O documento discute questões ambientais globais desde a Eco-92, como mudança climática, biodiversidade e desmatamento. Apesar de alguns esforços, as emissões de carbono e a perda de biodiversidade continuaram aumentando. O documento também analisa o crescimento populacional, do consumo e da produção de alimentos e seus impactos no meio ambiente.
2. Mudança Climática
Criada durante a Rio 92, a Convenção da ONU sobre Mudança Climática (UNFCCC, sigla em
inglês) conseguiu que os países assinassem o Protocolo de Kyoto, acordo em que se
comprometiam a minimizar as emissões de gases causadores do aquecimento global. Sem a
adesão dos Estados Unidos, o tratado caiu em desuso, principalmente após o Canadá anunciar
que pularia fora em 2011. Segundo o relatório, apesar das manchetes geradas pelo fator que se
tornou a principal questão ambiental conjunta, as emissões de carbono continuaram a
aumentar: 40%, de 1992 a 2011, de acordo com o programa ambiental da ONU (Pnud). Como
consequência, o nível de carbono a atmosfera aumentou 9% desde a Rio 92 e as camadas de
gelo no Ártico durante o verão diminuíram 35%, atingindo picos em 2007 e 2011. O relatório
cita os esforços voluntários de países como o Reino Unido, que aprovou uma lei em 2008 que
requer a redução de 80% nas emissões de gases no país até 2050. Mas afirma que apesar dos
esforços, os países até agora falharam em conseguir um acordo global para metas de redução.
3. Biodiversidade
Criada no Rio, a Convenção da ONU sobre Diversidade
Biológica conseguiu aprovar em 2010 o Protocolo de
Nagoya, que regulamenta o uso dos recursos genéticos. No
entanto, os esforços para a preservação da biodiversidade
não impediram perdas de 12% da diversidade global e 30%
da diversidade nos trópicos, segundo o índice do Living
Planet.
4. Florestas
Considerada uma das falhas da Rio 92, a não produção de um tratado para
combater o desmatamento de florestas fez com que três milhões de metros
quadrados de vegetação fossem perdidos. Segundo o relatório, o montante
equivale ao tamanho da Índia. No entanto, o Living Planet afirma que o
desmatamento tem caído na última década e aponta para esforços iniciativas como
as do Brasil, que apresentou uma queda de 70% no desmatamento da Amazônia
desde 2004. Além disso, as áreas e parques protegidos aumentaram de 9% a 13%
desde a Rio 92.
5. Impacto humano
O impacto humano sobre o meio ambiente é medido em três componentes: tamanho da
população, consumo e eficiência de recursos utilizados. No século passado, o principal
impacto foi causado pelo aumento populacional, que quadruplicou durante os 1900.
Desde a Rio 92, a população do planeta cresceu 26%, atingindo 7 bilhões em 2011. Ainda
assim, há uma perspectiva de diminuição na tendência. Nos últimos 20 anos, a taxa de
crescimento caiu de 1.65% para 1.2%. Possivelmente, a população pare de crescer até o
final deste século. No entanto, o aumento no consumo tem causado as maiores
preocupações em relação ao impacto humano no ambiente. A produção de comida
aumentou 45% desde a Rio 92 e a extração de materiais 41%, índice bem acima do
crescimento populacional. O mundo chega na Rio+20 com o dobro de produção de
plástico e com um crescimento de 230% na produção de cimento.
6. Agricultura
O planeta ainda consegue alimentar os 7 bilhões de habitantes porque houve
um acréscimo de 45% na produção de alimentos em 20 anos comparado a um
crescimento de 26% da população. No entanto, o relatório afirma que o
impacto ecológico é insustentável. Um dos fatores é o aumento no consumo
de carne, que passou dos 34 quilos por ano por cidadão, em 1992, a 43 quilos
ao ano, em 2011. Os rebanhos são responsáveis por 18% das emissões de gases
causadores do aquecimento global. Outro fator é que o aumento da
produtividade global se deu pelo uso de agroquímicos, que necessitam de
muita energia para serem produzidos. A estimativa é que se consome entre
sete e dez calorias para produzir uma caloria de alimento.
7. Água
A área utilizada para irrigações no mundo cresceu 21% nos
últimos 20 anos. Agora a irrigação consome 70% das águas
extraídas de rios e reservas subterrâneas. Se a chuva for levada
em consideração, a produção de alimentos responde a 92% do
consumo de água humano. Com muitos rios secando, 2,7
bilhões de pessoas sofrem com graves períodos de seca pelo
menos em um mês ao ano. O relatório lembra que a
problemática da água, uma crise global que vem emergindo
rapidamente, mal foi discutida durante a Rio 92.
8. Pesca
Apesar de os oceanos estarem sofrendo com a
escassez de peixes devido à redução dos estoques
causados pela pesca em excesso, as fontes selvagens
estão sendo substituídas por criações. A produção de
peixes sustentáveis, afirma o relatório, cresceu 260%
desde a Rio 92.
10. RIO + 20
A ECONOMIA VERDE NO CONTEXTO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
E DA ERRADICAÇÃO DA POBREZA
A “economia verde” constitui um instrumento para a aplicação de políticas e programas
com vistas a fortalecer a implementação dos compromissos de desenvolvimento
sustentável em todos os países da ONU. Para o Brasil, a “economia verde” deve ser
sempre enfocada no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da
pobreza, uma vez que os temas de economia e de meio ambiente (“verde”) não podem
ser separados das preocupações de cunho social.
O debate sobre “economia verde” aponta para oportunidades de complementaridade e
de sinergia com outros esforços internacionais, englobando atividades e programas para
atender às diferentes realidades de países desenvolvidos e em desenvolvimento. É
importante relembrar que a redução das desigualdades – em nível nacional e
internacional – é fundamental para a plena realização do desenvolvimento sustentável
no mundo.
ESTRUTURA INSTITUCIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
As discussões sobre a estrutura institucional têm buscado formas para melhorar a
coordenação e a eficácia das atividades desenvolvidas pelas diversas instituições do
sistema ONU que se dedicam aos diferentes pilares do desenvolvimento sustentável
(econômico, social e ambiental). Os países têm debatido, principalmente, maneiras
pelas quais os programas voltados ao desenvolvimento econômico, ao bem-estar social e
à proteção ambiental podem ser organizados em esforços conjuntos, que realmente
correspondam às aspirações do desenvolvimento sustentável.