O documento discute o movimento sanitarista em Leopoldina, Minas Gerais entre 1895-1930. Apresenta o contexto do higienismo no Brasil e como as cidades se tornaram foco de doenças, levando à campanha de saneamento. Destaca a instalação precoce de um Posto de Profilaxia Rural em Leopoldina, sob a liderança do médico Irineu Lisbôa, e as estratégias de saúde implementadas desde então.
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Sanitarismo em Leopoldina (1895-1930)
1. Sanitarismo em Leopoldina
(1895-1930): Fontes e
perspectivas para uma
pesquisa histórica
Professor Rodolfo Alves Pereira
Mestrando em História - PPGHB, Universo,
Niterói (RJ).
2. Higienismo – do saber popular à ciência
moderna
• Higiene e limpeza: preocupam os seres humanos desde os primórdios da
civilização.
• Higiene: a palavra vem da expressão grega Higia, antiga deusa da limpeza e
da saúde.
• Europa - segunda metade do século XIX: hábitos de higiene ajudariam a
promover o progresso econômico e social.
O corpo era visto como um instrumento de trabalho e de guerra, devendo estar
saudável e apto a executar as suas funções sociais.
Por meio da higiene, podia-se regenerar uma raça, fortalecer uma nação”
(SANT’ANNA, 2011, p. 302).
A higiene ganhou status de ciência moderna.
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3. Sanear o Brasil – cidades: oficinas das
doenças
• Final dos oitocentos: verifica-se acelerado crescimento urbano, sobretudo nas capitais. Exemplo:
Rio de Janeiro.
• Os aglomerados urbanos eram desprovidos de planejamento e de condições sanitárias básicas.
Consequência: epidemias de febre amarela, varíola etc e muitas mortes.
• Como alcançar o progresso? Por meio da ciência médica e da modernização do Brasil. Começa a
campanha do saneamento. Rio de Janeiro está na vanguarda.
• Algumas figuras importantes: Rodrigues Alves, Pereira Passos e Oswaldo Cruz.
• Campanha do saneamento: estendeu-se para os sertões. Expedição Penna-Neiva ao interior do
Brasil (1912).
• “O Brasil é um imenso hospital” - Miguel Pereira (1916).
• 1920: o governo federal criou o Departamento Nacional de Saúde Pública - passou a organizar e a
financiar metade dos serviços de profilaxia rural e dos programas de educação nos estados
brasileiros.
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4. A campanha pelo saneamento dos
sertões: Sanitarismo em Minas Gerais
• Serviço Sanitário em MG: regulamentado desde 1895.
• 1910: o Serviço foi reestruturado, mas sem causar mudanças significativas
(falta de recursos).
• Relatório do governo (1917): constatou a necessidade de uma campanha
saneadora. Seguiu-se a criação do Serviço de Profilaxia e Saneamento Rural
(apoio da Fundação Rockfeller).
• Samuel Libânio esteve à frente da Diretoria de Higiene nos anos 1920.
Adotou medidas semelhantes às de São Paulo, criando postos e subpostos
de higiene nos municípios mineiros.
• A política de saúde em Minas Gerais visava, principalmente, às regiões com
valor econômico. Zona da Mata teve atenção especial. Demais regiões,
como a do Jequitinhonha e a do Vale do rio Doce, só foram beneficiadas
tardiamente (ABREU, 2010).
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5. ABREU, J. L. N. Discurso médico-sanitário e estratégias de saneamento em Minas Gerais. In: 12º Seminário Nacional de
História da Ciência, 2010, Salvador. Anais do 12 Seminário Nacional de História da Ciência, 2010. v. 1. p. 1-15.
Postos
de
Higiene
Combate às
endemias
locais e a
surtos
epidêmicos
Inspeção
médico-
sanitária nas
escolas
Fiscalização
de gêneros
alimentícios
Higiene
urbana e rural.
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6. O quadro sanitário em Leopoldina:
algumas considerações
• Valor econômico: agropecuária, linha férrea, políticos influentes em
âmbito estadual (Família Ribeiro Junqueira).
• Opilação: uma calamidade no município.
• Pioneira na instalação do Posto de Profilaxia Rural no estado
(18/08/1918).
• Médico-sanitarista responsável: Irineu Lisbôa (1894-1987). Formou-se
na primeira turma de Medicina em Belo Horizonte; ex-aluno e
nomeado para função por Samuel Libânio.
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7. Dados extraídos do Memorial Dr. Irineu Lisboa: pioneiro da saúde pública e da radiologia no estado de Minas Gerais. p. 9.
Elaborado por Antonio Márcio Junqueira Lisboa.
Movimento do Posto de Profilaxia Rural (19 a 24 de agosto de 1918)
Latinhas distribuídas 575
Exames efetuados 407
Pessoas afetadas de opilação 225
Pessoas afetadas de outras verminoses 338
Exames negativos 70
Pessoas medicadas 234
Percentagem de opilação 55%
Percentagem de verminoses em geral 83%
Exames negativos 17%
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9. • Fonte escrita:
• Correio de Leopoldina. Edição
n. 1, 3 de janeiro de 1895. p. 5.
• Disponível na hemeroteca da
Biblioteca Nacional.
• Cobra investimentos públicos
em saneamento. Relaciona
saúde e modernidade.
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10. • Fonte iconográfica:
• Fotografia mostrando o carro
alegórico do Posto de Hygiene –
Guerra ao Mosquito (1931).
• Campanha de conscientização
em festa popular.
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11. • Fonte iconográfica:
• Fotografia. Autoridades políticas
e médicas na inauguração de
um hospital no Sul de Minas
(1921). Dentre eles destacamos
Belisário Penna, Samuel Libânio
e Irineu Lisbôa.
• Relações sociais e troca de
influências.
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12. • Fonte iconográfica:
• Fotografia. Posto de Hygiene
Municipal em Leopoldina (MG).
Inauguração da nova sede
(1929).
• Presença de autoridades
médicas e de pessoas de
destaque na sociedade local.
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13. • Fonte iconográfica:
• Fotografia. Concurso de
Robustez Infantil promovido por
Dr. Irineu Lisbôa no Centro de
Saúde (1933).
• Higienie, saúde e eugenia
caminhavam juntas. Sanear era
revigorar a raça.
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14. Algumas questões para serem
investigadas e elucidadas
• Quais eram as condições sanitárias da cidade e da zona rural em seu entorno?
• O que as elites políticas pensavam a respeito de seu povo e de suas condições higiênicas?
• Como a opinião pública (a imprensa local) tratava o assunto?
• Como eram as habitações das pessoas?
• Quais mudanças culturais, urbanísticas e sanitárias ocorreram na cidade após a instalação do Posto de Profilaxia
rural?
• Como a população local enxergava o movimento sanitário-higienista?
• Estatisticamente, qual era o quadro clínico da população local?
• Quais estratégias o médico-sanitarista utilizou para implementar suas ações higiênicas?
• Como o médico se relacionava com os demais órgãos do poder público e com a comunidade?
• Qual foi o papel desempenhado por outras instituições, como a escola e a igreja, na campanha sanitária?
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15. Bibliografia
Fontes primárias
Correio de Leopoldina (1895), Edição n. 1. Hemeroteca da Biblioteca Nacional Digital.
Fotografias: Disponíveis no site do jornal Leopoldinense. http://leopoldinense.com.br/inicio
Fotografia ao lado de Samuel Libânio e Belisário Penna. Disponível on-line: http://mentorweb.univas.edu.br/hcsl/hcsl_Interna.asp?opc=1
Fontes secundárias
ABREU, J. L. N. Discurso médico-sanitário e estratégias de saneamento em Minas Gerais. In: 12º Seminário Nacional de História da Ciência, 2010, Salvador. Anais do 12 Seminário Nacional de História da Ciência, 2010. v. 1. p.
1-15.
FRAGA, E. A. Um estudo sobre as condições sanitárias e saúde pública em Muriaé, Minas Gerais – 1920-1929. 2016. 137 f. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-graduação em História do Brasil, Universidade
Salgado Oliveira, Niterói. 2016.
HENRIQUES, A. B. Epidemias e urbanização: surtos de febre amarela na Cataguases oitocentista. 2005. 172 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Programa de Pós-graduação do Núcleo de Estudos da Saúde Coletiva,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2005.
MOTA, A. Quem é bom já nasce feito: Sanitarismo e eugenia no Brasil. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
LISBOA, A. M. J. Memorial Dr. Irineu Lisboa: pioneiro da Saúde pública e da radiologia no estado de Minas Gerais.
LOBATO, M. Mr. Slang e o Brasil e Problema Vital. São Paulo: Editora Brasiliense Ltda, 1951.
SANT'ANNA, D. B.. Higiene e higienismo entre o Império e a República. In: Mary Del Priore; Marcia Amantino. (Org.). História do corpo no Brasil. 1ed.São Paulo: Unesp, 2011, v. , p. 283-312.
SANTUCCI, J. Cidade rebelde: as revoltas populares no Rio de Janeiro no início do século XX. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2008. 15