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Cuidado Mãe Canguru
ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO
Nº58, 2017
Editor convidado: ADRIANO CATTANEO1
RESUMO
Globalmente, prematuridade é a primeira causa de morte em crianças abaixo de 5 anos. Em termos absolutos, qua-
se um milhão de bebês morrem por prematuridade a cada ano, a maior parte no sul da Ásia e África Subsaariana. O
risco de morte aumenta com a diminuição do período gestacional e com a pobreza. É estimado que a mortalidade
neonatal poderia ser reduzida em 19% se todos os neonatos pudessem ter taxas de mortalidade similares aos 20%
mais ricos. Mortes são causadas pela imaturidade de órgãos e sistemas vitais. Bebês prematuros que sobrevivem
correm risco de comprometimento cognitivo e comportamental moderado ou de longo prazo e podem ser afetados
por retinopatia com comprometimento visual, incluindo cegueira. Outras condições importantes, como infecções,
icterícia, dificuldade em se alimentar e má nutrição, muitas vezes levando à atrofia, também como algumas doenças
não comunicáveis (pressão alta, doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes) também são mais frequentes em
crianças prematuras do que de termo, com efeitos negativos subsequentes individuais, familiares e sociais.
O Método Canguru de Cuidados (MCC), internacionalmente chamado Cuidado Mãe Canguru (KMC = Kan-
garoo Mother Care), uma das poucas práticas de saúde desenvolvida em países de baixa renda e transferida para
países de alta renda, tem mostrado reduzir a mortalidade associada com alta prematuridade, em revisões sistemá-
ticas. MCC significa contato ‘pele a pele’ (PaP) precoce, contínuo e prolongado entre a mãe e o bebê, iniciado no
nascimento e continuado em casa depois de alta precoce, com amamentação exclusiva, apoio e acompanhamento
adequado. A base do MCC é o PaP, com resultados positivos de amamentação. O MCC resulta em uma taxa e
duração maior da amamentação exclusiva quando comparado com cuidados convencionais de bebês prematuros;
a duração total de qualquer amamentação também é maior após MCC. Infecção/sepsis severa, infecção/sepsis
nosocomial, hipotermia, hipoglicemia, doença severa, doença do trato respiratório inferior e readmissões hospita-
lares também são reduzidas com MCC, enquanto que peso, tamanho, aumento da circunferência da cabeça, satis-
1 Epidemiologista, aposentado. Trieste, Italia. E-mail: adriano.cattaneo@gmail.com
– Desde 1979 –
ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 20172
fação materna, ligação mãe-bebê e ambiente domés-
tico são melhorados. O MCC também tem impacto
positivo no desenvolvimento neurológico, cognitivo,
emocional, comportamental e social que mostraram
persistir até 20 anos de idade.
Baseado nas evidências acima, o periódico Lancet
em 2014 e a Organização Mundial da Saúde (OMS)
em 2015, incluíram MCC entre as intervenções reco-
mendadas para melhora de resultados em bebês pre-
maturos. Apesar da evidência de resultados positivos
estar disponível há mais de 10 anos e um manual prá-
tico da OMS existir desde 2003, a cobertura perma-
nece baixa e o alvo de cobertura universal para 2030
parece irrealista. Forte vontade política, investimen-
tos adequados, profissionais de saúde especializados e
motivados, além de monitoramento e financiamento
regulares são necessários para aumentar a cobertu-
ra MCC. Além do mais, pais preocupados deveriam
advogar pela implementação de MCC nos sistemas
de saúde. Demanda parental pode ajudar a superar
a indiferença e a resistência ao MCC pelos sistemas
de saúde, que são com frequência pressionados por
indústrias a usarem tecnologias caras e menos apro-
priadas.
INTRODUÇÃO
Prematuridade, definida como o nascimento de um bebê
vivo antes de 37 semanas de gravidez, é a mais impor-
tante causa de morte infantil no mundo. Globalmente, a
prematuridade (18%) contribui mais para morte infan-
til do que pneumonia (13%) e diarreia (9%). Por volta
de 2% de todas as mortes atribuídas a prematuridade
ocorre no período pós neonatal. A maioria das mortes
neonatais, entretanto, sendo 16%, ocorre nas primeiras
quatro semanas de vida e são classificadas como mortes
por prematuridade. Dessas, por volta de dois terços são
mortes neonatais iniciais que ocorrem na primeira se-
mana de vida, primariamente concentrada nas primei-
ras 48 horas de vida. Por volta de dois terços dos 2,7
milhões de mortes neonatais estimadas no mundo ocor-
rem em bebês prematuros, a maioria no sul da Ásia e na
África Subsaariana2,3
. O risco de morte é inversamente
associado com idade gestacional, sendo que bebês extre-
mamente prematuros (menos de 28 semanas de idade
gestacional) correm mais risco de morte do que os nas-
cidos muito prematuramente (28 a 32 semanas de idade
gestacional) e aqueles nascidos moderadamente prema-
turos (32 a 37 semanas de idade gestacional). Além disso,
bebês prematuros que nascem pequenos para sua idade
gestacional (PIG) tem maior risco de morte comparados
2 UNICEF. Child mortality estimates. New York (NY): United Nations
Children’s Fund; 2015	
3 Lawn JE, Blencowe H, Oza S et al: Every Newborn 2: progress, priori-
ties, and potential beyond survival. Lancet 2014;384:189-205
com aqueles com peso de nascimento adequado para
a idade gestacional. É estimado que até 40% de bebês
prematuros podem ser PIG por causa de restrição de
crescimento intrauterino devido à nascimento múltiplo,
infecção, pré-eclâmpsia, nutrição materna, ou exposição
à substâncias tóxicas ambientais, incluindo a fumaça do
cigarro4
. Finalmente, bebês prematuros de famílias mais
pobres têm um maior risco de morte comparado àqueles
de famílias mais ricas. Baseado em dados de 51 países
que representam 75% de todas as mortes neonatais, é
estimado que a mortalidade neonatal poderia ser redu-
zida em 19% se todos neonatos pudessem ter a taxa de
mortalidade dos 20% mais ricos5
.
Mortes infantis e neonatais não são a única conse-
quência da prematuridade. Dos estimados 13 milhões
de bebês prematuros que sobrevivem ao primeiro mês
de vida, quase 3% sofrem de comprometimento do
desenvolvimento neuro cognitivo e comportamental
moderado ou severo de longo prazo, e por volta de
4,5% sofrem de comprometimento médio. Além do
mais, quase 200.000 bebês prematuros são afetados
por retinopatia, com 32.000 sofrendo de comprome-
timento visual, incluindo cegueira6
. Outras condições
importantes, como infecções, icterícia, dificuldades de
alimentação e desnutrição, com frequência levando a
atrofia, são também mais frequentes em prematuros
do quem em bebês maduros. Prematuridade, especial-
mente quando associada com restrição de crescimento
intrauterino seguida de rápido ganho de peso pós natal,
também aumenta o risco de doenças não comunicáveis
(pressão alta, doenças cardiovasculares, obesidade, dia-
bete) ao longo da vida7
. Finalmente, a consequência a
longo prazo de prematuridade também contribui para
efeitos sociais negativos medidos tanto individualmente
(por realização acadêmica, emprego e produtividade),
como para as famílias - podendo ser um peso econômi-
co e social, também para a comunidade e os sistemas
sociais e de saúde8
.
O que causa tanta morte, doença e incapacidades em
bebês prematuros? A razão primária é a imaturidade de
órgãos vitais, em particular os pulmões e o sistema car-
diorrespiratório. Bebês muito ou extremamente prema-
turos podem ser incapazes de respirar e podem precisar
de respiração assistida por algumas horas ou dias para
4 Lee AC, Katz J, Blencowe H et al. National and regional estimates of
term and preterm small for gestational-age in 138 low-middle income
countries in 2010. Lancet Glob Health 2013;1:e26–36
5 Save the Children. State of the world’s mothers: surviving the first day.
London, UK: Save the Children International, 2013
6 Blencowe H, Lee AC, Cousens S et al. Preterm birth associated neuro-
developmental impairment estimates at regional and global level for 2010.
Pediatr Res 2013;74(suppl 1):17–34
7 Barker DJ, Thornburg KL. The obstetric origins of health for a lifetime.
Clin Obstet Gynecol 2013;56:511–9
8 Lawn JE, Blencowe H, Darmstadt GL, Bhutta ZA. Beyond newborn
survival: the world you are born into determines your risk of disability-
-free survival. Pediatr Res 2013;74(suppl 1): –3
ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 2017 3
sobreviverem. Aqueles que conseguem respirar, ou so-
brevivem com respiração assistida sofrem as consequên-
cias da imaturidade de outros órgãos. Por exemplo, eles
são incapazes de manter a temperatura corporal; aque-
cimento deve ser fornecido através de outros meios para
evitar hipotermia e suas consequências, incluindo mor-
te. Sua imaturidade de se alimentar pelo seio, absorver
e metabolizar nutrientes também fazem da alimentação
e adequação nutricional um desafio. Finalmente, a ima-
turidade do sistema imunológico aumenta a suscetibili-
dade e vulnerabilidade de bebês prematuros a infecções,
sendo que são mais fácil e severamente afetados. Apesar
da prematuridade e restrição de crescimento intrauteri-
no poderem ser prevenidas até certo ponto9,10
, entretan-
to, está claro que intervenções efetivas devem ser colo-
cadas em uso após o nascimento para reduzir o peso da
morte, doença e incapacidades associadas ao nascimen-
to prematuro. O Método Canguru de Cuidados (MCC)
é uma intervenção de baixo custo, sustentável e eficaz.
O QUE É MCC (OU KMC EM INGLÊS)?
MCC é uma prática que foi desenvolvida em Bogotá,
Colômbia, na metade dos anos 80. Importante saber
9 March of Dimes, PMNCH, Save the children, WHO. Born Too Soon:
the global action report on preterm birth. Eds: Howson CP, Kinney MV,
Lawn JE. World Health Organization. Geneva, 2012
10 Newnham JP, Dickinson JE, Hart RJ et al. Strategies to prevent pre-
term birth. Frontiers in Immunology
que MCC é uma das poucas práticas de saúde de-
senvolvida em países de baixa renda e então transfe-
rida para países de alta renda; outro exemplo similar
é a terapia de reidratação oral para diarreia infantil.
Normalmente, práticas e tecnologias de saúde são de-
senvolvidas em países de alta renda para serem então
transferidas para os de baixa renda. A definição origi-
nal de MCC, depois adaptada pela OMS em seu guia
prático11
, era:
- contato ‘pele a pele’ (PaP) precoce, contínuo e prolon-
gado entre a mãe e o bebê, iniciado no hospital e con-
tinuado em casa;
- amamentação exclusiva;
- alta precoce com apoio e acompanhamento adequa-
dos;
A implementação da definição acima continua longe de
ser consistente. Em particular:
- Há debate na definição de ‘precoce’’. Na maioria
dos casos, PaP é iniciado quando o bebê está estável,
quando as taxas cardíacas e respiratórias estão autor-
reguladas sem assistência externa. Mas isso significa
que muitos bebês prematuros vão morrer antes que
MCC seja iniciado. Existe uma lógica biológica e al-
guma evidência, apesar de não totalmente conclusiva,
que a iniciação de PaP o mais cedo possível após o
nascimento, até em bebês instáveis, pode ajudá-los a
11 WHO. Kangaroo Mother Care: a practical guide. World Health Orga-
nization. Geneva, 2003
ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 20174
atingir estabilidade psicológica, e assim prevenir mui-
tas mortes12,13
.
- PaP em contato contínuo e prolongado é altamente
recomendado, mas não facilmente realizado. Existem
limitações nos serviços de saúde (estrutural, educacio-
nal e gerencial) e limitações culturais14
,15
,16
. Em mui-
tos hospitais, especialmente em países de alta renda, o
contato PaP é intermitente, com episódios de 2-4 horas
seguidos de pausas que duram horas ou até o dia todo.
Na medida em que os benefícios de MCC estejam re-
lacionados com o contato PaP, em forma de dose-res-
posta, estratégias que irão ajudar a superar limitações
e resistência são altamente necessárias.
- Alta precoce pode ser assegurada com acompanha-
mento adequado, primeiramente na unidade hospita-
lar e depois na casa. Isso é possível em centros de exce-
lência, onde um número suficiente de profissionais de
saúde competentes e motivados, em equipes multidisci-
plinares, estão disponíveis. É mais difícil onde o sistema
de saúde é fraco e não garante referência e contra refe-
rência, ou onde profissionais habilitados estão em fal-
ta. Esses obstáculos à alta precoce e acompanhamento
adequado podem ser somente superados com ações
direcionadas à melhora do sistema de saúde.
A heterogeneidade no significado da definição de MCC
é bem ilustrada em uma revisão sistemática que consi-
derou 1035 trabalhos e documentos; de todos, somente
299 definiram MCC17
.
O componente principal do MCC é o contato PaP, mas
o componente que parece ser aplicado com mais sucesso
é a amamentação exclusiva. Uma revisão Cochrane e di-
versos documentos locais e nacionais mostram que MCC
resulta em uma taxa mais alta e uma maior duração de
amamentação exclusiva quando comparados com cuida-
dos convencionais de bebês prematuros18
. A duração to-
tal de qualquer amamentação também é maior quando
12 Bergman NJ, Linley LL, Fawcus SR. Randomized controlled trial of
skin-to-skin contact from birth versus conventional incubator for phy-
siological stabilization in 1200- to 2199-gram newborns. Acta Paediatr
2004;93:779-85	
13 Chi Luong K, Long Nguyen T, Huynh Thi DH et al. Newly born low
birthweight infants stabilise better in skin-to-skin contact than when se-
parated from their mothers: a randomised controlled trial. Acta Paediatr
2016;105:381-90	
14 Vesel L, Bergh AM, Kerber KJ et al. Kangaroo mother care: a multi-
-country analysis of health system bottlenecks and potential solutions.
BMC Pregnancy and Childbirth 2015;15 (Suppl 2):S5	
15 Chan GJ, Labar AS, Wall S, Atun R. Kangaroo mother care: a sys-
tematic review of barriers and enablers. Bull World Health Organ
2016;94:130–41	
16 Seidman G, Unnikrishnan S, Kenny E et al. Barriers and enablers
of kangaroo mother care practice: a systematic review. PLoS ONE
2015;10(5):e0125643
17 Chan GJ, Valsankar B, KajeepetaS et al. What is kangaroo mother
care? Systematic review of the literature. J Glob Health 2016;6(1):010701
18 Conde-Agudelo A, Díaz-Rossello JL. Kangaroo mother care to reduce
morbidity and mortality in low birthweight infants. Cochrane Database
of Systematic Reviews 2016, Issue 8. Art. No.: CD002771
MCC é praticada. Isso se deve a diversos fatores:
- O contato PaP, mesmo que não tão precoce, contínuo
e prolongado como recomendado, é certamente o fator
de maior importância.
- A proximidade de mãe e bebê resulta em maior cons-
ciência das necessidades de seu bebê.
- O acesso mais fácil à mama pelo bebê prematuro, em
oposto à dificuldade de mover o bebê da incubadora
ou outro aparelho de aquecimento.
- A maior confiança da mãe em lidar com o bebê, com-
parada à dependência dos funcionários da ala no cui-
dado convencional.
Os hospitais que implantaram MCC também são, fre-
quentemente hospitais amigos da criança, onde a in-
fluência do marketing de um maior uso de substitutos
do leite materno é restrita e bebês prematuros não re-
presentam uma oportunidade de mercado significativa
para a indústria de fórmula infantil, devido ao pequeno
tamanho desse mercado de bebês.
QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS DO MCC?
A revisão Cochrane acima mencionada revela: “com-
parado com cuidado neonatal convencional, o MCC
reduz a mortalidade na alta (ou em 40 a 41 semanas
de idade pós menstrual no último acompanhamento),
infecção/sepse severa, infecção/sepse nosocomial, hi-
potermia, doença severa e doença do trato respiratório
inferior. Aliás, MCC aumentou peso, tamanho e ganho
de circunferência da cabeça, amamentação na alta ou
em 40-41 semanas de idade pós menstrual e com um
a três meses de acompanhamento, satisfação materna
com método de cuidado de bebês, e melhorou a ligação
entre mãe-bebê e o ambiente doméstico. Pesquisadores
não notaram diferenças em resultados neurosensoriais
e de desenvolvimento neurológico aos 12 meses.” Esses
resultados são derivados de meta-análises de dados de
21 ensaios controlados randomizados, envolvendo 3042
bebês, realizados principalmente em ambientes de baixa
renda e publicados anteriormente a junho de 2016.
Outra revisão sistemática, completada em 2016, selecio-
nou 1035 artigos e analisou os resultados de 124 estudos
que atenderam ao critério de inclusão para resultados
neonatais19
. Comparado ao cuidado convencional, o
MCC foi associado a 36% de redução em mortalida-
de, menores taxas de sepse, hipotermia, hipoglicemia
e readmissões hospitalares. Também foi associada com
aumento de amamentação exclusiva. Recém-nascidos
permanecendo em MCC tiveram menores taxas respi-
ratórias médias e medidas de dor, e maior saturação de
oxigênio, temperatura e crescimento de circunferência
19 Boundy EO, Dastjerdi R, Spiegelman D et al. Kangaroo mother
care and neonatal outcomes: a meta-analysis. Pediatrics 2016;137:doi:
10.1542/peds.2015-2238. Epub 2015 Dec 23
ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 2017 5
da cabeça. Resultados similares também foram relata-
dos por uma revisão anterior20
.
O MCC tem impacto positivo significativo em desen-
volvimento neurológico, cognitivo, comportamental e
social, além de impacto em saúde e nutrição. Alguns
desses são efeitos benéficos de longo prazo como de-
monstrado em uma análise complementar dos efeitos
da mortalidade de um teste randomizado controlado
executado em Bogotá, Colômbia. Nos anos 90, Tessier
et al21
observaram uma mudança na percepção da mãe
com relação a seu bebê. Comparado a mães em cui-
dados convencionais, aquelas praticando MCC eram
mais sensíveis às mensagens de seus bebês e mais resi-
lientes ao stress; em outras palavras, elas tinham uma
ligação melhor22
. Aos 12 meses de idade corrigida, os
bebês de MCC tinham um QI mais alto; a diferença
foi mais significativa para bebês que foram mais pre-
maturos (30-32 semanas de idade gestacional), precisa-
ram de cuidados intensivos, e tiveram um diagnóstico
de desenvolvimento neurológico duvidoso ou anormal
aos 6 meses23
. Os mesmos bebês foram estudados 20
anos depois. Os efeitos no QI no ambiente doméstico
ainda estavam presentes. Pais que usaram MCC eram
mais protetores e carinhosos, refletindo em reduzida
ausência escolar e reduzida hiperatividade, agressivi-
dade, externalização, e conduta sócio desviante de jo-
vens adultos.
Baseada nas evidências acima, as recomendações de in-
tervenções para melhora de resultados em nascimentos
prematuros feitas em 2015 pela OMS, incluíram MCC
entre as intervenções indicadas, embora de forma con-
servadora, somente para recém-nascidos clinicamente
estáveis24
.
O MCC foi incluído nas intervenções recomendadas
na revista Lancet Every Newborn Series 2014. É im-
portante notar que os autores deste artigo observaram
que países de alta renda também fizeram uso de MCC
por conta de seus benefícios de desenvolvimento a longo
prazo. Finalmente, o MCC também foi incluído entre
seis intervenções eficazes para melhora de saúde neona-
tal e posterior sobrevivência, pelos autores de uma série
de revisões sistemáticas, publicada em 2015.
20 Lawn JE, Mansa-Kambafwile J, Horta BL et al. Kangaroo mother
care to prevent neonatal deaths due to preterm birth complications. Int J
Epidemiol 2010;39:i144–i154
21 Charpak N, Ruiz-Pelaez JG, Figueroa de CZ, Charpak Y. A rando-
mized, controlled trial of kangaroo mother care: results of follow-up at 1
year of corrected age. Pediatrics 2001;108(5):1072–9
22 Tessier R, Cristo M, Velez S et al. Kangaroo mother care and the
bonding hypothesis. Pediatrics 1998;102(2):390-1
23 Tessier R, Cristo M, Velez S et al. Kangaroo mother care: a method
for protecting high-risk low-birthweight and premature infants against de-
velopmental delay. Infant Behav Dev 2003;26(3):384–97
24 Charpak N, Tessier R, Ruiz-Pelaez JG et al. Twenty-year follow-
-up of kangaroo mother care versus traditional care. Pediatrics
2017;139(1):e20162063
Com base em todas as evidências acima, em suas reco-
mendações de 2015 sobre intervenções para melhorar
os resultados de parto prematuro, a OMS incluiu KMC
entre as intervenções recomendadas, embora de forma
conservadora, isto é, apenas para recém-nascidos clini-
camente estáveis (Figura 2)25
.
7.0 KMC (MCC ou
cuidado mãe canguru) é
recomendado para o cui-
dado rotineiro de recém-
-nascidos pesando 2000g
ou menos ao nascer, e
deve ser iniciado nos hos-
pitais assim que o bebê
for considerado clinica-
mente estável.
Recomendação forte
Baseada em evidências de
qualidade moderada.
7.1 Recém-nascidos pe-
sando 2000g ou menos
devem receber o KMC
(MCC) de maneira con-
tinuada tanto quanto
possível.
Recomendação forte
Baseada em evidências de
qualidade moderada.
7.2 O KMC (MCC) in-
termitente, mais do que
o cuidado convencional,
é recomendado para
recém-nascidos pesando
2000g ou menos, se o
KMC continuado não for
possível.
Recomendação forte
Baseada em evidências de
qualidade moderada.
FIGURA 2
POR QUE A ADESÃO AO MCC TEM SIDO
TÃO LENTA?
As evidências sobre a eficácia do MCC vêm se acumu-
lando desde meados dos anos 90, e sua implementação
tem sido promovida ha mais de 10 anos, particularmen-
te desde a publicação da série Lancet 2005 sobre Neo-
natal Survival (Sobrevivência Neonatal), que incluiu o
MCC em sua lista de intervenções efetivas26
. No entan-
to, no primeiro artigo da série Every Newborn Lancet
de 2014, os autores afirmaram que “a cobertura para
o Cuidado Mãe Canguru (KMC ou MCC) é um exem-
plo de uma intervenção altamente eficaz para a qual a
avaliação, a formulação e a adoção de políticas e a im-
25 WHO recommendations on interventions to improve preterm birth
outcomes. World Health Organization. Geneva, 2015
26 Darmstadt GL, Bhutta ZA, Cousens S et al (the Lancet Neonatal Sur-
vival Steering Team). Evidence-based, cost-effective interventions: how
many newborn babies can we save? Lancet 2005;365:977–88
ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 20176
plementação do programa tem falhado27
“. O problema
é que os dados sobre a cobertura do MCC não estão
disponíveis. Uma vez que nenhum país tem dados do
MCC integrados em seus sistemas de informação de
saúde ou pesquisas periódicas, o objetivo de cobertura
de 50% para 2020 e 75% para 2030, estão distantes da
meta de cobertura universal para 2035, proposta pelos
autores do 5º artigo da série Lancet28
, então tudo parece
não realista se a adesão ao MCC não for medida e do-
cumentada. Obviamente coisas como vontade política,
investimento adequado, profissionais de saúde qualifi-
cados e motivados, monitoramento, relatórios e respon-
sabilidade, precisam estar estabelecidos para atingir os
objetivos almejados.
Por outro lado, precisamos esperar que todos os pré-
-requisitos (por exemplo, políticas, fundos, treinamento
curricular) estejam em vigor antes de transferir o MCC
para frente? Aprendendo com a amamentação, mães
e grupos de ativistas esperaram até que todas as con-
dições fossem definidas para começar a trabalhar para
sua proteção, promoção e apoio? Os pais preocupados
já poderiam começar a pressionar o sistema de saúde e
aumentar a demanda por KMC. Em muitos países, já
existem grupos e associações formais e informais de pais
27 Darmstadt GL, Kinney MV, Chopra M et al. Every Newborn 1: who
has been caring for the baby? Lancet 2014;384:174-88
28 Mason E, McDougall L, Lawn JE et al. Every Newnorn 5: from evi-
dence to action to deliver a healthy start for the next generation. Lancet
2014;384:455-67
de recém-nascidos prematuros. Atualmente, esses gru-
pos e associações atuam principalmente para melhorar
a resiliência dos pais através de suas redes e garantir que
os recém-nascidos prematuros recebam o melhor aten-
dimento hospitalar e pós-alta. Eles aceitam como norma
os cuidados convencionais oferecidos pelas unidades de
cuidados intensivos neonatais a seus filhos. Eles podem
começar a solicitar que os cuidados convencionais sejam
substituídos pelo KMC, não só por causa das evidências
cientificas, mas também porque é mais fisiológico, au-
menta o vínculo e da habilidade aos pais. Essa pressão
dos pais, se possível combinada pela pressão dos pares,
ajudaria a superar a indiferença e resistência ao KMC
pelos profissionais da saúde29
, para os quais muitas vezes
não são oferecidas alternativas às tecnologias caras e,
muitas vezes, inadequadas, impulsionadas pelas indús-
trias médicas. Para esses profissionais de saúde, o KMC
ou MCC pode parecer uma alternativa pobre e inferior
que leva à invasão de suas enfermarias pelos pais, limi-
tando seu poder e consumindo seu tempo. É importante
transformar esta visão equivocada e mostrar, fornecen-
do exemplos, que uma enfermaria neonatal aberta 24
horas por dia às famílias envolvidas no cuidado de seus
recém-nascidos prematuros torna-se não só mais feliz e
mais humana, mas também mais eficaz e menos dispen-
diosa.
29 Charpak N, Ruiz-Pelaez JG. Resistance to implementing Kangaroo
Mother Care in developing countries and proposed solutions. Acta Pae-
diatr 2006;95:5229–34
De acordo com o Código Brasileiro (NBCAL) são proibidas as promoções
comerciais de chupetas (RDC 221, Lei 11265/2006).
Denuncie sempre que perceber uma violação do Código!
Para saber mais, acesse o site da Anvisa.
ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 2017 7
MCC (OU KMC) – POR QUÊ?
Badiee Z, Faramarzi S, MiriZadeh T. The effect of
kangaroo mother care on mental health of mo-
thers with low birth weight infants. Adv Biomed
Res 2014; 3:214
As taxas de natalidade prematura foram relatadas entre
5% e 7% dos nascidos vivos em alguns países desenvol-
vidos, mas são significativamente maiores nos países em
desenvolvimento. As mães de bebês prematuros correm
o risco de estresse psicológico devido à separação de seus
bebês. Um dos métodos que influenciam a saúde mental
materna no pós-parto é o cuidado mãe canguru (KMC).
Este estudo foi conduzido para avaliar o efeito do KMC
de bebês com baixo peso ao nascer na saúde mental
materna. O estudo foi realizado no Departamento de
Pediatria da Universidade Isfahan de Ciências Médicas,
Isfahan, Irã. Os prematuros foram alocados aleatoria-
mente em dois grupos. O grupo de controle recebeu
cuidados padrão na incubadora. No grupo experimen-
tal, foi praticado o tratamento com três sessões de 60
minutos de KMC diariamente durante 1 semana. As
pontuações de saúde mental das mães foram avaliadas
usando o Questionário de Saúde Geral de 28 itens. A
análise estatística foi realizada pelo método de covariân-
cia usando SPSS. As pontuações de 50 pares de mãe-be-
bê foram analisadas no todo (25 no grupo KMC e 25 no
grupo de cuidados padrão). Os achados mostraram os
efeitos positivos do KMC na taxa de resultados de saúde
mental materna. Houve diferenças estatisticamente sig-
nificativas entre as pontuações médias do grupo experi-
mental e grupo controle no período pós-teste (P <0,001).
O KMC para bebês com baixo peso ao nascer é uma
maneira segura de melhorar a saúde mental materna.
Portanto, é sugerido como um método útil que pode ser
recomendado para melhorar a saúde mental das mães.
Charpak N, Tessier R, Ruiz JG, et al. Twenty-year
follow-up of Kangaroo Mother Care versus Tradi-
tional Care. Pediatrics 2017;139(1):e20162063
O cuidado mãe Canguru (KMC) é uma intervenção
multifacetada para crianças pré-termo e de baixo peso
ao nascer e seus pais. Os benefícios a curto e a medio
prazo do KMC sobre sobrevivência, neurodesenvolvi-
mento, aleitamento materno e a qualidade da ligação
mãe-bebê foram documentados em um ensaio clínico
randomizado (RCT) realizado na Colômbia de 1993 a
1996. Mais uma vez, em 2012-2014, foi decidido avaliar
a persistência desses resultados na idade adulta jovem.
Um total de 494 (69%) dos 716 participantes do RCT
original conhecido por estarem vivos foram identifica-
dos; 441 (62% dos participantes no RCT original) fo-
ram reinscritos, e os resultados para os 264 participan-
tes pesando ≤ 1800 g no nascimento foram analisados.
O KMC e os grupos de controle foram comparados
quanto ao estado de saúde e o funcionamento neuro-
lógico, cognitivo e social com o uso de testes de neu-
roimagem, neurofisiológicos e comportamentais. Os
efeitos do KMC ao 1 ano no QI e no ambiente familiar
ainda estavam presentes 20 anos depois nos indivíduos
mais frágeis, e os pais do KMC eram mais protetores,
refletidos pelo menor índice de ausência escolar e re-
dução da hiperatividade, agressividade, externalização
e desvantagem social na conduta de jovens adultos. Este
estudo indica que o KMC teve efeitos sociais e de com-
portamento comportamental significativos e duradouros
20 anos após a intervenção. A cobertura com esta inter-
venção de cuidados de saúde eficientes e cientificamente
comprovados deve ser estendida aos 18 milhões de be-
bês nascidos a cada ano que são candidatos ao método.
Chi Luong K, Long Nguyen T, Huynh Thi DH, et
al. Newly born low birthweight infants stabilise
better in skin-to-skin contact than when separated
from their mothers: a randomised controlled trial.
Acta Paediatr 2016;105(4):381-90
A transição do feto desde a vida intra-uterina até a vida
extra-uterina é um processo estressante e os recém-
-nascidos, particularmente os prematuros, precisam de
suporte para a estabilização. Tradicionalmente, as inter-
venções tecnológicas, como cuidados com incubadoras,
são usadas para estabilizar os neonatos. No entanto,
estudos em animais descobriram que a separação das
mães realmente exacerbava a instabilidade, resultando
em liberação de cortisol. Um estudo controlado ran-
domizado comparou a estabilidade das pontuações do
sistema cardio-respiratório aos 360 minutos após o nas-
cimento em recém-nascidos prematuros que receberam
contato pele a pele e outro grupo de crianças que rece-
RESUMOS
ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 20178
beram cuidados incubatórios tradicionais. Os resultados
mostraram que os bebês que receberam cuidados pele a
pele têm menos necessidade de suporte respiratório, lí-
quidos intravenosos e uso de antibióticos durante a per-
manência na unidade hospitalar. O contato pele a pele
impediu a instabilidade, aliviando assim a necessidade
de tratamento médico para essas condições.
Hendricks-Munoz K, Xu J, Parikh H, et al. Skin-
-to-Skin care and the development of the pre-
term infant oral microbiome. Am J Perinatol
2015;32:1205-16
Para bebês prematuros, a saliva e os micróbios orais
têm importância para facilitar a digestão e o desenvol-
vimento da flora intestinal. Uma vez que a colonização
do intestino é influenciada pelos primeiros contatos do
recém nascido, modo de entrega, ambientes UTI, in-
cubadoras, uso de antibióticos e outros medicamentos,
incluindo contato com cuidadores e contato materno, o
estudo relatou o impacto do pele a pele sobre o desen-
volvimento da ecologia microbiana oral e seu impacto
na digestão e no desenvolvimento imunológico. O es-
tudo incluiu 42 lactentes maiores de 1.500g e menores
que 32 semanas de gestação. Todos os bebês estavam
recebendo alimentação por tubo - 6 fórmulas infantis
e 36 receberam leite humano. Nenhum bebê recebeu
antibióticos 7 dias antes e durante o tempo de amostra-
gem. Os bebês que permaneceram pele a pele tiveram
uma colonização maior com espécies de Streptococcus
e aqueles que não ficaram pele a pele foram colonizados
com maiores níveis de espécies de Pseudomonas, Cory-
nebacterium, Staphylococcus, Neisseria e Actinobacter
associadas a disfunção intestinal aumentada e Enteroco-
lite Necrosante ( NEC). Nenhum dos bebês que ficaram
pele a pele desenvolveu NEC em comparação com 3 no
grupo que não permaneceram pele a pele. Os bebês pre-
maturos do pele a pele também adquiriram maturidade
microbiana oral em uma idade mais precoce, enquanto
os bebês que não ficaram pele a pele tiveram atraso no
desenvolvimento microbiano oral. Os autores especu-
lam que os fatores de estresse reduzidos associados aos
cuidados pele a pele têm um papel no ritmo da matura-
ção microbiana.
Cong X, Xu W, Janton S, et al. Gut Microbiome
development patterns in early life of preterm in-
fants: impacts of feeding and gender. PLoS ONE
2016;11(4):e0152751
A microbiota intestinal é conhecida por ser influenciada
por parto vaginal ou cesariano, métodos de alimenta-
ção, contato pele-a-pele, bem como uma série de ou-
tros fatores ambientais. Para determinar o impacto do
modo de alimentação e gênero no desenvolvimento de
micróbios intestinais, este estudo analisou 378 amostras
de fezes de 29 bebês prematuros estáveis e saudáveis du-
rante os primeiros 30 dias de vida. Curiosamente, os be-
bês do sexo masculino encontraram menor diversidade
imediatamente após o nascimento; os femininos tiveram
maior número de clostridiatos e menos Enterobacteria-
les em relação aos machos. Aqueles recem-nascidos que
receberam o leite materno de suas mães tiveram maior
diversidade de micróbios intestinais e níveis mais altos
de Clostridiales e Lactobacilliales. Os bebês não ama-
mentados tinham um padrão de microbioma diferente
dominado por espécies de Enterobacteriales nos primei-
ros 30 dias de vida. A maturação tardia do microbioma
intestinal tem sido associada a NEC e sepse em lactentes
não amamentados, portanto, o modo de alimentação,
diretamente na mama e o aumento do contato com a
pele da mãe apresentam maior diversidade de micró-
bios, incluindo as importantes cepas de Bifidobacterium.
Em recém-nascidos prematuros, a Bifidobacterium e
Bacteroidetes anaeróbios estão presentes em números
mais baixos do que em bebês que nasceram no tempo
certo e a importância do leite materno pode ser crítica
na maturação da microbiota para recém-nascidos pre-
maturos. O estresse da separação de bebê e mãe após o
nascimento também pode afetar o desenvolvimento da
microbiota intestinal.
Hartz L, Bradshaw W, Brandon D. Potential NICU
environmental influences on the neonate’s micro-
bioma: a systematic review. Adv Neonatal Care
2015; 15:324-35.
O impacto do ambiente de Unidade de Terapia Intensi-
va Neonatal (UTIN) nas altas necessidades de coloniza-
ção microbiana de bebês prematuros é o foco desta revi-
são sistemática. Dos 250 artigos, 11 foram usados como
revisão das fontes de potenciais influências ambientais
no desenvolvimento da microbiota do bebê de forma a
sugerir o melhor cuidado na UTIN. Em um estudo ( pré
teste – pós teste com 10 bebês prematuros), foi observa-
do a taxa de infecção após o pele-a-pele por 90 minutos
por 5 dias consecutivos, e encontrou que somente um
bebê desenvolveu uma infecção proveniente do hospital
no prazo de 7 dias depois que o cuidado pele-a-pele ter-
minou. Três estudos observaram a relação entre NEC e
o microbioma intestinal. Em um estudo as amostras de
fezes daqueles que desenvolveram NEC comparado aos
controles que não desenvolveram NEC mostraram uma
prevalência mais alta de Proteobactéria e Actinobactéria
uma semana antes de serem diagnosticados com NEC.
As fezes dos controles que não desenvolveram NEC e
receberam leite humano 57% do tempo tiveram níveis
ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 2017 9
mais baixos dessas bactérias, quando comparados àque-
les que desenvolveram NEC e receberam leite humano
27,8% do tempo. Outro estudo mostrou que bebês que
receberam leite humano tiveram micróbios intestinais
mais semelhantes àqueles de termo com amamentação
por todo o período e estiveram sob menor risco para
NEC. A revisão concluiu “é necessário um estudo mais
aprofundado de como o microbioma da UTIN, os cui-
dadores, os tipos de alimentação e os antibióticos afetam
o desenvolvimento do microbioma do bebê. “Um item
chave é conhecido: o leite humano e a pele dos cuidado-
res influenciam o microbioma de neonatos. O que pode
ser feito agora, dado o atual estado de conhecimentos,
é implementar controles de infecção incentivando-se o
cuidado da pele.
Bergh AM, de Graft-Johnson J, Khadka N, et al. The
three waves in implementation of facility-based
kangaroo mother care: a multi-country case study
from Asia. BMC International Health and Human
Rights 2016;16:4.
O Cuidado mãe Canguru tem sido evidenciado como
um conjunto de intervenções efetivas para tratar a alta
mortalidade neonatal referente aos nascimentos prema-
turos e de baixo peso ao nascer. Entretanto, a implanta-
ção e a cobertura do serviço KMC (Kangaroo mother
care ou Método Mãe Canguru -MMC) não tem pro-
gredido bem em muitos países. O foco deste estudo de
caso foi entender os processos de institucionalização de
estabelecimentos baseados em serviços KMC em três
países asiáticos (Índia, Indonésia e Filipinas) e as razões
para a implantação devagar de KMC nesses países.
Três principais fontes de dados estiveram disponíveis:
documentos históricos sobre o estado de implementa-
ção de KMC nos três países; visitas a uma seleção de
estabelecimentos de saúde com implementação KMC;
e dados de entrevistas e reuniões com informantes cha-
ve. A implantação de serviços KMC nos três países em
estabelecimentos individuais começou muitos anos an-
tes da priorização para sua intensificação. Três maiores
temas foram identificados: estabelecimentos pioneiros;
padrões de conhecimento KMC e disseminação de ha-
bilidades; e implantação e expansão de serviços KMC
em relação a tendências globais e políticas nacionais.
Estabelecimentos pioneiros com KMC foram introdu-
zidos nos anos 90 e estabeleceram-se práticas em alguns
hospitais universitários ou terciários, sem posterior di-
fusão. Um método de treinamento benéfico para o es-
tabelecimento inicial de serviços KMC em um país foi
enviar profissionais de saúde institucionais para apren-
der fora do país, notavelmente na Colômbia. Após um
efeito cascata dentro do país o KMC foi integrado nos
programas obstétricos e de recém-nascidos. A implan-
tação desigual e a expansão de serviços KMC ocorre-
ram em três fases alinhadas com as tendências mundiais
do período: a fase pioneira com campeões individuais
onde o foco foi a sobrevivência infantil (1998-2006); a
fase do cuidado ao recém-nascido (2007-2012); e a atu-
al fase onde pequenos bebês são também incluídos em
planos de ação. Este artigo ilustra as complexidades de
implementar uma nova intervenção de assistência mé-
dica. Embora o cuidado do prematuro esteja atualmen-
te no centro das atenções, estratégias de intensificação
de KMC claras e planejadas orientadas aos países com
planos operacionais e orçamentos foram essenciais para
um êxito.
Vesel L, Bergh AM, Kerber KJ, et al; KMC Resear-
ch Acceleration Group, Kangaroo Mother care: a
multi-country analysis of health system bottlene-
cks and potential solutions. BMC Pregnancy Chil-
dbirth 2015;15 Suppl 2:S5
Nascimentos prematuros contribuem significantemen-
te para as mortes de crianças abaixo dos cinco anos
em todo mundo. A maioria das mortes neonatais es-
tão acontecendo nos países de baixa e média renda,
principalmente na África Subsaariana e o Ásia do Sul.
Cuidado mãe Canguru, o qual envolve um contato pe-
le-a-pele contínuo, apoio à amamentação e alta hospi-
talar precoce com apoio posterior, é uma intervenção
de baixo custo e efetiva para prevenir a mortalidade
em recém-nascidos prematuros. Contudo, a implanta-
ção dessa simples intervenção em uma escala nacional
é lenta. Um estudo multicêntrico sobre obstáculos dos
sistemas de saúde e possíveis soluções em 12 países da
África e Ásia com programas KMC contínuos mos-
trou as dificuldades que afetam a implementação do
KMC. Com o uso de métodos quantitativos e quali-
tativos, o estudo encontrou obstáculos de importância
na grande maioria em países asiáticos em comparação
com países africanos. Alguns dos principais obstáculos
revelados foram: a questão da liderança e governan-
ça como a falta de diretrizes; a falta de financiamento
adequado da saúde; a escassez e fraco treinamento da
força de trabalho da saúde; a falta de espaço adequado
para a performance e o monitoramento de KMC e os
serviços de transportes nos estabelecimentos de assis-
tência médica; dados limitados sobre bebês de baixo
peso e a falta de dados de cobertura de KMC nos sis-
tema de informação de saúde existentes; e a fraca ade-
rência da comunidade devido às práticas tradicionais
e crenças culturais. Pesquisadores têm providenciado
soluções apropriadas para solucionar os obstáculos
identificados.
ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 201710
Bergh AM, Kerber K, Abwao S, et al. Implemen-
ting facility-based Kangaroo mother care services:
lessons from a multi-country study in Africa. BMC
Health Serv Res 2014;14:293.
Em vários países, particularmente na África e Ásia, o
Ministério da Saúde tem colaborado com o desenvolvi-
mento de parceiros para implementar KMC nos esta-
belecimentos de cuidados à saúde. Entretanto, a abor-
dagem e resultados para implementar KMC varia de
país para país. Uma pesquisa transversal de métodos
mesclados com componentes quantitativos e qualitati-
vos avaliou a implementação do programa KMC em
quatro países africanos: Malawi, Mali, Ruanda e Ugan-
da. Nesses países, 95% dos estabelecimentos de saúde
avaliados mostraram alguma presença de KMC. Fato-
res importantes identificados na implementação foram:
treinamento e orientação; supervisão e apoio; integra-
ção de KMC na melhoria da qualidade; continuidade
do cuidado; alto nível de aceitação e apoio para a imple-
mentação de KMC; e cuidado voltado ao cliente. Exis-
tiam diversos fatores facilitadores e desafios entre todos
os fatores mencionados acima. Os fatores facilitadores
foram: inclusão do KMC nos currículos e no treinamen-
to em serviço; intervenções orientadas ao projeto trazen-
do recursos adicionais para supervisão; uso de registro
KMC e a inclusão em encontros de revisão de morta-
lidade e morbidade para integrar KMC na melhoria
de qualidade; inclusão do KMC no cuidado perinatal
e serviços posteriores adequados para fornecer a con-
tinuidade do cuidado além do estabelecimento; apoio
institucional e governamental através de uma política
nacional para KMC; diretrizes e experiências exitosas
quanto ao KMC em diferentes níveis no sistema de saú-
de; e cuidado orientado ao cliente através da promoção
de cuidadores para a mãe e o bebê. Os desafios foram:
falta de relatórios padronizados sobre KMC; KMC não
incluso no cuidado perinatal e fraca avaliação posterior
de bebês cangurus; pequena implantação em serviços
materno-infantis e crenças culturais impedindo uma
prática ótima de KMC.
Smith ER, Bergelson I, Constantian S, et al. Bar-
riers and enablers of health systems adoption of
kangaroo mother care: a systematic review of ca-
regiver perspectives. BMC Pediatr 2017; 17:35.
Esta revisão sistemática procurou observar as dificulda-
des e facilidades para a implantação do KMC do ponto
de vista dos “cuidadores”; foram identificados 2875 re-
sumos dos quais 98 foram incluídos na análise. Um terço
dos estudos foram das Américas, cerca de um quarto de
países africanos, o restante da Europa, Ásia, Mediterrâ-
neo e Pacífico Ocidental. Os pesquisadores identifica-
ram quatro áreas de interação entre os cuidadores e a
intervenção KMC: aceitação e consolidação, apoio so-
cial, tempo e preocupações médicas. O investimento no
bebê e o vínculo foram menos aceitos quando os traba-
lhadores de saúde falharam em explicar completamente
a intervenção e os pais sentiram que isso foi forçado a
eles, alguns se sentiram desconfortáveis, outros sentiram
medo e estigma em ter um bebê prematuro. Houve in-
vestimento positivo quando os pais sentiram que o KMC
“acalmou” seus bebês. Eles observaram que seus bebês
dormiam mais durante o pele-a-pele e descreveram seus
bebês menos ansiosos e com mais vontade de amamen-
tar e mais felizes que quando em uma incubadora. As
mães sentiram-se mais úteis e à vontade em ter seus be-
bês perto. A falta de suporte social das famílias, comu-
nidades ou funcionários do hospital foi uma barreira à
aceitação do KMC, enquanto o apoio ao cuidado da
criança do esposo, da família e da comunidade aumen-
taram a prática. Onde os papéis de gênero foram mais
iguais houve maior aceitação do KMC. Apoio de pares
e funcionários bem treinados aumentou a implantação
do KMC em hospitais. O tempo recomendado de segui-
mento de ao menos duas semanas após o nascimento foi
também uma barreira para alguns, especialmente se a
mãe estava deprimida, sozinha ou passou por uma ce-
sariana; para outras, o trajeto de casa para o hospital e
para alguns a carga de trabalho em casa depois da alta
também foram barreiras. Onde os pais tiveram horas de
visitas ilimitadas e tiveram livre acesso aos seus bebês,
a implantação foi melhor. Preocupações médicas foram
também uma barreira de prática de KMC especialmen-
te se a mãe tivesse complicações clínicas, dor ou tivesse
passado por uma cesariana. Quando mães praticaram
KMC elas sentiram que isso aliviou seus estresses pós-
-parto. Como conclusão os pesquisadores recomenda-
ram a promoção e integração em sistemas de assistência
à saúde, contextos sociais e familiares como “facilitado-
res” - identificados como necessários para uma adoção
de KMC bem sucedido.
ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 2017 11
A IBFAN...
...Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (International Baby Food Action
Network) é uma rede formada por mais de 270 grupos de ativistas espalhados por cerca
de 170 países, e que desde 1979 tem trabalhado o tema da alimentação infantil sob a
perspectiva dos direitos humanos, tendo como uma de suas metas contribuir para
a discussão das responsabilidades de cada uma das partes da sociedade. Entendemos que
políticas públicas adequadas e dispositivos legais podem favorecer o alcance ao direito
humano à alimentação segura e adequada. Quando se trata de crianças de primeira
infância sabemos que somente o leite materno preenche os requisitos de segu-
rança alimentar e nutricional sendo o alimento ideal, completo e inigualável nos
seis primeiros meses de vida e continuado com alimentos complementares adequados
até o segundo ano de vida ou mais. É nesse sentido que a IBFAN atua: para sensibilizar
as autoridades quanto à implementação do Código Internacional de Comercialização
de Substitutos do Leite Materno e das Resoluções da Assembleia Mundial de Saúde a
ele relacionadas.
No Brasil, a REDE IBFAN foi fundada em 1983 e está presente em diversas cidades
espalhadas por vários Estados, e também tem trabalhado permanentemente como cola-
boradora da política nacional de aleitamento materno, desenvolvendo projetos de asses-
soria e de avaliação de programas como a Iniciativa Hospital Amigo da Criança, Rede
de Bancos de Leite Humano, Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, Mãe Trabalha-
dora que Amamenta. Em especial, tem participado de todo o processo de elaboração
da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de
Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras e promove um monitoramento anual
voluntário pelos membros desde 1988, conhecendo, portanto, as forças conflitantes que
interferem nesse tema da proteção legal do aleitamento materno contra o marketing não
ético de seus produtos substitutos.
Considerando que é um trabalho PRIMORDIAL para o desenvolvimento de cidadãos
sadios, colabore você também para esta causa, doando qualquer quantia. A continui-
dade de nosso trabalho depende muito da sua colaboração.
As crianças e as mães agradecem!
Coordenação Nacional
IBFAN BRASIL – CNPJ 02.949.340/0001-99
Banco Bradesco (237) | Agência: 3034 | Conta corrente: 11.948-2
ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 201712
Publicação da International Baby Food Action Network (IBFAN)
Editor convidado: Adriano Cattaneo.
Equipe editorial: Adriano Cattaneo, JP Dadhich, Marina F. Rea, Elizabeth Sterken
Agradecimento especial a Bob Peck.
Tradução ao português: Claudia Gondim da Silva, Cintia Ribeiro Santos e Cleia Costa
Barbosa | Revisão: Marina F. Rea.
Diagramação: Ana Basaglia e Cássia Souto
Copias dos números 1-43 de Breastfeeding Briefs serão mandadas a pedido a GIFA, Ge-
nebra, Suíça. e-mail info@gifa.org.
Copias a partir do No. 44 são disponíveis online apenas (www.ibfan.org).
Alguns números também disponíveis em Espanhol, Frances, Italiano,
Português e outros idiomas.
Esta cópia está disponível em www.ibfan.org.br
PENSE UM POUCO:
ALGUEM ESTÁ
DECIDINDO POR VOCÊ?
A IBFAN Brasil não recebe apoio financeiro, material ou doações de pessoas físicas ou jurídicas que produzem ou distri-
buam alimentos e produtos para nutrizes, lactentes e crianças de primeira infância, leites, chupetas, mamadeiras e bicos,
da indústria farmacêutica, de armamento, de bebidas alcoólicas, de tabaco, pesticidas químicos, que contratem mão de
obra infantil, que utilizem trabalho escravo, que discriminem mulheres, minorias ou que violem os direitos humanos.
Não se aceitam relações com empresas com conflitos de interesses.

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  • 1. Cuidado Mãe Canguru ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO Nº58, 2017 Editor convidado: ADRIANO CATTANEO1 RESUMO Globalmente, prematuridade é a primeira causa de morte em crianças abaixo de 5 anos. Em termos absolutos, qua- se um milhão de bebês morrem por prematuridade a cada ano, a maior parte no sul da Ásia e África Subsaariana. O risco de morte aumenta com a diminuição do período gestacional e com a pobreza. É estimado que a mortalidade neonatal poderia ser reduzida em 19% se todos os neonatos pudessem ter taxas de mortalidade similares aos 20% mais ricos. Mortes são causadas pela imaturidade de órgãos e sistemas vitais. Bebês prematuros que sobrevivem correm risco de comprometimento cognitivo e comportamental moderado ou de longo prazo e podem ser afetados por retinopatia com comprometimento visual, incluindo cegueira. Outras condições importantes, como infecções, icterícia, dificuldade em se alimentar e má nutrição, muitas vezes levando à atrofia, também como algumas doenças não comunicáveis (pressão alta, doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes) também são mais frequentes em crianças prematuras do que de termo, com efeitos negativos subsequentes individuais, familiares e sociais. O Método Canguru de Cuidados (MCC), internacionalmente chamado Cuidado Mãe Canguru (KMC = Kan- garoo Mother Care), uma das poucas práticas de saúde desenvolvida em países de baixa renda e transferida para países de alta renda, tem mostrado reduzir a mortalidade associada com alta prematuridade, em revisões sistemá- ticas. MCC significa contato ‘pele a pele’ (PaP) precoce, contínuo e prolongado entre a mãe e o bebê, iniciado no nascimento e continuado em casa depois de alta precoce, com amamentação exclusiva, apoio e acompanhamento adequado. A base do MCC é o PaP, com resultados positivos de amamentação. O MCC resulta em uma taxa e duração maior da amamentação exclusiva quando comparado com cuidados convencionais de bebês prematuros; a duração total de qualquer amamentação também é maior após MCC. Infecção/sepsis severa, infecção/sepsis nosocomial, hipotermia, hipoglicemia, doença severa, doença do trato respiratório inferior e readmissões hospita- lares também são reduzidas com MCC, enquanto que peso, tamanho, aumento da circunferência da cabeça, satis- 1 Epidemiologista, aposentado. Trieste, Italia. E-mail: adriano.cattaneo@gmail.com – Desde 1979 –
  • 2. ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 20172 fação materna, ligação mãe-bebê e ambiente domés- tico são melhorados. O MCC também tem impacto positivo no desenvolvimento neurológico, cognitivo, emocional, comportamental e social que mostraram persistir até 20 anos de idade. Baseado nas evidências acima, o periódico Lancet em 2014 e a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2015, incluíram MCC entre as intervenções reco- mendadas para melhora de resultados em bebês pre- maturos. Apesar da evidência de resultados positivos estar disponível há mais de 10 anos e um manual prá- tico da OMS existir desde 2003, a cobertura perma- nece baixa e o alvo de cobertura universal para 2030 parece irrealista. Forte vontade política, investimen- tos adequados, profissionais de saúde especializados e motivados, além de monitoramento e financiamento regulares são necessários para aumentar a cobertu- ra MCC. Além do mais, pais preocupados deveriam advogar pela implementação de MCC nos sistemas de saúde. Demanda parental pode ajudar a superar a indiferença e a resistência ao MCC pelos sistemas de saúde, que são com frequência pressionados por indústrias a usarem tecnologias caras e menos apro- priadas. INTRODUÇÃO Prematuridade, definida como o nascimento de um bebê vivo antes de 37 semanas de gravidez, é a mais impor- tante causa de morte infantil no mundo. Globalmente, a prematuridade (18%) contribui mais para morte infan- til do que pneumonia (13%) e diarreia (9%). Por volta de 2% de todas as mortes atribuídas a prematuridade ocorre no período pós neonatal. A maioria das mortes neonatais, entretanto, sendo 16%, ocorre nas primeiras quatro semanas de vida e são classificadas como mortes por prematuridade. Dessas, por volta de dois terços são mortes neonatais iniciais que ocorrem na primeira se- mana de vida, primariamente concentrada nas primei- ras 48 horas de vida. Por volta de dois terços dos 2,7 milhões de mortes neonatais estimadas no mundo ocor- rem em bebês prematuros, a maioria no sul da Ásia e na África Subsaariana2,3 . O risco de morte é inversamente associado com idade gestacional, sendo que bebês extre- mamente prematuros (menos de 28 semanas de idade gestacional) correm mais risco de morte do que os nas- cidos muito prematuramente (28 a 32 semanas de idade gestacional) e aqueles nascidos moderadamente prema- turos (32 a 37 semanas de idade gestacional). Além disso, bebês prematuros que nascem pequenos para sua idade gestacional (PIG) tem maior risco de morte comparados 2 UNICEF. Child mortality estimates. New York (NY): United Nations Children’s Fund; 2015 3 Lawn JE, Blencowe H, Oza S et al: Every Newborn 2: progress, priori- ties, and potential beyond survival. Lancet 2014;384:189-205 com aqueles com peso de nascimento adequado para a idade gestacional. É estimado que até 40% de bebês prematuros podem ser PIG por causa de restrição de crescimento intrauterino devido à nascimento múltiplo, infecção, pré-eclâmpsia, nutrição materna, ou exposição à substâncias tóxicas ambientais, incluindo a fumaça do cigarro4 . Finalmente, bebês prematuros de famílias mais pobres têm um maior risco de morte comparado àqueles de famílias mais ricas. Baseado em dados de 51 países que representam 75% de todas as mortes neonatais, é estimado que a mortalidade neonatal poderia ser redu- zida em 19% se todos neonatos pudessem ter a taxa de mortalidade dos 20% mais ricos5 . Mortes infantis e neonatais não são a única conse- quência da prematuridade. Dos estimados 13 milhões de bebês prematuros que sobrevivem ao primeiro mês de vida, quase 3% sofrem de comprometimento do desenvolvimento neuro cognitivo e comportamental moderado ou severo de longo prazo, e por volta de 4,5% sofrem de comprometimento médio. Além do mais, quase 200.000 bebês prematuros são afetados por retinopatia, com 32.000 sofrendo de comprome- timento visual, incluindo cegueira6 . Outras condições importantes, como infecções, icterícia, dificuldades de alimentação e desnutrição, com frequência levando a atrofia, são também mais frequentes em prematuros do quem em bebês maduros. Prematuridade, especial- mente quando associada com restrição de crescimento intrauterino seguida de rápido ganho de peso pós natal, também aumenta o risco de doenças não comunicáveis (pressão alta, doenças cardiovasculares, obesidade, dia- bete) ao longo da vida7 . Finalmente, a consequência a longo prazo de prematuridade também contribui para efeitos sociais negativos medidos tanto individualmente (por realização acadêmica, emprego e produtividade), como para as famílias - podendo ser um peso econômi- co e social, também para a comunidade e os sistemas sociais e de saúde8 . O que causa tanta morte, doença e incapacidades em bebês prematuros? A razão primária é a imaturidade de órgãos vitais, em particular os pulmões e o sistema car- diorrespiratório. Bebês muito ou extremamente prema- turos podem ser incapazes de respirar e podem precisar de respiração assistida por algumas horas ou dias para 4 Lee AC, Katz J, Blencowe H et al. National and regional estimates of term and preterm small for gestational-age in 138 low-middle income countries in 2010. Lancet Glob Health 2013;1:e26–36 5 Save the Children. State of the world’s mothers: surviving the first day. London, UK: Save the Children International, 2013 6 Blencowe H, Lee AC, Cousens S et al. Preterm birth associated neuro- developmental impairment estimates at regional and global level for 2010. Pediatr Res 2013;74(suppl 1):17–34 7 Barker DJ, Thornburg KL. The obstetric origins of health for a lifetime. Clin Obstet Gynecol 2013;56:511–9 8 Lawn JE, Blencowe H, Darmstadt GL, Bhutta ZA. Beyond newborn survival: the world you are born into determines your risk of disability- -free survival. Pediatr Res 2013;74(suppl 1): –3
  • 3. ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 2017 3 sobreviverem. Aqueles que conseguem respirar, ou so- brevivem com respiração assistida sofrem as consequên- cias da imaturidade de outros órgãos. Por exemplo, eles são incapazes de manter a temperatura corporal; aque- cimento deve ser fornecido através de outros meios para evitar hipotermia e suas consequências, incluindo mor- te. Sua imaturidade de se alimentar pelo seio, absorver e metabolizar nutrientes também fazem da alimentação e adequação nutricional um desafio. Finalmente, a ima- turidade do sistema imunológico aumenta a suscetibili- dade e vulnerabilidade de bebês prematuros a infecções, sendo que são mais fácil e severamente afetados. Apesar da prematuridade e restrição de crescimento intrauteri- no poderem ser prevenidas até certo ponto9,10 , entretan- to, está claro que intervenções efetivas devem ser colo- cadas em uso após o nascimento para reduzir o peso da morte, doença e incapacidades associadas ao nascimen- to prematuro. O Método Canguru de Cuidados (MCC) é uma intervenção de baixo custo, sustentável e eficaz. O QUE É MCC (OU KMC EM INGLÊS)? MCC é uma prática que foi desenvolvida em Bogotá, Colômbia, na metade dos anos 80. Importante saber 9 March of Dimes, PMNCH, Save the children, WHO. Born Too Soon: the global action report on preterm birth. Eds: Howson CP, Kinney MV, Lawn JE. World Health Organization. Geneva, 2012 10 Newnham JP, Dickinson JE, Hart RJ et al. Strategies to prevent pre- term birth. Frontiers in Immunology que MCC é uma das poucas práticas de saúde de- senvolvida em países de baixa renda e então transfe- rida para países de alta renda; outro exemplo similar é a terapia de reidratação oral para diarreia infantil. Normalmente, práticas e tecnologias de saúde são de- senvolvidas em países de alta renda para serem então transferidas para os de baixa renda. A definição origi- nal de MCC, depois adaptada pela OMS em seu guia prático11 , era: - contato ‘pele a pele’ (PaP) precoce, contínuo e prolon- gado entre a mãe e o bebê, iniciado no hospital e con- tinuado em casa; - amamentação exclusiva; - alta precoce com apoio e acompanhamento adequa- dos; A implementação da definição acima continua longe de ser consistente. Em particular: - Há debate na definição de ‘precoce’’. Na maioria dos casos, PaP é iniciado quando o bebê está estável, quando as taxas cardíacas e respiratórias estão autor- reguladas sem assistência externa. Mas isso significa que muitos bebês prematuros vão morrer antes que MCC seja iniciado. Existe uma lógica biológica e al- guma evidência, apesar de não totalmente conclusiva, que a iniciação de PaP o mais cedo possível após o nascimento, até em bebês instáveis, pode ajudá-los a 11 WHO. Kangaroo Mother Care: a practical guide. World Health Orga- nization. Geneva, 2003
  • 4. ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 20174 atingir estabilidade psicológica, e assim prevenir mui- tas mortes12,13 . - PaP em contato contínuo e prolongado é altamente recomendado, mas não facilmente realizado. Existem limitações nos serviços de saúde (estrutural, educacio- nal e gerencial) e limitações culturais14 ,15 ,16 . Em mui- tos hospitais, especialmente em países de alta renda, o contato PaP é intermitente, com episódios de 2-4 horas seguidos de pausas que duram horas ou até o dia todo. Na medida em que os benefícios de MCC estejam re- lacionados com o contato PaP, em forma de dose-res- posta, estratégias que irão ajudar a superar limitações e resistência são altamente necessárias. - Alta precoce pode ser assegurada com acompanha- mento adequado, primeiramente na unidade hospita- lar e depois na casa. Isso é possível em centros de exce- lência, onde um número suficiente de profissionais de saúde competentes e motivados, em equipes multidisci- plinares, estão disponíveis. É mais difícil onde o sistema de saúde é fraco e não garante referência e contra refe- rência, ou onde profissionais habilitados estão em fal- ta. Esses obstáculos à alta precoce e acompanhamento adequado podem ser somente superados com ações direcionadas à melhora do sistema de saúde. A heterogeneidade no significado da definição de MCC é bem ilustrada em uma revisão sistemática que consi- derou 1035 trabalhos e documentos; de todos, somente 299 definiram MCC17 . O componente principal do MCC é o contato PaP, mas o componente que parece ser aplicado com mais sucesso é a amamentação exclusiva. Uma revisão Cochrane e di- versos documentos locais e nacionais mostram que MCC resulta em uma taxa mais alta e uma maior duração de amamentação exclusiva quando comparados com cuida- dos convencionais de bebês prematuros18 . A duração to- tal de qualquer amamentação também é maior quando 12 Bergman NJ, Linley LL, Fawcus SR. Randomized controlled trial of skin-to-skin contact from birth versus conventional incubator for phy- siological stabilization in 1200- to 2199-gram newborns. Acta Paediatr 2004;93:779-85 13 Chi Luong K, Long Nguyen T, Huynh Thi DH et al. Newly born low birthweight infants stabilise better in skin-to-skin contact than when se- parated from their mothers: a randomised controlled trial. Acta Paediatr 2016;105:381-90 14 Vesel L, Bergh AM, Kerber KJ et al. Kangaroo mother care: a multi- -country analysis of health system bottlenecks and potential solutions. BMC Pregnancy and Childbirth 2015;15 (Suppl 2):S5 15 Chan GJ, Labar AS, Wall S, Atun R. Kangaroo mother care: a sys- tematic review of barriers and enablers. Bull World Health Organ 2016;94:130–41 16 Seidman G, Unnikrishnan S, Kenny E et al. Barriers and enablers of kangaroo mother care practice: a systematic review. PLoS ONE 2015;10(5):e0125643 17 Chan GJ, Valsankar B, KajeepetaS et al. What is kangaroo mother care? Systematic review of the literature. J Glob Health 2016;6(1):010701 18 Conde-Agudelo A, Díaz-Rossello JL. Kangaroo mother care to reduce morbidity and mortality in low birthweight infants. Cochrane Database of Systematic Reviews 2016, Issue 8. Art. No.: CD002771 MCC é praticada. Isso se deve a diversos fatores: - O contato PaP, mesmo que não tão precoce, contínuo e prolongado como recomendado, é certamente o fator de maior importância. - A proximidade de mãe e bebê resulta em maior cons- ciência das necessidades de seu bebê. - O acesso mais fácil à mama pelo bebê prematuro, em oposto à dificuldade de mover o bebê da incubadora ou outro aparelho de aquecimento. - A maior confiança da mãe em lidar com o bebê, com- parada à dependência dos funcionários da ala no cui- dado convencional. Os hospitais que implantaram MCC também são, fre- quentemente hospitais amigos da criança, onde a in- fluência do marketing de um maior uso de substitutos do leite materno é restrita e bebês prematuros não re- presentam uma oportunidade de mercado significativa para a indústria de fórmula infantil, devido ao pequeno tamanho desse mercado de bebês. QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS DO MCC? A revisão Cochrane acima mencionada revela: “com- parado com cuidado neonatal convencional, o MCC reduz a mortalidade na alta (ou em 40 a 41 semanas de idade pós menstrual no último acompanhamento), infecção/sepse severa, infecção/sepse nosocomial, hi- potermia, doença severa e doença do trato respiratório inferior. Aliás, MCC aumentou peso, tamanho e ganho de circunferência da cabeça, amamentação na alta ou em 40-41 semanas de idade pós menstrual e com um a três meses de acompanhamento, satisfação materna com método de cuidado de bebês, e melhorou a ligação entre mãe-bebê e o ambiente doméstico. Pesquisadores não notaram diferenças em resultados neurosensoriais e de desenvolvimento neurológico aos 12 meses.” Esses resultados são derivados de meta-análises de dados de 21 ensaios controlados randomizados, envolvendo 3042 bebês, realizados principalmente em ambientes de baixa renda e publicados anteriormente a junho de 2016. Outra revisão sistemática, completada em 2016, selecio- nou 1035 artigos e analisou os resultados de 124 estudos que atenderam ao critério de inclusão para resultados neonatais19 . Comparado ao cuidado convencional, o MCC foi associado a 36% de redução em mortalida- de, menores taxas de sepse, hipotermia, hipoglicemia e readmissões hospitalares. Também foi associada com aumento de amamentação exclusiva. Recém-nascidos permanecendo em MCC tiveram menores taxas respi- ratórias médias e medidas de dor, e maior saturação de oxigênio, temperatura e crescimento de circunferência 19 Boundy EO, Dastjerdi R, Spiegelman D et al. Kangaroo mother care and neonatal outcomes: a meta-analysis. Pediatrics 2016;137:doi: 10.1542/peds.2015-2238. Epub 2015 Dec 23
  • 5. ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 2017 5 da cabeça. Resultados similares também foram relata- dos por uma revisão anterior20 . O MCC tem impacto positivo significativo em desen- volvimento neurológico, cognitivo, comportamental e social, além de impacto em saúde e nutrição. Alguns desses são efeitos benéficos de longo prazo como de- monstrado em uma análise complementar dos efeitos da mortalidade de um teste randomizado controlado executado em Bogotá, Colômbia. Nos anos 90, Tessier et al21 observaram uma mudança na percepção da mãe com relação a seu bebê. Comparado a mães em cui- dados convencionais, aquelas praticando MCC eram mais sensíveis às mensagens de seus bebês e mais resi- lientes ao stress; em outras palavras, elas tinham uma ligação melhor22 . Aos 12 meses de idade corrigida, os bebês de MCC tinham um QI mais alto; a diferença foi mais significativa para bebês que foram mais pre- maturos (30-32 semanas de idade gestacional), precisa- ram de cuidados intensivos, e tiveram um diagnóstico de desenvolvimento neurológico duvidoso ou anormal aos 6 meses23 . Os mesmos bebês foram estudados 20 anos depois. Os efeitos no QI no ambiente doméstico ainda estavam presentes. Pais que usaram MCC eram mais protetores e carinhosos, refletindo em reduzida ausência escolar e reduzida hiperatividade, agressivi- dade, externalização, e conduta sócio desviante de jo- vens adultos. Baseada nas evidências acima, as recomendações de in- tervenções para melhora de resultados em nascimentos prematuros feitas em 2015 pela OMS, incluíram MCC entre as intervenções indicadas, embora de forma con- servadora, somente para recém-nascidos clinicamente estáveis24 . O MCC foi incluído nas intervenções recomendadas na revista Lancet Every Newborn Series 2014. É im- portante notar que os autores deste artigo observaram que países de alta renda também fizeram uso de MCC por conta de seus benefícios de desenvolvimento a longo prazo. Finalmente, o MCC também foi incluído entre seis intervenções eficazes para melhora de saúde neona- tal e posterior sobrevivência, pelos autores de uma série de revisões sistemáticas, publicada em 2015. 20 Lawn JE, Mansa-Kambafwile J, Horta BL et al. Kangaroo mother care to prevent neonatal deaths due to preterm birth complications. Int J Epidemiol 2010;39:i144–i154 21 Charpak N, Ruiz-Pelaez JG, Figueroa de CZ, Charpak Y. A rando- mized, controlled trial of kangaroo mother care: results of follow-up at 1 year of corrected age. Pediatrics 2001;108(5):1072–9 22 Tessier R, Cristo M, Velez S et al. Kangaroo mother care and the bonding hypothesis. Pediatrics 1998;102(2):390-1 23 Tessier R, Cristo M, Velez S et al. Kangaroo mother care: a method for protecting high-risk low-birthweight and premature infants against de- velopmental delay. Infant Behav Dev 2003;26(3):384–97 24 Charpak N, Tessier R, Ruiz-Pelaez JG et al. Twenty-year follow- -up of kangaroo mother care versus traditional care. Pediatrics 2017;139(1):e20162063 Com base em todas as evidências acima, em suas reco- mendações de 2015 sobre intervenções para melhorar os resultados de parto prematuro, a OMS incluiu KMC entre as intervenções recomendadas, embora de forma conservadora, isto é, apenas para recém-nascidos clini- camente estáveis (Figura 2)25 . 7.0 KMC (MCC ou cuidado mãe canguru) é recomendado para o cui- dado rotineiro de recém- -nascidos pesando 2000g ou menos ao nascer, e deve ser iniciado nos hos- pitais assim que o bebê for considerado clinica- mente estável. Recomendação forte Baseada em evidências de qualidade moderada. 7.1 Recém-nascidos pe- sando 2000g ou menos devem receber o KMC (MCC) de maneira con- tinuada tanto quanto possível. Recomendação forte Baseada em evidências de qualidade moderada. 7.2 O KMC (MCC) in- termitente, mais do que o cuidado convencional, é recomendado para recém-nascidos pesando 2000g ou menos, se o KMC continuado não for possível. Recomendação forte Baseada em evidências de qualidade moderada. FIGURA 2 POR QUE A ADESÃO AO MCC TEM SIDO TÃO LENTA? As evidências sobre a eficácia do MCC vêm se acumu- lando desde meados dos anos 90, e sua implementação tem sido promovida ha mais de 10 anos, particularmen- te desde a publicação da série Lancet 2005 sobre Neo- natal Survival (Sobrevivência Neonatal), que incluiu o MCC em sua lista de intervenções efetivas26 . No entan- to, no primeiro artigo da série Every Newborn Lancet de 2014, os autores afirmaram que “a cobertura para o Cuidado Mãe Canguru (KMC ou MCC) é um exem- plo de uma intervenção altamente eficaz para a qual a avaliação, a formulação e a adoção de políticas e a im- 25 WHO recommendations on interventions to improve preterm birth outcomes. World Health Organization. Geneva, 2015 26 Darmstadt GL, Bhutta ZA, Cousens S et al (the Lancet Neonatal Sur- vival Steering Team). Evidence-based, cost-effective interventions: how many newborn babies can we save? Lancet 2005;365:977–88
  • 6. ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 20176 plementação do programa tem falhado27 “. O problema é que os dados sobre a cobertura do MCC não estão disponíveis. Uma vez que nenhum país tem dados do MCC integrados em seus sistemas de informação de saúde ou pesquisas periódicas, o objetivo de cobertura de 50% para 2020 e 75% para 2030, estão distantes da meta de cobertura universal para 2035, proposta pelos autores do 5º artigo da série Lancet28 , então tudo parece não realista se a adesão ao MCC não for medida e do- cumentada. Obviamente coisas como vontade política, investimento adequado, profissionais de saúde qualifi- cados e motivados, monitoramento, relatórios e respon- sabilidade, precisam estar estabelecidos para atingir os objetivos almejados. Por outro lado, precisamos esperar que todos os pré- -requisitos (por exemplo, políticas, fundos, treinamento curricular) estejam em vigor antes de transferir o MCC para frente? Aprendendo com a amamentação, mães e grupos de ativistas esperaram até que todas as con- dições fossem definidas para começar a trabalhar para sua proteção, promoção e apoio? Os pais preocupados já poderiam começar a pressionar o sistema de saúde e aumentar a demanda por KMC. Em muitos países, já existem grupos e associações formais e informais de pais 27 Darmstadt GL, Kinney MV, Chopra M et al. Every Newborn 1: who has been caring for the baby? Lancet 2014;384:174-88 28 Mason E, McDougall L, Lawn JE et al. Every Newnorn 5: from evi- dence to action to deliver a healthy start for the next generation. Lancet 2014;384:455-67 de recém-nascidos prematuros. Atualmente, esses gru- pos e associações atuam principalmente para melhorar a resiliência dos pais através de suas redes e garantir que os recém-nascidos prematuros recebam o melhor aten- dimento hospitalar e pós-alta. Eles aceitam como norma os cuidados convencionais oferecidos pelas unidades de cuidados intensivos neonatais a seus filhos. Eles podem começar a solicitar que os cuidados convencionais sejam substituídos pelo KMC, não só por causa das evidências cientificas, mas também porque é mais fisiológico, au- menta o vínculo e da habilidade aos pais. Essa pressão dos pais, se possível combinada pela pressão dos pares, ajudaria a superar a indiferença e resistência ao KMC pelos profissionais da saúde29 , para os quais muitas vezes não são oferecidas alternativas às tecnologias caras e, muitas vezes, inadequadas, impulsionadas pelas indús- trias médicas. Para esses profissionais de saúde, o KMC ou MCC pode parecer uma alternativa pobre e inferior que leva à invasão de suas enfermarias pelos pais, limi- tando seu poder e consumindo seu tempo. É importante transformar esta visão equivocada e mostrar, fornecen- do exemplos, que uma enfermaria neonatal aberta 24 horas por dia às famílias envolvidas no cuidado de seus recém-nascidos prematuros torna-se não só mais feliz e mais humana, mas também mais eficaz e menos dispen- diosa. 29 Charpak N, Ruiz-Pelaez JG. Resistance to implementing Kangaroo Mother Care in developing countries and proposed solutions. Acta Pae- diatr 2006;95:5229–34 De acordo com o Código Brasileiro (NBCAL) são proibidas as promoções comerciais de chupetas (RDC 221, Lei 11265/2006). Denuncie sempre que perceber uma violação do Código! Para saber mais, acesse o site da Anvisa.
  • 7. ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 2017 7 MCC (OU KMC) – POR QUÊ? Badiee Z, Faramarzi S, MiriZadeh T. The effect of kangaroo mother care on mental health of mo- thers with low birth weight infants. Adv Biomed Res 2014; 3:214 As taxas de natalidade prematura foram relatadas entre 5% e 7% dos nascidos vivos em alguns países desenvol- vidos, mas são significativamente maiores nos países em desenvolvimento. As mães de bebês prematuros correm o risco de estresse psicológico devido à separação de seus bebês. Um dos métodos que influenciam a saúde mental materna no pós-parto é o cuidado mãe canguru (KMC). Este estudo foi conduzido para avaliar o efeito do KMC de bebês com baixo peso ao nascer na saúde mental materna. O estudo foi realizado no Departamento de Pediatria da Universidade Isfahan de Ciências Médicas, Isfahan, Irã. Os prematuros foram alocados aleatoria- mente em dois grupos. O grupo de controle recebeu cuidados padrão na incubadora. No grupo experimen- tal, foi praticado o tratamento com três sessões de 60 minutos de KMC diariamente durante 1 semana. As pontuações de saúde mental das mães foram avaliadas usando o Questionário de Saúde Geral de 28 itens. A análise estatística foi realizada pelo método de covariân- cia usando SPSS. As pontuações de 50 pares de mãe-be- bê foram analisadas no todo (25 no grupo KMC e 25 no grupo de cuidados padrão). Os achados mostraram os efeitos positivos do KMC na taxa de resultados de saúde mental materna. Houve diferenças estatisticamente sig- nificativas entre as pontuações médias do grupo experi- mental e grupo controle no período pós-teste (P <0,001). O KMC para bebês com baixo peso ao nascer é uma maneira segura de melhorar a saúde mental materna. Portanto, é sugerido como um método útil que pode ser recomendado para melhorar a saúde mental das mães. Charpak N, Tessier R, Ruiz JG, et al. Twenty-year follow-up of Kangaroo Mother Care versus Tradi- tional Care. Pediatrics 2017;139(1):e20162063 O cuidado mãe Canguru (KMC) é uma intervenção multifacetada para crianças pré-termo e de baixo peso ao nascer e seus pais. Os benefícios a curto e a medio prazo do KMC sobre sobrevivência, neurodesenvolvi- mento, aleitamento materno e a qualidade da ligação mãe-bebê foram documentados em um ensaio clínico randomizado (RCT) realizado na Colômbia de 1993 a 1996. Mais uma vez, em 2012-2014, foi decidido avaliar a persistência desses resultados na idade adulta jovem. Um total de 494 (69%) dos 716 participantes do RCT original conhecido por estarem vivos foram identifica- dos; 441 (62% dos participantes no RCT original) fo- ram reinscritos, e os resultados para os 264 participan- tes pesando ≤ 1800 g no nascimento foram analisados. O KMC e os grupos de controle foram comparados quanto ao estado de saúde e o funcionamento neuro- lógico, cognitivo e social com o uso de testes de neu- roimagem, neurofisiológicos e comportamentais. Os efeitos do KMC ao 1 ano no QI e no ambiente familiar ainda estavam presentes 20 anos depois nos indivíduos mais frágeis, e os pais do KMC eram mais protetores, refletidos pelo menor índice de ausência escolar e re- dução da hiperatividade, agressividade, externalização e desvantagem social na conduta de jovens adultos. Este estudo indica que o KMC teve efeitos sociais e de com- portamento comportamental significativos e duradouros 20 anos após a intervenção. A cobertura com esta inter- venção de cuidados de saúde eficientes e cientificamente comprovados deve ser estendida aos 18 milhões de be- bês nascidos a cada ano que são candidatos ao método. Chi Luong K, Long Nguyen T, Huynh Thi DH, et al. Newly born low birthweight infants stabilise better in skin-to-skin contact than when separated from their mothers: a randomised controlled trial. Acta Paediatr 2016;105(4):381-90 A transição do feto desde a vida intra-uterina até a vida extra-uterina é um processo estressante e os recém- -nascidos, particularmente os prematuros, precisam de suporte para a estabilização. Tradicionalmente, as inter- venções tecnológicas, como cuidados com incubadoras, são usadas para estabilizar os neonatos. No entanto, estudos em animais descobriram que a separação das mães realmente exacerbava a instabilidade, resultando em liberação de cortisol. Um estudo controlado ran- domizado comparou a estabilidade das pontuações do sistema cardio-respiratório aos 360 minutos após o nas- cimento em recém-nascidos prematuros que receberam contato pele a pele e outro grupo de crianças que rece- RESUMOS
  • 8. ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 20178 beram cuidados incubatórios tradicionais. Os resultados mostraram que os bebês que receberam cuidados pele a pele têm menos necessidade de suporte respiratório, lí- quidos intravenosos e uso de antibióticos durante a per- manência na unidade hospitalar. O contato pele a pele impediu a instabilidade, aliviando assim a necessidade de tratamento médico para essas condições. Hendricks-Munoz K, Xu J, Parikh H, et al. Skin- -to-Skin care and the development of the pre- term infant oral microbiome. Am J Perinatol 2015;32:1205-16 Para bebês prematuros, a saliva e os micróbios orais têm importância para facilitar a digestão e o desenvol- vimento da flora intestinal. Uma vez que a colonização do intestino é influenciada pelos primeiros contatos do recém nascido, modo de entrega, ambientes UTI, in- cubadoras, uso de antibióticos e outros medicamentos, incluindo contato com cuidadores e contato materno, o estudo relatou o impacto do pele a pele sobre o desen- volvimento da ecologia microbiana oral e seu impacto na digestão e no desenvolvimento imunológico. O es- tudo incluiu 42 lactentes maiores de 1.500g e menores que 32 semanas de gestação. Todos os bebês estavam recebendo alimentação por tubo - 6 fórmulas infantis e 36 receberam leite humano. Nenhum bebê recebeu antibióticos 7 dias antes e durante o tempo de amostra- gem. Os bebês que permaneceram pele a pele tiveram uma colonização maior com espécies de Streptococcus e aqueles que não ficaram pele a pele foram colonizados com maiores níveis de espécies de Pseudomonas, Cory- nebacterium, Staphylococcus, Neisseria e Actinobacter associadas a disfunção intestinal aumentada e Enteroco- lite Necrosante ( NEC). Nenhum dos bebês que ficaram pele a pele desenvolveu NEC em comparação com 3 no grupo que não permaneceram pele a pele. Os bebês pre- maturos do pele a pele também adquiriram maturidade microbiana oral em uma idade mais precoce, enquanto os bebês que não ficaram pele a pele tiveram atraso no desenvolvimento microbiano oral. Os autores especu- lam que os fatores de estresse reduzidos associados aos cuidados pele a pele têm um papel no ritmo da matura- ção microbiana. Cong X, Xu W, Janton S, et al. Gut Microbiome development patterns in early life of preterm in- fants: impacts of feeding and gender. PLoS ONE 2016;11(4):e0152751 A microbiota intestinal é conhecida por ser influenciada por parto vaginal ou cesariano, métodos de alimenta- ção, contato pele-a-pele, bem como uma série de ou- tros fatores ambientais. Para determinar o impacto do modo de alimentação e gênero no desenvolvimento de micróbios intestinais, este estudo analisou 378 amostras de fezes de 29 bebês prematuros estáveis e saudáveis du- rante os primeiros 30 dias de vida. Curiosamente, os be- bês do sexo masculino encontraram menor diversidade imediatamente após o nascimento; os femininos tiveram maior número de clostridiatos e menos Enterobacteria- les em relação aos machos. Aqueles recem-nascidos que receberam o leite materno de suas mães tiveram maior diversidade de micróbios intestinais e níveis mais altos de Clostridiales e Lactobacilliales. Os bebês não ama- mentados tinham um padrão de microbioma diferente dominado por espécies de Enterobacteriales nos primei- ros 30 dias de vida. A maturação tardia do microbioma intestinal tem sido associada a NEC e sepse em lactentes não amamentados, portanto, o modo de alimentação, diretamente na mama e o aumento do contato com a pele da mãe apresentam maior diversidade de micró- bios, incluindo as importantes cepas de Bifidobacterium. Em recém-nascidos prematuros, a Bifidobacterium e Bacteroidetes anaeróbios estão presentes em números mais baixos do que em bebês que nasceram no tempo certo e a importância do leite materno pode ser crítica na maturação da microbiota para recém-nascidos pre- maturos. O estresse da separação de bebê e mãe após o nascimento também pode afetar o desenvolvimento da microbiota intestinal. Hartz L, Bradshaw W, Brandon D. Potential NICU environmental influences on the neonate’s micro- bioma: a systematic review. Adv Neonatal Care 2015; 15:324-35. O impacto do ambiente de Unidade de Terapia Intensi- va Neonatal (UTIN) nas altas necessidades de coloniza- ção microbiana de bebês prematuros é o foco desta revi- são sistemática. Dos 250 artigos, 11 foram usados como revisão das fontes de potenciais influências ambientais no desenvolvimento da microbiota do bebê de forma a sugerir o melhor cuidado na UTIN. Em um estudo ( pré teste – pós teste com 10 bebês prematuros), foi observa- do a taxa de infecção após o pele-a-pele por 90 minutos por 5 dias consecutivos, e encontrou que somente um bebê desenvolveu uma infecção proveniente do hospital no prazo de 7 dias depois que o cuidado pele-a-pele ter- minou. Três estudos observaram a relação entre NEC e o microbioma intestinal. Em um estudo as amostras de fezes daqueles que desenvolveram NEC comparado aos controles que não desenvolveram NEC mostraram uma prevalência mais alta de Proteobactéria e Actinobactéria uma semana antes de serem diagnosticados com NEC. As fezes dos controles que não desenvolveram NEC e receberam leite humano 57% do tempo tiveram níveis
  • 9. ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 2017 9 mais baixos dessas bactérias, quando comparados àque- les que desenvolveram NEC e receberam leite humano 27,8% do tempo. Outro estudo mostrou que bebês que receberam leite humano tiveram micróbios intestinais mais semelhantes àqueles de termo com amamentação por todo o período e estiveram sob menor risco para NEC. A revisão concluiu “é necessário um estudo mais aprofundado de como o microbioma da UTIN, os cui- dadores, os tipos de alimentação e os antibióticos afetam o desenvolvimento do microbioma do bebê. “Um item chave é conhecido: o leite humano e a pele dos cuidado- res influenciam o microbioma de neonatos. O que pode ser feito agora, dado o atual estado de conhecimentos, é implementar controles de infecção incentivando-se o cuidado da pele. Bergh AM, de Graft-Johnson J, Khadka N, et al. The three waves in implementation of facility-based kangaroo mother care: a multi-country case study from Asia. BMC International Health and Human Rights 2016;16:4. O Cuidado mãe Canguru tem sido evidenciado como um conjunto de intervenções efetivas para tratar a alta mortalidade neonatal referente aos nascimentos prema- turos e de baixo peso ao nascer. Entretanto, a implanta- ção e a cobertura do serviço KMC (Kangaroo mother care ou Método Mãe Canguru -MMC) não tem pro- gredido bem em muitos países. O foco deste estudo de caso foi entender os processos de institucionalização de estabelecimentos baseados em serviços KMC em três países asiáticos (Índia, Indonésia e Filipinas) e as razões para a implantação devagar de KMC nesses países. Três principais fontes de dados estiveram disponíveis: documentos históricos sobre o estado de implementa- ção de KMC nos três países; visitas a uma seleção de estabelecimentos de saúde com implementação KMC; e dados de entrevistas e reuniões com informantes cha- ve. A implantação de serviços KMC nos três países em estabelecimentos individuais começou muitos anos an- tes da priorização para sua intensificação. Três maiores temas foram identificados: estabelecimentos pioneiros; padrões de conhecimento KMC e disseminação de ha- bilidades; e implantação e expansão de serviços KMC em relação a tendências globais e políticas nacionais. Estabelecimentos pioneiros com KMC foram introdu- zidos nos anos 90 e estabeleceram-se práticas em alguns hospitais universitários ou terciários, sem posterior di- fusão. Um método de treinamento benéfico para o es- tabelecimento inicial de serviços KMC em um país foi enviar profissionais de saúde institucionais para apren- der fora do país, notavelmente na Colômbia. Após um efeito cascata dentro do país o KMC foi integrado nos programas obstétricos e de recém-nascidos. A implan- tação desigual e a expansão de serviços KMC ocorre- ram em três fases alinhadas com as tendências mundiais do período: a fase pioneira com campeões individuais onde o foco foi a sobrevivência infantil (1998-2006); a fase do cuidado ao recém-nascido (2007-2012); e a atu- al fase onde pequenos bebês são também incluídos em planos de ação. Este artigo ilustra as complexidades de implementar uma nova intervenção de assistência mé- dica. Embora o cuidado do prematuro esteja atualmen- te no centro das atenções, estratégias de intensificação de KMC claras e planejadas orientadas aos países com planos operacionais e orçamentos foram essenciais para um êxito. Vesel L, Bergh AM, Kerber KJ, et al; KMC Resear- ch Acceleration Group, Kangaroo Mother care: a multi-country analysis of health system bottlene- cks and potential solutions. BMC Pregnancy Chil- dbirth 2015;15 Suppl 2:S5 Nascimentos prematuros contribuem significantemen- te para as mortes de crianças abaixo dos cinco anos em todo mundo. A maioria das mortes neonatais es- tão acontecendo nos países de baixa e média renda, principalmente na África Subsaariana e o Ásia do Sul. Cuidado mãe Canguru, o qual envolve um contato pe- le-a-pele contínuo, apoio à amamentação e alta hospi- talar precoce com apoio posterior, é uma intervenção de baixo custo e efetiva para prevenir a mortalidade em recém-nascidos prematuros. Contudo, a implanta- ção dessa simples intervenção em uma escala nacional é lenta. Um estudo multicêntrico sobre obstáculos dos sistemas de saúde e possíveis soluções em 12 países da África e Ásia com programas KMC contínuos mos- trou as dificuldades que afetam a implementação do KMC. Com o uso de métodos quantitativos e quali- tativos, o estudo encontrou obstáculos de importância na grande maioria em países asiáticos em comparação com países africanos. Alguns dos principais obstáculos revelados foram: a questão da liderança e governan- ça como a falta de diretrizes; a falta de financiamento adequado da saúde; a escassez e fraco treinamento da força de trabalho da saúde; a falta de espaço adequado para a performance e o monitoramento de KMC e os serviços de transportes nos estabelecimentos de assis- tência médica; dados limitados sobre bebês de baixo peso e a falta de dados de cobertura de KMC nos sis- tema de informação de saúde existentes; e a fraca ade- rência da comunidade devido às práticas tradicionais e crenças culturais. Pesquisadores têm providenciado soluções apropriadas para solucionar os obstáculos identificados.
  • 10. ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 201710 Bergh AM, Kerber K, Abwao S, et al. Implemen- ting facility-based Kangaroo mother care services: lessons from a multi-country study in Africa. BMC Health Serv Res 2014;14:293. Em vários países, particularmente na África e Ásia, o Ministério da Saúde tem colaborado com o desenvolvi- mento de parceiros para implementar KMC nos esta- belecimentos de cuidados à saúde. Entretanto, a abor- dagem e resultados para implementar KMC varia de país para país. Uma pesquisa transversal de métodos mesclados com componentes quantitativos e qualitati- vos avaliou a implementação do programa KMC em quatro países africanos: Malawi, Mali, Ruanda e Ugan- da. Nesses países, 95% dos estabelecimentos de saúde avaliados mostraram alguma presença de KMC. Fato- res importantes identificados na implementação foram: treinamento e orientação; supervisão e apoio; integra- ção de KMC na melhoria da qualidade; continuidade do cuidado; alto nível de aceitação e apoio para a imple- mentação de KMC; e cuidado voltado ao cliente. Exis- tiam diversos fatores facilitadores e desafios entre todos os fatores mencionados acima. Os fatores facilitadores foram: inclusão do KMC nos currículos e no treinamen- to em serviço; intervenções orientadas ao projeto trazen- do recursos adicionais para supervisão; uso de registro KMC e a inclusão em encontros de revisão de morta- lidade e morbidade para integrar KMC na melhoria de qualidade; inclusão do KMC no cuidado perinatal e serviços posteriores adequados para fornecer a con- tinuidade do cuidado além do estabelecimento; apoio institucional e governamental através de uma política nacional para KMC; diretrizes e experiências exitosas quanto ao KMC em diferentes níveis no sistema de saú- de; e cuidado orientado ao cliente através da promoção de cuidadores para a mãe e o bebê. Os desafios foram: falta de relatórios padronizados sobre KMC; KMC não incluso no cuidado perinatal e fraca avaliação posterior de bebês cangurus; pequena implantação em serviços materno-infantis e crenças culturais impedindo uma prática ótima de KMC. Smith ER, Bergelson I, Constantian S, et al. Bar- riers and enablers of health systems adoption of kangaroo mother care: a systematic review of ca- regiver perspectives. BMC Pediatr 2017; 17:35. Esta revisão sistemática procurou observar as dificulda- des e facilidades para a implantação do KMC do ponto de vista dos “cuidadores”; foram identificados 2875 re- sumos dos quais 98 foram incluídos na análise. Um terço dos estudos foram das Américas, cerca de um quarto de países africanos, o restante da Europa, Ásia, Mediterrâ- neo e Pacífico Ocidental. Os pesquisadores identifica- ram quatro áreas de interação entre os cuidadores e a intervenção KMC: aceitação e consolidação, apoio so- cial, tempo e preocupações médicas. O investimento no bebê e o vínculo foram menos aceitos quando os traba- lhadores de saúde falharam em explicar completamente a intervenção e os pais sentiram que isso foi forçado a eles, alguns se sentiram desconfortáveis, outros sentiram medo e estigma em ter um bebê prematuro. Houve in- vestimento positivo quando os pais sentiram que o KMC “acalmou” seus bebês. Eles observaram que seus bebês dormiam mais durante o pele-a-pele e descreveram seus bebês menos ansiosos e com mais vontade de amamen- tar e mais felizes que quando em uma incubadora. As mães sentiram-se mais úteis e à vontade em ter seus be- bês perto. A falta de suporte social das famílias, comu- nidades ou funcionários do hospital foi uma barreira à aceitação do KMC, enquanto o apoio ao cuidado da criança do esposo, da família e da comunidade aumen- taram a prática. Onde os papéis de gênero foram mais iguais houve maior aceitação do KMC. Apoio de pares e funcionários bem treinados aumentou a implantação do KMC em hospitais. O tempo recomendado de segui- mento de ao menos duas semanas após o nascimento foi também uma barreira para alguns, especialmente se a mãe estava deprimida, sozinha ou passou por uma ce- sariana; para outras, o trajeto de casa para o hospital e para alguns a carga de trabalho em casa depois da alta também foram barreiras. Onde os pais tiveram horas de visitas ilimitadas e tiveram livre acesso aos seus bebês, a implantação foi melhor. Preocupações médicas foram também uma barreira de prática de KMC especialmen- te se a mãe tivesse complicações clínicas, dor ou tivesse passado por uma cesariana. Quando mães praticaram KMC elas sentiram que isso aliviou seus estresses pós- -parto. Como conclusão os pesquisadores recomenda- ram a promoção e integração em sistemas de assistência à saúde, contextos sociais e familiares como “facilitado- res” - identificados como necessários para uma adoção de KMC bem sucedido.
  • 11. ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 2017 11 A IBFAN... ...Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (International Baby Food Action Network) é uma rede formada por mais de 270 grupos de ativistas espalhados por cerca de 170 países, e que desde 1979 tem trabalhado o tema da alimentação infantil sob a perspectiva dos direitos humanos, tendo como uma de suas metas contribuir para a discussão das responsabilidades de cada uma das partes da sociedade. Entendemos que políticas públicas adequadas e dispositivos legais podem favorecer o alcance ao direito humano à alimentação segura e adequada. Quando se trata de crianças de primeira infância sabemos que somente o leite materno preenche os requisitos de segu- rança alimentar e nutricional sendo o alimento ideal, completo e inigualável nos seis primeiros meses de vida e continuado com alimentos complementares adequados até o segundo ano de vida ou mais. É nesse sentido que a IBFAN atua: para sensibilizar as autoridades quanto à implementação do Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno e das Resoluções da Assembleia Mundial de Saúde a ele relacionadas. No Brasil, a REDE IBFAN foi fundada em 1983 e está presente em diversas cidades espalhadas por vários Estados, e também tem trabalhado permanentemente como cola- boradora da política nacional de aleitamento materno, desenvolvendo projetos de asses- soria e de avaliação de programas como a Iniciativa Hospital Amigo da Criança, Rede de Bancos de Leite Humano, Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, Mãe Trabalha- dora que Amamenta. Em especial, tem participado de todo o processo de elaboração da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras e promove um monitoramento anual voluntário pelos membros desde 1988, conhecendo, portanto, as forças conflitantes que interferem nesse tema da proteção legal do aleitamento materno contra o marketing não ético de seus produtos substitutos. Considerando que é um trabalho PRIMORDIAL para o desenvolvimento de cidadãos sadios, colabore você também para esta causa, doando qualquer quantia. A continui- dade de nosso trabalho depende muito da sua colaboração. As crianças e as mães agradecem! Coordenação Nacional IBFAN BRASIL – CNPJ 02.949.340/0001-99 Banco Bradesco (237) | Agência: 3034 | Conta corrente: 11.948-2
  • 12. ATUALIDADES EM AMAMENTAÇÃO – Nº58, 201712 Publicação da International Baby Food Action Network (IBFAN) Editor convidado: Adriano Cattaneo. Equipe editorial: Adriano Cattaneo, JP Dadhich, Marina F. Rea, Elizabeth Sterken Agradecimento especial a Bob Peck. Tradução ao português: Claudia Gondim da Silva, Cintia Ribeiro Santos e Cleia Costa Barbosa | Revisão: Marina F. Rea. Diagramação: Ana Basaglia e Cássia Souto Copias dos números 1-43 de Breastfeeding Briefs serão mandadas a pedido a GIFA, Ge- nebra, Suíça. e-mail info@gifa.org. Copias a partir do No. 44 são disponíveis online apenas (www.ibfan.org). Alguns números também disponíveis em Espanhol, Frances, Italiano, Português e outros idiomas. Esta cópia está disponível em www.ibfan.org.br PENSE UM POUCO: ALGUEM ESTÁ DECIDINDO POR VOCÊ? A IBFAN Brasil não recebe apoio financeiro, material ou doações de pessoas físicas ou jurídicas que produzem ou distri- buam alimentos e produtos para nutrizes, lactentes e crianças de primeira infância, leites, chupetas, mamadeiras e bicos, da indústria farmacêutica, de armamento, de bebidas alcoólicas, de tabaco, pesticidas químicos, que contratem mão de obra infantil, que utilizem trabalho escravo, que discriminem mulheres, minorias ou que violem os direitos humanos. Não se aceitam relações com empresas com conflitos de interesses.