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UM GRITO PELA VIDA
“E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus ele os criou; e os
criou homem e mulher. [...] E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo era
muito bom”. (Gn 1,27.31)
INTRODUÇÃO
A nossa casa comum vive uma crise, um desequilíbrio que atinge a
humanidade. A Terra grita “contra o mal que lhe provocamos por causa do uso
irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou” (Francisco, 2015. n. 2, p.
3).
De acordo com o ecofeminismo1
, a exploração da natureza relaciona-se com
a exploração dos seres humanos, especialmente das mulheres. “O princípio de
dominação regente é o mesmo. O poder dominador que perpassa os diferentes
setores, que oprime e destrói, é o mesmo” (Roese, 2008. p. 140).
Iremos abordar o modo dominador pelo qual o ser humano, especialmente o
gênero masculino, lida com os bens do planeta e como essa relação de dominação
e exploração se reproduz no contato com o gênero feminino. O Tráfico de Pessoas é
apresentado como uma das consequências dessa relação, embora não seja
unicamente alimentado por ela.
A ação da Rede Um Grito pela Vida é apontada como um meio importante
para o enfrentamento do Tráfico de Pessoas. Tal iniciativa nasceu do olhar atento e
sensível de religiosas/os e leigas/os do Brasil. Seguindo os passos de Jesus,
elas/eles decidiram assumir o compromisso de participar da luta pela extinção desse
crime que fere as pessoas em sua dignidade de filhas/os de Deus, sobretudo as
mulheres traficadas para fins de exploração sexual.
“TIRE AS SANDÁLIAS” (Ex 3,5)
Em diferentes culturas, o homem é visto como quem foi escolhido por Deus,
desde a criação, para dominar, explorar, governar a natureza e usufruir de suas
riquezas. A mulher é associada à natureza. Passiva, cabe a ela a tarefa de
reproduzir e cuidar. Segundo Roese,
1
O ecofeminismo é um movimento social que surgiu no início dos anos 1990, entre feministas que
aderiram ao ecologismo. Sendo considerado mais profundo do que a ecologia profunda, quando
oferece uma teoria ambientalista crítica e uma ética dos seres humanos para com o meio ambiente.
Pode ser considerado a “terceira onda do feminismo”. O ecofeminismo sugere o reconhecimento de
que, apesar de o dualismo natureza-cultura ser um produto da cultura, podemos conscientemente
escolher a aceitação da conexão mulher-natureza, participando da cultura, reconhecendo que a
desvalorização da doação da vida tem consequências profundas para a ecologia e as mulheres (Di
Ciommo, 2003. p. 424).
Religiões, teologias, Igrejas – em suas estruturas patriarcais – se tornaram
grandes responsáveis pelos modelos simbólicos e culturais que subjugam
natureza e seres humanos. A ideia do domínio e da subjugação da
natureza, de mulheres e de etnias é uma ideologia que tem uma história
cristã também. Começamos por usar o nome de Deus para justificar não
apenas a diferença, mas também a inferioridade. Costura-se teologicamente
uma longa história para afirmar a proximidade de Deus para com os
homens, a escolha de homens para estar mais próximos de Jesus e a
linhagem masculina do divino e do poder (2008. p. 139).
As interpretações que aproximam Deus do gênero masculino, conferem aos
homens a preferência. Sendo assim, supõe-se que eles podem dominar a natureza
e todos os seres, inclusive a mulher. A diferença e a inferioridade passam a ser
entendidas como vontade de Deus (Roese, 2008. p. 140). Tal concepção traz
consequências desastrosas para as relações sociais de gêneros. Uma delas, talvez
a mais funesta, é o Tráfico de Pessoas.
O Tráfico de Pessoas é uma chaga da humanidade. Estima-se que, no
mundo, trinta milhões de seres humano são vítimas desse crime. “Trata-se de
mulheres, crianças, adolescentes e homens submetidos a toda forma de exploração:
trabalho escravo, servidão doméstica, adoções ilegais, mendicância, tráfico de
órgãos, exploração sexual, recrutamento para práticas criminais” (Bottani, 2014. p.
11). Desse número, 75% são mulheres jovens, adolescentes e crianças (meninas).
As vítimas brasileiras são predominantemente mulheres afrodescendentes, na faixa
etária dos 10 aos 29 anos. Os principais países de destino são: Suíça, Holanda,
Espanha e Suriname. Os estados que registraram o maior número de casos são:
Pernambuco, Bahia, Goiás, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. No Brasil há mais
de 100 rotas internas (PESTRAF, 2002).
As principais vulnerabilidades que facilitam o Tráfico de pessoas no Brasil, em
especial de mulheres e crianças, segundo Leite, são:
 Econômica: falta de trabalho e qualificação profissional, responsabilidade de
sustentar a família, trabalho informal, remuneração inferior ao homem (40%
menos), trabalho irregular, falta de autonomia.
 Social: discriminação de gênero, violência doméstica, violência urbana,
discriminação racial.
 Cultural: a imagem da sensualidade da brasileira, erotismo e liberdade sexual
tanto nas propagandas de turismo quanto na literatura, língua, mídia (2015).
Neste texto, examinaremos a modalidade do tráfico de mulheres para fins de
exploração sexual, porque entendemos que, assim como a natureza é explorada,
violada e desrespeitada em seus direitos, também a mulher traficada para
exploração sexual é ofendida em sua dignidade de criatura2
.
2
Ressaltamos que a prostituição não é crime, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE), na classificação brasileira de ocupações (CBO), no item 5.198/2002, as profissionais do sexo
Há em nós uma força intrínseca que nos impulsiona a buscar o
aperfeiçoamento da própria vida (Dom Eduardo Pinheiro). Conscientes ou não,
vivemos no empenho de alcançarmos o nosso melhor, de respondermos da melhor
maneira possível ao chamado a “ser mais”. Traficantes de pessoas vendem
possibilidades e tiram proveito desse desejo humano, como nos revela o relato
abaixo:
Eu tinha uma amiga que foi à Espanha e regressou. Sempre tive aquela
ilusão de comprar-me roupas caras e não decepcionar a minha família. Fui
com a ideia de trabalhar como cabelereira, até fiz um curso aqui. Chegando
lá, eles disseram que era para fazer limpeza; ao chegar não havia nenhum
trabalho de limpeza. O dinheiro nunca chegava às minhas mãos.
Desesperei-me. Eles chegavam às três horas da tarde e eu não conseguia
levantar-me da cama, o corpo doía e vinha o desânimo. Eles aproveitavam
para oferecer-me cocaína. Tinha que aceitar para poder levantar-me da
cama. O cliente pagava mais se circulava droga. O dinheiro nunca chegava
em nossas mãos. Eles ficavam com o dinheiro e diziam que o enviavam às
nossas famílias. Depois descobri que era mentira. Cobravam multas e a
dívida nunca terminava. Eu não sabia falar italiano, isso impedia de me
comunicar com os clientes, não podia sair com o mesmo cliente mais de
três vezes para não criar vínculos (Bottani, 2014. p. 12).
O Tráfico de Pessoas, como transação comercial, segue a lei do mercado, da
demanda e da oferta, o dinheiro tem a primazia sobre a vida humana. Assim como
na relação com as riquezas naturais do Planeta, a sociedade patriarcal e capitalista
mercantiliza e explora o corpo da mulher.3
. Ouvir o “grito da terra que geme como
em dores de parto” (Rm 8,22) significa também ouvir o grito das mulheres ofendidas
pelo Tráfico de Pessoas.
A REDE UM GRITO PELA VIDA
No enfrentamento do Tráfico de Pessoas, a conscientização é um passo
fundamental. “Tocar no assunto” significa desvendá-lo, torná-lo real. Ao tratarmos do
crime do Tráfico, abordaremos também questões de gênero.
A Criação é obra do Amor, tudo que a subjuga contradiz o projeto de Deus.
“Todo o processo do tráfico humano supõe o menosprezo do outro, ao considerá-lo
como objeto de prazer. A violência sexual suprime a ternura e libera a brutalidade ao
conceber a pessoa sempre como ‘meio e não como fim em si mesmo’” (Gasda,
2013. p. 80). Assim como o valor da mulher não depende dos homens, a natureza
também vale por si mesma.
são autônomas. Já a exploração sexual é prostituição forçada; trabalho forçado de prestação de
serviços sexuais, portanto, violação de direitos.
3
De acordo com a cartilha do Plano Nacional do Governo Federal do Brasil, o Tráfico de pessoas
movimenta 32 bilhões de dólares por ano, sendo uma das atividades criminosas mais lucrativas, ao
lado do Tráfico de Armas e Drogas.
Para os cristãos, seguidores de Jesus, a opção pelos pobres se concretiza na
atenção à realidade em que a vida “clama e reclama”. Os quatro evangelhos relatam
encontros de Jesus com mulheres atingidas por diferentes tipos de sofrimentos.
Ressaltamos o texto narrado no evangelho de Lucas, em que Jesus se encontra
com a mulher que possuía um espírito que a mantinha enferma e recurvada:
Jesus estava ensinando numa sinagoga em dia de sábado. Havia aí uma
mulher que, fazia dezoito anos, estava com um espírito que a tornava
doente. Era encurvada e incapaz de se endireitar. Vendo-a, Jesus dirigiu-se
a ela, e disse: “Mulher, você está livre da sua doença”. Jesus colocou as
mãos sobre ela, e imediatamente a mulher se endireitou, e começou a
louvar a Deus (Lc 13,10-13).
A ação de Jesus desafiou a Lei do Sábado que, mal interpretada, colocava a
pessoa em “segundo plano”. Ele apresenta o Deus da vida que se comove com o
sofrimento alheio; vem ao encontro de quem se encurva pelo medo e pela dor. O
toque libertador de Jesus devolve à mulher a possibilidade de olhar de frente,
cabeça erguida para vislumbrar novos horizontes.
A erradicação do crime do Tráfico de Pessoas requer urgente mudança de
mentalidade. “O gênero humano possui duas asas: a mulher e o homem. Enquanto
uma das asas não estiver igualmente desenvolvida, a humanidade não poderá voar.
A debilidade de uma das asas impossibilita o voo” (Baha i). Diante da crise
ecológica, que é também uma crise ética, não é possível mais admitir que algumas
pessoas se sintam mais humanas, portadoras de mais direitos.
Não pode ser autêntico um sentimento de união íntima com os outros seres
da natureza, se ao mesmo tempo não houver no coração ternura,
compaixão e preocupação pelos seres humanos. É evidente a incoerência
de quem luta contra o tráfico de animais em risco de extinção, mas fica
completamente indiferente perante o tráfico de pessoas, desinteressa-se
dos pobres ou procura destruir outro ser humano que não gosta (Francisco,
2015, n.91. p. 75).
Jesus vivia em harmonia com a criação. Admirava os campos (Mt 6,26), sabia
ler os sinais da natureza (Lc 12,5), estava atendo ao desenvolvimento das sementes
plantadas na terra (Mc 4,26-27), reconhecia a força das tempestades (Mt 7, 24-27).
A matéria era o seu objeto de trabalho, era carpinteiro (Mc 6,3). Jesus não estava
separado do mundo, por isso via as pessoas e se comovia com suas histórias,
experimentava o mistério que as habitava e ia-lhes ao encontro, lavava-lhes os pés
(Jo 13,15).
Para o ser religioso, do encontro com Deus nasce o compromisso com a
defesa da vida.
A mística e a espiritualidade suscitam valores distintos, que dizem respeito
a qualidades do espírito humano, que em nosso tempo estão embaçadas ou
obstruídas. São valores essenciais como o amor desinteressado, a
compaixão, a atenção, a hospitalidade, o cuidado, a delicadeza, a paciência
e a abertura ao outro (Teixeira, 2013).
O cotidiano é o lugar deste encontro. É na trama do que acontece ao nosso
redor que o mistério se faz presente e, se há abertura, transforma nosso modo de
ser e estar no mundo.
A sintonia com esse ‘Deus delicadeza” provoca em nós o desafio
fundamental de traduzir em nossa vida algo semelhante: o cuidado e a
salvaguarda da criação; o respeito pela alteridade, por sua dignidade
singular; o exercício de atenção e escuta ao ritmo do tempo, aos seus
desafios (Teixeira, 2013).
Afasta-se de nós o desejo de “lavar as mãos” e surge uma “indignação
criativa” que nos impulsiona a buscar caminhos novos e criar alternativas. Dessa
dinâmica libertadora nasceu, no Brasil, em 2006, a Rede Um Grito pela Vida. Uma
Rede Intercongregacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. Ela reúne mais
de 250 religiosas/os e leigas/os presentes em 22 estados e no Distrito Federal, além
de fazer parte da Talitha Kum – Rede Internacional da Vida Religiosa no
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. A Rede atua no enfrentamento do Tráfico de
Pessoas com ações de prevenção e incidência política, principalmente contra o
tráfico para fins de exploração sexual, em parceria com organizações não
governamentais e governamentais, movimentos sociais e outros segmentos da
sociedade civil. É um projeto da Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB, com
núcleos em todo o Brasil (Panfleto informativo, 2015).
A organização da Rede promove, por meio de alianças, a circularidade,
relações de reciprocidade e sororidade. Seu lema é: “Enfrentar o Tráfico de Pessoas
é o nosso compromisso”. Segundo Oliveira (2013), são estas as principais atividades
desenvolvidas pelos seus membros:
 Sensibilização e informação, priorizando os grupos em situação de
vulnerabilidade, lideranças comunitárias, agentes de pastoral e outros.
 Organização de grupos de reflexão e estudo, aprofundando as causas e
situações que favorecem o Tráfico de Pessoas, como: questões de gênero,
violência, modelo de desenvolvimento, grandes construções e projetos,
grandes eventos, hedonismo midiático, aumento da precariedade do trabalho,
corrupção, impunidade, entre outras.
 Capacitação de multiplicadoras/es, visando ampliar a ação de enfrentamento
ao Tráfico de Pessoas, principalmente para fins de exploração sexual.
 Participação e mobilização social e política de incidência e efetivação de
políticas públicas de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (p. 34).
A Rede Um Grito pela Vida traz à baila o grito calado das milhares de
pessoas ofendidas por um crime “invisível”4
. A Rede é desafiada a viver sua profecia
4
A invisibilidade das pessoas em situação de Tráfico, pela subnotificação e carência de dados e
informações, torna difícil a tarefa de descobrir e medir o fenômeno (Bottani, 2014. p. 10).
inspirando-se no jeito de agir de Jesus, que revela à humanidade um Deus
misericordioso e compassivo, comprometido com o seu povo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As reflexões apresentadas até aqui podem ser ilustradas pela imagem da
conhecida parábola bíblica do Bom Samaritano (Lc 10,25-37). A empatia do
samaritano para com o homem que foi assaltado e deixado no caminho representa
os princípios básicos para o seguimento de Jesus: misericórdia e compaixão.
Colocar-se no lugar do outro e sentir com ele, sentir o outro em si mesmo. Dinâmica
que se dá a partir do movimento do “amar a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo com a si mesmo” (Mc 12,29-31). O vinho e óleo derramados nas feridas do
outro devem ser primeiro derramados nas próprias feridas. A consciência de que “eu
sou terra” e de que o outro é “carne da minha carne, sangue do meu sangue”, nasce
da consciência de criatura amada de Deus.
Toda a criação revela o Amor. O cuidado da “casa comum” é concomitante ao
cuidado dos seres humanos, principalmente daqueles a quem foi relegado o último
lugar. Diferentes em nossas constituições e necessidades, somos iguais em
dignidade. O mal realizado atinge a todos e não tem preço! O toque delicado e
revolucionário de Deus em nós abre janelas de esperança e restitui a confiança na
graça original de termos sido criados por amor, no amor, para o amor. A força para
construirmos “um outro mundo possível”, baseado nos valores femininos da
circularidade, solidariedade e da partilha, está em cada um/a de nós.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA, N. T. Português. Bíblia Pastoral. Tradução de Ivo Storniolo; Euclides
Martins Balancin; José Luiz Gonzaga do Prado. São Paulo: Paulus, 1990.
DI COMMO, R. C. Relações de gênero, meio ambiente e a teoria da complexidade.
Estudos feministas, Florianópolis, 11(2): 360, jul/dez, 2003. Disponível em:
<www.scielo.br/pdf/ref/v11n2/19130.pdf>.
FRANCISCO, Papa. Laudato Si’: sobre o cuidado da casa comum. 2015. 197 p.
Carta Encíclica, Vaticano, Roma.
GASDA, E. A Igreja na erradicação do tráfico de pessoas e da exploração da
mulher. In: OLIVEIRA, E. A. (Org.). Um grito pela vida. Brasília: 4 Cores, 2013. p.
70-87.
LEITE, Jaqueline. Tráfico de pessoas. In: ENCONTRO NACIONAL DA REDE UM
GRITO PELA VIDA, 7., 2015. Brasília.
OLIVEIRA, E. A. Enfrentar o Tráfico de Pessoas é o nosso compromisso. In:
OLIVEIRA, E. A. (Org.). Um grito pela vida. Brasília: 4 Cores, 2013. p. 27-50.
PIÑERES, M. R. Espiritualidade bíblico-pedagógica para o trabalho de
enfrentamento ao tráfico de pessoas. In: OLIVEIRA, E. A. (Org.). Um grito pela
vida. Brasília: 4 Cores, 2013. p. 121-128.
RELATÓRIO pesquisa sobre tráfico de mulheres, crianças e adolescentes para fins
de exploração sexual comercial – PESTRAF, 2002.
REVISTA CLAR. Bogotá: Conferência Latinoamericana e Caribenha de
Religiosas/os, 2014.
ROESE, A. Ecofeminismo e sustentabilidade. In: SOTER (Org.). Sustentabilidade
da vida e espiritualidade. São Paulo: Paulinas, 2008. p. 135-172.
TEIXEIRA, F. A mística nos rastros do cotidiano. IHU, São Leopoldo, nº 435, dez.
2013.Disponível em: <
http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=53
22&secao=435>.

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Um grito pela vida e contra o tráfico de pessoas

  • 1. UM GRITO PELA VIDA “E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus ele os criou; e os criou homem e mulher. [...] E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo era muito bom”. (Gn 1,27.31) INTRODUÇÃO A nossa casa comum vive uma crise, um desequilíbrio que atinge a humanidade. A Terra grita “contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou” (Francisco, 2015. n. 2, p. 3). De acordo com o ecofeminismo1 , a exploração da natureza relaciona-se com a exploração dos seres humanos, especialmente das mulheres. “O princípio de dominação regente é o mesmo. O poder dominador que perpassa os diferentes setores, que oprime e destrói, é o mesmo” (Roese, 2008. p. 140). Iremos abordar o modo dominador pelo qual o ser humano, especialmente o gênero masculino, lida com os bens do planeta e como essa relação de dominação e exploração se reproduz no contato com o gênero feminino. O Tráfico de Pessoas é apresentado como uma das consequências dessa relação, embora não seja unicamente alimentado por ela. A ação da Rede Um Grito pela Vida é apontada como um meio importante para o enfrentamento do Tráfico de Pessoas. Tal iniciativa nasceu do olhar atento e sensível de religiosas/os e leigas/os do Brasil. Seguindo os passos de Jesus, elas/eles decidiram assumir o compromisso de participar da luta pela extinção desse crime que fere as pessoas em sua dignidade de filhas/os de Deus, sobretudo as mulheres traficadas para fins de exploração sexual. “TIRE AS SANDÁLIAS” (Ex 3,5) Em diferentes culturas, o homem é visto como quem foi escolhido por Deus, desde a criação, para dominar, explorar, governar a natureza e usufruir de suas riquezas. A mulher é associada à natureza. Passiva, cabe a ela a tarefa de reproduzir e cuidar. Segundo Roese, 1 O ecofeminismo é um movimento social que surgiu no início dos anos 1990, entre feministas que aderiram ao ecologismo. Sendo considerado mais profundo do que a ecologia profunda, quando oferece uma teoria ambientalista crítica e uma ética dos seres humanos para com o meio ambiente. Pode ser considerado a “terceira onda do feminismo”. O ecofeminismo sugere o reconhecimento de que, apesar de o dualismo natureza-cultura ser um produto da cultura, podemos conscientemente escolher a aceitação da conexão mulher-natureza, participando da cultura, reconhecendo que a desvalorização da doação da vida tem consequências profundas para a ecologia e as mulheres (Di Ciommo, 2003. p. 424).
  • 2. Religiões, teologias, Igrejas – em suas estruturas patriarcais – se tornaram grandes responsáveis pelos modelos simbólicos e culturais que subjugam natureza e seres humanos. A ideia do domínio e da subjugação da natureza, de mulheres e de etnias é uma ideologia que tem uma história cristã também. Começamos por usar o nome de Deus para justificar não apenas a diferença, mas também a inferioridade. Costura-se teologicamente uma longa história para afirmar a proximidade de Deus para com os homens, a escolha de homens para estar mais próximos de Jesus e a linhagem masculina do divino e do poder (2008. p. 139). As interpretações que aproximam Deus do gênero masculino, conferem aos homens a preferência. Sendo assim, supõe-se que eles podem dominar a natureza e todos os seres, inclusive a mulher. A diferença e a inferioridade passam a ser entendidas como vontade de Deus (Roese, 2008. p. 140). Tal concepção traz consequências desastrosas para as relações sociais de gêneros. Uma delas, talvez a mais funesta, é o Tráfico de Pessoas. O Tráfico de Pessoas é uma chaga da humanidade. Estima-se que, no mundo, trinta milhões de seres humano são vítimas desse crime. “Trata-se de mulheres, crianças, adolescentes e homens submetidos a toda forma de exploração: trabalho escravo, servidão doméstica, adoções ilegais, mendicância, tráfico de órgãos, exploração sexual, recrutamento para práticas criminais” (Bottani, 2014. p. 11). Desse número, 75% são mulheres jovens, adolescentes e crianças (meninas). As vítimas brasileiras são predominantemente mulheres afrodescendentes, na faixa etária dos 10 aos 29 anos. Os principais países de destino são: Suíça, Holanda, Espanha e Suriname. Os estados que registraram o maior número de casos são: Pernambuco, Bahia, Goiás, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. No Brasil há mais de 100 rotas internas (PESTRAF, 2002). As principais vulnerabilidades que facilitam o Tráfico de pessoas no Brasil, em especial de mulheres e crianças, segundo Leite, são:  Econômica: falta de trabalho e qualificação profissional, responsabilidade de sustentar a família, trabalho informal, remuneração inferior ao homem (40% menos), trabalho irregular, falta de autonomia.  Social: discriminação de gênero, violência doméstica, violência urbana, discriminação racial.  Cultural: a imagem da sensualidade da brasileira, erotismo e liberdade sexual tanto nas propagandas de turismo quanto na literatura, língua, mídia (2015). Neste texto, examinaremos a modalidade do tráfico de mulheres para fins de exploração sexual, porque entendemos que, assim como a natureza é explorada, violada e desrespeitada em seus direitos, também a mulher traficada para exploração sexual é ofendida em sua dignidade de criatura2 . 2 Ressaltamos que a prostituição não é crime, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), na classificação brasileira de ocupações (CBO), no item 5.198/2002, as profissionais do sexo
  • 3. Há em nós uma força intrínseca que nos impulsiona a buscar o aperfeiçoamento da própria vida (Dom Eduardo Pinheiro). Conscientes ou não, vivemos no empenho de alcançarmos o nosso melhor, de respondermos da melhor maneira possível ao chamado a “ser mais”. Traficantes de pessoas vendem possibilidades e tiram proveito desse desejo humano, como nos revela o relato abaixo: Eu tinha uma amiga que foi à Espanha e regressou. Sempre tive aquela ilusão de comprar-me roupas caras e não decepcionar a minha família. Fui com a ideia de trabalhar como cabelereira, até fiz um curso aqui. Chegando lá, eles disseram que era para fazer limpeza; ao chegar não havia nenhum trabalho de limpeza. O dinheiro nunca chegava às minhas mãos. Desesperei-me. Eles chegavam às três horas da tarde e eu não conseguia levantar-me da cama, o corpo doía e vinha o desânimo. Eles aproveitavam para oferecer-me cocaína. Tinha que aceitar para poder levantar-me da cama. O cliente pagava mais se circulava droga. O dinheiro nunca chegava em nossas mãos. Eles ficavam com o dinheiro e diziam que o enviavam às nossas famílias. Depois descobri que era mentira. Cobravam multas e a dívida nunca terminava. Eu não sabia falar italiano, isso impedia de me comunicar com os clientes, não podia sair com o mesmo cliente mais de três vezes para não criar vínculos (Bottani, 2014. p. 12). O Tráfico de Pessoas, como transação comercial, segue a lei do mercado, da demanda e da oferta, o dinheiro tem a primazia sobre a vida humana. Assim como na relação com as riquezas naturais do Planeta, a sociedade patriarcal e capitalista mercantiliza e explora o corpo da mulher.3 . Ouvir o “grito da terra que geme como em dores de parto” (Rm 8,22) significa também ouvir o grito das mulheres ofendidas pelo Tráfico de Pessoas. A REDE UM GRITO PELA VIDA No enfrentamento do Tráfico de Pessoas, a conscientização é um passo fundamental. “Tocar no assunto” significa desvendá-lo, torná-lo real. Ao tratarmos do crime do Tráfico, abordaremos também questões de gênero. A Criação é obra do Amor, tudo que a subjuga contradiz o projeto de Deus. “Todo o processo do tráfico humano supõe o menosprezo do outro, ao considerá-lo como objeto de prazer. A violência sexual suprime a ternura e libera a brutalidade ao conceber a pessoa sempre como ‘meio e não como fim em si mesmo’” (Gasda, 2013. p. 80). Assim como o valor da mulher não depende dos homens, a natureza também vale por si mesma. são autônomas. Já a exploração sexual é prostituição forçada; trabalho forçado de prestação de serviços sexuais, portanto, violação de direitos. 3 De acordo com a cartilha do Plano Nacional do Governo Federal do Brasil, o Tráfico de pessoas movimenta 32 bilhões de dólares por ano, sendo uma das atividades criminosas mais lucrativas, ao lado do Tráfico de Armas e Drogas.
  • 4. Para os cristãos, seguidores de Jesus, a opção pelos pobres se concretiza na atenção à realidade em que a vida “clama e reclama”. Os quatro evangelhos relatam encontros de Jesus com mulheres atingidas por diferentes tipos de sofrimentos. Ressaltamos o texto narrado no evangelho de Lucas, em que Jesus se encontra com a mulher que possuía um espírito que a mantinha enferma e recurvada: Jesus estava ensinando numa sinagoga em dia de sábado. Havia aí uma mulher que, fazia dezoito anos, estava com um espírito que a tornava doente. Era encurvada e incapaz de se endireitar. Vendo-a, Jesus dirigiu-se a ela, e disse: “Mulher, você está livre da sua doença”. Jesus colocou as mãos sobre ela, e imediatamente a mulher se endireitou, e começou a louvar a Deus (Lc 13,10-13). A ação de Jesus desafiou a Lei do Sábado que, mal interpretada, colocava a pessoa em “segundo plano”. Ele apresenta o Deus da vida que se comove com o sofrimento alheio; vem ao encontro de quem se encurva pelo medo e pela dor. O toque libertador de Jesus devolve à mulher a possibilidade de olhar de frente, cabeça erguida para vislumbrar novos horizontes. A erradicação do crime do Tráfico de Pessoas requer urgente mudança de mentalidade. “O gênero humano possui duas asas: a mulher e o homem. Enquanto uma das asas não estiver igualmente desenvolvida, a humanidade não poderá voar. A debilidade de uma das asas impossibilita o voo” (Baha i). Diante da crise ecológica, que é também uma crise ética, não é possível mais admitir que algumas pessoas se sintam mais humanas, portadoras de mais direitos. Não pode ser autêntico um sentimento de união íntima com os outros seres da natureza, se ao mesmo tempo não houver no coração ternura, compaixão e preocupação pelos seres humanos. É evidente a incoerência de quem luta contra o tráfico de animais em risco de extinção, mas fica completamente indiferente perante o tráfico de pessoas, desinteressa-se dos pobres ou procura destruir outro ser humano que não gosta (Francisco, 2015, n.91. p. 75). Jesus vivia em harmonia com a criação. Admirava os campos (Mt 6,26), sabia ler os sinais da natureza (Lc 12,5), estava atendo ao desenvolvimento das sementes plantadas na terra (Mc 4,26-27), reconhecia a força das tempestades (Mt 7, 24-27). A matéria era o seu objeto de trabalho, era carpinteiro (Mc 6,3). Jesus não estava separado do mundo, por isso via as pessoas e se comovia com suas histórias, experimentava o mistério que as habitava e ia-lhes ao encontro, lavava-lhes os pés (Jo 13,15). Para o ser religioso, do encontro com Deus nasce o compromisso com a defesa da vida. A mística e a espiritualidade suscitam valores distintos, que dizem respeito a qualidades do espírito humano, que em nosso tempo estão embaçadas ou obstruídas. São valores essenciais como o amor desinteressado, a
  • 5. compaixão, a atenção, a hospitalidade, o cuidado, a delicadeza, a paciência e a abertura ao outro (Teixeira, 2013). O cotidiano é o lugar deste encontro. É na trama do que acontece ao nosso redor que o mistério se faz presente e, se há abertura, transforma nosso modo de ser e estar no mundo. A sintonia com esse ‘Deus delicadeza” provoca em nós o desafio fundamental de traduzir em nossa vida algo semelhante: o cuidado e a salvaguarda da criação; o respeito pela alteridade, por sua dignidade singular; o exercício de atenção e escuta ao ritmo do tempo, aos seus desafios (Teixeira, 2013). Afasta-se de nós o desejo de “lavar as mãos” e surge uma “indignação criativa” que nos impulsiona a buscar caminhos novos e criar alternativas. Dessa dinâmica libertadora nasceu, no Brasil, em 2006, a Rede Um Grito pela Vida. Uma Rede Intercongregacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. Ela reúne mais de 250 religiosas/os e leigas/os presentes em 22 estados e no Distrito Federal, além de fazer parte da Talitha Kum – Rede Internacional da Vida Religiosa no Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. A Rede atua no enfrentamento do Tráfico de Pessoas com ações de prevenção e incidência política, principalmente contra o tráfico para fins de exploração sexual, em parceria com organizações não governamentais e governamentais, movimentos sociais e outros segmentos da sociedade civil. É um projeto da Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB, com núcleos em todo o Brasil (Panfleto informativo, 2015). A organização da Rede promove, por meio de alianças, a circularidade, relações de reciprocidade e sororidade. Seu lema é: “Enfrentar o Tráfico de Pessoas é o nosso compromisso”. Segundo Oliveira (2013), são estas as principais atividades desenvolvidas pelos seus membros:  Sensibilização e informação, priorizando os grupos em situação de vulnerabilidade, lideranças comunitárias, agentes de pastoral e outros.  Organização de grupos de reflexão e estudo, aprofundando as causas e situações que favorecem o Tráfico de Pessoas, como: questões de gênero, violência, modelo de desenvolvimento, grandes construções e projetos, grandes eventos, hedonismo midiático, aumento da precariedade do trabalho, corrupção, impunidade, entre outras.  Capacitação de multiplicadoras/es, visando ampliar a ação de enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, principalmente para fins de exploração sexual.  Participação e mobilização social e política de incidência e efetivação de políticas públicas de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (p. 34). A Rede Um Grito pela Vida traz à baila o grito calado das milhares de pessoas ofendidas por um crime “invisível”4 . A Rede é desafiada a viver sua profecia 4 A invisibilidade das pessoas em situação de Tráfico, pela subnotificação e carência de dados e informações, torna difícil a tarefa de descobrir e medir o fenômeno (Bottani, 2014. p. 10).
  • 6. inspirando-se no jeito de agir de Jesus, que revela à humanidade um Deus misericordioso e compassivo, comprometido com o seu povo. CONSIDERAÇÕES FINAIS As reflexões apresentadas até aqui podem ser ilustradas pela imagem da conhecida parábola bíblica do Bom Samaritano (Lc 10,25-37). A empatia do samaritano para com o homem que foi assaltado e deixado no caminho representa os princípios básicos para o seguimento de Jesus: misericórdia e compaixão. Colocar-se no lugar do outro e sentir com ele, sentir o outro em si mesmo. Dinâmica que se dá a partir do movimento do “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a si mesmo” (Mc 12,29-31). O vinho e óleo derramados nas feridas do outro devem ser primeiro derramados nas próprias feridas. A consciência de que “eu sou terra” e de que o outro é “carne da minha carne, sangue do meu sangue”, nasce da consciência de criatura amada de Deus. Toda a criação revela o Amor. O cuidado da “casa comum” é concomitante ao cuidado dos seres humanos, principalmente daqueles a quem foi relegado o último lugar. Diferentes em nossas constituições e necessidades, somos iguais em dignidade. O mal realizado atinge a todos e não tem preço! O toque delicado e revolucionário de Deus em nós abre janelas de esperança e restitui a confiança na graça original de termos sido criados por amor, no amor, para o amor. A força para construirmos “um outro mundo possível”, baseado nos valores femininos da circularidade, solidariedade e da partilha, está em cada um/a de nós. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BÍBLIA, N. T. Português. Bíblia Pastoral. Tradução de Ivo Storniolo; Euclides Martins Balancin; José Luiz Gonzaga do Prado. São Paulo: Paulus, 1990. DI COMMO, R. C. Relações de gênero, meio ambiente e a teoria da complexidade. Estudos feministas, Florianópolis, 11(2): 360, jul/dez, 2003. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/ref/v11n2/19130.pdf>. FRANCISCO, Papa. Laudato Si’: sobre o cuidado da casa comum. 2015. 197 p. Carta Encíclica, Vaticano, Roma. GASDA, E. A Igreja na erradicação do tráfico de pessoas e da exploração da mulher. In: OLIVEIRA, E. A. (Org.). Um grito pela vida. Brasília: 4 Cores, 2013. p. 70-87. LEITE, Jaqueline. Tráfico de pessoas. In: ENCONTRO NACIONAL DA REDE UM GRITO PELA VIDA, 7., 2015. Brasília.
  • 7. OLIVEIRA, E. A. Enfrentar o Tráfico de Pessoas é o nosso compromisso. In: OLIVEIRA, E. A. (Org.). Um grito pela vida. Brasília: 4 Cores, 2013. p. 27-50. PIÑERES, M. R. Espiritualidade bíblico-pedagógica para o trabalho de enfrentamento ao tráfico de pessoas. In: OLIVEIRA, E. A. (Org.). Um grito pela vida. Brasília: 4 Cores, 2013. p. 121-128. RELATÓRIO pesquisa sobre tráfico de mulheres, crianças e adolescentes para fins de exploração sexual comercial – PESTRAF, 2002. REVISTA CLAR. Bogotá: Conferência Latinoamericana e Caribenha de Religiosas/os, 2014. ROESE, A. Ecofeminismo e sustentabilidade. In: SOTER (Org.). Sustentabilidade da vida e espiritualidade. São Paulo: Paulinas, 2008. p. 135-172. TEIXEIRA, F. A mística nos rastros do cotidiano. IHU, São Leopoldo, nº 435, dez. 2013.Disponível em: < http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=53 22&secao=435>.