O documento fornece instruções sobre a redação dissertativo-argumentativa para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Ele explica que esse gênero textual exige que o estudante construa e defenda seu ponto de vista com argumentos. Também fornece instruções sobre como preencher a folha de redação e situações que resultam em nota zero. Por fim, lista os passos a seguir para desenvolver uma boa redação.
2. GÊNERO DISSERTATIVO-
ARGUMENTATIVO
Esse gênero textual exige que o estudante
construa e defenda seu ponto de vista,
proponha uma tese inicial e apresente
argumentos que comprovem o seu principal
ponto de vista na sobre o tema proposto na
redação.
4. INSTRUÇÕES PARA O DIA DA
PROVA
- O rascunho da redação deve ser feito no
espaço apropriado.
- O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na
folha própria, em até 30 linhas.
- A redação que apresentar cópia dos textos da
Proposta de Redação ou do Caderno de
Questões terá número de linhas copiadas
desconsiderado para efeito de correção.
5. SITUAÇÕES EM QUE A REDAÇÃO
RECEBE ZERO
- Tiver até 7 linhas escritas, sendo considerada
“insuficiente”;
- Não atender ao gênero dissertativo-
argumentativo;
- Apresentar proposta de intervenção que
desrespeite os direitos humanos;
- Apresentar parte do texto deliberadamente
desconectada com o tema proposto;
6. PASSOS A SEGUIR:
1 – Leia com atenção o tema – interprete a ideia central
presente;
2 – Leia os textos motivadores, verifique o sentido que
eles tem com o tema. (Eles são apenas motivadores, não
são exatamente o tema da redação);
3 – Planeje a redação:
a. Crie a tese a partir da interpretação feita;
b. Levante argumentos, fatos, opiniões, dados e
informações;
c. Analise a partir dos dados, possíveis formas de
intervenção do problema;
7. PARA COMEÇAR:
Faça uma pergunta ao tema. Isso propicia
reflexões acerca do que se vai escrever. Exemplos:
ENEM 2009 (cancelada) – Valorização do idoso
Por que é importante a valorização do idoso?
ENEM 2010 – O trabalho na construção da
dignidade humana
De que forma o trabalho participa na construção
da dignidade humana?
8. REDAÇÃO 1 – ENEM
2013EFEITOS DA IMPLANTAÇÃO DA LEI SECA
NO BRASIL
9. Sem álcool
Ao se falar em momento de diversão é
impossível para muitas pessoas desvincular a
imagem de boas risadas de uma lata de cerveja ou
um copo de caipirinha. Um churrasco na casa de
amigos não é verdadeiramente um churrasco se
não for acompanhado por algumas tulipas de
chope. E como “homem que é homem não se deixa
derrubar por um pouco de cerveja”, lá se vão os
casais, famílias e grupos de conhecidos sendo
guiados por aqueles que não admitem que
ninguém encoste em seus preciosos carros.
TESE
Define que a
abordagem
será cultural e
comportament
al.
INTRODUÇÃO
1º
PARÁGRAFO
10. A lei seca, ao entrar em vigor, foi um exemplo
de rigor e motivo de orgulho. Policiais munidos de
bafômetros por todas as partes, motoristas que se
preocupavam até mesmo com o fato de seu
enxaguante bucal ter álcool em sua fórmula ou
não. As ruas ficaram mais seguras, menos pessoas
morreram e os taxistas – diga-se de passagem –
ficaram eternamente gratos pela lei.
2º
PARÁGRAFO
3º
PARÁGRAFO
E fora das ruas a campanha de conscientização
também teve lugar, apresentando-se de forma
bem-humorada ou mostrando as possíveis
consequências sangrentas da imprudência.
Uma breve
retrospecti
va de lei
antecipa o
contrapont
o.
RETROSPECTIVA
11. 4º
PARÁGRAFO
Mas depois de poucos meses o rigor não era
mais tão grande e encontrar motoristas exalando
álcool por todos os seus poros também não era
mais tão difícil. O número de pessoas conscientes
dos riscos aos quais estavam se expondo
aumentou significativamente, porém, ainda há
aqueles que confiam em sua sorte.
O conectivo
adversativo
mas
introduz o
argumento.
CONECTIVO
12. Para que todo o esforço feito não seja
perdido é imprescindível que a fiscalização –
tanto policial quanto das pessoas físicas –
continue, assim como é importante mostrar
às crianças que carros e álcool só podem
estar juntos se o último estiver na forma de
combustível. Assim, são criados futuros
adultos responsáveis e atuais fiscalizadores
mirins, tão ou mais eficazes do que pontos
na carteira e um bolso menos cheio.
5º
PARÁGRAFO
Traz uma
proposta
de
intervenção
social
coerente e
adequada
ao tema.
CONCLUSÃO
13. Sem álcool
Ao se falar em momento de diversão
é impossível para muitas pessoas
desvincular a imagem de boas risadas de
uma lata de cerveja ou um copo de
caipirinha. Um churrasco na casa de
amigos não é verdadeiramente um
churrasco se não for acompanhado por
algumas tulipas de chope. E como “homem
que é homem não se deixa derrubar por
um pouco de cerveja”, lá se vão os casais,
famílias e grupos de conhecidos sendo
guiados por aqueles que não admitem que
ninguém encoste em seus preciosos
carros.
A lei seca, ao entrar em vigor, foi um
exemplo de rigor e motivo de orgulho.
Policiais munidos de bafômetros por todas
as partes, motoristas que se preocupavam
até mesmo com o fato de seu enxaguante
bucal ter álcool em sua fórmula ou não. As
ruas ficaram mais seguras, menos pessoas
morreram e os taxistas – diga-se de
passagem – ficaram eternamente gratos
pela lei.
E fora das ruas a campanha de
conscientização também teve lugar,
apresentando-se de forma bem-humorada
ou mostrando as possíveis consequências
sangrentas da imprudência.
Mas depois de poucos meses o rigor
não era mais tão grande e encontrar
motoristas exalando álcool por todos os
seus poros também não era mais tão
difícil. O número de pessoas conscientes
dos riscos aos quais estavam se expondo
aumentou significativamente, porém, ainda
há aqueles que confiam em sua sorte.
Para que todo o esforço feito não seja
perdido é imprescindível que a fiscalização
– tanto policial quanto das pessoas físicas
– continue, assim como é importante
mostrar às crianças que carros e álcool só
podem estar juntos se o último estiver na
forma de combustível. Assim, são criados
futuros adultos responsáveis e atuais
fiscalizadores mirins, tão ou mais eficazes
do que pontos na carteira e um bolso
menos cheio.
14. ANÁLISE – EXCELENTE
DESEMPENHO
O Enem estabelece uma banca corretora de, no
mínimo, 2 corretores. A redação Sem álcool recebeu de
um avaliador o total de 1000 pontos, e de outro, 960.
Além do texto conter todas as orientações escolares
de clareza e adequação vocabular, objetividade,
perspectiva crítica, construção de um ponto de vista
nítido e coerência argumentativa, o texto contém um uso
da uma linguagem mais simples, que garantiu a fluidez
da leitura.
15. DESENVOLVIMENTO
TEXTUALA autora abre sua dissertação estabelecendo claramente para o
leitor que sua abordagem do tema se dará a partir de uma abordagem
cultural, e cita claramente os elementos do tema proposto.
O segundo e o terceiro parágrafos retornaram ao tema, e preparam
para o desenvolvimento de um contraponto.
O conectivo de introdução no quarto parágrafo, “mas”, concretizou o
ponto de vista e introduziu o contundente contraponto que o
sustentou: mesmo com o aumento da conscientização, alguns insistem
nas práticas combatidas pelas campanhas espalhadas pelo país.
A conclusão ofereceu uma proposta de intervenção social coerente e
adequada ao tema, ao ponto de vista apresentado e à argumentação
desenvolvida. Apesar de ter projetado qualquer mudança efetiva
apenas para o futuro, a ação apresentada – a educação sistemática das
novas gerações – vislumbrou o tempo presente.
16. Demonstrar
domínio da
modalidade
escrita formal
da língua
portuguesa.
Compreender a
proposta de
redação e
aplicar
conceitos das
varias áreas de
conhecimento
para
desenvolver o
tema, dentro
dos limites
estruturais do
texto
dissertativo
argumentativo
em prosa.
Selecionar,
relacionar,
organizar e
interpretar
informações,
fatos, opiniões
e argumentos
em defesa de
um ponto de
vista.
Demonstrar
conhecimento
dos
mecanismos
linguísticos
necessários
para a
construção de
argumentação.
Elaborar
proposta de
intervenção
para o
problema
abordado,
respeitando os
direitos
humanos.NOTA: 200
(100%)
NOTA: 200
(100%)
NOTA: 200
(100%)
NOTA: 200
(100%)
NOTA: 180 (90%)
COMPETÊNCIA 1
COMPETÊNCIA 2
COMPETÊNCIA 3
COMPETÊNCIA 4
COMPETÊNCIA 5
17. REDAÇÃO 2 – UNESP
2014CORRUPÇÃO NO CONGRESSO
NACIONAL: REFLEXO DA SOCIEDADE
BRASILEIRA?
18. A sociedade brasileira é marcada por uma constante troca
de favores, por uma necessidade de obter vantagens que
corrompe desde as camadas sociais mais baixas às mais
elevadas. Assim descreveu Manuel Antônio de Almeida em
seu “Memórias de um Sargento de Milícias”, publicado no
século XIX. Seu diagnóstico, entretanto, continua válido para a
sociedade atual: num momento em que escândalos de
corrupção ganham destaque na mídia, torna-se nítido que a
corrupção manifesta nos mais diversos níveis da vida do
brasileiro, no público e no privado, sendo os esquemas de
corrupção no Congresso Nacional apenas a mais evidente das
manifestações.
RECURSO
EXCELENTE: A
intertextualida
de é bastante
interessante
quando o texto
citado se
encaixa no
contexto da
redação. E o
livro é um
cânone da
literatura
brasileira.
NORMA PADRÃO: prefira o uso formal:
em um.
1º
PARÁGRAFO
Sobre a corrupção no Congresso e nas
relações sociais
19. O Brasil teve suas estruturas burocráticas e jurídicas
organizadas sempre de forma a atender, ao longo da
história do país, aos interesses de um grupo restrito, de
uma elite que nunca hesita em utilizar-se de estratégias
espúrias para se manter no poder. Torne-se como exemplo
a chamada “politica de governadores”, que marcou a
República Oligárquica e que consiste num “toma lá – dá cá”
entre governadores e presidente, confirmando o
diagnóstico de Manuel Antônio de Almeida em relação à
onipresença de troca de favores na sociedade brasileira. Por
um lado, esse histórico cristaliza uma tradição na qual tudo
é válido para manter-se no poder, tornando a corrupção
entre autoridades algo corriqueiro; por outro, fez surgir,
entre muitos que estavam e estão distanciados do poder, a
convicção de que é impossível ascender social e
2º
PARÁGRAFO
20. 3º
PARÁGRAFO
Portanto, a corrupção que mancha a imagem dos políticos
brasileiros hoje – e que torna o povo ainda mais convicto de que é
natural que a honestidade seja exceção em quaisquer relações –
tem as mesmas raízes que as pequenas infrações cometidas no
dia a dia e que caracterizam o chamado “jeitinho brasileiro”. Essas
infrações derivam de um pensamento incrustado na mentalidade
coletiva dos brasileiros, segundo o qual pequenos desvios são
essenciais para obter vantagens em determinadas situações, e de
que esses desvios são desprezíveis e não terão grandes
consequências. É esse tipo de pensamento que faz com que a
politica seja vista acima de tudo como um meio para obter
benefícios próprios em detrimento dos interesses coletivos.
BOA
SUBSTITUIÇÃ
O: O uso de
parênteses é
inapropriado
em uma
dissertação.
O autor fez
ótimo uso
dos
travessões.
21. Desconstruir esse pensamento é eliminar a
legitimidade que a corrupção adquire através da
generalização desses pequenos desvios
cotidianos. A melhor forma de fazê-lo é realizar
uma revolução silenciosa nas casas e nas escolas,
de modo que, num futuro próximo, a
desonestidade seja vista como exceção – e não o
contrário.
4º
PARÁGRAFO
CUIDADO
AO
CONCLUIR:
A regra
geral é: se
a proposta
não pede
solução,
evite
apresenta-
la.
22. Sobre a corrupção no Congresso e nas relações
sociais
A sociedade brasileira é marcada por uma
constante troca de favores, por uma necessidade
de obter vantagens que corrompe desde as
camadas sociais mais baixas às elevadas. Assim
descreveu Manuel Antônio de Almeida em seu
“Memórias de um Sargento de Milícias”,
publicado no século XIX. Seu diagnóstico,
entretanto, continua válido para a sociedade
atual: num momento em que escândalos de
corrupção ganham destaque na mídia, torna-se
nítido que a corrupção manifesta nos mais
diversos níveis da vida do brasileiro, no público
e no privado, sendo os esquemas de corrupção
no Congresso Nacional apenas a mais evidente
das manifestações.
O Brasil teve suas estruturas burocráticas e
jurídicas organizadas sempre de forma a
atender, ao longo da história do país, aos
interesses de um grupo restrito, de uma elite
que nunca hesita em utilizar-se de estratégias
espúrias para se manter no poder. Torne-se
como exemplo a chamada “politica de
governadores”, que marcou a República
Oligárquica e que consiste num “toma lá – dá cá”
entre governadores e presidente, confirmando o
Por um lado, esse histórico cristaliza uma
tradição na qual tudo é válido para manter-se no
poder, tornando a corrupção entre autoridades
algo corriqueiro; por outro, fez surgir, entre
muitos que estavam e estão distanciados do
poder, a convicção de que é impossível ascender
social e economicamente sem optar por meios
escusos.
Portanto, a corrupção que mancha a
imagem dos políticos brasileiros hoje – e que
torna o povo ainda mais convicto de que é
natural que a honestidade seja exceção em
quaisquer relações – tem as mesmas raízes que
as pequenas infrações cometidas no dia a dia e
que caracterizam o chamado “jeitinho brasileiro”.
Essas infrações derivam de um pensamento
incrustado na mentalidade coletiva dos
brasileiros, segundo o qual pequenos desvios
são essenciais para obter vantagens em
determinadas situações, e de que esses desvios
são desprezíveis e não terão grandes
consequências. É esse tipo de pensamento que
faz com que a politica seja vista acima de tudo
como um meio para obter benefícios próprios
em detrimento dos interesses coletivos.
Desconstruir esse pensamento é eliminar a
legitimidade que a corrupção adquire através da
generalização desses pequenos desvios
cotidianos. A melhor forma de fazê-lo é realizar
uma revolução silenciosa nas casas e nas
escolas, de modo que, num futuro próximo, a
desonestidade seja vista como exceção – e não o
contrário.
23. ANÁLISE – BOA ARGUMENTAÇÃO E ESCRITA DE
QUALIDADESim, a corrupção no Congresso Nacional é reflexo da sociedade
brasileira; mas essa realidade que fez parte do passado brasileiro e é
evidente em nosso presente não precisa ser a base de nosso futuro –
essa é a abordagem dessa redação feita para o vestibular da Unesp de
2014.
Aproveitando bem a proposta, o candidato soube montar um
panorama da população brasileira, acostumada com a troca de favores e
a busca de privilégios. O autor divide a sociedade em duas partes, uma
elite que sempre se beneficiou de sua posição para ter vantagens e os
menos abastados, que assistem à situação, ou acabam fazendo parte do
jogo escuso, a fim de ter privilégios também, e deixar sua posição
subalterna. Esse panorama é apresentado como uma constante na
historia nacional.
Pode-se observar que, de acordo com os argumentos apresentados,
a politica, por representar a instância máxima do poder, seria não só o
reflexo dos desvios da sociedade, mas o caminho natural daqueles que
24. BOA
ESTRUTURAÇÃOVale a pena ressaltar que a construção da argumentação na redação é bem
realizada. Do paralelo com Memorias de um Sargento de Milícias à exemplificação
da conduta durante a República Oligárquica, o desenvolvimento trabalha para
confirmar a visão apresentada pelo candidato em sua tese. No primeiro paragrafo,
ele apresenta sua tese, respondendo à pergunta formulada e preparando o leitor
para o desenvolvimento da argumentação: a corrupção no Congresso é apenas a
mais evidente. A partir daí, desenvolvo uma boa paragrafação, enriquecida por um
vocabulário sofisticado e preciso, boa construção de períodos e uso ótimo e
seguro de pontuação: vírgulas, travessões, dois-pontos e aspas bem empregados
segundo a norma-padrão.
Note que, no terceiro parágrafo, a conjunção “portanto” introduz o leitor para
o sentido conclusivo do que vai ler. Esse bloco conclui a defesa da tese que o
candidato afirma no início, e a redação poderia ter terminado aí, sem prejuízo
para a argumentação e para a boa avaliação do autor. Isso porque uma das
orientações que se dá aos candidatos é de que não apresente uma solução.
Porém, nesse caso, o candidato fez isso com competência, apontando para uma
possibilidade de mudança. A conclusão traz uma proposta de intervenção social,
para que a desonestidade deixe de ser vista como parte inerente de nosso