O poema fala sobre o anseio do autor por uma paixão transformadora que o faça sentir vivo, mas também expressa angústia por se sentir ninguém. Refere-se à ilusão do amor e questiona por que se sente sufocado. Deseja partir e desaparecer sem deixar rastros, livre daquilo que usam para aprisioná-lo.
1. 07/12/2011
Duatra e seu Duplo
Anseio paixão que transforme,
uma paixão que me faça bem
nesse coração que palpita,
sussurrando a angústia de não ser ninguém
Mas quem disse que a paixão não deixa marcas?
Ó ilusão desse amor que vem vendido
Que me fazes acreditar
de que viver é o caminho a ser escolhido
Só o estático nos potencializa
Um momento sublime, um toque de artista.
Vãs vidas pesadas,
Por que me sufocas?
Eu quero apenas partir
e no tudo minguar
Desaparecer, sem rastro nem fé
Sem o anseio de mais um despertar
2. Meu corpo foi vendido
Em mil pedaços a vocês
Cada momento em que procurei enriquecê-los
Distanciei-me daquilo que vês.
Esta carta, estes versos
sustentam-me por ora
tentadora a vontade de imergir
só esta caneta não me permite partir.
Ó linha que registra e marca
Que de meu corpo “ex-tende”
Objetiva, e também foi objetivada
Entre a razão e a loucura se fende
onde se perde o artista,
num lugar escuro... duvidoso
onde se guarda apenas,
um desabafo caloroso
Extensão de mim
que queria que não tivesse fim
que se fizesse eterno
pra que a eternidade fosse sempre assim
3. eu e eu
Serei livre naquilo que usam para aprisioná-los
Morte a todos nós,
E a seus duplos que foram levados...
Fernand Duatra