O documento discute a sexualidade de pessoas em diferentes estágios da vida e com diferentes condições, incluindo o envelhecimento, doenças e deficiências. Aborda como a sociedade estereotipa a sexualidade como algo para os jovens e como isso pode afetar a autoimagem e desejo sexual dos idosos. Também discute como certas condições médicas como problemas cardíacos não devem necessariamente impedir uma vida sexual ativa e satisfatória.
2. Sexualidade e a idade
Sexo masculino e feminino
Efeitos da doença e da viuvez
Sexualidade nas pessoas com deficiência
3. • Hoje em dia vive-se numa sociedade em que, cada vez mais a imagem e a valorização do
corpo é de extrema importância.
• Vários estereótipos vão-se interiorizando e moldando o nosso modo de pensar e de agir. A
sexualidade não é só um direito dos jovens, mas também dos mais velhos, experientes na
vida.
• Toda esta ideia de que a sexualidade é apenas para os jovens, bonitos e atraentes é
incentivada pelos meios de comunicação como as revistas, os filmes, os anúncios
publicitários e a moda. A imagem que estes passam é de que o amor e o romance fazem
parte somente de uma faixa etária. Devido a isto, reduz-se a ideia de que os mais velhos
também podem ter uma vida sexual activa e saudável.
• Esta imagem de conotação negativa é mais forte nas mulheres. Mesmo que isto não seja
verdade, muitos idosos tendem a deixar-se levar por estes estereótipos, agindo de acordo
com o pensamento da sociedade em geral, por vergonha ou falta de coragem, ocultando
os seus verdadeiros sentimentos. Assim, a vontade de ter uma actividade sexual é
diminuída e por vezes o desejo é mesmo apagado.
4. • Com uma saúde razoável e um parceiro disponível, a maior parte das pessoas
podem ter relações sexuais mesmo aos 80/90 anos.
• Esta constatação é substituída por numerosos estudos que demonstram que uma
vasta percentagem de indivíduos, com idade superior aos 65 anos, não só
continuam a actividade sexual, mas também, geralmente estão satisfeitos com o
sexo e com os seus parceiros.
• Todavia, é possível constatar uma certa diminuição de resposta aos estímulos.
Este fenómeno é relacionado ao processo normal de envelhecimento.
5. • As mudanças que intervêm na fisiologia sexual de um indivíduo em idade avançada,
podem afectar, tanto a função eréctil como a ejaculação.
• Os homens frequentemente percebem algumas mudanças distintivas como:
Prolongamento do tempo necessário para haver uma erecção completa.
A erecção pode não ser firme ou ampla como nos últimos anos precedentes.
Uma diminuição do tempo em manter a erecção antes da ejaculação.
Uma redução da força de ejaculação.
Falta de sensibilidade, no momento da ejaculação.
A perda de erecção depois de um orgasmo pode ser mais rápida, ou então
precisa de mais tempo para obter outra erecção.
Alguns homens podem necessitar de uma maior estimulação manual.
6. • Certas atitudes em relação à actividade sexual na terceira idade, podem ser
influenciadas pelo fenómeno de ansiedade da expressão sexual, o temor e a
ansiedade que podem resultar em interpretações negativas das alterações na
estrutura genital e na resposta sexual, próprio da idade.
• Quando o homem envelhece, o fenómeno da impotência parece acentuar-se,
especialmente em homens com problemas cardíacos, diabetes e hipertensão.
7. Embora as doenças e a invalidez possam afectar a sexualidade, mesmo nas mais
sérias condições, não devem impedir que o indivíduo tenha uma vida sexual
satisfatória:
Problemas cardíacos: Muitas pessoas que sofreram ataques cardíacos, temem
que o facto de haver relações sexuais possa causar outros ataques. Esse risco é
muito baixo, se seguir as orientações do médico. Muita gente pode recomeçar a
actividade sexual depois de um período de tempo variável entre 12 e 16 semanas
após ter sofrido um ataque.
Diabetes: Muitos homens que têm diabetes não têm problemas, mas é uma das
poucas doenças que na realidade pode causar impotência.
Artrite: Dores articulares devido à artrite, podem limitar a actividade sexual.
Tratamentos cirúrgicos ou medicinais podem aliviar as dores. Em alguns casos, os
medicamentos podem diminuir o desejo pelo sexo. Exercícios físicos, repouso,
banhos quentes e mudanças de posição durante o acto sexual, pode ajudar.
8. A menopausa implica o fim da sexualidade? De modo nenhum. O que a
menopausa implica é o fim da reprodução. Para o ser humano a reprodução é
apenas uma das funções da sexualidade e é pela partilha desta que duas pessoas
se ligam, através do elo do prazer. Para muitas mulheres e muitos homens o fim
da capacidade reprodutora significa finalmente sentirem-se libertos de uma
consequência indesejável e portanto poderem usufruir mais da sua sexualidade.
Após a menopausa, a mulher tem menos desejo sexual? Não é necessariamente
assim. No envelhecimento há uma diminuição lenta e gradual do desejo sexual. O
desejo sexual feminino está dependente de uma complexa influência de factores
ambientais, afectivos, psicológicos e físicos. A menopausa só por si não implica
directamente a diminuição do desejo, o qual do ponto de vista hormonal está mais
dependente dos androgéneos (hormonas que o homem produz em grande
quantidade e a mulher em pequena), já que o corpo feminino costuma produzir
estas hormonas.
9. Nesta fase, o prazer também é menos intenso? A capacidade para ter orgasmo
não muda após a menopausa. O que se verifica é que com o avanço da idade a
duração e a intensidade do orgasmo diminuem.
É muito frequente a mulher, na menopausa, sentir dores durante a penetração,
o que não acontecia antes da menopausa? Às vezes acontece. Quando a mulher
se começa a sentir sexualmente excitada, as paredes da vagina produzem um
líquido viscoso que lubrifica a vagina e assim a prepara para a penetração. Por
outro lado, a vagina é um órgão altamente elástico, consegue alargar durante o
parto deixando passar a cabeça do bebé. Quando há diminuição de estrogénios, o
que acontece na menopausa, a vagina torna-se menos elástica e as suas paredes
mais finas e frágeis, diminuindo deste modo a capacidade de penetração sem dor.
10. A actividade sexual após a menopausa é igual á actividade sexual na juventude?
A sexualidade transforma-se com a idade. O envelhecimento implica que o corpo
se modifique tanto no seu aspecto como na sua capacidade de acção. Com a idade
aumentam também as doenças. Em relação à sexualidade, verifica-se que a
pessoa sente menor necessidade de ter relações sexuais. Por outro lado o ritmo é
mais lento, pelo que o sexo é também mais lento e prolongado. Por vezes a
interacção sexual também é condicionada pelas consequências das doenças, como
por exemplo: as dores provocadas pelo reumatismo podem implicar que
determinadas posições sejam dolorosas; após o enfarte do miocárdio a actividade
sexual não deve ser abandonada devendo ser retomada ao ritmo das outras
actividades do dia-a-dia e o casal deve assumir posições que cansem menos
daquelas que tinham antes do enfarte ocorrer.
11. Há pessoas que dizem ter melhorado a sua vida sexual após a menopausa. É
possível? Sim. Quando tal acontece deve-se essencialmente a três factores:
tempo, disponibilidade e experiência. É uma fase da vida em que frequentemente
o casal passa a ter mais tempo um para o outro. Por outro lado, os anos de
experiência trazem um maior conhecimento do próprio corpo e do corpo do outro,
para além do bem estar e da desinibição que os anos de vida em comum dão. Com
o tempo e a experiência passa-se a valorizar mais a qualidade versus a quantidade.
12. Falar sobre a sexualidade de um portador de deficiência física implica
necessariamente abordar o conceito de sexualidade humana de forma
ampla, em toda sua dimensão, ou seja, abrangendo os aspectos físico-
biológicos, socioculturais, económicos e políticos.
13. Para muitos deficientes, o casamento é somente um sonho distante, e o
sexo, uma diversão proibida.
Várias famílias impedem os relacionamentos: os pais têm receio de que os
filhos não estejam preparados para um envolvimento afectivo, e temem
demais a gravidez- vêm-se a cuidar dos netos, e sentem muito medo de um
novo caso de deficiência na família.
Quando o homem e a mulher possuem deficiência mental leve, a hipótese
de uma criança nascer com o mesmo quadro é de 42%. Se a mulher for
portadora de síndrome de Down, existe 50% de hipóteses do filho contrair a
doença. Ao contrário de muitos deficientes mentais, os portadores de
síndrome de Down apresentam uma diminuição de fertilidade. As mulheres
têm a fertilidade diminuída em 50%, e os homens, na maioria das vezes, são
estéreis.
14. O deficiente mental é submetido muitas vezes a um tratamento
protector, como se fosse uma criança eternamente.
A sexualidade destes pode também ser vista como algo selvagem, que
deve ser reprimido. De acordo com diversos autores estas pessoas
sentem desejo, amam, sentem prazer e querem ser amadas. A condição
sexual destas pessoas depende muito das suas condições educacionais.
Geralmente, trata-se as pessoas com diferentes deficiências de forma
igualitária, mas, na verdade, dependem de condições psicossociais
diversas. Também existe a fobia de que um possível descendente possa
ser também um deficiente mental. Um mito pois nem todas as
deficiências mentais são transmitidas de forma hereditária.
15. A sexualidade é tida pela sociedade como algo ligado apenas às
regiões sexuais.
Para deficientes do sexo feminino com lesões medulares, outros
locais podem ser estimulados como os mamilos por exemplo,
sendo possível chegar a uma situação denominada de
paraorgasmo.
Pode ocorrer também a falta de lubrificação vaginal que é resolvida
através de lubrificantes íntimos.
Já para os homens, a erecção é possível dependendo do caso, mas
o controlo da ejaculação fica prejudicado em lesões completas.