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Apontamentos
PSICOPATOLOGIA
| Aluna: Paula | 2018
PÁGINA 1
Índice
Escrever título do capítulo (nível 1)..................................................................................1
Escrever título do capítulo (nível 2).................................................................................. 2
Escrever título do capítulo (nível 3)................................................................................ 3
Escrever título do capítulo (nível 1)................................................................................. 4
Escrever título do capítulo (nível 2).................................................................................. 5
Escrever título do capítulo (nível 3)................................................................................ 6
PÁGINA 2
PSICOPATOLOGIA
I. INTRODUÇÃO GERAL
Etimologicamente:
 Psiché = alma
 Pathos = patologia
 Logus = estudo
Definição
A Psicopatologia é a ciência geral que estuda as perturbações do funcionamento
psicológico em todas as suas dimensões (afetivas, cognitivas, comportamentais e
relacionais), incluindo as suas causas e consequências. Tem a preocupação de
delimitar conceitos dotados de validade universal, pois a descrição dos sinais e
sintomas essenciais das perturbações é idêntica em qualquer parte do mundo.
Relaciona-se com a psicologia e com a medicina:
 Medicina – através da psiquiatria estuda as doenças mentais a partir do
paradigma biológico.
 Psicologia – através da psicologia clinica estuda a psicologia do patológico a
partir de diferentes paradigmas psicológicos e ecológico-social.
A Psicopatologia neste “serve” essencialmente aos psicólogos e psiquiatras. Começa
pela descrição dos quadros clínicos para mais tarde usar este conhecimento para
melhorcompreender as origens e consequências de determinadaperturbação;desde
aí melhor intervir. Não pode haver clinica nem terapêutica sem descrição objetiva e
rigorosa do que acontece aqui e agora; do passado; do sofrimento e dificuldades do
doente. Assim:
 Primeiro nos preocupamos por saber de que sofre
 Depois quem sofre e como sofre
Objeto de estudo da Psicopatologia:
É o estudo do funcionamento psíquico perturbado ou alterado nas suas várias
dimensões (sociais, afetivas, comportamentais, relacionais) incluindo causas e
consequências procurando ainda delimitar conceitos dotados de validade universal
PÁGINA 3
Metodologia
A descrição fenomelógica emprega o mínimo de interpretação: consiste em
descrever o mais exatamente possível a experiência vivida no momento (da pessoa)
sem se interessar pela sua origem e consequência, permanecendo o examinador
circunscrito à realidade comunicada na sua qualidade original e na sua estrutura
individualizante. ( aneroxia nervosa-patologia especial)
A psicopatologia pode ser encarada numa perspetiva fenomenológica, numa
perspetiva da dinâmica psíquica e numa perspetiva experimental:
 Perspetiva fenomenológica – diz respeito à descrição objetiva (tanto quanto
possível) sem teorias pré-concebidas dos estados anormais da mente a partir do
comportamento observável (pelos sentidos) e das experiencias conscientes do
sujeito. Ajuda a esclarecer a patologia mental pela definição das qualidades
essenciais e pela compreensão do que a doente experimenta. Este foi o 1º método
a ser usado. Alguns autores começaram por centrar a atenção na descrição do
fenómeno com sinais e sintomas, tendo em conta a observação detalhada e
descritiva, a partir do próprio individuo. Não é um estudo compreensivo, mas
uma descrição concreta e muito especifica. Não se interessava pela sua origem e
consequências.
 Perspetiva da dinâmica psíquica – tal como a anterior, começa com a
descrição pelo doente das suas experiencias mentais e com a observação do
comportamento; mas vai além da descrição, procurando explicar as causas dos
acontecimentos mentais anormais.
Ex. Criança que aos 6 anos perde o controlo da urina. Aqui vai-se tentar perceber a
causa: o que se está a passar para que isso aconteça agora?
 Perspetiva experimental – vai mais além do que descrever e procurar causas;
por isso, estuda de forma experimental como os acontecimentos se relacionam
uns com os outros na vida do individuo; ou seja, as relações entre os fenómenos
anormais. Vai-nos ajudar ainda mais porque já temos os fenómenos descritos, as
suas causas (quando estas se identificam) e agoravamos à procura de dar solução
mexendo em diferentes dimensões do fenómeno. Assim, são formuladas
hipóteses que serão testadas em experiencias com o objetivo de explicar as
perturbações mentais desde os processos psicológicos.
Ex. Menino da urina que mexendo no horário do trabalho dos pais houve
repercussão no seu comportamento…
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A psicologia dedica-se ao “estudo” dos sintomas e sinais que indiciar ou poder
indiciar perturbação mental (psicopatologia geral) e ao estudo sistemático da sua
organização em quadros clínicos (psicopatologia especial).
Competeà psicopatologia,reunir os materiaispara elaboraçãodo conhecimentodos
fenómenos mentais com as quais a psicologia e a psiquiatria possam:
 Coordenar a sua ação curativa e preventiva
 Compreender a origem, relação funcional e evolução dos fenómenos
psíquicos
Psicopatologia geral e especial:
 Psicopatologia geral: estudo dos sinais e sintomas que indicam ou podem
indicar perturbação mental.
 Psicopatologia especial: é a organização dos sinais e sintomas de uma forma
específica que definem os quadros clínicos.
Dimensões fundamentais da Psicopatologia:
 Psicopatologia descritiva (patologia do psicológico) – Procura observar
identificando, descrevendo e caracterizando as perturbações mentais em termos
de comportamentos patológicos. É a patologia do psicológico porque centra-se
na doença, ou seja, na descrição do funcionamento psicológico no
comportamento perturbado (consciência, memória, pensamento, etc.)
 Psicopatologia compreensiva (psicologia do patológico) – centra-se mais no
individuo para mostrar qual é a experiencia, o seu significado, assim como as
relações de sentido. Tem em conta os processos psicológicos envolvidos e o seu
significado para o individuo.
Algumas distinções:
 Normal/anormal/patológico:
o Normal – deriva do latim norma e significa regra (linha de orientação).
Pressupõe um comportamento relacionado com o que se deve; com o que
se pode e é permitido numa determinada cultura. O critério é exterior ao
individuo.
o Anormal – remete para um comportamento que se desvia da norma num
determinado grupo.
Ex. Sobredotaçao; atraso mental; etc.
PÁGINA 5
o Patológico – tem a ver com pathos (patologia) e remete para a dimensão
subjectiva e individual do funcionamento psicológico que se pode
manifestar em diferentes dimensões do sujeito.
 Perturbação mental/doença:
o Perturbação mental – a doença na concepção psicológica é designada
por perturbaçãopois é desconhecida a etiopatogeniadoagrupamentoque
pode ser devida a uma multiplicidade de causas: genéticas, psíquicas,
sociais e culturais. Por isso, a sua causa é bio-psico-social. Em saúde
mental, raras são as doenças. Ex. Demencia associada à sifolis – mas há
muito poucas assim. Segundo o DSM-V a perturbação mental é um
síndrome ou padrão comportamental ou psicológico clinicamente
significativos associados com a ansiedade actual, incapacidade; risco
significativamente aumentado de sofrer morte ou dor; ou uma perda
importante da liberdade:
 Não pode ser resposta a um acontecimento particular, como por
exemplo a morte de um ser querido.
 Qualquer que seja a causa deve haver uma manifestação de uma
disfunção comportamental, psicológica ou biológica.
 As perturbações mentais relacionam-se com factores ou processos
físicos ou biológicos e por sua vez com factores ou processos
comportamentais ou psicossociais.
o Doença – é a perda da homeostasia corporal, total ou parcial podendo
existir causas várias, sendo estas conhecidas. É abordada desde a
concepção biomédica comoum agrupamento,padrãode sintomas esinais
organizados, tendo em conta a sua etiopatogenia.
 Psicologia clinica/Psicoterapia/Psiquiatria – Compete à psicopatologia
reunir os materiais para a elaboração do conhecimento dos fenómenos mentais
com os quais a psicologia e psiquiatria podem diagnosticar e intervir. A
Psicopatologia interessa-se pelo estudo do fenómeno mental enquanto que a
psicologia clinica e psiquiatria preocupam-se mais com a intervenção. Assim, a
perspectivapsicológicaem psicopatologiaimplicaacentraçaono individuoe não
só na perturbação, ou seja, as suas experiencias; o seu discurso; os seus
comportamentos e interacções.
o Psicologia clinica – ramo da psicologia que tem por objecto de estudo a
avaliação e intervenção nos problemas e perturbações psíquicas
(incluindo a componente psíquica das perturbações somáticas). Exemplo
de funções: elaboração de psicodiagnóstico; prevenção e tratamento;
programas de educação para a saúde; aconselhamento psicológico;
PÁGINA 6
intervenção psicológica e psicoterapia; programas de investigação;
participação em júris; etc.
o Psicoterapia – abrange diferentes métodos com diferentes modelos
teóricos por trás (psicoterapia cognitiva, comportamental, humanista,
sistémica, psicanalítica, etc.) tendo todos eles em comum: a comunicação
verbal e não verbal e a relação do cliente com o psicólogo. Temos uma
variado leque desde as psicoterapias simples de apoio até outras bastante
complexas, podendo ser realizadas individualmente, em grupos, casais,
família.
o Psiquiatria – é o ramo da medicina que lida com a prevenção,
atendimento, diagnóstico, tratamento e reabilitação de doenças mentais
(de cunho orgânico ou funcional) através do modelo biomédico de
abordagem de perturbações psíquicas incluindo o uso de medicamentos.
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II. UMA ABORDAGEM HISTÓRICA
- Grécia Antiga
Os antigos gregos foram os primeiros a utilizar um ponto de vista científico no
estuda da doença mental/ tratamentos somáticios. Para além de tratamentos
somáticos da escola hipocrática, empregavam também tratamentos psicológicos:
interpretação dos sonhos, indução do sono, diálogo com o paciente.
Hipócrates (460 – 370 a.C.), denominado“pai damedicina”, susteve que as doenças
surgiam em consequência de um desequilíbrio ao nível dos humores essenciais. A
Teoria humoral ou dos quatro humores constituiu o principal corpo de explicação
racional da saúde e da doença entre o Século IV a.C. e o Século XVIII. Também
conhecida por teoria humoral hipocrática ou galénica, segue as teorias dominantes
na escola de Kos, segundo as quais a vida era mantida pelo equilíbrio entre quatro
humores: Sangue, Fleuma, Bílis amarela e Bílis negra, procedentes,
respetivamente, do coração, cérebro, fígado e baço. Cada um destes humores teria
diferentes qualidades: o sangue era quente e húmido, a fleuma era fria e húmida, a
bílis quente e seca e a bílis negra, fria e seca. Segundo o predomínio natural de um
destes humores na constituição dos indivíduos, teríamos os diferentes tipos
fisiológicos: o sanguíneo (optimistas, alegres, calorosos, extrovertidos), o fleumático
(predisposição apática, frieza afetiva, introversão), o bilioso ou colérico (tendência
para a irascibilidade,agressividadee autoritarismo)eo melancólico(inclinaçãopara
a tristeza, derrotistas, dependentes, introvertidos). A doença seria devida a um
desequilíbrio entre os humores, tendo como causa principal as alterações devidas
aos alimentos, os quais, ao serem assimilados pelo organismo, davam origem aos
quatro humores. Destas alterações surgiriam, por exemplo, casos de melancolia,
demência ou ira maníaca. A terapêutica utilizada para eliminar este excesso de
humor eram os purgantes, vapor, banhos e dieta. Hipócrates localizou no cérebro a
capacidade para sentir, pensar e sonhar. Foi também o primeiro a descrever e
classificar racionalmente doenças como a epilepsia, mania, paranoia, delírio tóxico,
psicose puerperal, fobia e histeria. (hipnose)
Platão (427 – 347 a.C.) dividiu a alma em 2 partes: racional (imortal, divina,
localizada no cérebro) e irracional (mortal, fonte de prazer e dor, localizada no
restante do corpo). A loucura apareceria quando a alma irracional escapava a
influência da alma racional ou quando uma alteração divina da alma produzia
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condutas inspiradoras ou divinas. Platão considera que a loucura tem várias formas
desde a profética, a ritual, a poética até à erótica. Atribui ainda grande significado
aos sonhos e estabelece um método para a sua interpretação.
Como tratamento, Platão postulou a dialéctica entre paciente e médico; um diálogo
destinado à cura, mediada pelo conhecimento filosófico.
Aristóteles (384 – 322 a. C.) Discípulo de Platão, Aristóteles atribuiu a origem das
doenças mentais, a alterações na temperatura da bílis negra e às emoções. Assim, a
bílisnegra, moderadamentefriacausava vertigens, apreensãoou aturdimento;a bílis
moderadamente quente, alegria e despreocupação; muito fria, cobardia e estupidez
e a bílis muitoquente, desejo amoroso, lucidez e loquacidade.Considerou ainda que
o centro de todas as sensações é o coração, remetendo o cérebro para um lugar
secundário. Propõe o tratamento da doença mental através da libertação das
emoções reprimidas.
- Roma –
Os romanos seguiram a filosofia grega, estóica e epicura (primado do prazer) que
postulava que as paixões e desejos insatisfeitos actuam sobre a alma produzindo
doenças mentais. Distinguiama excitaçãomental com febre,da excitaçãosem febre,
sendo esta última,a mania.Alguns fenómenospsicopatológicoscomo as alucinações
foram muito bem descritos e foram propostos tratamentos como a fisioterapia,
dietas alimentares, actividades lúdicas do tipo convívios, música, permanência em
salas claras com ar e luz. Os romanos definiram, na lei, os estados patológicos
mentais, atribuindo-lhes um estatuto próprio, sem grau de culpabilidade civil.
Paixões e desejos insatisfeitos atuavam sobre a alma produzindo doenças mentais,
inabitabilidade:
 Tratamento: fisioterapia, dietas, convívio, musica, salas com muito ar e luz
- Idade média e renascimento –
Marcam um retrocesso. A doença mental é considerada consequência de possessão
demoníaca / feitiçaria. O “tratamento” prescrito: sangrias, tortura e a fogueira… A
excepção a este ambiente obscurantista, durante a idade média, só surge com os
Árabes, que construíram hospitais psiquiátricos como o de Adrianópolis em 1500
d.C.. Para os muçulmanos, o louco é amado por Deus e foi por Este escolhido para
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revelar a verdade. Assim, o doente mental é protegido por todos e, por vezes,
considerado, santo.
- Séc. XVIII -
Embora já não lhes coubesse em sorte, a fogueira, os doentes mentais vagueavam
pelas ruas sendo alvo de todo tipo de humilhações. Nos asilos eram internados
conjuntamente com indigentes, prostitutas, idosos, homossexuais e doentes
crónicos. Viviam em condições deploráveis (isolamento, obscuridade, malvadezdos
guardas, comida estragada, agrilhoamentos…) e eram sujeitos a tratamentos brutais:
purgas, sangrias, torturas, tratamentos emetizantes…. El Bedlam (Londres),
Salpêtriére e Bicêtre (Paris) convertiam-se em espectáculo dominical (com direito a
bilhete pago) para observação dos residentes, pela população da cidade.
RETRATOS DE FIGURAS DE RELEVO NA PSICOPATOLOGIA
A psicologia dos clássicos é um pouco diferente de hoje; na altura era apenas uma
psicologia descritiva. Quando se começa, não se começa pelas causas e
consequências, mas pela simples descrição. O que registaram os primeiros
psicopatologistas? Perceberam comportamentos da mente que eram anormais.
Interessaram-se por observá-los em profundidade e descreve-los. Por exemplo,
porque é que indivíduos tinham comportamentos de tristeza e apatia de forma
continua? Começaram a descrever os estados mentais anormais. Assim, começa o
estudo científico da psicopatologia.
Principais autores:
Philippe Pinel (1745-1826)
Benedict-Augustin Morel (1809 – 1873)
Emil Kraepelin (1856 – 1926)
Bleuler (1857-1939)
Ernst Kretschemer (1888 – 1964)
Karl Jaspers (1883 – 1969)
Kurt Schneider (1887 – 1967)
Christian Scharfetter
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1. Pinel – primeiro tratado medico–filosófico sobre a dimensão mental ou mania.
Classifica em 4 tipos: mania, melancolia, idiotia (atraso mental), demência (hoje
corresponde aos quadros psicóticos). Explicação: factores hereditários e meio
ambiente. Considerou que os seres humanos que sofriam perturbações eram
doentes e deviam ser bem tratados. Nessa altura eram muito mal tratados em
hospícios. Tudo o que fosse fora da norma era ládepositado.Nãohavia condições
mínimas. Pela 1ª vez a saúde começou a olhar para o doente mental como seres
humanos. Não merecem serem mal tratados. Merecem cuidados.
2. Morel – tratado sobre doenças mentais. Explicação: é um processo de activação
lenta por influência genética: herdados dos pais e avôs (transmissão vertical
repetida). A activação da doença pode ser repentina por acontecimentos
externos. Introduziu a designação de “demência precoce” (= actual
esquizofrenia). Demência precoce pq a esquizofrenia normalmente surge cedo
entre os 20 e os 30 anos.
3. Kraeplin – enfoque numa perspectiva descritiva. Procurava objectividade no
estudo das doenças mentais. Criou um sistemade classificação baseado na causa,
sintomatologia, curso, prognóstico (bom, mau e reservado) e achados anatomo–
patológicos das doenças que são a base dos maiores sistemas diagnósticos
utilizados hoje. Distinguiu as doenças maníaco–depressivas (hoje chamada
doença bipolar) da demência precoce (Considerava que o que estes doentes têm
não é demência precoce mas fortes mudanças de humor – por isso, hoje
caracterizada pela doença bipolar). Hebefrénico, catatónico, paranóide. Referiu
que as doenças psiquiátricas são principalmente causadas por desordens
genéticas e biológicas e por isso contrariava Freud que considerava as doenças
psiquiátricas como causadas por factores psicológicos/emocionais. Há quem
chama ao DSM tratados eno-krapelianos. Ele foi o pai dos CIDs e DSM que
surgiram nos anos 50.
4. Eugen Bleuler (1857-1939) – introduz o termo “esquizofrenia” uma vez que
constatou que nem todos os casos evoluem por demência (pois nem todos
perdiam capacidades) ou alguns eram exclusivos a indivíduos jovens. De facto,
em alguns casos não se observava necessariamente deterioração mental. Na
esquizofrenia ocorria uma cisão do pensamento, do afecto, da vontade e do
sentimento subjectivo da personalidade. Na esquizofrenia divide-se a dimensao
cognitiva, afectiva, volitiva, pois a pessoa não consegue gerir a sua vontade,
afectos, o pensamento, etc. Acrescenta a esquizofrenia simples.
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5. Kretschmer – descreve os tipos corporais em asténico ou leptossómico
(relaciona-os com a esquizofrenia – achava que muitos esquizofrénicos tinham o
bioptico leptosomico), pícnico (psicose maníaco–depressiva) e atlética. Escreveu
sobre psicologia médica, psicoterapia e personalidade sensitiva. A partir desta
ultima, mediante circunstância negativas da vida, a pessoa organiza um delírio
sensitivo de Kretschmer ou desenvolvimento paranóide (ciúme, sobretudo a
perseguição, prejuízo).
Distinguir reacção paranóide de desenvolvimento paranóide:
 Reação paranoide – acontece numa personalidade normal acontece
depois dum acontecimento muito traumático como um forte assalto. A
pessoa pode a partir daí desenvolver delírios de perseguição.
 Desenvolvimento paranoide – acontece numa personalidade não
equilibrada que ao longo da sua evolução já vai mostrando tendências
nesse sentido.
6. Karl Jaspers (1883-1969) – ajudou a tornar a Psicopatologia uma ciência
inteiramente autónoma (e independentemente da psiquiatria) e centrou-se no
enfoquefenomenológico:consideravanecessário destacar, delimitar,diferenciar,
descrever determinados fenómenos mentais. Segundo Jaspers, para o clínico, a
ciência é apenas um meio para atingir um objectivo: ajudar o doente. Para o
psicopatologista, a ciência psicopatológica é, em si própria, o objectivo (tinha o
seu grande gozo em estudar a perturbação mental em si, enquanto que o clinico
apanha no conhecimentojá feitoe trabalhaapartir daí).É através dacomparação
entre as suas diferentes vivências e aquelas captadas no doente que se pode
chegar a uma verdadeira investigação fenomenológica. O estudo desses
elementos contribui para o conhecimento de 3 espécies de fenómenos:
a) Aqueles que conhecemos porque temos conhecimento deles. Há
fenómenos que conhecemos pela nossa própria experiencia, por isso são
fáceis de compreensão. Ex. Tristeza…
b) Fenómenos que são acentuações, diminuições ou contaminações de
experiências pessoais. Ex. Eu nunca tive depressão, mas esta é uma
acentuação da tristeza.
c) Fenómenos que se caracterizam pelo facto de não poderem ser
representados no espírito de maneira compreensiva, só podendo ser
abordados, no máximo, por analogia, e onde se pode incluir muitos dos
fenómenos psicopatológicos estudados. Ex. Alucinação/delírio, etc.
PÁGINA 12
7. Kurt Schneider – implementou os enfoques descritivos de Kraeplin e
fenomenológico de Jaspers. Preocupado em distinguir a esquizofrenia de outras
psicoses (há outros quadros psicóticos que não são esquizofrenia), dividiu os
sintomas da esquizofrenia em primários (Shneiderianos) e secundários. Em 1923
construiu a classificação europeia mais conhecida das perturbações da
personalidade: (considerou que são personalidades estranhas que chamou
personalidade psicopática – o que corresponde hoje às perturbações da
personalidade). Nestas, considerava todos os desvios da normalidade não
suficientes para serem considerados doenças mentais francas e distinguiu:
hipertímicos, depressivos, inseguros, fanáticos, carentes de atenção,
emocionalmente lábeis, explosivos, desalmados (hoje chamados anti-sociais,
dissociais ou psicopatas – pessoas que não olham a meios para atingir fins),
abúlicos, asténicos.
8. Scharfetter – psicopatologista do século XX.
PÁGINA 13
III. DIAGNÓSTICO/ QUADROS NEURÓTICOS E PSICÓTICOS/ SINTOMAS
HOMÓLOGOS E HETERÓLOGOS
Processo de diagnóstico:
Para fazer diagnóstico é necessário abordar a história de vida do sujeito. Assim, em
função da elaboração do diagnóstico é necessário ter em conta:
 História clínica
o Anamnese cronológica da doença/sua contextualização (história pessoal,
saúde, afectiva, e familiar – um jenograma).
o Exame do estado mental e físico (remetemos para o médico).
 Formular uma 1ª hipótese do diagnóstico
 Formular um diagnóstico nosológico (parte da medicina que trata das
enfermidades em geral com a preocupação de as classificar explicativamente –
etiopatogenia)
 Formular um diagnóstico da personalidade (descrição geral da pessoa).
o Diagnostico etio–patogenético (causas) que não vamos encontrar no CID
e DSM V porque nas perturbações não conhecemos com precisão as
causas.
o Identificar se há alguma perturbação mental (tendo como base o CID e o
DSM V) – classificação descritiva-classificativa.
Sobre o DSM IV e o CID
O que faz o DSM V e CID é definição das doenças em modos descritivo-
classificativos. Os seus pioneiros na classificação das doenças mentais foram PINEL
e KRAEPELIN. Assim:
 CID 6 (1948) cap. V (só nas 6ª edição do CID é que acharam pertinente fazer um
capitulo dedicado à perturbação mental) – classificação das perturbações
mentais e do comportamento. DSM IV (1952) sistema americano / APA
 Actualmente temos o CID 10 e o DSM V que:
o Fornecem descrições clínicas (sintomas e sindromas) e directrizes
diagnósticas.
o Evitam hipóteses etiológicas.
o Facilitamodiagnóstico,o tratamentoeacomunicação entre profissionais.
o O CID e DSM estão sp a evoluir – são um modo de ver o mundo desde um
ponto concreto no tempo.
PÁGINA 14
CID e DSM são óptimos mapas mas não são a realidade. Cuidado para não ter a
realidade no modelo. O respeito por uma classificação conceptual não pode
sobrepor-se às realidades da doença. O bom senso clinico não é fácil de ter.
Classificação Axial do DSM V:
O DSM V TR – é um manual de diagnostico estatístico de perturbações mentais.
Com o DSM tenta-se dar uma visão multi-axial.
 Eixo I – perturbações que são atuais, o que se queixam as pessoas actualmente.
São as várias perturbações ou situações clinicas existentes na classificação,
excepto duas, as do eixo 2: as Perturbações da Personalidade e a Deficiência
Mental.
 Eixo 2 – Perturbações da personalidade e Deficiência Mental – perturbações do
foro psicopatológico,queemboraestejampresentes hoje, tambémestãopara trás,
no seu passado: atrasos intelectuais/mentais;eas perturbações de personalidade.
Há pessoas que podem ter o eixo 1 e o eixo 2.
 Eixo 3 – situações clínicas do estado físico geral que são potencialmente
relevantes
 Eixo 4 – problemas psicossociais e ambientais
 Eixo 5 – avaliação global do funcionamento
Sintomas homólogos e heterólogos:
 Sintomas Homólogos – a espécie humana em geral é capaz de os sentir e
compreender, por isso, estes sintomas tb acontecem às pessoas saudáveis. É
possível compreender o sintomana históriado doente (motivo),pq são sintomas
comuns a quase todas as pessoas. No entanto,o doente sente-os exageradamente
ou de forma distinta. Ex: tristeza, medo, obsessão, desconcentração,
irritabilidade.
 Sintomas Heterólogos – são sintomas que não acontecem habitualmente às
pessoas saudáveis (alucinações, delírios, sintomatologia de autorreferência,
experiências de passividade). Não se compreende o motivo; a ansiedade não está
forçosamente presente. “Eu nunca estive assim, nunca senti tal coisa…” – esta
frase não é aplicada ao doente, mas na perspectiva do profissional.
PÁGINA 15
Síndrome, sinais e sintomas:
 Síndrome – Uma síndrome é um grande saco em que cabe muita coisa.
Síndrome é um conjunto de sinais e de sintomas.
Ex. Anorexia nervosa
 Sinais – são observáveis
Ex. Mão molhada…
 Sintomas – é o próprio que o relata, não é mensurável nem objectivo, é algo de
carácter subjectivo. Ex. Quando o próprio sujeito pela ansiedade sente que não
respira bem e que o ar não chega ao fundo.
Neurose e Psicose:
Nem na neurose nem na psicose conseguimos identificar uma base orgânica clara e
especifica. Não é fácil identificar no cérebro a problemática.
Neurose:
 (CID 9) – as perturbações neuróticas são afecções mentais, sem base orgânica
demonstrável, face às quais o doente se pode manter perfeitamente lúcido e que
não se acompanham (idealmente) de qualquer alteração dos sentidos aplicados
à realidade. Por isso, o individuo (por regra) não confunde as suas experiências
subjectivas e fantasmas mórbidos com a realidade exterior. O comportamento
pode estar muito perturbado se bem que quase sempre se mantenha dentro dos
limites socialmente aceites; a personalidade não se desorganiza. Não há corte
com a realidade inter–humana comum.
 CID (10) – acrescenta as perturbações neuróticas, relacionadas com o stress e
somatoformes.
Manifestações principais: ansiedade excessiva, sintomas histéricos, fobias,
sintomas obsessivos e compulsivos, depressão.
Características gerais das neuroses:
 Não há corte com a realidade – O termo neurose englobava classicamente um
grupo de perturbações psiquiátricas crónicas ou recorrentes que,
independentemente da sua gravidade ou incapacidade funcional, não
apresentavam características psicóticas (não pode haver alucinações, ideias
delirantes ou perda da capacidade de insight).
PÁGINA 16
 Ansiedade – em todas há algo comum: ansiedade. Eram caracterizados
essencialmentepelapresença de ansiedadeexpressa directamenteou modificada
pelos mecanismos de defesa. A ansiedade prevalece.
 Eram consideradas perturbações funcionais, isto é, sem patologia orgânica.
 Na neurose há insight (compreensão do que se passa consigo) do próprio
doente que é portador de doença. Por isso, tendem a ir muito ao psicólogo pois
procuram solução para o seu sofrimento.
 Só há sintomas homólogos (sintomas que todos achamos que podemos ter ou
podemos vir a ter. Sintomas que eu compreendo).
Psicose:
(CID 9) – o comportamento psicótico é um comportamento de corte com a
realidade. Nas psicoses, o comprometimento das funções mentais traduz-se por
alterações evidentes das capacidades de discernimento, de críticas objectivantes, de
fazer face a certas exigências da vida, de contacto com o real. Exclui os atrasos
mentais. Ex: psicoses por consumo de drogas, psicoses orgânicas transitórias,
psicoses esquizofrénicas, psicoses delirantes, psicoses específicas da infância. Existe
também uma psicose aguda breve que é um tipo de psicose que não é esquizofrenia
(pois esta arrasta-se ao longo da vida). A sintomatologia é heteróloga.
Distinguir:
 Quadros psicóticos compensado – pessoa tratada que consegue responder às
necessidades básicas da vida do dia a dia.
 Quadros psicóticos não compensado – não conseguem responder às
necessidades do dia a dia. É fundamental a medicação. Ex. Um psicótico que deu
uma pancada na enfermeira pq pensava que o demónio estava agarrado à
enfermeira…
Exactamente porque há um corte com a realidade na psicose o doente não tem
consciência, não pede ajuda. Por outro lado, como os sintomas são heterólogos, não
nos é possível uma compreensão experienciada da vivência, ou seja, não podemos
entender o que está a viver. Ex. delírio.
Distinguir:
 Doenças psicossomáticas/psicofisiológica – doença física psicogénica
clinicamente observável, provocada e/ou mantida por factores psicológicos,
emocionais ou relacionais. A relação entre emoção e perturbação física é tal que
os técnicos de saúde mental não podem de deixar de reconhecer uma conexão.
Ex. Úlcera; caspa; doenças de pele, etc.
PÁGINA 17
 Alteração psicopatológica sintomática/psicose sintomática – doença
psicológica provocada e/ou mantida por uma doença orgânica não cerebral. Ex.
Saber que se tem um cancro e acabar com uma depressão…
 Alteração psicopatológica orgânica – doença psicológica provocada e/ou
mantida por doença mental. Ex. Acidente onde parte do cérebro foi afectado
Cultura geral:
 Iatrogenia do fenómeno – excessivos exames que provocam uma doença onde
antes não havia…
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IV. PERTURBAÇÕES DA ANSIEDADE (QUADRO NEURÓTICO)
As perturbações da ansiedade são como um cesto com muitos ovos coloridos lá
dentro. São na sua grande maioria designadas pela psicologia clássica como
neuroses.
Distinguir a ansiedade normal da patológica:
 AnsiedadeNormal – suportável,que se percebe como controlável,queestimula
a atenção, adaptação e aprendizagem e que leva ao evitamento de
comportamentos nocivos. É muito adaptativa. Ex. Exames: a ansiedade leva a
prepararmo-nos para enfrentar os nossos medos e preocupações…
 Ansiedade Patológica – de duração e/ou intensidade excessivas, que prejudica
a eficácia e a adaptação e leva à adopção de comportamentos nocivos. Interfere
com o bem-estar ou com o ajustamento do ser humano. Ansiedade não deve ser
nem 8 nem 80.
A ansiedade é:
 Uma experiência comum.
 Experiencia subjectiva de tensão
 Experiência de temor sem motivo
 Experiencia de que algo desagradável vai acontecer e não sabemos porquê - nem
todas as ansiedades são associadas à 1ª vista a um motivo específico.
Isso traduz-se em sinais e sintomas físicos:
 Suor das mãos.
 Palpitações, taquicardia, dor no peito.
 Aperto na garganta (sensação de bola na faringe).
 Sintomas musculares, falta de força nas pernas.
 Tonturas e vertigens.
 Sintomas respiratórios.
É difícil fazer o diagnostico diferencial entre a ansiedade e depressão
A ansiedade é frequentemente um factor de quadros depressivos. Uma perturbação
ansiosa (Ex. fobia social) pode acabar em depressão. Por isso, a ansiedade e
depressão estão frequentemente juntas.
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Ex. Mota Cardoso – a depressão faz chorar (refugia-nos para nós próprios e não
pedimos ajuda) a ansiedade faz gritar (faz pedir ajuda).
Perturbações da ansiedade:
 Perturbação da ansiedade generalizada
 Perturbação de pânico
 Agorafobia
 Fobia especifica ou simples
 Fobia social
 Perturbação de stress pós traumático
 Perturbação obsessivo compulsiva
1. PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE GENERALIZADA
Descrição/ Características:
É caracterizada por pelo menos 6 meses de ansiedade e preocupação
persistentes e excessivas.
 É uma das mais frequentes perturbações ansiosas.
 É importante sublinhar que é generalizada e por isso afecta todos os
domínios da pessoa. Ora, se afectatodos os domíniosnão é difícil queacabe num
quadro depressivo.
 É caracterizada por preocupação marcada, inadequada e persistente face aos
acontecimentos da vida, com ansiedade, insónia, tensão muscular,
hiperactividade autonómica (sistema nervoso), apreensão e vigília
(constantemente alerta para o que possa correr mal).
 Não controlável – As preocupações com a saúde, a situação económica, o
trabalho, as relações afectivas produzem uma apreensão excessiva e não
controlável. Isto significa que é a ansiedade que controla a pessoa.
 Desproporção – o grau de ansiedade é desproporcionado relativamente ao
possível impacto do acontecimento temido.
Desencadeante:
 Pode ser muito claro – Ex. Separação familiar. Ex. Filho na Arabia Saudita,
começa uma guerra e o filho não quer sair de lá… Isto minou a vida da mãe… Um
factor assim pode ser o 1º de muitos.
 Pode ser ambíguo – podemos procurar e encontrar e podemos procurar e ter
muita dificuldade em encontrar. É preciso ver caso a caso.
 Factores genéticos – Os estudos genéticos mostram que numa família onde
encontramos a ansiedade generalizada numa pessoa encontramos também
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outros indivíduos com a mesma perturbação; o que significa que o factor
genético é importante.
Características do sujeito com ansiedade:
A apresentação da pessoa ansiosa é geralmente característica: a mímica é de tensão,
a testa franzida, a postura tensa, não consegue estar quieta, frequentemente esta a
tremer, a pele é pálida, há frequente sudação (pés, mãos e axilas).
O quadro clinico inclui diferentes sintomas:
 Sintomas psicológicos: ansiedade, irritabilidade, preocupações,
hipersensibilidade ao ruído, agitação, dificuldade da concentração.
 Sintomas somáticos:
o Gastrointestinais: boca seca, dificuldade em engolir, mal-estar
abdominal, diarreia ou obstipação.
o Respiratórios: aperto toráxico, dispeneia inspiratória (fome de ar),
taquipneia (respiração acelerada)
o Cardiovasculares: palpitações, taquicardia, dor pré-cordial.
o Génito-urinários: polaquiúria (vontade de fazer xixi); disfunção eréctil;
dismenorreia, amenorreia.
o Neuro-musculares: tremores, picadas, zumbidos, tonturas, cefaleias,
tensão ou contracturas, dores lombares, ombros.
o Cutâneos: diaforese, rubor.
o Perturbações do sono: insónia inicial, ou acordar frequentemente, terror
nocuturno
o Outros sintomas: sintomas depressivos, fobias, sintomas obsessivos,
despersonalização (a pessoa sentir-se a funcionar como se fosse um
autómato, num registo quase mecanizado).
o Hiper ventilação e crises de pânico. (às vezes uma crise de pânico
confunde-se com AVC e ataque cardíaco)
o PAG e perturbações da personalidade.
o PAG e quadros associados.
o Classicamente chamava-se: neurose ansiosa.
Diagnóstico (300.02) [F41.1]:
 Critério A – a ansiedade deve ocorrer em mais de metade dos dias durante pelo
menos 6 meses.
 Criterio B – a pessoa não controla as suas preocupações.
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 Critério C – três ou mais dos seguintes sintomas: agitação nervosismo ou tensão
interior; fadiga fácil; dificuldades de concentração; irritabilidade; tensão
muscular; perturbações do sono
 Critério D – o foco da ansiedade n se pode dever a outra das perturbações
relativas ao eixo I.
 Critério E – a ansiedade deve causar deficiência no funcionamento social,
ocupacional ou outra área.
Diagnóstico diferencial:
 A Perturbação ansiedade generalizada é diferente da Perturbação de
ansiedade secundária a um estado físico geral: pois nessa os sintomas
ansiosos são considerados consequência fisiológica directa de um estado físico
geral específico.
 A Perturbação ansiedade generalizada é diferente Perturbação ansiedade
induzida por substância: pois a substancia (droga, medicação) é
etimologicamenterelacionada com a P. da ansiedade.
 Quando existe outra perturbação do Eixo I, só diagnosticamos
perturbação de ansiedade generalizada se a ansiedade e preocupação não
estiver relacionada com a outra perturbação:
o Quando a preocupação é excessivae se restringe aofacto de ter um ataque
de pânico é uma perturbação de pânico;
o Se a preocupaçãoexcessivase restringir ao factode poderser contaminada
é uma POC;
o Se a preocupação for ganhar peso então temos anorexia nervosa;
o Se for ter uma doença grave é Hipocondria;
o Se a preocupação se dever a queixas físicas múltiplas é uma perturbação
de Somatização.
 A Perturbação ansiedade generalizada é diferente Perturbação Obsessiva
Compulsiva: pois na Perturbação de ansiedade generalizada as preocupações
excessivas são acerca de acontecimentos do dia a dia e reais, enquanto que na
POC existem pensamentos obsessivos onde não há problemas reais mas sim
intrusões egodistomicas que formam imagens, impulsos, que são normalmente
acompanhadas de compulsões.
 A Perturbação ansiedade generalizada é diferente de Ansiedade não
patológica: pois na perturbação de ansiedade generalizada as preocupações são
difíceis de controlar e interferem significativamente com o funcionamento.
 A Perturbação de ansiedade generalizada é diferente de Perturbação da
adaptação: pois na perturbação da adaptação a ansiedade está presente, mas
este diagnóstico só deve ser utilizado se não forem preenchidos os critérios para
outra Perturbação de ansiedade.
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 A Perturbação de ansiedade generalizada não é diagnosticada se a
ansiedade ocorrer exclusivamentedurante a evoluçãoda Perturbação Pós Stress
Traumático.
 A Perturbação de ansiedade generalizada é uma característica comum
associada a Perturbação do Humor e ás Psicóticas.
 Deve-se fazer o diagnóstico diferencial com a perturbação da
personalidadeevitante/perturbação ansiosada personalidade –toda a vida
viverem em sintomatologia ansiosa. Se toda a vida foi assim é uma perturbação
ansiosa da personalidade.
 Diferençascoma esquizofrenia – um dos primeirossintomas de esquizofrenia
é uma ansiedade grande e descontrolada, passados uns meses ou um ano
percebemos que não é uma perturbação da personalidade generalizada
2. PERTURBAÇÃO DE PÂNICO
Descrição:
A perturbação de pânico sem agorafobia é caracterizada por ataques de pânico
inesperados e recorrentes acerca dos quais existeuma preocupação persistente. Para
se diagnosticar perturbação de pânico é preciso ter pelo menos dois ataques de
pânico inesperados (sem motivo aparente). Os ataques recorrem pelo menos
durante um mês e estão associados ao medo (de que volte a acontecer).
Ataque de pânico
Um ataque de pânico caracteriza-se por um aparecimento súbito (o primeiro ataque
é habitualmenteinesperado)desintomas que provocamintenso desconfortoe medo
no indivíduo. O quadro desenvolve-se rapidamente e atinge o seu pico em 10 min
provocando ansiedade fortíssima com aparecimento súbito e imotivado,
desconfortante, com sintomas físicos proeminentes, receio de que algo de
catastrófico esteja a acontecer. Normalmente desaparece entre 20 e 30 min. Os
sintomas são inesperados, súbitos e sem relação com qualquer outra situação. Os
ataques de pânico não são apenas crises agudas de ansiedade. Existem 3 tipos de
ataques pânico: inesperados (o sujeito não o consegue associar a um desencadeador
situacional, por isso, não sabe de onde vem); situacionais (com pistas de alerta) e
situacionalmente predispostos.
Características:
 Emoção: ansiedade grave (além da preocupação com os ataques de pânico,
muitos sujeitos desenvolvem um ansiedade constante/intermitente que não está
associada a nenhuma situação especifica), incapacitante. Sensação de
despersonalização/desrealização.
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 Cognição: medo intenso de morte iminente, colapso, sensação de estar a
enlouquecer, perder o controlo de qualquer outra forma.
 Comportamento: fuga (ex: precipitar-se para fora).
 Sintomas físicos: taquicardia, palpitações, dispneia, sudorese, tremores,
zumbidos,….
 Associações: depressão, agorafobia, hipocondria.
 Perturbação Pânico pode dar-se com ou sem agorafobia.
Diagnóstico (300.01) [F41.0]:
 Critério A – ataques de pânico inesperados e recorrentes (pelo menos dois)
juntamente com o medo de os voltar a ter, durante pelo menos um mês.
 Critério B – Ausência de agorafobia
 Critério C – os ataques de pânico não são provocados por drogas ou por um
estado físico geral.
 Critério D – os ataques de pânico não são devidos a outra perturbaçao mental.
Nota (Perturbação de Pânico com Agorafobia) – A perturbação de pânico com
agorafobia caracteriza-se exactamente da mesma forma, acrescentando
simplesmente a presença da Agorafobia.
Diagnóstico diferencial:
 A Perturbação de pânico é diferente de perturbação de ansiedade
secundária a um estado físico geral: pois na perturbação de ansiedade
secundária a um estado físico geral os ataques de pânico são consequência
fisiológica directa de 1 estado físico geral.
Ex. Hipertiroidismo; disfunções vestibulares; perturbação convulsiva; situações
cardíacas, etc.
 A Perturbação de pânico é ≠ perturbação de ansiedade induzida por
substância: pois nesta os ataques de pânico são associados a uma consequência
fisiológica directa a uma substância (ex: droga).
 A Perturbação de pânico é diferente perturbação psicótica e de outras
perturbações de ansiedade. Nas Perturbações de pânico os ataques de pânico são
inesperados e recorrentes diferentes de Perturbações da ansiedade em que os
ataques de pânico são situacionais ou situacionalmente predispostos:
o Na fobia social os ataques de pânico são desencadeados por situações
sociais, e
o Na fobia especifica são desencadeados por objectos ou situação
especifica,
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o Na Perturbação Obsessiva Compulssiva os ataques de pânico são
desencadeados por pensamentos oupelaexposiçãoaoobjecto daobsessão
e
o Na perturbação pós stress traumático são desencadeados por
estímulos que recordam o stressor.
 Se os ataques de pânico inesperados ocorrerem no contexto de outra
perturbação como a perturbação depressiva major ou a perturbação de
ansiedade generalizada,enão forem acompanhadas de um mês ou mais de medo
de ter ataques de pânico o diagnóstico não é de Perturbação de pânico.
 O foco de ansiedade diferencia a Perturbação de pânico com agorafobia
das outras perturbações caracterizadas por comportamentos de evitamento. O
evitamento agorafóbico está associado pela ansiedade de ter um ataque de
pânico, enquanto que o evitamento em outras perturbações de ansiedade
derivam das consequências negativas que o objecto ou situação podem provocar
e que os sujeitos receiam (ex: ter um ataque de pânico por medo da separação
dos pais (perturbação de ansiedade de separação), ou por medo de perseguição
(perturbação delirante).
3. AGORAFOBIA (SEM HISTORIA DE PERTURBAÇÃO DE PÂNICO)
Descrição:
É a ansiedade ou o evitamento de lugares ou situações nas quais a fuga pode ser
difícil (ou embaraçosa) ou nos quais possa não ter ajuda no caso de ter um ataque
de pânico ou situações parecidas ao pânico. A pessoa com esta fobia costuma fazer-
se acompanhar de umafigura de confiança (figuracontra fóbica).Teme que aconteça
algo de mal e não consiga sair dali. Se isto se unir a ataques de pânico a tendência é
não sair de sua casa.
Na agorafobia o indivíduo fica ansioso e evita lugares ou situações em que se sinta
desprotegido e seja difícil obter ajuda/fugir. Pensa em sofrer um colapso e não ter a
ajuda indicada em público (não implica haver perturbação de pânico).
Assim:
 Espaços abertos, grandes espaços com multidões e até espaços fechados
de onde é difícil sair provocam uma ansiedade extrema (Ex. Sala de cinema; filas
de transito).
 Quando confrontados com a situação, os doentes desenvolvem um quadro
marcado de ansiedade.
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 Muitas vezes a AF é secundária à perturbação de pânico se não tiverem
ajuda.
 O estado pode ser grave e o evitamento pode levar a pessoa a fechar-se em
casa. Não sai e quando sai é cheia de medo levando a figura contrafóbica. Há um
sofrimento enorme.
 A agorafobia alimenta-se de alguns mecanismos de defesa: evitamento.
Fuga perante as situações fobogénicas e tranquilização.
 Por vezes a doença decorre com outras perturbações associadas,
habitualmente depressivas.
 Classicamente chamava-se neurose fóbica ou fobia complexa.
Diagnostico diferencial: Perturbação de pânico com agorafobia; fobia social; fobia
especifica; Perturbação de Ansiedade de separação; Depressão; Perturbação
Obsessiva Compulsiva.
4. FOBIA ESPECÍFICA (OU SIMPLES)
Descrição:
Caracteriza-se por uma forte ansiedade (excessiva e irracional) provocada pela
exposição a uma situação ou objecto temido (animais, alturas, sangue, avião,
injecções, etc.) que frequentemente conduz ao comportamento de evitamento.
Algumas características:
 Pode acontecer em personalidades bem estruturadas que se sentiram mal
em determinada situação. (Ex. Mae que tem medo de cães e pai tb – está o
caldo de cultivo para o filho desenvolver uma fobia…)
 Não interfere com o ajustamento da pessoa, com o seu estilo de vida, com
a sua autonomia.Por isso, é bem toleradae muitasvezes, os indivíduosafectados
não procuram tratamento.
 O confronto com o estímulo fóbico ou a simples possibilidade de
exposição, provoca no indivíduo uma marcante ansiedade imediata, mal-estar
intenso e possivelmente ataques de pânico (especialmente quando a pessoa tem
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que permanecer na situação ou acredita que a fuga não é possível), pelo que o
doente tenta evitar o contacto com o objecto ou situação fobogénica.
 O diagnóstico diferencial das fobias especificas tem de ser feito com o
medo normal. A presença de ansiedade como resposta imediata ao estímulo
fobico e a ausência de sintomas característicos das outras doenças geralmente
permitem fazer o diagnóstico.
 Classicamente era neurose fóbica.
Subtipos:
 Tipo animal
 Tipo ambiente natural
 Tipo sangue/injecções/ferimentos
 Tipo situacional
 Outros
Diagnóstico (300.29) [F40.2]
 Critério A – medo acentuado e persistente desencadeado pela presença de um
objecto ou situação especifica
 Critério B – a resposta ansiosa é imediata à exposição ao estimulo, podendo
chegar até a um ataque de pânico.
 Critério C – a pessoa reconhece que o medo é excessivo ou irracional.
 Critério D – as situações fóbicas são evitadas ou enfrentadas com intenso mal
estar.
Diagnóstico diferencial:
 A fobia específica é diferente da perturbação de pânico com agorafobia:
pois na fobiaespecíficaa pessoa nãotem ansiedade global poiso medoé limitado
a um conjunto específico de objecto ou situações, no entanto ambas podem
provocar ataquesde pânico. Outra diferençaé que na perturbaçãode pânico com
agorafobia inicialmente a pessoa sofre ataques de pânico inesperados e
subsequente o evitamento de situações que possam possibilitar ataques de
pânico enquanto que na fobia específica o sujeito evita situações mesmo na
ausência de ataques de pânico recorrentes.
 A fobia específica diferente da fobia social (temos que diferencia-las através
do foco do medo), exemplo: se evitar comer num restaurante é devido às
avaliações negativas dos outros seria fobia social; se for por preocupações de
asfixia já seria fobia específica.
 A fobia específica é diferente Perturbação Pós-Stress Traumático: pois na
1º evita-sesituaçõesespecificas enquanto no Perturbações Pós Stress Traumático
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evita-se um agente stressor ameaçador da vida, havendo algumas características
adicionais (por exemplo, o reexperienciar o trauma).
 A fobia específica é diferente Perturbações Obsessiva Compulsiva : pois na
Perturbação Obsessiva Compulsiva as pessoas evitam só o que está associado ao
conteúdo das obsessões (ex. sujidade, contaminação).
 A fobia especifica é diferente da perturbação da ansiedade de separação:
não se faz o diagnostico de fobia especifica se o evitamento está unicamente
ligado ao medo da separação das suas figuras mais vinculantes.
 A fobiaespecíficaé diferente Hipocondria: pois nesta últimaos sujeitos estão
preocupados com o medo de terem uma doença (presença) enquanto na fobia
específica os sujeitos evitam situações que podem vir a provocar uma doença
(neste momento ausente).
 A fobia específica é diferente da Anorexia nervosa e Bulimia: em sujeitos
com anorexia nervosa ou bulimia o diagnóstico de fobia especifica não é feito se
o evitamento apensas se centrar na alimentação.
 A fobia especifica é diferente da esquizofrenia ou outra perturbação
psicótica – na fobia especifica o sujeito reconhece que o seu medo é excessivo e
irracional.
5. FOBIA SOCIAL (P. ANSIEDADE SOCIAL)
Descrição:
É caracterizada por grande ansiedade (medo claro e persistente) provocada pela
exposição a certos tipos de situações sociais em que o individuo se sente exposto e
pode ser criticado (falar em público, reuniões sociais). Esta ansiedade, embora
reconhecida como exagerada e despropositada, leva a comportamentos de
evitamento, das situações em que se sente exposto. É o juízo crítico pela negativa
impede a pessoa de se expor, pois vive em constante temor de ser julgado e avaliado
negativamente. Pode ter havido acontecimentos prévios…
Algumas características:
 Emoção: ansiedade situacional em reuniões sociais.
 Cognição: ser julgado negativamente pelos outros. Consideram que o medo é
excessivo ou irracional.
 Comportamento: evitamento de eventos sociais.
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 Sintomas físicos associados: rubor, tremores, medo de vomitar, urgência ou
medo de urinar ou defecar; em casos mais graves pode-se chegar a ter ataques de
pânico.
 Associação: abuso secundário de álcool, baixa de auto estima.
 Pode apresentar ataques de pânico nas situações temidas, mas: não teme morrer,
não tem ataques de pânico nocturnos, não tem ataques de pânico episódicos ou
espontâneos.
 Classicamente neurose fóbica.
Diagnostico (300.23) [F40.1]:
 Critério A – medo acentuado e persistente de situações sociais às quais o
sujeito está exposto à possível observação de outros.
 Critério B – a exposição à situação temida provoca forte ansiedade (às vezes
ansiedade antecipatória) podendo chegar a um ataque de pânico.
 Critério C – a pessoa reconhece que o medo é excessivo ou irracional
 Critério D – as situações sociais são evitadas ou enfrentadas com grande mal
estar.
Diagnóstico:
 A fobia social é ≠ perturbação de pânico com agorafobia: pois nesta, a pessoa, no
início tem ataques de pânico inesperados e consequentemente evita muitas
situações consideradas desencadeadoras dos ataques de pânico, podendo evitar
situações sociais mas também outras. Enquanto que na fobia social evitam-se
situações sociais na ausência de ataques de pânico. (ex: uma pessoa com medo
do embaraço de falar em publico pode ter ataques de pânico desencadeado só
pelo medo de falar em publico.)
 A pessoa comfobiasocial evita situações commedo de possível humilhação,
mas isto também ocorre na Perturbação pânico com agorafobia e na
Agorafobia sem história de perturbação de pânico. No entanto, a fobia social é
diferente de agorafobia sem história de perturbação de pânico: pois enquanto
q na fobia social evitam-se situações apenas as q envolvem observação das outras
pessoas, no agorafobiasemhistoriade perturbaçãode pânico os medos envolvem
1 conjunto de situações q podem u não implicar a observação dos outros ( ex:
passar primeira ponte, estar num elevador, viajar de autocarro, etc.).
 A fobia social é diferente Perturbação de separação: pois nestas, as pessoas
evitam situações sociais com medo de separação das figuras de vinculação, mas
sentem-se a vontade em situações sociais na sua própria casa, enquanto q na
fobia social o sujeito mostra sinais de desconforto mesmo quando as situações
sociais ocorrem dentro de casa.
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 Na perturbação de ansiedade generalizada o sujeito tem medo da
humilhaçãoe do embaraçotal como acontece na fobiasocial e na fobiaespecifica
(ex: vergonha de desmaiar quando tiram sangue), mas esse medo não é o foco
principal da ansiedade na fobia social. A fobia social é diferente Perturbação de
ansiedade generalizada: pois enquanto nesta as pessoas tem preocupações
excessivas com a qualidade do desempenho (quer estejam ou não a serem
avaliadas), na fobia social o foco de ansiedade é a potencial avaliação pelos
outros.
 A fobiasocialé diferentePerturbação de desenvolvimento ouPerturbação
de esquizoide da personalidade: nestes casos os sujeitos evitam situações
sociais devido a falta de interesse no relacionamento com os outros, enquanto q
na fobiasocial há um interesse no relacionamentocom pessoas que já conhecem.
 A fobia social é diferente Perturbação evitante da personalidade: pois esta
é uma variante mais grave da fobia social.
Deve distinguir-se da timidez normal, do evitamento social, devido à depressão e de
outras perturbações mentais (o fobico social sente que esta sempre a ser avaliado)
(défice de auto estima anterior).
6. PERTURBAÇÃO PÓS-STRESS TRAUMÁTICO
Descrição:
É caracterizada pela reexperiência de um acontecimento extremamente traumático
(podendo este envolver morte ou ameaça de morte, ferimento ou ameaça à
integridadefísica) provocando um aumentoda activação,resposta dilatada(intensa,
prolongada) de medo, de horror e de desprotecção e pelo evitamento dos estímulos
associados com o trauma. Pode ocorrer meses ou anos após o evento traumático.
Exemplo: Guerra, catástrofes naturais, grandes acidentes, abusos sexuais, tortura,
certas situações de doença ou de utilização de meios invasivos de diagnóstico. Só
começou a ser tida em conta depois da guerra do Vietname. Constatou-se que em
muitos dos retornados de guerra havia um conjunto de sinais e sintomas comuns.
Ex. Historia do senhor da madeira que voltou da guerra colonial completamente
transformado…
A maior parte das pessoas que desenvolve uma perturbação aguda de stress ou uma
Perturbação Pós Stress Traumático, depois dum acontecimento traumático isolado,
volta gradualmente ao seu funcionamento anterior e experimenta uma redução ou
desaparecimento dos sintomas ao longo do tempo. No entanto, a exposição repetida
ao trauma, contudo, produz muitas vezes uma resposta mais complicada e de maior
duração, podendo corresponder a patologias bem definidas em conformidade com
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Perturbação Pós Stress Traumático. Obviamente a recorrência de acontecimentos
favorece uma Perturbação Pós Stress Traumático, mais grave.
Distinguir com a perturbação aguda de stress – é caracterizada por sintomas
semelhantes aos da perturbação pós-stress traumático que ocorrem imediatamente
a seguir a um eventoextremamentetraumático,nãopodendoesta durar mais do que
um mês.
Etiologia/diversos factores:
 Biológicos: vulnerabilidadegenética, actividade noradrenégica aumentada.
 Psicológicos: história prévia de depressão, situação traumática prévia,
personalidade com características de alto neuroticismo e extroversão, históriade
problemas comportamentais na infância.
 Estudos recentes revelam que o trauma ou a ameaça de violência provocada por
seres humanos têm maior probabilidade de provocar sofrimento emocional do
que um desastre natural.
O quadro clínico (a resposta) divide-se em três grupos sintomáticos:
 Hiper-excitação: que inclui ansiedade persistente, irritabilidade, insónia,
dificuldade de concentração, agitação motora e hiper-vigilancia (sempre atento
a tudo e todos – isto pode permanecer durante anos após o período de trauma –
Ex. Senhor que se sentava sempre nas cadeiras encostado à parede), horror; não
consegue dormir bem; etc.
 Intrusão: que inclui sonhos ou pesadelos (ou fantasias acordados) recorrentes
causadores de sofrimento e pensamento ou imagens intrusivas, vivas e intensas,
como se o doente estivesse a viver o acontecimento (flashback). Ex. Vítimas de
violação a ver as imagens intrusivas dessas mesma violação.
 Evitamento: que inclui evitamento das recordações e emoções do
acontecimento (voluntário ou involuntário), alheamento, incapacidade de sentir
as emoções, perda das memórias relacionadas com o acontecimento traumático,
interesse diminuído das actividades, desrealização e despersonalização. Ex.
Miúda venezuelana que desapareceu nas enxurradas – não se recorda do seu
nome e foi para a instituição com 10 anos – apagou da memoria tudo o que era
relativo à sua pessoa… Não temos explicação científica, mas o facto é que
acontece.
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Especificadores
 Agudo – quando a duração dos sintomas é inferior a 3 meses
 Crónico – quando os sintomas duram 3 ou mais meses
 Com inicio dilatado – quando os sintomas surgem não antes de 6 meses após o
trauma.
Associações:
Pode surgir associada a sintomatologia depressiva, ou seja, pode levar à depressão.
Os sentimentos de culpabilidade estão muitas vezes bem presente nos pacientes
com Perturbação Pós Stress Traumático. Podem surgir estratégias não adaptativas
como comportamento agressivo persistente, dissociação da consciência, excessivo
uso de álcool ou tóxicose comportamentossuicidários(pois vivememgrande estado
de infelicidade). Pode levar à dependência de substâncias (subscritas ou ilegais).
Diagnóstico (309.81) [F48.1]
 Critério A – Exposição directa a um forte acontecimento traumático onde a
pessoa foi confrontada com a morte, ameaça de morte, ferimento à integridade
física do próprio ou de outros.
 Critério B – o acontecimento traumático é reexperienciadode modo persistente
de uma ou mais das seguintes formas: lembranças intrusivas; sonhos
perturbadores; flashbacks; mal estar psicológico e fisiológicos diante de
estímulos que fazem recordar o agente stressor.
 Critério C – evitamento persistente de estímulos associados com o trauma.
 Critério D – sintomas persistentes de aumento da activação ausentes antes do
trauma.
 Critério E – duração da perturbação superior a 1 mês.
Diagnóstico diferencial:
 A Perturbação Pós Stress Traumático, é diferente Perturbação de
Adaptação: pois no Perturbação Pós Stress Traumático, o agente stressor tem
que ser extremo, ameaçador para a vida, o que não acontece na Perturbação de
Adaptação em que o agente stressor pode ter qualquer tipo de intensidade (ex:
ser abandonada pelo marido, ser despedido). Qualitativamente é o mesmo.
 A Perturbação Pós Stress Traumático, diferente Perturbação Aguda de
Stress: Na Perturbação Aguda de Stress, os sintomas devem ocorrer nas 4
semanas seguintes ao acontecimento traumático e desaparecer no máximo em 4
semanas, enquanto na Perturbação Pós Stress Traumático, os sintomas
persistem mais de 1 mês.
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 A Perturbação Pós Stress Traumático, diferente Perturbação Obsessiva
Compulsiva: Pois na Perturbação Obsessiva Compulsiva existem pensamentos
intrusivos recorrentes que são inapropriados e não relacionados com um
acontecimento traumático vivido.
 Os flashbacksda PerturbaçãoPósStress Traumático,devemser distinguidos
das ilusões e alucinações de outras perturbações psicóticas.
7. PERTURBAÇÃO OBSESSIVO COMPULSIVA
Descrição:
É caracterizada pelo aparecimento recorrente de obsessões (que causam forte mal
estar e ansiedade) e/ou compulsões que servem para neutralizar a ansiedade.
Normalmenteossintomas obsessivo compulsivosprovocamum fortemau estar e/ou
interferem com o funcionamento social e profissional do individuo.
 Obsessão – pensamentos, impulsos ou imagens, recorrentes e persistentes,
experimentados de forma intrusiva (não desejada pelo sujeito) e inapropriada
(habitualmente os sente como irracionais), e que provocam enorme ansiedade
ou mal estar. As obsessões são dodomíniodo pensamento,do domíniocognitivo.
O sujeito reconhece que os pensamentos são dele, ou seja, são produto da sua
mente, sofre com isso, pois sabe que não faz sentido, por isso de carácter
neurótico. São pensamentos irrealistas pois não há ligação entre o acto e a
consequência, ou seja, não são preocupações excessivas por problemas reais da
vida. (Ex. Se eu lavar 3 vezes as mãos não vou ter SIDA…).
 Compulsão – comportamentos motores ou mentais (cognitivos – rezar, contar,
repetirpalavras mentalmente),podendoestes ser repetitivos(lavagemdas mãos,
ordenações, verificações) ou de acordo com regras aplicadas de forma rígida
(rituais). Visa anular a ansiedade provocada pelos pensamentos obsessivo e
prevenir acontecimentos objectivamente improváveis. No entanto, estes
comportamentos ou actos mentais não estão ligados de modo objectivo com o
que pretendem evitar ou são nitidamente excessivos. Ex. Compulsão ritualizada
– lavar as mãos numa certa ordem
A compulsão serve para compensar a ansiedade – não quebra para sempre mas
quebra momentaneamente.Porisso, o individuo,lutamais contra a obsessão do que
contra a compulsão. A perturbação obsessivo-compulsiva é diferente da lógica
obsessiva compulsiva. Ex. Quarto arrumadinho. É diferente termos alguém
organizado, do que alguém obsessivo. A POC tem habitualmente uma evolução
crónica, sendo comum haver flutuação nos sintomas. Cerca de 2/3´s dos indivíduos
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melhoram com o decorrer do tempo e a terapêutica. As obsessões tendem a
transladarpara outras parecidas– poderãoser os mesmos temasou com novos temas.
Algumas características:
 Obsessões clássicas: contaminação, dúvida patológica, necessidade de
simetria, verificação; limpeza, impulsos (agressivos: são impulsos horríveis que
nunca se põem em pratica Ex. na Igreja: vou insultar a virgem Maria mas não poe
em pratica; sexuais; Isto é chamado fobia impulsiva – questão: porque é que não
é uma Perturbação Obsessiva Compulsiva? Porque não se combate a fobia com a
compulsão),
 Tipos clássicos de compulsão: verificar, lavar, contar, necessidade de
perguntar ou confessar, lengalenga, simetria e precisão, armazenar, impulsos
sexuais..
 O número 3 (múltiplos de 3) e o número 7 (múltiplos de 7) são números
associados à Perturbação Obsessiva Compulsiva.
 Começa por voltados 20anos mas os primeirossintomas dão-se na adolescência.
 As influencias genéticas e do meio também contribuem.
 Conjuntamente às obsessões e compulsões aparecem outros sintomas como a
depressão, enjoos, … Disfunções serotoninégicas.
 Classicamente chamava-se neurose obsessiva compulsiva
Entre os sintomas obsessivos mais comuns salientam-se:
 Sintomas obsessivos de contaminação: existe o medo de contaminar ou ser
contaminado, de se sujar ou ficar infectado.
 Dúvidas obsessivas: há o receio de não ter efectuado a tarefa de forma adequada.
Levam a complexos rituais de verificação (fiz, não fiz; apaguei ou não apaguei).
 Ruminações obsessivas: o individuo revê inúmeras vezes o seu dia-a-dia, discute
consigo próprio os seus pensamentos e actos (constantemente revê os seus actos
para ver se fez o melhor possível, isto em situações mto pequeninas).
 Pensamentos intrusivos: o sujeito sente-se invadido repetidamente por
pensamentos que habitualmente têm um carácter inaceitável e doloroso para o
doente. Ex. Na Igreja – com pensamentos de insultar Nossa Senhora – isto
provoca-lhes um grande sofrimento. É um pensamento que faz sofrer pq vai em
contra das suas crenças. O pensamento está lá continuamente a agredir a pessoa.
Ex. Vou-me atirar da janela…
 Alguns destes sintomas são acompanhados de compulsões, muitas vezes sob a
forma de rituais. Ex. Uma lenga - lenga vai evitar que esse mal aconteça
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Diagnóstico:
 Critério A – Obsessões ou compulsões
 Critério B – pelo menos durante algum período da evolução, a pessoa
reconheceu que as obsessões ou compulsões são excessivas e irracionais.
 Critério C – as obsessões compulsões provocam forte mal-estar, consomem
tempo (mais de uma hora por dia) ou interferem significativamente com as
rotinas normais da pessoa (a nível profissional/académico e/ou a nível
relacional).
 Critério D – se houver outra perturbação, o conteúdo das obsessões não se
relaciona apenas com o tema de qualquer outra perturbação (perturbações
alimentares, hipocondria, parafilias ou uso de substâncias)
 Critério E – a perturbação não é provocada pelo efeito fisiológico de uma
substância ou um estado físico geral.
Diagnóstico diferencial:
 Perturbação Obsessiva Compulsiva é diferente da perturbação de
ansiedade secundária a um estado físico geral se as obsessões compulsões são
consequência fisiológica de um estado físico especifico.
 Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente de Perturbação Ansiedade
Induzida por substâncias: Porque droga, medicações são consideradas
etiologicamente relacionadas com obsessões ou compulsões.
 A Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente de Episódio depressivo
Major: Pois neste há uma preocupação persistente acerca de circunstâncias
potencialmente desagradáveis sendo um aspecto de depressão congruente com
o humor e não uma obsessão. Em alguns episódiosdepressivos pode haver alguns
sintomas obsessivos, mas existem outros sintomas que não estão presentes na
Perturbação Obsessiva Compulsiva. Ex. As pessoas organizadas quando
deprimem muitas vezes começam a arrumar mais tudo. Em alguns casos só
acontece quando estão deprimidos e por isso isto não é Perturbação Obsessiva
Compulsiva.
 A Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente de Perturbação Ansiedade
Generalizada: na ansiedade generalizada não há obsessão-compulsão,
simplesmente preocupação com muitas coisas, sendo estas preocupações ligadas
à vida real. Enquanto o conteúdo das obsessões não implica problemas da vida
real (ideias intrusivas e inapropriadas).
 A Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente Hipocondria: nesta os
pensamentos perturbadores são recorrentes com medo de ter ou com a ideia que
tem uma doença grave porque interpreta mal os sintomas do corpo. No entanto,
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se esse medo for acompanhado de rituais como lavagensexcessivas o diagnóstico
já é de Perturbação Obsessiva Compulsiva.
 A Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente de Fobia Específica: Na
fobia específica os pensamentos recorrentes perturbadores, quando surgem, não
estão relacionados com compulsão. Não resolvem o medo ao cão com
compulsões, mas com a evitação.Alémdo mais os pensamentos só se relacionam
com o objecto ou situação temida. Por exemplo, na fobia pode existir. não têm
rituais. Se a preocupação principal for o medo de contrair uma doença e não
existirem rituais, o diagnóstico pode ser de fobia específica de doença.
 A Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente de Perturbação Delirante
e Perturbação Psicótica sem outra especificação: Nalguns sujeitos com
Perturbação Obsessiva Compulsiva as obsessões podem atingir proporções
delirantes (ex: acreditar que matou uma pessoa só porque desejou isso).
 A Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente de Esquizofrenia: Pois
nesta os pensamentos delirantes são diferentes às obsessões e compulsões, pois
não são sujeitos ao teste da realidade; o carácter dos sintomas é claramente mais
bizarro e menos egodistónico. O componente obsessivo não é tao forte no
esquizofrénico e quando é marca um corte com a realidade.
 A Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente de Perturbação de
Comportamento Alimentar, Sexual e Abuso ou Dependência de Drogas:
Porque apesar dessas actividades serem designadas como compulsivas quando
executadas excessivamente, mas não são compulsões, porque retira delas prazer
e só tenta resistir pelas consequências nefastas que podem provocar.
 Perturbações obsessivo compulsivas é diferente da perturbação obsessivo
compulsiva da personalidade (anancástica): nesta não aparecem verdadeiras
obsessões ou compulsões e a alteração no funcionamento do indivíduo é muito
maior. Na perturbação obsessiva compulsiva há perturbaçao crónica de
personalidade o que não acontece na anancástica. ?????? Na perturbação
obsessivo compulsiva há tal obsessão pelo perfeccionismo que para eles nunca
nada está suficientemente bem. isto não é funcional, é agressivo para as pessoas
 É diferente de uma perturbação dismórfica corporal pois nesta as obsessões
estão continuamente ligadas com a aparência.
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V. PERTURBAÇÕES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR (doença
psicossomática)
1. ANOREXIA NERVOSA
Descrição:
É uma doença psicossomática. Não é uma verdadeira anorexia, porque o apetite é
muito controlado, mas não há falta de apetite. Caracteriza-se pelo forte desejo de
emagrecer, podendo este ser influenciado por muitos factores: sociais, modas,
familiares. Há uma ingestão mínima que sustenta a situação meses ou anos.
Com a anorexia nervosa começa a desaparecer características da feminilidade – anca
desaparece; o peito fica pequeno; o período menstrual tende a desaparecer; caem os
pelos; gorduras desaparece. A tendência é ficarem com um corpo parecido com uma
criança. O anoréctico restringe a alimentação a um mínimo. Nas costas das
anorécticas cresce um pelinho (lenugem) que é uma característica de quem passa
fome. É um corpo em fome biológica ainda que elas digam que não a têm. Por isso,
é que muitas anorécticas chegam a morrer – morrem por falta de alimentos e por
isso, o corpo está mais frágil a todas as doenças.
É um fenómeno das sociedades modernas e associada a profissões que exigem este
tipode conducta. Ex.Cisne Negro… A própriaprofissão (Ex. bailarina,modelos,etc)
empurra para lá. Uma lógica anoréctica é estar sp em cima daquilo que se come,
preocupação com as calorias e com os alimentos. Hoje em dia temos quase todos
uma lógica anoréctica; o que é diferente de ser anoréctica. As anorécticas vivem mto
com o modelo dos pais – discurso de uma miúda de 14 anos que parece de 42, pois
parece-se aos pais. Não tendem a ter namorados. É uma moral adulta emprestada:
obviamente não é saudável.
Distinguir:
 Anorexia restrintiva – o que faz é restringir os alimentos; comer menos.
 Anorexia purgativa – utiliza o mecanismo do vomito para expurgar de si o
pouco ou o muito que comeu. Purga pelo vómito ou laxantes.
Figuras históricas – Catarina de Siena; imperatriz Sissi; Simone Weil; Virginia Wolf;
90% a 95% mulheres, entre os 13 e os 20 anos; 85% estudantes, bailarinas e modelos.
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As características clínicas definidoras são:
 Desejo de emagrecer sempre maior (ancas, rabo, peito, feminilidade).
 Restrição na ingestão de alimentos e por isso atitude implacável face à
alimentação e ao peso – perseguem uma dieta brutal com quantidades calóricas
extremamente baixas.
 Medo intenso de ganhar peso e perturbações da imagem corporal. Há distorção
cognitiva face ao corpo (vêem-se gordas quando são magras). A crença de que se
está gorda é mais uma ideia de sobrevalorizada do que uma ideia delirante. Não
é um quadro psicótico.
 Sintomas obsessivos e depressivos.
 Manobras de tranquilização da família (já comi nas escola, comi em casa dos
amigos, etc).
 Surpreendentes níveis de actividade (para consumir energias).
 Erro cognitivo do “tudo ou nada” (hoje peso mais 100g, está tudo perdido, não há
meios termos).
 Dificuldade de assunção da autonomia. Evitamento social e redução de
interesses. Tem dificuldade em largar as asas dos pais, daí a dificuldade em sair
com os amigos.
 Dificuldade de tomada de decisão. Moral adulta de “empréstimo”.
 Amenorreia.
 Uma preocupação com a alimentação e prazer em cozinhar para outras pessoas.
Organizar a dispensa, catalogar calorias. Curiosamente não come mas gosta de
cozinhar e de alimentar os outros não se alimentando a si própria.
 Uso de diuréticos, laxantes, exercício excessivo ou vómito induzido para
aumentar a perda de peso (episódios bulimicos).
 Vê no psicólogo um inimigo (truques). Rara é a anoréctica que pede ajuda,
normalmente é a família.
 Ter uma lógica anoréctica distingue-se de ter uma anorexia nervosa.
 Mtas anorécticas passam por uma lógica de vegetarianismo
Complicações médicas:
 Rosto esquelético, lanugem, seios pouco desenvolvidos, pelos púbicos escassos,
hipotermia, arritmias, hipotensão (às vezes desmaiam), osteoporose,
insuficiência renal, anemia, insuficiência cardíaca, infecções.
 Etiologia: contributo genético moderado, história familiar de perturbação
depressiva, comportamento alimentar, abuso de substâncias, famílias
caracterizadas pelo evitamento de conflitos (famílias onde parece que não há
nada que está mal – até ao dia em que a anoréctica começa a querer ter vida
própria), envolvimento excessivo dos pais e estrutura rígida familiares. Famílias
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Bloqueadoras de todos os passos para a autonomia da AN que é vivida como um
abandono afectivo; famílias que fazem comentários críticos sobre o aspecto e
sobre o peso.
 Atingir um peso inferior tem recompensas (elogio social). Pode facilitar a
situação de auto-controlo, recolher a admiração de amigos, obter a atenção dos
pais, evitarum corpo de mulher… evitarodesenvolvimentosexual,asexualidade.
 IMC (índice de massa corporal – peso a dividir por altura ao quadrado)
 Prognóstico: variável.
Critérios de Diagnóstico para a Anorexia Nervosa
 Critério A – recusa em manter um peso corporal igual ou superior ao
minimamente normal para a idade e altura.
 Critério B – medo intenso em ganhar peso mesmo qdo o peso é insuficiente.
 Critério C – perturbação na apreciação do peso e forma corporal
 Critério D – nas jovens após a menarca, amenorreia.
 Convém especificar se é de tipo restritivo ou purgativo.
Diagnóstico diferencial:
 A anorexia nervosa é diferente estados físicos gerais (onde se dão outras
causas para o emagrecimento), pois em algumas doenças (gastrointestinais,
tumores cerebrais, SIDA) pode ocorrer perda de peso mas não há distorção da
imagem corporal nem desejo em perder peso.
 A anorexia nervosa é diferente perturbação depressivo major: apesar de
ocorrem em ambas perda de peso, na depressão essa perda não esta relacionada
com o desejo de perder peso ou o excessivo medo de o ganhar.
 A anorexia nervosa é diferente bulimia nervosa: pois nesta ultima tem
ingestão maciçade alimentoseutilizamvomitoautoinduzido para evitarganhar
peso, mas ao contrario da anorexia nervosa tipo purgativo, estas mantém o peso
normal ou acima dele.
 A anorexia nervosa é diferente fobia social: pois apesar de pessoas com
anorexia sentirem se humilhadas ou embaraçadas em público e medo social,
estes medos são limitados ao comportamento alimentar.
 A anorexia nervosa é diferente perturbação obsessiva compulsiva: pois as
pessoas com anorexia apresentam obsessões e compulsões apenas relacionadas
com a comida.
 É diferente da perturbaçao dismorfica corporal – embora na anorexia as
pessoas podem estar preocupadas com um defeito imaginário na aparência
corporal, a perturbação dismorfica corporal só deve ser diagnosticada se a
distorção não for centrada no tamanho e forma do corpo (Ex. Forma do nariz,
etc.)
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 É diferente da esquizofrenia – neste caso podem ter comportamentos
alimentares bizarros e chegar a perder peso mas não têm medo a ganhar peso ou
a distorção da imagem corporal.
2. BULIMIA NERVOSA
Descrição:
O termo bulimia designa a ingestão massiva e descontrolada de alimentos. Na
bulimia nervosa o comportamento é repetitivo, excessivo e consequentemente está
associado a uma preocupação com o controlodo peso. O peso normal é muitasvezes
mantido, mas pagando um preço: o vómito auto-induzido e outros meios são
utilizados para anular o efeito calórico das ingestões maciças.
Subtipos:
 Tipo Purgativo – a pessoa regularmentevomitaouabusade laxantes,diuréticos,
ou enemas (clister).
 Tipo não purgativo (restritiva) – a pessoa tem comportamentos
compensatórios inapropriados como o jejum (controlar, controlar, controlar) ou
o exercício físico excessivo. No entanto esta restrição é diferente daquela
realizada com a anorexia, pois a enurética está sempre a restringir enquanto que
a bolimica ainda que restrinja não tem a preocupação de estar continuamente a
restringir; por isso, a bulimica não sabe o que são aquelas dietas terroríficas, nem
aquela magreza exagerada.
Características clínicas:
 Episódios recorrentes de sobrealimentação,com perdade controlo, nas quais são
ingeridas quantidades maciças de alimentos.
 Combate à ingestão com o vómito, laxantes, diuréticos e/ou jejum, exercício
físico (BN tipo não purgativo).
 Preocupação com o peso e a imagem corporal.
 Sentem-se envergonhadas com os problemas alimentares. As anorécticas não se
sentem envergonhadas, mas contentes e orgulhosas do grande auto-controleque
têm sobre a sua ingestão. As bulímicas sabem que algo de errado passam com
elas e procuram mais facilmente ajuda, ainda que a sua doença seja menos
detectável. Custa-lhes integrar o episódio do vómito, obviamente não há prazer
nenhum nesse aspecto.
 O episódio é tipicamente precipitado por estados de humor disfórmico (humor
rezingão,irritável),acontecimentosinter-pessoaisstressantes, fome intensa após
restrição alimentar, sentimentos negativos associados à forma e peso corporal. O
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episódio de ingestão pode reduzir transitoriamente a disforia, mas a auto critica
depreciativa e o humor depressivo seguem-se-lhe.
Características associadas: dentes aguçados e lascados (pelos ácidos que provêm
do estômago), voz rouca (acido), calos nos dedos, aumentos das parótidas (no
pescoço), convulsões, insuficiência renal.
Epidemiologia e etiologia:
 2% das mulheres com idades compreendidas entre os 16 e os 35 anos – a bulimia
vem mais tarde que a anorexia nervosa.
 Alguns factores de risco são comuns aos da anorexia nervosa. Outros
especialmente associados à bulimia nervosa incluem história de perturbação do
comportamento, perturbação border-line da personalidade, obesidade, menarca
precoce, abuso sexual.
 Prognostico – é incerto, no entanto, provavelmente melhor do AN. Mau
prognostico – coexistência de PP e o decurso de um período longo antes do
tratamento. Qto mais cedo se chega à consulta melhor será o prognóstico.
Critérios de Diagnóstico:
 Critério A – episódios recorrentes de ingestão alimentar compulsiva
caracterizados por:
o Comer num período curto de tempo (2h) uma quantidade de alimentos
definitivamente superior ao que a maioria das pessoas comeria.
o Sensação de perda de controlo sobre o acto de comer durante o episódio.
 Critério B – comportamento compensatório inapropriado para impedir o ganho
de peso (vomito, laxantes, diuréticos, enemas, jejum, exercícios físico excessivo).
 Critério C – ingestão em media pelo menos 2x por semana durante três meses
consecutivos.
 Critério D – a auto-avaliação (auto-estima) é indevidamente influenciável pelo
peso e forma corporais.
 Critério E – a perturbaçao não ocorre exclusivamente durante os episódios de
anorexia nervosa.
 Deve-se especificar se é de tipo purgativo ou não purgativo.
Diagnóstico diferencial:
 Ingestão maciça esporádica (Ex. festas)
 A bulimia nervosa é diferente anorexia nervosa tipo Ingestão
Compulsiva/Tipo Purgativo: pois nesta última a ingestão compulsiva ocorre
somente durante a anorexia nervosa. Neste caso para que ser BN não se podiam
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preencher os critérios da AN, por exemplo, ter peso normal (voltar a ter
menstruação).
 A bulimia nervosa é diferente estados físicos gerais ou neurológicos como
síndrome de kleine-Levin: nesta síndrome há uma perturbação do
comportamento alimentar mas não há uma preocupação excessiva com o corpo
e o peso. (Este caso não é muito importante)
 Estados físicos gerais (Ex. Tiroidismos)
 A bulimia nervosa é diferente de Perturbação Depressiva Major com
Características Atípicas: pois apesar desta última poder ter hiperfagia
(aumento da vontade de comer), nesta perturbação não há um comportamento
compensatório inapropriado, nem preocupação com o peso e o corpo.
 A bulimia nervosa é diferente de perturbação do estado limite da
personalidade em que também pode ocorrer ingestão compulsiva. Se os
critérios para ambas estiverem presentes então os dois diagnósticos devem ser
dados.
COMPARAÇÃO: ANOREXIA NERVOSA E BULIMIA NERVOSA (Anderson)
ANOREXIA NERVOSA BULIMIA NERVOSA
Raros vómitos e abuso de laxantes e
diuréticos
Vómitos e abuso de laxantes e
diuréticos
Perda de peso mais marcada Menor perda de peso
Ligeiramente mais jovens Ligeiramente mais velhas
Tendência à introversão Tendência a extroversão
Negação da fome Reconhecimento da fome
Comportamentoalimentarconsiderado
normal e fonte de auto-estima
Comportamentoalimentarconsiderado
estranho e fonte de desconforto
Inactividade sexual Maior actividade sexual
Traços obsessivos predominantes Manifestações histéricas e borderline
tanto quanto obsessivas
Morte por inanição ou suicídio (em
casos crónicos)
Morte por hipocaliemia ou suicídio
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Amenorreia Menstruações irregulares ou ausente
Prognóstico mais favorável Prognostico mais favoravel
Menores alterações comportamentais Roubo, abuso de álcool e drogas, auto-
mutilação e outras alterações
comportamentais
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VI. PERTURBAÇÕES DO SONO
As Perturbações do Sono são habitualmente secundárias a perturbações mentais
ou doenças médicas (Ex. depois de se diagnosticar um cancro), isto significa que as
PS normalmente não aparecem puras. No entanto, podem tb ser um diagnóstico
primário (quando existem independentemente dos outros quadros clínicos); estas
últimas estão divididas em dissónias e parassónias:
 Dissónias – são anomalias na quantidade, qualidade ou horário de sono.
 Parassónias – episódios anormais que acontecem durante o sono.
Casos de Co-morbilidade – caso de duas ou mais doenças ao mesmo tempo. Ex.
Fobia social, perturbação com substâncias e perturbação do sono. No entanto, neste
caso a perturbaçãode sono, só se poderiadiagnosticar se a tivesse antes de consumir
substâncias.
Tipos de Dissónias
1. Insónia:
Designa uma qualidade ou quantidade de sono insatisfatória e persistente. Causa
muitaangústia. 80%são secundarias à perturbaçãoda ansiedade ou depressivas. 10%
a estados físicos gerais, dores crónicas e abuso de substâncias. A restante fracção
(10%) é constituída pela insónia primária. A insónia pode ser inicial;
intermédia/intermediária ou terminal.
2. Hipersónia:
Remete para a excessiva sonolência durante o dia ou em permanecer durante um
longo período no limiar entre o sono e a vigília. O termo exclui os casos secundários
à insónia e as situações em que existem razões claras para tal comportamento.
Causas: perturbações psiquiátricas, estados físicos gerais, (narcolepsia, síndrome de
apneia do sono, doença física crónica), outras (efeitos indesejáveis de substâncias
lícitas e ilícitas). Isto é perturbador quando as pessoas nunca foram assim, e a certa
altura começam a ter hipersónia…
3. Narcolepsia:
Ocorrem ataques repetidos de sonolência diurna que habitualmente obrigam
irresistivelmente a dormir. Nestes momentos as pessoas estão sedadas, a partir de
uma sedação produzida pelo seu próprio organismo. São pessoas que adormecem
em todos os lados.
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4. Apneia do sono:
Paragens respiratórias com duração superior a 10 segundos que se repetem durante
a noite (5 a 10 vezes/hora). Provoca a fragmentação do sono e logo alteração da sua
qualidade.O ressonar é intenso, incomodativoe com pausas a acompanhar um sono
agitadoegeralmentecom fortetranspiração. Etiologia:malformaçãoaonível daoro-
faringe e do nariz. Nem descansam bem, ainda que dormem, nem deixam dormir,
por isso, é muitodesagradável.Não é fácil intervir.Antes de mais devehaver cuidado
com a alimentação e uma boa dieta, deixando o álcool e tabaco. Provoca cansaço
físico e emocional e défices múltiplos ao nível do funcionamento social e
ocupacional. Pode levar à morte por asfixia.
Tipos de parassónias
1. Sonambulismo: episódios repetidos de actividade motora complexa iniciada
durante o 1º terço da noite(fase não REM em que as pessoas parecem tranquilas).
A pessoa está relativamente indiferente à comunicação e aos esforços para ser
acordado; e se for acordado, tem memória escassa acerca do ocorrido.
2. Pesadelos: ocorrência repetida de sonhos assustadores, fase avançada da noite
(fase REM), com recordação pormenorizada do enredo.
3. Terrores Nocturnos: despertar abrupto de extremo terror e pânico com
vocalização intensa e mobilidade sem recordação fragmentada do enredo; dá-se
no 1º terço da noite. Fazem parte do desenvolvimento normal das crianças; nos
adultos reflectem habitualmente o stress emocional. O despertar do terror
nocturno é muitomais forte que o despertar do pesadelo,e as pessoas não sabem
o que lhes está a passar, pois não se lembram do sonho.
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VII. PERTURBAÇÕES DERIVADAS DE SUBSTÂNCIAS
Droga – é toda a substância que, introduzida no organismo, produz mudanças na
percepção, nas emoções, nos estados afectivos, no funcionamento psíquico (daí o
nome de substâncias psicotrópicas ou psicoactivas) ou no comportamento e é
susceptível de gerar no consumidor uma necessidade de continuar a consumi-la
(alguns de nós estamos mais predispostos para a dependência que outros e não
sabemos porque).
Existem diferentes substâncias psicoactivas, diferentes tipos de usos e de
consumidores. Assim:
 Drogas com diferentes propriedades farmacológicas
 Distintos tipos de usos – Mais importantes ainda do que drogas leves ou drogas
duras, é que há consumos leves e consumos duros.
 Variados tipos de consumidores que é importante identificar:
o Com expectativas simbólicas distintas
o Consumindo em diferentes contextos
o Com diferentes níveis de integração cultural
o Em diferentes momentos históricos e sócio-culturais
No entanto, independentemente dos maus-usos e das dependências, muitas drogas
trazem a sua parcela de benefícios para o progresso da ciência. Não existe droga
enquanto objecto abstracto e universal, ao contrário do que o discurso decorrente
sobre o fenómeno leva a pressupor.
Dagos gerais básicos:
 Psicoactivas = psicotrópicas
 Há drogas que tem um bom fim
 Drogas de desenho = novas drogas (que já são velhas) – excstasy…
Uma classificação possível de drogas
Classificaçãodas substâncias em 3 grandes famíliasdeprodutos, segundo o seu efeito
no SNC:
 Substâncias sedativas, depressoras do SNC (ou psicolépticas) – são as que
inibem ou diminuem a actividade do SNC (hipnóticos, neurolépticos,
ansiolíticos, álcool, solventes, analgésicos, opiáceos).
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 Substâncias estimulantes, activadoreas/excitantes do SNC (ou
psicoanalépticas) – Ex. Anfetaminas (speeds), anorexigenos, antidepressivos,
café, chá, cocaína, crack, nicotina, drogas de desenho.
 Substâncias perturbadoras (ou psicodislépticas) – são as que modificam o
curso do pensamento e as percepções sensoriais. Ex. Alucinogéneos (LST),
cannabis, drogas de desenho, cogumelos.
Esta classificação é funcional mas há que ter em conta que na pratica, a acção de
cada psicotropico é complexa e ambígua e varia um pouco de pessoa para pessoa.
As PRS (Perturbações Relacionadas com Substâncias) dividem-se em dois
grupos:
 Perturbação pela utilização de substâncias: Dependência e abuso de
substâncias
 Perturbações induzidas por substâncias: Intoxicação por Substancias;
Abstinência de substâncias; Delirium Induzido por Substancias; Demência
Persistente Induzida por Substancias; Perturbações Mnésicas Induzidas por
Substancias; Perturbações Psicóticas Induzidas por Substancias; Perturbações do
Humor relacionadas com substâncias; Perturbação da Ansiedade Induzida por
Substancias; Perturbações Sexuais Induzidas por Substâncias e Perturbações do
Sono Induzidas por Substâncias.
Perturbação pela utilização de substâncias
1. Dependência de substâncias
A característica essencial da Dependência de Substancias é um conjunto de sintomas
cognitivos, comportamentais e fisiológicos indicativos de que o sujeito continua a
utilizar a substância apesar dos problemas significativos relacionados com esta. A
auto-administraçao repetida resulta em tolerância, abstinência e comportamento
compulsivo quanto ao consumo de drogas.
A dependência é definida como um conjunto de 3 ou mais dos seguintes sintomas
(tolerância;abstinência;consumo em quantidadessuperiores ou num períodomaior
do que o que se pretendia; desejo sem êxito de diminuir ou controlar o consumo de
substâncias; é despendido muito tempo para conseguir obter as substâncias; é
abandonada ou diminuída a participação em actividades sociais, ocupacionais ou
recreativas) e que ocorrem em qualquer altura durante 12 meses
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Conceitos básicos:
 (Toxico)dependência – é a dependência de um tóxico. Caracteriza-se por uma
adaptação psicológica e bioquímica (neuroadptação) como consequência do
consumo repetido. As características essenciais da toxicodependência são:
existe tolerância; síndrome de abstinência e k compulsivo. Revela uma
perda de controloface à substância aditivae por isso, a necessidade de prosseguir
com o seu consumo apesar dos efeitos adversos significativos que este acarreta
aos diferentes níveis, biológicos, psicológicos e sociais. Ex. Uma pessoa pode ser
toxicodependente de valium…
 Dependência psicológica – Estamos a falar dos sintomas psíquicos da falta de
substância. O individuo normalmente está convencido que necessita da droga,
exista ou não dependência física, e vê-se compulsivamente forçado a consumir.
Nem todas as drogas provocam o fenómeno da tolerância nem condicionam os
aspectos mais físicos da dependência, contudo todas podem provocar
dependência psicológica (este é o maior problema e dificuldade porque se fosse
a dependência física ao fim de 10 dias todos estavam curados).
 Tolerância – A tolerância é a necessidade de doses crescentes de droga para
atingir o efeito desejado (intoxicação) ou para evitar sintomas de abstinência.
Varia muito com as diversas substâncias.
2. Abuso de substâncias
É um padrão patológico/desadaptativo do uso de uma ou mais substância, mantido
apesar da deterioração da actividade laboral, social, familiar (consequências
nefastas) mantido há pelo menos 12 meses.
Perturbações induzidas por substâncias
1. Intoxicação por substâncias
Critérios:
 Critério A – desenvolvimento de uma síndrome especifica para a substância,
reversível, devido à ingestão recente ou exposição a uma substância.
 Critério B – alterações desadaptativas, comportamentais ou psicológicas,
clinicamente significativas devido ao efeito de uma substância sobre o SNC
(beligerância;labilidadedohumor; déficecognitivodo juízoe do funcionamento
social ou ocupacional).
PÁGINA 48
 Critério C – os sintomas não são devidos a um estado físico geral nem melhor
explicados por outra perturbação mental.
 Nota: a intoxicação por substâncias está frequentemente associada ao Abuso ou
Dependência de Substancias.
2. Abstinência de substâncias
Desenvolvimento de uma alteração comportamental significativa manifestada por
um conjunto de sintomas (fisiológicos, cognitivos e comportamentais) exibido por
um doentequando não estásob o efeitodeuma substância especifica.Estes sintomas
podem aparecer horas após a última dose e tendem a intensificar-se por vários dias
antes de progressivamente melhorarem. São geralmente opostos aos efeitos agudos
da substância. A maioria dos sujeitos com Abstinência têm ânsias de readministrar
a substância para reduzir os sintomas.
Causa sofrimento ou défice clinicamente significativo no funcionamento social,
ocupacional e noutras áreas importantes. A síndrome de abstinência da droga não
mata, no entanto, a síndrome de abstinência do álcool pode chegar a matar.
Os sintomas não são devidos a um estado físico geral, nem explicados por outra
perturbação mental.
Substâncias discutidas na CID e no DSM:
 Álcool
 Anfetaminas/speed (MDMA – anfetamina alucinogénea)
 Cafeína
 Cannabis
 Alucinogeneos
 Inalantes
 Nicotina
 Opiáceos
 Fenicilina
 Sedativos, hipnoticos ou ansiolíticos
 Dependência de múltiplas substâncias/Policonsumo
Ver diagnostico diferencial relativamente às diferentes substâncias:
 Utilização não patológica de substâncias (beber social)
 Utilização de medicamentos para fins médicos adequatos (metadona, morfina…)
 Etc.
PÁGINA 49
VIII. PERTURBAÇÕES SOMATOFORMES
Introdução
As perturbaçõessomatoformessãoaquelasque se manifestamemforma de soma,
ou seja perturbação do soma (corpo). Distinguir:
 Perturbação somatoforme – Dá-se a transformação do sofrimento emocional
em dor física. Ex. dor de cabeça depois de uma discussão… Ex. sensação da bola
faríngea…
 Perturbação dissociativa – Qdo a dor emocional é transformada em sintoma
psicológico. Ex. Rapariga que não queria abortar e foi forçada a isso e depois não
se lembrava de imensos detalhes…
 Perturbação psicossomática (úlcera, enzema, pele) – nestas há organicidade
visível enquanto que na perturbação somatoforme não há organicidade visível,
por exemplo, qdo se tem cefaleia, não se nota visivelmente, não se encontra
organicamente a causa.
Estas doenças somatoformes muitas vezes chamam-se doenças funcionais,
designadas por SMI (Sintomas Médicos Inexplicados).
Descrição:
O paciente apresenta queixas médicas ou sintomas (não delirantes nem forjados)
para os quais não existe explicação médica adequada (somatização) ou está
preocupado pelo facto de poder ter uma doença grave (hipocondria). Os sintomas
persistem há 6 meses.
O que acontece muitas vezes é que dado que os pacientes (e médicos) crêem que os
sintomas são um sinal de doença física, procuram e recebem tratamento médico e
não psicológicoou psiquiátrico.Os pacientes mostram-semuitas vezes hostis à ideia
de que os seus sintomas são psicogénicos (origem psicológica).
Factores de risco: privações afectivas ou abuso durante a infância, ansiedade
relativamente à doença.
PÁGINA 50
1. Perturbação de Somatização (Neurose Histérica) 300.81 [F45.0]
Descrição:
 A característica essencial consiste num padrão de queixas somáticas
clinicamentesignificativas,recorrentes e múltiplas.Isto significa que a expressão
da dor psicológica manifesta-se através do corpo. A queixa somática é
clinicamente significativa se resulta em tratamento médico, ou se causa
incapacidade significativa no funcionamento social, ocupacional ou noutras
áreas importantes.
 Normalmente acontece em personalidades imaturas (pouco estáveis) e mal
estruturadas, e com poucos conhecimentos de saúde e medicina. Ex. Senhora que
cegou qdo o marido voltou passados 30 anos… São truques da mente
 Trás também benefícios secundários (além dos primários). Ex. Soldado que
tem que entrar em campo de batalha e paralisa:
o Primário – mantemfora do campo de consciência o seu verdadeiromedo
que é o pânico da batalha e a sua preocupação torna-se a paralisia
o Secundário – provavelmente já não será mais destacado; compreensão e
atenção dos colegas e companheiros, etc.
 A somatização designa o processo através do qual a pessoa tem sintomas
físicos recorrentes e frequentemente mutáveis, que não são explicáveis por um
qualquer estado físico geral. Por isso, sem evidência laboratorial ou alterações
estruturais.
 Acontece mais em mulheres, com idades entre os 20 e os 30 anos. Ao
contrário da hipocondria (que acham que tem a doença X ou Y), aqui as pessoas
queixam-se de sintomas: paralisia, cegueira, arrotos contínuos, etc.
Sintomatologia: Envolvimento de múltiplos sistemas e órgãos. Dores várias,
sensações gastrointestinais (diarreia, vómito, náuseas, …) e sintomas pseudo-
neurológicos (paralisia, afonia, cegueira, dificuldade de equilíbrio, queimadura,
dormência, sensibilidade exagerada). Queixas menstruais e sexuais também são
comuns.
Depressão e ansiedade assinaláveis podem estar presentes.
Início precoce e evolução crónica.
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Psicopatologia

  • 2. PÁGINA 1 Índice Escrever título do capítulo (nível 1)..................................................................................1 Escrever título do capítulo (nível 2).................................................................................. 2 Escrever título do capítulo (nível 3)................................................................................ 3 Escrever título do capítulo (nível 1)................................................................................. 4 Escrever título do capítulo (nível 2).................................................................................. 5 Escrever título do capítulo (nível 3)................................................................................ 6
  • 3. PÁGINA 2 PSICOPATOLOGIA I. INTRODUÇÃO GERAL Etimologicamente:  Psiché = alma  Pathos = patologia  Logus = estudo Definição A Psicopatologia é a ciência geral que estuda as perturbações do funcionamento psicológico em todas as suas dimensões (afetivas, cognitivas, comportamentais e relacionais), incluindo as suas causas e consequências. Tem a preocupação de delimitar conceitos dotados de validade universal, pois a descrição dos sinais e sintomas essenciais das perturbações é idêntica em qualquer parte do mundo. Relaciona-se com a psicologia e com a medicina:  Medicina – através da psiquiatria estuda as doenças mentais a partir do paradigma biológico.  Psicologia – através da psicologia clinica estuda a psicologia do patológico a partir de diferentes paradigmas psicológicos e ecológico-social. A Psicopatologia neste “serve” essencialmente aos psicólogos e psiquiatras. Começa pela descrição dos quadros clínicos para mais tarde usar este conhecimento para melhorcompreender as origens e consequências de determinadaperturbação;desde aí melhor intervir. Não pode haver clinica nem terapêutica sem descrição objetiva e rigorosa do que acontece aqui e agora; do passado; do sofrimento e dificuldades do doente. Assim:  Primeiro nos preocupamos por saber de que sofre  Depois quem sofre e como sofre Objeto de estudo da Psicopatologia: É o estudo do funcionamento psíquico perturbado ou alterado nas suas várias dimensões (sociais, afetivas, comportamentais, relacionais) incluindo causas e consequências procurando ainda delimitar conceitos dotados de validade universal
  • 4. PÁGINA 3 Metodologia A descrição fenomelógica emprega o mínimo de interpretação: consiste em descrever o mais exatamente possível a experiência vivida no momento (da pessoa) sem se interessar pela sua origem e consequência, permanecendo o examinador circunscrito à realidade comunicada na sua qualidade original e na sua estrutura individualizante. ( aneroxia nervosa-patologia especial) A psicopatologia pode ser encarada numa perspetiva fenomenológica, numa perspetiva da dinâmica psíquica e numa perspetiva experimental:  Perspetiva fenomenológica – diz respeito à descrição objetiva (tanto quanto possível) sem teorias pré-concebidas dos estados anormais da mente a partir do comportamento observável (pelos sentidos) e das experiencias conscientes do sujeito. Ajuda a esclarecer a patologia mental pela definição das qualidades essenciais e pela compreensão do que a doente experimenta. Este foi o 1º método a ser usado. Alguns autores começaram por centrar a atenção na descrição do fenómeno com sinais e sintomas, tendo em conta a observação detalhada e descritiva, a partir do próprio individuo. Não é um estudo compreensivo, mas uma descrição concreta e muito especifica. Não se interessava pela sua origem e consequências.  Perspetiva da dinâmica psíquica – tal como a anterior, começa com a descrição pelo doente das suas experiencias mentais e com a observação do comportamento; mas vai além da descrição, procurando explicar as causas dos acontecimentos mentais anormais. Ex. Criança que aos 6 anos perde o controlo da urina. Aqui vai-se tentar perceber a causa: o que se está a passar para que isso aconteça agora?  Perspetiva experimental – vai mais além do que descrever e procurar causas; por isso, estuda de forma experimental como os acontecimentos se relacionam uns com os outros na vida do individuo; ou seja, as relações entre os fenómenos anormais. Vai-nos ajudar ainda mais porque já temos os fenómenos descritos, as suas causas (quando estas se identificam) e agoravamos à procura de dar solução mexendo em diferentes dimensões do fenómeno. Assim, são formuladas hipóteses que serão testadas em experiencias com o objetivo de explicar as perturbações mentais desde os processos psicológicos. Ex. Menino da urina que mexendo no horário do trabalho dos pais houve repercussão no seu comportamento…
  • 5. PÁGINA 4 A psicologia dedica-se ao “estudo” dos sintomas e sinais que indiciar ou poder indiciar perturbação mental (psicopatologia geral) e ao estudo sistemático da sua organização em quadros clínicos (psicopatologia especial). Competeà psicopatologia,reunir os materiaispara elaboraçãodo conhecimentodos fenómenos mentais com as quais a psicologia e a psiquiatria possam:  Coordenar a sua ação curativa e preventiva  Compreender a origem, relação funcional e evolução dos fenómenos psíquicos Psicopatologia geral e especial:  Psicopatologia geral: estudo dos sinais e sintomas que indicam ou podem indicar perturbação mental.  Psicopatologia especial: é a organização dos sinais e sintomas de uma forma específica que definem os quadros clínicos. Dimensões fundamentais da Psicopatologia:  Psicopatologia descritiva (patologia do psicológico) – Procura observar identificando, descrevendo e caracterizando as perturbações mentais em termos de comportamentos patológicos. É a patologia do psicológico porque centra-se na doença, ou seja, na descrição do funcionamento psicológico no comportamento perturbado (consciência, memória, pensamento, etc.)  Psicopatologia compreensiva (psicologia do patológico) – centra-se mais no individuo para mostrar qual é a experiencia, o seu significado, assim como as relações de sentido. Tem em conta os processos psicológicos envolvidos e o seu significado para o individuo. Algumas distinções:  Normal/anormal/patológico: o Normal – deriva do latim norma e significa regra (linha de orientação). Pressupõe um comportamento relacionado com o que se deve; com o que se pode e é permitido numa determinada cultura. O critério é exterior ao individuo. o Anormal – remete para um comportamento que se desvia da norma num determinado grupo. Ex. Sobredotaçao; atraso mental; etc.
  • 6. PÁGINA 5 o Patológico – tem a ver com pathos (patologia) e remete para a dimensão subjectiva e individual do funcionamento psicológico que se pode manifestar em diferentes dimensões do sujeito.  Perturbação mental/doença: o Perturbação mental – a doença na concepção psicológica é designada por perturbaçãopois é desconhecida a etiopatogeniadoagrupamentoque pode ser devida a uma multiplicidade de causas: genéticas, psíquicas, sociais e culturais. Por isso, a sua causa é bio-psico-social. Em saúde mental, raras são as doenças. Ex. Demencia associada à sifolis – mas há muito poucas assim. Segundo o DSM-V a perturbação mental é um síndrome ou padrão comportamental ou psicológico clinicamente significativos associados com a ansiedade actual, incapacidade; risco significativamente aumentado de sofrer morte ou dor; ou uma perda importante da liberdade:  Não pode ser resposta a um acontecimento particular, como por exemplo a morte de um ser querido.  Qualquer que seja a causa deve haver uma manifestação de uma disfunção comportamental, psicológica ou biológica.  As perturbações mentais relacionam-se com factores ou processos físicos ou biológicos e por sua vez com factores ou processos comportamentais ou psicossociais. o Doença – é a perda da homeostasia corporal, total ou parcial podendo existir causas várias, sendo estas conhecidas. É abordada desde a concepção biomédica comoum agrupamento,padrãode sintomas esinais organizados, tendo em conta a sua etiopatogenia.  Psicologia clinica/Psicoterapia/Psiquiatria – Compete à psicopatologia reunir os materiais para a elaboração do conhecimento dos fenómenos mentais com os quais a psicologia e psiquiatria podem diagnosticar e intervir. A Psicopatologia interessa-se pelo estudo do fenómeno mental enquanto que a psicologia clinica e psiquiatria preocupam-se mais com a intervenção. Assim, a perspectivapsicológicaem psicopatologiaimplicaacentraçaono individuoe não só na perturbação, ou seja, as suas experiencias; o seu discurso; os seus comportamentos e interacções. o Psicologia clinica – ramo da psicologia que tem por objecto de estudo a avaliação e intervenção nos problemas e perturbações psíquicas (incluindo a componente psíquica das perturbações somáticas). Exemplo de funções: elaboração de psicodiagnóstico; prevenção e tratamento; programas de educação para a saúde; aconselhamento psicológico;
  • 7. PÁGINA 6 intervenção psicológica e psicoterapia; programas de investigação; participação em júris; etc. o Psicoterapia – abrange diferentes métodos com diferentes modelos teóricos por trás (psicoterapia cognitiva, comportamental, humanista, sistémica, psicanalítica, etc.) tendo todos eles em comum: a comunicação verbal e não verbal e a relação do cliente com o psicólogo. Temos uma variado leque desde as psicoterapias simples de apoio até outras bastante complexas, podendo ser realizadas individualmente, em grupos, casais, família. o Psiquiatria – é o ramo da medicina que lida com a prevenção, atendimento, diagnóstico, tratamento e reabilitação de doenças mentais (de cunho orgânico ou funcional) através do modelo biomédico de abordagem de perturbações psíquicas incluindo o uso de medicamentos.
  • 8. PÁGINA 7 II. UMA ABORDAGEM HISTÓRICA - Grécia Antiga Os antigos gregos foram os primeiros a utilizar um ponto de vista científico no estuda da doença mental/ tratamentos somáticios. Para além de tratamentos somáticos da escola hipocrática, empregavam também tratamentos psicológicos: interpretação dos sonhos, indução do sono, diálogo com o paciente. Hipócrates (460 – 370 a.C.), denominado“pai damedicina”, susteve que as doenças surgiam em consequência de um desequilíbrio ao nível dos humores essenciais. A Teoria humoral ou dos quatro humores constituiu o principal corpo de explicação racional da saúde e da doença entre o Século IV a.C. e o Século XVIII. Também conhecida por teoria humoral hipocrática ou galénica, segue as teorias dominantes na escola de Kos, segundo as quais a vida era mantida pelo equilíbrio entre quatro humores: Sangue, Fleuma, Bílis amarela e Bílis negra, procedentes, respetivamente, do coração, cérebro, fígado e baço. Cada um destes humores teria diferentes qualidades: o sangue era quente e húmido, a fleuma era fria e húmida, a bílis quente e seca e a bílis negra, fria e seca. Segundo o predomínio natural de um destes humores na constituição dos indivíduos, teríamos os diferentes tipos fisiológicos: o sanguíneo (optimistas, alegres, calorosos, extrovertidos), o fleumático (predisposição apática, frieza afetiva, introversão), o bilioso ou colérico (tendência para a irascibilidade,agressividadee autoritarismo)eo melancólico(inclinaçãopara a tristeza, derrotistas, dependentes, introvertidos). A doença seria devida a um desequilíbrio entre os humores, tendo como causa principal as alterações devidas aos alimentos, os quais, ao serem assimilados pelo organismo, davam origem aos quatro humores. Destas alterações surgiriam, por exemplo, casos de melancolia, demência ou ira maníaca. A terapêutica utilizada para eliminar este excesso de humor eram os purgantes, vapor, banhos e dieta. Hipócrates localizou no cérebro a capacidade para sentir, pensar e sonhar. Foi também o primeiro a descrever e classificar racionalmente doenças como a epilepsia, mania, paranoia, delírio tóxico, psicose puerperal, fobia e histeria. (hipnose) Platão (427 – 347 a.C.) dividiu a alma em 2 partes: racional (imortal, divina, localizada no cérebro) e irracional (mortal, fonte de prazer e dor, localizada no restante do corpo). A loucura apareceria quando a alma irracional escapava a influência da alma racional ou quando uma alteração divina da alma produzia
  • 9. PÁGINA 8 condutas inspiradoras ou divinas. Platão considera que a loucura tem várias formas desde a profética, a ritual, a poética até à erótica. Atribui ainda grande significado aos sonhos e estabelece um método para a sua interpretação. Como tratamento, Platão postulou a dialéctica entre paciente e médico; um diálogo destinado à cura, mediada pelo conhecimento filosófico. Aristóteles (384 – 322 a. C.) Discípulo de Platão, Aristóteles atribuiu a origem das doenças mentais, a alterações na temperatura da bílis negra e às emoções. Assim, a bílisnegra, moderadamentefriacausava vertigens, apreensãoou aturdimento;a bílis moderadamente quente, alegria e despreocupação; muito fria, cobardia e estupidez e a bílis muitoquente, desejo amoroso, lucidez e loquacidade.Considerou ainda que o centro de todas as sensações é o coração, remetendo o cérebro para um lugar secundário. Propõe o tratamento da doença mental através da libertação das emoções reprimidas. - Roma – Os romanos seguiram a filosofia grega, estóica e epicura (primado do prazer) que postulava que as paixões e desejos insatisfeitos actuam sobre a alma produzindo doenças mentais. Distinguiama excitaçãomental com febre,da excitaçãosem febre, sendo esta última,a mania.Alguns fenómenospsicopatológicoscomo as alucinações foram muito bem descritos e foram propostos tratamentos como a fisioterapia, dietas alimentares, actividades lúdicas do tipo convívios, música, permanência em salas claras com ar e luz. Os romanos definiram, na lei, os estados patológicos mentais, atribuindo-lhes um estatuto próprio, sem grau de culpabilidade civil. Paixões e desejos insatisfeitos atuavam sobre a alma produzindo doenças mentais, inabitabilidade:  Tratamento: fisioterapia, dietas, convívio, musica, salas com muito ar e luz - Idade média e renascimento – Marcam um retrocesso. A doença mental é considerada consequência de possessão demoníaca / feitiçaria. O “tratamento” prescrito: sangrias, tortura e a fogueira… A excepção a este ambiente obscurantista, durante a idade média, só surge com os Árabes, que construíram hospitais psiquiátricos como o de Adrianópolis em 1500 d.C.. Para os muçulmanos, o louco é amado por Deus e foi por Este escolhido para
  • 10. PÁGINA 9 revelar a verdade. Assim, o doente mental é protegido por todos e, por vezes, considerado, santo. - Séc. XVIII - Embora já não lhes coubesse em sorte, a fogueira, os doentes mentais vagueavam pelas ruas sendo alvo de todo tipo de humilhações. Nos asilos eram internados conjuntamente com indigentes, prostitutas, idosos, homossexuais e doentes crónicos. Viviam em condições deploráveis (isolamento, obscuridade, malvadezdos guardas, comida estragada, agrilhoamentos…) e eram sujeitos a tratamentos brutais: purgas, sangrias, torturas, tratamentos emetizantes…. El Bedlam (Londres), Salpêtriére e Bicêtre (Paris) convertiam-se em espectáculo dominical (com direito a bilhete pago) para observação dos residentes, pela população da cidade. RETRATOS DE FIGURAS DE RELEVO NA PSICOPATOLOGIA A psicologia dos clássicos é um pouco diferente de hoje; na altura era apenas uma psicologia descritiva. Quando se começa, não se começa pelas causas e consequências, mas pela simples descrição. O que registaram os primeiros psicopatologistas? Perceberam comportamentos da mente que eram anormais. Interessaram-se por observá-los em profundidade e descreve-los. Por exemplo, porque é que indivíduos tinham comportamentos de tristeza e apatia de forma continua? Começaram a descrever os estados mentais anormais. Assim, começa o estudo científico da psicopatologia. Principais autores: Philippe Pinel (1745-1826) Benedict-Augustin Morel (1809 – 1873) Emil Kraepelin (1856 – 1926) Bleuler (1857-1939) Ernst Kretschemer (1888 – 1964) Karl Jaspers (1883 – 1969) Kurt Schneider (1887 – 1967) Christian Scharfetter
  • 11. PÁGINA 10 1. Pinel – primeiro tratado medico–filosófico sobre a dimensão mental ou mania. Classifica em 4 tipos: mania, melancolia, idiotia (atraso mental), demência (hoje corresponde aos quadros psicóticos). Explicação: factores hereditários e meio ambiente. Considerou que os seres humanos que sofriam perturbações eram doentes e deviam ser bem tratados. Nessa altura eram muito mal tratados em hospícios. Tudo o que fosse fora da norma era ládepositado.Nãohavia condições mínimas. Pela 1ª vez a saúde começou a olhar para o doente mental como seres humanos. Não merecem serem mal tratados. Merecem cuidados. 2. Morel – tratado sobre doenças mentais. Explicação: é um processo de activação lenta por influência genética: herdados dos pais e avôs (transmissão vertical repetida). A activação da doença pode ser repentina por acontecimentos externos. Introduziu a designação de “demência precoce” (= actual esquizofrenia). Demência precoce pq a esquizofrenia normalmente surge cedo entre os 20 e os 30 anos. 3. Kraeplin – enfoque numa perspectiva descritiva. Procurava objectividade no estudo das doenças mentais. Criou um sistemade classificação baseado na causa, sintomatologia, curso, prognóstico (bom, mau e reservado) e achados anatomo– patológicos das doenças que são a base dos maiores sistemas diagnósticos utilizados hoje. Distinguiu as doenças maníaco–depressivas (hoje chamada doença bipolar) da demência precoce (Considerava que o que estes doentes têm não é demência precoce mas fortes mudanças de humor – por isso, hoje caracterizada pela doença bipolar). Hebefrénico, catatónico, paranóide. Referiu que as doenças psiquiátricas são principalmente causadas por desordens genéticas e biológicas e por isso contrariava Freud que considerava as doenças psiquiátricas como causadas por factores psicológicos/emocionais. Há quem chama ao DSM tratados eno-krapelianos. Ele foi o pai dos CIDs e DSM que surgiram nos anos 50. 4. Eugen Bleuler (1857-1939) – introduz o termo “esquizofrenia” uma vez que constatou que nem todos os casos evoluem por demência (pois nem todos perdiam capacidades) ou alguns eram exclusivos a indivíduos jovens. De facto, em alguns casos não se observava necessariamente deterioração mental. Na esquizofrenia ocorria uma cisão do pensamento, do afecto, da vontade e do sentimento subjectivo da personalidade. Na esquizofrenia divide-se a dimensao cognitiva, afectiva, volitiva, pois a pessoa não consegue gerir a sua vontade, afectos, o pensamento, etc. Acrescenta a esquizofrenia simples.
  • 12. PÁGINA 11 5. Kretschmer – descreve os tipos corporais em asténico ou leptossómico (relaciona-os com a esquizofrenia – achava que muitos esquizofrénicos tinham o bioptico leptosomico), pícnico (psicose maníaco–depressiva) e atlética. Escreveu sobre psicologia médica, psicoterapia e personalidade sensitiva. A partir desta ultima, mediante circunstância negativas da vida, a pessoa organiza um delírio sensitivo de Kretschmer ou desenvolvimento paranóide (ciúme, sobretudo a perseguição, prejuízo). Distinguir reacção paranóide de desenvolvimento paranóide:  Reação paranoide – acontece numa personalidade normal acontece depois dum acontecimento muito traumático como um forte assalto. A pessoa pode a partir daí desenvolver delírios de perseguição.  Desenvolvimento paranoide – acontece numa personalidade não equilibrada que ao longo da sua evolução já vai mostrando tendências nesse sentido. 6. Karl Jaspers (1883-1969) – ajudou a tornar a Psicopatologia uma ciência inteiramente autónoma (e independentemente da psiquiatria) e centrou-se no enfoquefenomenológico:consideravanecessário destacar, delimitar,diferenciar, descrever determinados fenómenos mentais. Segundo Jaspers, para o clínico, a ciência é apenas um meio para atingir um objectivo: ajudar o doente. Para o psicopatologista, a ciência psicopatológica é, em si própria, o objectivo (tinha o seu grande gozo em estudar a perturbação mental em si, enquanto que o clinico apanha no conhecimentojá feitoe trabalhaapartir daí).É através dacomparação entre as suas diferentes vivências e aquelas captadas no doente que se pode chegar a uma verdadeira investigação fenomenológica. O estudo desses elementos contribui para o conhecimento de 3 espécies de fenómenos: a) Aqueles que conhecemos porque temos conhecimento deles. Há fenómenos que conhecemos pela nossa própria experiencia, por isso são fáceis de compreensão. Ex. Tristeza… b) Fenómenos que são acentuações, diminuições ou contaminações de experiências pessoais. Ex. Eu nunca tive depressão, mas esta é uma acentuação da tristeza. c) Fenómenos que se caracterizam pelo facto de não poderem ser representados no espírito de maneira compreensiva, só podendo ser abordados, no máximo, por analogia, e onde se pode incluir muitos dos fenómenos psicopatológicos estudados. Ex. Alucinação/delírio, etc.
  • 13. PÁGINA 12 7. Kurt Schneider – implementou os enfoques descritivos de Kraeplin e fenomenológico de Jaspers. Preocupado em distinguir a esquizofrenia de outras psicoses (há outros quadros psicóticos que não são esquizofrenia), dividiu os sintomas da esquizofrenia em primários (Shneiderianos) e secundários. Em 1923 construiu a classificação europeia mais conhecida das perturbações da personalidade: (considerou que são personalidades estranhas que chamou personalidade psicopática – o que corresponde hoje às perturbações da personalidade). Nestas, considerava todos os desvios da normalidade não suficientes para serem considerados doenças mentais francas e distinguiu: hipertímicos, depressivos, inseguros, fanáticos, carentes de atenção, emocionalmente lábeis, explosivos, desalmados (hoje chamados anti-sociais, dissociais ou psicopatas – pessoas que não olham a meios para atingir fins), abúlicos, asténicos. 8. Scharfetter – psicopatologista do século XX.
  • 14. PÁGINA 13 III. DIAGNÓSTICO/ QUADROS NEURÓTICOS E PSICÓTICOS/ SINTOMAS HOMÓLOGOS E HETERÓLOGOS Processo de diagnóstico: Para fazer diagnóstico é necessário abordar a história de vida do sujeito. Assim, em função da elaboração do diagnóstico é necessário ter em conta:  História clínica o Anamnese cronológica da doença/sua contextualização (história pessoal, saúde, afectiva, e familiar – um jenograma). o Exame do estado mental e físico (remetemos para o médico).  Formular uma 1ª hipótese do diagnóstico  Formular um diagnóstico nosológico (parte da medicina que trata das enfermidades em geral com a preocupação de as classificar explicativamente – etiopatogenia)  Formular um diagnóstico da personalidade (descrição geral da pessoa). o Diagnostico etio–patogenético (causas) que não vamos encontrar no CID e DSM V porque nas perturbações não conhecemos com precisão as causas. o Identificar se há alguma perturbação mental (tendo como base o CID e o DSM V) – classificação descritiva-classificativa. Sobre o DSM IV e o CID O que faz o DSM V e CID é definição das doenças em modos descritivo- classificativos. Os seus pioneiros na classificação das doenças mentais foram PINEL e KRAEPELIN. Assim:  CID 6 (1948) cap. V (só nas 6ª edição do CID é que acharam pertinente fazer um capitulo dedicado à perturbação mental) – classificação das perturbações mentais e do comportamento. DSM IV (1952) sistema americano / APA  Actualmente temos o CID 10 e o DSM V que: o Fornecem descrições clínicas (sintomas e sindromas) e directrizes diagnósticas. o Evitam hipóteses etiológicas. o Facilitamodiagnóstico,o tratamentoeacomunicação entre profissionais. o O CID e DSM estão sp a evoluir – são um modo de ver o mundo desde um ponto concreto no tempo.
  • 15. PÁGINA 14 CID e DSM são óptimos mapas mas não são a realidade. Cuidado para não ter a realidade no modelo. O respeito por uma classificação conceptual não pode sobrepor-se às realidades da doença. O bom senso clinico não é fácil de ter. Classificação Axial do DSM V: O DSM V TR – é um manual de diagnostico estatístico de perturbações mentais. Com o DSM tenta-se dar uma visão multi-axial.  Eixo I – perturbações que são atuais, o que se queixam as pessoas actualmente. São as várias perturbações ou situações clinicas existentes na classificação, excepto duas, as do eixo 2: as Perturbações da Personalidade e a Deficiência Mental.  Eixo 2 – Perturbações da personalidade e Deficiência Mental – perturbações do foro psicopatológico,queemboraestejampresentes hoje, tambémestãopara trás, no seu passado: atrasos intelectuais/mentais;eas perturbações de personalidade. Há pessoas que podem ter o eixo 1 e o eixo 2.  Eixo 3 – situações clínicas do estado físico geral que são potencialmente relevantes  Eixo 4 – problemas psicossociais e ambientais  Eixo 5 – avaliação global do funcionamento Sintomas homólogos e heterólogos:  Sintomas Homólogos – a espécie humana em geral é capaz de os sentir e compreender, por isso, estes sintomas tb acontecem às pessoas saudáveis. É possível compreender o sintomana históriado doente (motivo),pq são sintomas comuns a quase todas as pessoas. No entanto,o doente sente-os exageradamente ou de forma distinta. Ex: tristeza, medo, obsessão, desconcentração, irritabilidade.  Sintomas Heterólogos – são sintomas que não acontecem habitualmente às pessoas saudáveis (alucinações, delírios, sintomatologia de autorreferência, experiências de passividade). Não se compreende o motivo; a ansiedade não está forçosamente presente. “Eu nunca estive assim, nunca senti tal coisa…” – esta frase não é aplicada ao doente, mas na perspectiva do profissional.
  • 16. PÁGINA 15 Síndrome, sinais e sintomas:  Síndrome – Uma síndrome é um grande saco em que cabe muita coisa. Síndrome é um conjunto de sinais e de sintomas. Ex. Anorexia nervosa  Sinais – são observáveis Ex. Mão molhada…  Sintomas – é o próprio que o relata, não é mensurável nem objectivo, é algo de carácter subjectivo. Ex. Quando o próprio sujeito pela ansiedade sente que não respira bem e que o ar não chega ao fundo. Neurose e Psicose: Nem na neurose nem na psicose conseguimos identificar uma base orgânica clara e especifica. Não é fácil identificar no cérebro a problemática. Neurose:  (CID 9) – as perturbações neuróticas são afecções mentais, sem base orgânica demonstrável, face às quais o doente se pode manter perfeitamente lúcido e que não se acompanham (idealmente) de qualquer alteração dos sentidos aplicados à realidade. Por isso, o individuo (por regra) não confunde as suas experiências subjectivas e fantasmas mórbidos com a realidade exterior. O comportamento pode estar muito perturbado se bem que quase sempre se mantenha dentro dos limites socialmente aceites; a personalidade não se desorganiza. Não há corte com a realidade inter–humana comum.  CID (10) – acrescenta as perturbações neuróticas, relacionadas com o stress e somatoformes. Manifestações principais: ansiedade excessiva, sintomas histéricos, fobias, sintomas obsessivos e compulsivos, depressão. Características gerais das neuroses:  Não há corte com a realidade – O termo neurose englobava classicamente um grupo de perturbações psiquiátricas crónicas ou recorrentes que, independentemente da sua gravidade ou incapacidade funcional, não apresentavam características psicóticas (não pode haver alucinações, ideias delirantes ou perda da capacidade de insight).
  • 17. PÁGINA 16  Ansiedade – em todas há algo comum: ansiedade. Eram caracterizados essencialmentepelapresença de ansiedadeexpressa directamenteou modificada pelos mecanismos de defesa. A ansiedade prevalece.  Eram consideradas perturbações funcionais, isto é, sem patologia orgânica.  Na neurose há insight (compreensão do que se passa consigo) do próprio doente que é portador de doença. Por isso, tendem a ir muito ao psicólogo pois procuram solução para o seu sofrimento.  Só há sintomas homólogos (sintomas que todos achamos que podemos ter ou podemos vir a ter. Sintomas que eu compreendo). Psicose: (CID 9) – o comportamento psicótico é um comportamento de corte com a realidade. Nas psicoses, o comprometimento das funções mentais traduz-se por alterações evidentes das capacidades de discernimento, de críticas objectivantes, de fazer face a certas exigências da vida, de contacto com o real. Exclui os atrasos mentais. Ex: psicoses por consumo de drogas, psicoses orgânicas transitórias, psicoses esquizofrénicas, psicoses delirantes, psicoses específicas da infância. Existe também uma psicose aguda breve que é um tipo de psicose que não é esquizofrenia (pois esta arrasta-se ao longo da vida). A sintomatologia é heteróloga. Distinguir:  Quadros psicóticos compensado – pessoa tratada que consegue responder às necessidades básicas da vida do dia a dia.  Quadros psicóticos não compensado – não conseguem responder às necessidades do dia a dia. É fundamental a medicação. Ex. Um psicótico que deu uma pancada na enfermeira pq pensava que o demónio estava agarrado à enfermeira… Exactamente porque há um corte com a realidade na psicose o doente não tem consciência, não pede ajuda. Por outro lado, como os sintomas são heterólogos, não nos é possível uma compreensão experienciada da vivência, ou seja, não podemos entender o que está a viver. Ex. delírio. Distinguir:  Doenças psicossomáticas/psicofisiológica – doença física psicogénica clinicamente observável, provocada e/ou mantida por factores psicológicos, emocionais ou relacionais. A relação entre emoção e perturbação física é tal que os técnicos de saúde mental não podem de deixar de reconhecer uma conexão. Ex. Úlcera; caspa; doenças de pele, etc.
  • 18. PÁGINA 17  Alteração psicopatológica sintomática/psicose sintomática – doença psicológica provocada e/ou mantida por uma doença orgânica não cerebral. Ex. Saber que se tem um cancro e acabar com uma depressão…  Alteração psicopatológica orgânica – doença psicológica provocada e/ou mantida por doença mental. Ex. Acidente onde parte do cérebro foi afectado Cultura geral:  Iatrogenia do fenómeno – excessivos exames que provocam uma doença onde antes não havia…
  • 19. PÁGINA 18 IV. PERTURBAÇÕES DA ANSIEDADE (QUADRO NEURÓTICO) As perturbações da ansiedade são como um cesto com muitos ovos coloridos lá dentro. São na sua grande maioria designadas pela psicologia clássica como neuroses. Distinguir a ansiedade normal da patológica:  AnsiedadeNormal – suportável,que se percebe como controlável,queestimula a atenção, adaptação e aprendizagem e que leva ao evitamento de comportamentos nocivos. É muito adaptativa. Ex. Exames: a ansiedade leva a prepararmo-nos para enfrentar os nossos medos e preocupações…  Ansiedade Patológica – de duração e/ou intensidade excessivas, que prejudica a eficácia e a adaptação e leva à adopção de comportamentos nocivos. Interfere com o bem-estar ou com o ajustamento do ser humano. Ansiedade não deve ser nem 8 nem 80. A ansiedade é:  Uma experiência comum.  Experiencia subjectiva de tensão  Experiência de temor sem motivo  Experiencia de que algo desagradável vai acontecer e não sabemos porquê - nem todas as ansiedades são associadas à 1ª vista a um motivo específico. Isso traduz-se em sinais e sintomas físicos:  Suor das mãos.  Palpitações, taquicardia, dor no peito.  Aperto na garganta (sensação de bola na faringe).  Sintomas musculares, falta de força nas pernas.  Tonturas e vertigens.  Sintomas respiratórios. É difícil fazer o diagnostico diferencial entre a ansiedade e depressão A ansiedade é frequentemente um factor de quadros depressivos. Uma perturbação ansiosa (Ex. fobia social) pode acabar em depressão. Por isso, a ansiedade e depressão estão frequentemente juntas.
  • 20. PÁGINA 19 Ex. Mota Cardoso – a depressão faz chorar (refugia-nos para nós próprios e não pedimos ajuda) a ansiedade faz gritar (faz pedir ajuda). Perturbações da ansiedade:  Perturbação da ansiedade generalizada  Perturbação de pânico  Agorafobia  Fobia especifica ou simples  Fobia social  Perturbação de stress pós traumático  Perturbação obsessivo compulsiva 1. PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE GENERALIZADA Descrição/ Características: É caracterizada por pelo menos 6 meses de ansiedade e preocupação persistentes e excessivas.  É uma das mais frequentes perturbações ansiosas.  É importante sublinhar que é generalizada e por isso afecta todos os domínios da pessoa. Ora, se afectatodos os domíniosnão é difícil queacabe num quadro depressivo.  É caracterizada por preocupação marcada, inadequada e persistente face aos acontecimentos da vida, com ansiedade, insónia, tensão muscular, hiperactividade autonómica (sistema nervoso), apreensão e vigília (constantemente alerta para o que possa correr mal).  Não controlável – As preocupações com a saúde, a situação económica, o trabalho, as relações afectivas produzem uma apreensão excessiva e não controlável. Isto significa que é a ansiedade que controla a pessoa.  Desproporção – o grau de ansiedade é desproporcionado relativamente ao possível impacto do acontecimento temido. Desencadeante:  Pode ser muito claro – Ex. Separação familiar. Ex. Filho na Arabia Saudita, começa uma guerra e o filho não quer sair de lá… Isto minou a vida da mãe… Um factor assim pode ser o 1º de muitos.  Pode ser ambíguo – podemos procurar e encontrar e podemos procurar e ter muita dificuldade em encontrar. É preciso ver caso a caso.  Factores genéticos – Os estudos genéticos mostram que numa família onde encontramos a ansiedade generalizada numa pessoa encontramos também
  • 21. PÁGINA 20 outros indivíduos com a mesma perturbação; o que significa que o factor genético é importante. Características do sujeito com ansiedade: A apresentação da pessoa ansiosa é geralmente característica: a mímica é de tensão, a testa franzida, a postura tensa, não consegue estar quieta, frequentemente esta a tremer, a pele é pálida, há frequente sudação (pés, mãos e axilas). O quadro clinico inclui diferentes sintomas:  Sintomas psicológicos: ansiedade, irritabilidade, preocupações, hipersensibilidade ao ruído, agitação, dificuldade da concentração.  Sintomas somáticos: o Gastrointestinais: boca seca, dificuldade em engolir, mal-estar abdominal, diarreia ou obstipação. o Respiratórios: aperto toráxico, dispeneia inspiratória (fome de ar), taquipneia (respiração acelerada) o Cardiovasculares: palpitações, taquicardia, dor pré-cordial. o Génito-urinários: polaquiúria (vontade de fazer xixi); disfunção eréctil; dismenorreia, amenorreia. o Neuro-musculares: tremores, picadas, zumbidos, tonturas, cefaleias, tensão ou contracturas, dores lombares, ombros. o Cutâneos: diaforese, rubor. o Perturbações do sono: insónia inicial, ou acordar frequentemente, terror nocuturno o Outros sintomas: sintomas depressivos, fobias, sintomas obsessivos, despersonalização (a pessoa sentir-se a funcionar como se fosse um autómato, num registo quase mecanizado). o Hiper ventilação e crises de pânico. (às vezes uma crise de pânico confunde-se com AVC e ataque cardíaco) o PAG e perturbações da personalidade. o PAG e quadros associados. o Classicamente chamava-se: neurose ansiosa. Diagnóstico (300.02) [F41.1]:  Critério A – a ansiedade deve ocorrer em mais de metade dos dias durante pelo menos 6 meses.  Criterio B – a pessoa não controla as suas preocupações.
  • 22. PÁGINA 21  Critério C – três ou mais dos seguintes sintomas: agitação nervosismo ou tensão interior; fadiga fácil; dificuldades de concentração; irritabilidade; tensão muscular; perturbações do sono  Critério D – o foco da ansiedade n se pode dever a outra das perturbações relativas ao eixo I.  Critério E – a ansiedade deve causar deficiência no funcionamento social, ocupacional ou outra área. Diagnóstico diferencial:  A Perturbação ansiedade generalizada é diferente da Perturbação de ansiedade secundária a um estado físico geral: pois nessa os sintomas ansiosos são considerados consequência fisiológica directa de um estado físico geral específico.  A Perturbação ansiedade generalizada é diferente Perturbação ansiedade induzida por substância: pois a substancia (droga, medicação) é etimologicamenterelacionada com a P. da ansiedade.  Quando existe outra perturbação do Eixo I, só diagnosticamos perturbação de ansiedade generalizada se a ansiedade e preocupação não estiver relacionada com a outra perturbação: o Quando a preocupação é excessivae se restringe aofacto de ter um ataque de pânico é uma perturbação de pânico; o Se a preocupaçãoexcessivase restringir ao factode poderser contaminada é uma POC; o Se a preocupação for ganhar peso então temos anorexia nervosa; o Se for ter uma doença grave é Hipocondria; o Se a preocupação se dever a queixas físicas múltiplas é uma perturbação de Somatização.  A Perturbação ansiedade generalizada é diferente Perturbação Obsessiva Compulsiva: pois na Perturbação de ansiedade generalizada as preocupações excessivas são acerca de acontecimentos do dia a dia e reais, enquanto que na POC existem pensamentos obsessivos onde não há problemas reais mas sim intrusões egodistomicas que formam imagens, impulsos, que são normalmente acompanhadas de compulsões.  A Perturbação ansiedade generalizada é diferente de Ansiedade não patológica: pois na perturbação de ansiedade generalizada as preocupações são difíceis de controlar e interferem significativamente com o funcionamento.  A Perturbação de ansiedade generalizada é diferente de Perturbação da adaptação: pois na perturbação da adaptação a ansiedade está presente, mas este diagnóstico só deve ser utilizado se não forem preenchidos os critérios para outra Perturbação de ansiedade.
  • 23. PÁGINA 22  A Perturbação de ansiedade generalizada não é diagnosticada se a ansiedade ocorrer exclusivamentedurante a evoluçãoda Perturbação Pós Stress Traumático.  A Perturbação de ansiedade generalizada é uma característica comum associada a Perturbação do Humor e ás Psicóticas.  Deve-se fazer o diagnóstico diferencial com a perturbação da personalidadeevitante/perturbação ansiosada personalidade –toda a vida viverem em sintomatologia ansiosa. Se toda a vida foi assim é uma perturbação ansiosa da personalidade.  Diferençascoma esquizofrenia – um dos primeirossintomas de esquizofrenia é uma ansiedade grande e descontrolada, passados uns meses ou um ano percebemos que não é uma perturbação da personalidade generalizada 2. PERTURBAÇÃO DE PÂNICO Descrição: A perturbação de pânico sem agorafobia é caracterizada por ataques de pânico inesperados e recorrentes acerca dos quais existeuma preocupação persistente. Para se diagnosticar perturbação de pânico é preciso ter pelo menos dois ataques de pânico inesperados (sem motivo aparente). Os ataques recorrem pelo menos durante um mês e estão associados ao medo (de que volte a acontecer). Ataque de pânico Um ataque de pânico caracteriza-se por um aparecimento súbito (o primeiro ataque é habitualmenteinesperado)desintomas que provocamintenso desconfortoe medo no indivíduo. O quadro desenvolve-se rapidamente e atinge o seu pico em 10 min provocando ansiedade fortíssima com aparecimento súbito e imotivado, desconfortante, com sintomas físicos proeminentes, receio de que algo de catastrófico esteja a acontecer. Normalmente desaparece entre 20 e 30 min. Os sintomas são inesperados, súbitos e sem relação com qualquer outra situação. Os ataques de pânico não são apenas crises agudas de ansiedade. Existem 3 tipos de ataques pânico: inesperados (o sujeito não o consegue associar a um desencadeador situacional, por isso, não sabe de onde vem); situacionais (com pistas de alerta) e situacionalmente predispostos. Características:  Emoção: ansiedade grave (além da preocupação com os ataques de pânico, muitos sujeitos desenvolvem um ansiedade constante/intermitente que não está associada a nenhuma situação especifica), incapacitante. Sensação de despersonalização/desrealização.
  • 24. PÁGINA 23  Cognição: medo intenso de morte iminente, colapso, sensação de estar a enlouquecer, perder o controlo de qualquer outra forma.  Comportamento: fuga (ex: precipitar-se para fora).  Sintomas físicos: taquicardia, palpitações, dispneia, sudorese, tremores, zumbidos,….  Associações: depressão, agorafobia, hipocondria.  Perturbação Pânico pode dar-se com ou sem agorafobia. Diagnóstico (300.01) [F41.0]:  Critério A – ataques de pânico inesperados e recorrentes (pelo menos dois) juntamente com o medo de os voltar a ter, durante pelo menos um mês.  Critério B – Ausência de agorafobia  Critério C – os ataques de pânico não são provocados por drogas ou por um estado físico geral.  Critério D – os ataques de pânico não são devidos a outra perturbaçao mental. Nota (Perturbação de Pânico com Agorafobia) – A perturbação de pânico com agorafobia caracteriza-se exactamente da mesma forma, acrescentando simplesmente a presença da Agorafobia. Diagnóstico diferencial:  A Perturbação de pânico é diferente de perturbação de ansiedade secundária a um estado físico geral: pois na perturbação de ansiedade secundária a um estado físico geral os ataques de pânico são consequência fisiológica directa de 1 estado físico geral. Ex. Hipertiroidismo; disfunções vestibulares; perturbação convulsiva; situações cardíacas, etc.  A Perturbação de pânico é ≠ perturbação de ansiedade induzida por substância: pois nesta os ataques de pânico são associados a uma consequência fisiológica directa a uma substância (ex: droga).  A Perturbação de pânico é diferente perturbação psicótica e de outras perturbações de ansiedade. Nas Perturbações de pânico os ataques de pânico são inesperados e recorrentes diferentes de Perturbações da ansiedade em que os ataques de pânico são situacionais ou situacionalmente predispostos: o Na fobia social os ataques de pânico são desencadeados por situações sociais, e o Na fobia especifica são desencadeados por objectos ou situação especifica,
  • 25. PÁGINA 24 o Na Perturbação Obsessiva Compulssiva os ataques de pânico são desencadeados por pensamentos oupelaexposiçãoaoobjecto daobsessão e o Na perturbação pós stress traumático são desencadeados por estímulos que recordam o stressor.  Se os ataques de pânico inesperados ocorrerem no contexto de outra perturbação como a perturbação depressiva major ou a perturbação de ansiedade generalizada,enão forem acompanhadas de um mês ou mais de medo de ter ataques de pânico o diagnóstico não é de Perturbação de pânico.  O foco de ansiedade diferencia a Perturbação de pânico com agorafobia das outras perturbações caracterizadas por comportamentos de evitamento. O evitamento agorafóbico está associado pela ansiedade de ter um ataque de pânico, enquanto que o evitamento em outras perturbações de ansiedade derivam das consequências negativas que o objecto ou situação podem provocar e que os sujeitos receiam (ex: ter um ataque de pânico por medo da separação dos pais (perturbação de ansiedade de separação), ou por medo de perseguição (perturbação delirante). 3. AGORAFOBIA (SEM HISTORIA DE PERTURBAÇÃO DE PÂNICO) Descrição: É a ansiedade ou o evitamento de lugares ou situações nas quais a fuga pode ser difícil (ou embaraçosa) ou nos quais possa não ter ajuda no caso de ter um ataque de pânico ou situações parecidas ao pânico. A pessoa com esta fobia costuma fazer- se acompanhar de umafigura de confiança (figuracontra fóbica).Teme que aconteça algo de mal e não consiga sair dali. Se isto se unir a ataques de pânico a tendência é não sair de sua casa. Na agorafobia o indivíduo fica ansioso e evita lugares ou situações em que se sinta desprotegido e seja difícil obter ajuda/fugir. Pensa em sofrer um colapso e não ter a ajuda indicada em público (não implica haver perturbação de pânico). Assim:  Espaços abertos, grandes espaços com multidões e até espaços fechados de onde é difícil sair provocam uma ansiedade extrema (Ex. Sala de cinema; filas de transito).  Quando confrontados com a situação, os doentes desenvolvem um quadro marcado de ansiedade.
  • 26. PÁGINA 25  Muitas vezes a AF é secundária à perturbação de pânico se não tiverem ajuda.  O estado pode ser grave e o evitamento pode levar a pessoa a fechar-se em casa. Não sai e quando sai é cheia de medo levando a figura contrafóbica. Há um sofrimento enorme.  A agorafobia alimenta-se de alguns mecanismos de defesa: evitamento. Fuga perante as situações fobogénicas e tranquilização.  Por vezes a doença decorre com outras perturbações associadas, habitualmente depressivas.  Classicamente chamava-se neurose fóbica ou fobia complexa. Diagnostico diferencial: Perturbação de pânico com agorafobia; fobia social; fobia especifica; Perturbação de Ansiedade de separação; Depressão; Perturbação Obsessiva Compulsiva. 4. FOBIA ESPECÍFICA (OU SIMPLES) Descrição: Caracteriza-se por uma forte ansiedade (excessiva e irracional) provocada pela exposição a uma situação ou objecto temido (animais, alturas, sangue, avião, injecções, etc.) que frequentemente conduz ao comportamento de evitamento. Algumas características:  Pode acontecer em personalidades bem estruturadas que se sentiram mal em determinada situação. (Ex. Mae que tem medo de cães e pai tb – está o caldo de cultivo para o filho desenvolver uma fobia…)  Não interfere com o ajustamento da pessoa, com o seu estilo de vida, com a sua autonomia.Por isso, é bem toleradae muitasvezes, os indivíduosafectados não procuram tratamento.  O confronto com o estímulo fóbico ou a simples possibilidade de exposição, provoca no indivíduo uma marcante ansiedade imediata, mal-estar intenso e possivelmente ataques de pânico (especialmente quando a pessoa tem
  • 27. PÁGINA 26 que permanecer na situação ou acredita que a fuga não é possível), pelo que o doente tenta evitar o contacto com o objecto ou situação fobogénica.  O diagnóstico diferencial das fobias especificas tem de ser feito com o medo normal. A presença de ansiedade como resposta imediata ao estímulo fobico e a ausência de sintomas característicos das outras doenças geralmente permitem fazer o diagnóstico.  Classicamente era neurose fóbica. Subtipos:  Tipo animal  Tipo ambiente natural  Tipo sangue/injecções/ferimentos  Tipo situacional  Outros Diagnóstico (300.29) [F40.2]  Critério A – medo acentuado e persistente desencadeado pela presença de um objecto ou situação especifica  Critério B – a resposta ansiosa é imediata à exposição ao estimulo, podendo chegar até a um ataque de pânico.  Critério C – a pessoa reconhece que o medo é excessivo ou irracional.  Critério D – as situações fóbicas são evitadas ou enfrentadas com intenso mal estar. Diagnóstico diferencial:  A fobia específica é diferente da perturbação de pânico com agorafobia: pois na fobiaespecíficaa pessoa nãotem ansiedade global poiso medoé limitado a um conjunto específico de objecto ou situações, no entanto ambas podem provocar ataquesde pânico. Outra diferençaé que na perturbaçãode pânico com agorafobia inicialmente a pessoa sofre ataques de pânico inesperados e subsequente o evitamento de situações que possam possibilitar ataques de pânico enquanto que na fobia específica o sujeito evita situações mesmo na ausência de ataques de pânico recorrentes.  A fobia específica diferente da fobia social (temos que diferencia-las através do foco do medo), exemplo: se evitar comer num restaurante é devido às avaliações negativas dos outros seria fobia social; se for por preocupações de asfixia já seria fobia específica.  A fobia específica é diferente Perturbação Pós-Stress Traumático: pois na 1º evita-sesituaçõesespecificas enquanto no Perturbações Pós Stress Traumático
  • 28. PÁGINA 27 evita-se um agente stressor ameaçador da vida, havendo algumas características adicionais (por exemplo, o reexperienciar o trauma).  A fobia específica é diferente Perturbações Obsessiva Compulsiva : pois na Perturbação Obsessiva Compulsiva as pessoas evitam só o que está associado ao conteúdo das obsessões (ex. sujidade, contaminação).  A fobia especifica é diferente da perturbação da ansiedade de separação: não se faz o diagnostico de fobia especifica se o evitamento está unicamente ligado ao medo da separação das suas figuras mais vinculantes.  A fobiaespecíficaé diferente Hipocondria: pois nesta últimaos sujeitos estão preocupados com o medo de terem uma doença (presença) enquanto na fobia específica os sujeitos evitam situações que podem vir a provocar uma doença (neste momento ausente).  A fobia específica é diferente da Anorexia nervosa e Bulimia: em sujeitos com anorexia nervosa ou bulimia o diagnóstico de fobia especifica não é feito se o evitamento apensas se centrar na alimentação.  A fobia especifica é diferente da esquizofrenia ou outra perturbação psicótica – na fobia especifica o sujeito reconhece que o seu medo é excessivo e irracional. 5. FOBIA SOCIAL (P. ANSIEDADE SOCIAL) Descrição: É caracterizada por grande ansiedade (medo claro e persistente) provocada pela exposição a certos tipos de situações sociais em que o individuo se sente exposto e pode ser criticado (falar em público, reuniões sociais). Esta ansiedade, embora reconhecida como exagerada e despropositada, leva a comportamentos de evitamento, das situações em que se sente exposto. É o juízo crítico pela negativa impede a pessoa de se expor, pois vive em constante temor de ser julgado e avaliado negativamente. Pode ter havido acontecimentos prévios… Algumas características:  Emoção: ansiedade situacional em reuniões sociais.  Cognição: ser julgado negativamente pelos outros. Consideram que o medo é excessivo ou irracional.  Comportamento: evitamento de eventos sociais.
  • 29. PÁGINA 28  Sintomas físicos associados: rubor, tremores, medo de vomitar, urgência ou medo de urinar ou defecar; em casos mais graves pode-se chegar a ter ataques de pânico.  Associação: abuso secundário de álcool, baixa de auto estima.  Pode apresentar ataques de pânico nas situações temidas, mas: não teme morrer, não tem ataques de pânico nocturnos, não tem ataques de pânico episódicos ou espontâneos.  Classicamente neurose fóbica. Diagnostico (300.23) [F40.1]:  Critério A – medo acentuado e persistente de situações sociais às quais o sujeito está exposto à possível observação de outros.  Critério B – a exposição à situação temida provoca forte ansiedade (às vezes ansiedade antecipatória) podendo chegar a um ataque de pânico.  Critério C – a pessoa reconhece que o medo é excessivo ou irracional  Critério D – as situações sociais são evitadas ou enfrentadas com grande mal estar. Diagnóstico:  A fobia social é ≠ perturbação de pânico com agorafobia: pois nesta, a pessoa, no início tem ataques de pânico inesperados e consequentemente evita muitas situações consideradas desencadeadoras dos ataques de pânico, podendo evitar situações sociais mas também outras. Enquanto que na fobia social evitam-se situações sociais na ausência de ataques de pânico. (ex: uma pessoa com medo do embaraço de falar em publico pode ter ataques de pânico desencadeado só pelo medo de falar em publico.)  A pessoa comfobiasocial evita situações commedo de possível humilhação, mas isto também ocorre na Perturbação pânico com agorafobia e na Agorafobia sem história de perturbação de pânico. No entanto, a fobia social é diferente de agorafobia sem história de perturbação de pânico: pois enquanto q na fobia social evitam-se situações apenas as q envolvem observação das outras pessoas, no agorafobiasemhistoriade perturbaçãode pânico os medos envolvem 1 conjunto de situações q podem u não implicar a observação dos outros ( ex: passar primeira ponte, estar num elevador, viajar de autocarro, etc.).  A fobia social é diferente Perturbação de separação: pois nestas, as pessoas evitam situações sociais com medo de separação das figuras de vinculação, mas sentem-se a vontade em situações sociais na sua própria casa, enquanto q na fobia social o sujeito mostra sinais de desconforto mesmo quando as situações sociais ocorrem dentro de casa.
  • 30. PÁGINA 29  Na perturbação de ansiedade generalizada o sujeito tem medo da humilhaçãoe do embaraçotal como acontece na fobiasocial e na fobiaespecifica (ex: vergonha de desmaiar quando tiram sangue), mas esse medo não é o foco principal da ansiedade na fobia social. A fobia social é diferente Perturbação de ansiedade generalizada: pois enquanto nesta as pessoas tem preocupações excessivas com a qualidade do desempenho (quer estejam ou não a serem avaliadas), na fobia social o foco de ansiedade é a potencial avaliação pelos outros.  A fobiasocialé diferentePerturbação de desenvolvimento ouPerturbação de esquizoide da personalidade: nestes casos os sujeitos evitam situações sociais devido a falta de interesse no relacionamento com os outros, enquanto q na fobiasocial há um interesse no relacionamentocom pessoas que já conhecem.  A fobia social é diferente Perturbação evitante da personalidade: pois esta é uma variante mais grave da fobia social. Deve distinguir-se da timidez normal, do evitamento social, devido à depressão e de outras perturbações mentais (o fobico social sente que esta sempre a ser avaliado) (défice de auto estima anterior). 6. PERTURBAÇÃO PÓS-STRESS TRAUMÁTICO Descrição: É caracterizada pela reexperiência de um acontecimento extremamente traumático (podendo este envolver morte ou ameaça de morte, ferimento ou ameaça à integridadefísica) provocando um aumentoda activação,resposta dilatada(intensa, prolongada) de medo, de horror e de desprotecção e pelo evitamento dos estímulos associados com o trauma. Pode ocorrer meses ou anos após o evento traumático. Exemplo: Guerra, catástrofes naturais, grandes acidentes, abusos sexuais, tortura, certas situações de doença ou de utilização de meios invasivos de diagnóstico. Só começou a ser tida em conta depois da guerra do Vietname. Constatou-se que em muitos dos retornados de guerra havia um conjunto de sinais e sintomas comuns. Ex. Historia do senhor da madeira que voltou da guerra colonial completamente transformado… A maior parte das pessoas que desenvolve uma perturbação aguda de stress ou uma Perturbação Pós Stress Traumático, depois dum acontecimento traumático isolado, volta gradualmente ao seu funcionamento anterior e experimenta uma redução ou desaparecimento dos sintomas ao longo do tempo. No entanto, a exposição repetida ao trauma, contudo, produz muitas vezes uma resposta mais complicada e de maior duração, podendo corresponder a patologias bem definidas em conformidade com
  • 31. PÁGINA 30 Perturbação Pós Stress Traumático. Obviamente a recorrência de acontecimentos favorece uma Perturbação Pós Stress Traumático, mais grave. Distinguir com a perturbação aguda de stress – é caracterizada por sintomas semelhantes aos da perturbação pós-stress traumático que ocorrem imediatamente a seguir a um eventoextremamentetraumático,nãopodendoesta durar mais do que um mês. Etiologia/diversos factores:  Biológicos: vulnerabilidadegenética, actividade noradrenégica aumentada.  Psicológicos: história prévia de depressão, situação traumática prévia, personalidade com características de alto neuroticismo e extroversão, históriade problemas comportamentais na infância.  Estudos recentes revelam que o trauma ou a ameaça de violência provocada por seres humanos têm maior probabilidade de provocar sofrimento emocional do que um desastre natural. O quadro clínico (a resposta) divide-se em três grupos sintomáticos:  Hiper-excitação: que inclui ansiedade persistente, irritabilidade, insónia, dificuldade de concentração, agitação motora e hiper-vigilancia (sempre atento a tudo e todos – isto pode permanecer durante anos após o período de trauma – Ex. Senhor que se sentava sempre nas cadeiras encostado à parede), horror; não consegue dormir bem; etc.  Intrusão: que inclui sonhos ou pesadelos (ou fantasias acordados) recorrentes causadores de sofrimento e pensamento ou imagens intrusivas, vivas e intensas, como se o doente estivesse a viver o acontecimento (flashback). Ex. Vítimas de violação a ver as imagens intrusivas dessas mesma violação.  Evitamento: que inclui evitamento das recordações e emoções do acontecimento (voluntário ou involuntário), alheamento, incapacidade de sentir as emoções, perda das memórias relacionadas com o acontecimento traumático, interesse diminuído das actividades, desrealização e despersonalização. Ex. Miúda venezuelana que desapareceu nas enxurradas – não se recorda do seu nome e foi para a instituição com 10 anos – apagou da memoria tudo o que era relativo à sua pessoa… Não temos explicação científica, mas o facto é que acontece.
  • 32. PÁGINA 31 Especificadores  Agudo – quando a duração dos sintomas é inferior a 3 meses  Crónico – quando os sintomas duram 3 ou mais meses  Com inicio dilatado – quando os sintomas surgem não antes de 6 meses após o trauma. Associações: Pode surgir associada a sintomatologia depressiva, ou seja, pode levar à depressão. Os sentimentos de culpabilidade estão muitas vezes bem presente nos pacientes com Perturbação Pós Stress Traumático. Podem surgir estratégias não adaptativas como comportamento agressivo persistente, dissociação da consciência, excessivo uso de álcool ou tóxicose comportamentossuicidários(pois vivememgrande estado de infelicidade). Pode levar à dependência de substâncias (subscritas ou ilegais). Diagnóstico (309.81) [F48.1]  Critério A – Exposição directa a um forte acontecimento traumático onde a pessoa foi confrontada com a morte, ameaça de morte, ferimento à integridade física do próprio ou de outros.  Critério B – o acontecimento traumático é reexperienciadode modo persistente de uma ou mais das seguintes formas: lembranças intrusivas; sonhos perturbadores; flashbacks; mal estar psicológico e fisiológicos diante de estímulos que fazem recordar o agente stressor.  Critério C – evitamento persistente de estímulos associados com o trauma.  Critério D – sintomas persistentes de aumento da activação ausentes antes do trauma.  Critério E – duração da perturbação superior a 1 mês. Diagnóstico diferencial:  A Perturbação Pós Stress Traumático, é diferente Perturbação de Adaptação: pois no Perturbação Pós Stress Traumático, o agente stressor tem que ser extremo, ameaçador para a vida, o que não acontece na Perturbação de Adaptação em que o agente stressor pode ter qualquer tipo de intensidade (ex: ser abandonada pelo marido, ser despedido). Qualitativamente é o mesmo.  A Perturbação Pós Stress Traumático, diferente Perturbação Aguda de Stress: Na Perturbação Aguda de Stress, os sintomas devem ocorrer nas 4 semanas seguintes ao acontecimento traumático e desaparecer no máximo em 4 semanas, enquanto na Perturbação Pós Stress Traumático, os sintomas persistem mais de 1 mês.
  • 33. PÁGINA 32  A Perturbação Pós Stress Traumático, diferente Perturbação Obsessiva Compulsiva: Pois na Perturbação Obsessiva Compulsiva existem pensamentos intrusivos recorrentes que são inapropriados e não relacionados com um acontecimento traumático vivido.  Os flashbacksda PerturbaçãoPósStress Traumático,devemser distinguidos das ilusões e alucinações de outras perturbações psicóticas. 7. PERTURBAÇÃO OBSESSIVO COMPULSIVA Descrição: É caracterizada pelo aparecimento recorrente de obsessões (que causam forte mal estar e ansiedade) e/ou compulsões que servem para neutralizar a ansiedade. Normalmenteossintomas obsessivo compulsivosprovocamum fortemau estar e/ou interferem com o funcionamento social e profissional do individuo.  Obsessão – pensamentos, impulsos ou imagens, recorrentes e persistentes, experimentados de forma intrusiva (não desejada pelo sujeito) e inapropriada (habitualmente os sente como irracionais), e que provocam enorme ansiedade ou mal estar. As obsessões são dodomíniodo pensamento,do domíniocognitivo. O sujeito reconhece que os pensamentos são dele, ou seja, são produto da sua mente, sofre com isso, pois sabe que não faz sentido, por isso de carácter neurótico. São pensamentos irrealistas pois não há ligação entre o acto e a consequência, ou seja, não são preocupações excessivas por problemas reais da vida. (Ex. Se eu lavar 3 vezes as mãos não vou ter SIDA…).  Compulsão – comportamentos motores ou mentais (cognitivos – rezar, contar, repetirpalavras mentalmente),podendoestes ser repetitivos(lavagemdas mãos, ordenações, verificações) ou de acordo com regras aplicadas de forma rígida (rituais). Visa anular a ansiedade provocada pelos pensamentos obsessivo e prevenir acontecimentos objectivamente improváveis. No entanto, estes comportamentos ou actos mentais não estão ligados de modo objectivo com o que pretendem evitar ou são nitidamente excessivos. Ex. Compulsão ritualizada – lavar as mãos numa certa ordem A compulsão serve para compensar a ansiedade – não quebra para sempre mas quebra momentaneamente.Porisso, o individuo,lutamais contra a obsessão do que contra a compulsão. A perturbação obsessivo-compulsiva é diferente da lógica obsessiva compulsiva. Ex. Quarto arrumadinho. É diferente termos alguém organizado, do que alguém obsessivo. A POC tem habitualmente uma evolução crónica, sendo comum haver flutuação nos sintomas. Cerca de 2/3´s dos indivíduos
  • 34. PÁGINA 33 melhoram com o decorrer do tempo e a terapêutica. As obsessões tendem a transladarpara outras parecidas– poderãoser os mesmos temasou com novos temas. Algumas características:  Obsessões clássicas: contaminação, dúvida patológica, necessidade de simetria, verificação; limpeza, impulsos (agressivos: são impulsos horríveis que nunca se põem em pratica Ex. na Igreja: vou insultar a virgem Maria mas não poe em pratica; sexuais; Isto é chamado fobia impulsiva – questão: porque é que não é uma Perturbação Obsessiva Compulsiva? Porque não se combate a fobia com a compulsão),  Tipos clássicos de compulsão: verificar, lavar, contar, necessidade de perguntar ou confessar, lengalenga, simetria e precisão, armazenar, impulsos sexuais..  O número 3 (múltiplos de 3) e o número 7 (múltiplos de 7) são números associados à Perturbação Obsessiva Compulsiva.  Começa por voltados 20anos mas os primeirossintomas dão-se na adolescência.  As influencias genéticas e do meio também contribuem.  Conjuntamente às obsessões e compulsões aparecem outros sintomas como a depressão, enjoos, … Disfunções serotoninégicas.  Classicamente chamava-se neurose obsessiva compulsiva Entre os sintomas obsessivos mais comuns salientam-se:  Sintomas obsessivos de contaminação: existe o medo de contaminar ou ser contaminado, de se sujar ou ficar infectado.  Dúvidas obsessivas: há o receio de não ter efectuado a tarefa de forma adequada. Levam a complexos rituais de verificação (fiz, não fiz; apaguei ou não apaguei).  Ruminações obsessivas: o individuo revê inúmeras vezes o seu dia-a-dia, discute consigo próprio os seus pensamentos e actos (constantemente revê os seus actos para ver se fez o melhor possível, isto em situações mto pequeninas).  Pensamentos intrusivos: o sujeito sente-se invadido repetidamente por pensamentos que habitualmente têm um carácter inaceitável e doloroso para o doente. Ex. Na Igreja – com pensamentos de insultar Nossa Senhora – isto provoca-lhes um grande sofrimento. É um pensamento que faz sofrer pq vai em contra das suas crenças. O pensamento está lá continuamente a agredir a pessoa. Ex. Vou-me atirar da janela…  Alguns destes sintomas são acompanhados de compulsões, muitas vezes sob a forma de rituais. Ex. Uma lenga - lenga vai evitar que esse mal aconteça
  • 35. PÁGINA 34 Diagnóstico:  Critério A – Obsessões ou compulsões  Critério B – pelo menos durante algum período da evolução, a pessoa reconheceu que as obsessões ou compulsões são excessivas e irracionais.  Critério C – as obsessões compulsões provocam forte mal-estar, consomem tempo (mais de uma hora por dia) ou interferem significativamente com as rotinas normais da pessoa (a nível profissional/académico e/ou a nível relacional).  Critério D – se houver outra perturbação, o conteúdo das obsessões não se relaciona apenas com o tema de qualquer outra perturbação (perturbações alimentares, hipocondria, parafilias ou uso de substâncias)  Critério E – a perturbação não é provocada pelo efeito fisiológico de uma substância ou um estado físico geral. Diagnóstico diferencial:  Perturbação Obsessiva Compulsiva é diferente da perturbação de ansiedade secundária a um estado físico geral se as obsessões compulsões são consequência fisiológica de um estado físico especifico.  Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente de Perturbação Ansiedade Induzida por substâncias: Porque droga, medicações são consideradas etiologicamente relacionadas com obsessões ou compulsões.  A Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente de Episódio depressivo Major: Pois neste há uma preocupação persistente acerca de circunstâncias potencialmente desagradáveis sendo um aspecto de depressão congruente com o humor e não uma obsessão. Em alguns episódiosdepressivos pode haver alguns sintomas obsessivos, mas existem outros sintomas que não estão presentes na Perturbação Obsessiva Compulsiva. Ex. As pessoas organizadas quando deprimem muitas vezes começam a arrumar mais tudo. Em alguns casos só acontece quando estão deprimidos e por isso isto não é Perturbação Obsessiva Compulsiva.  A Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente de Perturbação Ansiedade Generalizada: na ansiedade generalizada não há obsessão-compulsão, simplesmente preocupação com muitas coisas, sendo estas preocupações ligadas à vida real. Enquanto o conteúdo das obsessões não implica problemas da vida real (ideias intrusivas e inapropriadas).  A Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente Hipocondria: nesta os pensamentos perturbadores são recorrentes com medo de ter ou com a ideia que tem uma doença grave porque interpreta mal os sintomas do corpo. No entanto,
  • 36. PÁGINA 35 se esse medo for acompanhado de rituais como lavagensexcessivas o diagnóstico já é de Perturbação Obsessiva Compulsiva.  A Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente de Fobia Específica: Na fobia específica os pensamentos recorrentes perturbadores, quando surgem, não estão relacionados com compulsão. Não resolvem o medo ao cão com compulsões, mas com a evitação.Alémdo mais os pensamentos só se relacionam com o objecto ou situação temida. Por exemplo, na fobia pode existir. não têm rituais. Se a preocupação principal for o medo de contrair uma doença e não existirem rituais, o diagnóstico pode ser de fobia específica de doença.  A Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente de Perturbação Delirante e Perturbação Psicótica sem outra especificação: Nalguns sujeitos com Perturbação Obsessiva Compulsiva as obsessões podem atingir proporções delirantes (ex: acreditar que matou uma pessoa só porque desejou isso).  A Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente de Esquizofrenia: Pois nesta os pensamentos delirantes são diferentes às obsessões e compulsões, pois não são sujeitos ao teste da realidade; o carácter dos sintomas é claramente mais bizarro e menos egodistónico. O componente obsessivo não é tao forte no esquizofrénico e quando é marca um corte com a realidade.  A Perturbação Obsessiva Compulsiva diferente de Perturbação de Comportamento Alimentar, Sexual e Abuso ou Dependência de Drogas: Porque apesar dessas actividades serem designadas como compulsivas quando executadas excessivamente, mas não são compulsões, porque retira delas prazer e só tenta resistir pelas consequências nefastas que podem provocar.  Perturbações obsessivo compulsivas é diferente da perturbação obsessivo compulsiva da personalidade (anancástica): nesta não aparecem verdadeiras obsessões ou compulsões e a alteração no funcionamento do indivíduo é muito maior. Na perturbação obsessiva compulsiva há perturbaçao crónica de personalidade o que não acontece na anancástica. ?????? Na perturbação obsessivo compulsiva há tal obsessão pelo perfeccionismo que para eles nunca nada está suficientemente bem. isto não é funcional, é agressivo para as pessoas  É diferente de uma perturbação dismórfica corporal pois nesta as obsessões estão continuamente ligadas com a aparência.
  • 37. PÁGINA 36 V. PERTURBAÇÕES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR (doença psicossomática) 1. ANOREXIA NERVOSA Descrição: É uma doença psicossomática. Não é uma verdadeira anorexia, porque o apetite é muito controlado, mas não há falta de apetite. Caracteriza-se pelo forte desejo de emagrecer, podendo este ser influenciado por muitos factores: sociais, modas, familiares. Há uma ingestão mínima que sustenta a situação meses ou anos. Com a anorexia nervosa começa a desaparecer características da feminilidade – anca desaparece; o peito fica pequeno; o período menstrual tende a desaparecer; caem os pelos; gorduras desaparece. A tendência é ficarem com um corpo parecido com uma criança. O anoréctico restringe a alimentação a um mínimo. Nas costas das anorécticas cresce um pelinho (lenugem) que é uma característica de quem passa fome. É um corpo em fome biológica ainda que elas digam que não a têm. Por isso, é que muitas anorécticas chegam a morrer – morrem por falta de alimentos e por isso, o corpo está mais frágil a todas as doenças. É um fenómeno das sociedades modernas e associada a profissões que exigem este tipode conducta. Ex.Cisne Negro… A própriaprofissão (Ex. bailarina,modelos,etc) empurra para lá. Uma lógica anoréctica é estar sp em cima daquilo que se come, preocupação com as calorias e com os alimentos. Hoje em dia temos quase todos uma lógica anoréctica; o que é diferente de ser anoréctica. As anorécticas vivem mto com o modelo dos pais – discurso de uma miúda de 14 anos que parece de 42, pois parece-se aos pais. Não tendem a ter namorados. É uma moral adulta emprestada: obviamente não é saudável. Distinguir:  Anorexia restrintiva – o que faz é restringir os alimentos; comer menos.  Anorexia purgativa – utiliza o mecanismo do vomito para expurgar de si o pouco ou o muito que comeu. Purga pelo vómito ou laxantes. Figuras históricas – Catarina de Siena; imperatriz Sissi; Simone Weil; Virginia Wolf; 90% a 95% mulheres, entre os 13 e os 20 anos; 85% estudantes, bailarinas e modelos.
  • 38. PÁGINA 37 As características clínicas definidoras são:  Desejo de emagrecer sempre maior (ancas, rabo, peito, feminilidade).  Restrição na ingestão de alimentos e por isso atitude implacável face à alimentação e ao peso – perseguem uma dieta brutal com quantidades calóricas extremamente baixas.  Medo intenso de ganhar peso e perturbações da imagem corporal. Há distorção cognitiva face ao corpo (vêem-se gordas quando são magras). A crença de que se está gorda é mais uma ideia de sobrevalorizada do que uma ideia delirante. Não é um quadro psicótico.  Sintomas obsessivos e depressivos.  Manobras de tranquilização da família (já comi nas escola, comi em casa dos amigos, etc).  Surpreendentes níveis de actividade (para consumir energias).  Erro cognitivo do “tudo ou nada” (hoje peso mais 100g, está tudo perdido, não há meios termos).  Dificuldade de assunção da autonomia. Evitamento social e redução de interesses. Tem dificuldade em largar as asas dos pais, daí a dificuldade em sair com os amigos.  Dificuldade de tomada de decisão. Moral adulta de “empréstimo”.  Amenorreia.  Uma preocupação com a alimentação e prazer em cozinhar para outras pessoas. Organizar a dispensa, catalogar calorias. Curiosamente não come mas gosta de cozinhar e de alimentar os outros não se alimentando a si própria.  Uso de diuréticos, laxantes, exercício excessivo ou vómito induzido para aumentar a perda de peso (episódios bulimicos).  Vê no psicólogo um inimigo (truques). Rara é a anoréctica que pede ajuda, normalmente é a família.  Ter uma lógica anoréctica distingue-se de ter uma anorexia nervosa.  Mtas anorécticas passam por uma lógica de vegetarianismo Complicações médicas:  Rosto esquelético, lanugem, seios pouco desenvolvidos, pelos púbicos escassos, hipotermia, arritmias, hipotensão (às vezes desmaiam), osteoporose, insuficiência renal, anemia, insuficiência cardíaca, infecções.  Etiologia: contributo genético moderado, história familiar de perturbação depressiva, comportamento alimentar, abuso de substâncias, famílias caracterizadas pelo evitamento de conflitos (famílias onde parece que não há nada que está mal – até ao dia em que a anoréctica começa a querer ter vida própria), envolvimento excessivo dos pais e estrutura rígida familiares. Famílias
  • 39. PÁGINA 38 Bloqueadoras de todos os passos para a autonomia da AN que é vivida como um abandono afectivo; famílias que fazem comentários críticos sobre o aspecto e sobre o peso.  Atingir um peso inferior tem recompensas (elogio social). Pode facilitar a situação de auto-controlo, recolher a admiração de amigos, obter a atenção dos pais, evitarum corpo de mulher… evitarodesenvolvimentosexual,asexualidade.  IMC (índice de massa corporal – peso a dividir por altura ao quadrado)  Prognóstico: variável. Critérios de Diagnóstico para a Anorexia Nervosa  Critério A – recusa em manter um peso corporal igual ou superior ao minimamente normal para a idade e altura.  Critério B – medo intenso em ganhar peso mesmo qdo o peso é insuficiente.  Critério C – perturbação na apreciação do peso e forma corporal  Critério D – nas jovens após a menarca, amenorreia.  Convém especificar se é de tipo restritivo ou purgativo. Diagnóstico diferencial:  A anorexia nervosa é diferente estados físicos gerais (onde se dão outras causas para o emagrecimento), pois em algumas doenças (gastrointestinais, tumores cerebrais, SIDA) pode ocorrer perda de peso mas não há distorção da imagem corporal nem desejo em perder peso.  A anorexia nervosa é diferente perturbação depressivo major: apesar de ocorrem em ambas perda de peso, na depressão essa perda não esta relacionada com o desejo de perder peso ou o excessivo medo de o ganhar.  A anorexia nervosa é diferente bulimia nervosa: pois nesta ultima tem ingestão maciçade alimentoseutilizamvomitoautoinduzido para evitarganhar peso, mas ao contrario da anorexia nervosa tipo purgativo, estas mantém o peso normal ou acima dele.  A anorexia nervosa é diferente fobia social: pois apesar de pessoas com anorexia sentirem se humilhadas ou embaraçadas em público e medo social, estes medos são limitados ao comportamento alimentar.  A anorexia nervosa é diferente perturbação obsessiva compulsiva: pois as pessoas com anorexia apresentam obsessões e compulsões apenas relacionadas com a comida.  É diferente da perturbaçao dismorfica corporal – embora na anorexia as pessoas podem estar preocupadas com um defeito imaginário na aparência corporal, a perturbação dismorfica corporal só deve ser diagnosticada se a distorção não for centrada no tamanho e forma do corpo (Ex. Forma do nariz, etc.)
  • 40. PÁGINA 39  É diferente da esquizofrenia – neste caso podem ter comportamentos alimentares bizarros e chegar a perder peso mas não têm medo a ganhar peso ou a distorção da imagem corporal. 2. BULIMIA NERVOSA Descrição: O termo bulimia designa a ingestão massiva e descontrolada de alimentos. Na bulimia nervosa o comportamento é repetitivo, excessivo e consequentemente está associado a uma preocupação com o controlodo peso. O peso normal é muitasvezes mantido, mas pagando um preço: o vómito auto-induzido e outros meios são utilizados para anular o efeito calórico das ingestões maciças. Subtipos:  Tipo Purgativo – a pessoa regularmentevomitaouabusade laxantes,diuréticos, ou enemas (clister).  Tipo não purgativo (restritiva) – a pessoa tem comportamentos compensatórios inapropriados como o jejum (controlar, controlar, controlar) ou o exercício físico excessivo. No entanto esta restrição é diferente daquela realizada com a anorexia, pois a enurética está sempre a restringir enquanto que a bolimica ainda que restrinja não tem a preocupação de estar continuamente a restringir; por isso, a bulimica não sabe o que são aquelas dietas terroríficas, nem aquela magreza exagerada. Características clínicas:  Episódios recorrentes de sobrealimentação,com perdade controlo, nas quais são ingeridas quantidades maciças de alimentos.  Combate à ingestão com o vómito, laxantes, diuréticos e/ou jejum, exercício físico (BN tipo não purgativo).  Preocupação com o peso e a imagem corporal.  Sentem-se envergonhadas com os problemas alimentares. As anorécticas não se sentem envergonhadas, mas contentes e orgulhosas do grande auto-controleque têm sobre a sua ingestão. As bulímicas sabem que algo de errado passam com elas e procuram mais facilmente ajuda, ainda que a sua doença seja menos detectável. Custa-lhes integrar o episódio do vómito, obviamente não há prazer nenhum nesse aspecto.  O episódio é tipicamente precipitado por estados de humor disfórmico (humor rezingão,irritável),acontecimentosinter-pessoaisstressantes, fome intensa após restrição alimentar, sentimentos negativos associados à forma e peso corporal. O
  • 41. PÁGINA 40 episódio de ingestão pode reduzir transitoriamente a disforia, mas a auto critica depreciativa e o humor depressivo seguem-se-lhe. Características associadas: dentes aguçados e lascados (pelos ácidos que provêm do estômago), voz rouca (acido), calos nos dedos, aumentos das parótidas (no pescoço), convulsões, insuficiência renal. Epidemiologia e etiologia:  2% das mulheres com idades compreendidas entre os 16 e os 35 anos – a bulimia vem mais tarde que a anorexia nervosa.  Alguns factores de risco são comuns aos da anorexia nervosa. Outros especialmente associados à bulimia nervosa incluem história de perturbação do comportamento, perturbação border-line da personalidade, obesidade, menarca precoce, abuso sexual.  Prognostico – é incerto, no entanto, provavelmente melhor do AN. Mau prognostico – coexistência de PP e o decurso de um período longo antes do tratamento. Qto mais cedo se chega à consulta melhor será o prognóstico. Critérios de Diagnóstico:  Critério A – episódios recorrentes de ingestão alimentar compulsiva caracterizados por: o Comer num período curto de tempo (2h) uma quantidade de alimentos definitivamente superior ao que a maioria das pessoas comeria. o Sensação de perda de controlo sobre o acto de comer durante o episódio.  Critério B – comportamento compensatório inapropriado para impedir o ganho de peso (vomito, laxantes, diuréticos, enemas, jejum, exercícios físico excessivo).  Critério C – ingestão em media pelo menos 2x por semana durante três meses consecutivos.  Critério D – a auto-avaliação (auto-estima) é indevidamente influenciável pelo peso e forma corporais.  Critério E – a perturbaçao não ocorre exclusivamente durante os episódios de anorexia nervosa.  Deve-se especificar se é de tipo purgativo ou não purgativo. Diagnóstico diferencial:  Ingestão maciça esporádica (Ex. festas)  A bulimia nervosa é diferente anorexia nervosa tipo Ingestão Compulsiva/Tipo Purgativo: pois nesta última a ingestão compulsiva ocorre somente durante a anorexia nervosa. Neste caso para que ser BN não se podiam
  • 42. PÁGINA 41 preencher os critérios da AN, por exemplo, ter peso normal (voltar a ter menstruação).  A bulimia nervosa é diferente estados físicos gerais ou neurológicos como síndrome de kleine-Levin: nesta síndrome há uma perturbação do comportamento alimentar mas não há uma preocupação excessiva com o corpo e o peso. (Este caso não é muito importante)  Estados físicos gerais (Ex. Tiroidismos)  A bulimia nervosa é diferente de Perturbação Depressiva Major com Características Atípicas: pois apesar desta última poder ter hiperfagia (aumento da vontade de comer), nesta perturbação não há um comportamento compensatório inapropriado, nem preocupação com o peso e o corpo.  A bulimia nervosa é diferente de perturbação do estado limite da personalidade em que também pode ocorrer ingestão compulsiva. Se os critérios para ambas estiverem presentes então os dois diagnósticos devem ser dados. COMPARAÇÃO: ANOREXIA NERVOSA E BULIMIA NERVOSA (Anderson) ANOREXIA NERVOSA BULIMIA NERVOSA Raros vómitos e abuso de laxantes e diuréticos Vómitos e abuso de laxantes e diuréticos Perda de peso mais marcada Menor perda de peso Ligeiramente mais jovens Ligeiramente mais velhas Tendência à introversão Tendência a extroversão Negação da fome Reconhecimento da fome Comportamentoalimentarconsiderado normal e fonte de auto-estima Comportamentoalimentarconsiderado estranho e fonte de desconforto Inactividade sexual Maior actividade sexual Traços obsessivos predominantes Manifestações histéricas e borderline tanto quanto obsessivas Morte por inanição ou suicídio (em casos crónicos) Morte por hipocaliemia ou suicídio
  • 43. PÁGINA 42 Amenorreia Menstruações irregulares ou ausente Prognóstico mais favorável Prognostico mais favoravel Menores alterações comportamentais Roubo, abuso de álcool e drogas, auto- mutilação e outras alterações comportamentais
  • 44. PÁGINA 43 VI. PERTURBAÇÕES DO SONO As Perturbações do Sono são habitualmente secundárias a perturbações mentais ou doenças médicas (Ex. depois de se diagnosticar um cancro), isto significa que as PS normalmente não aparecem puras. No entanto, podem tb ser um diagnóstico primário (quando existem independentemente dos outros quadros clínicos); estas últimas estão divididas em dissónias e parassónias:  Dissónias – são anomalias na quantidade, qualidade ou horário de sono.  Parassónias – episódios anormais que acontecem durante o sono. Casos de Co-morbilidade – caso de duas ou mais doenças ao mesmo tempo. Ex. Fobia social, perturbação com substâncias e perturbação do sono. No entanto, neste caso a perturbaçãode sono, só se poderiadiagnosticar se a tivesse antes de consumir substâncias. Tipos de Dissónias 1. Insónia: Designa uma qualidade ou quantidade de sono insatisfatória e persistente. Causa muitaangústia. 80%são secundarias à perturbaçãoda ansiedade ou depressivas. 10% a estados físicos gerais, dores crónicas e abuso de substâncias. A restante fracção (10%) é constituída pela insónia primária. A insónia pode ser inicial; intermédia/intermediária ou terminal. 2. Hipersónia: Remete para a excessiva sonolência durante o dia ou em permanecer durante um longo período no limiar entre o sono e a vigília. O termo exclui os casos secundários à insónia e as situações em que existem razões claras para tal comportamento. Causas: perturbações psiquiátricas, estados físicos gerais, (narcolepsia, síndrome de apneia do sono, doença física crónica), outras (efeitos indesejáveis de substâncias lícitas e ilícitas). Isto é perturbador quando as pessoas nunca foram assim, e a certa altura começam a ter hipersónia… 3. Narcolepsia: Ocorrem ataques repetidos de sonolência diurna que habitualmente obrigam irresistivelmente a dormir. Nestes momentos as pessoas estão sedadas, a partir de uma sedação produzida pelo seu próprio organismo. São pessoas que adormecem em todos os lados.
  • 45. PÁGINA 44 4. Apneia do sono: Paragens respiratórias com duração superior a 10 segundos que se repetem durante a noite (5 a 10 vezes/hora). Provoca a fragmentação do sono e logo alteração da sua qualidade.O ressonar é intenso, incomodativoe com pausas a acompanhar um sono agitadoegeralmentecom fortetranspiração. Etiologia:malformaçãoaonível daoro- faringe e do nariz. Nem descansam bem, ainda que dormem, nem deixam dormir, por isso, é muitodesagradável.Não é fácil intervir.Antes de mais devehaver cuidado com a alimentação e uma boa dieta, deixando o álcool e tabaco. Provoca cansaço físico e emocional e défices múltiplos ao nível do funcionamento social e ocupacional. Pode levar à morte por asfixia. Tipos de parassónias 1. Sonambulismo: episódios repetidos de actividade motora complexa iniciada durante o 1º terço da noite(fase não REM em que as pessoas parecem tranquilas). A pessoa está relativamente indiferente à comunicação e aos esforços para ser acordado; e se for acordado, tem memória escassa acerca do ocorrido. 2. Pesadelos: ocorrência repetida de sonhos assustadores, fase avançada da noite (fase REM), com recordação pormenorizada do enredo. 3. Terrores Nocturnos: despertar abrupto de extremo terror e pânico com vocalização intensa e mobilidade sem recordação fragmentada do enredo; dá-se no 1º terço da noite. Fazem parte do desenvolvimento normal das crianças; nos adultos reflectem habitualmente o stress emocional. O despertar do terror nocturno é muitomais forte que o despertar do pesadelo,e as pessoas não sabem o que lhes está a passar, pois não se lembram do sonho.
  • 46. PÁGINA 45 VII. PERTURBAÇÕES DERIVADAS DE SUBSTÂNCIAS Droga – é toda a substância que, introduzida no organismo, produz mudanças na percepção, nas emoções, nos estados afectivos, no funcionamento psíquico (daí o nome de substâncias psicotrópicas ou psicoactivas) ou no comportamento e é susceptível de gerar no consumidor uma necessidade de continuar a consumi-la (alguns de nós estamos mais predispostos para a dependência que outros e não sabemos porque). Existem diferentes substâncias psicoactivas, diferentes tipos de usos e de consumidores. Assim:  Drogas com diferentes propriedades farmacológicas  Distintos tipos de usos – Mais importantes ainda do que drogas leves ou drogas duras, é que há consumos leves e consumos duros.  Variados tipos de consumidores que é importante identificar: o Com expectativas simbólicas distintas o Consumindo em diferentes contextos o Com diferentes níveis de integração cultural o Em diferentes momentos históricos e sócio-culturais No entanto, independentemente dos maus-usos e das dependências, muitas drogas trazem a sua parcela de benefícios para o progresso da ciência. Não existe droga enquanto objecto abstracto e universal, ao contrário do que o discurso decorrente sobre o fenómeno leva a pressupor. Dagos gerais básicos:  Psicoactivas = psicotrópicas  Há drogas que tem um bom fim  Drogas de desenho = novas drogas (que já são velhas) – excstasy… Uma classificação possível de drogas Classificaçãodas substâncias em 3 grandes famíliasdeprodutos, segundo o seu efeito no SNC:  Substâncias sedativas, depressoras do SNC (ou psicolépticas) – são as que inibem ou diminuem a actividade do SNC (hipnóticos, neurolépticos, ansiolíticos, álcool, solventes, analgésicos, opiáceos).
  • 47. PÁGINA 46  Substâncias estimulantes, activadoreas/excitantes do SNC (ou psicoanalépticas) – Ex. Anfetaminas (speeds), anorexigenos, antidepressivos, café, chá, cocaína, crack, nicotina, drogas de desenho.  Substâncias perturbadoras (ou psicodislépticas) – são as que modificam o curso do pensamento e as percepções sensoriais. Ex. Alucinogéneos (LST), cannabis, drogas de desenho, cogumelos. Esta classificação é funcional mas há que ter em conta que na pratica, a acção de cada psicotropico é complexa e ambígua e varia um pouco de pessoa para pessoa. As PRS (Perturbações Relacionadas com Substâncias) dividem-se em dois grupos:  Perturbação pela utilização de substâncias: Dependência e abuso de substâncias  Perturbações induzidas por substâncias: Intoxicação por Substancias; Abstinência de substâncias; Delirium Induzido por Substancias; Demência Persistente Induzida por Substancias; Perturbações Mnésicas Induzidas por Substancias; Perturbações Psicóticas Induzidas por Substancias; Perturbações do Humor relacionadas com substâncias; Perturbação da Ansiedade Induzida por Substancias; Perturbações Sexuais Induzidas por Substâncias e Perturbações do Sono Induzidas por Substâncias. Perturbação pela utilização de substâncias 1. Dependência de substâncias A característica essencial da Dependência de Substancias é um conjunto de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos indicativos de que o sujeito continua a utilizar a substância apesar dos problemas significativos relacionados com esta. A auto-administraçao repetida resulta em tolerância, abstinência e comportamento compulsivo quanto ao consumo de drogas. A dependência é definida como um conjunto de 3 ou mais dos seguintes sintomas (tolerância;abstinência;consumo em quantidadessuperiores ou num períodomaior do que o que se pretendia; desejo sem êxito de diminuir ou controlar o consumo de substâncias; é despendido muito tempo para conseguir obter as substâncias; é abandonada ou diminuída a participação em actividades sociais, ocupacionais ou recreativas) e que ocorrem em qualquer altura durante 12 meses
  • 48. PÁGINA 47 Conceitos básicos:  (Toxico)dependência – é a dependência de um tóxico. Caracteriza-se por uma adaptação psicológica e bioquímica (neuroadptação) como consequência do consumo repetido. As características essenciais da toxicodependência são: existe tolerância; síndrome de abstinência e k compulsivo. Revela uma perda de controloface à substância aditivae por isso, a necessidade de prosseguir com o seu consumo apesar dos efeitos adversos significativos que este acarreta aos diferentes níveis, biológicos, psicológicos e sociais. Ex. Uma pessoa pode ser toxicodependente de valium…  Dependência psicológica – Estamos a falar dos sintomas psíquicos da falta de substância. O individuo normalmente está convencido que necessita da droga, exista ou não dependência física, e vê-se compulsivamente forçado a consumir. Nem todas as drogas provocam o fenómeno da tolerância nem condicionam os aspectos mais físicos da dependência, contudo todas podem provocar dependência psicológica (este é o maior problema e dificuldade porque se fosse a dependência física ao fim de 10 dias todos estavam curados).  Tolerância – A tolerância é a necessidade de doses crescentes de droga para atingir o efeito desejado (intoxicação) ou para evitar sintomas de abstinência. Varia muito com as diversas substâncias. 2. Abuso de substâncias É um padrão patológico/desadaptativo do uso de uma ou mais substância, mantido apesar da deterioração da actividade laboral, social, familiar (consequências nefastas) mantido há pelo menos 12 meses. Perturbações induzidas por substâncias 1. Intoxicação por substâncias Critérios:  Critério A – desenvolvimento de uma síndrome especifica para a substância, reversível, devido à ingestão recente ou exposição a uma substância.  Critério B – alterações desadaptativas, comportamentais ou psicológicas, clinicamente significativas devido ao efeito de uma substância sobre o SNC (beligerância;labilidadedohumor; déficecognitivodo juízoe do funcionamento social ou ocupacional).
  • 49. PÁGINA 48  Critério C – os sintomas não são devidos a um estado físico geral nem melhor explicados por outra perturbação mental.  Nota: a intoxicação por substâncias está frequentemente associada ao Abuso ou Dependência de Substancias. 2. Abstinência de substâncias Desenvolvimento de uma alteração comportamental significativa manifestada por um conjunto de sintomas (fisiológicos, cognitivos e comportamentais) exibido por um doentequando não estásob o efeitodeuma substância especifica.Estes sintomas podem aparecer horas após a última dose e tendem a intensificar-se por vários dias antes de progressivamente melhorarem. São geralmente opostos aos efeitos agudos da substância. A maioria dos sujeitos com Abstinência têm ânsias de readministrar a substância para reduzir os sintomas. Causa sofrimento ou défice clinicamente significativo no funcionamento social, ocupacional e noutras áreas importantes. A síndrome de abstinência da droga não mata, no entanto, a síndrome de abstinência do álcool pode chegar a matar. Os sintomas não são devidos a um estado físico geral, nem explicados por outra perturbação mental. Substâncias discutidas na CID e no DSM:  Álcool  Anfetaminas/speed (MDMA – anfetamina alucinogénea)  Cafeína  Cannabis  Alucinogeneos  Inalantes  Nicotina  Opiáceos  Fenicilina  Sedativos, hipnoticos ou ansiolíticos  Dependência de múltiplas substâncias/Policonsumo Ver diagnostico diferencial relativamente às diferentes substâncias:  Utilização não patológica de substâncias (beber social)  Utilização de medicamentos para fins médicos adequatos (metadona, morfina…)  Etc.
  • 50. PÁGINA 49 VIII. PERTURBAÇÕES SOMATOFORMES Introdução As perturbaçõessomatoformessãoaquelasque se manifestamemforma de soma, ou seja perturbação do soma (corpo). Distinguir:  Perturbação somatoforme – Dá-se a transformação do sofrimento emocional em dor física. Ex. dor de cabeça depois de uma discussão… Ex. sensação da bola faríngea…  Perturbação dissociativa – Qdo a dor emocional é transformada em sintoma psicológico. Ex. Rapariga que não queria abortar e foi forçada a isso e depois não se lembrava de imensos detalhes…  Perturbação psicossomática (úlcera, enzema, pele) – nestas há organicidade visível enquanto que na perturbação somatoforme não há organicidade visível, por exemplo, qdo se tem cefaleia, não se nota visivelmente, não se encontra organicamente a causa. Estas doenças somatoformes muitas vezes chamam-se doenças funcionais, designadas por SMI (Sintomas Médicos Inexplicados). Descrição: O paciente apresenta queixas médicas ou sintomas (não delirantes nem forjados) para os quais não existe explicação médica adequada (somatização) ou está preocupado pelo facto de poder ter uma doença grave (hipocondria). Os sintomas persistem há 6 meses. O que acontece muitas vezes é que dado que os pacientes (e médicos) crêem que os sintomas são um sinal de doença física, procuram e recebem tratamento médico e não psicológicoou psiquiátrico.Os pacientes mostram-semuitas vezes hostis à ideia de que os seus sintomas são psicogénicos (origem psicológica). Factores de risco: privações afectivas ou abuso durante a infância, ansiedade relativamente à doença.
  • 51. PÁGINA 50 1. Perturbação de Somatização (Neurose Histérica) 300.81 [F45.0] Descrição:  A característica essencial consiste num padrão de queixas somáticas clinicamentesignificativas,recorrentes e múltiplas.Isto significa que a expressão da dor psicológica manifesta-se através do corpo. A queixa somática é clinicamente significativa se resulta em tratamento médico, ou se causa incapacidade significativa no funcionamento social, ocupacional ou noutras áreas importantes.  Normalmente acontece em personalidades imaturas (pouco estáveis) e mal estruturadas, e com poucos conhecimentos de saúde e medicina. Ex. Senhora que cegou qdo o marido voltou passados 30 anos… São truques da mente  Trás também benefícios secundários (além dos primários). Ex. Soldado que tem que entrar em campo de batalha e paralisa: o Primário – mantemfora do campo de consciência o seu verdadeiromedo que é o pânico da batalha e a sua preocupação torna-se a paralisia o Secundário – provavelmente já não será mais destacado; compreensão e atenção dos colegas e companheiros, etc.  A somatização designa o processo através do qual a pessoa tem sintomas físicos recorrentes e frequentemente mutáveis, que não são explicáveis por um qualquer estado físico geral. Por isso, sem evidência laboratorial ou alterações estruturais.  Acontece mais em mulheres, com idades entre os 20 e os 30 anos. Ao contrário da hipocondria (que acham que tem a doença X ou Y), aqui as pessoas queixam-se de sintomas: paralisia, cegueira, arrotos contínuos, etc. Sintomatologia: Envolvimento de múltiplos sistemas e órgãos. Dores várias, sensações gastrointestinais (diarreia, vómito, náuseas, …) e sintomas pseudo- neurológicos (paralisia, afonia, cegueira, dificuldade de equilíbrio, queimadura, dormência, sensibilidade exagerada). Queixas menstruais e sexuais também são comuns. Depressão e ansiedade assinaláveis podem estar presentes. Início precoce e evolução crónica.