacionados ao apoio 
individual e institucional 
para a criança e família 
Afetividade 
Ausência de discórdia 
e negligência 
relacionados a família 
b. Características da família 
Coesão 
Afetividade 
Ausência de discórdia 
e negligência 
Fatores de Proteção 
relacionados a família
23 
Fontes de apoio individual ou institucional disponíveis c. para a criança, o 
adolescente e a família 
Suporte cultural 
Relacionamento da criança com 
pares e pessoas de fora da família 
Atendimento individual 
(psicológico, médico, etc) 
Instituições religiosas 
Fatores de Proteção 
relacionados ao apoio 
individual e institucional para 
a criança ou o adolescente 
No contexto da proteção, observamos atualmente um crescente interesse 
pelo fenômeno da resiliência, que pode ser destacada como “capacidade” 
de se obter bons resultados a despeito das adversidades. Isso inclui desde a 
habilidade que uma pessoa tem para lidar com as mudanças que acontecem 
em sua vida, sua confiança na própria auto-eficácia, até o repertório de 
estratégias e habilidades que dispõe para enfrentar os problemas com os 
quais se depara.40 
A resiliência é um processo resultante da interação entre fatores 
genéticos e ambientais, os quais, também, oscilam em sua função, podendo 
atuar como proteção em certos momentos e, em outros, como fator de 
risco. Dessa forma, para compreendermos o que faz com que algumas 
pessoas se mostrem resilientes apenas em determinadas situações é preciso 
examinar primeiramente, essas interações, considerando-as a partir do 
contexto em que acontecem e do momento histórico vivido pela pessoa, 
já que ambos influenciam na forma como a adversidade é experienciada e, 
conseqüentemente, na resposta da pessoa aos problemas.
24 
Assim, a resiliência é considerada como o resultado final de processos 
de proteção que não eliminam os riscos experimentados, mas encorajam o 
indivíduo a lidar efetivamente com a situação e a sair fortalecido da mesma, 
tendo as seguintes funções.40 
Processos de 
Proteção 
Reduzir os impatos dos riscos 
Reduzir reações negativas após 
exposição ao risco 
Estabelecer e manter 
a autoestima e autoeficácia 
Criar oportunidades 
para reverter efeitos do Stress 
Infelizmente, no geral, os estudos sobre o desenvolvimento humano 
são direcionados mais aos fatores de risco, e não aos fatores de proteção e ao 
fenômeno da resiliência.41 
Fatores associados à resiliência na adolescência12 
Relacionamento p »» ositivo com ao menos um adulto 
»» Existência de uma âncora religiosa ou espiritual 
»» Expectativas acadêmicas altas, realistas, e suporte adequado 
»» Ambiente familiar positivo (limites claros e autonomia do adolescente) 
»» Inteligência emocional 
»» Habilidade para lidar com o estresse
25 
Fatores de proteção para o desenvolvimento infantil na 
gestação na adolescência42 
»» Cuidado e aleitamento materno 
»» Atendimento específico pré e pós-natal 
»» Presença do pai da criança e apoio familiar 
Alguns fatores de proteção para atos paternos de maus-tratos infantis 
destacados são: auto-conceito positivo; habilidades interpessoais e existência 
de suporte social. 
Fatores que previnem a gestação na adolescência20 
»» Boa saúde familiar, com bom relacionamento afetivo em seus diversos 
aspectos 
»» Hábitos de leitura sobre sexo 
»» Maior preocupação com anticoncepção e prevenção contra DSTs 
»» Práticas parentais adequadas 
»» Perspectivas dos adolescentes para o futuro 
»» Permanência na escola 
Pontos para reflexão... 
Alguns fatores podem ser considerados como risco ou proteção, de-pendendo 
das características que o determinam. Características individuais, 
sistema familiar e rede de apoio social e afetivo têm sido apontados como 
os indicadores de proteção mais eficazes para a promoção de resiliência ou
26 
como os fatores de risco mais críticos para a instalação 
de condições de vulnerabilidade.43 
Assim, a gravidez é sempre uma possibilidade ou 
um risco, dependendo de como o par amoroso encare 
a situação na adolescência.27 A paternidade por ado-lescentes 
pode se configurar, sim, como experiência 
positiva, sendo destacada a necessidade de uma rede 
de apoio diferenciada para os jovens pais, constituída 
de serviços de saúde que promovam também ações 
educativas, preventivas em relação a doenças sexual-mente 
transmissíveis (DSTs), gravidez indesejada, e 
paternidade.44 
Neste sentido, é necessário compreendermos 
que, a busca por uma gravidez na adolescência pode 
ser um fator protetor, como por exemplo, contra 
agressões intrafamiliares.15 Assim algumas jovens po-dem 
vislumbrar uma gravidez como uma possibilidade 
de construir sua própria família, esquivando-se de um 
ambiente hostil. 
É necessário compreendermos 
que a busca pela gravidez 
na adolescência pode ser 
um fator protetor, como por 
exemplo, contra agressões 
intrafamiliares.15
27 
Referências 
1. Silva, J. L. P. (2008). A Gravidez na adolescência: uma visão multidisciplinar. Em: 
M. I. Saito, L. E. da Silva & M. M. Leal (Eds.), Adolescência: prevenção e risco (2 
ed., Cap. 39, pp.427-434). São Paulo: Atheneu. 
2. Ministério da Saúde (2010). Brasil acelera redução de gravidez na adolescência. Acesso 
em 20 abril de 2010. Disponível em http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/ 
noticias/default.cfm?pg=dspDetalheNoticia&id_area=124&CO_NOTICIA=11137 
3. Coelho, H. M. M., Machado, N. O. & Saito, M. I. (2008). Repercussões 
Nutricionais: Binômio Mãe e Filho. Em: M. I. Saito, L. E. da Silva & M. M. Leal 
(Eds.), Adolescência: prevenção e risco (2ed., Cap. 18, pp. 201-206). São Paulo: 
Atheneu. 
4. Rosa, A. J., Reis, A. O. A. & Tanaka, A. C. (2007). Gestações sucessivas na 
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33 
Parentalidade 
Não podemos analisar a parentalidade na adolescência como um fenômeno 
com características rigidamente definidas. Ela é vivenciada de acordo com a cultura 
e geralmente está embasada em valores e sentimentos das famílias.1 Enquanto no 
início do século XX a gravidez de adolescentes era considerada um acontecimento 
habitual para os padrões culturais da época, na atualidade apresenta-se como um 
tema polêmico pela mudança do papel da mulher na sociedade e, quase sempre 
por ocorrer, diferentemente do passado, fora de uma relação de conjugalidade 
estabelecida.2, 3 
Um dos fatores que podem contribuir para parentalidade na adolescência re-fere- 
se à mudança de status social vivenciada pela jovem mãe. Em determinados 
contextos, no geral, mais sócio-economicamente desfavorecidos, a maternidade e 
a aparência física da gravidez pode contribuir para o aumento do status social da 
jovem. Além disso, tais jovens podem não considerar necessariamente a gravidez 
adolescente como um problema social e de saúde.4
34 
O comportamento da mãe e do pai em 
relação ao bebê 
O comportamento dos pais em relação ao bebê se dá de acordo com 
uma série de eventos intrinsicamente relacionados:5, 6 
Herança genética 
As respostas do bebê 
História de relações interpessoais 
com sua própria família e um com outro 
Comportamento 
da mãe e do pai 
em relação ao bebê 
Experiências passadas com 
essa gravidez ou gravidez anterior 
Absorção da prática e valores culturais 
A interação positiva da mãe adolescente e seu filho pode ser impulsio-nada 
pelo seu envolvimento com a amamentação.7 
Neste contexto, cabe lembrarmos que a adolescência refere-se a um 
processo de crises sucessivas a serem enfrentadas pela adolescente com 
obstáculos:8 
Mudanças que o adolescente enfrenta 
Intrínsecos Extrínsecos 
Corporais, mentais e emocionais de 
base neurohormonal 
Relacionamento com o feto e, a seguir, 
com o bebê, com o parceiro, com a 
família e de sua vida escolar e social
35 
Algumas dificuldades enfrentadas pelas jovens mães 9, 10, 
11, 12, 13 
São menos expressivas em comparação à m »» ães não adolescentes, 
»» apresentam menos vocalizações direcionadas ao bebê, 
»» menos momentos de atenção compartilhada do que as mães de mais 
idade, 
»» respondem menos contingentemente aos comportamentos dos seus 
filhos, 
»» mantém laços afetivos mais tênues, 
»» tem estimativas mais inexatas acerca das idades em que um bebê 
típico atinge os estágios comuns de desenvolvimento, 
»» enfrentam maior estresse, 
»» tendem a ser menos sensitivas, menos paciente, menos comunicativas, 
»» podem não interpretar bem as necessidades de seus filhos, 
»» tendem a ser mais negligentes no cuidado da saúde do filho, 
»» tem mais dificuldades em amamentar (maiores de 16 anos tendem 
a amamentar mais do que as mais novas), 
»» tem menos apoio para a amamentação, 
»» atrasam o calendário vacinal, 
»» tem risco nutricional por dificuldades econômicas e/ou falta de 
orientações. 
Podemos relacionar às dificuldades enfrentadas por tais 
jovens:11, 12, 14 
»» à carência econômica,
36 
à precariedade de serviços d »» e apoio e/ou da família, 
»» à falta de serviços de pré-natal apropriados para 
gestantes adolescentes, 
»» à falta de serviços de saúde adequados para o acom-panhamento 
mãe e filho, 
»» a poucos recursos disponíveis que incrementam as 
perdas e frustrações no processo parental, 
»» maior estresse vivenciado, 
»» raramente a jovem tem um companheiro que as 
apóie, 
»» tendência a ter mais filhos, 
»» ter que conciliar as demandas adolescentes, educa-cionais 
e maternais. 
A auto-imagem do adolescente é considerada também 
como uma influência importante no seu desejo de envolvi-mento 
com o bebê, bem como as expectativas pessoais em 
relação ao papel paterno. 
No caso do jovem pai, alguns problemas também podem 
ser apontados como podendo minimizar a intensidade de 
suas aspirações de poder influenciar positivamente a vida de 
seu filho pela manutenção de contato e envolvimento com 
o bebê, tais como:15, 16, 17 
»» o aumento da responsabilidade, 
»» a educação da criança, 
»» a falta de recursos financeiros, 
»» o sentimento de falta de maturidade e de frustração 
por tentar conciliar o cuidado da criança e a vivência 
da adolescência, perda da liberdade, 
Por isso é importante que as 
propostas de intervenções 
sejam direcionadas tanto 
para as mães como para 
os pais, no sentido de 
prepará-los para tal função.
37 
conflitos com a mãe do bebê e com vários »» membros da família da 
parceira, bem como a dificuldade de freqüentar a escola, 
»» desconhecimento dos estágios de desenvolvimento infantil. 
Preparados? 
Os adolescentes, assim como os homens em geral, são pouco preparados 
para a função paterna, ocorrendo isso muitas vezes pela pouca participação 
ou até exclusão do período da gestação e, também, exclusão do processo de 
criação dos filhos ao longo da história.18 
Pais e filhos, que relação é essa? 
Ditos populares, o quanto você acredita neles? 
Filho de peixe, 
peixinho é. 
Filho aborrecido 
nunca teve 
bom castigo. 
Filho de onça 
já nasce pintado. 
Coração de mãe 
sempre cabe 
mais um. 
Filho sem dor, 
mãe sem amor. 
Filho de 
avarento sai 
pródigo 
Filho de burro 
não pode ser 
cavalo.
38 
É necessário que os profissionais da área questionem seus próprios 
mitos e crenças que podem influenciar na qualidade do atendimento ofere-cido. 
Os mitos podem gerar uma não identificação de fenômenos.19, 20 Para 
isso, é necessário compreendermos o que são estilos ou práticas parentais. 
»» conjunto de práticas educativas ou atitudes utili-zadas 
pelos cuidadores com o objetivo de educar, socializar e contro-lar 
o comportamento de seus filhos.21, 22 
»» divididas em dois grupos que podem promover 
tanto comportamentos pró-sociais, como anti-sociais dependendo 
da frequência e intensidade com que são utilizadas.22, 23, 24, 25, 26 
Comportamentos pró-sociais Comportamentos anti-sociais 
··Monitoria positiva 
··Negligência 
··Técnicas disciplinares não coercitivas 
··Abuso físico e psicológico 
··Regras firmes mais flexíveis 
··Disciplina relaxada 
··Comportamento Moral 
··Punição inconsistente 
··Amor incondicional ao (a) filho(a) 
··Monitoria negativa 
Práticas parentais inadequadas e maus 
tratos infantis 
Ao refletirmos sobre os maus tratos infantis é necessários que os rela-cionemos 
às práticas parentais inadequadas: 
»» Negligência: definida como a ausência de supervisão e interesse dos 
pais em relação à vida de seu filho. Inclui também a falta de cuidados 
essenciais para com os filhos como: higiene, alimentação, suporte 
emocional e estimulação cognitiva.27, 28
39 
»» Abuso físico e psicológico: caracterizado pela disciplina por 
meio de práticas corporais negativas, ameaça e chantagem 
de abandono e de humilhação do filho. 
»» Disciplina relaxada: caracterizada pelo não cumprimento das 
regras estabelecidas.29 
»» Punição inconsistente: a consequência depende do humor dos 
pais e não da acordo com o comportamento da criança.29, 30 
»» Monitoria estressante/negativa: se dá por meio do excesso de 
fiscalização da vida dos filhos e pela grande quantidade de 
instruções repetitivas, que não são seguidas pelos filhos.29, 31 
Violência contra a criança pelos pais 
A violência intrafamiliar também está incluída dentre as práticas 
parentais inadequadas. É um fenômeno universal (vivenciado em 
todas as classes sociais) e internacional. É responsável por sequelas 
nocivas ao desenvolvimento de todos os membros da família,19 
devendo ser considerada como um fenômeno inaceitável!! 
A violência Intrafamiliar contra a criança é considerada como 
um dos fatores que mais estimula crianças e adolescentes e adoles-centes 
a viverem nas ruas. Está também associada fortemente com 
psicopatologias do desenvolvimento. É um fenômeno multicausal 
que pode estar vinculado a questões sociais, culturais, econômicas, 
religiosas, psicológicas e psiquiátricas.32, 33, 34 
Modalidades 
1. Violência física8, 40, 41 
Envolve maus tratos corporais tais como: espancamento, quei-maduras, 
fraturas, contusões entre outros.8 
Fatores de risco ao 
desenvolvimento!! 
•• Violência física 
•• Negligência 
•• Violência psicológica 
(exposição à violência 
conjugal) 
•• Violência sexual
40 
Consequências: 
Impactos deletérios para o desenvolvimento: -- físico, neu-rológico, 
intelectual e emocional.35, 36, 37 
-- Principal causa de morte na infância.38 
-- Crianças vítimas tem o dobro de probabilidade de serem 
presas mais tarde por cometerem crimes violentos.39 
-- Pais portadores de deficiência mental tem maior probabili-dade 
de agredirem seus filhos.40 
-- Crianças mais jovens e os bebês são mais vulneráveis. 
-- Dificuldades em estimar violência física em crianças 
pequenas.32 
Identificação da violência física41, 42 
Comportamentos (vítima) Características da família agressiva 
fisicamente 
Personalidade dos pais abusivos 
··Muito agressivo ou apático 
··Temeroso 
··Hiperativo ou depressivo 
··Tendências auto-destrutivas e ao 
isolamento 
··Baixa auto-estima 
··Tristeza, abatimento profundo 
··Medo excessivo dos pais 
··Relato de causas pouco prováveis 
às lesões 
·· Fugas de casa 
··Problemas no aprendizado 
·· Faltas freqüentes na escola 
··Oculta e justifica as lesões da 
criança de modo não convincente 
ou contraditório 
··Considera a criança má e 
desobediente 
··Existe abuso de álcool ou drogas 
··As expectativas sobre a criança 
são excessivamente idealizadas 
··Defende uma disciplina severa 
··Antecedentes de violência 
intrafamiliar 
··Dificuldades no manejo da raiva 
··Baixa tolerância à frustração 
··Baixa auto-estima 
··Rigidez 
··Ausência de empatia 
··Abuso ou dependência de 
substâncias, depressão e 
problemas físicos de saúde 
··Menor compreensão do papel 
parental 
··Papel de pai visto como 
estressante 
·· Interagiam menos com seus filhos 
“...os pais apanham 
da vida, e os filhos 
apanham dos pais!”
41 
2. Negligência 
Privar a criança de algo essencial para o seu desenvolvimento sadio (ali-mentação, 
vestuário, segurança, estudo etc). Os efeitos podem levar à desnu-trição, 
atraso global no desenvolvimento e até mesmo à fatalidade.43, 44 
Identificação da negligência43, 44 
Indicadores físicos 
(vítima) 
Comportamento 
(vítima) 
Características da família agressora 
··O desenvolvimento da criança é 
deficiente 
··Problemas físicos e necessidades 
não atendidas 
··Doenças reincidentes 
·· Fadiga 
··Vestimenta inadequada ao clima 
··Comportamentos de hiper ou 
hipo-atividade 
·· Faltas e atrasos recorrentes a 
escola ou atendimento médico 
··Comportamentos infantis ou 
depressivos 
··Apática e passiva 
··Descuidada com a higiene 
··Não demonstra preocupação com 
as necessidades da criança 
3. Violência psicológica 
É caracterizada pela relação entre cuidador e criança que é submetida 
a ameaças de todos os tipos (abandono, suicídio, morte, danificação de 
propriedade, agressão à vítima ou aos seus entes queridos etc.), humilhações 
ou privação emocional, cobranças de comportamento, desvalorização, 
discriminação, exploração, isolamento de amigos e familiares, insultos 
constantes, etc.44 
Consequências:44 
-- Um modelo crônico que destrói o senso de segurança da criança. 
-- Impacto negativo nos pensamentos intrapessoais, saúde emo-cional, 
habilidades sociais, aprendizado, saúde física.
42 
Identificação da Violência Psicológica 
(Considerada como a mais difícil de ser identificada)42, 46 
Indicadores Físicos 
(Vítima) 
Comportamento 
(Vítima) 
Características da família agressora 
··Comportamentos infantis; 
··Distúrbio do sono e dificuldade 
na fala 
··Enurese noturna 
··Problemas de saúde como 
obesidade 
··Afecções na pele 
··Timidez ou agressividade 
··Destrutividade ou auto-destrutividade 
·· Isolamento 
··Baixa auto-estima 
··Depressão 
·· Idéia e tentativa de suicídio 
·· Insegurança 
··Expectativas irreais sobre a 
criança 
··Rejeita 
··Aterroriza 
··Despreza 
··Exige demasiadamente 
··Descreve a criança como maldosa 
ou diferente das demais 
A exposição da criança à Violência Conjugal também é considerada 
exemplo de violência psicológica, tendo as seguintes consequências:32, 35, 42, 47 
»» Agressão, uso de álcool e/ou drogas. 
»» Distúrbio de atenção, baixo rendimento escolar. 
»» Ansiedade, depressão. 
»» Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). 
4. Violência sexual 
Configura-se como uma situação em que a criança ou adolescente é 
usado para gratificação sexual de um adulto ou mesmo de um adolescente 
mais velho, com base em uma relação de poder que pode incluir desde 
carícias, manipulação da genitália, mama ou ânus, exploração sexual, 
voyeurismo, pornografia e exibicionismo, até o ato sexual com ou sem 
penetração, com ou sem violência”.42, 43
43 
Consequências:38, 48, 49, 50 
»» Curto prazo: 
-- Comportamento sexualizado, ansiedade, depressão, queixas 
somáticas, agressão, comportamentos regressivos em crian-ças 
menores (enurese, encoprese, birras, choros), comporta-mentos 
auto-lesivos, problemas escolares, entre outros. 
»» Longo prazo: 
-- Depressão, ansiedade, prostituição, problemas de relaciona-mento 
sexual, promiscuidade, abuso de substâncias, ideação 
suicida, etc. 
Identificação da Violência Sexual 42, 51 
Indicadores Físicos 
(Vítima) 
Comportamento 
(Vítima) 
A violência sexual 
envolve questões 
culturais e de 
relacionamento 
(dependência 
social e afetiva 
entre os membros 
da família), o 
que dificulta a 
notificação e 
perpetua o silêncio. 
Características da família agressora 
··Dor ou inchaço na área genital 
ou anal 
·· Sangramento vaginal 
·· Secreções genitais ou penianas 
·· Infecções urinárias 
··DSTs 
··Comprometimento no controle 
dos esfíncteres 
··Enfermidades psicossomáticas 
··Dores abdominais 
··Gravidez 
··Comportamento sexual 
inadequado para idade 
·· Fuga de casa 
··Não confia em adultos 
··Brincadeiras sexuais agressivas 
··Vergonha excessiva 
·· Ideias ou tentativas de suicídio 
··Autoflagelação 
··Depressão 
·· Sentimento de culpa 
··Baixa auto-estima 
··Evita contatos sociais 
··É muito possessiva 
··Acusa a criança de promíscua 
e sedutora e de ter atividade 
sexual fora de casa 
··Crê que contato sexual é uma 
forma de amor familiar 
··Oculta o abuso sexual e alega 
outro agressor para proteger a 
família
44 
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A. C. Araújo. Prevenção do Abuso sexual infantil: Um enfoque interdisciplinar. 
(pp. 98-111). Curitiba: Juruá.
Podemos avaliar as práticas educativas como fatores de risco ou de proteção 
para o desenvolvimento infantil. Um ambiente familiar positivo pode ser destacado 
com uma das principais razões para os jovens não se engajarem em comportamen-tos 
infracionais ou comportamentos não saudáveis.1, 2 Sendo assim, famílias com 
características positivas podem oferecer proteção às suas crianças dos riscos da 
comunidade, e famílias de alto risco podem encobrir as vantagens oferecidas por 
uma “boa” vizinhança ou bairro.3 
51 
Filhos: o grande desafio!!! 
Educar os filhos é uma tarefa complexa e para desempenhá-la é necessário 
preparo e treinamento. Afinal, junto com a criança nasce um pai e uma mãe. A 
criança e o adolescente vivem num mundo complexo e, portanto, passam por inú-meras 
experiências que contribuem para a formação de sua personalidade. Isso 
não significa que características dos pais não interfiram. Muitas dificuldades que 
eles tiveram quando pequenos são “reeditadas” no contato com os filhos.4
52 
Reconhecer abertamente as próprias dificuldades é o primeiro passo 
para construirmos acordos de convívio razoáveis na família. Pais e filhos 
precisam crescer juntos: a cada etapa do desenvolvimento, é preciso fazer 
ajustes na maneira de lidar com as situações que surgem. Não podemos 
desconsiderar que os pais se modificam com o tempo e com a experiência, 
e cada filho reage de modo diferente ao que é dito ou feito pelos pais.4 
A autonomia da criança pode ser prejudicada quando fazemos tudo 
por ela, quando ficamos sempre a sua disposição, atendendo tudo o que 
a criança pede de forma exagerada. Por outro lado, o excesso de ordens e 
ameaças desgasta o convívio e dificulta o desenvolvimento da responsabili-dade 
e da capacidade de cuidar bem de si próprio. 
Humilhar, depreciar, xingar e ofender cria mal-estar, tristeza, revolta 
e mágoa, azedando o clima do relacionamento e prejudicando a auto-es-tima. 
Negar as dificuldades ou fugir dos problemas não faz com que eles 
desapareçam: reconhecê-los e colocá-los como temas de conversas ajuda a 
atravessar os momentos difíceis. É possível expressar sentimentos fortes e 
difíceis de maneira clara e não prejudicial. 
A ambiguidade e a inconsistência dos limites criam confusão e caos no 
ambiente familiar. É importante chegar a um consenso sobre o que é aceitá-vel 
e inaceitável no convívio. 
Envolvimento paterno 
A participação do pai da criança é muito importante durante o acom-panhamento 
pré-natal e o primeiro ano de vida do bebê, e também para a 
construção de vínculos e responsabilidades conjuntas com apoio na evolu-ção 
do processo da gravidez e da formação da nova família.5 Quanto maior e 
Dependendo 
da qualidade 
das mensagens 
enviadas os canais 
de comunicação 
familiar se ABREM 
ou FECHAM.
53 
mais precoce o contato do bebê com seu pai, melhor é a relação 
que estabelece com seu filho.6 Cabe ressaltar que crianças com 
mais contato com o pai tendem a ter menos problemas compor-tamentais, 
ainda que o genitor não resida com elas.7 
Algumas práticas educativas que promovem o 
comportamento pró-social 
1. Monitoria positiva 
O conjunto de práticas parentais que envolvem atenção e 
conhecimento dos pais acerca do local onde o filho se encontra 
e das atividades que são desenvolvidas pelo mesmo. Supervisão 
que proporcione um conjunto de regras sobre onde a criança 
deva ir, com que pode associar-se, estabelecendo limites, mas 
sem ser autoritário (isto é, muita exigência e pouco carinho).8, 9 
Sugestões para o desenvolvimento da Monitoria Positiva 
»» Escolher um momento diário para a convivência da 
família é uma ótima estratégia. Exemplo: hora do 
jantar. 
Nesses momentos, procure conversar com seu filho, 
não só falando, mas também ouvindo, respeitando o que 
a criança tem a dizer. Deixe seu filho à vontade para falar, 
até que se torne uma prática natural para a criança falar 
espontaneamente sobre os seus amigos, onde gosta de ir e a 
atividade que prefere, assim procure promover a expressão de 
sentimentos de seu filho.9 
Gentileza, solidariedade, 
cooperação, amor e 
amizade: valores básicos de 
convívio (palavras casadas 
com gestos e ações).
54 
2. Comportamento moral 
O processo de modelagem de papéis na identificação e nas interações 
humanas, no que se refere principalmente a normas e valores transmiti-dos 
por meio do modelo parental. Para desenvolvê-lo é preciso apresentar 
formas adequadas de se relacionar e defender valores como: honestidade, 
generosidade, justiça e compaixão.8, 9 
Exemplos para o desenvolvimento do comportamento moral: 
»» Práticas voltadas para o desenvolvimento da empatia: fazer o exercí-cio 
de se colocar no lugar do outro que está sofrendo. 
»» Um outro exercício de reflexão sobre os valores morais pode ser 
feito por meio dos programas de televisão. Exemplo: procure saber 
o que seu filho assiste e depois discuta com ele quais os aspectos 
positivos e negativos dos comportamentos dos personagens (para 
que possam reagir criticamente). 
Consequências do Modelo Moral:8, 9 
»» Aumento: auto-estima da criança. 
»» Comportamentos socialmente adequados (colaboração, apoio, 
solidariedade). 
»» Autoconceito em crianças e adolescentes que convivem com pais 
que têm esta conduta (aprendem a fazer julgamentos morais 
apropriados). 
O uso deste modelo, juntamente com a Monitoria Positiva, é uma das 
melhores maneiras de se evitar o surgimento de problemas de comporta-mentos 
no futuro tais como: as agressões, o uso de drogas, entre outros.
55 
Em síntese9 
Estilo parental inadequado Estilo parental adequado 
··Disciplina inconsistente ··Disciplina consistente 
··Permissividade ·· Limites 
··Regras caóticas ou incoerentes ··Regras firmes, mas flexíveis 
·· Supervisão inexistente ou falha (nunca sabe 
onde o filho está) 
·· Supervisão adequada (sabe onde filho está) 
·· Interação verbal aversiva, extensa e frequente ·· Interação verbal positiva, extensa e frequente 
··Pouco afeto ··Muito afeto 
··Muita crítica ·· Índice alto de elogios ao comportamento 
apropriado 
·· Ignora esforços do filho para melhorar ··Reconhece e valida os esforços do filho para 
melhorar 
··Muita atenção ao comportamento 
inapropriado 
··Pouca atenção (quando possivel) ao 
comportamento inapropriado 
··Emprego frequente e intenso de violência 
(física, psicológica ou sexual) ou negligência. 
··Ausência de violência 
··Pouco sorriso ··Muito sorriso 
··Não afaga ou demonstra carinho ··Afaga e demonstra carinho 
··Não conversa ··Há diálogo frequente 
··Não ouve ··Ouve 
··Não demonstra empatia ··Demonstra empatia 
··Uso de sarcasmo com freqüência ··Pouca ou nenhuma utilização de sarcasmo 
··Uso de modelos inadequados ··Uso de modelos apropriados 
··Brigas na frente do filho ··Minimiza brigas na frente do filho 
Lembre-se: não existem soluções simplistas para problemas humanos. 
A vida e o relacionamento entre as pessoas são ricos e complexos demais 
para serem enquadrados em receitas rígidas e padronizadas.
56 
Estabelecendo limites e regras... 
É importante considerar antes da escolha das regras9 
O número de filhos (regras comuns e e »» specíficas para cada um). 
»» A idade da criança (crianças muito pequenas não compreendem certas 
regras). 
»» Decidir quais serão as principais regras (dentro e fora do ambiente 
familiar). 
»» Faça uma lista dos comportamentos aceitos e não aceitos. 
»» Elaborar uma rotina para a casa (com os horários das principais ati-vidades 
das crianças). 
Bater ou não bater? O que a palmada realmente ensina? 9, 10, 11, 12 
»» A temer o maior, o mais forte ou o mais poderoso. 
»» A perda de interesse pela atividade que estava desenvolvendo no 
momento em que apanhou. 
»» Que o comportamento agressivo é válido. 
»» Que a agressão física é uma atitude normal e praticável. 
»» Que a força bruta é mais importante que a razão e o diálogo. 
»» Que os pais, figuras de quem a criança espera proteção e amparo, 
não são confiáveis. 
»» Bater gera muita raiva e a criança lembra mais da raiva que está 
sentindo do que da “lição” que o cuidador queria dar. 
»» Que ocultar ou omitir fatos pode dar bons resultados e evitar umas 
boas “palmadas”, pois quando os pais não ficam sabendo não batem. 
Nos relacionamentos 
entre pais e filhos, 
por mais recursos que 
alguém tenha, sempre 
haverá momentos de 
não se saber o que 
fazer. 
O ESSENCIAL é manter-se 
em sintonia com 
os filhos para reagir 
de modo flexível, no 
fluxo contínuo de 
descobrir e redescobrir 
aspectos novos do 
relacionamento. 
E isso é fascinante 
e misterioso!!
57 
Uma simples palmada é um ato de violência: »» a violência pode crescer 
– primeiro um tapa, depois safanões e agressões fortes. 
»» Bater gera sentimentos negativos na criança. 
»» Bater pode causar ferimentos e levar até a morte. 
Mas como disciplinar sem bater?10, 11 
»» Premiando ou reforçando o bom comportamento! (elogiar, incentivar 
e ressaltar). 
»» Entendendo que premiar não é obrigatoriamente “dar coisas mate-riais”! 
(Oferecendo nosso carinho e aprovação, eles terão sua auto-estima 
elevada e sentirão prazer em agir desta forma). 
»» Fazendo com que a criança assuma as conseqüências dos seus atos 
(positivas ou negativas)! Apresente o fato negativo como algo a ser 
revisto, um ato que pode ser mudado e não o relacione a persona-lidade 
do indivíduo como: você é desonesto, pois assim ele poderá 
acreditar que não tem jeito mesmo. 
»» Retirando previlégios (exemplo, ficar sem jogar videogame) 
quando necessário. 
Disciplina e limites na adolescência 
Os pais têm o dever de dar liberdade suficiente aos filhos para que 
conheçam a vida do lado de fora do círculo familiar, mas também devem 
impedir que se machuquem demais nesta experiência.
58 
Quando dizer não: 
É comum que os adolescentes exijam maior liberdade do que pensam 
que vão conseguir, às vezes mais do que desejam. Os pais não devem se 
preocupar caso necessitem, uma vez ou outra, dizer um não definitivo para 
seu filho. 
Algumas dicas importantes: 
Julgue cada exigência de liberdade conforme a »» s circunstâncias. 
»» Não espere que seu adolescente seja perfeitamente coerente. 
»» Ouça seu filho. 
»» Faça com que ele assuma sua própria responsabilidade financeira. 
»» Encoraje o relacionamento com amigos e o envolvimento do adoles-cente 
em atividades que nada tenham a ver com vida familiar. 
»» Envolva seu adolescente em algumas atividades domésticas (tarefa 
regular e necessária). 
»» Estabeleça setores nos quais pode “dar palpites” (ex: andamentos dos 
estudos ou lugares que ele pode frequentar quando sair sozinho) e pelos 
quais o próprio adolescente possa responsabilizar-se (ex: arrumação 
do quarto ou gastos pessoais). 
»» Aceite seus próprios limites (você não pode obrigá-lo a fazer al-gumas 
coisas, mas pode ensiná-lo que suas decisões tem sempre 
consequências). 
»» Deixe o adolescente tomar suas próprias decisões, mesmo quando 
achar que a decisão dele não é a melhor possível. 
»» Deixe-o arcar com as conseqüências das decisões que todos tenham 
concordado em deixar sobre responsabilidade dele.
59 
Seu filho é um indivíduo, não espere que ele »» tenha os mesmo sonhos 
e as mesmas aspirações que você. 
»» Não jogue sobre os ombros de seu filho o peso do sentimento de que 
ele é “tudo para você”. É responsabilidade demais. 
»» Não tente limitar os contatos do seu filho com os amigos e fora da 
família. 
»» Demonstre interesse pelas coisas que seu adolescente faz. Mas não 
esqueça que os segredos fazem parte da adolescência. 
»» Mostre que você não depende dele. Comece a pensar na sua vida 
pessoal ou profissional, para que haja outras fontes de satisfação 
para você. 
»» Não faça papel de vítima. 
E por fim... 
»» Seja flexível, mas evite voltar atrás nas decisões. 
»» Aprenda a negociar. 
»» Explique o porque de sua decisão. 
»» Mostre opções de escolha. 
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capacitação de Conselheiros Tutelares. Em: L. C. A. Williams, J. M. D. Maia 
& K. S. A. Rios. Aspectos Psicológicos da Violência: Pesquisa e Intervenção 
Cognitivo-Comportamental (Cap. 26, pp. 501-525). Santo André: ESETec 
Editores Associados.
61 
A etapa do casamento pode ser caracterizada de diferentes formas, 
essencialmente com as transformações sociais atuais. Casar representa mais 
do que a união de duas pessoas, representa a união de dois complexos e 
intrincados sistemas familiares.1 
A qualidade do relacionamento conjugal deve ser um fator considerado 
na reflexão sobre parentalidade,2 especialmente na adolescência. A qualidade 
do relacionamento envolve os recursos pessoais dos cônjuges, o contexto de 
inserção do casal e processos adaptativos. É resultado do processo dinâmico 
e interativo do casal, razão desse caráter multidimensional.3 
Família e ciclo vital 
Assim como o indivíduo, a família também possui seu ciclo vital, sendo 
esse dividido em quatro fases: Fase de Aquisição, Família Adolescente, Fase 
Madura e Fase Última.5, 6
62 
Ciclo Vital Familiar 
Aquisição: 
• Formação da família 
• Filhos 
• Padrões próprios 
• Patrimônio 
• Novos papéis 
• Nova rede 
• Estudo e profissão 
Fases do 
Ciclo Vital Familiar 
Família adolescente: 
• Transformações 
• Questionamentos 
• Crise do meio da vida 
• Relações ambíguas 
• Hierarquias 
• Pais ou um dos pais 
adolescentes 
Madura: 
• Saída dos filhos 
• Volta dos filhos 
• Reestruturação 
• Novas metas 
• Agregados 
• Aposentadorias 
Última: 
• Envelhecimento 
• Dependência 
• Perda de papéis 
• Perda de funções 
• Segurança 
• Administração social 
da longevidade 
Cada uma das fases também apresenta características próprias, bem 
como suas “crises previsíveis”. Vale ressaltar que tais fases não são lineares 
e podem ocorrer de forma simultânea. 
Importante! 
A qualidade do 
relacionamento 
conjugal também 
pode ser 
considerada como 
um estressor que 
pode afetar o 
desenvolvimento 
da criança.4
63 
Destacamos, a fase de aquisição, que é a primeira fase do Ciclo Vital 
Familiar, e inclui a escolha do parceiro, a formação de um novo casal, a chegada 
do primeiro filho e a vida com filhos pequenos. Há o predomínio da tarefa do 
adquirir em todos os sentidos: material, emocional e psicológico.7, 8, 9 
Esse é o momento de aquisição de um modelo de família próprio, e 
assim, há uma seleção entre os modelos adquiridos em suas famílias de ori-gem 
e entre aqueles que vão adotar em seu casamento ou união. Para os 
casais de adolescentes que permanecem com suas famílias, há a difícil tarefa 
de adquirir espaço para a relação conjugal no emaranhado de relações já 
existentes no sistema, que é extremamente conhecido a um dos cônjuges 
e estranho ao outro, além de definirem e investirem nos papéis de marido/ 
esposa e pai/mãe. Ou seja, muitas aquisições simultâneas.7, 8, 9 
do novo casal = Diferenciação emocional 
Equilíbrio na relação 
(das famílias de origem; 
individuo; casal) 
Alguns fatores influenciam na formação da identidade do casal, tais 
como: a) história de cada um, b) afinidade, c) diferenças culturais, e d) reais 
motivos da união.7 
Intergeracionalidade e mitos familiares 
O fenômeno da intergeracionalidade implica no pertencimento a uma 
família, na construção da identidade, na inserção em parte de uma sociedade 
e em uma determinada cultura.10 O casamento não diz respeito apenas aos
64 
vínculos interpessoais entre duas pessoas, mas também a todos os 
contextos nos quais essas pessoas interagirão daí em diante.11 
Dentre desse contexto, a cultura com seus mitos, apontam ele-mentos 
fundamentais que permeiam as civilizações, sendo criados na 
base do contexto histórico e social de cada povo.12 O mito pode ser 
compreendido, como uma narrativa que se dirige para uma totalidade, 
que é transmitida de uma época a outra.13 Os mitos podem muitas ve-zes, 
também, ser um ponto de divergência entre o novo casal. 
Alguns importantes mitos conjugais: 7, 14 
“O marido e a esposa d »» evem fazer tudo juntos” 
»» “Temos que lutar para salvar o casamento” 
»» “Você deve fazer o outro feliz no casamento” 
»» “O matrimônio pode realizar todos os nossos sonhos” 
»» “Os que amam de verdade adivinham os pensamentos 
e sentimentos do outro” 
»» “Um casamento infeliz é melhor que um lar desfeito” 
»» “Os opostos se atraem e se completam” 
»» “Os casais não devem revelar seus problemas a estranhos” 
»» “Conforme-se com o que você tem” 
»» “O verdadeiro amor não muda com o tempo” 
»» “Casamento acaba com o amor” 
»» “Em briga de marido e mulher não se deve meter a colher” 
»» “O ciúmes justifica a agressão” 
»» “O casamento e o amor são eternos” 
»» “O dinheiro é a origem de tudo” 
“As pessoas 
quando se casam 
trazem de suas 
famílias de 
origem as suas 
mitologias que, ora 
se assemelham, 
ora se diferenciam 
daquelas da 
família do 
cônjuge”.12
65 
“O arrependimento e o remorso por »» parte do homem é sinal de 
mudança” 
»» “As crianças estarão sãs e salvas nas famílias” 
»» “Nasceu assim é de família” 
A defesa de tais mitos pode ser ponto constante de conflitos e negociações, 
pois cada um tem que se adaptar e adotar os padrões do outro. 
Relacionamento adolescente 
Nas relações adolescentes predomina o amor romântico, que estimu-la 
fortes emoções e sentimentos, acompanhados da idealização da relação 
com o parceiro, o que motivaria e tornaria legítimo o início das relações 
sexuais sem proteção, uma vez que a eventualidade de uma gravidez pode 
ser vista de forma positiva.15 
Um importante fator precipitante da união não formal e coabitação entre 
os casais na adolescência está relacionado à ocorrência de uma gestação.16 
A união conjugal observada pelo Censo Demográfico de 2000 indicou que o 
número de mulheres brasileiras unidas conjugalmente, entre 15 e 19 anos, era 
três vezes maior do que os homens nessa mesma faixa etária.17 
A união conjugal não necessariamente implica em independência em 
relação as famílias de origem. Um dos principais fatores para a coabitação 
de gestantes e mães adolescentes com as famílias, mesmo na condição de 
casados e da comunhão livre, é a instabilidade socioeconômica.16 
A união conjugal e/ou a paternidade pode alternar a percepção da gra-videz/ 
maternidade pela adolescente e também a percepção de toda a fa-mília, 
que passa a ter uma visão favorável do evento.18 Destacamos que a 
presença do companheiro influencia favoravelmente a evolução da gravidez
66 
e diminui riscos e efeitos desfavoráveis à saúde da criança, pois a insegu-rança 
e a solidão podem causar riscos físicos e psicológicos, principalmente 
quando a mulher é adolescente.19 
Os parceiros das mães adolescentes variam de acordo com o contexto 
social.20 Em média, o pai adolescente é três anos mais velho do que a mãe 
e, as chances de que esse complete os estudos, são ainda menores do que 
as dela.21 
Mudanças significativas podem ser observadas no perfil sociodemo-gráfico 
dos co-responsáveis após a gestação: aumento do abandono escolar, 
união formal e não formal e da coabitação.16 
União por uma gravidez na adolescência 
Algumas consequências da conjugalidade na adolescência 1,22, 23, 24, 25, 26, 27 
··baixo nível de estabilidade conjugal, por 
abandono pelo parceiro ou deterioraçãodo 
relacionamento amoroso; 
··oportunidade de se libertar da violência intra-familiar 
e ingressar em uma nova fase de vida, 
obtendo apoio em outra realidade; 
·· fator de risco para a estruturação emocional 
de um casal; 
··precipitação de uniões conjugais ainda que 
em domicilios separados; 
··maiores chances de desajustes e 
desagragação familiar; 
··pseudo-independência, substituindo os laços 
com os pais pela dependência afetiva do 
casal; 
·· instabilidade da relação (podendo implicar 
em fim da relação durante a gravidez e a 
manutenção da residência com os pais; 
·· tendência da ocorrência de separação, dentro 
de no máximo dois anos.
67 
As conseqüências da parentalidade na vida conjugal de adolescentes 
podem ser diversas:28 
Pode ser positiva, pois uniria o casal 
pela decisão de viverem juntos, 
promovendoo crescimento de ambos 
e uma relação afetiva positiva, com 
benefícios aos filhos. 
Por outro lado, o nascimento de 
um filho e a decisão de morarem 
juntos poderiam desfazer o estado 
de enamoramento anterior, levando 
tais casais a experimentarem mais 
problemas conjugais e separações. 
Violência no namoro?! 
As agressões entre os casais não se limitam a adultos casados: elas 
podem ocorrer também entre jovens namorados. Uma pesquisa realizada 
pela Fundação Oswaldo Cruz,29 feita com 3.205 estudantes, entre 15 e 19, 
anos de todo o Brasil, identificou que 87% das adolescentes já vivenciaram 
formas de violência no namoro ou no “ficar”. Relacionamentos efêmeros ou 
rápidos foram suficientes para reunir episódios agressivos como: beliscões, 
empurrões, tapas, xingamentos, ofensas e humilhação pela internet. Dos 
adolescentes que mantinham relacionamentos afetivos, 85% admitiram já 
ter dito aos parceiros coisas ruins em tom hostil, depreciações e xingamentos 
e, igual proporção, relatou já ter sido vítima desse tipo de agressão. Muitas 
meninas narraram não terminar o relacionamento por medo das ameaças. 
Violência é um sinônimo de agressão e pode ser expressa de diferen-tes 
formas, podendo incluir desde atos mais leves até atos muito graves.30 A 
agressão física ocorre em função múltiplas causas. Gostaríamos de salientar 
aqui uma causa importante: a falta de habilidade em responder a situações 
conjugais problemáticas, sendo produto do déficit de habilidades geral de co-municação 
tais como: habilidades sociais, lócus de controle e comunicação.31
68 
Contínuo da Violência Doméstica 
Fìsica 
matar 
suicidar-se 
socos usar armas 
empurrar 
jogar objetos 
Morte 
Emocional xingar depreciar gritar humilhar Suicídio 
toque 
indesejado 
acusações 
verbais 
Sexual sexo forçado 
Estupro 
O Ciclo da Violência30 
1. Acúmulo de tensão: raiva, brigas, discussões. 
2. Explosão: agressões físicas, violência psicológica/sexual. 
3. Calmaria: “fase da lua-de-mel”, desculpas, culpa, reconciliação
69 
Habilidades Conjugais 
Muitas separações conjugais e busca de suporte psicoterapêutico por 
casais ocorrem por dificuldades de um ou ambos os cônjuges em habilidades 
interpessoais. Tais pessoas, por algum motivo, não desenvolveram habilidades 
satisfatórias para uma efetiva comunicação, o que se manifesta por meio 
de expressões e sentimentos positivos, elogios, agrados, opiniões, desejos e 
escuta ativa.32 Outras habilidades importantes são: habilidades de acalmar-se 
e identificar estados de descontrole emocional (em si e no cônjuge), ouvir 
de forma não defensiva e com atenção, validar o sentimento do cônjuge, e 
romper o ciclo: queixa-crítica-defensividade-desdém.34 
Assim, para um melhor relacionamento conjugal, habilidades cruciais 
podem ser aprendidas ou aperfeiçoadas por meio de programas terapêuticos 
ou educativos.2 
Classificação das habilidades conjugais:34 
»» Assertivas (manifestar opinião, concordar, discordar, desculpar-se, 
admitir falhas, expressar desagrado, pedir mudança de comporta-mento 
do outro e lidar com críticas). 
»» Empáticas (compreender e sentir o que alguém pensa e sente em 
uma situação, sendo comunicada adequadamente tal compreensão 
ou sentimento). 
»» Expressão de sentimento positivo (gestos, expressão facial, toques, 
implicando em caráter positivo que denota saúde e equilíbrio 
emocional nas relações interpessoais, além de satisfação com os 
comportamentos apresentados pelo outro). 
»» Automonitoria (a pessoa observa, descreve, interpreta e regula seus 
pensamentos, sentimentos e comportamentos em situações sociais).
70 
»» Civilidade (desempenhos simples, padronizados segundo o contexto 
em que ocorre, como dizer por favor, agradecer, pedir licença, entre 
outros). 
»» Comunicação (refere a fazer e responder perguntas, elogiar, manter e 
encerrar conversação, ouvir atentamente e de forma não defensiva). 
Referências 
1. Berthoud, C. M. E. & Bergamini, N. B. B. (1997). Família em fase de aquisição. 
Em Cerveny, C. M. O. & Berthoud, C. M. E. Família e Ciclo Vital: nossa realidade 
em pesquisa (Cap. 3, pp. 47-73). São Paulo: Casa do Psicólogo. 
2. Maia, J. M. D. (2010). Parentalidade e conjugalidade na adolescência: uma 
proposta interventiva. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em 
Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. 
3. Feldman, S. S. & Wentzel, K. R. (1990). Relations among family interaction 
patterns, classrom self-restraint and academic achievement in preadolescent 
boys. Journal of Educational Psychology, 82 (4), 813-819. 
4. Guralnick, M.J. (1997). The effectiveness of early intervention. Baltimore: Paul 
H. Brookes Publishing Co. 
5. Cerveny, C. M. O. & Berthoud, C. M. E. e cols. (1997). Famíllia e ciclo vital: 
nossa realidade em pesquisa. São Paulo: Casa do Psicólogo. 
6. Cerveny, C. M. O. & Berthoud, C. M. E. (2009). Ciclo Vital da Família Brasileira. 
Em: L. C. Osório & M. E. P. do Valle (Orgs). Manual de Terapia Familiar. Porto 
Alegre: Artmed. 
7. Berthoud, C. M. E. & Bergamini, N. B. B. (2009). Família em fase de aquisição. 
Em: C. M. de O. Cerveny, C. M. de O.; Berthoud e cols. Família e ciclo vital: 
nossa realidade em pesquisa.
71 
8. Cerveny, C. M. de O. & Berthoud,C. M. E. (2002). Visitando a família ao longo 
do ciclo vital. São Paulo: Casa do Psicólogo. 
9. Carter, B. & McGoldrick, M. (1995). As mudanças no ciclo de vida familiar: 
uma estrutura para a terapia familiar. Em: B. Carter; M. McGoldrick & cols. As 
mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. São 
Paulo: ARTMED. 
10. Cerveny, C. M. de O. (2000). Método. In C. M. de O. Cerveny, A Família como 
modelo: desconstruindo a patologia (pp. 97-116). Campinas: Livro Pleno. 
11. Willi, J. (1995). A construção diática da realidade. Em M. Andolfi, C. Ângelo, C. 
Saccu (Orgs.). O casal em crise (pp. 38-46). São Paulo: Summus. 
12. Krom, M (2000). Um olhar mítico sobre a família e o casamento. Em: M. Krom. 
Família e Mitos: prevenção e terapia, resgatando histórias. São Paulo: Summus 
Editorial. 
13. Cerveny, C. M. de O. (1996). Gravidez na adolescência: uma perspectiva 
familiar. In R.M. Macedo (Org.). Família e Comunidade. São Paulo: ANPEPP. 1 
(2), 7-33. 
14. Lazarus, A. A. (1992). Mitos conjugais. Campinas: Editorial Psy. 
15. Barros, R. C. do R. (2009). Fatores envolvidos na adesão das adolescentes aos 
métodos contraceptivos. Em: D. L. M Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. 
Gravidez e Adolescência (Cap. 44, pp. 295-300). Rio de Janeiro: Revinter. 
16. Costa, M.C.O., Lima, I.C., Martins Junior, D.F., Santos, C.A. S.T., Araújo, F.P.O. 
& Assis, D.R. (2005). Gravidez na adolescência e co-responsabilidade paterna: 
trajetórias sócio-demográficas e atitudes com a gestação e a criança. Ciência e 
Saúde Coletiva, 10 (3), 719-727. 
17. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2003). Censo Demográfico 2000. 
Famílias e domicílios: resultados da amostra. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística. 
18. Carvalho, G. M., Merighi, M. A. B. & Jesus, M. C. P. (2009). Recorrência da 
parentalidade na adolescência na perspectiva dos sujeitos envolvidos. Texto, 
Contexto, Enfermagem, Florianópolis, 18 (1), 17-24.
72 
19. Lima, I. C. (2002). Gravidez na adolescência: atitudes e responsabilidade paterna. 
Dissertação de Mestrado em Saúde Coletiva, Universidade Estadual de Feira de 
Santana, BA, Brasil. 
20. Andalaft Neto, J. & Andalaft, C. C. M. (2009). Gravidez na adolescência – Fatores 
de Risco. Em: D. L. M. Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e 
Adolescência (pp. 50-58). Rio de Janeiro: Revinter. 
21. Salvadori, A. M., Dias, J. D., Ferreira, M. C. S. & Pedroso, M. R. (2002). A 
Adolescência. Acesso em 29 maio 2006. Disponível em http://www.lite.fae. 
unicamp.br/papet/2002/el300c/seminario01.htm. 
22. Coley, R. L. & Chase-Lansdale, P.L. (1998). Adolescent pregnancy and parent-hood: 
Recent evidence and future directions. American Psychologist, 53 (2), 
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23. Godinho, R. A., Schelp, J. R. B., Parada, C. M. G. L. & Bertoncello, M. N. F. 
(2000). Adolescente e grávidas: onde buscam apoio. Revista Latino-Americana 
de Enfermagem, 8 (2), 25-32. 
24. Aquino, E. M. L., Heiborn, M. L., Knauth, D., Bozon, M., Almeida, M. da C., Araújo, 
J. & Menezes, G. (2003). Adolescência e reprodução no Brasil: a heterogeneidade 
dos perfis sociais. Cadernos de Saúde Pública, 19 (2), 377-388. 
25. Adamo, F. A. (2008). Sexualidade: Alguns aspectos. Em: M. I. Saito, L. E. da 
Silva & M. M. Leal (Eds.). Adolescência: prevenção e risco. 2ed. (pp. 93-97). São 
Paulo: Atheneu. 
26. Budib, M. A., Cruz, T. S. da & Martins, E. H. O. (2009). Aspectos psicossociais 
da Gravidez na Adolescência. Em: D. L. M. Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. 
Bastos. Gravidez e Adolescência (pp. 339-341). Rio de Janeiro: Revinter. 
27. Teixeira, S. A. M. (2009). Gravidez na Adolescência – Situações sociais de 
vulnerabilidade. Em: D. L. M. Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez 
e Adolescência (pp.342-346). Rio de Janeiro: Revinter. 
28. Levandowski, D. C. & Piccinini, C. A. (2006). Expectativas e sentimentos em 
relação à paternidade entre adolescentes e adultos. Psicologia: Teoria e 
Pesquisa, 22 (1), 17-28.
73 
29. Moehlecke, R. (2010). Atos de violência entre jovens namorados são mais 
comuns do que se imagina. Agência de Fiocruz de Notícias. Publicado em: 
16/03/2010. Disponível em http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start. 
htm?infoid=3219&sid=9. Acessado em 01/09/2010. 
30. Walker, L. (1979). The Battered Woman. New York: Haper Row. 
31. Figueredo, P. M. V. (2005). A influência do lócus de controle conjugal das 
habilidades sociais conjugais e da comunicação conjugal na satisfação com o 
casamento. Ciência & Cognição, 6, 123-132. 
32. Villa, M. B. (2002). Habilidades sociais em casais de diferentes filiações 
religiosas. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia Ciência e Letras de 
Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil. 
33. Gottman, J. & Rusche, R. (1995). Communication and social skills approaches 
to treating ailing marriages: A recommendation for a new marital therapy 
called “Minimal Marital Therapy. In: O’Donohue & Krasner (Eds.) Handbook of 
psychological skills training: Clinical techniques and applications. Boston: Allyn 
and Bacon. 
34. Villa, M. B. (2005). Habilidades sociais no casamento: avaliação e contribuição 
para a satisfação conjugal. Tese de Doutorado, Instituto de Psicologia, 
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
75 
Diversos estudos fornecem evidências de que a efetividade e as atitu-des 
disciplinares dos pais estão associadas ao desenvolvimento saudável de 
crianças e adolescentes.1 Assim, as jovens mães necessitam ser sensibiliza-das 
para esse novo papel, analisando as implicações de sua conduta para o 
desenvolvimento de seu filho. Projetos de intervenção junto a mães ado-lescentes 
podem prevenir práticas educativas inadequadas possibilitando 
maior interação mãe/bebê.2 
Ao refletirmos sobre a gravidez na adolescência, e as intervenções a 
ela dirigidas, não devemos descartar o fato de que uma parte considerável 
dos parceiros das mães adolescentes é adolescente também. Tanto dados 
governamentais, quanto dados de pesquisas acadêmicas ou de órgãos não 
governamentais parecem ignorar a existência de um grande número de 
adolescentes que se tornam pais.3 
Em virtude dos riscos envolvidos em uma gestação na adolescência, 
destaca-se a necessidade de que ações preventivas sejam desenvolvidas, 
incluindo também o jovem pai nesse processo. Quanto antes as intervenções 
ocorrerem, melhores serão os resultados.4 Lembrando que as ações 
preventivas destinam-se a diminuir o potencial de risco e desenvolver 
o potencial de enfrentamento com intervenções psicoeducacionais em
76 
diferentes tipos de prevenção e, assim, tornar-se um fator de proteção para 
o desenvolvimento infantil.5, 6 
Há necessidade de intervenções na área, com a avaliação de progra-mas 
voltados para os pais adolescentes, utilizando-se recursos como grupos 
de estudo, palestras e materiais impressos.7 Deve-se incluir, também, ações 
que incentivem a participação responsável masculina na vida reprodutiva e 
familiar, com a reavaliação dos preconceitos em relação aos pais adolescen-tes 
e a oferta de condições para maior interação entre pai-mãe-filho.8 
Intervenções com pais podem trazer benefícios para as famílias com a 
melhoria nas atividades parentais e aumento da coesão familiar9 e, para a 
sociedade em geral, pois mais pessoas teriam a oportunidade de crescer e 
se desenvolver em ambiente familiar saudável.10 Estas intervenções podem 
aprimorar as expectativas dos pais adolescentes relativas ao emprego, 
ao planejamento vocacional, à relação com o filho, ao uso de métodos 
contraceptivos e às perspectivas para o futuro.11 
Destacamos, também, a necessidade de que as intervenções não 
sejam focalizadas somente nos fatores de risco, mas também incluam as 
competências e recursos informais presentes na vida das pessoas.12 Nesse 
contexto, as intervenções com pais são apontadas como um importante 
mecanismo de desenvolvimento da resiliência familiar.13 Propostas 
preventivas que valorizem e incrementem fatores de proteção poderão 
amenizar eventuais sofrimentos de todos os envolvidos com a situação da 
parentalidade na adolescência.14 
Intervenção precoce 
Dentre as intervenções descritas na literatura nacional13, 15 poucas são 
direcionados aos pais adolescentes ou à prevenção de gravidez na adoles-cência. 
Destacamos três dessas intervenções a seguir: 
Há necessidade da 
inclusão dos parceiros 
nos programas de 
assistência pré-natal, 
inclusive em 
programas de grupos 
de casais, o que 
possibilitaria auxiliá-los 
de maneira mais 
efetiva a enfrentar 
dificuldades relativas 
à gestação e 
outras dificuldades 
indiretamente 
causadas por ela.
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Mãe, pai e casal na ADOLESCÊNCIA. Manual LAPREV para profissionais de saúde

  • 1.
  • 2.
  • 3. Copyright © dos autores Todos os direitos garantidos. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida ou arquivada, desde que levados em conta os direitos dos autores. Autores: Joviane Marcondelli Dias Maia, Cristiane Camargo de Oliveira , Roselaine de Oliveira Giusto & Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams Capa, projeto gráfico e diagramação: Izis Cavalcanti Editores: Pedro Amaro de Moura Brito & João Rodrigo de Moura Brito Conselho Científico da Pedro & João Editores: Augusto Ponzio (Bari/Itália); João Wanderley Geraldi (Unicamp/Brasil); Roberto Leiser Baronas (UFSCar/Brasil); Nair F. Gurgel do Amaral (UNIR/Brasil) Maria Isabel de Moura (UFSCar/Brasil); Dominique Maingueneau (Universidade de Paris XII); Maria da Piedade Resende da Costa (UFSCar/Brasil). Joviane Marcondelli Dias Maia, Cristiane Camargo de Oliveira, Roselaine de Oliveira Giusto, Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams [Autoras] Mãe, pai e casal na adolescência: e agora? Orientações para profissionais da saúde. São Carlos: Pedro & João Editores, 2011. 88p. ISBN 978-85-7993-045-4 1. Adolescência. 2. Gravidez na adolescência. 3. Parentalidade na adolescência 4.Conjugalidade na adolescência 5. Autores. I. Título. Pedro & João Editores Rua Tadão Kamikado, 296 . Parque Belvedere . 13568-878 . São Carlos, SP www.pedroejoaoeditores.com.br CDD – 150
  • 4.
  • 5.
  • 7.
  • 8. Apresentação O presente trabalho é fruto do Projeto de pesquisa intitulado: “Projeto de intervenção com casais de pais adolescentes: da avaliação de uma proposta à capacitação de psicólogos da rede de saúde”, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Edital Saúde da Mulher (processo n° 551170/2007-7), tendo como coordenadora Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams, Professora Titular do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos e coordenadora do LAPREV (Laboratório de Análise e Prevenção da Violência), a pesquisadora Joviane Marcondelli Dias Maia e as bolsistas Cristiane Camargo de Oliveira e Roselaine de Oliveira Giusto. Parte desse Projeto incorporou a tese de Doutorado de Joviane M. D. Maia desenvolvida no Programa de Pos-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos, intitulada Parentalidade e Conjugalidade na adolescência: uma proposta interventiva (2010) sob orientação da Profa. Dra. Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams. Esperamos que esse manual possa estimular o desenvolvimento de projetos de intervenção, por profissionais da saúde, com adolescentes que enfrentam o desafio de se tornarem mães e pais na adolescência, bem como os desafios decorrentes de serem um novo casal. Que suas histórias possam ser ressignificadas para que as próxi-mas gerações vivenciem novos contextos, contribuindo para uma cultura de paz! Gostaríamos de agradecer ao CNPq e a Dra. Evelyn Eisenstein, Professora Adjunta da UERJ, médica pediatrica e clínica de adolescentes pela ajuda com a revisão desse texto. As autoras
  • 9. Em sua prática profissional, como é estabelecido o período da faixa etária da adolescência?
  • 10. 9 Adolescência Para refletirmos sobre a adolescência é necessário analisarmos seu limite curiosamente impreciso. Realmente, parece estar cada dia mais difícil determinar o fim da adolescência. A complexidade da adolescência também está refletida nos diferentes critérios adotados para sua delimitação etária: Estatuto da Criança e do A »» dolescente: entre 12 e 18 anos.1 »» Organização Mundial de Saúde (OMS):2 entre 10 e 20 anos incompletos. O mesmo critério é utilizado para o Programa Saúde do Adolescente no Brasil em suas diretrizes básicas e sistematização dos serviços de atenção.3 »» Society for Adolescent Medicine (Sociedade de Medicina para Adolescentes): público a ser atendido pelos médicos especialistas em adolescência abrange dos 10 aos 25 anos.4 De forma geral, a adolescência é apontada como sendo um período, entre a infância e a idade adulta, caracterizado por profundas alterações no desenvolvimento biológico, psicológico e social.5 É também associado, geralmente, a uma etapa de crises.6
  • 11. 10 A puberdade é outro conceito importante que está frequentemente associado à faixa etária da adolescência, sendo marcada por modificações físicas, na faixa etária entre 10 e 14 anos. Caracteriza-se pela: aceleração do crescimento esquelético, alterações da composição corporal e amadurecimento sexual.8 Cabe destacar que a adolescência engloba e ultrapassa o conceito de puberdade, já que é necessário um olhar biopsicossocial para uma melhor compreensão e atuação profissional. A adolescência e a iniciação sexual precoce Um tema de enorme preocupação dos pais, profissionais e adolescentes refere-se ao desenvolvimento sexual nessa fase. Trata-se de um período de formação da identidade sexual do indivíduo, podendo haver contradições de-correntes de um desequilíbrio entre a matu-ração física (corpo apto à reprodução) e um repertório psicoemocional despreparado.9 Observa-se atualmente uma iniciação sexual cada vez mais precoce. No Brasil, há relatos de que a iniciação sexual das me-ninas ocorra aos 13 e 14 anos, em média, com pequena utilização de preservativos (cerca de 15% das relações sexuais), ten-do um ou mais parceiros freqüentes.10 “Considera-se que a adolescência é a fase de definir que tipo de adulto se quer ser. E, mais importante ainda decidir de que forma vai ler sua história e quais capítulos escolher escrever. O desenvolvimento da flexibilidade e da responsabilidade é ingrediente importante para fazer dessa fase um marco de crescimento e individuação com autonomia” .7 ?
  • 12. 11 Nos países desenvolvidos, a atividade sexual também está se iniciando cada vez mais precocemente, enquanto o casamento está sendo postergado para idades mais tardias.11 Há dados brasileiros indicativos relacionando o início da vida sexual e a primeira gestação, apontando uma relação entre a idade da primeira relação sexual e a primeira gravidez.12 A família em transição... O que compreendemos por família? Nas últimas décadas a família também tem sofrido algumas modifica-ções em sua configuração, tais como: o aumento do número de mulheres sem cônjuge (famílias mononucleares ou monoparentais), famílias binucleares ou que compartilham a guarda dos filhos, famílias reconstituídas, famílias homo-afetivas. 13 Assim, não podemos encarar a família como uma entidade estática, mas sim, encontrando-se em processo de mudança contínua, bem como seu contexto social.14 Entretanto, tais mudanças não interferem na importância atribuída à fa-mília sendo essa considerada como o mais poderoso sistema de socialização para o desenvolvimento saudável da criança e do adolescente. É importante destacar que, segundo uma perspectiva sistêmica, é preciso pensar na família como um importante e complexo sistema norteador na vida do indivíduo. Família = Sistema Vizinhos Igreja Família Cidade Centro comunitários Posto de saúde Parentes próximos Ampliando-se o foco, o sistema familiar é uma parte de um todo maior no qual a família se encontra inserida (comunidade, cidade, país, etc).15
  • 13. 12 Assim, é necessário a mudança do foco de atuação profissional para uma perspectiva que não se volte apenas para o indivíduo, mas sim para a compreensão das pessoas em suas mais diversas relações. Para isso é preciso que adotemos uma nova visão paradigmática, en-volvendo assim cada vez mais a responsabilidade também do usuário do serviço de saúde como parte fundamental da qualidade no serviço a ser oferecido. para pessoas nas relações Foco do indivíduo As Políticas Públicas enfrentam o desafio de compreender a complexidade familiar e desenvolver programas de atenção, promoção e cuidado com os cidadãos de forma a tornar a família consciente de seu papel fundamental no processo de provimento das necessidades de seus membros. Devem de-senvolver competências, dando poder a tais pessoas, na medida em que se conscientizem que cada pessoa envolvida em um problema é tanto parte do problema como parte da solução. Foco do indivíduo para pessoas nas relações Uma nova visão Da organização hierárquica de alguns poucos que decidem, um grupo maior que planeja e executa e uma comunidade que recebe; para uma rede de trocas colaborativas e responsabilidades compartilhadas entre todos os envolvidos – usuários/famílias/ técnicos/instituições.
  • 14. 13 Referências 1. Brasil (1990). Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal no. 8069/1990. 2. World Health Organization (2001). Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Report of a WHO Expert Committee. Geneva: World Health Organization (Technical Report Series, 854). 3. Ministério da Saúde (2002). Violência Intrafamiliar: orientações para a prática em serviço. Brasília: Ministério da Saúde. 4. Brookman, R. R. (1995). The age of adolescence. Jornal Adolescence Health; 16(5), 339-340. 5. Saito, M. I. & Queiroz, L. B. (2008). Medicina de Adolescentes: visão histórica e perspectiva atual. Em M. I. Saito, L. E. da Silva & M. M. Leal (Eds). Adolescência: prevenção e risco (2 ed., Cap. 1, pp.3-11). São Paulo: Atheneu. 6 Maia, J. M. D. (2010). Parentalidade e conjugalidade na adolescência: uma proposta interventiva. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. 7. Rosset, C. M. (2009). Famílias com adolescentes. Em: L. C. Osório & M. E. P. do Valle. Manual de Terapia Familiar. Porto Alegre: Artmed. 8. Magalhães, M.L.C. (2009). A adolescência e a gravidez. Em: D.L.M. Monteiro; A.J.B. Trajano & A. da C. Bastos (Orgs). Gravidez e Adolescência. Rio de Janeiro: Revinter. 9. Saito, M. I. (2008). Adolescência, Cultura, Vulnerabilidade e Risco. A Prevenção em questão. Em: M. I. Saito, L. E. da Silva & M. M. Leal (Eds.). Adolescência: prevenção e risco (2ed., Cap. 4, pp.41-46). São Paulo: Atheneu. 10. Marcondes Filho, W., Mezzaroba, L., Turini, C. A., Loike, A., Motomatsu Junior, A., Shibayama, E. E. M. & Fenner, F. L. S. (2002). Tentativa de suicídio por substâncias químicas na adolescência e juventude. Adolescência Latino Americana, 3 (2).
  • 15. 14 11. Guimarães, E. M. B. (2008). Gravidez na adolescência: fatores de risco. Em M. I. Saito, L. E. da Silva & M. M. Leal (Eds.), Adolescência: prevenção e risco (2ed., pp.419-426). São Paulo: Atheneu. 12. Rosa, A. J., Reis, A. O. A. & Tanaka, A. C. (2007). Gestações sucessivas na adolescência. Revista Brasileira de Crescimento Desenvolvimento Humano, 17 (1), 165-172. 13. Castro, M. C. d’A. (2008). Configurações Familiares Atuais. Em: R. M. S. Macedo (Org). Terapia Familiar no Brasil na última década, (51, pp. 419-427). São Paulo: Rocca. 14. Minuchin, S. & Fishman, H. C. (1990). Técnicas de terapia familiar. Porto Alegre: Artes Médicas. 15. Bronfenbrenner, U. (1996). A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: Artmed.
  • 16. 15 Gravidez na adolescência: prevalência O fenômeno da gravidez na adolescência ocorre nos mais diversos países. Anualmente, mais de 14 milhões de adolescentes dão à luz no mundo, sendo que a proporção de mães que tem seu primeiro filho em torno dos 18 anos varia de 1% no Japão a 53% na Nigéria.1 O número de partos ocorridos em adolescentes brasileiras no ano de 20092 foi de 444.056; em contrapartida, no ano de 2000 o índice foi equivalente a 679.358. Entre os anos de 2000 e 2009 houve uma redução nos índices nas diferentes regiões do nosso país, sendo que a maior redução ocor-reu no Centro-Oeste (37%), seguido pelo Sul (36,50%), Sudeste (36,30%), Nordeste (36,10%) e Norte (21,90%). Algumas das justificativas destacadas para tal redução estão relacionadas à com-binação de fatores como a educação sexual e o uso de métodos anticoncepcionais. A pílula do dia seguinte também exerceu papel preponderante.2
  • 17. 16 Um milhão de meninas ficam grávidas por ano no Brasil.1 Os filhos de mães adolescentes são um em cada quatro brasileiros que nascem.3 Gravidez sucessiva na adolescência Alertamos para o fato de que a gravidez sucessiva na adolescência não é estudada pela Saúde Pública e, tampouco, considerada como sendo um fenô-meno importante na dinâmica reprodutiva das populações. Destaca-se que: O tema da gravidez sucessiva é encontrado »» disperso ou apenas citado em estudos sobre gestação na adolescência em geral. »» Há grande possibilidade de repetição da gestação na adoles-cência na ausência de recursos protetores pós-parto.4 Cabe destacamos os esforços do Estado de São Paulo no sentido de reduzir os índices de uma segunda gestação na adolescência:5 As reduções nos índices foram relacionadas à Política Estadual de Saúde Pública para evitar a gravidez na adolescência, envolvendo um modelo de atendimento integral a adolescente que contempla aspectos físicos, psicológicos e sociais e o investimento na capacitação de profissionais.5 Apesar do decréscimo nos índices de gravidez na adolescência, o número de jovens que se torna mãe precocemente ainda é preocupante. Em um período de 4 anos o Estado conseguiu reduzir em 27,1% o número de adolescentes que ficaram grávidas pela segunda vez. Entre os anos de 1998 e 2007 a queda foi de 47,8%.
  • 18. A maternidade na adolescência é um desafio a ser enfrentado!! 17 Modelo de atendimento integral a adolescente Aspectos físicos, psicológicos e sociais Fatores de risco + Capacitação para os profissionais Para prosseguirmos na análise da ocorrência de uma gestação na ado-lescência, é necessário compreendermos dois importantes conceitos: os fa-tores de risco e os fatores de proteção ao desenvolvimento infantil. Os fatores de risco podem ser definidos como condições ou variáveis associadas à alta probabilidade de ocorrência de resultados negativos ou indesejáveis. Dentre tais fatores encontram-se os comportamentos que po-dem comprometer nossa saúde, bem estar ou desenvolvimento social.6 São aqueles fatores, que se presentes, aumentam a probabilidade de um indivíduo desenvolver uma desordem emocional ou comportamental, ou seja, a probabilidade de dano ou resultado indesejado.7 Tais fatores po-dem incluir atributos biológicos e genéticos da criança ou da família, bem como fatores da comunidade que influenciam tanto o ambiente da criança quanto de sua respectiva família.8 Não se pode analisar os fatores de risco de forma isolada, independen-te e fragmentada, pois a exposição ao perigo que os potencializa ocorre de diversas formas e em vários contextos.9 O conceito de risco está associado ao conceito de vulnerabilidade, ou seja, o conjunto de fatores que podem aumentar ou diminuir a ocorrência de determinada situação a que se está exposto em todas as fases de vida.10
  • 19. 18 A adolescência é um período do ciclo vital associado à vulnerabilidade. Todas as mudanças pelas quais passam os adolescentes aumentam sua expo-sição e sensibilidade aos problemas enfrentados pela sociedade, o que explica sua vulnerabilidade social.11 Dentre os comportamentos de risco emitidos por adolescentes des-tacam- se: fumo, abuso de álcool e/ou drogas, relações sexuais que podem levar à gravidez e doenças sexualmente transmissíveis, evasão escolar, uso de armas, violência sexual e impulsividade.12 Tais fatores de risco estão asso-ciados à acidentes, violência, suicídio, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez não planejada e seus desdobramentos.13 A ocorrência de uma gravidez na adolescência está associada a diversos fatores de riscos, sendo considerada um problema de Saúde Pública, tanto no Brasil como em muitos outros países, prevalecendo a opinião na literatu-ra da área de que a mesma implicaria em riscos tanto do ponto de vista mé-dico, para a mãe e para o filho, como em riscos psicossociais. Por tais razões, a gravidez na adolescência passa a ser considerada um problema médico-social, tendo sido já considerada de alto risco pela OMS.14
  • 20. 19 Fatores de risco para a ocorrência da gestação na adolescência Fatores relacionados à adolescência e a a. spectos psicológicos 11, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 Características da adolescência Aspectos psicológicos ·· Falta de informação consistente ··Motivação para experimentação ·· Sensação de invulnerabilidade ·· Sentimentos ambivalentes ··Baixa auto-estima ··Problemas psicossociais ··Poucos projetos e planos de vida ··Desejo de engravidar (ter família e relação adulta com o parceiro) ··Certificar-se da própria capacidade reprodutiva (construir identidade feminina) b. Fatores relacionados à família e questões sociais 3, 11, 14, 18, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26 Características familiares Questões sociais ··Histórico de atividade sexual precoce ··Gravidez adolescente na família ··Conflitos familiares ··Violência Intrafamiliar ··Orientação familiar insuficiente ··Migração ·· Irmãos menores sob o cuidado da adolescente ·· Família monoparental ··Moradia fora da família ·· Famílias residentes em bolsões de pobreza ou regiões rurais ··Abuso de substâncias ··Evasão escolar ··Escassez de projetos sociais na área de prevenção ··Efeitos dos meios de comunicação ··Conflitos ou vivências de preconceitos religiosos, étnicos e culturais ··Atitudes tradicionais em relação ao papel da mulher ·· Status social destinado aos jovens pais e mães
  • 21. 20 Fatores de risco para a ocorrência de gestação sucessiva na adolescência 27, 28, 29, 30 ··Menarca precoce ··Primeira relação logo após a menarca ··Repetição escolar ··Ocupação não remunerada ··Envolvimento com um parceiro mais velho ··Co-habitação com o parceiro ··Baixa utilização de preservativo ··Pai ausente ··Mudança de parceiro ··Reação positiva da família a gestação anterior ··Ausência de consulta de puerpério ··Antecedente familiar de gestação na adolescência ·· Família em condições de pobreza ··Não voltar aos estudos depois do parto ··Ter amigas gestantes na mesma faixa etária ··Aborto prévio Fatores de risco para o bebê decorrentes da gestação na adolescência Podem ser considerados fatores de risco ambientais ao bebê fruto de uma gestação na adolescência: o contexto psicossocial de pobreza, a depen-dência dos pais adolescentes de suas famílias de origem, a baixa instrução dos jovens pais, a falta de apoio social, a presença de violência intrafamiliar, o histórico de abuso sexual na infância, a ausência de apoio materno, o es-tresse e a depressão pós-parto.31 Destaca-se um maior risco de prematuridade e baixo peso do bebê ao nascer nos filhos de mães adolescentes,32 bem como problemas sócio-afetivos como: agressividade, impulsividade, falta de atenção e maior deserção escolar.3
  • 22. 21 Fatores de risco para a gestante adolescente 3, 11, 14, 33, 34, 35, 36, 37, 38 Riscos físicos Riscos psicológicos e sociais ··Doença hipertensiva específica da gestação ··Anemia ··Diabetes gestacional ··Obesidade devido a erros alimentares ··Aumento da desnutrição da mãe a partir do terceiro filho ··Desproporção feto-pélvica ··Complicações no parto ··Disfunções uterinas ·· Infecções ··Hemorragias pós-parto ··Óbito materno ··Ansiedade ··Prejuízos ao processo de maturação psicológica ··Abandono ou interrupção dos estudos e dificuldades de retorno à escola ··Depressão e suicídio ·· Falta de apoio e/ou isolamento social e familiar ·· Separação conjugal ··Menor chance de qualificação profissional ··Tendência a ter habilidades sociais inadequadas ··Exploração sexual Fatores de proteção e resiliência Em contrapartida aos fatores de risco, os fatores de proteção podem ser definidos como fatores que modificam ou alteram a respos-ta pessoal para algum risco ambiental que predispõe a resultado mal adaptativo.39 São classificados em três categorias.8 Para refletir!! Baixo rendimento acadêmico; evasão escolar; pobreza; violência intrafamiliar; causas e/ou conseqüências da gestação na adolescência? profissional, estabelecido
  • 23. 22 Fatores de proteção e resiliência Atributos disposicionais d a. a criança ou adolescente Fatores de Proteção relacionados a criança ou adolescente Atividades Autonomia Orientação social positiva Autoestima Preferências Suporte cultural Relacionamento da criança com pares e pessoas de fora da família Atendimento individual (psicológico, médico, etc) Instituições religiosas Fatores de Proteção relacionados ao apoio individual e institucional para a criança e família Afetividade Ausência de discórdia e negligência relacionados a família b. Características da família Coesão Afetividade Ausência de discórdia e negligência Fatores de Proteção relacionados a família
  • 24. 23 Fontes de apoio individual ou institucional disponíveis c. para a criança, o adolescente e a família Suporte cultural Relacionamento da criança com pares e pessoas de fora da família Atendimento individual (psicológico, médico, etc) Instituições religiosas Fatores de Proteção relacionados ao apoio individual e institucional para a criança ou o adolescente No contexto da proteção, observamos atualmente um crescente interesse pelo fenômeno da resiliência, que pode ser destacada como “capacidade” de se obter bons resultados a despeito das adversidades. Isso inclui desde a habilidade que uma pessoa tem para lidar com as mudanças que acontecem em sua vida, sua confiança na própria auto-eficácia, até o repertório de estratégias e habilidades que dispõe para enfrentar os problemas com os quais se depara.40 A resiliência é um processo resultante da interação entre fatores genéticos e ambientais, os quais, também, oscilam em sua função, podendo atuar como proteção em certos momentos e, em outros, como fator de risco. Dessa forma, para compreendermos o que faz com que algumas pessoas se mostrem resilientes apenas em determinadas situações é preciso examinar primeiramente, essas interações, considerando-as a partir do contexto em que acontecem e do momento histórico vivido pela pessoa, já que ambos influenciam na forma como a adversidade é experienciada e, conseqüentemente, na resposta da pessoa aos problemas.
  • 25. 24 Assim, a resiliência é considerada como o resultado final de processos de proteção que não eliminam os riscos experimentados, mas encorajam o indivíduo a lidar efetivamente com a situação e a sair fortalecido da mesma, tendo as seguintes funções.40 Processos de Proteção Reduzir os impatos dos riscos Reduzir reações negativas após exposição ao risco Estabelecer e manter a autoestima e autoeficácia Criar oportunidades para reverter efeitos do Stress Infelizmente, no geral, os estudos sobre o desenvolvimento humano são direcionados mais aos fatores de risco, e não aos fatores de proteção e ao fenômeno da resiliência.41 Fatores associados à resiliência na adolescência12 Relacionamento p »» ositivo com ao menos um adulto »» Existência de uma âncora religiosa ou espiritual »» Expectativas acadêmicas altas, realistas, e suporte adequado »» Ambiente familiar positivo (limites claros e autonomia do adolescente) »» Inteligência emocional »» Habilidade para lidar com o estresse
  • 26. 25 Fatores de proteção para o desenvolvimento infantil na gestação na adolescência42 »» Cuidado e aleitamento materno »» Atendimento específico pré e pós-natal »» Presença do pai da criança e apoio familiar Alguns fatores de proteção para atos paternos de maus-tratos infantis destacados são: auto-conceito positivo; habilidades interpessoais e existência de suporte social. Fatores que previnem a gestação na adolescência20 »» Boa saúde familiar, com bom relacionamento afetivo em seus diversos aspectos »» Hábitos de leitura sobre sexo »» Maior preocupação com anticoncepção e prevenção contra DSTs »» Práticas parentais adequadas »» Perspectivas dos adolescentes para o futuro »» Permanência na escola Pontos para reflexão... Alguns fatores podem ser considerados como risco ou proteção, de-pendendo das características que o determinam. Características individuais, sistema familiar e rede de apoio social e afetivo têm sido apontados como os indicadores de proteção mais eficazes para a promoção de resiliência ou
  • 27. 26 como os fatores de risco mais críticos para a instalação de condições de vulnerabilidade.43 Assim, a gravidez é sempre uma possibilidade ou um risco, dependendo de como o par amoroso encare a situação na adolescência.27 A paternidade por ado-lescentes pode se configurar, sim, como experiência positiva, sendo destacada a necessidade de uma rede de apoio diferenciada para os jovens pais, constituída de serviços de saúde que promovam também ações educativas, preventivas em relação a doenças sexual-mente transmissíveis (DSTs), gravidez indesejada, e paternidade.44 Neste sentido, é necessário compreendermos que, a busca por uma gravidez na adolescência pode ser um fator protetor, como por exemplo, contra agressões intrafamiliares.15 Assim algumas jovens po-dem vislumbrar uma gravidez como uma possibilidade de construir sua própria família, esquivando-se de um ambiente hostil. É necessário compreendermos que a busca pela gravidez na adolescência pode ser um fator protetor, como por exemplo, contra agressões intrafamiliares.15
  • 28. 27 Referências 1. Silva, J. L. P. (2008). A Gravidez na adolescência: uma visão multidisciplinar. Em: M. I. Saito, L. E. da Silva & M. M. Leal (Eds.), Adolescência: prevenção e risco (2 ed., Cap. 39, pp.427-434). São Paulo: Atheneu. 2. Ministério da Saúde (2010). Brasil acelera redução de gravidez na adolescência. Acesso em 20 abril de 2010. Disponível em http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/ noticias/default.cfm?pg=dspDetalheNoticia&id_area=124&CO_NOTICIA=11137 3. Coelho, H. M. M., Machado, N. O. & Saito, M. I. (2008). Repercussões Nutricionais: Binômio Mãe e Filho. Em: M. I. Saito, L. E. da Silva & M. M. Leal (Eds.), Adolescência: prevenção e risco (2ed., Cap. 18, pp. 201-206). São Paulo: Atheneu. 4. Rosa, A. J., Reis, A. O. A. & Tanaka, A. C. (2007). Gestações sucessivas na adolescência. Revista Brasileira Crescimento Desenvolvimento Humano, 17 (1), 165-172. 5. Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo (2009). 2ª Gravidez na adolescência cai 27,1% em São Paulo. Acesso em 09 Jan 2010. Disponível em http://www. saude.sp.gov.br/content/wrouuritep.mmp 6. Reppold, C. T., Pacheco, J., Bardagi, M. & Hutz, C. (2002). Prevenção de problemas de comportamento e desenvolvimento de competências psicossociais em crianças e adolescentes: uma análise das práticas educativas e dos estilos parentais. Em: C. S. Hutz (Org). Situações de risco e vulnerabilidade na infância e na adolescência: aspectos teóricos e estratégias de intervenção (pp. 7-51). São Paulo: Casa do Psicólogo. 7. Saito, M. I. (2008). Adolescência, Cultura, Vulnerabilidade e Risco. A Prevenção em questão. Em: M. I. Saito, L. E. da Silva & M. M. Leal (Eds.). Adolescência: prevenção e risco (2ed., Cap. 4, pp.41-46). São Paulo: Atheneu.
  • 29. 28 8. Garmezy, N. (1985). Stress-resistant children: the research for protective factors. In: Stevenson, J. E. (Orgs). Aspects of Current Child Psychiatry Research. Oxford: Pergamon. 9. Moraes, N. A. & Koller, S. H. (2004). Abordagem ecológica do desenvolvimento humano, psicologia positiva e resiliência: ênfase na saúde. Em: S. H. Koller (Orgs). A ecologia do desenvolvimento humano: pesquisa e intervenções no Brasil (pp. 91-108). São Paulo: Casa do Psicólogo. 10. Maia, J. M. D. & Williams, L. C. A. (2005). Fatores de risco e fatores de proteção ao desenvolvimento infantil: uma revisão da área. Temas em Psicologia, 13 (2), 91-103. 11. Duarte, J. L. B. & Coutinho, M. F. G. (2009). Recém nascido de mãe adolescente. Em: D. L. M. Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (Cap.42, pp. 283-288). Rio de Janeiro: Revinter. 12. American Psychological Association (2002). Adolescent behavioral development. A Reference for Professionals Developing Adolescents, 29-34. 13. Novaes, J. M. de C. & Taquette, S. R. (2009). Uso de drogas por adolescentes grávidas. Em: D. L. M Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (Cap.53, pp. 352-357). Rio de Janeiro: Revinter. 14. Andalaft Neto, J. & Andalaft, C. C. M. (2009). Gravidez na adolescência – Fatores de Risco. Em: D. L. M. Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (Cap. 8, pp. 50-58). Rio de Janeiro: Revinter. 15. Cunha, A. C. B., Nunes, L. R. & Nogueira, D. S. (1999). Maternidade na adolescência: fator de risco para desenvolvimento de crianças com distúrbio do comportamento. Em F. P. S., Nunes, A. C. B., Cunha (Org.). Dos problemas disciplinares aos distúrbio de conduta: práticas e reflexões, (pp. 130-149). Rio de Janeiro: Dunya Editora. 16. Milan, S., Ickovics, J. R., Kershaw, T., Lewis, J., Meade, C. & Ethier, K. (2004). Prevalence, course, and predictors of emotional distress in pregnant and parenting adolescents. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 72 (2), 328-340.
  • 30. 29 17. Marcelli, D. & Braconnier, A. (2007). Adolescência e Psicopatologia. Porto Alegre: Artmed. 18. Levandowski, D. C., Piccinini, C. A. & Lopes (2008). Maternidade adolescente. Estudos de Psicologia, Campinas, 25 (2), 251-263. 19. Barros, R. C. do R. (2009). Fatores envolvidos na adesão das adolescentes aos métodos contraceptivos. Em: D. L. M Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (Cap. 44, pp. 295-300). Rio de Janeiro: Revinter. 20. Teixeira, S. A. M. (2009). Gravidez na Adolescência – Situações sociais de vulnerabilidade. Em: D. L. M. Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (Cap.51, pp.342-346). Rio de Janeiro: Revinter. 21. Jaffee, S.R., Caspi, A. & Moffitt, T. E. (2001). Predicting early fatherhood and whether young fathers live with their children: prospective findings and policy reconsiderations. The Journal of Child Psychology Psychiatry, 42, 803-815. 22. Cebalo, R. & MacLoyd, V. C. (2002). Social support an parenting in poor, dan-gerous neigborhoods. Child Develoment, 73, (4), 1310-1321. 23. Lima, I. & Almeida, L. S. (2004). Maternidade na adolescência em comunidades populares do Rio de Janeiro. Sessões Coordenadas do Simpósio Internacional sobre Juventude Brasileira. Rio de Janeiro. 24. Guimarães, E. M. B. (2008). Gravidez na adolescência: fatores de risco. Em M. I. Saito, L. E. da Silva & M. M. Leal (Eds.), Adolescência: prevenção e risco (2ed., pp.419-426). São Paulo: Atheneu. 25. Budib, M. A., Cruz, T. S. da, & Martins, E. H. O. (2009). Aspectos psicossociais da Gravidez na Adolescência. Em: D. L. M. Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (Cap. 50, pp. 339-341). Rio de Janeiro: Revinter. 26. Eisenstein, E., Rossi, C. R. V., Marcondelli, J. & Williams, L. (2009). Binômio Mãe- Filho: prevenção e educação em saúde. Em: D. L. M Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (Cap. 7, pp. 39-49). Rio de Janeiro, Revinter
  • 31. 30 27. Persona, L., Shimo, A. K. & Tarallo, M. C. (2004). Perfil de adolescente com repetição atendidas num ambulatório de pré-natal. Revista Latino Americana de Enfermagem. 12 (5), 745-750. 28. Raneri, L. G. & Wiemann, C. M. (2007). Social ecological predictors of repeat adolescent pregnancy. Perspectives on Sexual and Reproductive Health, 39(1), 39-47. 29. Bruno, Z, V., Feitosa, F. E. L., Silveira, K. P., Morais, I. Q. & Bezerra, M. F. (2009). Reincidência de gravidez em adolescentes. Revista Brasileira Ginecologia. Obstetricia, 31(10), 480-484. 30. Coates, V. & Sant’Anna, M. J. C. (2009). Impacto integral à gestante e à mãe adolescente como fator de proteção na reincidência. Em: D. L. M. Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (Cap. 9, pp. 59-63). Rio de Janeiro: Revinter. 31. Rios, K. S. A., Williams, L. C. de A. & Aiello, A. L. R. (2007). Gravidez na adoles-cência e impactos no desenvolvimento infantil. Adolescência e Saúde, 4 (1), 6-11. 32. Fagim, I. G., Matos, H. J. de & Cunha, A. de A. (2009). Filhos de Mães Adolescentes. Em: D. L. M. Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (Cap.67, pp. 453-461.). Rio de Janeiro: Revinter. 33. Booth, C. L., Mitchell, S. K., Barnard, K. E. & Spieker, S. J. (1989). Development of maternal social skill in multiproblem families: effects and the mothers-child relationship. Developmental Psychology, 25 (3), 403-412 34. Takiuiti, A. D. (1996). A saúde da mulher adolescente. Em F. R., Madeira (org). Quem mandou nascer mulher? (pp. 213-290). Rio de Janeiro: Rosa dos tempos – UNICEF. 35. Vitalle, M. S. de S. & Amâncio, O. M. S. (2001). Gravidez na adolescência. Acesso em 13 de dezembro, 2004. Disponível em: www.brasilpednews.org.br. 36. Kilsztajn, S., Rossbach, A., Carmo, M. S. N. & Sugahara, G. T. L., (2003). Assis-tência pré-natal, baixo peso e prematuridade no estado de São Paulo. Revista de Saúde Pública, 36, p.303-310.
  • 32. 31 37. Esteves, J. R. & Menandro P. R .M. (2005). Trajetórias de vida: repercussões da maternidade adolescente na biografia de mulheres que viveram tal experiência. Estudos de Psicologia, 10, (3), 362-370. 38. Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (2006). Protocolo de Atenção à Saúde do Adolescente. Curitiba: Prefeitura Municipal de Curitiba. 39. Rutter, M. (1985). Resilience in the face of adversity. British Journal of Psychiatry, 147, 598-611. 40. Rutter, M. (1987). Psychosocial Resilience and Protective Mechanisms. American Orthopsychiatric Association, 57 (3), 316-331. 41. Maia, J. M. D. (2010). Parentalidade e conjugalidade na adolescência: uma proposta interventiva. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. 42. Gravena, A. C. & Williams, L. C. de A. (2004). Intervenção com gestantes adolescentes de baixo poder aquisitivo: prevenção de maus-tratos e negligência. Temas sobre o Desenvolvimento, 13 (75), 14-20. 43. Levandowski, D.C.A., De Antoni, C., Koller, S. H. & Piccinini, A. C. (2002). Paternidade na adolescência e os fatores de risco e proteção para a violência na interação pai-criança. Interações, 7 (13), p. 77-100. 44. Paula, E. R. de (2007). A paternidade na adolescência e seu significado entre os jovens universitários que a vivenciaram. Dissertação de Mestrado, Universidade de Franca, SP, Brasil.
  • 33.
  • 34. 33 Parentalidade Não podemos analisar a parentalidade na adolescência como um fenômeno com características rigidamente definidas. Ela é vivenciada de acordo com a cultura e geralmente está embasada em valores e sentimentos das famílias.1 Enquanto no início do século XX a gravidez de adolescentes era considerada um acontecimento habitual para os padrões culturais da época, na atualidade apresenta-se como um tema polêmico pela mudança do papel da mulher na sociedade e, quase sempre por ocorrer, diferentemente do passado, fora de uma relação de conjugalidade estabelecida.2, 3 Um dos fatores que podem contribuir para parentalidade na adolescência re-fere- se à mudança de status social vivenciada pela jovem mãe. Em determinados contextos, no geral, mais sócio-economicamente desfavorecidos, a maternidade e a aparência física da gravidez pode contribuir para o aumento do status social da jovem. Além disso, tais jovens podem não considerar necessariamente a gravidez adolescente como um problema social e de saúde.4
  • 35. 34 O comportamento da mãe e do pai em relação ao bebê O comportamento dos pais em relação ao bebê se dá de acordo com uma série de eventos intrinsicamente relacionados:5, 6 Herança genética As respostas do bebê História de relações interpessoais com sua própria família e um com outro Comportamento da mãe e do pai em relação ao bebê Experiências passadas com essa gravidez ou gravidez anterior Absorção da prática e valores culturais A interação positiva da mãe adolescente e seu filho pode ser impulsio-nada pelo seu envolvimento com a amamentação.7 Neste contexto, cabe lembrarmos que a adolescência refere-se a um processo de crises sucessivas a serem enfrentadas pela adolescente com obstáculos:8 Mudanças que o adolescente enfrenta Intrínsecos Extrínsecos Corporais, mentais e emocionais de base neurohormonal Relacionamento com o feto e, a seguir, com o bebê, com o parceiro, com a família e de sua vida escolar e social
  • 36. 35 Algumas dificuldades enfrentadas pelas jovens mães 9, 10, 11, 12, 13 São menos expressivas em comparação à m »» ães não adolescentes, »» apresentam menos vocalizações direcionadas ao bebê, »» menos momentos de atenção compartilhada do que as mães de mais idade, »» respondem menos contingentemente aos comportamentos dos seus filhos, »» mantém laços afetivos mais tênues, »» tem estimativas mais inexatas acerca das idades em que um bebê típico atinge os estágios comuns de desenvolvimento, »» enfrentam maior estresse, »» tendem a ser menos sensitivas, menos paciente, menos comunicativas, »» podem não interpretar bem as necessidades de seus filhos, »» tendem a ser mais negligentes no cuidado da saúde do filho, »» tem mais dificuldades em amamentar (maiores de 16 anos tendem a amamentar mais do que as mais novas), »» tem menos apoio para a amamentação, »» atrasam o calendário vacinal, »» tem risco nutricional por dificuldades econômicas e/ou falta de orientações. Podemos relacionar às dificuldades enfrentadas por tais jovens:11, 12, 14 »» à carência econômica,
  • 37. 36 à precariedade de serviços d »» e apoio e/ou da família, »» à falta de serviços de pré-natal apropriados para gestantes adolescentes, »» à falta de serviços de saúde adequados para o acom-panhamento mãe e filho, »» a poucos recursos disponíveis que incrementam as perdas e frustrações no processo parental, »» maior estresse vivenciado, »» raramente a jovem tem um companheiro que as apóie, »» tendência a ter mais filhos, »» ter que conciliar as demandas adolescentes, educa-cionais e maternais. A auto-imagem do adolescente é considerada também como uma influência importante no seu desejo de envolvi-mento com o bebê, bem como as expectativas pessoais em relação ao papel paterno. No caso do jovem pai, alguns problemas também podem ser apontados como podendo minimizar a intensidade de suas aspirações de poder influenciar positivamente a vida de seu filho pela manutenção de contato e envolvimento com o bebê, tais como:15, 16, 17 »» o aumento da responsabilidade, »» a educação da criança, »» a falta de recursos financeiros, »» o sentimento de falta de maturidade e de frustração por tentar conciliar o cuidado da criança e a vivência da adolescência, perda da liberdade, Por isso é importante que as propostas de intervenções sejam direcionadas tanto para as mães como para os pais, no sentido de prepará-los para tal função.
  • 38. 37 conflitos com a mãe do bebê e com vários »» membros da família da parceira, bem como a dificuldade de freqüentar a escola, »» desconhecimento dos estágios de desenvolvimento infantil. Preparados? Os adolescentes, assim como os homens em geral, são pouco preparados para a função paterna, ocorrendo isso muitas vezes pela pouca participação ou até exclusão do período da gestação e, também, exclusão do processo de criação dos filhos ao longo da história.18 Pais e filhos, que relação é essa? Ditos populares, o quanto você acredita neles? Filho de peixe, peixinho é. Filho aborrecido nunca teve bom castigo. Filho de onça já nasce pintado. Coração de mãe sempre cabe mais um. Filho sem dor, mãe sem amor. Filho de avarento sai pródigo Filho de burro não pode ser cavalo.
  • 39. 38 É necessário que os profissionais da área questionem seus próprios mitos e crenças que podem influenciar na qualidade do atendimento ofere-cido. Os mitos podem gerar uma não identificação de fenômenos.19, 20 Para isso, é necessário compreendermos o que são estilos ou práticas parentais. »» conjunto de práticas educativas ou atitudes utili-zadas pelos cuidadores com o objetivo de educar, socializar e contro-lar o comportamento de seus filhos.21, 22 »» divididas em dois grupos que podem promover tanto comportamentos pró-sociais, como anti-sociais dependendo da frequência e intensidade com que são utilizadas.22, 23, 24, 25, 26 Comportamentos pró-sociais Comportamentos anti-sociais ··Monitoria positiva ··Negligência ··Técnicas disciplinares não coercitivas ··Abuso físico e psicológico ··Regras firmes mais flexíveis ··Disciplina relaxada ··Comportamento Moral ··Punição inconsistente ··Amor incondicional ao (a) filho(a) ··Monitoria negativa Práticas parentais inadequadas e maus tratos infantis Ao refletirmos sobre os maus tratos infantis é necessários que os rela-cionemos às práticas parentais inadequadas: »» Negligência: definida como a ausência de supervisão e interesse dos pais em relação à vida de seu filho. Inclui também a falta de cuidados essenciais para com os filhos como: higiene, alimentação, suporte emocional e estimulação cognitiva.27, 28
  • 40. 39 »» Abuso físico e psicológico: caracterizado pela disciplina por meio de práticas corporais negativas, ameaça e chantagem de abandono e de humilhação do filho. »» Disciplina relaxada: caracterizada pelo não cumprimento das regras estabelecidas.29 »» Punição inconsistente: a consequência depende do humor dos pais e não da acordo com o comportamento da criança.29, 30 »» Monitoria estressante/negativa: se dá por meio do excesso de fiscalização da vida dos filhos e pela grande quantidade de instruções repetitivas, que não são seguidas pelos filhos.29, 31 Violência contra a criança pelos pais A violência intrafamiliar também está incluída dentre as práticas parentais inadequadas. É um fenômeno universal (vivenciado em todas as classes sociais) e internacional. É responsável por sequelas nocivas ao desenvolvimento de todos os membros da família,19 devendo ser considerada como um fenômeno inaceitável!! A violência Intrafamiliar contra a criança é considerada como um dos fatores que mais estimula crianças e adolescentes e adoles-centes a viverem nas ruas. Está também associada fortemente com psicopatologias do desenvolvimento. É um fenômeno multicausal que pode estar vinculado a questões sociais, culturais, econômicas, religiosas, psicológicas e psiquiátricas.32, 33, 34 Modalidades 1. Violência física8, 40, 41 Envolve maus tratos corporais tais como: espancamento, quei-maduras, fraturas, contusões entre outros.8 Fatores de risco ao desenvolvimento!! •• Violência física •• Negligência •• Violência psicológica (exposição à violência conjugal) •• Violência sexual
  • 41. 40 Consequências: Impactos deletérios para o desenvolvimento: -- físico, neu-rológico, intelectual e emocional.35, 36, 37 -- Principal causa de morte na infância.38 -- Crianças vítimas tem o dobro de probabilidade de serem presas mais tarde por cometerem crimes violentos.39 -- Pais portadores de deficiência mental tem maior probabili-dade de agredirem seus filhos.40 -- Crianças mais jovens e os bebês são mais vulneráveis. -- Dificuldades em estimar violência física em crianças pequenas.32 Identificação da violência física41, 42 Comportamentos (vítima) Características da família agressiva fisicamente Personalidade dos pais abusivos ··Muito agressivo ou apático ··Temeroso ··Hiperativo ou depressivo ··Tendências auto-destrutivas e ao isolamento ··Baixa auto-estima ··Tristeza, abatimento profundo ··Medo excessivo dos pais ··Relato de causas pouco prováveis às lesões ·· Fugas de casa ··Problemas no aprendizado ·· Faltas freqüentes na escola ··Oculta e justifica as lesões da criança de modo não convincente ou contraditório ··Considera a criança má e desobediente ··Existe abuso de álcool ou drogas ··As expectativas sobre a criança são excessivamente idealizadas ··Defende uma disciplina severa ··Antecedentes de violência intrafamiliar ··Dificuldades no manejo da raiva ··Baixa tolerância à frustração ··Baixa auto-estima ··Rigidez ··Ausência de empatia ··Abuso ou dependência de substâncias, depressão e problemas físicos de saúde ··Menor compreensão do papel parental ··Papel de pai visto como estressante ·· Interagiam menos com seus filhos “...os pais apanham da vida, e os filhos apanham dos pais!”
  • 42. 41 2. Negligência Privar a criança de algo essencial para o seu desenvolvimento sadio (ali-mentação, vestuário, segurança, estudo etc). Os efeitos podem levar à desnu-trição, atraso global no desenvolvimento e até mesmo à fatalidade.43, 44 Identificação da negligência43, 44 Indicadores físicos (vítima) Comportamento (vítima) Características da família agressora ··O desenvolvimento da criança é deficiente ··Problemas físicos e necessidades não atendidas ··Doenças reincidentes ·· Fadiga ··Vestimenta inadequada ao clima ··Comportamentos de hiper ou hipo-atividade ·· Faltas e atrasos recorrentes a escola ou atendimento médico ··Comportamentos infantis ou depressivos ··Apática e passiva ··Descuidada com a higiene ··Não demonstra preocupação com as necessidades da criança 3. Violência psicológica É caracterizada pela relação entre cuidador e criança que é submetida a ameaças de todos os tipos (abandono, suicídio, morte, danificação de propriedade, agressão à vítima ou aos seus entes queridos etc.), humilhações ou privação emocional, cobranças de comportamento, desvalorização, discriminação, exploração, isolamento de amigos e familiares, insultos constantes, etc.44 Consequências:44 -- Um modelo crônico que destrói o senso de segurança da criança. -- Impacto negativo nos pensamentos intrapessoais, saúde emo-cional, habilidades sociais, aprendizado, saúde física.
  • 43. 42 Identificação da Violência Psicológica (Considerada como a mais difícil de ser identificada)42, 46 Indicadores Físicos (Vítima) Comportamento (Vítima) Características da família agressora ··Comportamentos infantis; ··Distúrbio do sono e dificuldade na fala ··Enurese noturna ··Problemas de saúde como obesidade ··Afecções na pele ··Timidez ou agressividade ··Destrutividade ou auto-destrutividade ·· Isolamento ··Baixa auto-estima ··Depressão ·· Idéia e tentativa de suicídio ·· Insegurança ··Expectativas irreais sobre a criança ··Rejeita ··Aterroriza ··Despreza ··Exige demasiadamente ··Descreve a criança como maldosa ou diferente das demais A exposição da criança à Violência Conjugal também é considerada exemplo de violência psicológica, tendo as seguintes consequências:32, 35, 42, 47 »» Agressão, uso de álcool e/ou drogas. »» Distúrbio de atenção, baixo rendimento escolar. »» Ansiedade, depressão. »» Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). 4. Violência sexual Configura-se como uma situação em que a criança ou adolescente é usado para gratificação sexual de um adulto ou mesmo de um adolescente mais velho, com base em uma relação de poder que pode incluir desde carícias, manipulação da genitália, mama ou ânus, exploração sexual, voyeurismo, pornografia e exibicionismo, até o ato sexual com ou sem penetração, com ou sem violência”.42, 43
  • 44. 43 Consequências:38, 48, 49, 50 »» Curto prazo: -- Comportamento sexualizado, ansiedade, depressão, queixas somáticas, agressão, comportamentos regressivos em crian-ças menores (enurese, encoprese, birras, choros), comporta-mentos auto-lesivos, problemas escolares, entre outros. »» Longo prazo: -- Depressão, ansiedade, prostituição, problemas de relaciona-mento sexual, promiscuidade, abuso de substâncias, ideação suicida, etc. Identificação da Violência Sexual 42, 51 Indicadores Físicos (Vítima) Comportamento (Vítima) A violência sexual envolve questões culturais e de relacionamento (dependência social e afetiva entre os membros da família), o que dificulta a notificação e perpetua o silêncio. Características da família agressora ··Dor ou inchaço na área genital ou anal ·· Sangramento vaginal ·· Secreções genitais ou penianas ·· Infecções urinárias ··DSTs ··Comprometimento no controle dos esfíncteres ··Enfermidades psicossomáticas ··Dores abdominais ··Gravidez ··Comportamento sexual inadequado para idade ·· Fuga de casa ··Não confia em adultos ··Brincadeiras sexuais agressivas ··Vergonha excessiva ·· Ideias ou tentativas de suicídio ··Autoflagelação ··Depressão ·· Sentimento de culpa ··Baixa auto-estima ··Evita contatos sociais ··É muito possessiva ··Acusa a criança de promíscua e sedutora e de ter atividade sexual fora de casa ··Crê que contato sexual é uma forma de amor familiar ··Oculta o abuso sexual e alega outro agressor para proteger a família
  • 45. 44 Referências 1. Meincke, S. M. K. & Carraro, T. E. (2009). Vivência da paternidade na adolescência: sentimentos expressos pela família do pai adolescente. Texto Contexto Enfermagem, 18 (1), 83-91. 2. Novaes, J. M. de C. & Taquette, S. R. (2009). Uso de drogas por adolescentes grávidas. Em: D. L. M Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (Cap.53, pp. 352-357). Rio de Janeiro: Revinter. 3. Cromack, L. & Cupti, D. (2009). Protagonismo juvenil. Em: D. L. Monteiro, A. J. B. Trajano &A. C. Bastos. Gravidez e adolescência (Cap. 5, pp. 31-34). Rio de Janeiro: Revinter. 4. Carvalho, J. E. C. (2007). How can a child be a mother? Discourse on teenage pregnancy in a Brazilian favela. Culture, Health & Sexuality, 9, 109-120 5. Klaus, M. H. & Kennel, J. H. (1992). Pais/bebê: a formação do apego. Porto Alegre: Artmed. 6. Maldonado, M. T. (2005) Psicologia da gravidez, parto e puerpério (17 ed.). São Paulo: Saraiva. 7. Rodrigues, O. M. P. R. (2009). O Inventário Portage Operacionalizado e o Desenvolvimento de bebês. Tese (Livre Docência), Departamento de Psicologia, Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, Bauru, SP, Brasil. 8. Eisenstein, E., Rossi, C. R. V., Marcondelli, J. & Williams, L. (2009) Binômio Mãe- Filho: prevenção e educação em saúde. Em: D. L. M Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (Cap. 7, pp. 39-49). Rio de Janeiro, Revinter 9. Guralnick, M.J. (1997). The effectiveness of early intervention. Baltimore: Paul H. Brookes Publishing Co. 10. Marcelli, D. & Braconnier, A. (2007). Adolescência e Psicopatologia. Porto Alegre: Artmed.
  • 46. 45 11. Cia F., Williams, L. C. A. & Aiello, A. L. R. (2005). Intervenção focada na família: um estudo de caso com mãe adolescente e criança de risco. Revista Brasileira de Educação Especial, 11(1), 49-66. 12. Levandowski, D. C., Piccinini, C. A. & Lopes (2008). Maternidade adolescente. Estudos de Psicologia, Campinas, 25 (2), 251-263. 13. Coelho, H. M. M., Machado, N. O. & Saito, M. I. (2008). Repercussões Nutricionais: Binômio Mãe e Filho. Em: M. I. Saito, L. E. da Silva & M. M. Leal (Eds.), Adolescência: prevenção e risco (2ed., Cap. 18, pp. 201-206). São Paulo: Atheneu. 14. Carvalho, G. M., Merighi, M. A. B. & Jesus, M. C. P. (2009). Recorrência da parentalidade na adolescência na perspectiva dos sujeitos envolvidos. Texto, Contexto, Enfermagem, Florianópolis, 18 (1), 17-24. 15. Lamb, M. & Elster, A. B. (1986). Parental behavior of adolescent mothers and fathers. In: Elster, A.B. & Lamb, M. E. (Eds.) Adolescent fatherhood (pp. 89 -106). Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum. 16. Cia, Williams, Aiello, 2005 Cia, F., Williams, L. C. A. & Aiello, A. L. R. (2005a) Influências paternas no desenvolvimento infantil: revisão de literatura. Psico-logia Escolar e Educacional 9(2), 225-233. 17. Levandowski & Piccinini, 2006) Levandowski, D. C. & Piccinini, C. A. (2006). Expectativas e sentimentos em relação à paternidade entre adolescentes e adultos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 22 (1), 17-28. 18. Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (2006). Protocolo de Atenção à Saúde do Adolescente. Curitiba: Prefeitura Municipal de Curitiba. 19. Maia, J. M. D. (2008). Um olhar sistêmico para a violência intrafamiliar. (Monografia). Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, 50. 20. Giusto, R. O. (2010). Agentes Comunitários de Saúde e sua concepção sobre fa-mília e violência: conhecer para capacitar. Exame de Qualificação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.
  • 47. 46 21. Alvarenga, P. (2001). Práticas educativas parentais como forma de prevenção de problemas de comportamento. Em H. J. Guilhardi, M. B. Madi, P. Queiroz e M. Scoz (organizadores). Sobre Comportamento e Cognição, pp. 54-61. Santo André: ESETec. 22. Gomide, P.I.C. (2003). Estilos Parentais e comportamento anti-social. In A. Del Prette & Z. Del Prette (Orgs.). Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: Questões conceituais, avaliação e intervenção (21-60). Campinas: Alínea. 23. Carvalho, M. C. N.. Gomide, P. I. C. & Ingberman, Y. K. I. (2004). Comportamento Infrator: Locus de causalidade. Em H. J. Guilhardi, M. B. Madi, P. Queiroz & M. Scoz (orgs). Sobre Comportamento e Cognição, pp. 38-47. Santo André: ESETec. 24. Ferreira, M. C. T. & Marturano, E. M. (2002). Ambiente Familiar e os problemas de comportamento apresentados por crianças com baixo desempenho escolar. Psicologia Reflexão e Crítica, 15 (1), 35-44. 25. Reppold, C. T., Pacheco, J., Bardagi, M. & Hutz, C. (2002). Prevenção de problemas de comportamento e desenvolvimento de competências psicossociais em crianças e adolescentes: uma análise das práticas educativas e dos estilos parentais. Em: C. S. Hutz (Org). Situações de risco e vulnerabilidade na infância e na adolescência: aspectos teóricos e estratégias de intervenção (pp. 7-51). São Paulo: Casa do Psicólogo. 26. Williams, L. C. A. (2010). A família como um agente transformador da violência: empregando práticas positivas. Em: L.C.A. Williams, R.C. Padovani, Araújo, E.A.C., A.C. Stelko-Pereira, G.R. Ormeño & E. Eisestein. (Orgs.). Fortalecendo a rede de proteção da criança e do adolescente. (pp. 55-57). São Carlos: Pedro e João Editores. 27. Gomide, P. I. C. (2004). Pais presente, pais ausentes: regras e limites. Petrópolis: Editora Vozes. 28. Oliveira, E. A., Frizzo, G. B. & Marin, A. H. (2000). Atitudes maternas diferenciais para com meninos e meninas de quatro a cinco anos. Psicologia: Reflexão e Crítica, 13 (3), 363-371.
  • 48. 47 29. Gomide, P. I. C. (2006). Inventário de Estilos Parentais: modelo teórico, manual de aplicação, apuração e interpretação. Petrópolis: Vozes. 30. Dershaw, L. O., Walters, G. C. & Hall, D. K. (1986). Control strategies and noncompliance in abusive mother-child yards: an observation study. Child Development, 57, 722-732. 31. Berri. G. C. (2004). Programa de intervenção em práticas parentais para mães de adolescentes em conflito com a lei Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Infância e Adolescência, Universidade Federal do Paraná. Curitiba. 32. Barnett, D. (1997). The effects of early intervention on maltreating parents and theirs children. Em: Guralnick M. J. (Ed.) The effectiveness of early intervention (pp147-170). Baltimore: Paul Brookes. 33. Ballone, G.J., Ortolani, I. V & Moura, E.C. (2008). Violência Doméstica. Acessado em 20 jul 2010 em: http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/ LerNoticia&idNoticia=89. 34. Costa, M.C.O; Carvalho, R. C. & Morais, V. de O. (2010). Violência e exploração sexual contra a criança e o adolescente: uma breve contextualização. Em: L.C.A. Williams, R.C. Padovani, Araújo, E.A.C., A.C. Stelko-Pereira, G.R. Ormeño & E. Eisestein. (Orgs.). Fortalecendo a rede de proteção da criança e do adolescente. (pp. 12-14). São Carlos: Pedro e João Editores. 35. Santos, G. E. & Williams, L. C. A. (2006). Proposta de atendimento a pais agressores: Uma proposta em Educação Especial. Em: M. P. R. Costa & F. E. Denari. Educação Especial: Diversidade de Olhares. (pp. 205-216). Pedro & João Editores: São Carlos. 36. Santos, G. E. & Williams, L. C. A. (2008). Prevenção terciária de problemas de comportamento infantil: Intervenção com pais que maltratam. Em: E. G. Mendes, M.A. Almeida & M. C. P. I. Hayashi (orgs.). Temas em Educação Especial: Conhecimentos para fundamentar a prática. (pp. 213-226). Araraquara: Junqueira & Marin Editores/ CAPES PROESP.
  • 49. 48 37. Lima, K. A. (2009). Impacto do abuso ou maus tratos contra a criança e o adolescente. Em: L.C.A. Williams, R.C. Padovani, Araújo, E.A.C., A.C. Stelko- Pereira, G.R. Ormeño & E. Eisestein. (Orgs.). Fortalecendo a rede de proteção da criança e do adolescente. (pp. 30-33). São Carlos: Pedro e João Editores. 38. Azevedo, M. A. & Guerra, V. N. A. (1995). A violência doméstica na infância e adolescência. São Paulo: Robe Editora. 39. Windon, C. S. (1989). The cycle of violence. Science, 244, 160-166. 40. Williams, L. C. A. (2003). Sobre deficiência e violência: Reflexões para uma análise de revisão de área. Revista Brasileira de Educação Especial, 9 (2), 141-154. 41. Hughes, H. M., Graham-Bermann, S. A. & Gruber, G. (2001). Resilience in children exposed to domestic violence. In S. A. Graham-Bermann and J. L. Edleson (Eds.), Domestic violence in the lives of children: The future of research, intervention, and social policy (pp. 67 to 90). Washington: American Psychological Association 42. Crami (2007). Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância. Acessa-do em 10/11/2007. http://www.crami.org.br 43. ABRAPIA - Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (2004). Abuso Sexual Infantil. www.abrapia.com.br. Acessado em 20/07/2009. 44. Williams, L. C. A., Padovani, R. C., Araújo, E. A. C., Stelko-Pereira, A. C., Ormeño, G. R. & Eisenstein, E. (2010). Abuso ou maus tratos contra a criança e o adolescente: definições e contextualização. Em: L.C.A. Williams, R.C. Padovani, Araújo, E.A.C., A.C. Stelko-Pereira, G.R. Ormeño & E. Eisestein. (Orgs.). Fortalecendo a rede de proteção da criança e do adolescente. (pp. 06- 11). São Carlos: Pedro e João Editores. 45. França, F. M. (2003). Os efeitos da denúncia da mulher sobre a violência física e psicológica do parceiro agressor. Monografia não publicada, Curso de Graduação em Psicologia, Universidade Federal de São Carlos.
  • 50. 49 46. Ministério da Saúde & Ministério da Justiça (2001). Direitos Humanos e Violência Intrafamiliar. Brasília: Ministério da Saúde. 47. Brancalhone, P. G. & Williams, L. C. A. (2003). Crianças expostas à violência conjugal: uma revisão de área. Em: M. A. Marquezine, M. A. Almeida, S. Omotte & E. O. Tanaka (Eds). O papel da família junto ao portador de necessidades especiais (pp. 123-130). Londrina: EDUEL. 48. Padilha, M. G. S. (2002). Abuso Sexual contra crianças e adolescentes: considerações sobre os fatores antecedentes e sua importância na prevenção. Em: H. J. Guilhardi; P. P. Queiroz; M. B. Madi & A. C. Scoz (orgs). Comportamento e Cognição, v. 10, pp. 209-220. Santo André: ESETec. 49. Williams, L. C. A. (2002). Abuso Sexual Infantil. Em: H. J. Guilhardi; P. P. Queiroz; M. B. Madi & A. C. Scoz (orgs). Comportamento e Cognição, v. 10, (pp. 155-154). Santo André: ESETec. 50. Brino, R. de F. & Williams, L. C. A. (2009). A escola como agente de prevenção do abuso sexual. São Carlos: Suprema. 51. Gomide, P. I. C & Padilha, M. G. S. (2009). Destruição do poder familiar e prisão do agressor em um caso de abuso sexual intrafamiliar. Em L. C. A. Williams & E. A. C. Araújo. Prevenção do Abuso sexual infantil: Um enfoque interdisciplinar. (pp. 98-111). Curitiba: Juruá.
  • 51.
  • 52. Podemos avaliar as práticas educativas como fatores de risco ou de proteção para o desenvolvimento infantil. Um ambiente familiar positivo pode ser destacado com uma das principais razões para os jovens não se engajarem em comportamen-tos infracionais ou comportamentos não saudáveis.1, 2 Sendo assim, famílias com características positivas podem oferecer proteção às suas crianças dos riscos da comunidade, e famílias de alto risco podem encobrir as vantagens oferecidas por uma “boa” vizinhança ou bairro.3 51 Filhos: o grande desafio!!! Educar os filhos é uma tarefa complexa e para desempenhá-la é necessário preparo e treinamento. Afinal, junto com a criança nasce um pai e uma mãe. A criança e o adolescente vivem num mundo complexo e, portanto, passam por inú-meras experiências que contribuem para a formação de sua personalidade. Isso não significa que características dos pais não interfiram. Muitas dificuldades que eles tiveram quando pequenos são “reeditadas” no contato com os filhos.4
  • 53. 52 Reconhecer abertamente as próprias dificuldades é o primeiro passo para construirmos acordos de convívio razoáveis na família. Pais e filhos precisam crescer juntos: a cada etapa do desenvolvimento, é preciso fazer ajustes na maneira de lidar com as situações que surgem. Não podemos desconsiderar que os pais se modificam com o tempo e com a experiência, e cada filho reage de modo diferente ao que é dito ou feito pelos pais.4 A autonomia da criança pode ser prejudicada quando fazemos tudo por ela, quando ficamos sempre a sua disposição, atendendo tudo o que a criança pede de forma exagerada. Por outro lado, o excesso de ordens e ameaças desgasta o convívio e dificulta o desenvolvimento da responsabili-dade e da capacidade de cuidar bem de si próprio. Humilhar, depreciar, xingar e ofender cria mal-estar, tristeza, revolta e mágoa, azedando o clima do relacionamento e prejudicando a auto-es-tima. Negar as dificuldades ou fugir dos problemas não faz com que eles desapareçam: reconhecê-los e colocá-los como temas de conversas ajuda a atravessar os momentos difíceis. É possível expressar sentimentos fortes e difíceis de maneira clara e não prejudicial. A ambiguidade e a inconsistência dos limites criam confusão e caos no ambiente familiar. É importante chegar a um consenso sobre o que é aceitá-vel e inaceitável no convívio. Envolvimento paterno A participação do pai da criança é muito importante durante o acom-panhamento pré-natal e o primeiro ano de vida do bebê, e também para a construção de vínculos e responsabilidades conjuntas com apoio na evolu-ção do processo da gravidez e da formação da nova família.5 Quanto maior e Dependendo da qualidade das mensagens enviadas os canais de comunicação familiar se ABREM ou FECHAM.
  • 54. 53 mais precoce o contato do bebê com seu pai, melhor é a relação que estabelece com seu filho.6 Cabe ressaltar que crianças com mais contato com o pai tendem a ter menos problemas compor-tamentais, ainda que o genitor não resida com elas.7 Algumas práticas educativas que promovem o comportamento pró-social 1. Monitoria positiva O conjunto de práticas parentais que envolvem atenção e conhecimento dos pais acerca do local onde o filho se encontra e das atividades que são desenvolvidas pelo mesmo. Supervisão que proporcione um conjunto de regras sobre onde a criança deva ir, com que pode associar-se, estabelecendo limites, mas sem ser autoritário (isto é, muita exigência e pouco carinho).8, 9 Sugestões para o desenvolvimento da Monitoria Positiva »» Escolher um momento diário para a convivência da família é uma ótima estratégia. Exemplo: hora do jantar. Nesses momentos, procure conversar com seu filho, não só falando, mas também ouvindo, respeitando o que a criança tem a dizer. Deixe seu filho à vontade para falar, até que se torne uma prática natural para a criança falar espontaneamente sobre os seus amigos, onde gosta de ir e a atividade que prefere, assim procure promover a expressão de sentimentos de seu filho.9 Gentileza, solidariedade, cooperação, amor e amizade: valores básicos de convívio (palavras casadas com gestos e ações).
  • 55. 54 2. Comportamento moral O processo de modelagem de papéis na identificação e nas interações humanas, no que se refere principalmente a normas e valores transmiti-dos por meio do modelo parental. Para desenvolvê-lo é preciso apresentar formas adequadas de se relacionar e defender valores como: honestidade, generosidade, justiça e compaixão.8, 9 Exemplos para o desenvolvimento do comportamento moral: »» Práticas voltadas para o desenvolvimento da empatia: fazer o exercí-cio de se colocar no lugar do outro que está sofrendo. »» Um outro exercício de reflexão sobre os valores morais pode ser feito por meio dos programas de televisão. Exemplo: procure saber o que seu filho assiste e depois discuta com ele quais os aspectos positivos e negativos dos comportamentos dos personagens (para que possam reagir criticamente). Consequências do Modelo Moral:8, 9 »» Aumento: auto-estima da criança. »» Comportamentos socialmente adequados (colaboração, apoio, solidariedade). »» Autoconceito em crianças e adolescentes que convivem com pais que têm esta conduta (aprendem a fazer julgamentos morais apropriados). O uso deste modelo, juntamente com a Monitoria Positiva, é uma das melhores maneiras de se evitar o surgimento de problemas de comporta-mentos no futuro tais como: as agressões, o uso de drogas, entre outros.
  • 56. 55 Em síntese9 Estilo parental inadequado Estilo parental adequado ··Disciplina inconsistente ··Disciplina consistente ··Permissividade ·· Limites ··Regras caóticas ou incoerentes ··Regras firmes, mas flexíveis ·· Supervisão inexistente ou falha (nunca sabe onde o filho está) ·· Supervisão adequada (sabe onde filho está) ·· Interação verbal aversiva, extensa e frequente ·· Interação verbal positiva, extensa e frequente ··Pouco afeto ··Muito afeto ··Muita crítica ·· Índice alto de elogios ao comportamento apropriado ·· Ignora esforços do filho para melhorar ··Reconhece e valida os esforços do filho para melhorar ··Muita atenção ao comportamento inapropriado ··Pouca atenção (quando possivel) ao comportamento inapropriado ··Emprego frequente e intenso de violência (física, psicológica ou sexual) ou negligência. ··Ausência de violência ··Pouco sorriso ··Muito sorriso ··Não afaga ou demonstra carinho ··Afaga e demonstra carinho ··Não conversa ··Há diálogo frequente ··Não ouve ··Ouve ··Não demonstra empatia ··Demonstra empatia ··Uso de sarcasmo com freqüência ··Pouca ou nenhuma utilização de sarcasmo ··Uso de modelos inadequados ··Uso de modelos apropriados ··Brigas na frente do filho ··Minimiza brigas na frente do filho Lembre-se: não existem soluções simplistas para problemas humanos. A vida e o relacionamento entre as pessoas são ricos e complexos demais para serem enquadrados em receitas rígidas e padronizadas.
  • 57. 56 Estabelecendo limites e regras... É importante considerar antes da escolha das regras9 O número de filhos (regras comuns e e »» specíficas para cada um). »» A idade da criança (crianças muito pequenas não compreendem certas regras). »» Decidir quais serão as principais regras (dentro e fora do ambiente familiar). »» Faça uma lista dos comportamentos aceitos e não aceitos. »» Elaborar uma rotina para a casa (com os horários das principais ati-vidades das crianças). Bater ou não bater? O que a palmada realmente ensina? 9, 10, 11, 12 »» A temer o maior, o mais forte ou o mais poderoso. »» A perda de interesse pela atividade que estava desenvolvendo no momento em que apanhou. »» Que o comportamento agressivo é válido. »» Que a agressão física é uma atitude normal e praticável. »» Que a força bruta é mais importante que a razão e o diálogo. »» Que os pais, figuras de quem a criança espera proteção e amparo, não são confiáveis. »» Bater gera muita raiva e a criança lembra mais da raiva que está sentindo do que da “lição” que o cuidador queria dar. »» Que ocultar ou omitir fatos pode dar bons resultados e evitar umas boas “palmadas”, pois quando os pais não ficam sabendo não batem. Nos relacionamentos entre pais e filhos, por mais recursos que alguém tenha, sempre haverá momentos de não se saber o que fazer. O ESSENCIAL é manter-se em sintonia com os filhos para reagir de modo flexível, no fluxo contínuo de descobrir e redescobrir aspectos novos do relacionamento. E isso é fascinante e misterioso!!
  • 58. 57 Uma simples palmada é um ato de violência: »» a violência pode crescer – primeiro um tapa, depois safanões e agressões fortes. »» Bater gera sentimentos negativos na criança. »» Bater pode causar ferimentos e levar até a morte. Mas como disciplinar sem bater?10, 11 »» Premiando ou reforçando o bom comportamento! (elogiar, incentivar e ressaltar). »» Entendendo que premiar não é obrigatoriamente “dar coisas mate-riais”! (Oferecendo nosso carinho e aprovação, eles terão sua auto-estima elevada e sentirão prazer em agir desta forma). »» Fazendo com que a criança assuma as conseqüências dos seus atos (positivas ou negativas)! Apresente o fato negativo como algo a ser revisto, um ato que pode ser mudado e não o relacione a persona-lidade do indivíduo como: você é desonesto, pois assim ele poderá acreditar que não tem jeito mesmo. »» Retirando previlégios (exemplo, ficar sem jogar videogame) quando necessário. Disciplina e limites na adolescência Os pais têm o dever de dar liberdade suficiente aos filhos para que conheçam a vida do lado de fora do círculo familiar, mas também devem impedir que se machuquem demais nesta experiência.
  • 59. 58 Quando dizer não: É comum que os adolescentes exijam maior liberdade do que pensam que vão conseguir, às vezes mais do que desejam. Os pais não devem se preocupar caso necessitem, uma vez ou outra, dizer um não definitivo para seu filho. Algumas dicas importantes: Julgue cada exigência de liberdade conforme a »» s circunstâncias. »» Não espere que seu adolescente seja perfeitamente coerente. »» Ouça seu filho. »» Faça com que ele assuma sua própria responsabilidade financeira. »» Encoraje o relacionamento com amigos e o envolvimento do adoles-cente em atividades que nada tenham a ver com vida familiar. »» Envolva seu adolescente em algumas atividades domésticas (tarefa regular e necessária). »» Estabeleça setores nos quais pode “dar palpites” (ex: andamentos dos estudos ou lugares que ele pode frequentar quando sair sozinho) e pelos quais o próprio adolescente possa responsabilizar-se (ex: arrumação do quarto ou gastos pessoais). »» Aceite seus próprios limites (você não pode obrigá-lo a fazer al-gumas coisas, mas pode ensiná-lo que suas decisões tem sempre consequências). »» Deixe o adolescente tomar suas próprias decisões, mesmo quando achar que a decisão dele não é a melhor possível. »» Deixe-o arcar com as conseqüências das decisões que todos tenham concordado em deixar sobre responsabilidade dele.
  • 60. 59 Seu filho é um indivíduo, não espere que ele »» tenha os mesmo sonhos e as mesmas aspirações que você. »» Não jogue sobre os ombros de seu filho o peso do sentimento de que ele é “tudo para você”. É responsabilidade demais. »» Não tente limitar os contatos do seu filho com os amigos e fora da família. »» Demonstre interesse pelas coisas que seu adolescente faz. Mas não esqueça que os segredos fazem parte da adolescência. »» Mostre que você não depende dele. Comece a pensar na sua vida pessoal ou profissional, para que haja outras fontes de satisfação para você. »» Não faça papel de vítima. E por fim... »» Seja flexível, mas evite voltar atrás nas decisões. »» Aprenda a negociar. »» Explique o porque de sua decisão. »» Mostre opções de escolha. Referências 1. Hutz, C. S. (2002). Situações de risco e vulnerabilidade na infância e na adolescência: aspectos teóricos e estratégias de intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo. 2. Kumpfer, K. L. & Alvarado, R. (2003). Family strengthening approaches for the prevention of youth problem behaviors. American Psychologist, 58 (6-7), 457-465.
  • 61. 60 3. Fox, G. L. & Benson, M. L. (2003). Children in violent households: risk and protective factors in family and neighborhood Contexts. Em: II Congresso Internacional de Violência na Infância e na Família. República Tcheca. 4. Maldonado (2004). Comunicação entre pais e filhos: A Linguagem do sentir. São Paulo: Editora Saraiva. 5. Cia, F., Williams, L. C. A. & Aiello, A. L. R. (2005) Influências paternas no desenvolvimento infantil: revisão de literatura. Psicologia Escolar e Educacional 9(2), 225-233. 6. Fagim, I. G., Matos, H. J. de & Cunha, A. de A. (2009). Filhos de Mães Adolescentes. Em: D. L. M. Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (Cap.67, pp. 453-461.). Rio de Janeiro: Revinter. 7. Howard, K. S., Lefever, J. E. B., Borkowski, J. G. & Whitman, T. L. (2006). Father´s influence in the lives of children with adolescent mothers. Journal of Family Psychology, 20 (3), 468-476. 8. Gomide, P. I. C. (2006). Inventário de Estilos Parentais: modelo teórico, manual de aplicação, apuração e interpretação. Petrópolis: Vozes. 9. Williams, L.C.A., Maldonado, D.P.A. & Araújo, E.A.C. (2008). Educação Positiva dos seus filhos: Projeto Parceria – Módulo 2. Cartilha, Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Psicologia. http://www.ufscar.br/laprev 10. Williams, L.C.A. (2003). Sobre deficiência e violência: Reflexões para uma análise de revisão de área. Revista Brasileira de Educação Especial, 9, (2), 141-154. 11. Zagury, T. (2006). Limites sem trauma: construindo cidadãos. Rio de Janeiro: Record. 12. Maia, J. M. D. & Williams, L. C. A. (2010). Análise de uma proposta de capacitação de Conselheiros Tutelares. Em: L. C. A. Williams, J. M. D. Maia & K. S. A. Rios. Aspectos Psicológicos da Violência: Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental (Cap. 26, pp. 501-525). Santo André: ESETec Editores Associados.
  • 62. 61 A etapa do casamento pode ser caracterizada de diferentes formas, essencialmente com as transformações sociais atuais. Casar representa mais do que a união de duas pessoas, representa a união de dois complexos e intrincados sistemas familiares.1 A qualidade do relacionamento conjugal deve ser um fator considerado na reflexão sobre parentalidade,2 especialmente na adolescência. A qualidade do relacionamento envolve os recursos pessoais dos cônjuges, o contexto de inserção do casal e processos adaptativos. É resultado do processo dinâmico e interativo do casal, razão desse caráter multidimensional.3 Família e ciclo vital Assim como o indivíduo, a família também possui seu ciclo vital, sendo esse dividido em quatro fases: Fase de Aquisição, Família Adolescente, Fase Madura e Fase Última.5, 6
  • 63. 62 Ciclo Vital Familiar Aquisição: • Formação da família • Filhos • Padrões próprios • Patrimônio • Novos papéis • Nova rede • Estudo e profissão Fases do Ciclo Vital Familiar Família adolescente: • Transformações • Questionamentos • Crise do meio da vida • Relações ambíguas • Hierarquias • Pais ou um dos pais adolescentes Madura: • Saída dos filhos • Volta dos filhos • Reestruturação • Novas metas • Agregados • Aposentadorias Última: • Envelhecimento • Dependência • Perda de papéis • Perda de funções • Segurança • Administração social da longevidade Cada uma das fases também apresenta características próprias, bem como suas “crises previsíveis”. Vale ressaltar que tais fases não são lineares e podem ocorrer de forma simultânea. Importante! A qualidade do relacionamento conjugal também pode ser considerada como um estressor que pode afetar o desenvolvimento da criança.4
  • 64. 63 Destacamos, a fase de aquisição, que é a primeira fase do Ciclo Vital Familiar, e inclui a escolha do parceiro, a formação de um novo casal, a chegada do primeiro filho e a vida com filhos pequenos. Há o predomínio da tarefa do adquirir em todos os sentidos: material, emocional e psicológico.7, 8, 9 Esse é o momento de aquisição de um modelo de família próprio, e assim, há uma seleção entre os modelos adquiridos em suas famílias de ori-gem e entre aqueles que vão adotar em seu casamento ou união. Para os casais de adolescentes que permanecem com suas famílias, há a difícil tarefa de adquirir espaço para a relação conjugal no emaranhado de relações já existentes no sistema, que é extremamente conhecido a um dos cônjuges e estranho ao outro, além de definirem e investirem nos papéis de marido/ esposa e pai/mãe. Ou seja, muitas aquisições simultâneas.7, 8, 9 do novo casal = Diferenciação emocional Equilíbrio na relação (das famílias de origem; individuo; casal) Alguns fatores influenciam na formação da identidade do casal, tais como: a) história de cada um, b) afinidade, c) diferenças culturais, e d) reais motivos da união.7 Intergeracionalidade e mitos familiares O fenômeno da intergeracionalidade implica no pertencimento a uma família, na construção da identidade, na inserção em parte de uma sociedade e em uma determinada cultura.10 O casamento não diz respeito apenas aos
  • 65. 64 vínculos interpessoais entre duas pessoas, mas também a todos os contextos nos quais essas pessoas interagirão daí em diante.11 Dentre desse contexto, a cultura com seus mitos, apontam ele-mentos fundamentais que permeiam as civilizações, sendo criados na base do contexto histórico e social de cada povo.12 O mito pode ser compreendido, como uma narrativa que se dirige para uma totalidade, que é transmitida de uma época a outra.13 Os mitos podem muitas ve-zes, também, ser um ponto de divergência entre o novo casal. Alguns importantes mitos conjugais: 7, 14 “O marido e a esposa d »» evem fazer tudo juntos” »» “Temos que lutar para salvar o casamento” »» “Você deve fazer o outro feliz no casamento” »» “O matrimônio pode realizar todos os nossos sonhos” »» “Os que amam de verdade adivinham os pensamentos e sentimentos do outro” »» “Um casamento infeliz é melhor que um lar desfeito” »» “Os opostos se atraem e se completam” »» “Os casais não devem revelar seus problemas a estranhos” »» “Conforme-se com o que você tem” »» “O verdadeiro amor não muda com o tempo” »» “Casamento acaba com o amor” »» “Em briga de marido e mulher não se deve meter a colher” »» “O ciúmes justifica a agressão” »» “O casamento e o amor são eternos” »» “O dinheiro é a origem de tudo” “As pessoas quando se casam trazem de suas famílias de origem as suas mitologias que, ora se assemelham, ora se diferenciam daquelas da família do cônjuge”.12
  • 66. 65 “O arrependimento e o remorso por »» parte do homem é sinal de mudança” »» “As crianças estarão sãs e salvas nas famílias” »» “Nasceu assim é de família” A defesa de tais mitos pode ser ponto constante de conflitos e negociações, pois cada um tem que se adaptar e adotar os padrões do outro. Relacionamento adolescente Nas relações adolescentes predomina o amor romântico, que estimu-la fortes emoções e sentimentos, acompanhados da idealização da relação com o parceiro, o que motivaria e tornaria legítimo o início das relações sexuais sem proteção, uma vez que a eventualidade de uma gravidez pode ser vista de forma positiva.15 Um importante fator precipitante da união não formal e coabitação entre os casais na adolescência está relacionado à ocorrência de uma gestação.16 A união conjugal observada pelo Censo Demográfico de 2000 indicou que o número de mulheres brasileiras unidas conjugalmente, entre 15 e 19 anos, era três vezes maior do que os homens nessa mesma faixa etária.17 A união conjugal não necessariamente implica em independência em relação as famílias de origem. Um dos principais fatores para a coabitação de gestantes e mães adolescentes com as famílias, mesmo na condição de casados e da comunhão livre, é a instabilidade socioeconômica.16 A união conjugal e/ou a paternidade pode alternar a percepção da gra-videz/ maternidade pela adolescente e também a percepção de toda a fa-mília, que passa a ter uma visão favorável do evento.18 Destacamos que a presença do companheiro influencia favoravelmente a evolução da gravidez
  • 67. 66 e diminui riscos e efeitos desfavoráveis à saúde da criança, pois a insegu-rança e a solidão podem causar riscos físicos e psicológicos, principalmente quando a mulher é adolescente.19 Os parceiros das mães adolescentes variam de acordo com o contexto social.20 Em média, o pai adolescente é três anos mais velho do que a mãe e, as chances de que esse complete os estudos, são ainda menores do que as dela.21 Mudanças significativas podem ser observadas no perfil sociodemo-gráfico dos co-responsáveis após a gestação: aumento do abandono escolar, união formal e não formal e da coabitação.16 União por uma gravidez na adolescência Algumas consequências da conjugalidade na adolescência 1,22, 23, 24, 25, 26, 27 ··baixo nível de estabilidade conjugal, por abandono pelo parceiro ou deterioraçãodo relacionamento amoroso; ··oportunidade de se libertar da violência intra-familiar e ingressar em uma nova fase de vida, obtendo apoio em outra realidade; ·· fator de risco para a estruturação emocional de um casal; ··precipitação de uniões conjugais ainda que em domicilios separados; ··maiores chances de desajustes e desagragação familiar; ··pseudo-independência, substituindo os laços com os pais pela dependência afetiva do casal; ·· instabilidade da relação (podendo implicar em fim da relação durante a gravidez e a manutenção da residência com os pais; ·· tendência da ocorrência de separação, dentro de no máximo dois anos.
  • 68. 67 As conseqüências da parentalidade na vida conjugal de adolescentes podem ser diversas:28 Pode ser positiva, pois uniria o casal pela decisão de viverem juntos, promovendoo crescimento de ambos e uma relação afetiva positiva, com benefícios aos filhos. Por outro lado, o nascimento de um filho e a decisão de morarem juntos poderiam desfazer o estado de enamoramento anterior, levando tais casais a experimentarem mais problemas conjugais e separações. Violência no namoro?! As agressões entre os casais não se limitam a adultos casados: elas podem ocorrer também entre jovens namorados. Uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz,29 feita com 3.205 estudantes, entre 15 e 19, anos de todo o Brasil, identificou que 87% das adolescentes já vivenciaram formas de violência no namoro ou no “ficar”. Relacionamentos efêmeros ou rápidos foram suficientes para reunir episódios agressivos como: beliscões, empurrões, tapas, xingamentos, ofensas e humilhação pela internet. Dos adolescentes que mantinham relacionamentos afetivos, 85% admitiram já ter dito aos parceiros coisas ruins em tom hostil, depreciações e xingamentos e, igual proporção, relatou já ter sido vítima desse tipo de agressão. Muitas meninas narraram não terminar o relacionamento por medo das ameaças. Violência é um sinônimo de agressão e pode ser expressa de diferen-tes formas, podendo incluir desde atos mais leves até atos muito graves.30 A agressão física ocorre em função múltiplas causas. Gostaríamos de salientar aqui uma causa importante: a falta de habilidade em responder a situações conjugais problemáticas, sendo produto do déficit de habilidades geral de co-municação tais como: habilidades sociais, lócus de controle e comunicação.31
  • 69. 68 Contínuo da Violência Doméstica Fìsica matar suicidar-se socos usar armas empurrar jogar objetos Morte Emocional xingar depreciar gritar humilhar Suicídio toque indesejado acusações verbais Sexual sexo forçado Estupro O Ciclo da Violência30 1. Acúmulo de tensão: raiva, brigas, discussões. 2. Explosão: agressões físicas, violência psicológica/sexual. 3. Calmaria: “fase da lua-de-mel”, desculpas, culpa, reconciliação
  • 70. 69 Habilidades Conjugais Muitas separações conjugais e busca de suporte psicoterapêutico por casais ocorrem por dificuldades de um ou ambos os cônjuges em habilidades interpessoais. Tais pessoas, por algum motivo, não desenvolveram habilidades satisfatórias para uma efetiva comunicação, o que se manifesta por meio de expressões e sentimentos positivos, elogios, agrados, opiniões, desejos e escuta ativa.32 Outras habilidades importantes são: habilidades de acalmar-se e identificar estados de descontrole emocional (em si e no cônjuge), ouvir de forma não defensiva e com atenção, validar o sentimento do cônjuge, e romper o ciclo: queixa-crítica-defensividade-desdém.34 Assim, para um melhor relacionamento conjugal, habilidades cruciais podem ser aprendidas ou aperfeiçoadas por meio de programas terapêuticos ou educativos.2 Classificação das habilidades conjugais:34 »» Assertivas (manifestar opinião, concordar, discordar, desculpar-se, admitir falhas, expressar desagrado, pedir mudança de comporta-mento do outro e lidar com críticas). »» Empáticas (compreender e sentir o que alguém pensa e sente em uma situação, sendo comunicada adequadamente tal compreensão ou sentimento). »» Expressão de sentimento positivo (gestos, expressão facial, toques, implicando em caráter positivo que denota saúde e equilíbrio emocional nas relações interpessoais, além de satisfação com os comportamentos apresentados pelo outro). »» Automonitoria (a pessoa observa, descreve, interpreta e regula seus pensamentos, sentimentos e comportamentos em situações sociais).
  • 71. 70 »» Civilidade (desempenhos simples, padronizados segundo o contexto em que ocorre, como dizer por favor, agradecer, pedir licença, entre outros). »» Comunicação (refere a fazer e responder perguntas, elogiar, manter e encerrar conversação, ouvir atentamente e de forma não defensiva). Referências 1. Berthoud, C. M. E. & Bergamini, N. B. B. (1997). Família em fase de aquisição. Em Cerveny, C. M. O. & Berthoud, C. M. E. Família e Ciclo Vital: nossa realidade em pesquisa (Cap. 3, pp. 47-73). São Paulo: Casa do Psicólogo. 2. Maia, J. M. D. (2010). Parentalidade e conjugalidade na adolescência: uma proposta interventiva. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. 3. Feldman, S. S. & Wentzel, K. R. (1990). Relations among family interaction patterns, classrom self-restraint and academic achievement in preadolescent boys. Journal of Educational Psychology, 82 (4), 813-819. 4. Guralnick, M.J. (1997). The effectiveness of early intervention. Baltimore: Paul H. Brookes Publishing Co. 5. Cerveny, C. M. O. & Berthoud, C. M. E. e cols. (1997). Famíllia e ciclo vital: nossa realidade em pesquisa. São Paulo: Casa do Psicólogo. 6. Cerveny, C. M. O. & Berthoud, C. M. E. (2009). Ciclo Vital da Família Brasileira. Em: L. C. Osório & M. E. P. do Valle (Orgs). Manual de Terapia Familiar. Porto Alegre: Artmed. 7. Berthoud, C. M. E. & Bergamini, N. B. B. (2009). Família em fase de aquisição. Em: C. M. de O. Cerveny, C. M. de O.; Berthoud e cols. Família e ciclo vital: nossa realidade em pesquisa.
  • 72. 71 8. Cerveny, C. M. de O. & Berthoud,C. M. E. (2002). Visitando a família ao longo do ciclo vital. São Paulo: Casa do Psicólogo. 9. Carter, B. & McGoldrick, M. (1995). As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. Em: B. Carter; M. McGoldrick & cols. As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. São Paulo: ARTMED. 10. Cerveny, C. M. de O. (2000). Método. In C. M. de O. Cerveny, A Família como modelo: desconstruindo a patologia (pp. 97-116). Campinas: Livro Pleno. 11. Willi, J. (1995). A construção diática da realidade. Em M. Andolfi, C. Ângelo, C. Saccu (Orgs.). O casal em crise (pp. 38-46). São Paulo: Summus. 12. Krom, M (2000). Um olhar mítico sobre a família e o casamento. Em: M. Krom. Família e Mitos: prevenção e terapia, resgatando histórias. São Paulo: Summus Editorial. 13. Cerveny, C. M. de O. (1996). Gravidez na adolescência: uma perspectiva familiar. In R.M. Macedo (Org.). Família e Comunidade. São Paulo: ANPEPP. 1 (2), 7-33. 14. Lazarus, A. A. (1992). Mitos conjugais. Campinas: Editorial Psy. 15. Barros, R. C. do R. (2009). Fatores envolvidos na adesão das adolescentes aos métodos contraceptivos. Em: D. L. M Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (Cap. 44, pp. 295-300). Rio de Janeiro: Revinter. 16. Costa, M.C.O., Lima, I.C., Martins Junior, D.F., Santos, C.A. S.T., Araújo, F.P.O. & Assis, D.R. (2005). Gravidez na adolescência e co-responsabilidade paterna: trajetórias sócio-demográficas e atitudes com a gestação e a criança. Ciência e Saúde Coletiva, 10 (3), 719-727. 17. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2003). Censo Demográfico 2000. Famílias e domicílios: resultados da amostra. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 18. Carvalho, G. M., Merighi, M. A. B. & Jesus, M. C. P. (2009). Recorrência da parentalidade na adolescência na perspectiva dos sujeitos envolvidos. Texto, Contexto, Enfermagem, Florianópolis, 18 (1), 17-24.
  • 73. 72 19. Lima, I. C. (2002). Gravidez na adolescência: atitudes e responsabilidade paterna. Dissertação de Mestrado em Saúde Coletiva, Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil. 20. Andalaft Neto, J. & Andalaft, C. C. M. (2009). Gravidez na adolescência – Fatores de Risco. Em: D. L. M. Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (pp. 50-58). Rio de Janeiro: Revinter. 21. Salvadori, A. M., Dias, J. D., Ferreira, M. C. S. & Pedroso, M. R. (2002). A Adolescência. Acesso em 29 maio 2006. Disponível em http://www.lite.fae. unicamp.br/papet/2002/el300c/seminario01.htm. 22. Coley, R. L. & Chase-Lansdale, P.L. (1998). Adolescent pregnancy and parent-hood: Recent evidence and future directions. American Psychologist, 53 (2), 152-166. 23. Godinho, R. A., Schelp, J. R. B., Parada, C. M. G. L. & Bertoncello, M. N. F. (2000). Adolescente e grávidas: onde buscam apoio. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 8 (2), 25-32. 24. Aquino, E. M. L., Heiborn, M. L., Knauth, D., Bozon, M., Almeida, M. da C., Araújo, J. & Menezes, G. (2003). Adolescência e reprodução no Brasil: a heterogeneidade dos perfis sociais. Cadernos de Saúde Pública, 19 (2), 377-388. 25. Adamo, F. A. (2008). Sexualidade: Alguns aspectos. Em: M. I. Saito, L. E. da Silva & M. M. Leal (Eds.). Adolescência: prevenção e risco. 2ed. (pp. 93-97). São Paulo: Atheneu. 26. Budib, M. A., Cruz, T. S. da & Martins, E. H. O. (2009). Aspectos psicossociais da Gravidez na Adolescência. Em: D. L. M. Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (pp. 339-341). Rio de Janeiro: Revinter. 27. Teixeira, S. A. M. (2009). Gravidez na Adolescência – Situações sociais de vulnerabilidade. Em: D. L. M. Monteiro, A. J. B. Trajano & A. C. Bastos. Gravidez e Adolescência (pp.342-346). Rio de Janeiro: Revinter. 28. Levandowski, D. C. & Piccinini, C. A. (2006). Expectativas e sentimentos em relação à paternidade entre adolescentes e adultos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 22 (1), 17-28.
  • 74. 73 29. Moehlecke, R. (2010). Atos de violência entre jovens namorados são mais comuns do que se imagina. Agência de Fiocruz de Notícias. Publicado em: 16/03/2010. Disponível em http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start. htm?infoid=3219&sid=9. Acessado em 01/09/2010. 30. Walker, L. (1979). The Battered Woman. New York: Haper Row. 31. Figueredo, P. M. V. (2005). A influência do lócus de controle conjugal das habilidades sociais conjugais e da comunicação conjugal na satisfação com o casamento. Ciência & Cognição, 6, 123-132. 32. Villa, M. B. (2002). Habilidades sociais em casais de diferentes filiações religiosas. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia Ciência e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil. 33. Gottman, J. & Rusche, R. (1995). Communication and social skills approaches to treating ailing marriages: A recommendation for a new marital therapy called “Minimal Marital Therapy. In: O’Donohue & Krasner (Eds.) Handbook of psychological skills training: Clinical techniques and applications. Boston: Allyn and Bacon. 34. Villa, M. B. (2005). Habilidades sociais no casamento: avaliação e contribuição para a satisfação conjugal. Tese de Doutorado, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
  • 75.
  • 76. 75 Diversos estudos fornecem evidências de que a efetividade e as atitu-des disciplinares dos pais estão associadas ao desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes.1 Assim, as jovens mães necessitam ser sensibiliza-das para esse novo papel, analisando as implicações de sua conduta para o desenvolvimento de seu filho. Projetos de intervenção junto a mães ado-lescentes podem prevenir práticas educativas inadequadas possibilitando maior interação mãe/bebê.2 Ao refletirmos sobre a gravidez na adolescência, e as intervenções a ela dirigidas, não devemos descartar o fato de que uma parte considerável dos parceiros das mães adolescentes é adolescente também. Tanto dados governamentais, quanto dados de pesquisas acadêmicas ou de órgãos não governamentais parecem ignorar a existência de um grande número de adolescentes que se tornam pais.3 Em virtude dos riscos envolvidos em uma gestação na adolescência, destaca-se a necessidade de que ações preventivas sejam desenvolvidas, incluindo também o jovem pai nesse processo. Quanto antes as intervenções ocorrerem, melhores serão os resultados.4 Lembrando que as ações preventivas destinam-se a diminuir o potencial de risco e desenvolver o potencial de enfrentamento com intervenções psicoeducacionais em
  • 77. 76 diferentes tipos de prevenção e, assim, tornar-se um fator de proteção para o desenvolvimento infantil.5, 6 Há necessidade de intervenções na área, com a avaliação de progra-mas voltados para os pais adolescentes, utilizando-se recursos como grupos de estudo, palestras e materiais impressos.7 Deve-se incluir, também, ações que incentivem a participação responsável masculina na vida reprodutiva e familiar, com a reavaliação dos preconceitos em relação aos pais adolescen-tes e a oferta de condições para maior interação entre pai-mãe-filho.8 Intervenções com pais podem trazer benefícios para as famílias com a melhoria nas atividades parentais e aumento da coesão familiar9 e, para a sociedade em geral, pois mais pessoas teriam a oportunidade de crescer e se desenvolver em ambiente familiar saudável.10 Estas intervenções podem aprimorar as expectativas dos pais adolescentes relativas ao emprego, ao planejamento vocacional, à relação com o filho, ao uso de métodos contraceptivos e às perspectivas para o futuro.11 Destacamos, também, a necessidade de que as intervenções não sejam focalizadas somente nos fatores de risco, mas também incluam as competências e recursos informais presentes na vida das pessoas.12 Nesse contexto, as intervenções com pais são apontadas como um importante mecanismo de desenvolvimento da resiliência familiar.13 Propostas preventivas que valorizem e incrementem fatores de proteção poderão amenizar eventuais sofrimentos de todos os envolvidos com a situação da parentalidade na adolescência.14 Intervenção precoce Dentre as intervenções descritas na literatura nacional13, 15 poucas são direcionados aos pais adolescentes ou à prevenção de gravidez na adoles-cência. Destacamos três dessas intervenções a seguir: Há necessidade da inclusão dos parceiros nos programas de assistência pré-natal, inclusive em programas de grupos de casais, o que possibilitaria auxiliá-los de maneira mais efetiva a enfrentar dificuldades relativas à gestação e outras dificuldades indiretamente causadas por ela.