O documento discute a história do movimento ambientalista e da ecologia, começando com Ernst Haeckel no século 19. Haeckel cunhou o termo "ecologia" e via a natureza de forma panteísta, defendendo que o homem e os animais têm a mesma situação moral e devem viver em harmonia com as leis naturais. O documento também menciona a influência do movimento hippie no ambientalismo do pós-guerra.
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A reunião de Rio+20 leva a se perguntar como nasceu a ecologia e o movimento
ambientalista.
“Um estudo divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente revelou que 78% da população
desconhece a Rio+20. A pesquisa „O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo
sustentável‟ ouviu mais de 2 mil pessoas em todo o País”, noticiou OESP de 7 de junho.
“Mesmo com os baixos índices, a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira destacou que
houve melhora. Na Eco-92, quando foi realizada a primeira pesquisa, apenas 6% dos
brasileiros conheciam o evento”, acrescentou o jornal.
Tal vez em outros países essa proporção possa mudar. Porém, o fato é que a ecologia de que
tanto se fala, poucos conhecem o que é que é.
Excetuadas é claro alguns slogans sem muito conteúdo marcados de sentimentalismo pelos
bichinos ou por um compreensível saudosismo de uma sociedade sem as brutalidades da era
industrial, a ecologia e o movimento ambientalista continuam sendo grandes desconhecidos
para o público.
Entretanto, o ambientalismo ecológico pode mudar radicalmente a vida dos brasileiros e jogá-
los numa situação que pode se assemelhar a uma imensa desgraça sem sequer eles terem
tido ideia do que se estava preparando.
Nessa hipótese que desejamos que não se verifique, a sociedade atual será vista no futuro
como a despreocupada tripulação do Titanic na hora em que o iceberg estava na
iminência de atingi-lo.
A Rio+20 é uma ocasião para aprofundar o conhecimento do movimento ecologista.
O livro de Anna Bramwell “Ecology In The 20th Century, A History”, (A ecologia no século XX –
Uma história”, publicado pela prestigiosa editora universitária Yale University Press, nos
forneceu precisos elementos que queremos levar ao alcance de nossos leitores.
2. Ernst Haeckel (1834-1919),
fundador da ecologia
A história começa no século XIX num contexto cultural tão diverso do nosso.
Através de um percurso que pode parecer surpreendente conduz aos aspectos mais ocultos do
nazismo.
E, no pós-guerra através do movimento hippie e congêneres nos joga no fulcro do grande
debate do III milênio.
Veremos isso em sucessivos posts.
1880-1945: Origem do termo
A palavra ecologia foi usada pela primeira vez por Ernst Haeckel (1834-1919) em
sua Morphologie Générelle, publicada em 1866. O papel de Haeckel na história da ecologia é
ao mesmo tempo importante e ambíguo.
A influência política de Haeckel foi enorme através da Liga Monista, que congregava
proeminentes reformadores, agitadores políticos e cientistas.
Haeckel era um ateu republicano, radical adorador da natureza.
Apresentou uma alternativa que era ao mesmo tempo um programa, uma evidência
científica e uma sabedoria religiosa. Criou a raiz científica e biológica do movimento
ecológico atual.
Haeckel via o universo como um organismo unificado e equilibrado, todo ele feito do mesmo
material. Defendia a doutrina monista de que tudo é matéria ou tudo é espírito.
3. Haeckel ensinou uma visão religiosa panteísta da natureza
Acreditava que o homem e o animal têm a mesma situação moral e natural. Pregava a
doutrina de que a natureza é a fonte da verdade e mestra sábia para a conduta do homem
durante a vida.
E que a sociedade humana devia ser reorganizada de acordo com regras estabelecidas pelo
mundo natural.
Ele definia o monismo como sendo “um espírito em todas as coisas”.
Rejeitava a distinção entre a esfera natural e a espiritual.
Pensava que os animais deviam ser considerados iguais ao homem. Neles se poderia
discernir os primeiros começos da razão e da conduta ética.
Defendia que o homem havia cometido um erro ao se isolar do mundo natural, em seu esforço
de preservar as regras sociais, a família e a sociedade.
Haeckel pregava que homem e animal têm a mesma situação moral
A extraordinária influência de Haeckel pode ser atribuída a seu apelo quase religioso à
natureza e ao incipientepanteísmo de suas crenças.
Elas pregavam o retorno a uma natureza impregnada de Deus, banida outrora do norte
pelo Cristianismo.
4. A lei natural tomou o lugar de Deus, de tal modo que as leis naturais devem tornar-se
conhecidas para que os homens as obedeçam e possam progredir.
O novo panteísmo tem uma natureza dominadora em seu cerne, natureza que deve educar
e guiar o homem nas vias do progresso.
Num próximo post continuaremos estes excertos da obra citada: Anna Bramwell , “Ecology
In The 20th Century, A History”, Yale University Press, New Haven, Ct., and London, 1989.
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Postado por ED FERREIRA no PACTOS &IMPACTOS em 6/14/2012 04:19:00 AM