1. A influência do Dr. Sousa Martins
no tratamento da tuberculose no
século XIX
Ricardo Fonseca
2. Tuberculose
(breve resenha histórica)
• Afecta o Homem desde tempos remotos 1
• 24 de Março de 1882- Robert Koch isola o
microrganismo responsável pela tuberculose
• Doença com altas taxas de incidência e
mortalidade (especialmente em jovens 4) , sem
medidas terapêuticas eficazes, faz com que
surjam Sanatórios por toda a Europa
• 1913- Albert Calmette e Camille Guerin
descobrem a 1ª arma terapêutica contra a
Tuberculose, conhecida como Bacilo de
Calmette- Guerin2
3. Tuberculose
(breve resenha histórica)
(Cont)
• Surge a 1ª vacina contra a tuberculose (usada
em grande escala só a partir de 1954) 3
• 1944- descobre-se a Estreptomicina, com
resultados satisfatórios em doentes com
tuberculose
• Resistente à Estreptomicina anos depois, surge
o tratamento 4 antibacilares combinados 2
• A associação desses fármacos é eficaz em
praticamente 100% dos casos 1
4. Tuberculose
(breve resenha histórica)
(Cont)
• Caída em desuso dos Sanatorios
• “Nas décadas de 50, 60 e 70, com os
antibacilares e melhoria das condições de vida,
parecia que o problema mundial da tuberculose
estava em vias de resolução.” (Gonçalves, José
H. D.) 1
• Tuberculose volta a surgir como problema a
partir da década de 80, com o alastrar de uma
nova epidemia: SIDA 1 2
5. A obra do Dr. Sousa Martins
JOSÉ THOMÁS DE SOUSA MARTINS
•
•
(1843-1897)
Nasce em Alhandra a 7 de Março de 1843
Reputado médico e cientista, adorado pelo povo pela atenção e
carinho que tinha para com os doentes 4 5 6
• É-lhe atribuída a seguinte afirmação, dirigindo-se aos seus
alunos: “Quando entrardes de noite num hospital e ouvirdes
algum doente gemer, aproximai-vos do seu leito, vede o que
precisa o pobre enfermo e, se não tiverdes mais nada para lhe
dar, dai-lhe um sorriso.” 6
• Faz uma expedição à Serra da Estrela em 1881, disposto a
provar os benefícios da altitude e da atmosfera da Serra da
Estrela na cura da Tuberculose
6. A obra do Dr. Sousa Martins
“Figure o meu amigo um leque de panno, atacado pela traça. Se o
leque se conservar por largas vezes fechado, o insecto vai fazendo
muito descansadamente o seu ninho por entre as dobras do panno,
certo de que nem os excessos de luz, nem os impetos do ar, nem
os resfriamentos da atmosphera lhe darão cabo da prole; mas se
uma vez, o abandonado leque fôr aberto a um permanente banho
atmosphérico, então nem a traça, nem a sua raça se sentirão à
vontade(...).Ou emigram ou morrem (...). Pois o leque é o pulmão
que em muitos sítios tem pregas. E a traça é o micróbio da tísica,
ao qual, um ar puro, quasi seco, rarefeito e de temperatura pouco
variável e pouco elevada causa maior danno do que S. Tiago
causou aos moiros...”
Martins, J.T. Sousa in Navarro, Emídio: Quatro dias na Serra da
Estrela 4 8
7. A obra do Dr. Sousa Martins
“Rarefeito o ar dilata o pulmão e assim
evita os ninhos de productos mórbidos;
uniformiza a circulação respiratória e
dessa arte contraria as tendências
congestivas e exudativas, tão nefastas
aos tísicos”.
Martins, J.T. Sousa in Navarro, Emídio:
Quatro dias na Serra da Estrela 4
8. A obra do Dr. Sousa Martins
In Salvado, Maria Adelaide:
TUBERCULOSE E IDADES DO HOMEM:
A SERRA DA ESTRELA
NA VIDA, NA OBRA E NA MORTE DE
SOUSA MARTINS 4
9. A obra do Dr. Sousa Martins
• Sobre a rarefacção de oxigénio e baixa pressão
atmosférica, disse Sousa Martins:
“(...) não só porque a defeciência do oxigénio em pressão e
em massa é nociva à vida de alguns microorganismos
que com o bacillo da tuberculose collaboram na
destruição do pulmão e na infecção do organismo nuns
também porque a ampliação do thorax e a completa
expansão pulmonar produzem a um tempo o
robustecimento do apparelho respiratório e o
desalojamento dos seus microorganismos destruidores”
In José Thomaz de Sousa Martins. A Tuberculose Pulmonar e o clima
de altitude da Serra da Estrela, Lisboa,Imprensa Nacional, 1890, p.
27. 4
10. A obra do Dr. Sousa Martins
• Baseia-se no livro de Thomas Mann “A
Montanha mágica” para projectar os sanatórios
a construir
• O constante contacto com doentes tuberculosos
expunha-o constantemente a essa doença,
tendo-a contraído 6 8
• Em Março de 1897 a sua condição agrava-se e
procura alívio na altitude da Serra da Estrela
• O jornal O Século de 19 de Agosto de 1897
anuncia a sua morte, aos 54 anos de idade 4
11. A obra do Dr. Sousa Martins
Maria Adelaide Salvado 4, levanta questões de
como terá sido a morte de Sousa Martins:
Teria Sousa Martins acreditado na cura em
circunstâncias raras como descrito num dos
seus estudos ou seria tão grave o seu estado,
que nem o clima de altitude seria auxílio e teria
agido da mesma forma que alguns dos seus
doentes que, segundo as suas palavras:
12. A obra do Dr. Sousa Martins
Cont.
“seguem a sua errada inspiração, com o
que apenas conseguem receber o golpe
de misericórdia dado pelo inopportuno e
logo contraproducente remédio, assim
transformado em antecipador da morte”? 4
13. A obra do Dr. Sousa Martins
• Em 1907 é inaugurado o Sanatório Sousa
Martins
• Nesse mesmo ano criada a Assistência
Nacional aos Tuberculosos pela Rainha
D. Amélia
15. Sanatórios
• Eram auto suficientes, quase como que uma
pequena cidade 7
• “Quando os enfermeiros faziam “piquete” entre os
pavilhões, servia-lhes de protecção as grandes capas
que eles usavam; isto porque os imensos e ferozes cães
que soltavam à noite, só os reconheciam nessas capas
e só perante elas se mostravam amistosos e
companheiros de “piquete”.”7
• Os dias passados nos Sanatórios eram
monótonos, passados em convívios, leituras ou
actividades lúdicas
16. Sanatório dos Ferroviários
• Projectado pelo arquitecto Cotinelli Telmo, a
mando da CP, demorando 8 anos a erigir
• Terminado em 1936, só abriria as portas em
1944 9
• Erguido a 1530 m de altitude
• Abrangia inicialmente tuberculosos da CP ou
abastados, tendo posteriormente (1953) sido
aberto a todos os que dele necessitassem 10
17. Sanatório dos Ferroviários
• Não obstante aberto a todas as classes sociais,
os menos favorecidos não tinham acesso a
todas as alas do edifício
• Recebeu durante cerca de 40 anos milhares de
tuberculosos de todo o país
• Com o crescente uso de quimioprofilaxia e
antibioterapia, os Sanatórios desviados dos
centros urbanos deixaram de ser rentáveis,
tendo este edifício fechado portas a 1969 10
18. Sanatório dos Ferroviários
“De uma breve análise efectuada a documentos
dispersos, situados entre os anos de 1953 e
1967, poderá reter-se que dos 4.264
tuberculosos que passaram pelo Sanatório,
1.252 curaram-se, 1.694 melhoraram, 1068
mantiveram-se estacionários, 149 pioraram e
101 faleceram.”
Pinheiro, Elisa Calado O Sanatório das Penhas
da Saúde: Templo dos Templos 9
19. Sanatório dos Ferroviários
• Após o 25 de Abril, serviu de albergue a muitos
retornados das ex-colónias
• A partir dos anos 80, o edifício foi deixado ao
abandono
• Foi palco de Carnavais da Neve e
Concentrações Motards
• Foi palco um incêndio em 1997
20. Que futuro?
• Foi vendido à Turistrela pela simbólica
quantia de um escudo, para projectar uma
pousada 10 11
• No entanto, este belo edifício, que
conserva a sua imponência e continua
majestosamente erguido, mantém-se ao
abandono…será este o futuro das obras
que fizeram parte da nossa História?
21. Referências Bibliográficas
•
•
1- http://www.cienciaviva.pt/healthXXI/cargaleiro/historia.asp
2- Gonçalves, J.H. Dias: A tuberculose: concepção de um modelo
econométrico para a taxa bruta de mortalidade.
• 3 - http://www.ensp.unl.pt/lgraca/textos183.html
• 4- Salvado, Maria Adelaide: Tuberculose nas idades do Homem: A
Serra da Estrela na vida, obra e morte de Sousa Martins in
“Medicina da Beira Interior: Desde a Pré-História ao séc. XXI”, n.º 9,
Novembro 1995
-
•
5 http://www.museusousamartins.org/frm/mi2op1.html
•
6- http://www.rtp.pt/gdesport/?article=422&visual=3&topic=1
•
7- www.eb1-sta-zita.rcts.pt/eb1-santa_zita/projecto.htm
22. Referências Bibliográficas
•
•
8- http://oquartodofelino.files.wordpress.com/2007/05
/
9 -Pinheiro, Elisa Calado: O Sanatório das Penhas da Saúde
Templo dos Templos in “Medicina na Beira Interior: Desde a Préhistória ao séc. XXI”, n.º 9 Novembro 1995
• 10- http://www.paulocoelho.net/blog/Sitios/_archives/2007/10/15/3293057.html
• 11- http://www.portadaestrela.com/index.asp?idEdicao=45&id=
1552&idSeccao=348&Action=noticia
Para se curarem com o ar fresco, dieta saudável e descanso (1)
Desde o século XVII que as pessoas que sofriam de tuberculose eram levadas para hospitais e dispensários para prevenir propagação da doença
Em, foi inventado o primeiro antibiótico, a Estreptomicina, que curou satisfatoriamente uma pessoa com TB avançada. Todavia, sem apoios e devido ao excessivo contacto entre doentes, rapidamente surgiram bactérias resistentes à Estreptomicina. Face a isto, os cientistas desenvolveram um processo combinado de 4 antibióticos antibacilares.
A Estreptomicina abre a porta a outros antibacilares
A partir do ano em que passou a ser registada a causa mortis nas certidões de óbito, ou seja, em 1838, a taxa de mortalidade por tuberculose diminuiu constantemente. Como se sabe, o bacilo da tuberculose só foi identificado em 1882, por Koch, mas só 65 anos depois, em 1947, é que surgirá um tratamento eficaz, a estreptomicina, isolada em 1943 pelos investigadores A. Schatz, E. A imunização (pela vacinação BCG) só passará, entretanto, a ser usada em grande
A luta contra a tuberculose expunha-o à doença, nos contactos diários e directos com os doentes terminais. Detinha-se junto deles, a amenizar-lhes o medo. Muitos morreram de mãos entre as suas, alguns viram-lhe auras estranhas sobre os cabelos. Uma dedicação que não exigia nada de volta. Sousa Martins procurava na ternura dos outros o seu sustento diário. Com a sua entrega absoluta aos doentes, amenizava o precário mundo dos hospitais. Aos seus alunos dizia: “Quando entrardes de noite num hospital e ouvirdes algum doente gemer, aproximai-vos do seu leito, vede o que precisa o pobre enfermo e, se não tiverdes mais nada para lhe dar, dai-lhe um sorriso.” A luta contra a tuberculose expunha-o à doença, nos contactos diários e directos com os doentes terminais. Detinha-se junto deles, a amenizar-lhes o medo. Muitos morreram de mãos entre as suas, alguns viram-lhe auras estranhas sobre os cabelos. Uma dedicação que não exigia nada de volta. Sousa Martins procurava na ternura dos outros o seu sustento diário. Com a sua entrega absoluta aos doentes, amenizava o precário mundo dos hospitais. Aos seus alunos dizia: “Quando entrardes de noite num hospital e ouvirdes algum doente gemer, aproximai-vos do seu leito, vede o que precisa o pobre enfermo e, se não tiverdes mais nada para lhe dar, dai-lhe um sorriso.” a cura
da tuberculose pulmonar
pelo ar rarefeito dos
climas de altitude.
Numa bela passagem
Alfredo César Henriques foi o primeiro doente com tuberculose a curar-se na Serra da Estrela, que o incentivou a promover a abertura de sanatórios
“Para uma determinada temperatura média, a
localidade em que as variações diurnas, semanais,
mensais e anuais, forem menos amplas, será a
menos propícia para o desenvolvimento da
tuberculose”(20).
O modo preciso como distingue clima de montanha
e clima de altitude, a correlação que estabelece entre
os factores latitude e altitude na localização das
regiões possuidoras dos saudáveis climas de altitude
(os efeitos benéficos sobre o aparelho respiratório
provocados pelo abaixamento da pressão atmosférica
com a altitude) são, do meu ponto de vista, belos
exemplos que evidenciam a veracidade de um aspecto