SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 4
É importante pensar a fileira do Turismo - algumas sugestões 
Na verdade o desenvolvimento do turismo na Guiné-Bissau, como em qualquer outro 
País, implica a produção de dois documentos essenciais. O primeiro é um Plano 
Nacional de Turismo e, o segundo, um Plano Operacional. 
Enquanto o primeiro tem como objetivo geral a definição das grandes opções para o 
setor, o segundo procurará identificar as metodologias de trabalho, os meios, os 
instrumentos de ação, o quadro financeiro e as medidas a considerar. 
No entanto, importa sublinhar que a importância do turismo, enquanto dinamizador do 
crescimento económico e social reside, fundamentalmente, no volume de emprego 
que gera e utiliza e, sobretudo, na extensão e diversidade de atividades económicas 
nacionais, regionais e locais que envolvem nomeadamente os transportes e as 
comunicações, a construção civil e o saneamento, as indústrias alimentares e o 
ambiente, o comércio, o mobiliário, o têxtil, entre outras. 
Da mesma forma, o turismo é considerado o elemento decisivo a para a promoção e 
melhoria dos recursos naturais, patrimoniais, culturais e ambientais dos Países com 
condições propícias para o efeito. Neste processo, as diversas Estruturas e 
Instituições Públicas, ao nível dos normativos e da segurança e, fundamentalmente, 
na programação e execução das infraestruturas, não podem ficar de fora. Note-se que, 
com esforço e opções consistentes, alguns países de África têm conseguido 
transformar o turismo num setor com alguma relevância. 
Dados da Organização Mundial do Turismo indicam que a África consegue atrair só 
4% dos fluxos internacionais e, destes, as chegadas ao Quénia e Botswana, em 
conjunto, representam 13% do total, as Maurícias 3% e a Namíbia 2%. Estes números 
são relevantes para se perceber o esforço que importa realizar e os objetivos 
passíveis de alcançar. 
Como antes se referiu, é absolutamente necessário estabelecer o quadro geral em 
que o turismo se irá desenvolver. O ponto de partida é o reconhecimento de que o 
turismo é uma atividade produtiva e que se pretende seja compensadora dos 
desiquilíbrios económicos. 
Por outro lado, se é aceitável que o turismo é uma atividade eminentemente privada, 
ele, todavia, necessita de construir um quadro de desenvolvimento e definir uma 
regulação clara, de preferência flexível e adaptável às realidades. Se é certo que o 
Plano Nacional do Turismo é um documento relativamente curto, ele é o resultado de 
uma intensa discussão com as autoridades públicas, dado que é a elas que compete 
escolher as políticas para o setor. 
Neste quadro geral, importaria: 
 Definir os parâmetros de atuação do setor público no Turismo 
 Apontar os objetivos claros e as estratégias a considerar, ou seja, as opções e 
as prioridades dessa atividade 
 Definir os princípios orientadores das políticas 
1 Luís Barbosa Vicente
 Identificar as áreas chave 
 Apontar os meios a desenvolver pelo Estado, nomeadamente as infraestruturas 
 Referir as medidas estratégicas a promover 
 Avaliar algumas perspetivas de ação 
Sobre este tipo de Plano, existente em vários países europeus e africanos, percebe-se 
a sua importância tendo em consideração que será com base nele que um vasto 
quadro de diplomas legais terão de ser produzidos, que vai desde o quadro de oferta 
hoteleira que se pretende permitir, até à formação que se deve implementar. Assim, é 
importante e necessário ponderar a produção do Plano Operacional de Turismo. 
Certamente que os cidadãos da Guiné-Bissau e os seus dirigentes concordam no 
interesse turístico de muitos recursos, embora a maior parte reconheça que as 
estruturas estão mal preparadas para receberem fluxos de visitantes apreciáveis. Por 
outro lado, segundo dados do próprio Ministério do Turismo, as chegadas de turistas 
ao país é baixa, admitindo-se que algumas das entradas, como acontece em todo o 
lado, possam corresponder a declarações de oportunidade ou mesmo nacionais 
regressados por tempo limitado. 
Chegada dos Turistas no Aeroporto Osvaldo Vieira (2007) 
2 Luís Barbosa Vicente 
Continentes Chegadas 
América 1.119 
Ásia 2.495 
Europa 4.285 
África 7.694 
TOTAL 15.593 
Fonte: Ministério Turismo Guiné-Bissau 
Também a oferta hoteleira está bastante concentrada, é muito limitada e de qualidade 
muito desigual. Alguns exemplos, os hotéis existentes concentram-se especialmente 
em Bissau (Hotel Ancar, Hotel Azalai, Hotel Malaika, Coimbra Hotel e Spa e Lisboa 
Bissau, etc…), em Bubaque (Hotel Lodge Ponta-Anchaca e Hotel Kasa Africana) e em 
Varela (Le Mirage / Les Alises / Le Cap Ocean / Aparthotel Chez Helene). 
Embora sem chegar ao detalhe e com uma nota de otimismo, foi esta situação que o 
chamado Relatório Nacional descreveu em maio de 2012, documento produzido para 
a Cimeira Rio+20 (Cimeira Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável). Nele 
reconhecia-se o potencial do Turismo e referia-se a construção de alguns dos 
empreendimentos no Arquipélago dos Bijagós e em Varela acima referidos. Mas o 
país necessita sempre de um documento em que se indiquem os tipos e níveis de 
oferta hoteleira que os privados podem promover. 
Entretanto, todos os que trabalham no setor sabem reconhecer os recursos naturais e 
culturais existentes na Guiné-Bissau. Só para dar um exemplo, os fortes de São José 
da Amura (começou a construção em 1696) e do Cacheu (iniciou os trabalhos em 
1588) são verdadeiras etiquetas de belas e valiosas estruturas do país. Mas de 
referência à escala mundial são as áreas naturais (fauna, flora e habitats), algumas 
das quais já classificadas pelo estado; são parques naturais e nacionais os seguintes:
Parque Natural das Lagoas de Cufada, Parques Nacionais de Dulombi-Boé 1 e 2 / 
Parque Nacional das Florestas Castanhez / Parque Nacional do Grupo de Ilhas de 
Orango / Parque Nacional Marinho João Vieira e Poilão / Parque Nacional Varela. 
Estas áreas acolhem espécies faunísticas de todos os tipos, estruturam habitats 
precisosos e plantas de grande valor conservacionista. Um só exemplo refere-se às 5 
espécies de tartarugas que “visitam” as áreas costeiras e destas, na ilha de Urok, são 
comuns as tartarugas-marinhas. 
Todavia, apesar de todos estes recursos naturais, a pretensão das autoridades da 
Guiné-Bissau junto da UNESCO, em 2006, para integrar o Arquipélago dos Bijagós 
como Reserva da Biosfera foi mal sucedida. É indispensável retomar este processo. 
Com estes elementos, precebem-se melhor os objetivos do Plano Operacional do 
Turismo. Como se compreende, a primeira atividade a realizar é um diagnóstico da 
situação existente. Numa fase posterior, importa levantar e avaliar os recursos 
existentes, discutir com as autoridades as opções a tomar e elaborar depois o Plano 
Operacional. 
Para que um diagnóstico desse tipo possa ser eficaz, o trabalho realiza-se a diferentes 
níveis: 
 Recolha da informação nacional existente no Ministério do Turismo e, 
eventualmente, em alguns arquivos; 
 Recolha da informação em países outros e junto de organizações 
internacionais, incluindo alguns websites (Banco Mundial, Organização Mundial 
do Turismo, entre outros); 
 Deslocações e reconhecimento do terreno em alguns locais para validar a 
informação recolhida; 
 Reuniões no terreno com interessados, do setor público e privado. 
Assim, a realização do diagnóstico da situação referido incluirá: 
 Caracterização geral física do território e das regiões; 
 Caracterização económica e social; 
 Identificação e caracterização das Infraestruturas; 
 Rede elétrica e seus pontos fracos; 
 Rede de esgotos; 
 Rede de distribuição de águas e seu eventual tratamento; 
 Rede de saúde, nomeadamente hospitalar; 
 Rede de Transportes (estudo separado) - Levantamento das estruturas 
turísticas existentes; 
 Hotelaria; 
 Restauração; 
 Estruturas de informação existentes; 
 Estruturas: Agência nacional / Planos e legislação sectorial, etc.; 
 Formação existente; 
 Identificação do potencial turístico; 
 Património natural em geral; 
3 Luís Barbosa Vicente
 Património cultural; 
 Artesanato e práticas tradicionais; 
 Valores imateriais (música, teatro popular, histórias e lendas, etc.). 
Feito este diagnóstico e depois de reconhecimentos locais e das reuniões e 
discussões com as autoridades e outros interessados tornar-se-á possível a 
elaboração do plano operacional que conterá: 
 A indicação das necessidades de formação nos diferentes níveis; 
 A apresentação de modelos de organização para o setor; 
 A cartografia dos recursos e a sua avaliação; 
 A situação das questões relativas à certificação; 
 A identificação da produção normativa que importará providenciar; 
 A estrutura global da oferta a considerar (hotelaria e restauração); 
 O aconselhamento sobre a retoma do processo da candidatura à UNESCO; 
 Os modelos de financiamento a envolver; 
 Os objetivos do plano devidamente quantificados; 
Entende-se que o desenvolvimento cadenciado e faseado de algumas das medidas 
aqui apresentadas, a par de um conjunto de medidas de requalificação urbana e de 
melhoramento das infraestruturas rodoviárias e dos transportes, vão criar as condições 
necessárias de sustentabilidade da sociedade guineense num quadro de alteração da 
situação prevalecente e de maior modernidade que trará uma mudança essencial na 
forma como o País passará a ser percebido por quem o visitar. 
Ainda danificada pelas guerras civis e inquietação que marcaram sua história, a capital 
Bissau é uma cidade a meio da reconstrução. No entanto, a Guiné-Bissau tem 
condições para se constituir como um ponto de atração cultural e turístico e 
simultaneamente de motor do desenvolvimento da economia. 
Julgo que é cada vez mais importante pensar a fileira do turismo como fator de 
desenvolvimento sustentável do País. 
Lisboa, 03 de Setembro de 2014. 
Luís Vicente 
4 Luís Barbosa Vicente

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Apresentação do secretário de Turismo da Bahia para o Fórum Estadual de Turis...
Apresentação do secretário de Turismo da Bahia para o Fórum Estadual de Turis...Apresentação do secretário de Turismo da Bahia para o Fórum Estadual de Turis...
Apresentação do secretário de Turismo da Bahia para o Fórum Estadual de Turis...Secretaria de Turismo da Bahia
 
Novo projeto de intervenção
Novo projeto de intervençãoNovo projeto de intervenção
Novo projeto de intervençãoKarlla Costa
 
Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...
Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...
Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...Jose_Sergio_Gabrielli
 
Balanço Final do Governo Lula - livro 5 (cap. 2)
Balanço Final do Governo Lula - livro 5 (cap. 2)Balanço Final do Governo Lula - livro 5 (cap. 2)
Balanço Final do Governo Lula - livro 5 (cap. 2)Edinho Silva
 
Memorial 1.0 (conceito) / Maceió Cultura
Memorial 1.0 (conceito)  / Maceió CulturaMemorial 1.0 (conceito)  / Maceió Cultura
Memorial 1.0 (conceito) / Maceió CulturaRaphael Araujo
 
Boletim do Sistema de Informações e Estatísticas do Estado da Bahia - Hotelaria
Boletim do Sistema de Informações e Estatísticas do Estado da Bahia - HotelariaBoletim do Sistema de Informações e Estatísticas do Estado da Bahia - Hotelaria
Boletim do Sistema de Informações e Estatísticas do Estado da Bahia - HotelariaDaniel Meira
 

La actualidad más candente (15)

Jornal I Salão Baiano de Turismo n° 01
Jornal I Salão Baiano de Turismo n° 01Jornal I Salão Baiano de Turismo n° 01
Jornal I Salão Baiano de Turismo n° 01
 
Apresentação agenda bahia 2013 final
Apresentação agenda bahia 2013 finalApresentação agenda bahia 2013 final
Apresentação agenda bahia 2013 final
 
Festa da flor
Festa da florFesta da flor
Festa da flor
 
Apresentação do secretário de Turismo da Bahia para o Fórum Estadual de Turis...
Apresentação do secretário de Turismo da Bahia para o Fórum Estadual de Turis...Apresentação do secretário de Turismo da Bahia para o Fórum Estadual de Turis...
Apresentação do secretário de Turismo da Bahia para o Fórum Estadual de Turis...
 
Turismo Cultural Ferroviário – Potencialidades e Perspectivas
Turismo Cultural Ferroviário – Potencialidades e PerspectivasTurismo Cultural Ferroviário – Potencialidades e Perspectivas
Turismo Cultural Ferroviário – Potencialidades e Perspectivas
 
Apresentação Agenda Bahia
Apresentação Agenda BahiaApresentação Agenda Bahia
Apresentação Agenda Bahia
 
Agenda Bahia - Turismo
Agenda Bahia - TurismoAgenda Bahia - Turismo
Agenda Bahia - Turismo
 
Forum de turismo 2010 Setur
Forum de turismo 2010 SeturForum de turismo 2010 Setur
Forum de turismo 2010 Setur
 
Novo projeto de intervenção
Novo projeto de intervençãoNovo projeto de intervenção
Novo projeto de intervenção
 
Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...
Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...
Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...
 
Balanço Final do Governo Lula - livro 5 (cap. 2)
Balanço Final do Governo Lula - livro 5 (cap. 2)Balanço Final do Governo Lula - livro 5 (cap. 2)
Balanço Final do Governo Lula - livro 5 (cap. 2)
 
Produção Associada ao Turismo
Produção Associada ao Turismo Produção Associada ao Turismo
Produção Associada ao Turismo
 
Memorial 1.0 (conceito) / Maceió Cultura
Memorial 1.0 (conceito)  / Maceió CulturaMemorial 1.0 (conceito)  / Maceió Cultura
Memorial 1.0 (conceito) / Maceió Cultura
 
Relatório Anual de Governo - Turismo 2011
Relatório Anual de Governo - Turismo 2011Relatório Anual de Governo - Turismo 2011
Relatório Anual de Governo - Turismo 2011
 
Boletim do Sistema de Informações e Estatísticas do Estado da Bahia - Hotelaria
Boletim do Sistema de Informações e Estatísticas do Estado da Bahia - HotelariaBoletim do Sistema de Informações e Estatísticas do Estado da Bahia - Hotelaria
Boletim do Sistema de Informações e Estatísticas do Estado da Bahia - Hotelaria
 

Similar a Guiné turismo plano desenvolvimento

Plano Estratégico do Turismo Náutico da Baía de Todos os-Santos
Plano Estratégico do Turismo Náutico da Baía de Todos os-SantosPlano Estratégico do Turismo Náutico da Baía de Todos os-Santos
Plano Estratégico do Turismo Náutico da Baía de Todos os-SantosSecretaria de Turismo da Bahia
 
Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Turismo
Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do TurismoPrograma de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Turismo
Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do TurismoSecretaria de Turismo da Bahia
 
Projeto inventário da oferta turística
Projeto inventário da oferta turísticaProjeto inventário da oferta turística
Projeto inventário da oferta turísticaElizabeth Wada
 
Agenda Propositiva do Turismo | Baixada Santista - Apresentação de resultados...
Agenda Propositiva do Turismo | Baixada Santista - Apresentação de resultados...Agenda Propositiva do Turismo | Baixada Santista - Apresentação de resultados...
Agenda Propositiva do Turismo | Baixada Santista - Apresentação de resultados...Aristides Faria
 
3. Plano Aquarela 2020
3. Plano Aquarela 20203. Plano Aquarela 2020
3. Plano Aquarela 2020Toni Sando
 
Gestão Pública: aula 12
Gestão Pública: aula 12Gestão Pública: aula 12
Gestão Pública: aula 12Aristides Faria
 
Leiestadualdoturismo
LeiestadualdoturismoLeiestadualdoturismo
LeiestadualdoturismoDaniel Meira
 
Ecoturismo e Turismo de Aventura: aula 05
Ecoturismo e Turismo de Aventura: aula 05Ecoturismo e Turismo de Aventura: aula 05
Ecoturismo e Turismo de Aventura: aula 05Aristides Faria
 
GiovanaParente.pdf
GiovanaParente.pdfGiovanaParente.pdf
GiovanaParente.pdf710200148
 
Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 5)
Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 5)Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 5)
Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 5)Edinho Silva
 
Turismo e logística portuária (SANTOS, SP)
Turismo e logística portuária (SANTOS, SP)Turismo e logística portuária (SANTOS, SP)
Turismo e logística portuária (SANTOS, SP)Aristides Faria
 
Direito do Turismo, parte III, IV e V, Professor Doutor Rui Teixeira Santos (...
Direito do Turismo, parte III, IV e V, Professor Doutor Rui Teixeira Santos (...Direito do Turismo, parte III, IV e V, Professor Doutor Rui Teixeira Santos (...
Direito do Turismo, parte III, IV e V, Professor Doutor Rui Teixeira Santos (...A. Rui Teixeira Santos
 
Apresentação Setur Agenda Bahia
Apresentação Setur Agenda BahiaApresentação Setur Agenda Bahia
Apresentação Setur Agenda BahiaDaniel Meira
 
Conceitos e definições do turismo
Conceitos e definições do turismoConceitos e definições do turismo
Conceitos e definições do turismoDay Sanalves
 
Desenvolvimento do projeto manoel
Desenvolvimento do projeto manoelDesenvolvimento do projeto manoel
Desenvolvimento do projeto manoelluciolga
 
Turismo de base comunitária, mtur.
Turismo de base comunitária, mtur.Turismo de base comunitária, mtur.
Turismo de base comunitária, mtur.EcoHospedagem
 

Similar a Guiné turismo plano desenvolvimento (20)

Plano Estratégico do Turismo Náutico da Baía de Todos os-Santos
Plano Estratégico do Turismo Náutico da Baía de Todos os-SantosPlano Estratégico do Turismo Náutico da Baía de Todos os-Santos
Plano Estratégico do Turismo Náutico da Baía de Todos os-Santos
 
Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Turismo
Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do TurismoPrograma de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Turismo
Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Turismo
 
Produção associada ao turismo praia do forte
Produção associada ao turismo   praia do forteProdução associada ao turismo   praia do forte
Produção associada ao turismo praia do forte
 
Projeto inventário da oferta turística
Projeto inventário da oferta turísticaProjeto inventário da oferta turística
Projeto inventário da oferta turística
 
Agenda Propositiva do Turismo | Baixada Santista - Apresentação de resultados...
Agenda Propositiva do Turismo | Baixada Santista - Apresentação de resultados...Agenda Propositiva do Turismo | Baixada Santista - Apresentação de resultados...
Agenda Propositiva do Turismo | Baixada Santista - Apresentação de resultados...
 
3. Plano Aquarela 2020
3. Plano Aquarela 20203. Plano Aquarela 2020
3. Plano Aquarela 2020
 
Gestão Pública: aula 12
Gestão Pública: aula 12Gestão Pública: aula 12
Gestão Pública: aula 12
 
1608
16081608
1608
 
Leiestadualdoturismo
LeiestadualdoturismoLeiestadualdoturismo
Leiestadualdoturismo
 
Ecoturismo e Turismo de Aventura: aula 05
Ecoturismo e Turismo de Aventura: aula 05Ecoturismo e Turismo de Aventura: aula 05
Ecoturismo e Turismo de Aventura: aula 05
 
GiovanaParente.pdf
GiovanaParente.pdfGiovanaParente.pdf
GiovanaParente.pdf
 
Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 5)
Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 5)Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 5)
Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 5)
 
Seminário 03 plano aquarela-2020
Seminário 03   plano aquarela-2020Seminário 03   plano aquarela-2020
Seminário 03 plano aquarela-2020
 
Turismo e logística portuária (SANTOS, SP)
Turismo e logística portuária (SANTOS, SP)Turismo e logística portuária (SANTOS, SP)
Turismo e logística portuária (SANTOS, SP)
 
Direito do Turismo, parte III, IV e V, Professor Doutor Rui Teixeira Santos (...
Direito do Turismo, parte III, IV e V, Professor Doutor Rui Teixeira Santos (...Direito do Turismo, parte III, IV e V, Professor Doutor Rui Teixeira Santos (...
Direito do Turismo, parte III, IV e V, Professor Doutor Rui Teixeira Santos (...
 
Apresentação Setur Agenda Bahia
Apresentação Setur Agenda BahiaApresentação Setur Agenda Bahia
Apresentação Setur Agenda Bahia
 
Conceitos e definições do turismo
Conceitos e definições do turismoConceitos e definições do turismo
Conceitos e definições do turismo
 
Bo 10 04-2013-19 (1)
Bo 10 04-2013-19 (1)Bo 10 04-2013-19 (1)
Bo 10 04-2013-19 (1)
 
Desenvolvimento do projeto manoel
Desenvolvimento do projeto manoelDesenvolvimento do projeto manoel
Desenvolvimento do projeto manoel
 
Turismo de base comunitária, mtur.
Turismo de base comunitária, mtur.Turismo de base comunitária, mtur.
Turismo de base comunitária, mtur.
 

Más de Novas da Guiné Bissau

Discurso da Ministra Carmelita Pires na abertura solene do Ano Judicial de 2015
Discurso da Ministra Carmelita Pires na abertura solene do Ano Judicial  de 2015Discurso da Ministra Carmelita Pires na abertura solene do Ano Judicial  de 2015
Discurso da Ministra Carmelita Pires na abertura solene do Ano Judicial de 2015Novas da Guiné Bissau
 
Discurso de-
sua-excelência-o-primeiro-ministro-engº-domingos-simões-pereira-...
Discurso de-
sua-excelência-o-primeiro-ministro-engº-domingos-simões-pereira-...Discurso de-
sua-excelência-o-primeiro-ministro-engº-domingos-simões-pereira-...
Discurso de-
sua-excelência-o-primeiro-ministro-engº-domingos-simões-pereira-...Novas da Guiné Bissau
 
Unilab-abre-processo-seletivo-para-estudantes-estrangeiros
Unilab-abre-processo-seletivo-para-estudantes-estrangeirosUnilab-abre-processo-seletivo-para-estudantes-estrangeiros
Unilab-abre-processo-seletivo-para-estudantes-estrangeirosNovas da Guiné Bissau
 
OPINIÃO : Artigo 19 um olhar sobre os programas de apoio ao desenvolvimento
OPINIÃO : Artigo 19   um olhar sobre os programas de apoio ao desenvolvimentoOPINIÃO : Artigo 19   um olhar sobre os programas de apoio ao desenvolvimento
OPINIÃO : Artigo 19 um olhar sobre os programas de apoio ao desenvolvimentoNovas da Guiné Bissau
 
Artigo 18 a governabilidade e o equilíbrio de poder
Artigo 18   a governabilidade e o equilíbrio de poderArtigo 18   a governabilidade e o equilíbrio de poder
Artigo 18 a governabilidade e o equilíbrio de poderNovas da Guiné Bissau
 
Portugal na rota de traficantes de menores nigerianas
Portugal na rota de traficantes de menores nigerianasPortugal na rota de traficantes de menores nigerianas
Portugal na rota de traficantes de menores nigerianasNovas da Guiné Bissau
 
Deputados da assembleia nacional popular
Deputados da assembleia nacional popularDeputados da assembleia nacional popular
Deputados da assembleia nacional popularNovas da Guiné Bissau
 
Discurso da tomada de posse do presidente da república josé mário vaz
Discurso da tomada de posse do presidente da república josé mário vazDiscurso da tomada de posse do presidente da república josé mário vaz
Discurso da tomada de posse do presidente da república josé mário vazNovas da Guiné Bissau
 
Carlos lopes o meu objectivo foi agitar consciências (Em entrevista ao Jorna...
Carlos lopes  o meu objectivo foi agitar consciências (Em entrevista ao Jorna...Carlos lopes  o meu objectivo foi agitar consciências (Em entrevista ao Jorna...
Carlos lopes o meu objectivo foi agitar consciências (Em entrevista ao Jorna...Novas da Guiné Bissau
 
Novo Artigo de Luís Vicente "A reinvenção do modelo económico ao serviço da ...
Novo Artigo  de Luís Vicente "A reinvenção do modelo económico ao serviço da ...Novo Artigo  de Luís Vicente "A reinvenção do modelo económico ao serviço da ...
Novo Artigo de Luís Vicente "A reinvenção do modelo económico ao serviço da ...Novas da Guiné Bissau
 
Em nome do dinheiro governo vende floresta às empresas exportadoras de tronco...
Em nome do dinheiro governo vende floresta às empresas exportadoras de tronco...Em nome do dinheiro governo vende floresta às empresas exportadoras de tronco...
Em nome do dinheiro governo vende floresta às empresas exportadoras de tronco...Novas da Guiné Bissau
 
Artigo novo de Luís Vicente "O poder local como fator de estabilização polít...
Artigo novo  de Luís Vicente "O poder local como fator de estabilização polít...Artigo novo  de Luís Vicente "O poder local como fator de estabilização polít...
Artigo novo de Luís Vicente "O poder local como fator de estabilização polít...Novas da Guiné Bissau
 
Sem fiscalização, desmatamento ilegal é milionário na Guiné-Bissau Reportagem...
Sem fiscalização, desmatamento ilegal é milionário na Guiné-Bissau Reportagem...Sem fiscalização, desmatamento ilegal é milionário na Guiné-Bissau Reportagem...
Sem fiscalização, desmatamento ilegal é milionário na Guiné-Bissau Reportagem...Novas da Guiné Bissau
 
Artigo qualificação, formação e capacitação da nação
Artigo   qualificação, formação e capacitação da naçãoArtigo   qualificação, formação e capacitação da nação
Artigo qualificação, formação e capacitação da naçãoNovas da Guiné Bissau
 
“Intervenção política na administração pública - contributos para reflexão"
 “Intervenção política na administração pública - contributos para reflexão" “Intervenção política na administração pública - contributos para reflexão"
“Intervenção política na administração pública - contributos para reflexão"Novas da Guiné Bissau
 

Más de Novas da Guiné Bissau (20)

Discurso da Ministra Carmelita Pires na abertura solene do Ano Judicial de 2015
Discurso da Ministra Carmelita Pires na abertura solene do Ano Judicial  de 2015Discurso da Ministra Carmelita Pires na abertura solene do Ano Judicial  de 2015
Discurso da Ministra Carmelita Pires na abertura solene do Ano Judicial de 2015
 
Relatório
RelatórioRelatório
Relatório
 
Nova língua portuguesa
Nova língua portuguesaNova língua portuguesa
Nova língua portuguesa
 
Arroz, dependência desnecessária
Arroz, dependência desnecessáriaArroz, dependência desnecessária
Arroz, dependência desnecessária
 
Discurso de-
sua-excelência-o-primeiro-ministro-engº-domingos-simões-pereira-...
Discurso de-
sua-excelência-o-primeiro-ministro-engº-domingos-simões-pereira-...Discurso de-
sua-excelência-o-primeiro-ministro-engº-domingos-simões-pereira-...
Discurso de-
sua-excelência-o-primeiro-ministro-engº-domingos-simões-pereira-...
 
Unilab-abre-processo-seletivo-para-estudantes-estrangeiros
Unilab-abre-processo-seletivo-para-estudantes-estrangeirosUnilab-abre-processo-seletivo-para-estudantes-estrangeiros
Unilab-abre-processo-seletivo-para-estudantes-estrangeiros
 
OPINIÃO : Artigo 19 um olhar sobre os programas de apoio ao desenvolvimento
OPINIÃO : Artigo 19   um olhar sobre os programas de apoio ao desenvolvimentoOPINIÃO : Artigo 19   um olhar sobre os programas de apoio ao desenvolvimento
OPINIÃO : Artigo 19 um olhar sobre os programas de apoio ao desenvolvimento
 
Fotografia real da guiné bissau
Fotografia real da guiné bissauFotografia real da guiné bissau
Fotografia real da guiné bissau
 
Artigo 18 a governabilidade e o equilíbrio de poder
Artigo 18   a governabilidade e o equilíbrio de poderArtigo 18   a governabilidade e o equilíbrio de poder
Artigo 18 a governabilidade e o equilíbrio de poder
 
Portugal na rota de traficantes de menores nigerianas
Portugal na rota de traficantes de menores nigerianasPortugal na rota de traficantes de menores nigerianas
Portugal na rota de traficantes de menores nigerianas
 
Deputados da assembleia nacional popular
Deputados da assembleia nacional popularDeputados da assembleia nacional popular
Deputados da assembleia nacional popular
 
Discurso da tomada de posse do presidente da república josé mário vaz
Discurso da tomada de posse do presidente da república josé mário vazDiscurso da tomada de posse do presidente da república josé mário vaz
Discurso da tomada de posse do presidente da república josé mário vaz
 
Carlos lopes o meu objectivo foi agitar consciências (Em entrevista ao Jorna...
Carlos lopes  o meu objectivo foi agitar consciências (Em entrevista ao Jorna...Carlos lopes  o meu objectivo foi agitar consciências (Em entrevista ao Jorna...
Carlos lopes o meu objectivo foi agitar consciências (Em entrevista ao Jorna...
 
Novo Artigo de Luís Vicente "A reinvenção do modelo económico ao serviço da ...
Novo Artigo  de Luís Vicente "A reinvenção do modelo económico ao serviço da ...Novo Artigo  de Luís Vicente "A reinvenção do modelo económico ao serviço da ...
Novo Artigo de Luís Vicente "A reinvenção do modelo económico ao serviço da ...
 
Em nome do dinheiro governo vende floresta às empresas exportadoras de tronco...
Em nome do dinheiro governo vende floresta às empresas exportadoras de tronco...Em nome do dinheiro governo vende floresta às empresas exportadoras de tronco...
Em nome do dinheiro governo vende floresta às empresas exportadoras de tronco...
 
Artigo novo de Luís Vicente "O poder local como fator de estabilização polít...
Artigo novo  de Luís Vicente "O poder local como fator de estabilização polít...Artigo novo  de Luís Vicente "O poder local como fator de estabilização polít...
Artigo novo de Luís Vicente "O poder local como fator de estabilização polít...
 
Declaração cne
Declaração cneDeclaração cne
Declaração cne
 
Sem fiscalização, desmatamento ilegal é milionário na Guiné-Bissau Reportagem...
Sem fiscalização, desmatamento ilegal é milionário na Guiné-Bissau Reportagem...Sem fiscalização, desmatamento ilegal é milionário na Guiné-Bissau Reportagem...
Sem fiscalização, desmatamento ilegal é milionário na Guiné-Bissau Reportagem...
 
Artigo qualificação, formação e capacitação da nação
Artigo   qualificação, formação e capacitação da naçãoArtigo   qualificação, formação e capacitação da nação
Artigo qualificação, formação e capacitação da nação
 
“Intervenção política na administração pública - contributos para reflexão"
 “Intervenção política na administração pública - contributos para reflexão" “Intervenção política na administração pública - contributos para reflexão"
“Intervenção política na administração pública - contributos para reflexão"
 

Guiné turismo plano desenvolvimento

  • 1. É importante pensar a fileira do Turismo - algumas sugestões Na verdade o desenvolvimento do turismo na Guiné-Bissau, como em qualquer outro País, implica a produção de dois documentos essenciais. O primeiro é um Plano Nacional de Turismo e, o segundo, um Plano Operacional. Enquanto o primeiro tem como objetivo geral a definição das grandes opções para o setor, o segundo procurará identificar as metodologias de trabalho, os meios, os instrumentos de ação, o quadro financeiro e as medidas a considerar. No entanto, importa sublinhar que a importância do turismo, enquanto dinamizador do crescimento económico e social reside, fundamentalmente, no volume de emprego que gera e utiliza e, sobretudo, na extensão e diversidade de atividades económicas nacionais, regionais e locais que envolvem nomeadamente os transportes e as comunicações, a construção civil e o saneamento, as indústrias alimentares e o ambiente, o comércio, o mobiliário, o têxtil, entre outras. Da mesma forma, o turismo é considerado o elemento decisivo a para a promoção e melhoria dos recursos naturais, patrimoniais, culturais e ambientais dos Países com condições propícias para o efeito. Neste processo, as diversas Estruturas e Instituições Públicas, ao nível dos normativos e da segurança e, fundamentalmente, na programação e execução das infraestruturas, não podem ficar de fora. Note-se que, com esforço e opções consistentes, alguns países de África têm conseguido transformar o turismo num setor com alguma relevância. Dados da Organização Mundial do Turismo indicam que a África consegue atrair só 4% dos fluxos internacionais e, destes, as chegadas ao Quénia e Botswana, em conjunto, representam 13% do total, as Maurícias 3% e a Namíbia 2%. Estes números são relevantes para se perceber o esforço que importa realizar e os objetivos passíveis de alcançar. Como antes se referiu, é absolutamente necessário estabelecer o quadro geral em que o turismo se irá desenvolver. O ponto de partida é o reconhecimento de que o turismo é uma atividade produtiva e que se pretende seja compensadora dos desiquilíbrios económicos. Por outro lado, se é aceitável que o turismo é uma atividade eminentemente privada, ele, todavia, necessita de construir um quadro de desenvolvimento e definir uma regulação clara, de preferência flexível e adaptável às realidades. Se é certo que o Plano Nacional do Turismo é um documento relativamente curto, ele é o resultado de uma intensa discussão com as autoridades públicas, dado que é a elas que compete escolher as políticas para o setor. Neste quadro geral, importaria:  Definir os parâmetros de atuação do setor público no Turismo  Apontar os objetivos claros e as estratégias a considerar, ou seja, as opções e as prioridades dessa atividade  Definir os princípios orientadores das políticas 1 Luís Barbosa Vicente
  • 2.  Identificar as áreas chave  Apontar os meios a desenvolver pelo Estado, nomeadamente as infraestruturas  Referir as medidas estratégicas a promover  Avaliar algumas perspetivas de ação Sobre este tipo de Plano, existente em vários países europeus e africanos, percebe-se a sua importância tendo em consideração que será com base nele que um vasto quadro de diplomas legais terão de ser produzidos, que vai desde o quadro de oferta hoteleira que se pretende permitir, até à formação que se deve implementar. Assim, é importante e necessário ponderar a produção do Plano Operacional de Turismo. Certamente que os cidadãos da Guiné-Bissau e os seus dirigentes concordam no interesse turístico de muitos recursos, embora a maior parte reconheça que as estruturas estão mal preparadas para receberem fluxos de visitantes apreciáveis. Por outro lado, segundo dados do próprio Ministério do Turismo, as chegadas de turistas ao país é baixa, admitindo-se que algumas das entradas, como acontece em todo o lado, possam corresponder a declarações de oportunidade ou mesmo nacionais regressados por tempo limitado. Chegada dos Turistas no Aeroporto Osvaldo Vieira (2007) 2 Luís Barbosa Vicente Continentes Chegadas América 1.119 Ásia 2.495 Europa 4.285 África 7.694 TOTAL 15.593 Fonte: Ministério Turismo Guiné-Bissau Também a oferta hoteleira está bastante concentrada, é muito limitada e de qualidade muito desigual. Alguns exemplos, os hotéis existentes concentram-se especialmente em Bissau (Hotel Ancar, Hotel Azalai, Hotel Malaika, Coimbra Hotel e Spa e Lisboa Bissau, etc…), em Bubaque (Hotel Lodge Ponta-Anchaca e Hotel Kasa Africana) e em Varela (Le Mirage / Les Alises / Le Cap Ocean / Aparthotel Chez Helene). Embora sem chegar ao detalhe e com uma nota de otimismo, foi esta situação que o chamado Relatório Nacional descreveu em maio de 2012, documento produzido para a Cimeira Rio+20 (Cimeira Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável). Nele reconhecia-se o potencial do Turismo e referia-se a construção de alguns dos empreendimentos no Arquipélago dos Bijagós e em Varela acima referidos. Mas o país necessita sempre de um documento em que se indiquem os tipos e níveis de oferta hoteleira que os privados podem promover. Entretanto, todos os que trabalham no setor sabem reconhecer os recursos naturais e culturais existentes na Guiné-Bissau. Só para dar um exemplo, os fortes de São José da Amura (começou a construção em 1696) e do Cacheu (iniciou os trabalhos em 1588) são verdadeiras etiquetas de belas e valiosas estruturas do país. Mas de referência à escala mundial são as áreas naturais (fauna, flora e habitats), algumas das quais já classificadas pelo estado; são parques naturais e nacionais os seguintes:
  • 3. Parque Natural das Lagoas de Cufada, Parques Nacionais de Dulombi-Boé 1 e 2 / Parque Nacional das Florestas Castanhez / Parque Nacional do Grupo de Ilhas de Orango / Parque Nacional Marinho João Vieira e Poilão / Parque Nacional Varela. Estas áreas acolhem espécies faunísticas de todos os tipos, estruturam habitats precisosos e plantas de grande valor conservacionista. Um só exemplo refere-se às 5 espécies de tartarugas que “visitam” as áreas costeiras e destas, na ilha de Urok, são comuns as tartarugas-marinhas. Todavia, apesar de todos estes recursos naturais, a pretensão das autoridades da Guiné-Bissau junto da UNESCO, em 2006, para integrar o Arquipélago dos Bijagós como Reserva da Biosfera foi mal sucedida. É indispensável retomar este processo. Com estes elementos, precebem-se melhor os objetivos do Plano Operacional do Turismo. Como se compreende, a primeira atividade a realizar é um diagnóstico da situação existente. Numa fase posterior, importa levantar e avaliar os recursos existentes, discutir com as autoridades as opções a tomar e elaborar depois o Plano Operacional. Para que um diagnóstico desse tipo possa ser eficaz, o trabalho realiza-se a diferentes níveis:  Recolha da informação nacional existente no Ministério do Turismo e, eventualmente, em alguns arquivos;  Recolha da informação em países outros e junto de organizações internacionais, incluindo alguns websites (Banco Mundial, Organização Mundial do Turismo, entre outros);  Deslocações e reconhecimento do terreno em alguns locais para validar a informação recolhida;  Reuniões no terreno com interessados, do setor público e privado. Assim, a realização do diagnóstico da situação referido incluirá:  Caracterização geral física do território e das regiões;  Caracterização económica e social;  Identificação e caracterização das Infraestruturas;  Rede elétrica e seus pontos fracos;  Rede de esgotos;  Rede de distribuição de águas e seu eventual tratamento;  Rede de saúde, nomeadamente hospitalar;  Rede de Transportes (estudo separado) - Levantamento das estruturas turísticas existentes;  Hotelaria;  Restauração;  Estruturas de informação existentes;  Estruturas: Agência nacional / Planos e legislação sectorial, etc.;  Formação existente;  Identificação do potencial turístico;  Património natural em geral; 3 Luís Barbosa Vicente
  • 4.  Património cultural;  Artesanato e práticas tradicionais;  Valores imateriais (música, teatro popular, histórias e lendas, etc.). Feito este diagnóstico e depois de reconhecimentos locais e das reuniões e discussões com as autoridades e outros interessados tornar-se-á possível a elaboração do plano operacional que conterá:  A indicação das necessidades de formação nos diferentes níveis;  A apresentação de modelos de organização para o setor;  A cartografia dos recursos e a sua avaliação;  A situação das questões relativas à certificação;  A identificação da produção normativa que importará providenciar;  A estrutura global da oferta a considerar (hotelaria e restauração);  O aconselhamento sobre a retoma do processo da candidatura à UNESCO;  Os modelos de financiamento a envolver;  Os objetivos do plano devidamente quantificados; Entende-se que o desenvolvimento cadenciado e faseado de algumas das medidas aqui apresentadas, a par de um conjunto de medidas de requalificação urbana e de melhoramento das infraestruturas rodoviárias e dos transportes, vão criar as condições necessárias de sustentabilidade da sociedade guineense num quadro de alteração da situação prevalecente e de maior modernidade que trará uma mudança essencial na forma como o País passará a ser percebido por quem o visitar. Ainda danificada pelas guerras civis e inquietação que marcaram sua história, a capital Bissau é uma cidade a meio da reconstrução. No entanto, a Guiné-Bissau tem condições para se constituir como um ponto de atração cultural e turístico e simultaneamente de motor do desenvolvimento da economia. Julgo que é cada vez mais importante pensar a fileira do turismo como fator de desenvolvimento sustentável do País. Lisboa, 03 de Setembro de 2014. Luís Vicente 4 Luís Barbosa Vicente