2. O QUE É GEOGRAFIA?
Conhecimento científico onde reina
polêmica;
Controvérsia sobre a matéria tratada;
Indefinição do objeto de estudo;
Múltiplas definições que lhe são
atribuídas;
Estudo da superfície terrestre (muito
usada e muito vaga).
3. Significado etimológico do termo:
GEO (Terra) + GRAFIA (estudo);
Estudo geográfico, descrever todos os
fenômenos manifestados na superfície do
planeta;
Síntese de todas as ciências;
Formulações de Kant.
4. CIÊNCIAS PARA KANT
Especulativas: apoiadas na razão;
Empíricas: apoiadas na observação e nas
sensações;
Duas disciplinas de síntese: Antropologia
(conhecimentos relativos ao homem) e
Geografia (síntese dos conhecimentos
sobre a natureza).
5. A GEOGRAFIA NA TRADIÇÃO
KANTIANA
Ciência sintética – que trabalha com
dados de todas as demais ciências;
Descritiva – que enumera os fenômenos
abarcados;
Visa abranger uma visão de conjunto do
planeta.
6. SUPERFÍCIE TERRESTRE
Biosfera – esfera do planeta, que apresenta
formas viventes;
Crosta terrestre – camada inferior da
atmosfera, mais a camada inferior da
litosfera.
“ [...] a ideia de descrição da superfície Terra
alimenta a corrente majoritária do
pensamento geográfico.” (MORAES, 2007, p.
32)
7. LEITURA DA
PAISAGEM
Análise geográfica restrita aos aspectos
visíveis do real;
Objeto específico da Geografia: paisagem;
É vista como uma associação de múltiplos
fenômenos ( o que mantém a concepção de
ciência de síntese).
8. APREENSÃO DA
PAISAGEM
Morfológica – descritiva, enumera os
elementos presentes e discute as formas;
Apresenta em sua gênese, fundamentos
oriundos da estética;
Valorização da intuição, nos
procedimentos de análise;
Decorrendo assim uma considerável carga
irracional no pensamento geográfico.
9. APREENSÃO DA
PAISAGEM
Fisiológica – se preocuparia com a relação
entre os elementos e a dinâmica destes;
Fundamenta-se na biologia, em particular
na ideia de organismo;
Organismo, com funções vitais e com
elementos que interagem;
As inter-relações entre os fenômenos
distintos que coabitam numa determinada
porção do espaço terrestre:
Introduz a Ecologia no domínio geográfico.
10. GEOGRAFIA COMO
ESTUDO DA
INDIVIDUALIDADE DOS
LUGARES
Deveria abarcar todos os fenômenos que estão
presentes numa determinada área;
Compreender o caráter singular de cada porção
do planeta;
Descrição exaustiva ou visão ecológica, até
encontrar um elemento de singularização;
A individualidade do local é o que importa;
Raízes em autores da Antiguidade Clássica:
Heródoto ou Estrabão.
11. DIFERENCIAÇÃO DE
ÁREAS
Traz uma visão comparativa para o
universo da análise geográfica;
A explicação é buscada acima (se bem que
por intermédio) dos casos singulares;
Propõe uma perspectiva mais
generalizadora e explicativa;
Busca as regularidades da distribuição e
das inter-relações dos fenômenos;
É mais restritiva, em termos de
abrangência.
12. GEOGRAFIA COMO
ESTUDO DO ESPAÇO
O espaço seria passível de uma abordagem
específica, a qual qualificaria a análise
geográfica;
Pouco desenvolvida pelos geógrafos;
Vaga e encerra aspectos problemáticos;
O que se entende por espaço?
13. ESPAÇO
O espaço concebido como uma categoria de
entendimento – além de ser destituído de
sua existência empírica, seria um dado de
toda forma de conhecimento;
O espaço concebido como atributo dos
seres (tudo precisa ocupar um espaço para
existir), o estudo do atributo espacial de
qualquer fenômeno, assim o mesmo vai
permitir seu estudo;
14. Espaço concebido como um ser específico
do real, com características e com uma
dinâmica própria;
Poderia ser pensado como objeto da
Geografia(depois de demonstrar a
afirmação efetuada);
A Geografia como estudo do espaço,
enfatiza a busca da lógica da distribuição
e da localização dos fenômenos ( a qual
seria a essência da dimensão espacial);
No entanto essa Geografia que propõe a
dedução, só consegui efetivar à custa de
artifícios estatísticos e da quantificação.
15. GEOGRAFIA COMO O
ESTUDO DAS RELAÇÕES
ENTRE O HOMEM E O
MEIO
Explicar o domínio entre os dois domínios da
realidade;
Disciplina de contato entre as ciências naturais e
as humanas;
Três visões distintas do objeto.
16. Influência da natureza sobre o
desenvolvimento do homem (verdade
inquestionável) à Geografia caberia
explicar as formas e os mecanismos pelos
quais esta ação se manifesta;
Homem como ser passivo, cuja história é
determinada pelas condições naturais;
O limite da ação humana sempre estaria
no máximo da adaptação ao meio;
Os fenômenos humanos seriam sempre
efeitos de causas naturais;
Imposição da própria definição do objeto.
17. O objeto seria a ação do homem na
transformação do meio;
Peso da explicação aos fenômenos
humanos;
Estudar como o homem se apropria dos
recursos oferecidos pela natureza e os
transforma, como resultado de sua ação.
18. O objeto como a relação, dados humanos e
naturais possuindo o mesmo peso;
O estudo buscaria compreender o
estabelecimento, a manutenção e a
ruptura do equilíbrio entre homem e
natureza;
A concepção ecológica informaria
diretamente essa visão.
“A discussão, entre estas três visões do objeto,
expressa o mais intenso debate do pensamento
geográfico. Entretanto em qualquer uma delas
encontra-se a ideia de que a Geografia trabalha
unitariamente com os fenômenos naturais e
humanos” (MORAES, 1997, p. 35 e 36)
19. O POSITIVISMO COMO
FUNDAMENTO DA GEOGRAFIA
TRADICIONAL
É no positivismo (corrente filosófica) que os
geógrafos vão buscar suas orientações gerais;
Os postulados do positivismo (entendido com o
conjunto das correntes não-dialéticas) vão ser o
patamar sobre o qual se ergue o pensamento
geográfico tradicional, dando-lhe unidade;
No positivismo, os estudos devem se restringir
aos aspectos visíveis do real, mensuráveis e
palpáveis;
A indução, posta como a única via de qualquer
explicação científica.
20. “ A Geografia empírica, pautada na
observação”, máxima presente em todas as
correntes da disciplina;
O referir-se ao real é comum a todas as
ciências e não apenas um elemento específico
da Geografia;
A descrição, a enumeração e classificação dos
fatos referentes ao espaço são momentos de
sua apreensão, e não cumprem toda a tarefa de
um trabalho científico;
A Geografia Geral se restringiu aos
compêndios enumerativos e exaustivos.
21. “ a Geografia é uma ciência de contato
entre o domínio da natureza e o da
humanidade”
A ideia da existência de um único método
de interpretação, comum a todas as
ciências;
O método seria originário dos estudos da
natureza, pelas quais as outras deveriam
se orientar;
Incide na mais grave naturalização dos
fenômenos humanos;
O homem vai aparecer como um elemento
a mais da paisagem, a Geografia vai usar
o termo população (numérico).
22. “ A Geografia como ciência de síntese”
Afã classificatório do positivismo,
hierarquizando as ciências;
Imodéstia da Geografia, como ciência capaz de
relacionar e ordenar os conhecimentos
produzidos por todas as demais ciências;
A ideia de ciência de síntese serviu para
encobrir a vaguidade do objeto;
A Geografia se valeu desse atributo de ser uma
disciplina excepcional, para legitimar o estudo
geográfico com base no fundamento do não
cumpria uma exigência central: a definição do
objeto de estudo.
23. Princípio da unidade terrestre- a Terra é um
todo que só pode ser compreendido numa visão
de conjunto;
Princípio da individualidade – cada lugar tem
uma feição que lhe é própria e que não se
reproduz de modo igual em outro lugar;
Princípio da atividade – tudo na natureza está
em constante dinamismo;
24. Princípio da conexão – todos os elementos da
superfície terrestre e todos os elementos se
inter-relacionam;
Princípio da comparação- a diversidade dos
lugares só pode ser apreendida pela
contraposição das individualidades;
Princípio da extensão – todo fenômeno
manifesta-se numa porção variável do planeta;
Princípio da localização – a manifestação de
todo fenômeno é passível de ser delimitada.
25. As máximas e princípios veiculam formulações
gerais e vagas, permitindo que se englobem
propostas díspares e mesmo antagônicas;
Dualismos que perpassam o pensamento
geográfico tradicional: Geografia Física –
Geografia Humana. Geografia Geral –
Geografia Regional, Geografia Sintética –
Geografia Tópica e Geografia Unitária –
geografias Especializadas;
As máximas e os princípios vão sendo
incorporados e transmitidos, de uma forma não
crítica.
26. As máximas , os temários e o trabalho de pesquisa,
engendrado em anos de atividades (quase dois
séculos) acabam por constituir um temário geral ao
que se associa a desiguinação de Geografia;
Pelo temário geral da Geografia, a disciplina discute
os fatores referentes ao espaço, e mais a espaço
concreto, finito e delimitável – a superfície terrestre.
27. Só será geográfico um estudo que aborde a forma, ou
a formação, ou a organização, ou a organização, ou
a transformação do espaço terrestre.
“ Seria vã toda tentativa de buscar um consenso que
não fosse vago” (MORAES, 1997, p.45)
28. O QUE É GEOGRAFIA?
É apenas um rótulo, referindo a um temário
geral;
Dependerá da postura política, do engajamento
social de quem a faz;
Pode ser de dominação ou libertação.