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INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende mostrar a importância da dança aplicada em escolas de ensino
fundamental. Para sua realização buscou-se através de bibliografias a origem das danças, sua
historia e costumes de povos de diferentes lugares. Nilza (1999) coloca que as danças folclóricas
estão presentes em quase todos os paises e enquanto algumas são ligadas ao culto, outras
reproduzem fatos heróicos que merecem ser lembrados. De qualquer forma elas possuem
incomparável valor folclórico por tratar de vários aspectos do dia a dia das pessoas e por ser um
componente cultural da humanidade importantíssimo, assim como o folclore brasileiro que
representa a cultura de uma determinada região, é riquíssimo em danças que representam as
tradições de um povo.
Para Portinari (1989) o Brasil explora muito mal sua grande riqueza - “o folclore”, e a
tendência é que se não for bem trabalhado, venha a desaparecer igualmente aconteceu com antigas
tradições.
Nesse estudo, pretende-se usar a dança na escola como forma de resgate cultural, pois se
acredita que compreendendo, apreciando e contextualizando danças de diversas origens culturais
torna-se possível discutir preconceitos e valores.
O 1º capítulo trata de uma breve história da dança mundial, dando ênfase às danças
folclóricas que são riquezas pouco exploradas e vão desaparecendo junto com outras antigas
tradições. Cada estado tem seu folclore, no qual a dança é componente de enorme tradição.
Serão citadas no 2º capítulo as principais danças e festas folclóricas pertencentes a cada
região do Brasil, bem como suas manifestações e influencias culturais.
No 3º capítulo abordam-se as relações entre dança, educação e educação física, visto que a
dança não é somente uma habilidade corporal, pois a criança utiliza-se dela para buscar
conhecimentos de si mesma e de tudo que a rodeia.
8
Finalmente no 4º capitulo elaborou-se um projeto de aplicação dessas danças nas escolas
públicas seguindo as sugestões do PCN de artes que tem como propósito o desenvolvimento
integrado do aluno, onde experiência motora permite observar e analisar as ações humanas
propiciando o desenvolvimento expressivo que é o fundamento da criação estética.
9
I - HISTÓRIA DA DANÇA
A dança é uma das artes mais complexas e mais antigas, para entendê-la é preciso que se
volte no tempo. De acordo com Magalhães (2005), os primeiros registros de movimentos do corpo,
de expressões corporais, datam de 14.000 anos atrás, e só no séc. XX, a dança passa a ser
pesquisada como uma das mais importantes manifestações do homem em aspectos sociais,
religiosos, culturais, entre outros, utilizando-se de documentos iconográficos para mapear tanto a
sua origem como a sua função.
Segundo Caminada (1999), a dança nasceu da necessidade de expressar uma emoção, de
uma plenitude particular do ser, de uma exuberância instintiva, de um apelo misterioso que atinge
até o próprio mundo animal. Ela na forma mais elementar, se manifesta através de movimentos que
imitam as forças da natureza que parecem mais poderosas ao homem. Afirma-se que no seu
primórdio a dança foi uma manifestação naturalista, com gestos desordenados e através da repetição
e da sincronia dos movimentos é que ela se constituiu.
O homem pré-histórico da era Paleolítica gravava nas cavernas o que era importante, assim
como a caça, a alimentação, a vida e a morte, onde provavelmente as figuras dançantes fizessem
parte de rituais religiosos. Para Bregolato (2007; pág. 73), a dança é tão antiga como a própria vida
humana, nasceu na expressão das emoções primitivas, nas manifestações, na comunhão mística do
homem com a natureza. O homem que ainda não falava se utilizou do gesto rudimentar para
expressar suas emoções num ritmo natural.
No período Neolítico o homem aprende a cultivar e se organizar em grupos e em cidades.
Surge um esboço de classe sacerdotal, que vai “supervisionar” os rituais de dança, não os deixando
ao acaso das inspirações individuais. Dessa forma, a dança deixa de ser participativa para se tornar
10
representativa: o homem deixa de entrar em contato com os espíritos para começar a representar os
mitos e os Deuses.
A dança nasceu da religião, e era fruto da necessidade de expressão do homem, onde se
movimentavam ritmicamente para se aquecer, se comunicar, aplacar os deuses e exprimir alegria.
As primeiras danças humanas eram individuais e se relacionavam à conquista amorosa. As danças
coletivas também aparecem na origem da civilização e sua função associava-se à adoração das
forças superiores ou dos espíritos para obter êxito em expedições guerreiras ou de caça ou ainda
para solicitar bom tempo e chuva. (FARO, 1986)
Curt Sachs citado por Ellmerich (1964, p.14), estabelece uma ordem cronológica da
evolução das danças na pré-história:
• Danças circulares, sem contato corporal entre os participantes;
• Danças de imitação animal;
• Danças convulsivas;
• Danças em serpentina;
• Danças eróticas;
• Danças em circulo duplo;
• Danças funerárias;
• Danças com máscaras;
• Danças aos pares (casal);
• Danças em diversos círculos;
• Danças em que homens e mulheres se colocam em linhas opostas;
• Danças de pares mistos;
• Danças de pares abraçados;
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• Danças do ventre.
Caminada (1999; pág.21) comenta assim a evolução das danças na pré-história:
 No período paleolítico inferior e na cultua primitiva básica, apenas existia a dança circular
sem contato.
 No paleolítico médio, surgiu a dança coletiva, solta em harmonia com o corpo, de caráter
imitativo;
 No paleolítico superior, das ultimas culturas primitivas, observou-se a formação individual e
coral, quase sem nenhum contato; a forma serpentina já era encontrada.
 No período mesolítico dos primitivos agricultores, surgiram às danças eróticas, danças em
circulo duplos, fúnebres e com máscaras.
 No neolítico, já com duas culturas distintas: a campesina e a senhoril, desenvolveu-se a
dança em diversos círculos, a dança coral, dança aos pares e a dança do ventre.
 Na cultura grega, a dança fazia parte do cotidiano dos homens. Estava nos ritos religiosos,
nas cerimônias cívicas, nas festas, na educação das crianças, e era frequentemente vinculada
aos jogos, em especial os jogos olímpicos.
Os gregos consideravam a dança como dom dos imortais e como um meio de comunicação
entre os homens e os deuses. Esses eram invocados pelas danças nas situações mais diversas, onde
pouco a pouco foram adquirindo um conjunto de passos, gestos, o que hoje denominamos
coreografia.
Segundo Caminada (1999), a dança em Roma não foi uma expressão artística poderosa; ela
não se vinculou a religião ou ao teatro. Os romanos desprezavam a dança, sendo considerada
inicialmente incompatível com o espírito de um povo conquistador e só com a penetração da cultura
grega, esse quadro começou a ser revertido.
12
Por volta de 200 a.C., introduziram-se as coreografias gregas e a dança se tornou mais
importante na vida publica e passou a ser moda nos costumes das famílias romanas.
Na Idade Média, em se tratando das danças populares, encontramos os mesmos motivos das
danças primitivas. O cristianismo conseguiu atenuar, mas não apagar completamente o sentido
pagão dessas danças.
O carnaval é a festa mais popular sob o ponto de vista psicológico; trata-se de uma válvula
de escape, sem duvida necessária, para que o povo, durante um curto período, possa expandir seus
sentimentos, suas alegrias e seus desejos, recalcados no severo de servidão feudal e tutelado pelo
clero fanático. (ELLMERICH, 1964, p.20).
Para Faro (1987), a evolução da dança apresenta a seguinte trajetória: o templo, a aldeia, a
praça, o salão e o palco; E divide-se em três formas distintas: étnica, folclórica e teatral, fazendo
uma ligação da dança de salão com a folclórica e a teatral, onde o salão inclui todas as danças que
passaram a fazer parte da vida da nobreza européia da idade média. Para esse mesmo autor (1987) a
dança étnica está ligada às cerimônias religiosas.
No Brasil, encontramos provas da vinculação entre dança e o ato religioso, por exemplo, nos
povos indígenas e no candomblé, onde ocorreu um sincretismo, que permitiu que essas religiões
sobrevivessem. O candomblé exemplifica o caso de uma etnia importante, pois essa religião veio da
África com os escravos e se proliferou. Os negros identificaram seus orixás com os santos da igreja
e surgiram varias religiões que são seguidas até hoje. No candomblé, a dança serve para invocar,
apaziguar ou agradecer aos deuses por graças obtidas. Já na dança indígena, o índio expressa seus
sentimentos de alegria ou tristeza, pedindo e agradecendo com uma seqüência de movimentos que
representam uma verdadeira coreografia. Um exemplo típico de dança étnica é o carnaval brasileiro,
onde se festeja os 40 dias da Quaresma.
13
A dança religiosa fez parte da liturgia nas missas até o século
XII, quando foi interrompida, pois a igreja naquele momento
histórico tinha uma enorme influencia, e dizia que o corpo não
devia se entregar aos prazeres, pois que o bem do homem só
está na alma, e todo mal vem da carne. O corpo que é carnal
foi colocado como um obstáculo da alma, portanto, ele devia
ser punido e ignorado, assim, muitas manifestações corporais
foram consideradas pecado, e a dança uma delas.
(BREGOLATO, 2007; p.90).
A dança folclórica e a dança étnica estão intimamente ligadas sendo difícil saber o limite
entre elas. Segundo Portinari (1989), tem-se por étnica a dança produzida por uma comunidade
racial e culturalmente homogênea, transmitida de geração em geração, com mínimos acréscimos ou
modificações; Dança folclórica é aquela produzida espontaneamente numa comunidade com laços
culturais em comum, resultantes de um longo convívio e troca de experiências.
As danças folclóricas realmente nasceram, em principio, das danças religiosas. Os ritos antes
celebrados dentro dos templos foram aos poucos sendo liberados pelos sacerdotes e passaram a ser
realizados em praça pública, onde o povo começou a participar transformando-se em manifestações
populares, que deixaram de ser religiosas e passaram a ser folclóricas.
A dança teatral surgiu nos cenários cortesãos e palacianos. Inicialmente dança de corte,
executada em um palco com a finalidade de divertir, logo teve que se sujeitar as regras severas.
Uma das danças cortesãs de execução mais complexa foi o minueto, depois foi a valsa, e com ela se
iniciou a passagem da dança em grupo, ao baile de pares, onde há a ligação com a dança de salão.
14
A dança de salão, ou dança social, encontra sua origem nas
danças populares realizadas nas praças das aldeias, aonde
essas danças chegaram até os refinados salões dos castelos da
realeza de forma estilizada, onde os movimentos executados
pelo povo simples das aldeias sofreram transformações e
foram substituídos por outros com características de suavidade
e elegância nos gestos. (RANGEL, 2002, p.36).
A configuração de um gênero de dança circunscrito ao âmbito teatral determinou o
estabelecimento de uma disciplina artística, onde se deu o desenvolvimento do ballet e mais tarde o
sapateado e o swing. Enfim, a dança teatral envolve vários estilos, entre eles, o ballet clássico que
surgiu para agradar a corte, o neoclássico e o moderno que se opõe ao clássico.
As danças existem em quase todos os países do mundo, umas são ligadas a manifestações de
culto, outras evocam fatos épicos, acontecimentos dignos de serem rememorados como exemplos
de coesão social. De qualquer maneira, apresentam incomparável valor folclórico, visto que
conjugam os mais diversos aspectos da vida cotidiana, associando a música ao gesto, à cor, ao
ritmo, ao sentido lúdico, aos atributos da resistência física em manifestações de saúde, alegria e
vigor. (NILZA, 1999).
A progressão da dança, de cerimônia religiosa à arte dos povos, não é aleatória, mas obedece
a padrões sociais e econômicos que tiveram efeito semelhante sobre as demais artes, nasceram da
necessidade latente na criatura humana de expressar seus sentimentos, desejos, sonhos e traumas
através das formas mais diversas. (FARO, 1998, P.16).
1.1 Dança Folclórica
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O conceito de dança folclórica usado por Bregolato (2007) é que ela:
Representa uma das manifestações espontâneas da gente dos
campos e das cidades. Ela não tem autor conhecido, é obra do
povo que a cria, e que vão passando de geração a geração,
valorizando e perpetuando a tradição de uma cultura. A dança
representa a cultura regional, pois retrata seus valores,
crenças, trabalho e significado. (pág. 88).
Recorremos a Faro (1998) para compreender como surgiu a dança folclórica e para ele é
muito difícil responder com datas, e o que se pode é citar etapas do desenvolvimento das sociedades
e dos costumes que levaram às manifestações populares de dança, já fora do rígido controle dos
líderes religiosos. As manifestações coreográficas dos camponeses de diversos países tinham
significado religioso, e é provável que essas danças fossem dirigidas por sacerdotes dentro de
figurações de cunho místico preestabelecido.
O aumento da população, a expansão das áreas urbanas e suburbanas, a comunicação entre
as nações e o progresso técnico e mental da humanidade devem ter contribuído para uma ruptura
entre o religioso e o popular.
As danças sempre foram um importante componente cultural da humanidade. O folclore
brasileiro é rico em danças que representam as tradições e a cultura de uma determinada região.
Estão ligadas aos aspectos religiosos, festas, lendas, fatos históricos, acontecimentos do cotidiano e
brincadeiras. (ROCHA, 2008; p. 01)
Segundo Lucena (1997), embora as danças folclóricas sejam preservadas pela repetição, vão
mudando com o tempo, mas os passos básicos e a música assemelham-se ao estilo original. Todos
os países têm algum tipo de dança folclórica e a maioria pertence apenas a sua nação.
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Laban (1990) citado por Bregolato (2007), conta que as danças folclóricas dos países
europeus, têm origem na idade média. Elas são provenientes dos bailes e danças campestres, que o
povo dançava a seu modo para sua diversão. As danças populares internacionais têm um ritmo que
se associa ao seu lugar de origem, como exemplo: Rumba (Cuba), Tarantela (Itália), Samba
(Brasil), Dança do Ventre (Arábia), Ula Ula (Havaí), Flamenca (Espanha).
De acordo com Portinari (1989), no Brasil, a dança folclórica é uma das tantas riquezas mal
exploradas que vão desaparecendo junto com outras antigas tradições. Cada estado tem seu folclore,
no qual a dança é componente de enorme tradição, embora às vezes nem conste oficialmente como
patrimônio cultural. O negro foi a máxima importância para a formação da música e das danças
brasileiras, sendo que os escravos africanos trazidos de diferentes partes do continente,
representando diversos graus de cultura, trouxeram o extraordinário senso de ritmo e o movimento
que os portugueses não tinham.
Os índios e os africanos dançavam descalços com sentido religioso e mágico, chegando ao
transe. O convívio entre brancos, negros e índios seria determinante para a formação do folclore
musical e dançante.
O folclore ganhou impulso nas zonas campestres, e é nelas que até hoje se manifesta com
maior influencia e credibilidade. O homem do campo manteve por mais tempo o sentido religioso
de suas danças, mas não ficou infenso as mudanças que a humanidade sofreu com progresso, o que
trouxe novas idéias e novos costumes. Assim, as manifestações folclóricas nasceram dentro desse
ciclo de progresso com forma de expressão popular que avançou no tempo e no espaço, devido a
uma soma de circunstâncias de cunho sociológico. (FARO, 1986).
17
1.2 Folclore Brasileiro
O Folclore é um conteúdo riquíssimo, que revela sabedoria e entretenimento. É também
considerado conjunto de mitos, crenças, histórias populares, lendas, tradições e costumes, que são
transmitidos de geração em geração, que fazem parte da cultura popular. A cultura popular está
diretamente vinculada ao estudo profundo da cultura de vários elementos formadores de nossa
nacionalidade.
A população brasileira é constituída na sua maioria pela mistura de índios, negros e brancos.
E isso influiu nos nossos costumes e no nosso folclore, que variam de uma região para outra, devido
aos grupos de imigrantes que nelas localizaram.
Faro (1986, p.24), comenta que somos o resultado de uma salada racial, aonde descendentes
de alemães, italianos, espanhóis, portugueses, japoneses, ucranianos e árabes vieram somar, à nossa
vida, uma parcela de seus usos e costumes. Nossa herança folclórica é o resultado direto de todas
essas influências.
As manifestações folclóricas são sempre muito antigas e desde sempre os homens quando se
reúnem se divertem jogando, cantando, e dançando, as praticas que foram aprendidas na infância
pela observação dos pais e avós. Não só diversões, mas também as artes manuais como o bordado e
a cerâmica, superstições, crendices, receitas, etc.
Segundo Faro (1998), os especialistas dividem o folclore brasileiro em dois grupos
principais:
> O urbano, aquele que é parte integrante da vida das populações citadinas e que domina
principalmente no Norte e no Nordeste do Brasil;
> O rural, que ocupa a maior parte do Sul e Centro-Oeste, mas que se desenvolve
principalmente nas aldeias e vilarejos, fora dos grandes centros urbanos.
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A dança pode-se dizer, é um fato folclórico completo, pois possui todas as suas principais
características. É a manifestação espontânea de uma coletividade, sendo, portanto coletiva e aceita
pela sociedade onde subsiste. Tem como cenário normal as ruas, largos, praças públicas e possui
estruturação própria através da reunião de seus participantes e ensaios periódicos. As danças
brasileiras, não só pela quantidade e variação, como pela sua freqüência, são as expressões mais
fiéis de nosso espírito musical. (MEGALE, 1999).
Caminada (1999, p. 468) completa: Com suas crendices, superstições, lendas, cantos e
danças, o folclore brasileiro é riquíssimo, ainda que pouco ou nada utilizado pelos coreógrafos
brasileiros. É nossa história, contada por gente simples, de origens as mais diversas, de fundo
místico, histórico, guerreiro heróico ou patriótico, preservada oralmente de geração para geração, de
forma pura, autêntica, com a única finalidade de manter vivas velhas tradições, tais como alertar
contra assombrações, e passar o tempo.
II - DANÇAS FOLCLÓRICAS BRASILEIRAS
Segundo Caminada (1999) entende-se por dança folclórica a manifestação de grupo, de
estrutura simples, apenas com mestre e dançadores, com coreografia própria, desprovida de texto
dramático, com ou sem vestimenta determinada, executada por um grupo aberto, que não envolve
um número determinado de participantes.
As danças para Assumpção (1967) são uma das práticas folclóricas brasileiras de maior
importância, e ao fazermos este estudo temos que considerar a dança como prática única, e com
partes representadas, fazendo duas divisões do folclore dançado: 1 - aquele onde a dança é o fim
último, que denominamos apenas de Danças; 2 - as danças acompanhadas de partes representadas,
chamadas de bailados.
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As danças são divididas, classificadas e analisadas de acordo com alguns fatores e
significados que nos fazem entender melhor suas origens e evoluções.
Ellmerich (1964) cita que para maior distinção dividem-se as danças brasileiras em danças
comuns e danças dramáticas; enquanto as comuns são dançadas a noite, as dramáticas são
representadas durante o dia. Danças dramáticas, dada aos bailados brasileiros de caráter folclórico,
foram denominadas pelos folcloristas de folguedos populares e entende-se por este, toda
manifestação folclórica nos seus fatores dramático, coletivo e estrutural.
De acordo com Caminada (1999), as danças podem ser analisadas da seguinte forma:
• Formação > em circulo, em fileiras, em pares etc.
• Finalidade > ritual de intenção religiosa ou de caráter profano.
• Origem > indígena, africana ou européia, podendo ser de Portugal, Espanha ou de vários
países.
Pinto (1983) mostra que os folcloristas classificam as danças brasileiras por suas origens e
essas podem ser vistas da seguinte forma:
a) De inspiração ameríndia (indígena americana) como a caboclinha, caipó, cateretê e
caruru;
b) De inspiração européia (espanhóis, holandeses, portugueses) como bumba-meu-boi,
cana-verde, chegança, quadrilha, chula, São Gonçalo, flamenca, fandango e frevo.
c) De inspiração africana como o baião, batuque, coco, jongo, maxixe, samba, congada,
lundu, maracatu e Moçambique.
Pinto (1983) cita também sua classificação quanto ao número de participantes: solista
(frevo); par enlaçado (valsa); par solto (marca de anu); danças de conjunto (fandango).
Para Bregolato (2007) a maioria das danças folclóricas se constitui dos significados que até
então estavam diretamente ligados à vida da pessoa. São eles:
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 Religiosos (místicos);
 Guerreiros (as guerras faziam parte da vida de praticamente todos os povos durante um
grande período histórico);
 Produtividade nas colheitas;
 Funerárias (comum entre os primitivos);
 Mímicas (quando imitam alguma coisa);
 Lúdicas (como as de criança).
 Podendo ser ainda tranqüilas, agitadas e frenéticas.
Segundo Assumpção (1967), as influências das danças indígenas no nosso folclore não
foram muito grandes, tendo as mesmas se perdido com o desaparecimento das tribos. Já a influência
do africano é enorme, pois o único prazer que os escravos encontravam eram dançar nas senzalas.
Os portugueses também foram uma grande influência, pois trouxeram suas danças coletivas.
2.1 Danças Indígenas
Heitor citado por Ellmerich (1964) classifica as danças indígenas da seguinte maneira:
 Rituais (religiosas, guerreiras, venatórias, funerárias e báquicas).
 Recreativas (coletivas e individuais).
De acordo com a disposição e os movimentos coreográficos são divididas em: roda, cordão
ou fila, grupos opostos, saltatórias e imitativas.
As características das danças diferem de uma tribo para outra e os sexos não se misturam
durante a execução. O uso de máscaras é comum e reproduzem animais ou seres sobrenaturais.
A dança dos mascarados, comentada por Volpatto (1995), era costume muito antigo entre os
índios da América do Norte. A máscara é encontrada em diferentes culturas e acredita-se que foi
21
uma evolução das primeiras pinturas e tatuagens que os índios usavam em suas caçadas e que
depois passaram a fazer parte de cerimônias religiosas como símbolos mágicos. As danças eram
acompanhadas de cantigas, cujo conteúdo era o louvor das proezas da guerra e de caça tanto dos
indivíduos como da tribo e os mascarados imitavam as vozes dos animais que representavam. Estas
máscaras não têm nada ver com culto e estas festas não parecem ter outra origem, senão de
aproveitar a ocasião para celebrar uma boa colheita ou caça.
Outras danças indígenas, também são encontradas, como por exemplo: Aruanã, çairé,
coroconô, guaci, jacundá, poracé, tatuturema, tocandyra, toré, tucanayra e urucapé.
2.2 Danças Afro-Brasileiras
As danças africanas variam muito de região para região, mas a maioria delas possui
características em comum. Os participantes geralmente dançam em filas ou em círculos, raramente
dançam a sós ou em par. As danças chegam a apresentar, algumas vezes, até seis ritmos ao mesmo
tempo e seus dançarinos podem usar máscaras ou enfeitar-se. (VOLPATTO, 1995)
De acordo com Pinto (1983) os negros trouxeram suas embaixadas, que são: formas
dramáticas, dividida em cortejo (desfile e dança) e embaixada (a representação). A mais conhecida
é o congo.
As danças populares mais caracteristicamente nordestinas vieram do negro e são as que mais
se fizeram ao contato da terra e da gente. As danças nascidas no nordeste são: o côco > dança
socializada; o quilombo > dança dramática; o samba do matuto > próximo da dança dramática e
transição do maracatu; e o frevo > dança generalizada.
O negro influenciou na formação de danças e cantos. A música característica, onde
sobressaem o batuque, o samba, ao lado de instrumentos típicos, sobretudo os de percussão, se
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congregaram na nossa orquestra popular, principalmente nas danças puramente africanas em que
são imprescindíveis e a que muitas dão nome.
As danças de origem africana são: cambinda, catopé, congada, congo, cucumbi, maculêlê,
maracatu, Moçambique, quilombo, ticumbi, turundu.
2.3 Danças Européias
As danças no Brasil, salvo as indígenas e aquelas trazidas pelos negros, são quase todas,
adaptações das danças européias, cuja forma geral foi folclorizada, ou então receberam empréstimos
de movimentos, passos e figurações, como a polca, a valsa, quadrilha, mazurcas, etc. As principais
danças de origem ibérica (Portugal e Espanha) no Brasil, sem contar as religiosas, como a de São
Gonçalo, e as Folias de reis e do Divino, são as danças do Fandango. (MEGALE, 1999).
A dança gaúcha teve influência nitidamente européia e diverge muito das demais praticadas
no restante do Brasil. A principal influência foi a dos portugueses, que trouxeram o seu modo alegre
e expansivo de dançar. A tirana foi contribuição espanhola para os gaúchos. Esse tipo de dança é
muito usado em rodeios que cada vez mais se tornam populares no Brasil.
De acordo com Ellmerich (1964), a dança espanhola apresenta três aspectos: o regional, que
são festas ao ar livre; o flamenco, danças executadas nos tablados das tabernas; e o clássico, danças
de formas mais artísticas como o bolero, jaleo, etc. Outras danças espanholas, também são
encontradas, como: abejón, alegria, almorrajas, baila de ibio, bamba, boleras, etc. Já a maioria das
danças portuguesas são “canções dançadas”, que geralmente são encontradas da seguinte forma:
danças de pares, em cadeia ou circulares, como o bailarico, as saias, ciranda, corridinho, etc.
23
2.4 As principais danças do Brasil
2.4.1 Região Norte
Segundo Cortês (2000), a população nortista recebeu grande influência das três raças
formadoras de nossa etnia, com destaque para o índio. As tradições portuguesas, indígenas, negras e
nordestinas miscigenaram-se na Região Norte, criando uma cultura riquíssima, onde as celebrações
populares tradicionais tomam grande significado. A difícil realidade de sobrepujar os obstáculos e
desafios da floresta faz dos habitantes da Amazônia um povo vitorioso, que reflete nas suas festas,
danças, lendas e mitos toda a alegria e felicidade de viver em harmonia com a floresta.
Uma das maiores características da danças do norte do Brasil é a sensualidade do
entrelaçamento dos pares, envolvidos com músicas de ritmos quentes e o predomínio das
percussões, instrumentos de sopro e de corda. O principal instrumento típico da região é o carimbo.
As principais danças são: Carimbó, Retumbão, Lundu, Xote Bragantino, Siriá, Vaqueiros
do Marajó, Marabaixo, Jacundá, Batuque e Boi-de-Máscara.
Existem também as festas populares tradicionais da Região Norte, que são: O Boi-Bumbá de
Parintins, O Círio de Nazaré, A Festa de São Joaquim, Festa do Çairé e A Marujada em Bragança
Paraense.
2.4.2 Região Nordeste
De acordo com Cortês (2000), a região nordeste por ter sido a primeira zona de ocupação do
Brasil, teve grande influência das tradições africanas, que compuseram a massa de trabalhadores
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escravos. A Bahia ainda guarda essa herança, sendo o Estado com maior contingente da população
negra do Brasil, onde se observa a profunda relação da cultura africana com seus festejos e danças.
A maior característica das danças do Nordeste é a alegria, realçada pelo ritmo frenético das
bandas de pífanos, acordeões, triângulos, zabumbas, matracas, fanfarras e cantos que enaltecem a
cultura nordestina, enchendo de sons as festas e danças da região.
As principais danças são: Guerreiro, Frevo, Xaxado, Quilombo, Caninha Verde, Maracatu,
Caboclinhos, Ciranda, Coco e Capoeira.
As festas populares tradicionais da Região Nordeste são: Lavagem da Igreja do Bonfim na
Bahia, Folguedos Natalinos em Alagoas, Bumba-Meu-Boi no Maranhão, Festas de São João em
Campina Grande, Caruaru e Estância, Candomblé, Carnaval em Recife e Olinda e Romaria em
Juazeiro do Norte.
2.4.3 Região Centro-Oeste
A identidade do povo do Centro-Oeste é formada segundo Cortês (2000), pela convergência
de povos de outras áreas do Brasil, que juntamente com os índios nativos deram origem aos
mestiços, atualmente a maioria da população. A proximidade com o Paraguai e a Bolívia trouxe
grandes influências nas festas, danças e músicas típicas regionais.
A maior característica das danças do Centro-Oeste do Brasil é a miscigenação de varias
culturas, dentre as quais se destacam a forte influência espanhola, presente principalmente no
folguedo da cavalhada e em danças que apresentam palmeados e sapateados existentes na fronteira
do Paraguai e Bolívia.
As principais danças são: Catira/Cateretê, Chupim, Cururu, Siriri, Engenho de Maromba,
Cavalhada.
25
As festas populares tradicionais da Região Centro-Oeste são: Festa de São João em
Corumbá, Semana na cidade de Goiás, Procissão do Fogaréu, Festa do Divino em Pirenópolis, Festa
de Nossa Senhora do Caacupé.
2.4.4 Região Sudeste
Segundo Cortês (2000), as festas e as tradições culturais traduzem, de forma comemorativa,
a imensa riqueza cultural da região, revelando um povo miscigenado. As comemorações típicas e de
intenso valor religioso em Minas Gerais são um legado vivo da influência católica no período
colonial. No Rio de Janeiro e em São Paulo, desponta o carnaval como a maior festa profana e
popular do mundo.
Envolvidas por contrastes, as danças e folguedos do Sudeste têm como uma de suas
características as homenagens prestadas aos santos de devoção, nas suas grandes celebrações
religiosas.
As principais danças são: Ticumbi, Congos, Moçambique, Catopés, Jongo (bate-caixa),
Caboclinhos ou Caiapós, Folia de Reis, Marujos, São Gonçalo do e Calango Mineiro.
As festas populares tradicionais da Região Sudeste são: Alardo, Festa de São Sebastião,
Carnaval no Rio de Janeiro, Festa de Nossa Senhora em Minas Gerais, Festa de Santa Cruz em São
Paulo e Festa do Divino em Diamantina.
2.4.5 Região Sul
Segundo Cortês (2000) a formação cultural do povo da Região Sul decorre da miscigenação
das culturas indígenas, dos bandeirantes paulistas e dos imigrantes europeus. Esses transferiram seu
26
estilo de vida para o Brasil, mantendo assim suas tradições presentes em vários aspectos, como
moradias, culinárias, danças, festas e o folclore local.
A maior característica das danças do sul é o romantismo, evidenciado no espírito de
fidalguia e de respeito, encontrado especialmente naquelas danças existentes no Rio Grande do Sul.
As principais danças são: Caranguejo, Chimarrita, Pezinho, Balaio, Maçanico, Rancheira,
Pau-de-Fita, Tatu, Chula, Tirana do Lenço, Xará-Grande, Anu, Tonta e Recortado.
As festas populares da Região Sul são: Oktoberfest em Blumenau, Festa de nossa Senhora
dos Navegantes, Boi-De-Mamão em Santa Catarina, Fandango no Paraná e Festa Nacional da Uva
em Caxias do Sul.
III - Dança e Educação
A dança possui definições relacionadas a vários enfoques, envolvendo sempre o movimento,
como: relação com os deuses, relação consigo, com os outros e com a natureza; transcendência;
emoção, expressão, sentimentos; símbolos, linguagem e comunicação; interação entre aspectos
fisiológicos, psicológicos, intelectuais, emocionais; tempo, espaço, ritmo; arte; educação.
(RANGEL, 2002 p.22)
Segundo Marques (2005), para que se possa compreender e desfrutar estética e
artisticamente da dança é necessário que nossos corpos estejam engajados de forma integrada com o
seu fazer-pensar. A grande contribuição da dança para a educação do ser humano, é educar corpos
que sejam capazes de criar pensando e re-significar o mundo em forma de arte.
Nanni (2002), fala sobre o processo de transformação do homem, que se verifica,
27
Através das artes, ciências e filosofia, pela liberação de suas
potencialidades manifestadas pelo sentir, pensar e agir. O
processo criativo facultado pela Dança Educacional é um
substancial alimento para o espírito, concorrendo para o
desenvolvimento das potencialidades do homem, favorecendo
seu total crescimento físico, mental e emocional. Através da
arte, o homem cria, se sensibiliza, se expressa, comunicando-
se e humanizando-se. (pág.129)
Nanni (2000) ainda coloca que a dança possibilita a Educação Integral, pois faculta:
• Perfeita formação corporal;
• Espírito socializador;
• Possibilita o processo criativo;
• Desenvolve os aspectos éticos e estéticos.
Ao trabalhar com a dança se tem uma rede imensa sendo tecida com diferentes texturas,
cores, tamanhos, estruturas, complexidades. Esta rede de dança e educação, baseada nos
relacionamentos entre os conteúdos da dança, os alunos e a sociedade, não ignora os sentimentos e a
sensibilidade humana, possibilitando o aumento de nossa capacidade de encontrar novos e
diferentes modos de construir e reconstruir um mundo mais significativo para o próprio indivíduo.
(MARQUES, 1999 p.94)
Garaudy (1980), citado por Rangel (2002), apresenta uma visão de dança que contempla a
integração dos aspectos físicos, mentais e espirituais, afirmando que a dança é uma das raras
atividades humanas em que o homem se encontra totalmente engajado: corpo, espírito e coração.
Rangel (2002) cita também a visão de Fux (1983), para quem a dança é uma atividade que deveria
28
ser contemplada nas escolas, onde através dela, emergiria também um novo homem, com menos
medo e percepção de seu corpo como meio expressivo em relação com a própria vida.
A atividade de dança na escola pode desenvolver na criança a compreensão de sua
capacidade de movimento, mediante um maior entendimento de como seu corpo funciona. Assim,
poderá usá-lo expressivamente com maior inteligência, autonomia, responsabilidade e sensibilidade.
(PCN, 2001)
Para Nanni (2002), a educação pelo movimento constitui um fator essencial e efetivo para
que o ser humano desenvolva suas capacidades, habilidades e integralmente suas potencialidades. A
importância de a criança perceber o seu corpo, suas capacidades, suas relações com as outras,
comunicar-se e expressar suas emoções e sentimentos é feita através do movimento. Esse
movimento constitui uma atividade essencial e dinâmica que se vê na vida da criança, permitindo
que ela execute tarefas e resolva problemas.
Segundo o PCN (2001), toda ação humana envolve a atividade corporal. A criança é um ser
em constante mobilidade e utiliza-se dela para buscar conhecimento de si mesma e daquilo que
rodeia, ela se movimenta nas ações do seu cotidiano e correr, pular, girar e subir nos objetos são
algumas das atividades dinâmicas que estão ligadas à sua necessidade de experimentar o corpo e
sendo assim, a ação física é necessária para que a criança harmonize de maneira integradora as
potencialidades motoras, afetivas e cognitivas.
A dança em si pode ser entendida como a conjunção de todos os elementos presentes na cultura
que lhe atribui significados sociais, quer seja pela produção sistematizada do conhecimento, quer seja
pelas técnicas corporais apresentadas pelas pessoas envolvidas em sua criação. São as técnicas corporais
que contribuem para as construções dos significados das composições coreográficas apresentadas
profissional ou popularmente. Os significados podem ser conduzidos por um diretor, um coreógrafo,
pelo professor-artista (MARQUES, 2005).
29
Marques (2005) ainda ressalta os conteúdos específicos da dança, que são: aspectos e estruturas
do aprendizado do movimento (aspectos da coreologia, educação somática e técnica), disciplinas que
contextualizem a dança (história, estética, apreciação e crítica, sociologia, antropologia, música, assim
como saberes de anatomia, fisiologia e cinesiologia) e possibilidades de vivenciar a dança em si
(repertórios, improvisação e composição coreográfica).
Percebe-se que o campo de abrangência destes conteúdos é rico e diversificado, porém não deve
ser entendido como "receita de bolo", numa visão tradicional, mas sim auxiliar e acrescentar ao processo
de ensino-aprendizagem aspectos diretamente relacionados ao corpo, à dança, à pluralidade cultural
levando a uma (re) leitura de mundo totalmente voltado para nossa realidade histórica e social. Acima
de tudo a escola deve estar sensível aos valores e vivências corporais que o indivíduo traz consigo,
permitindo desta forma que conteúdos trabalhados, se tornem mais significativos. (GARIBA, 2005).
Rangel (2002) mostra na figura seguinte as definições da dança de forma expressiva,
sentimental, poética e outras que retratam de forma peculiar a dimensão humana.
30
Relação com os Deuses
Relação consigo mesmo, com os outros e com a natureza.
M
Emoção, expressão O Símbolos, Linguagem
V
Sentimento I Comunicação
M
Transcendência E Tempo, Ritmo, Espaço
N
Educação T Arte
O
Interação entre os aspectos fisiológicos, psicológicos e emocionais.
Fonte: RANGEL, 2002 PAG.70
3.1 Dança e Educação Física
Segundo Rangel (2002), a Educação Física na tentativa de olhar o homem como ser-no-
mundo, que se relaciona consigo mesmo, com os outros e com as coisas, busca contribuir através de
suas propostas de atuação, com atividades lúdicas que envolvem desde o jogo, o esporte, a ginástica
e a dança.
O Trabalho de Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental é importante, pois
possibilita aos alunos desenvolverem habilidades corporais e a participação em atividades culturais,
com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções, contribuindo para a
31
construção de um estilo pessoal de exercer suas práticas, buscando o desenvolvimento da
autonomia, da cooperação, a participação social e a afirmação de valores e princípios democráticos.
(PCN, 1997)
A dança, como é proposta pela área de Arte nos PCN (1997), tem como propósito o
desenvolvimento integrado do aluno. A experiência motora permite observar e analisar as ações
humanas propiciando o desenvolvimento expressivo que é o fundamento da criação estética. Os
aspectos artísticos da dança, como são ali propostos, são do domínio da arte e assim apresentados:
• A dança na expressão e na comunicação humana: reconhecimento do corpo e das
características individuais; experimentação das formas de locomoção; seleção de
gestos e movimentos observados em dança e criação de coreografias.
• A dança como manifestação coletiva: integração e comunicação com os outros por
meio dos gestos e dos movimentos.
• A dança como produto cultural e apreciação estética: reconhecimento das
modalidades e combinações de movimentos apresentadas em várias danças; as
concepções estéticas nas diversas culturas, considerando as criações regionais,
nacionais e internacionais, e os agentes sociais em diferentes épocas e culturas.
De acordo com Bregolato (2007), na perspectiva da formação do ser humano em sua
totalidade, os conteúdos da Educação Física Escolar se desenvolvem em três dimensões que são
trabalhados de forma integrada, tendo momento que enfatizam uma ou outra dimensão:
 Das práticas dos movimentos corporais: ginástica, jogos, esportes
danças, mímicas, relaxamento etc.
32
 Da contextualização teórica: o como e o porquê das praticas de
movimentos corporais, e da relação deles com a vida como um todo.
 De princípios de valores de atitudes: desenvolvimento de
comportamentos voltados a formação de seres humanos que possam construir um mundo
mais harmonioso.
Já os conteúdos da Educação Física no ensino fundamental (1º e 2º ciclos) segundo o PCN
estão divididos em três blocos, que deverão ser desenvolvidos ao longo de todo o ensino. Os blocos
articulam-se entre si, têm vários conteúdos em comum, mas guardam especificidades. São eles:
Fonte: PCN, 1997 pág.46
Se tratando da dança, que se encaixa no bloco das atividades rítmicas e expressivas, onde se
inclui as manifestações da cultura corporal, através da expressão e comunicação por gestos e
músicas, os alunos poderão conhecer as qualidades do movimento expressivo como leve/pesado,
forte/fraco, rápido/lento, fluido/interrompido, intensidade, duração e direção, sendo capaz de
analisá-los a partir destes referenciais; conhecer algumas técnicas de execução de movimentos; ser
capazes de construir coreografias e valorizar e apreciar as manifestações expressivas.
Cunha (1992), citado por Rangel (2002), fala sobre a dança criativa, destinada as escolas de
1º e 2º graus, tendo como objetivo desenvolver uma ação pedagógica coerente, estimulando a
criatividade, baseando-se em analises de técnicas da dança adequada as series inicias, com enfoque
na educação psicomotora.
Para Marques (1999), a dança criativa surgiu em oposição à dança em que o aluno deve
aprender movimentos codificados e rígidos sem qualquer interferência pessoal, podendo ter
33
Esportes, jogos, lutas e ginásticas.
Conhecimentos sobre o corpo
Atividades rítmicas e expressivas
oportunidade de experimentar, explorar, expandir, representar e “colocar o seu” no processo de
configuração de gestos e movimentos.
Podemos pensar que diferentes modalidades para o ensino de dança hoje se inserem nas
vivencias contemporâneas do espaço e de tempo, fazendo, assim, com que as barreiras espaciais
sejam diluídas, permitindo que transitemos igualmente por vários lugares.
Um dos problemas enfrentado pela dança na escola, é o preconceito em relação ao gênero.
Para Nanni (2002), o preconceito do sexo masculino com relação ao ato de dançar talvez se
fundamente no conceito errôneo da sociedade moderna que coloca a sensibilidade que é
fundamental para o trabalho criativo como uma característica feminina.
Dançar, compreender, apreciar e contextualizar danças de diversas origens culturais pode ser
uma maneira de se trabalhar e discutir preconceitos e de incentivar os alunos a criarem danças que
não ignorem ou reforcem negativamente diferenças de gênero. (MARQUES, 2005).
Incorporar a dança na escola e relacionar a educação com a motricidade humana pode ser
uma nova linguagem da educação física podendo também possibilitar relações com outras áreas do
conhecimento, arte, história, entre outras. Através da dança trabalhamos as posturas mais
adequadas, aprendendo a lidar com tempo e espaço. Ajustando-se a esses elementos, trabalhamos
também a disciplina e a capacidade de se colocar no meio. A dança pode e deve ser trabalhada
como elemento cultural e avaliativo, com os objetivos de promover a sociabilização e o ritmo.
Metodologicamente deve-se trabalhar com a dança viabilizando o foco de interesse de
aprendizagem do aluno através de comunicação verbal para dirigir a atenção dos mesmos. Existem
algumas etapas para transmitir a dança aos alunos, são elas:
• Incentivação: atribuir objetivos comuns ao grupo;
• Realização: distribuir tarefas;
• Sistematização: organização e aprendizagem;
34
• Avaliação: verificação dos resultados.
Para avaliar é necessário analisar a evolução do comportamento motor, e das habilidades
levando em consideração a seqüência de ensaios da coreografia e a adequação rítmica de cada um.
Para se trabalhar melhor a dança é importante dividir em faixas etárias, por exemplo: de 5 a 7 anos,
onde se tem que utilizar movimentos fundamentais, com boa distribuição rítmica e formas básicas e
de 8 a 10 anos, utilizando os movimentos fundamentais unidos com movimentos elaborados, formas
e combinações mais complexas e maior precisão.( TARDIVO, 1999)
IV - A APLICAÇÃO DE DANÇAS FOLCLÓRICAS BRASILEIRAS N0S
PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Uma forma interessante de se trabalhar as danças folclóricas nas escolas, é preparar um
festival de danças. Cada ano, da educação infantil ao 4º, poderá representar uma região do Brasil. A
escolha da dança deverá ser feita pela professora juntamente com os alunos, onde se levará em
consideração a faixa etária e o nível de dificuldade de cada dança. Escolhida a região, será proposta
uma pesquisa cultural sobre a mesma, bem como uma pesquisa sobre a história e o desenvolvimento
da dança típica, as principais características, movimentos, vestuário, curiosidades e etc.
4.1 – Educação Infantil
• Região > nordeste
• Dança > frevo
Esta dança teve origem nos movimentos da Capoeira. Os capoeiristas necessitavam de um
disfarce para acompanhar as bandas, já que eram perseguidos pela polícia. Assim, modificaram seus
golpes acompanhando a música, originando o "Passo" (a dança do Frevo) e trocando suas antigas
35
armas pela sombrinha. éDe início, era o guarda-chuva comum, geralmente velho e esfarrapado, hoje
estilizado, pequeno para facilitar a dança, e colorido para embelezar a coreografia. Atualmente a
sombrinha é o ornamento que mais caracteriza o passista e é um dos principais símbolos do
carnaval de Pernambuco.
O frevo é rico em espontaneidade e em improvisação, permitindo ao dançarino criar, com
seu espírito inventivo, os passos mais variados, desde os simples aos mais malabarísticos, possíveis
e imagináveis. (MEGALE, 1999)
Para ensinar o frevo `as crianças da pré-escola que têm geralmente entre cinco e seis anos e
movimentos mais limitados, teremos que fazer adaptações consideráveis, pois os principais passos
como a dobradiça, parafuso, bandinha, corrupio e chão de barriguinha, requerem muita técnica,
mesmo assim podemos criar passos simples, fáceis de se executar e que agradarão a todos.
Música: Festa do interior, Elba Ramalho.
Traje: Meninas: collant branco, saias coloridas que podem ser feitas de TNT, sapatilha de
carnaval e a sombrinha como adereço, podendo usar materiais alternativos para a sua confecção.
Meninos: camisa aberta com um nó, bermudas coloridas, também feitas de TNT, e a
sombrinha como adereço.
Coreografia: Formar duas fileiras, uma de meninos e outra de meninas, posicionadas
verticalmente uma ao lado da outra no palco. Todos dançam levantando a sombrinha e trocando de
lugares, meninos com meninas. Em cada troca executar giros em torno si levantando e abaixando a
sombrinha. Após as repetições formar uma fila única horizontal e dar passos para a direita e para a
esquerda sempre mexendo a sombrinha. Em seguida segurar a sombrinha com uma mão e a outra
colocar na cintura, pular sobre uma perna só com a outra levemente suspensa ao lado fazendo troca
de pernas. A finalização se dará com as crianças voltando à posição inicial, os meninos agachados e
as meninas a sua frente com a sombrinha levantada.
36
4.2 – 1º ano
• Região > sudeste
• Dança > jongo
O jongo é uma dança de origem africana que chegou ao Brasil através dos escravos,
difundindo-se nas regiões cafeicultoras, o que explica sua presença quase que exclusiva no sudeste
do País. Os principais instrumentos de percussão utilizados são o caxambu e o tambu, assim
também como candongueiro, a cuíca e a guaía (chocalho). Os dançarinos em roda exibem passos e
coreografias que exigem grande agilidade, desenvolve-se em dois ritmos, um lento e um rápido, e a
musica é cantada por solista. A coreografia varia conforme a localidade. Em São Paulo, a dança se
desenvolve em volta dos instrumentistas, sempre em roda e no sentido anti-horário. Extremamente
criativo e de difícil execução, o jongo dá a seus praticantes a fama de feiticeiros. Não há
indumentária especifica nem data para a realização. (CÔRTES, 2000)
O jongo é uma dança que requer muita habilidade e agilidade, mas se torna interessante e
divertida quando se cria coreografias adaptadas às crianças.
Música: Rosário de Maria, Grupo Jongo da Serrinha.
Traje: Meninas: collant branco, saias longas feitas de chitão, faixa no cabelo do mesmo
tecido da saia e descalças.
Meninos: calça de tecido leve branca, sem camiseta e descalços.
Coreografia: Todos num circulo intercalados meninas e meninos, dançam juntos colocando
primeiro a perna direita à frente, depois à esquerda e pulo para trás (direita esquerda e pulo). Após
varias repetições os meninos se dirigem ao centro da roda e começam a executar passos de capoeira
como, parada de mãos, estrela, mortais etc., enquanto as meninas continuam executando o mesmo
37
passo só que na hora do pulo para trás batem palmas. Meninos de volta aos seus lugares,
executando o mesmo passo agora sem palmas e sem pulo, mas com um giro, direita esquerda e giro.
4.3 – 2º ano
• Região > centro-oeste
• Dança > catira/cateretê
O Cateretê é uma das danças mais genuinamente brasileira. É de origem indígena, tal qual o
seu próprio nome, tirado da língua Tupi. É uma espécie de sapateado brasileiro executado com
"bate-pé" ao som de palmas e violas. Tanto é exercitado somente por homens, como também pó um
conjunto de mulheres. Essa dança é conhecida e praticada, largamente, no interior do Brasil,
especialmente nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e, também, em menor escala, no
Nordeste. Principalmente em Goiás, mas também em muitas outras regiões é denominado "Catira".
É interessante a coreografia registrada por Rossini Tavares de Lima, em seu livro “Melodia e Ritmo
no Estado de São Paulo, que assim dizia, “Para começar o Catira, o violeiro puxa o rasqueado e os
dançadores fazem a “escova”, isto é, um rápido bate-pé, bate-mão e seis pulos”. A seguir o violeiro
canta parte da moda, ajudado pelo “segundo e volta ao “rasqueado”. Os dançadores entram no bate-
pé, bate-mão e dão seis pulos. Prossegue depois o violeiro o canto da Moda, recitando mais uns
versos, que são seguidos de bate-pé, bate-mão e seis pulos. Quando encerra a moda, os dançadores
após o bate-pé- e bate-mão, realizam a figura que se denomina "Serra Acima", na qual rodam uns
atrás dos outros, da esquerda para a direita, batendo os pés e depois as mãos. Feita a volta completa,
os dançadores viram-se e se voltam para trás, realizando o que se denomina "Serra Abaixo", sempre
a alternar o bate-pé e o bate-mão. Ao terminar o "Serra Abaixo" cada um deve estar no seu lugar,
afim de executar novamente o bate-pé, o bate-mão e seis pulos". (ZUCONNI, 2004)
38
A catira é uma dança que exige muita atenção da criança, precisando coordenar as batidas
dos pés e das mãos ao ritmo da música.
Música: Tiro a queima bucha, Vieira e Vieirinha.
Traje: Camisa xadrez de manga longa, calça jeans, bota, chapéu e lenço. O traje será o
mesmo para meninos e meninas.
Coreografia: Formar duas fileiras, uma em frente à outra, podendo ser uma de meninas e
outra de meninos ou intercalados. Ao ritmo da música na parte cantada uma fileira bate palmas
enquanto a outra sapateia. Na parte instrumental, todos batem palmas sem sapatear. Na parte
cantada, a fila que bateu palmas sapateia e a outra bate palmas. Voltando a parte instrumental todos
sapateiam até o final.
4.4 – 3ºano
• Região > Sul
• Dança > pau de fitas
A Dança Pau de Fitas é uma tradição milenar, originária do meio rural, trazida pelos
imigrantes europeus para o Rio Grande do Sul. Popularizou-se como dança de pares ensaiados,
elaborada por grupos específicos que desenvolvem coreografias para apresentá-la em festas
especiais. Chefiado por dois participantes denominados Mestre Leão e Senhora Dona Mestre, o
grupo realiza evoluções em torno de um mastro de mais ou menos 3 metros de altura e 4
centímetros de diâmetro, de onde pendem fitas de mais ou menos 4 metros de comprimento, com 1
ou 2 centímetros de largura. O objetivo da coreografia é realizar, por meio de movimentação das
fitas seguras pelas mãos dos dançarinos, figuras no mastro. Estes trançamentos ou figuras tomam o
nome de: “Trama”, “Trança” ou “Rede de Pescador”. O número de casais dançantes tem sempre
que ser par, para que os desenhos no mastro possam ser realizados. Os passos utilizados para
39
realizar os movimentos durante a dança são normalmente os de rancheira, valseados que têm
marcação forte no primeiro compasso. (CÔRTES, 2000)
A dança Pau de Fitas é a dança folclórica mais presente nas escolas e é geralmente dançada
nas festas do ciclo junino. O grau de dificuldade da coreografia será de acordo com a faixa etária e a
facilidade de movimentos das crianças que irão dançá-la.
Música: Pra sempre minha vida, Grupo Tradição.
Vestuário: Meninas: vestidos longos floridos ou xadrez, laços ou flores na cabeça.
Meninos: calça jeans e camisa xadrez.
Coreografia: Os casais se posicionam um a frente do outro, meninas com a mão direita
levantada segurando a fita e a outra o vestido, meninos seguram a fita com a mão esquerda e a outra
para trás. Começam dançando no lugar um para o outro. Viram-se para o mastro, indo para o centro
ora as meninas ora os meninos. Voltando à posição inicial, com os meninos um pouco mais para
dentro, andam em roda em sentido contrário, depois mudam de sentido e voltam. Dançam
novamente no lugar um para o outro, e começam a trançar as fitas, ora os meninos passam debaixo
da fita das meninas, ora as meninas passam debaixo da fita dos meninos. Vão rodando até
encontrarem seus pares, onde param e dançam um para o outro, isso se repete até trançarem a fita
toda no mastro. A destrança poderá ou não ser feita, isso dependerá da facilidade e do interesse das
crianças.
4.5 – 4º ano
• Região > norte
• Dança > lundu
Lundu é uma dança de origem africana, assim como seu canto, trazida pelos escravos
bantos. O Lundu, do mesmo modo que o "maxixe” eram danças que possuíam uma forma "branda"
40
e a uma forma "selvagem". Essa última tinha como tema da dança, o convite feito pelo homem à
mulher. A dança desenvolvia-se, a princípio, com a recusa da mulher, mas, ante a insistência do seu
companheiro ela termina por ceder. A movimentação era tão carregada de sensualismo e lubricidade
que, ao tempo, a Corte, ao tomar conhecimento do fato, solicitou às autoridades à proibição da
dança. A coreografia na forma "branda", segue as linhas gerais do Batuque ou Samba. Homens e
mulheres dançam soltos, formando um semicírculo onde cada par, após dançar no centro, volta ao
seu lugar; no final todos dançam juntos. Com as adaptações locais o "Lundu" sofreu diversas
modificações, principalmente na indumentária. Ao contrário do primitivismo africano, apresenta
todas as características marajoaras, razão por que passou a ser chamado de "Lundu marajoara". As
mulheres se apresentam com lindas saias longas, coloridas e bastante largas, blusas de renda branca,
pulseiras, colares, brincos vistosos e flores no cabelo. Os homens vestem calças de mescla azul-
claras e camisas brancas com desenhos marajoaras. Os pares se apresentam descalços.
(VOLPATTO, 1995)
Música: Lundu, Ricardo Kenji.
Vestuário: Meninas: Blusa branca curta, saia longa e muito larga, colares e flores no cabelo.
Meninos: camisa branca, calças largas e colares. Todos descalços.
Coreografia: As meninas entram de braços abertos dançando lentamente com um leve
rebolado. Levantam uma das mãos e com a outra seguram a saia, girando em torno de si, trocam as
mãos e giram novamente mudando a direção do giro. Com as duas mãos para cima formam uma fila
indiana e vão andando fazendo um circulo. Nesse momento os meninos entram e se posicionam ao
lado de suas parceiras. Em circulo, lado a lado com as cabeças encostadas, meninas segurando a
cabeça dos meninos, giram lentamente afastando o corpo um do outro. Vão trocando de par e
repetindo o mesmo movimento até chegar ao seu par novamente. Desmacha-se o circulo e os casais
se espalham, meninos ajoelham-se e as meninas dançam ao redor deles com movimentos mais
41
rápidos. Os pares dançam com as testas encostadas. Terminando a dança, meninos pegam as
meninas no colo para a pose final.
42
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vemos em todo decorrer do trabalho que nosso país é muito rico em tradições, culturas e
consequentemente danças folclóricas. Podemos em uma viagem imaginaria e ao mesmo tempo real
pelas bibliografias vistas buscar nas regiões brasileiras, a real importância de se aplicar essas danças
nas aulas de educação física escolar.
Marques (1999; p. 94) mostra que: ao trabalhar com a dança se tem uma rede imensa sendo
tecida [...]. Esta rede de dança e educação, baseada nos relacionamentos entre os conteúdos da
dança, os alunos e a sociedade, não ignora os sentimentos e a sensibilidade humana, possibilitando
o aumento de nossa capacidade de encontrar novos e diferentes modos de construir e reconstruir um
mundo mais significativo para o próprio indivíduo.
Ao incorporar a dança na escola e relacionar a educação com a motricidade humana estamos
criando uma nova linguagem da educação física o que nos possibilita como dito no trabalho,
relações com outras áreas do conhecimento.
Trabalhamos também através da dança as posturas mais adequadas, aprendendo a lidar com
tempo e espaço, a disciplina e a capacidade de se colocar no meio. A dança pode e deve ser
trabalhada como elemento cultural e avaliativo, com os objetivos de promover a sociabilização e o
ritmo.
Com a finalização da pesquisa e aprofundamento dos conhecimentos sobre as danças
folclóricas brasileiras e a dança educação pode-se obter subsídios para implementar ações e projetos
na escola visando a valorização da cultura nacional - que é rica em manifestações populares e
religiosas - para o desenvolvimento de habilidades corporais com finalidades de expressão de
sentimentos, afetos e emoções, contribuindo assim para a construção de um estilo pessoal ao
43
exercer suas práticas, buscando o desenvolvimento da autonomia, da cooperação, a participação
social e a afirmação de valores e princípios democráticos. (PCN, 1997)
44
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<http://www.escoladedanca.net/course/category> Acesso: 17 out. 2008.
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A importância da dança folclórica na educação

  • 1. INTRODUÇÃO Este trabalho pretende mostrar a importância da dança aplicada em escolas de ensino fundamental. Para sua realização buscou-se através de bibliografias a origem das danças, sua historia e costumes de povos de diferentes lugares. Nilza (1999) coloca que as danças folclóricas estão presentes em quase todos os paises e enquanto algumas são ligadas ao culto, outras reproduzem fatos heróicos que merecem ser lembrados. De qualquer forma elas possuem incomparável valor folclórico por tratar de vários aspectos do dia a dia das pessoas e por ser um componente cultural da humanidade importantíssimo, assim como o folclore brasileiro que representa a cultura de uma determinada região, é riquíssimo em danças que representam as tradições de um povo. Para Portinari (1989) o Brasil explora muito mal sua grande riqueza - “o folclore”, e a tendência é que se não for bem trabalhado, venha a desaparecer igualmente aconteceu com antigas tradições. Nesse estudo, pretende-se usar a dança na escola como forma de resgate cultural, pois se acredita que compreendendo, apreciando e contextualizando danças de diversas origens culturais torna-se possível discutir preconceitos e valores. O 1º capítulo trata de uma breve história da dança mundial, dando ênfase às danças folclóricas que são riquezas pouco exploradas e vão desaparecendo junto com outras antigas tradições. Cada estado tem seu folclore, no qual a dança é componente de enorme tradição. Serão citadas no 2º capítulo as principais danças e festas folclóricas pertencentes a cada região do Brasil, bem como suas manifestações e influencias culturais. No 3º capítulo abordam-se as relações entre dança, educação e educação física, visto que a dança não é somente uma habilidade corporal, pois a criança utiliza-se dela para buscar conhecimentos de si mesma e de tudo que a rodeia. 8
  • 2. Finalmente no 4º capitulo elaborou-se um projeto de aplicação dessas danças nas escolas públicas seguindo as sugestões do PCN de artes que tem como propósito o desenvolvimento integrado do aluno, onde experiência motora permite observar e analisar as ações humanas propiciando o desenvolvimento expressivo que é o fundamento da criação estética. 9
  • 3. I - HISTÓRIA DA DANÇA A dança é uma das artes mais complexas e mais antigas, para entendê-la é preciso que se volte no tempo. De acordo com Magalhães (2005), os primeiros registros de movimentos do corpo, de expressões corporais, datam de 14.000 anos atrás, e só no séc. XX, a dança passa a ser pesquisada como uma das mais importantes manifestações do homem em aspectos sociais, religiosos, culturais, entre outros, utilizando-se de documentos iconográficos para mapear tanto a sua origem como a sua função. Segundo Caminada (1999), a dança nasceu da necessidade de expressar uma emoção, de uma plenitude particular do ser, de uma exuberância instintiva, de um apelo misterioso que atinge até o próprio mundo animal. Ela na forma mais elementar, se manifesta através de movimentos que imitam as forças da natureza que parecem mais poderosas ao homem. Afirma-se que no seu primórdio a dança foi uma manifestação naturalista, com gestos desordenados e através da repetição e da sincronia dos movimentos é que ela se constituiu. O homem pré-histórico da era Paleolítica gravava nas cavernas o que era importante, assim como a caça, a alimentação, a vida e a morte, onde provavelmente as figuras dançantes fizessem parte de rituais religiosos. Para Bregolato (2007; pág. 73), a dança é tão antiga como a própria vida humana, nasceu na expressão das emoções primitivas, nas manifestações, na comunhão mística do homem com a natureza. O homem que ainda não falava se utilizou do gesto rudimentar para expressar suas emoções num ritmo natural. No período Neolítico o homem aprende a cultivar e se organizar em grupos e em cidades. Surge um esboço de classe sacerdotal, que vai “supervisionar” os rituais de dança, não os deixando ao acaso das inspirações individuais. Dessa forma, a dança deixa de ser participativa para se tornar 10
  • 4. representativa: o homem deixa de entrar em contato com os espíritos para começar a representar os mitos e os Deuses. A dança nasceu da religião, e era fruto da necessidade de expressão do homem, onde se movimentavam ritmicamente para se aquecer, se comunicar, aplacar os deuses e exprimir alegria. As primeiras danças humanas eram individuais e se relacionavam à conquista amorosa. As danças coletivas também aparecem na origem da civilização e sua função associava-se à adoração das forças superiores ou dos espíritos para obter êxito em expedições guerreiras ou de caça ou ainda para solicitar bom tempo e chuva. (FARO, 1986) Curt Sachs citado por Ellmerich (1964, p.14), estabelece uma ordem cronológica da evolução das danças na pré-história: • Danças circulares, sem contato corporal entre os participantes; • Danças de imitação animal; • Danças convulsivas; • Danças em serpentina; • Danças eróticas; • Danças em circulo duplo; • Danças funerárias; • Danças com máscaras; • Danças aos pares (casal); • Danças em diversos círculos; • Danças em que homens e mulheres se colocam em linhas opostas; • Danças de pares mistos; • Danças de pares abraçados; 11
  • 5. • Danças do ventre. Caminada (1999; pág.21) comenta assim a evolução das danças na pré-história:  No período paleolítico inferior e na cultua primitiva básica, apenas existia a dança circular sem contato.  No paleolítico médio, surgiu a dança coletiva, solta em harmonia com o corpo, de caráter imitativo;  No paleolítico superior, das ultimas culturas primitivas, observou-se a formação individual e coral, quase sem nenhum contato; a forma serpentina já era encontrada.  No período mesolítico dos primitivos agricultores, surgiram às danças eróticas, danças em circulo duplos, fúnebres e com máscaras.  No neolítico, já com duas culturas distintas: a campesina e a senhoril, desenvolveu-se a dança em diversos círculos, a dança coral, dança aos pares e a dança do ventre.  Na cultura grega, a dança fazia parte do cotidiano dos homens. Estava nos ritos religiosos, nas cerimônias cívicas, nas festas, na educação das crianças, e era frequentemente vinculada aos jogos, em especial os jogos olímpicos. Os gregos consideravam a dança como dom dos imortais e como um meio de comunicação entre os homens e os deuses. Esses eram invocados pelas danças nas situações mais diversas, onde pouco a pouco foram adquirindo um conjunto de passos, gestos, o que hoje denominamos coreografia. Segundo Caminada (1999), a dança em Roma não foi uma expressão artística poderosa; ela não se vinculou a religião ou ao teatro. Os romanos desprezavam a dança, sendo considerada inicialmente incompatível com o espírito de um povo conquistador e só com a penetração da cultura grega, esse quadro começou a ser revertido. 12
  • 6. Por volta de 200 a.C., introduziram-se as coreografias gregas e a dança se tornou mais importante na vida publica e passou a ser moda nos costumes das famílias romanas. Na Idade Média, em se tratando das danças populares, encontramos os mesmos motivos das danças primitivas. O cristianismo conseguiu atenuar, mas não apagar completamente o sentido pagão dessas danças. O carnaval é a festa mais popular sob o ponto de vista psicológico; trata-se de uma válvula de escape, sem duvida necessária, para que o povo, durante um curto período, possa expandir seus sentimentos, suas alegrias e seus desejos, recalcados no severo de servidão feudal e tutelado pelo clero fanático. (ELLMERICH, 1964, p.20). Para Faro (1987), a evolução da dança apresenta a seguinte trajetória: o templo, a aldeia, a praça, o salão e o palco; E divide-se em três formas distintas: étnica, folclórica e teatral, fazendo uma ligação da dança de salão com a folclórica e a teatral, onde o salão inclui todas as danças que passaram a fazer parte da vida da nobreza européia da idade média. Para esse mesmo autor (1987) a dança étnica está ligada às cerimônias religiosas. No Brasil, encontramos provas da vinculação entre dança e o ato religioso, por exemplo, nos povos indígenas e no candomblé, onde ocorreu um sincretismo, que permitiu que essas religiões sobrevivessem. O candomblé exemplifica o caso de uma etnia importante, pois essa religião veio da África com os escravos e se proliferou. Os negros identificaram seus orixás com os santos da igreja e surgiram varias religiões que são seguidas até hoje. No candomblé, a dança serve para invocar, apaziguar ou agradecer aos deuses por graças obtidas. Já na dança indígena, o índio expressa seus sentimentos de alegria ou tristeza, pedindo e agradecendo com uma seqüência de movimentos que representam uma verdadeira coreografia. Um exemplo típico de dança étnica é o carnaval brasileiro, onde se festeja os 40 dias da Quaresma. 13
  • 7. A dança religiosa fez parte da liturgia nas missas até o século XII, quando foi interrompida, pois a igreja naquele momento histórico tinha uma enorme influencia, e dizia que o corpo não devia se entregar aos prazeres, pois que o bem do homem só está na alma, e todo mal vem da carne. O corpo que é carnal foi colocado como um obstáculo da alma, portanto, ele devia ser punido e ignorado, assim, muitas manifestações corporais foram consideradas pecado, e a dança uma delas. (BREGOLATO, 2007; p.90). A dança folclórica e a dança étnica estão intimamente ligadas sendo difícil saber o limite entre elas. Segundo Portinari (1989), tem-se por étnica a dança produzida por uma comunidade racial e culturalmente homogênea, transmitida de geração em geração, com mínimos acréscimos ou modificações; Dança folclórica é aquela produzida espontaneamente numa comunidade com laços culturais em comum, resultantes de um longo convívio e troca de experiências. As danças folclóricas realmente nasceram, em principio, das danças religiosas. Os ritos antes celebrados dentro dos templos foram aos poucos sendo liberados pelos sacerdotes e passaram a ser realizados em praça pública, onde o povo começou a participar transformando-se em manifestações populares, que deixaram de ser religiosas e passaram a ser folclóricas. A dança teatral surgiu nos cenários cortesãos e palacianos. Inicialmente dança de corte, executada em um palco com a finalidade de divertir, logo teve que se sujeitar as regras severas. Uma das danças cortesãs de execução mais complexa foi o minueto, depois foi a valsa, e com ela se iniciou a passagem da dança em grupo, ao baile de pares, onde há a ligação com a dança de salão. 14
  • 8. A dança de salão, ou dança social, encontra sua origem nas danças populares realizadas nas praças das aldeias, aonde essas danças chegaram até os refinados salões dos castelos da realeza de forma estilizada, onde os movimentos executados pelo povo simples das aldeias sofreram transformações e foram substituídos por outros com características de suavidade e elegância nos gestos. (RANGEL, 2002, p.36). A configuração de um gênero de dança circunscrito ao âmbito teatral determinou o estabelecimento de uma disciplina artística, onde se deu o desenvolvimento do ballet e mais tarde o sapateado e o swing. Enfim, a dança teatral envolve vários estilos, entre eles, o ballet clássico que surgiu para agradar a corte, o neoclássico e o moderno que se opõe ao clássico. As danças existem em quase todos os países do mundo, umas são ligadas a manifestações de culto, outras evocam fatos épicos, acontecimentos dignos de serem rememorados como exemplos de coesão social. De qualquer maneira, apresentam incomparável valor folclórico, visto que conjugam os mais diversos aspectos da vida cotidiana, associando a música ao gesto, à cor, ao ritmo, ao sentido lúdico, aos atributos da resistência física em manifestações de saúde, alegria e vigor. (NILZA, 1999). A progressão da dança, de cerimônia religiosa à arte dos povos, não é aleatória, mas obedece a padrões sociais e econômicos que tiveram efeito semelhante sobre as demais artes, nasceram da necessidade latente na criatura humana de expressar seus sentimentos, desejos, sonhos e traumas através das formas mais diversas. (FARO, 1998, P.16). 1.1 Dança Folclórica 15
  • 9. O conceito de dança folclórica usado por Bregolato (2007) é que ela: Representa uma das manifestações espontâneas da gente dos campos e das cidades. Ela não tem autor conhecido, é obra do povo que a cria, e que vão passando de geração a geração, valorizando e perpetuando a tradição de uma cultura. A dança representa a cultura regional, pois retrata seus valores, crenças, trabalho e significado. (pág. 88). Recorremos a Faro (1998) para compreender como surgiu a dança folclórica e para ele é muito difícil responder com datas, e o que se pode é citar etapas do desenvolvimento das sociedades e dos costumes que levaram às manifestações populares de dança, já fora do rígido controle dos líderes religiosos. As manifestações coreográficas dos camponeses de diversos países tinham significado religioso, e é provável que essas danças fossem dirigidas por sacerdotes dentro de figurações de cunho místico preestabelecido. O aumento da população, a expansão das áreas urbanas e suburbanas, a comunicação entre as nações e o progresso técnico e mental da humanidade devem ter contribuído para uma ruptura entre o religioso e o popular. As danças sempre foram um importante componente cultural da humanidade. O folclore brasileiro é rico em danças que representam as tradições e a cultura de uma determinada região. Estão ligadas aos aspectos religiosos, festas, lendas, fatos históricos, acontecimentos do cotidiano e brincadeiras. (ROCHA, 2008; p. 01) Segundo Lucena (1997), embora as danças folclóricas sejam preservadas pela repetição, vão mudando com o tempo, mas os passos básicos e a música assemelham-se ao estilo original. Todos os países têm algum tipo de dança folclórica e a maioria pertence apenas a sua nação. 16
  • 10. Laban (1990) citado por Bregolato (2007), conta que as danças folclóricas dos países europeus, têm origem na idade média. Elas são provenientes dos bailes e danças campestres, que o povo dançava a seu modo para sua diversão. As danças populares internacionais têm um ritmo que se associa ao seu lugar de origem, como exemplo: Rumba (Cuba), Tarantela (Itália), Samba (Brasil), Dança do Ventre (Arábia), Ula Ula (Havaí), Flamenca (Espanha). De acordo com Portinari (1989), no Brasil, a dança folclórica é uma das tantas riquezas mal exploradas que vão desaparecendo junto com outras antigas tradições. Cada estado tem seu folclore, no qual a dança é componente de enorme tradição, embora às vezes nem conste oficialmente como patrimônio cultural. O negro foi a máxima importância para a formação da música e das danças brasileiras, sendo que os escravos africanos trazidos de diferentes partes do continente, representando diversos graus de cultura, trouxeram o extraordinário senso de ritmo e o movimento que os portugueses não tinham. Os índios e os africanos dançavam descalços com sentido religioso e mágico, chegando ao transe. O convívio entre brancos, negros e índios seria determinante para a formação do folclore musical e dançante. O folclore ganhou impulso nas zonas campestres, e é nelas que até hoje se manifesta com maior influencia e credibilidade. O homem do campo manteve por mais tempo o sentido religioso de suas danças, mas não ficou infenso as mudanças que a humanidade sofreu com progresso, o que trouxe novas idéias e novos costumes. Assim, as manifestações folclóricas nasceram dentro desse ciclo de progresso com forma de expressão popular que avançou no tempo e no espaço, devido a uma soma de circunstâncias de cunho sociológico. (FARO, 1986). 17
  • 11. 1.2 Folclore Brasileiro O Folclore é um conteúdo riquíssimo, que revela sabedoria e entretenimento. É também considerado conjunto de mitos, crenças, histórias populares, lendas, tradições e costumes, que são transmitidos de geração em geração, que fazem parte da cultura popular. A cultura popular está diretamente vinculada ao estudo profundo da cultura de vários elementos formadores de nossa nacionalidade. A população brasileira é constituída na sua maioria pela mistura de índios, negros e brancos. E isso influiu nos nossos costumes e no nosso folclore, que variam de uma região para outra, devido aos grupos de imigrantes que nelas localizaram. Faro (1986, p.24), comenta que somos o resultado de uma salada racial, aonde descendentes de alemães, italianos, espanhóis, portugueses, japoneses, ucranianos e árabes vieram somar, à nossa vida, uma parcela de seus usos e costumes. Nossa herança folclórica é o resultado direto de todas essas influências. As manifestações folclóricas são sempre muito antigas e desde sempre os homens quando se reúnem se divertem jogando, cantando, e dançando, as praticas que foram aprendidas na infância pela observação dos pais e avós. Não só diversões, mas também as artes manuais como o bordado e a cerâmica, superstições, crendices, receitas, etc. Segundo Faro (1998), os especialistas dividem o folclore brasileiro em dois grupos principais: > O urbano, aquele que é parte integrante da vida das populações citadinas e que domina principalmente no Norte e no Nordeste do Brasil; > O rural, que ocupa a maior parte do Sul e Centro-Oeste, mas que se desenvolve principalmente nas aldeias e vilarejos, fora dos grandes centros urbanos. 18
  • 12. A dança pode-se dizer, é um fato folclórico completo, pois possui todas as suas principais características. É a manifestação espontânea de uma coletividade, sendo, portanto coletiva e aceita pela sociedade onde subsiste. Tem como cenário normal as ruas, largos, praças públicas e possui estruturação própria através da reunião de seus participantes e ensaios periódicos. As danças brasileiras, não só pela quantidade e variação, como pela sua freqüência, são as expressões mais fiéis de nosso espírito musical. (MEGALE, 1999). Caminada (1999, p. 468) completa: Com suas crendices, superstições, lendas, cantos e danças, o folclore brasileiro é riquíssimo, ainda que pouco ou nada utilizado pelos coreógrafos brasileiros. É nossa história, contada por gente simples, de origens as mais diversas, de fundo místico, histórico, guerreiro heróico ou patriótico, preservada oralmente de geração para geração, de forma pura, autêntica, com a única finalidade de manter vivas velhas tradições, tais como alertar contra assombrações, e passar o tempo. II - DANÇAS FOLCLÓRICAS BRASILEIRAS Segundo Caminada (1999) entende-se por dança folclórica a manifestação de grupo, de estrutura simples, apenas com mestre e dançadores, com coreografia própria, desprovida de texto dramático, com ou sem vestimenta determinada, executada por um grupo aberto, que não envolve um número determinado de participantes. As danças para Assumpção (1967) são uma das práticas folclóricas brasileiras de maior importância, e ao fazermos este estudo temos que considerar a dança como prática única, e com partes representadas, fazendo duas divisões do folclore dançado: 1 - aquele onde a dança é o fim último, que denominamos apenas de Danças; 2 - as danças acompanhadas de partes representadas, chamadas de bailados. 19
  • 13. As danças são divididas, classificadas e analisadas de acordo com alguns fatores e significados que nos fazem entender melhor suas origens e evoluções. Ellmerich (1964) cita que para maior distinção dividem-se as danças brasileiras em danças comuns e danças dramáticas; enquanto as comuns são dançadas a noite, as dramáticas são representadas durante o dia. Danças dramáticas, dada aos bailados brasileiros de caráter folclórico, foram denominadas pelos folcloristas de folguedos populares e entende-se por este, toda manifestação folclórica nos seus fatores dramático, coletivo e estrutural. De acordo com Caminada (1999), as danças podem ser analisadas da seguinte forma: • Formação > em circulo, em fileiras, em pares etc. • Finalidade > ritual de intenção religiosa ou de caráter profano. • Origem > indígena, africana ou européia, podendo ser de Portugal, Espanha ou de vários países. Pinto (1983) mostra que os folcloristas classificam as danças brasileiras por suas origens e essas podem ser vistas da seguinte forma: a) De inspiração ameríndia (indígena americana) como a caboclinha, caipó, cateretê e caruru; b) De inspiração européia (espanhóis, holandeses, portugueses) como bumba-meu-boi, cana-verde, chegança, quadrilha, chula, São Gonçalo, flamenca, fandango e frevo. c) De inspiração africana como o baião, batuque, coco, jongo, maxixe, samba, congada, lundu, maracatu e Moçambique. Pinto (1983) cita também sua classificação quanto ao número de participantes: solista (frevo); par enlaçado (valsa); par solto (marca de anu); danças de conjunto (fandango). Para Bregolato (2007) a maioria das danças folclóricas se constitui dos significados que até então estavam diretamente ligados à vida da pessoa. São eles: 20
  • 14.  Religiosos (místicos);  Guerreiros (as guerras faziam parte da vida de praticamente todos os povos durante um grande período histórico);  Produtividade nas colheitas;  Funerárias (comum entre os primitivos);  Mímicas (quando imitam alguma coisa);  Lúdicas (como as de criança).  Podendo ser ainda tranqüilas, agitadas e frenéticas. Segundo Assumpção (1967), as influências das danças indígenas no nosso folclore não foram muito grandes, tendo as mesmas se perdido com o desaparecimento das tribos. Já a influência do africano é enorme, pois o único prazer que os escravos encontravam eram dançar nas senzalas. Os portugueses também foram uma grande influência, pois trouxeram suas danças coletivas. 2.1 Danças Indígenas Heitor citado por Ellmerich (1964) classifica as danças indígenas da seguinte maneira:  Rituais (religiosas, guerreiras, venatórias, funerárias e báquicas).  Recreativas (coletivas e individuais). De acordo com a disposição e os movimentos coreográficos são divididas em: roda, cordão ou fila, grupos opostos, saltatórias e imitativas. As características das danças diferem de uma tribo para outra e os sexos não se misturam durante a execução. O uso de máscaras é comum e reproduzem animais ou seres sobrenaturais. A dança dos mascarados, comentada por Volpatto (1995), era costume muito antigo entre os índios da América do Norte. A máscara é encontrada em diferentes culturas e acredita-se que foi 21
  • 15. uma evolução das primeiras pinturas e tatuagens que os índios usavam em suas caçadas e que depois passaram a fazer parte de cerimônias religiosas como símbolos mágicos. As danças eram acompanhadas de cantigas, cujo conteúdo era o louvor das proezas da guerra e de caça tanto dos indivíduos como da tribo e os mascarados imitavam as vozes dos animais que representavam. Estas máscaras não têm nada ver com culto e estas festas não parecem ter outra origem, senão de aproveitar a ocasião para celebrar uma boa colheita ou caça. Outras danças indígenas, também são encontradas, como por exemplo: Aruanã, çairé, coroconô, guaci, jacundá, poracé, tatuturema, tocandyra, toré, tucanayra e urucapé. 2.2 Danças Afro-Brasileiras As danças africanas variam muito de região para região, mas a maioria delas possui características em comum. Os participantes geralmente dançam em filas ou em círculos, raramente dançam a sós ou em par. As danças chegam a apresentar, algumas vezes, até seis ritmos ao mesmo tempo e seus dançarinos podem usar máscaras ou enfeitar-se. (VOLPATTO, 1995) De acordo com Pinto (1983) os negros trouxeram suas embaixadas, que são: formas dramáticas, dividida em cortejo (desfile e dança) e embaixada (a representação). A mais conhecida é o congo. As danças populares mais caracteristicamente nordestinas vieram do negro e são as que mais se fizeram ao contato da terra e da gente. As danças nascidas no nordeste são: o côco > dança socializada; o quilombo > dança dramática; o samba do matuto > próximo da dança dramática e transição do maracatu; e o frevo > dança generalizada. O negro influenciou na formação de danças e cantos. A música característica, onde sobressaem o batuque, o samba, ao lado de instrumentos típicos, sobretudo os de percussão, se 22
  • 16. congregaram na nossa orquestra popular, principalmente nas danças puramente africanas em que são imprescindíveis e a que muitas dão nome. As danças de origem africana são: cambinda, catopé, congada, congo, cucumbi, maculêlê, maracatu, Moçambique, quilombo, ticumbi, turundu. 2.3 Danças Européias As danças no Brasil, salvo as indígenas e aquelas trazidas pelos negros, são quase todas, adaptações das danças européias, cuja forma geral foi folclorizada, ou então receberam empréstimos de movimentos, passos e figurações, como a polca, a valsa, quadrilha, mazurcas, etc. As principais danças de origem ibérica (Portugal e Espanha) no Brasil, sem contar as religiosas, como a de São Gonçalo, e as Folias de reis e do Divino, são as danças do Fandango. (MEGALE, 1999). A dança gaúcha teve influência nitidamente européia e diverge muito das demais praticadas no restante do Brasil. A principal influência foi a dos portugueses, que trouxeram o seu modo alegre e expansivo de dançar. A tirana foi contribuição espanhola para os gaúchos. Esse tipo de dança é muito usado em rodeios que cada vez mais se tornam populares no Brasil. De acordo com Ellmerich (1964), a dança espanhola apresenta três aspectos: o regional, que são festas ao ar livre; o flamenco, danças executadas nos tablados das tabernas; e o clássico, danças de formas mais artísticas como o bolero, jaleo, etc. Outras danças espanholas, também são encontradas, como: abejón, alegria, almorrajas, baila de ibio, bamba, boleras, etc. Já a maioria das danças portuguesas são “canções dançadas”, que geralmente são encontradas da seguinte forma: danças de pares, em cadeia ou circulares, como o bailarico, as saias, ciranda, corridinho, etc. 23
  • 17. 2.4 As principais danças do Brasil 2.4.1 Região Norte Segundo Cortês (2000), a população nortista recebeu grande influência das três raças formadoras de nossa etnia, com destaque para o índio. As tradições portuguesas, indígenas, negras e nordestinas miscigenaram-se na Região Norte, criando uma cultura riquíssima, onde as celebrações populares tradicionais tomam grande significado. A difícil realidade de sobrepujar os obstáculos e desafios da floresta faz dos habitantes da Amazônia um povo vitorioso, que reflete nas suas festas, danças, lendas e mitos toda a alegria e felicidade de viver em harmonia com a floresta. Uma das maiores características da danças do norte do Brasil é a sensualidade do entrelaçamento dos pares, envolvidos com músicas de ritmos quentes e o predomínio das percussões, instrumentos de sopro e de corda. O principal instrumento típico da região é o carimbo. As principais danças são: Carimbó, Retumbão, Lundu, Xote Bragantino, Siriá, Vaqueiros do Marajó, Marabaixo, Jacundá, Batuque e Boi-de-Máscara. Existem também as festas populares tradicionais da Região Norte, que são: O Boi-Bumbá de Parintins, O Círio de Nazaré, A Festa de São Joaquim, Festa do Çairé e A Marujada em Bragança Paraense. 2.4.2 Região Nordeste De acordo com Cortês (2000), a região nordeste por ter sido a primeira zona de ocupação do Brasil, teve grande influência das tradições africanas, que compuseram a massa de trabalhadores 24
  • 18. escravos. A Bahia ainda guarda essa herança, sendo o Estado com maior contingente da população negra do Brasil, onde se observa a profunda relação da cultura africana com seus festejos e danças. A maior característica das danças do Nordeste é a alegria, realçada pelo ritmo frenético das bandas de pífanos, acordeões, triângulos, zabumbas, matracas, fanfarras e cantos que enaltecem a cultura nordestina, enchendo de sons as festas e danças da região. As principais danças são: Guerreiro, Frevo, Xaxado, Quilombo, Caninha Verde, Maracatu, Caboclinhos, Ciranda, Coco e Capoeira. As festas populares tradicionais da Região Nordeste são: Lavagem da Igreja do Bonfim na Bahia, Folguedos Natalinos em Alagoas, Bumba-Meu-Boi no Maranhão, Festas de São João em Campina Grande, Caruaru e Estância, Candomblé, Carnaval em Recife e Olinda e Romaria em Juazeiro do Norte. 2.4.3 Região Centro-Oeste A identidade do povo do Centro-Oeste é formada segundo Cortês (2000), pela convergência de povos de outras áreas do Brasil, que juntamente com os índios nativos deram origem aos mestiços, atualmente a maioria da população. A proximidade com o Paraguai e a Bolívia trouxe grandes influências nas festas, danças e músicas típicas regionais. A maior característica das danças do Centro-Oeste do Brasil é a miscigenação de varias culturas, dentre as quais se destacam a forte influência espanhola, presente principalmente no folguedo da cavalhada e em danças que apresentam palmeados e sapateados existentes na fronteira do Paraguai e Bolívia. As principais danças são: Catira/Cateretê, Chupim, Cururu, Siriri, Engenho de Maromba, Cavalhada. 25
  • 19. As festas populares tradicionais da Região Centro-Oeste são: Festa de São João em Corumbá, Semana na cidade de Goiás, Procissão do Fogaréu, Festa do Divino em Pirenópolis, Festa de Nossa Senhora do Caacupé. 2.4.4 Região Sudeste Segundo Cortês (2000), as festas e as tradições culturais traduzem, de forma comemorativa, a imensa riqueza cultural da região, revelando um povo miscigenado. As comemorações típicas e de intenso valor religioso em Minas Gerais são um legado vivo da influência católica no período colonial. No Rio de Janeiro e em São Paulo, desponta o carnaval como a maior festa profana e popular do mundo. Envolvidas por contrastes, as danças e folguedos do Sudeste têm como uma de suas características as homenagens prestadas aos santos de devoção, nas suas grandes celebrações religiosas. As principais danças são: Ticumbi, Congos, Moçambique, Catopés, Jongo (bate-caixa), Caboclinhos ou Caiapós, Folia de Reis, Marujos, São Gonçalo do e Calango Mineiro. As festas populares tradicionais da Região Sudeste são: Alardo, Festa de São Sebastião, Carnaval no Rio de Janeiro, Festa de Nossa Senhora em Minas Gerais, Festa de Santa Cruz em São Paulo e Festa do Divino em Diamantina. 2.4.5 Região Sul Segundo Cortês (2000) a formação cultural do povo da Região Sul decorre da miscigenação das culturas indígenas, dos bandeirantes paulistas e dos imigrantes europeus. Esses transferiram seu 26
  • 20. estilo de vida para o Brasil, mantendo assim suas tradições presentes em vários aspectos, como moradias, culinárias, danças, festas e o folclore local. A maior característica das danças do sul é o romantismo, evidenciado no espírito de fidalguia e de respeito, encontrado especialmente naquelas danças existentes no Rio Grande do Sul. As principais danças são: Caranguejo, Chimarrita, Pezinho, Balaio, Maçanico, Rancheira, Pau-de-Fita, Tatu, Chula, Tirana do Lenço, Xará-Grande, Anu, Tonta e Recortado. As festas populares da Região Sul são: Oktoberfest em Blumenau, Festa de nossa Senhora dos Navegantes, Boi-De-Mamão em Santa Catarina, Fandango no Paraná e Festa Nacional da Uva em Caxias do Sul. III - Dança e Educação A dança possui definições relacionadas a vários enfoques, envolvendo sempre o movimento, como: relação com os deuses, relação consigo, com os outros e com a natureza; transcendência; emoção, expressão, sentimentos; símbolos, linguagem e comunicação; interação entre aspectos fisiológicos, psicológicos, intelectuais, emocionais; tempo, espaço, ritmo; arte; educação. (RANGEL, 2002 p.22) Segundo Marques (2005), para que se possa compreender e desfrutar estética e artisticamente da dança é necessário que nossos corpos estejam engajados de forma integrada com o seu fazer-pensar. A grande contribuição da dança para a educação do ser humano, é educar corpos que sejam capazes de criar pensando e re-significar o mundo em forma de arte. Nanni (2002), fala sobre o processo de transformação do homem, que se verifica, 27
  • 21. Através das artes, ciências e filosofia, pela liberação de suas potencialidades manifestadas pelo sentir, pensar e agir. O processo criativo facultado pela Dança Educacional é um substancial alimento para o espírito, concorrendo para o desenvolvimento das potencialidades do homem, favorecendo seu total crescimento físico, mental e emocional. Através da arte, o homem cria, se sensibiliza, se expressa, comunicando- se e humanizando-se. (pág.129) Nanni (2000) ainda coloca que a dança possibilita a Educação Integral, pois faculta: • Perfeita formação corporal; • Espírito socializador; • Possibilita o processo criativo; • Desenvolve os aspectos éticos e estéticos. Ao trabalhar com a dança se tem uma rede imensa sendo tecida com diferentes texturas, cores, tamanhos, estruturas, complexidades. Esta rede de dança e educação, baseada nos relacionamentos entre os conteúdos da dança, os alunos e a sociedade, não ignora os sentimentos e a sensibilidade humana, possibilitando o aumento de nossa capacidade de encontrar novos e diferentes modos de construir e reconstruir um mundo mais significativo para o próprio indivíduo. (MARQUES, 1999 p.94) Garaudy (1980), citado por Rangel (2002), apresenta uma visão de dança que contempla a integração dos aspectos físicos, mentais e espirituais, afirmando que a dança é uma das raras atividades humanas em que o homem se encontra totalmente engajado: corpo, espírito e coração. Rangel (2002) cita também a visão de Fux (1983), para quem a dança é uma atividade que deveria 28
  • 22. ser contemplada nas escolas, onde através dela, emergiria também um novo homem, com menos medo e percepção de seu corpo como meio expressivo em relação com a própria vida. A atividade de dança na escola pode desenvolver na criança a compreensão de sua capacidade de movimento, mediante um maior entendimento de como seu corpo funciona. Assim, poderá usá-lo expressivamente com maior inteligência, autonomia, responsabilidade e sensibilidade. (PCN, 2001) Para Nanni (2002), a educação pelo movimento constitui um fator essencial e efetivo para que o ser humano desenvolva suas capacidades, habilidades e integralmente suas potencialidades. A importância de a criança perceber o seu corpo, suas capacidades, suas relações com as outras, comunicar-se e expressar suas emoções e sentimentos é feita através do movimento. Esse movimento constitui uma atividade essencial e dinâmica que se vê na vida da criança, permitindo que ela execute tarefas e resolva problemas. Segundo o PCN (2001), toda ação humana envolve a atividade corporal. A criança é um ser em constante mobilidade e utiliza-se dela para buscar conhecimento de si mesma e daquilo que rodeia, ela se movimenta nas ações do seu cotidiano e correr, pular, girar e subir nos objetos são algumas das atividades dinâmicas que estão ligadas à sua necessidade de experimentar o corpo e sendo assim, a ação física é necessária para que a criança harmonize de maneira integradora as potencialidades motoras, afetivas e cognitivas. A dança em si pode ser entendida como a conjunção de todos os elementos presentes na cultura que lhe atribui significados sociais, quer seja pela produção sistematizada do conhecimento, quer seja pelas técnicas corporais apresentadas pelas pessoas envolvidas em sua criação. São as técnicas corporais que contribuem para as construções dos significados das composições coreográficas apresentadas profissional ou popularmente. Os significados podem ser conduzidos por um diretor, um coreógrafo, pelo professor-artista (MARQUES, 2005). 29
  • 23. Marques (2005) ainda ressalta os conteúdos específicos da dança, que são: aspectos e estruturas do aprendizado do movimento (aspectos da coreologia, educação somática e técnica), disciplinas que contextualizem a dança (história, estética, apreciação e crítica, sociologia, antropologia, música, assim como saberes de anatomia, fisiologia e cinesiologia) e possibilidades de vivenciar a dança em si (repertórios, improvisação e composição coreográfica). Percebe-se que o campo de abrangência destes conteúdos é rico e diversificado, porém não deve ser entendido como "receita de bolo", numa visão tradicional, mas sim auxiliar e acrescentar ao processo de ensino-aprendizagem aspectos diretamente relacionados ao corpo, à dança, à pluralidade cultural levando a uma (re) leitura de mundo totalmente voltado para nossa realidade histórica e social. Acima de tudo a escola deve estar sensível aos valores e vivências corporais que o indivíduo traz consigo, permitindo desta forma que conteúdos trabalhados, se tornem mais significativos. (GARIBA, 2005). Rangel (2002) mostra na figura seguinte as definições da dança de forma expressiva, sentimental, poética e outras que retratam de forma peculiar a dimensão humana. 30
  • 24. Relação com os Deuses Relação consigo mesmo, com os outros e com a natureza. M Emoção, expressão O Símbolos, Linguagem V Sentimento I Comunicação M Transcendência E Tempo, Ritmo, Espaço N Educação T Arte O Interação entre os aspectos fisiológicos, psicológicos e emocionais. Fonte: RANGEL, 2002 PAG.70 3.1 Dança e Educação Física Segundo Rangel (2002), a Educação Física na tentativa de olhar o homem como ser-no- mundo, que se relaciona consigo mesmo, com os outros e com as coisas, busca contribuir através de suas propostas de atuação, com atividades lúdicas que envolvem desde o jogo, o esporte, a ginástica e a dança. O Trabalho de Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental é importante, pois possibilita aos alunos desenvolverem habilidades corporais e a participação em atividades culturais, com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções, contribuindo para a 31
  • 25. construção de um estilo pessoal de exercer suas práticas, buscando o desenvolvimento da autonomia, da cooperação, a participação social e a afirmação de valores e princípios democráticos. (PCN, 1997) A dança, como é proposta pela área de Arte nos PCN (1997), tem como propósito o desenvolvimento integrado do aluno. A experiência motora permite observar e analisar as ações humanas propiciando o desenvolvimento expressivo que é o fundamento da criação estética. Os aspectos artísticos da dança, como são ali propostos, são do domínio da arte e assim apresentados: • A dança na expressão e na comunicação humana: reconhecimento do corpo e das características individuais; experimentação das formas de locomoção; seleção de gestos e movimentos observados em dança e criação de coreografias. • A dança como manifestação coletiva: integração e comunicação com os outros por meio dos gestos e dos movimentos. • A dança como produto cultural e apreciação estética: reconhecimento das modalidades e combinações de movimentos apresentadas em várias danças; as concepções estéticas nas diversas culturas, considerando as criações regionais, nacionais e internacionais, e os agentes sociais em diferentes épocas e culturas. De acordo com Bregolato (2007), na perspectiva da formação do ser humano em sua totalidade, os conteúdos da Educação Física Escolar se desenvolvem em três dimensões que são trabalhados de forma integrada, tendo momento que enfatizam uma ou outra dimensão:  Das práticas dos movimentos corporais: ginástica, jogos, esportes danças, mímicas, relaxamento etc. 32
  • 26.  Da contextualização teórica: o como e o porquê das praticas de movimentos corporais, e da relação deles com a vida como um todo.  De princípios de valores de atitudes: desenvolvimento de comportamentos voltados a formação de seres humanos que possam construir um mundo mais harmonioso. Já os conteúdos da Educação Física no ensino fundamental (1º e 2º ciclos) segundo o PCN estão divididos em três blocos, que deverão ser desenvolvidos ao longo de todo o ensino. Os blocos articulam-se entre si, têm vários conteúdos em comum, mas guardam especificidades. São eles: Fonte: PCN, 1997 pág.46 Se tratando da dança, que se encaixa no bloco das atividades rítmicas e expressivas, onde se inclui as manifestações da cultura corporal, através da expressão e comunicação por gestos e músicas, os alunos poderão conhecer as qualidades do movimento expressivo como leve/pesado, forte/fraco, rápido/lento, fluido/interrompido, intensidade, duração e direção, sendo capaz de analisá-los a partir destes referenciais; conhecer algumas técnicas de execução de movimentos; ser capazes de construir coreografias e valorizar e apreciar as manifestações expressivas. Cunha (1992), citado por Rangel (2002), fala sobre a dança criativa, destinada as escolas de 1º e 2º graus, tendo como objetivo desenvolver uma ação pedagógica coerente, estimulando a criatividade, baseando-se em analises de técnicas da dança adequada as series inicias, com enfoque na educação psicomotora. Para Marques (1999), a dança criativa surgiu em oposição à dança em que o aluno deve aprender movimentos codificados e rígidos sem qualquer interferência pessoal, podendo ter 33 Esportes, jogos, lutas e ginásticas. Conhecimentos sobre o corpo Atividades rítmicas e expressivas
  • 27. oportunidade de experimentar, explorar, expandir, representar e “colocar o seu” no processo de configuração de gestos e movimentos. Podemos pensar que diferentes modalidades para o ensino de dança hoje se inserem nas vivencias contemporâneas do espaço e de tempo, fazendo, assim, com que as barreiras espaciais sejam diluídas, permitindo que transitemos igualmente por vários lugares. Um dos problemas enfrentado pela dança na escola, é o preconceito em relação ao gênero. Para Nanni (2002), o preconceito do sexo masculino com relação ao ato de dançar talvez se fundamente no conceito errôneo da sociedade moderna que coloca a sensibilidade que é fundamental para o trabalho criativo como uma característica feminina. Dançar, compreender, apreciar e contextualizar danças de diversas origens culturais pode ser uma maneira de se trabalhar e discutir preconceitos e de incentivar os alunos a criarem danças que não ignorem ou reforcem negativamente diferenças de gênero. (MARQUES, 2005). Incorporar a dança na escola e relacionar a educação com a motricidade humana pode ser uma nova linguagem da educação física podendo também possibilitar relações com outras áreas do conhecimento, arte, história, entre outras. Através da dança trabalhamos as posturas mais adequadas, aprendendo a lidar com tempo e espaço. Ajustando-se a esses elementos, trabalhamos também a disciplina e a capacidade de se colocar no meio. A dança pode e deve ser trabalhada como elemento cultural e avaliativo, com os objetivos de promover a sociabilização e o ritmo. Metodologicamente deve-se trabalhar com a dança viabilizando o foco de interesse de aprendizagem do aluno através de comunicação verbal para dirigir a atenção dos mesmos. Existem algumas etapas para transmitir a dança aos alunos, são elas: • Incentivação: atribuir objetivos comuns ao grupo; • Realização: distribuir tarefas; • Sistematização: organização e aprendizagem; 34
  • 28. • Avaliação: verificação dos resultados. Para avaliar é necessário analisar a evolução do comportamento motor, e das habilidades levando em consideração a seqüência de ensaios da coreografia e a adequação rítmica de cada um. Para se trabalhar melhor a dança é importante dividir em faixas etárias, por exemplo: de 5 a 7 anos, onde se tem que utilizar movimentos fundamentais, com boa distribuição rítmica e formas básicas e de 8 a 10 anos, utilizando os movimentos fundamentais unidos com movimentos elaborados, formas e combinações mais complexas e maior precisão.( TARDIVO, 1999) IV - A APLICAÇÃO DE DANÇAS FOLCLÓRICAS BRASILEIRAS N0S PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Uma forma interessante de se trabalhar as danças folclóricas nas escolas, é preparar um festival de danças. Cada ano, da educação infantil ao 4º, poderá representar uma região do Brasil. A escolha da dança deverá ser feita pela professora juntamente com os alunos, onde se levará em consideração a faixa etária e o nível de dificuldade de cada dança. Escolhida a região, será proposta uma pesquisa cultural sobre a mesma, bem como uma pesquisa sobre a história e o desenvolvimento da dança típica, as principais características, movimentos, vestuário, curiosidades e etc. 4.1 – Educação Infantil • Região > nordeste • Dança > frevo Esta dança teve origem nos movimentos da Capoeira. Os capoeiristas necessitavam de um disfarce para acompanhar as bandas, já que eram perseguidos pela polícia. Assim, modificaram seus golpes acompanhando a música, originando o "Passo" (a dança do Frevo) e trocando suas antigas 35
  • 29. armas pela sombrinha. éDe início, era o guarda-chuva comum, geralmente velho e esfarrapado, hoje estilizado, pequeno para facilitar a dança, e colorido para embelezar a coreografia. Atualmente a sombrinha é o ornamento que mais caracteriza o passista e é um dos principais símbolos do carnaval de Pernambuco. O frevo é rico em espontaneidade e em improvisação, permitindo ao dançarino criar, com seu espírito inventivo, os passos mais variados, desde os simples aos mais malabarísticos, possíveis e imagináveis. (MEGALE, 1999) Para ensinar o frevo `as crianças da pré-escola que têm geralmente entre cinco e seis anos e movimentos mais limitados, teremos que fazer adaptações consideráveis, pois os principais passos como a dobradiça, parafuso, bandinha, corrupio e chão de barriguinha, requerem muita técnica, mesmo assim podemos criar passos simples, fáceis de se executar e que agradarão a todos. Música: Festa do interior, Elba Ramalho. Traje: Meninas: collant branco, saias coloridas que podem ser feitas de TNT, sapatilha de carnaval e a sombrinha como adereço, podendo usar materiais alternativos para a sua confecção. Meninos: camisa aberta com um nó, bermudas coloridas, também feitas de TNT, e a sombrinha como adereço. Coreografia: Formar duas fileiras, uma de meninos e outra de meninas, posicionadas verticalmente uma ao lado da outra no palco. Todos dançam levantando a sombrinha e trocando de lugares, meninos com meninas. Em cada troca executar giros em torno si levantando e abaixando a sombrinha. Após as repetições formar uma fila única horizontal e dar passos para a direita e para a esquerda sempre mexendo a sombrinha. Em seguida segurar a sombrinha com uma mão e a outra colocar na cintura, pular sobre uma perna só com a outra levemente suspensa ao lado fazendo troca de pernas. A finalização se dará com as crianças voltando à posição inicial, os meninos agachados e as meninas a sua frente com a sombrinha levantada. 36
  • 30. 4.2 – 1º ano • Região > sudeste • Dança > jongo O jongo é uma dança de origem africana que chegou ao Brasil através dos escravos, difundindo-se nas regiões cafeicultoras, o que explica sua presença quase que exclusiva no sudeste do País. Os principais instrumentos de percussão utilizados são o caxambu e o tambu, assim também como candongueiro, a cuíca e a guaía (chocalho). Os dançarinos em roda exibem passos e coreografias que exigem grande agilidade, desenvolve-se em dois ritmos, um lento e um rápido, e a musica é cantada por solista. A coreografia varia conforme a localidade. Em São Paulo, a dança se desenvolve em volta dos instrumentistas, sempre em roda e no sentido anti-horário. Extremamente criativo e de difícil execução, o jongo dá a seus praticantes a fama de feiticeiros. Não há indumentária especifica nem data para a realização. (CÔRTES, 2000) O jongo é uma dança que requer muita habilidade e agilidade, mas se torna interessante e divertida quando se cria coreografias adaptadas às crianças. Música: Rosário de Maria, Grupo Jongo da Serrinha. Traje: Meninas: collant branco, saias longas feitas de chitão, faixa no cabelo do mesmo tecido da saia e descalças. Meninos: calça de tecido leve branca, sem camiseta e descalços. Coreografia: Todos num circulo intercalados meninas e meninos, dançam juntos colocando primeiro a perna direita à frente, depois à esquerda e pulo para trás (direita esquerda e pulo). Após varias repetições os meninos se dirigem ao centro da roda e começam a executar passos de capoeira como, parada de mãos, estrela, mortais etc., enquanto as meninas continuam executando o mesmo 37
  • 31. passo só que na hora do pulo para trás batem palmas. Meninos de volta aos seus lugares, executando o mesmo passo agora sem palmas e sem pulo, mas com um giro, direita esquerda e giro. 4.3 – 2º ano • Região > centro-oeste • Dança > catira/cateretê O Cateretê é uma das danças mais genuinamente brasileira. É de origem indígena, tal qual o seu próprio nome, tirado da língua Tupi. É uma espécie de sapateado brasileiro executado com "bate-pé" ao som de palmas e violas. Tanto é exercitado somente por homens, como também pó um conjunto de mulheres. Essa dança é conhecida e praticada, largamente, no interior do Brasil, especialmente nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e, também, em menor escala, no Nordeste. Principalmente em Goiás, mas também em muitas outras regiões é denominado "Catira". É interessante a coreografia registrada por Rossini Tavares de Lima, em seu livro “Melodia e Ritmo no Estado de São Paulo, que assim dizia, “Para começar o Catira, o violeiro puxa o rasqueado e os dançadores fazem a “escova”, isto é, um rápido bate-pé, bate-mão e seis pulos”. A seguir o violeiro canta parte da moda, ajudado pelo “segundo e volta ao “rasqueado”. Os dançadores entram no bate- pé, bate-mão e dão seis pulos. Prossegue depois o violeiro o canto da Moda, recitando mais uns versos, que são seguidos de bate-pé, bate-mão e seis pulos. Quando encerra a moda, os dançadores após o bate-pé- e bate-mão, realizam a figura que se denomina "Serra Acima", na qual rodam uns atrás dos outros, da esquerda para a direita, batendo os pés e depois as mãos. Feita a volta completa, os dançadores viram-se e se voltam para trás, realizando o que se denomina "Serra Abaixo", sempre a alternar o bate-pé e o bate-mão. Ao terminar o "Serra Abaixo" cada um deve estar no seu lugar, afim de executar novamente o bate-pé, o bate-mão e seis pulos". (ZUCONNI, 2004) 38
  • 32. A catira é uma dança que exige muita atenção da criança, precisando coordenar as batidas dos pés e das mãos ao ritmo da música. Música: Tiro a queima bucha, Vieira e Vieirinha. Traje: Camisa xadrez de manga longa, calça jeans, bota, chapéu e lenço. O traje será o mesmo para meninos e meninas. Coreografia: Formar duas fileiras, uma em frente à outra, podendo ser uma de meninas e outra de meninos ou intercalados. Ao ritmo da música na parte cantada uma fileira bate palmas enquanto a outra sapateia. Na parte instrumental, todos batem palmas sem sapatear. Na parte cantada, a fila que bateu palmas sapateia e a outra bate palmas. Voltando a parte instrumental todos sapateiam até o final. 4.4 – 3ºano • Região > Sul • Dança > pau de fitas A Dança Pau de Fitas é uma tradição milenar, originária do meio rural, trazida pelos imigrantes europeus para o Rio Grande do Sul. Popularizou-se como dança de pares ensaiados, elaborada por grupos específicos que desenvolvem coreografias para apresentá-la em festas especiais. Chefiado por dois participantes denominados Mestre Leão e Senhora Dona Mestre, o grupo realiza evoluções em torno de um mastro de mais ou menos 3 metros de altura e 4 centímetros de diâmetro, de onde pendem fitas de mais ou menos 4 metros de comprimento, com 1 ou 2 centímetros de largura. O objetivo da coreografia é realizar, por meio de movimentação das fitas seguras pelas mãos dos dançarinos, figuras no mastro. Estes trançamentos ou figuras tomam o nome de: “Trama”, “Trança” ou “Rede de Pescador”. O número de casais dançantes tem sempre que ser par, para que os desenhos no mastro possam ser realizados. Os passos utilizados para 39
  • 33. realizar os movimentos durante a dança são normalmente os de rancheira, valseados que têm marcação forte no primeiro compasso. (CÔRTES, 2000) A dança Pau de Fitas é a dança folclórica mais presente nas escolas e é geralmente dançada nas festas do ciclo junino. O grau de dificuldade da coreografia será de acordo com a faixa etária e a facilidade de movimentos das crianças que irão dançá-la. Música: Pra sempre minha vida, Grupo Tradição. Vestuário: Meninas: vestidos longos floridos ou xadrez, laços ou flores na cabeça. Meninos: calça jeans e camisa xadrez. Coreografia: Os casais se posicionam um a frente do outro, meninas com a mão direita levantada segurando a fita e a outra o vestido, meninos seguram a fita com a mão esquerda e a outra para trás. Começam dançando no lugar um para o outro. Viram-se para o mastro, indo para o centro ora as meninas ora os meninos. Voltando à posição inicial, com os meninos um pouco mais para dentro, andam em roda em sentido contrário, depois mudam de sentido e voltam. Dançam novamente no lugar um para o outro, e começam a trançar as fitas, ora os meninos passam debaixo da fita das meninas, ora as meninas passam debaixo da fita dos meninos. Vão rodando até encontrarem seus pares, onde param e dançam um para o outro, isso se repete até trançarem a fita toda no mastro. A destrança poderá ou não ser feita, isso dependerá da facilidade e do interesse das crianças. 4.5 – 4º ano • Região > norte • Dança > lundu Lundu é uma dança de origem africana, assim como seu canto, trazida pelos escravos bantos. O Lundu, do mesmo modo que o "maxixe” eram danças que possuíam uma forma "branda" 40
  • 34. e a uma forma "selvagem". Essa última tinha como tema da dança, o convite feito pelo homem à mulher. A dança desenvolvia-se, a princípio, com a recusa da mulher, mas, ante a insistência do seu companheiro ela termina por ceder. A movimentação era tão carregada de sensualismo e lubricidade que, ao tempo, a Corte, ao tomar conhecimento do fato, solicitou às autoridades à proibição da dança. A coreografia na forma "branda", segue as linhas gerais do Batuque ou Samba. Homens e mulheres dançam soltos, formando um semicírculo onde cada par, após dançar no centro, volta ao seu lugar; no final todos dançam juntos. Com as adaptações locais o "Lundu" sofreu diversas modificações, principalmente na indumentária. Ao contrário do primitivismo africano, apresenta todas as características marajoaras, razão por que passou a ser chamado de "Lundu marajoara". As mulheres se apresentam com lindas saias longas, coloridas e bastante largas, blusas de renda branca, pulseiras, colares, brincos vistosos e flores no cabelo. Os homens vestem calças de mescla azul- claras e camisas brancas com desenhos marajoaras. Os pares se apresentam descalços. (VOLPATTO, 1995) Música: Lundu, Ricardo Kenji. Vestuário: Meninas: Blusa branca curta, saia longa e muito larga, colares e flores no cabelo. Meninos: camisa branca, calças largas e colares. Todos descalços. Coreografia: As meninas entram de braços abertos dançando lentamente com um leve rebolado. Levantam uma das mãos e com a outra seguram a saia, girando em torno de si, trocam as mãos e giram novamente mudando a direção do giro. Com as duas mãos para cima formam uma fila indiana e vão andando fazendo um circulo. Nesse momento os meninos entram e se posicionam ao lado de suas parceiras. Em circulo, lado a lado com as cabeças encostadas, meninas segurando a cabeça dos meninos, giram lentamente afastando o corpo um do outro. Vão trocando de par e repetindo o mesmo movimento até chegar ao seu par novamente. Desmacha-se o circulo e os casais se espalham, meninos ajoelham-se e as meninas dançam ao redor deles com movimentos mais 41
  • 35. rápidos. Os pares dançam com as testas encostadas. Terminando a dança, meninos pegam as meninas no colo para a pose final. 42
  • 36. CONSIDERAÇÕES FINAIS Vemos em todo decorrer do trabalho que nosso país é muito rico em tradições, culturas e consequentemente danças folclóricas. Podemos em uma viagem imaginaria e ao mesmo tempo real pelas bibliografias vistas buscar nas regiões brasileiras, a real importância de se aplicar essas danças nas aulas de educação física escolar. Marques (1999; p. 94) mostra que: ao trabalhar com a dança se tem uma rede imensa sendo tecida [...]. Esta rede de dança e educação, baseada nos relacionamentos entre os conteúdos da dança, os alunos e a sociedade, não ignora os sentimentos e a sensibilidade humana, possibilitando o aumento de nossa capacidade de encontrar novos e diferentes modos de construir e reconstruir um mundo mais significativo para o próprio indivíduo. Ao incorporar a dança na escola e relacionar a educação com a motricidade humana estamos criando uma nova linguagem da educação física o que nos possibilita como dito no trabalho, relações com outras áreas do conhecimento. Trabalhamos também através da dança as posturas mais adequadas, aprendendo a lidar com tempo e espaço, a disciplina e a capacidade de se colocar no meio. A dança pode e deve ser trabalhada como elemento cultural e avaliativo, com os objetivos de promover a sociabilização e o ritmo. Com a finalização da pesquisa e aprofundamento dos conhecimentos sobre as danças folclóricas brasileiras e a dança educação pode-se obter subsídios para implementar ações e projetos na escola visando a valorização da cultura nacional - que é rica em manifestações populares e religiosas - para o desenvolvimento de habilidades corporais com finalidades de expressão de sentimentos, afetos e emoções, contribuindo assim para a construção de um estilo pessoal ao 43
  • 37. exercer suas práticas, buscando o desenvolvimento da autonomia, da cooperação, a participação social e a afirmação de valores e princípios democráticos. (PCN, 1997) 44
  • 38. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSUMPÇÃO, José Teixeira. Curso de Folclore Musical Brasileiro. São Paulo:1967. BREGOLATO, Roseli Aparecida. Cultura Corporal da Dança. São Paulo: Ícone, 2007. CAMINADA, Eliana. História da dança: evolução cultural. Rio de Janeiro: Sprint, 1999. CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Melhoramentos, 1976, 4ª ed. CÔRTES, Gustavo Pereira. Dança Brasil! Festas e Danças populares. Belo Horizonte: Leitura, 2000. ELLMERICH, Luis. História da Dança. São Paulo: Ricordi, 1964. FARO, Antonio José. Pequena Hístória da Dança. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1986. MARQUES, Isabel A. Ensino de dança: textos e contextos. São Paulo: Cortez, 1999. __________, Isabel A. Dançando na escola. 2ª.ed. São Paulo: Cortez, 2005. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares nacionais: arte. 3ª ed. Brasília: A Secretaria, 2001. NANNI, Dionísia. Dança Educação- Princípios, métodos e técnicas. Rio de Janeiro: 4ª edição: Sprint, 2002. PINTO, Inami Custódio: Folclore: aspectos gerais. Curitiba: Ibpex, 2005. PORTINARI, Maribel. História da Dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. RANGEL, Nilda. Dança, Educação, Educação Física. Jundiaí: Editora Fontoura, 2002. RANGEL, Nilda Barbosa Cavalcante. Dança, educação, educação física: propostas de ensino da dança e o universo da educação física. Jundiaí: Fontoura, 2002. SECRETARIA DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1997. ANDRADE, Dyone. História da Dança. Disponível em: <http://br.geocities.com/quemdancaemaisfeliz/index.html >Acesso: 29 Jul. 2008. MAGALHÃES, Marta Claus. A Dança e sua característica sagrada. Disponível em: <http://www.miniweb.com.br/artes/artigos/danca.pdf > Acesso: 08 ago. 2008. 45
  • 39. LUCENA, Marisa. Danças Folclóricas. Disponível em: <http://www.edukbr.com.br/artemanhas/dancasfolcloricas.asp>Acesso: 09 set. 2003. ZUCCONI, Angelo João. Artes Folclóricas. Disponível em: <http://www.terrabrasileira.net/folclore/manifesto/dancas.html/ Folclore Brasileiro> Acesso: 11 set. 2008. TARDIVO, Thais Gomes. Danças Populares. Disponível em: <www.unemat.br/pesquisa/coeduc/downloads/dancas_populares_nas_primeiras_series_do_ensino _fundamental.pdf> Acesso: 27 set. 2008. VOLPATTO, Rosane. Dança Folclórica. Disponível em: <http://www.rosanevolpatto.trd.br/dancafolclorica.htm>Acesso: 30 set. 2008. ZUCCONI, Angelo João. Catira/Cateretê. Disponível em: <http://www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/5ritmos/caterete.html>Acesso: 10 out. 2008. ROCHA, Patrícia. Danças Folclóricas. Disponível em: <http://www.escoladedanca.net/course/category> Acesso: 17 out. 2008. 46