1. COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS
Docentes:
Luiz Carlos Costa; Carleno Costa & Luigi Carlo Costa
Discente: Meyson Santos Silva | Turma: Medicina – 2018
Maraba-PA
2022
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ - UEPA
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS
CAMPUS VIII – MARABÁ
MEDICINA
INTERNATO
ESTÁGIO EM CIRURGIA GERAL
2. INTRODUÇÃO
O paciente psicologicamente bem adaptado, cujos sistemas
orgânicos principais funcionam segundo suas
necessidades, com nutrição, balanços hidreletrolítico e
ácido-básico normais, geralmente tolera uma intervenção
cirúrgica.
As ordens médicas no pós-operatório seguem linhas gerais.
Verificam-se rotineiramente: o estado de consciência, as
condições de hidratação e balanço hídrico, o estado das
condições de ventilação e oxigenação, das condições
hemodinâmicas, observam-se o estado das cicatrizes
cirúrgicas e o funcionamento de drenos, sondas e cateteres.
3. INTRODUÇÃO
Durante a recuperação anestésica é dedicado cuidado
especial ao estado hemodinâmico e às condições
ventilatórias.
O reinício da movimentação deve ser precoce, contudo
depende do tipo e da extensão da cirurgia
Apesar da perícia técnica e da evolução da doença
pós-operatória, todas as operações apresentam um
risco para complicação.
4. TEMPO DE COMPLICAÇÕES
Em relação ao fator tempo, as complicações são divididas
em imediatas, mediatas ou tardias:
São imediatas ou precoces as complicações que surgem
nas primeiras 24 horas
Mediatas até o sétimo dia
Tardias as que acontecem depois da retirada de pontos e
de alta hospitalar definitiva
A freqüência de complicações cirúrgicas é proporcional à
afecção clínica associada, tipo de anestesia, além do grau
de injúria e os cuidados pós-operatórios.
5. TIPOS DE COMPLICAÇÕES
Complicação Geral: É aquela que pode acontecer a todo
operado e em qualquer setor do organismo. Exemplo
universal é representado pela hemorragia.
Quanto aos sistemas orgânicos básicos: passíveis de
descompensação no período pós-operatório, as
complicações surgem nos sistemas: respiratório,
cardiovascular, urinário, digestório e hepatobiliar.
Complicação Especial: É aquela que afeta um
determinado grupo de pessoas portadoras de uma afecção
clínica pré-existente
Complicações Específicas: São aquelas inerentes ao
órgão operado.
6. PONTOS CHAVES NO PÓS OPEATORIO
Na evolução pós-operatória três problemas devem ser
debelados:
1. Combate ao jejum prolongado por uma judiciosa
reposição tanto hidroeletrolítica quanto calórica.
2. Combate à dor, elegendo mais um analgésico que um
narcótico, este capaz de aumentar a incidência de
complicações graves.
3. Combate à infecção através de antibioticoterapia
7. PROBLEMAS DIVERSOS
Problemas diversos são constituídos por sintomas ou sinais
isolados que identificam ou representam o início de uma
síndrome clínica pós-operatória. São eles:
Dor: A ferida cirúrgica não é espontaneamente dolorosa
após 48 horas do ato cirúrgico. Quando o paciente se
queixa de dor é judicioso acreditar nele. A dor é subjetiva e
o seu limiar é imensurável. É importante um cuidadoso
exame, antes de medicá-lo com analgésicos
Cefaléia: É a mais freqüente complicação de uma
raquianestesia. Excluídos outros fatores etiológicos, deve
ser feita generosa reposição volêmica e endovenosa
8. PROBLEMAS DIVERSOS
Pirose: Secundária ao refluxo gastroesofágico ácido ou
alcalino, muito relacionada à presença de cateter
nasogástrico nas primeiras horas de pós-operatório.
Soluço: Desagradável complicação cirúrgica determinada
por irritação frênica, pequena quantidade de CO2 ou
acidose respiratória.
Dispnéia: De imediato pensar na possibilidade de
pneumopatia aguda ou no ínício de uma complicação
cardíaca.
Oligúria: O débito urinário na faixa de 30 a 50 ml por hora,
com densidade satisfatória, constitui importante evidência
de funções cardiovascular e renal satisfatórias.
9. COMPLICAÇÕES MECÂNICAS
As complicações mecânicas são definidas como as que ocorrem
como resultado direto de uma falha técnica de um procedimento
ou cirurgia.
Hematoma
O hematoma da ferida operatória, uma coleção de sangue ou
coágulo na ferida, é uma complicação comum e geralmente é
causado por hemostasia inadequada. O tratamento, na maioria
dos casos, consiste em retirada do coágulo em condições
estereis, ligadura de vasos hemorragicos e novo fechamento da
ferida.
Hemoperitônio
A hemorragia é a causa mais comum de choque nas primeiras 24
horas após cirurgia abdominal. O hemoperitônio - uma
complicação de rápida evolução pós-operatória, potencialmente
fatal - e geralmente o resultado de um problema técnico com a
10. COMPLICAÇÕES MECÂNICAS
As infusões para expandir o volume intravascular devem ser
iniciadas tao logo outras doenças tenham sido descartadas.
Se a hipotensão ou outros sinais de hipovolemia persistirem, o
paciente deve ser submetido imediatamente a uma nova cirurgia.
Na cirurgia, o sangramento deve ser interrompido, os coágulos,
retirados e a cavidade peritoneal, lavada com solução fisiológica.
Seroma
Um seroma é uma coleção liquida na ferida operatória que não
seja pus ou sangue. Muitas vezes, os seromas acompanham
cirurgias que envolvem elevação de retalhos de pele e transecção
de vários canais linfáticos (p. ex., mastectomia, cirurgias na região
inguinal).
Feridas operatórias abertas com extravasamentos linfáticos
persistentes podem ser tratadas com dispositivos de aspiração a
vácuo de feridas.
11. COMPLICAÇÕES MECÂNICAS
Deiscência da ferida operatória
A deiscência da ferida operatória e a interrupção parcial ou total
de uma ou todas as camadas da ferida operatória. A ruptura de
todas as camadas da parede abdominal e a extrusão de vísceras
abdominais é chamada de evisceração.
A deiscência da ferida operatória ocorre em 1 a 3% dos
procedimentos cirúrgicos abdominais. Fatores sistêmicos e locais
contribuem para o desenvolvimento dessa complicação.
Fatores de risco sistêmicos
A deiscência após laparotomia é rara em pacientes com menos de
30 anos, mas afeta cerca de 5% dos pacientes com mais de 60
anos.
13. COMPLICAÇÕES MECÂNICAS
Fatores de risco locais
Os três fatores predisponentes locais mais importantes para
deiscência da ferida operatória são o fechamento
inadequado, o aumento da pressão intra-abdominal e a
cicatrização deficiente das feridas.
1. Fechamento É o fator mais importante. As camadas
fasciais conferem força a um fechamento, e, quando a
fascia é rompida, a ferida operatória se abre.
2. Pressão intra-abdominal - Após a maioria das cirurgias
intra-abdominais, existe algum grau de ileo, o que pode
aumentar a pressão, causando distensão intestinal.
14. COMPLICAÇÕES MECÂNICAS
3. Má cicatrização da ferida operatória - A infecção é
um fator associado em mais da metade das feridas
operatórias que se rompem. A presença de drenos,
seromas e hematomas tambem retarda a cicatrização.
Diagnóstico e tratamento
Embora a deiscência da ferida operatória possa
ocorrer em qualquer momento após o fechamento da
ferida, ela é mais comumente observada entre o quinto
e o oitavo dia de pós-operatório, quando a força da
ferida é menor.
15. COMPLICAÇÕES MECÂNICAS
A deiscência da ferida operatória sem evisceração deve ser
tratada por meio de nova sutura imediata eletiva da incisão. Se
uma ruptura parcial for estável e o paciente apresentar grande
risco cirúrgico, o tratamento pode ser adiado e o surgimento de
uma hérnia incisional resultante é aceitável.
Quando a deiscência parcial é descoberta durante o tratamento
de infecção da ferida, a reparação deverá ser adiada, se possível
até que a infecção tenha sido controlada, a ferida tenha
cicatrizado e tenham se passado pelo menos 6 a 7 meses.
Nesses casos, antibióticos específicos para os microrganismos
isolados a partir da infecção anterior de ferida operatória devem
ser administrados no momento da reparação de hérnia.
17. COMPLICAÇÕES MECÂNICAS
Fistula Anastomótica
As fistulas anastomóticas são relatadas em l a 24% das anastomoses com
frequencias mais altas em anastomoses pélvicas baixas, em comparação as
mais proximais.
A morbidade e a mortalidade de um paciente com fistula são
significativamente maiores, com relatos de aumento de até três vezes na
mortalidade.
Tratamento
O tratamento de uma fistula depende de vários fatores, incluindo o estado
clínico do paciente, o tempo decorrido desde a cirurgia inicial e a localização
e a gravidade do extravasamento.
As estratégias para o tratamento podem variar de não cirurgicas
(observação, repouso intestinal, antimicrobianos e drenagem percutânea dos
abscessos) a cirurgicas (drenagem aberta, diversão proximal e revisão da
anastomose).
18. COMPLICAÇÕES DE ACESSOS E DRENOS E
RETENÇÃO DE CORPOS ESTRANHOS
Acessos
As complicações decorrentes da colocação e da manutenção de
um catéter central são preveniveis com experiencia, preparação e
técnica adequadas.
A escolha do local, a utilização da ultrassonografia e a adesão
assídua a técnicas estéreis diminuem a infecção e evitam
complicações mecânicas, como pneumotórax e lesão arterial.
Flebite - Uma agulha ou um catéter inserido em uma veia e
deixado no local, com o tempo causa inflamação no local de
entrada.
A remoção do catéter é o tratamento adequado.
Flebite supurativa - A flebite supurativa pode resultar da
presença de trombo infectado em torno do catéter permanente. O
tratamento consiste na excisão da veia afetada, estendendo a
incisão proximal ao primeiro colateral aberto e deixando a ferida
aberta.
19. COMPLICAÇÕES DE ACESSOS E DRENOS E
RETENÇÃO DE CORPOS ESTRANHOS
Complicações cardiopulmonares - O pneumotórax, após a
colocação de catéter central nas veias subclavia ou jugular
interna, ocorre com incidencia de aproximadamente 1%. As
chances de ocorrência podem ser minimizadas por
posicionamento adequado, uso de ultrassonografia e experiencia.
Embolia aérea - Pode ocorrer durante ou após a insenção de
catéter venoso ou como resultado de introdução acidental de ar
para dentro do catéter.
O tratamento de emergência consiste na aspiração do ar com
uma seringa. Se não for bem-sucedido, o paciente deve ser
posicionado com o lado direito para cima e a cabeça para baixo, o
que ira ajudar na retirada do ar do átrio direito e no retorno da
dinâmica circulatória normal.
20. COMPLICAÇÕES DE ACESSOS E DRENOS E
RETENÇÃO DE CORPOS ESTRANHOS
Necrose isquemica dos dedos - Ocasionalmente, a necrose
isquêmica dos dedos ocorre após o uso de cateter na artéria
radial.
Drenos
A drenagem da cavidade peritoneal no pós-operatório é indicada
para evitar o acúmulo de liquidos, como o liquido pancreatico ou
biliar, ou para tratar abscesso ja formado.
Esse risco pode ser menor com a utilização de drenos de Silastic
mais macios, removendo-os o mais breve possível. Os drenos
não devem entrar em contato com anastomoses intestinais, pois
eles podem promover o extravasamento anastomático e a
formação de fistulas.
21. COMPLICAÇÕES DE ACESSOS E DRENOS E
RETENÇÃO DE CORPOS ESTRANHOS
Retenção de corpos estranhos
Estudos com base em dados de queixas hospitalares estimam
que os casos de retenção de objetos, que incluem esponjas e
instrumentos, ocorrem pelo menos uma vez por ano nos hospitais
que realizam 8 mil a 18 mil grandes procedimentos anualmente.
Melhorar a comunicação dentro de sala de cirurgia, contar
formalmente esponjas e instrumentos e utilizar radiografias de
maneira adequada contribuem para minimizar essa complicacão.
23. COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS
Acidentes vasculares encefálicos pós-operatórios
Os acidentes vasculares encefalicos (AVEs) pós-operatórios
quase sempre resultam de dano neural isquêmico devido a má
perfusão.
Eles ocorrem frequentemente em pacientes idosos com
aterosclerose que apresentam hipotensão durante ou após a
cirurgia (por sepse, sangramento, parada cardíaca ou efeitos dos
anestésicos).
Convulsões
Epilepsia, distúrbios metabólicos e medicamentos podem causar
convulsões no pós-operatório.
Por razões desconhecidas, os pacientes com colite ulcerativa e
doença de Crohn são particularmente suscetíveis a convulsões
com perda de consciência após cirurgias.
As convulsões devem ser tratadas rapidamente para minimizar os
efeitos nocivos.
24. COMPLICAÇÕES PSIQUIÁTRICAS
A ansiedade e o medo são normais em pacientes submetidos a
cirurgia. O grau em que essas emoções são vivenciadas depende
de diversas variáveis culturais e psicológicas.
Problemas psiquiátricos especiais
Sindrome da UTI
O estado de vigilia interno continua resultante da dor e do medo e
a privação de sono em função da grande luminosidade, dos
equipamentos de monitoraçao e do ruido continua podem causar
uma desorganizaçao psicologica conhecida coma psicose na UTI.
A prevenção inclui isolamento do ambiente, diminuição dos níveis
de ruído, sono adequado e remoção da UTI assim que passivel.
25. COMPLICAÇÕES PSIQUIÁTRICAS
Delirium pós-cardiotomia
As alterações mentais que ocasionalmente acompanham uma
cirurgia de coração aberto incluem perturbações da memória, da
atenção, da cognição e da percepção e, ocasionalmente, histéria,
reação depressiva e crises de ansiedade.
Sedação leve e medidas para evitar a sindrome da UTI podem
evitar essa complicação.
Em casos mais graves, pode ser necessário haloperidol, em
doses de I a 5 mg administradas por via oral, por via intramuscular
ou por via intravenosa. O haloperidol é preferivel as fenotiazinas
nesses pacientes porque está associado a menor incidência de
efeitos colaterais cardiovasculares.
26. COMPLICAÇÕES PSIQUIÁTRICAS
Delirium tremens
O delirium tremens ocorre em alcoólatras que interrompem a
ingestão de álcool repentinamente.
A hiperventilação e a alcalose metabólica contribuem para o
desenvolvimento da síndrome completa. Os objetivos do
tratamento sao reduzir a agitação e a ansiedade o mais rápido
possível e evitar o desenvolvimento de outras complicações (p.
ex., convulsoes, pneumonia por aspiração).
27. DISFUNÇÃO SEXUAL
Os problemas sexuais ocorrem, geralmente, após alguns tipos de
cirurgias, como a prostatectomia, a cirurgia cardiaca e a
reconstrução da aorta.
A patogenese pode ser decorrente de lesão dos nervos
necessários para a função sexual, embora, em alguns casos, a
etiologia não seja clara.
28. COMPLICAÇÕES CARDÍACAS
COMPLICAÇÕES CARDÍACAS
As complicações cardíacas após a cirurgia podem ser
potencialmente fatais. Sua incidencia é reduzida com preparo pré-
operatório adequado.
Arritmias, angina instável, insuficiência cardíaca ou hipertensão
grave devem ser corrigidas antes da cirurgia, sempre que
possivel. A doença valvar - especialmente a estenose aórtica -
limita a capacidade de o coração responder ao aumento da
demanda durante a cirurgia ou no pós operatório imediato.
29. COMPLICAÇÕES CARDÍACAS
Arritmias
A maioria das arritrnias surge durante a cirurgia ou nos primeiros
3 dias de pós-operatório. Elas apresentam maior probabilidade de
ocorrer após procedimentos torácicos.
Arritmias intraoperatórias
A incidencia global das arritrnias cardíacas no intraoperatório é de
20%; a maioria e autolimiitada.
Arritmias pos-operatórias
Essas arritmias são geralmente relacionadas a fatores reversíveis,
como hipocalernia, hipoxernia, alcalose, intoxicação digital e
estresse, durante o despertar da anestesia.
30. COMPLICAÇÕES CARDÍACAS
Tratamento de arritmias
Se estiverem estáveis hemodinamicamente, devem ter
a frequência cardíaca controlada com digitais, β-
bloqueadores ou bloqueadores do canal de cálcio
Em caso de arritmias ventriculares: O tratamento
imediato é feito com lidocaína, 1 mg/kg por via
intravenosa na forma de bólus , repetida se
necessário, até uma dose total de 250 mg
31. COMPLICAÇÕES CARDÍACAS
Infarto do miocárdio pós-operatório
Aproximadamente 0,4% de todos os pacientes submetidos
a uma cirurgia nos Estados Unidos apresenta infarto do
miocárdio no pós-operatório.
O infarto do miocárdio pós-operatório pode ser precipitado
por fatores como hipotensão ou hipoxemia
Diagnostico:
O diagnóstico é fundamentado por alterações
eletrocardiográficas, níveis elevados de creatinocinase
sérica – especialmente a isoenzima MB – e de troponina I
32. COMPLICAÇÕES CARDÍACAS
Tratamento
Os pacientes com infarto do miocárdio no pós-
operatório devem ser monitorados em UTI e devem
receber oxigenação adequada e reposição
hidreletrolítica precisa.
A anticoagulação, embora nem sempre possível após
uma grande cirurgia, diminui os riscos de
desenvolvimento de trombo mural e embolia arterial
após o infarto do miocárdio.
33. COMPLICAÇÕES PULMONARES
As complicações respiratórias são a causa única mais
comum de morbidade após grandes procedimentos
cirúrgicos e a segunda causa mais comum de morte no pós-
operatório em pacientes com mais de 60 anos.
Atelectasia
A atelectasia, a complicação pulmonar mais comum, afeta
25% dos pacientes submetidos à cirurgia abdominal.
Ela surge mais frequentemente nas primeiras 48 horas após
a cirurgia e é responsável por mais de 90% dos episódios
febris durante esse período.
34. COMPLICAÇÕES PULMONARES
Tratamento
O tratamento consiste na desobstrução da via aérea
por meio de percussão torácica, tosse ou aspiração
nasotraqueal.
Os broncodilatadores e agentes mucolíticos
administrados através de nebulizadores podem ajudar
em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica
grave
35. COMPLICAÇÕES PULMONARES
Aspiração pulmonar
A aspiração de conteúdo gástrico e da orofaringe é normalmente
impedida pelos esfíncteres gastresofágico e faringoesofágico
A aspiração pode ser minimizada por jejum pré-operatório,
posicionamento adequado do paciente e intubação cuidadosa.
Uma dose única de bloqueadores H2Ou inibidores da bomba de
prótons antes da indução da anestesia pode ser importante
quando o risco de aspiração é alto
Tratamento
O tratamento da aspiração traqueobrônquica envolve
restabelecimento da permeabilidade da via aérea, evitando mais
danos ao pulmão.
36. COMPLICAÇÕES PULMONARES
Pneumonia pós-operatória
A pneumonia é a complicação pulmonar mais comum
em pacientes que morrem após a cirurgia.
As defesas do hospedeiro contra a pneumonite
incluem o reflexo da tosse, o sistema mucociliar e a
atividade dos macrófagos alveolares. Após a cirurgia, a
tosse é geralmente fraca e não pode desobstruir
efetivamente a árvore brônquica
37. COMPLICAÇÕES PULMONARES
As manifestações clínicas de pneumonia no pós-operatório
são febre, taquipneia, aumento das secreções e alterações
físicas sugestivas de consolidação pulmonar
Diagnostico
Em geral, a radiografia de tórax mostra consolidação
parenquimatosa localizada.
Tratamento
Consiste em medidas para ajudar na desobstrução de
secreções e na administração de antimicrobianos.
38. COMPLICAÇÕES PULMONARES
Derrame pleural e pneumotórax pós-operatórios
A formação de um pequeno derrame pleural é bastante
comum logo após cirurgias abdominais
Pacientes com líquido peritoneal livre no momento da
cirurgia e com atelectasia no pós-operatório
apresentam maior probabilidade de desenvolver
derrames
Quando o derrame compromete a função respiratória,
ele deve ser drenado com drenagem pleural.
39. COMPLICAÇÕES PULMONARES
Diagnostico e tratamento
O pneumotórax pós-operatório pode acompanhar a
inserção de cateter na veia subclávia ou a ventilação
por pressão positiva, mas, algumas vezes, surge após
uma cirurgia durante a qual a pleura foi atingida
Em geral, o pneumotórax deve ser tratado com
drenagem pleural, dependendo de seu tamanho e
etiologia.
41. COMPLICAÇÕES PULMONARES
Embolia gordurosa
A embolia gordurosa é relativamente comum, mas causa
sintomas em raros casos. Partículas de gordura podem ser
encontradas no leito vascular pulmonar em 90% dos
pacientes que sofreram fraturas de ossos longos ou luxação
de articulações
A síndrome da embolia gordurosa inicia caracteristicamente
12 a 72 horas após a lesão, mas pode ocorrer após vários
dias.
O diagnóstico é clínico.
A insuficiência respiratória deve ser tratada com ventilação
com pressão expiratória final positiva e diuréticos
42. Paciente com historia de queda evoluindo com fratura diafisária em
fêmur. Foi submetido a procedimento de fixação interna. No dia 2 após a
operação, o paciente fica hipóxico e taquicárdico, TC evidenciado
embolia gordura.
43. COMPLICAÇÕES GASTRINTESTINAIS
Alterações da motilidade gastrintestinal
A presença, a força e a direção do peristaltismo normal são
comandadas pelo sistema nervoso entérico
A anestesia e o manejo cirúrgico resultam em diminuição da
atividade de propulsão normal do intestino, ou íleo adinâmico pós-
operatório.
Vários fatores contribuem para o íleo
Podem prolongar sua evolução; eles incluem medicamentos –
especialmente, opioides anormalidades eletrolíticas, processos
inflamatórios, como pancreatite ou peritonite, e dor.
A alimentação deve ser suspensa até a evidência de retorno da
motilidade gastrintestinal normal.
Não há tratamento específico para íleo adinâmico pós-operatório.
44. COMPLICAÇÕES GASTRINTESTINAIS
Dilatação gástrica
A dilatação gástrica, uma complicação potencialmente fatal
e rara, consiste em distensão maciça do estômago por gás
e líquido.
À medida que o estômago cheio de ar aumenta, ele pende
para baixo através do duodeno, produzindo obstrução
mecânica da saída gástrica que contribui ainda mais para o
problema
Quando o problema é reconhecido precocemente, o
tratamento consiste na descompressão gástrica com sonda
nasogástrica
45. COMPLICAÇÕES GASTRINTESTINAIS
Obstrução intestinal
A dificuldade no retorno da função intestinal no pós-
operatório pode resultar de íleo ou obstrução mecânica.
A obstrução mecânica é mais frequentemente causada por
aderências pós-operatória ou hérnia interna
O diagnóstico pode não ser evidente, pois os sintomas são
difíceis de diferenciar dos sintomas de íleo paralítico.
Pode ser utilizado radiografia para avaliação
O tratamento consiste em aspiração nasogástrica por vários
dias e, se a obstrução não resolver espontaneamente,
laparotomia.
47. COMPLICAÇÕES GASTRINTESTINAIS
Impactação fecal pós-operatória
A impactação fecal após procedimentos cirúrgicos é o
resultado de íleo colônico e percepção deficiente de
plenitude retal.
As manifestações clínicas são as de obstrução
intestinal.
O tratamento inclui enemas e purgantes com solução
de eletrólitos com polietilenoglicol
48. COMPLICAÇÕES GASTRINTESTINAIS
Disfunção hepática pós-operatória
A disfunção hepática, variando desde icterícia leve a
insuficiência hepática potencialmente fatal, acompanha
1% dos procedimentos cirúrgicos realizados sob
anestesia geral.
A hiperbilirrubinemia pós-operatória pode ser
classificada como icterícia pré-hepática, insuficiência
hepatocelular e obstrução pós-hepática
49. COMPLICAÇÕES GASTRINTESTINAIS
Icterícia pré-hepática
A icterícia pré-hepática é causada por sobrecarga de bilirrubina,
na maioria das vezes, por hemólise ou reabsorção de he
Insuficiência hepatocelular
A insuficiência hepatocelular, causa mais comum de icterícia pós-
operatória, ocorre em consequência de necrose celular hepática,
inflamação ou grande ressecção hepáticamatomas
Obstrução pós-hepática
A obstrução pós-hepática pode ser causada por lesão cirúrgica
direta das vias biliares, cálculos retidos no ducto colédoco,
tumores obstrutivos do colédoco ou pancreatite.
50. COMPLICAÇÕES GASTRINTESTINAIS
Tratamento
É preciso determinar se um paciente com icterícia pós-
operatória apresenta uma causa corrigível, que
necessite de tratamento.
A função renal deve ser monitorada atentamente, uma
vez que a insuficiência renal pode se desenvolver
nesses pacientes.
O tratamento é, em geral, expectante.
51. COMPLICAÇÕES GASTRINTESTINAIS
Colecistite pós-operatória
A colecistite pós-operatória aguda pode acompanhar
qualquer tipo de cirurgia, mas é mais comum após
procedimentos gastrintestinais
A colecistite pós-operatória difere em vários aspectos
da forma comum de colecistite aguda: é
frequentemente acalculosa (70 a 80%), mais comum
em homens (75%), progride rapidamente para necrose
da vesícula biliar
Não responde ao tratamento conservador
52. COMPLICAÇÕES GASTRINTESTINAIS
Síndrome compartimental abdominal
A hidratação intensa (reposição de > 10 L) dos pacientes,
especialmente nos pacientes póstraumatismo ou que
necessitam de laparotomia de urgência, pode resultar em
aumento da pressão abdominal.
Semelhante à síndrome compartimental das extremidades,
a fáscia resiste ao estiramento exercido pelo músculo e por
outros tecidos após a lesão e a hidratação.
No entanto, alto índice de suspeita, diagnóstico rápido e
tratamento imediato podem resultar na restauração do fluxo
e na prevenção de morbidade em ambos os quadros.
53. COMPLICAÇÕES UROGENITAIS
Retenção urinária pós-operatória
A incapacidade de urinar no pós-operatório é comum,
especialmente após as cirurgias pélvicas e perineais
realizadas com raquianestesia.
O tratamento da retenção urinária aguda é a
sondagem da bexiga. Na ausência de fatores
sugestivos da necessidade de descompressão
prolongada, como a presença de 1.000 mL de urina ou
mais, o cateter pode ser removido.
54. COMPLICAÇÕES UROGENITAIS
Infecção do trato urinário
A infecção do trato urinário inferior é a infecção
nosocomial mais frequentemente adquirida
A contaminação preexistente do trato urinário, a
retenção urinária e a instrumentação são os principais
fatores contribuintes.
O tratamento inclui hidratação adequada, drenagem
adequada da bexiga e antimicrobianos específicos
55. COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS
Infecção do sítio cirúrgico
As complicações infecciosas constituem, talvez, as
complicações pós-operatórias mais comuns e incluem
aquelas relacionadas diretamente à incisão cirúrgica
Denominadas infecção de sítio cirúrgico (ISC), e aquelas
que envolvem outros sistemas, como a colite por
Clostridium difficile
Há diversos microrganismos envolvidos nessas infecções,
mas é muito preocupante a prevalência crescente de
bactérias resistentes a antimicrobianos, como
Staphylococcus aureus resistente à meticilina
57. COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS
Infecção do sítio cirúrgico
O Centers for Disease Control and Prevention (CDC)
classifica as ISCs em três localizações:
1. Incisional superficial;
2. Incisional profunda;
3. Órgão ou cavidade.
58. COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS
Os fatores de risco para ISC incluem fatores
sistêmicos (diabetes, imunossupressão, obesidade,
tabagismo, desnutrição e radioterapia anterior) e
fatores locais (classificação da ferida operatória e
técnicas cirúrgicas).
O diagnóstico de ISC é basicamente clínico. Os
sintomas mais comuns incluem dor, calor e eritema
com drenagem através da incisão.
As infecções profundas e de órgãos e cavidades
podem ser diagnosticadas também com imagens
radiográficas
59. COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS
O tratamento para ISC deve enfatizar o controle da
fonte primária. Para isso, pode ser necessário um
procedimento cirúrgico, como incisão e drenagem do
foco infeccioso
Para infecções superficiais, o tratamento seria
simplesmente incluir a abertura da incisão, explorando
o espaço, irrigando, desbridando e deixando a ferida
operatória aberta
Antimicrobianos por si só não costumam abordar o
foco da infecção subjacente.
61. COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS
Colite por Clostridium difficile
A diarreia pós-operatória por C. difficile é uma infecção
nosocomial comum em pacientes cirúrgicos.
O espectro da doença varia da colonização
assintomática à rara colite tóxica grave
O tratamento da infecção é feito com metronidazol
intravenoso ou, para infecção com agentes
patogênicos resistentes, vancomicina oral.
62. COMPLICAÇÕES HEMATOLÓGICAS
Tromboembolismo venoso (TEV)
Além de causar sangramento, as cirurgias de grande porte,
como as cirurgias abdominais e dos traumatismos, alteram
o delicado equilíbrio do sistema hematológico do corpo,
especialmente em relação às vias de coagulação.
Os pacientes envolvidos com trauma, cirurgias oncológicas
ou dissecção da pelve são particularmente suscetíveis ao
fenômeno
A prevenção do TEV é muito mais eficaz do que o
tratamento dessa complicação
63. COMPLICAÇÕES HEMATOLÓGICAS
Diagnostico e tratamento
O diagnóstico de trombose venosa profunda pode ser
realizado de forma eficaz em termos de custos, utilizando
ultrassonografia com Doppler
Os objetivos do tratamento de TEV são a estabilização do
coágulo, a revascularização dos vasos afetados e a
prevenção de complicações em longo prazo
A maioria dos pacientes responde à anticoagulação com
heparina intravenosa ou doses subcutâneas mais elevadas
de heparina de baixo peso molecular e, posteriormente,
conversão para a terapia oral com varfarina.
64. COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS
Febre pós-operatória
A febre ocorre em cerca de 40% dos pacientes após uma
grande cirurgia
Na maioria dos pacientes, a elevação da temperatura
resolve-se sem tratamento específico
A febre nas 48 horas após a cirurgia geralmente é causada
por atelectasia
Quando o início da febre após o segundo dia de pós-
operatório, elevação da temperatura inicial acima de 38,6
°C, e associados a alterações laboratoriais uma causa
infecciosa é mais provável.
65. COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS
Os pacientes sem infecção raramente apresentam
febre após o quinto dia de pós-operatório.
Febre tardia sugere infecção da ferida operatória ou,
com menos frequência, ruptura da anastomose e
abscessos intra-abdominais
Uma avaliação diagnóstica dirigida para a detecção de
sepse intra-abdominal é indicada em pacientes que
apresentam temperaturas elevadas (> 39 °C) e feridas
sem evidência de infecção por 5 dias ou mais de pós-
operatório.
66. REFERÊNCIAS
SABISTON. Tratado de cirurgia: A base biológica da
prática cirúrgica moderna. 19.ed. Saunders. Elsevier
DOHERTY. Current: diagnóstico e tratamento. Cirurgia.
14.ed. ArtMed
SPERANZINI, MB.; DEUTSCH, CB.; YAGI, OK.
Manual de Diagnostico e Tratamento para Residente
de Cirurgia. ATHENEU EDITORA 2009.