THE BENEFITS THAT A SUPPLY CHAIN MANAGEMENT SYSTEM BRINGS TO GOODS DISTRIBUTION: HOW THE INTEGRATION AMONG ORGANIZATIONS MAY BENEFIT THE OUTBOUND LOGISTICS OF CONSUMER’S GOODS DISTRIBUTORS / OS BENEFÍCIOS QUE UM SISTEMA DE SUPPLY CHAIN MANAGEMENT TRAZ
Este documento discute os benefícios que um sistema de gestão da cadeia de suprimentos (Supply Chain Management - SCM) pode trazer para a logística de distribuição. Apresenta dois casos de estudo de empresas distribuidoras, uma que usa apenas um sistema ERP e outra que implementou também um sistema SCM. O SCM integra as organizações da cadeia de suprimentos e melhora a troca de informações, resultando em ganhos como redução de estoques, antecipação de problemas e melhor atendimento ao cliente.
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1. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS INTEGRADOS EMBSIG
OS BENEFÍCIOS QUE UM SISTEMA DE SUPPLY CHAIN MANAGEMENT TRAZ A DISTRIBUIÇÃO
DE MERCADORIA: COMO A INTEGRAÇÃO ENTRE ORGANIZAÇÕES PODE BENEFICIAR A
LOGÍSTICA DE SAÍDA DE DISTRIBUIDORES DE BENS DE CONSUMO.
RICARDO RABAY
MONOGRAFIA SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA ESCOLA DE ENGENHARIA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM SISTEMAS
INTEGRADOS DE GESTÃO.
Aprovada por:
________________________________________
Nome: __________________________________
________________________________________
Nome: __________________________________
SÃO PAULO, SP – BRASIL
2009
Apoio:
24/4/2009
2. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS INTEGRADOS EMBSIG
À minha futura esposa, pais e
mestres que me apoiaram e
suportaram ao longo do curso e do
desenvolvimento deste documento.
Apoio:
24/4/2009 II
3. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS INTEGRADOS EMBSIG
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais por sempre permitirem meu acesso a uma
educação de qualidade desde a base educacional até os cursos complementares de idiomas.
Aos mestres da graduação em Ciência da Computação da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, pela formação de uma base sólida de conhecimentos em computação,
permitindo desenvolver-me no mercado de trabalho.
Aos mestres da graduação em Administração do Instituto de Tecnologia Mauá (EAM -
Escola de Administração Mauá), que ofereceram o complemento sólido e necessário em
administração que me faltava para um melhor desempenho na área de Sistemas de
Informação.
Aos mestres que nos ministraram aulas e palestras ao longo do eMBSIG, que
permitiram-me atualizar e adquirir conhecimentos de total relevância para minha vida
profissional. Ao meu orientador, Leandro S. Jesus, pela paciência, orientação e
disponibilidade de acesso ao longo da construção deste texto
À Axia Consulting, por permitir acesso ao caso de sucesso na implementação da
EMBRACO.
Ao ETAPA e a UFRJ por proverem todo apoio necessário ao decorrer do eMBSIG.
E por fim aos meus amigos e familiares (em especial a Renata) pelo apoio e
compreensão de minha ausência no decorrer do desenvolvimento deste estudo.
Obrigado a todos!
Apoio:
24/4/2009 III
4. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS INTEGRADOS EMBSIG
Resumo da Monografia apresentada à Escola de Engenharia / UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Especialista em Sistemas Integrados
de Gestão.
OS BENEFÍCIOS QUE UM SISTEMA DE SUPPLY CHAIN MANAGEMENT TRAZ A DISTRIBUIÇÃO DE
MERCADORIA: COMO A INTEGRAÇÃO ENTRE ORGANIZAÇÕES PODE BENEFICIAR A LOGÍSTICA DE SAÍDA DE
DISTRIBUIDORES DE BENS DE CONSUMO.
Ricardo Rabay
Abril/2009
Orientador: Prof. Leandro S. Jesus, M.Sc.
A crescente necessidade de integração entre as cadeias de organizações em
busca de ganho competitivo vem fazendo com que a gestão da cadeia de suprimentos
torne-se uma ferramenta praticamente indispensável no conjunto de aplicações de
grandes organizações e de seus stakeholders. Este estudo visa apresentar os benefícios
proporcionados pela aplicação desta ferramenta à logística de distribuição, tomando
como exemplo casos voltados a organizações de distribuição de bens de consumo que
utilizam a solução líder de mercado para grandes organizações atualmente.
Primeiramente o leitor encontrará um embasamento teórico, visando situá-lo em meio
ao assunto que será tratado, seguido da apresentação de casos onde a aplicação da
ferramenta proporcionou ganhos à logística de distribuição, culminando na afirmação
que o Supply Chain Management influencia positivamente a logística de saída.
Palavras Chave: Supply Chain Management, Sistemas de Informação, Logística de
Distribuição.
Apoio:
24/4/2009 IV
5. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS INTEGRADOS EMBSIG
Abstract of Paper presented to Escola de Engenharia / UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements to achieve the degree of Specialist in Management Information
Systems.
THE BENEFITS THAT A SUPPLY CHAIN MANAGEMENT SYSTEM BRINGS TO GOODS DISTRIBUTION:
HOW THE INTEGRATION AMONG ORGANIZATIONS MAY BENEFIT THE OUTBOUND LOGISTICS OF
CONSUMER’S GOODS DISTRIBUTORS.
Ricardo Rabay
April/2009
Advisor: M.Sc. Leandro S. Jesus
The increasing demand for integration observed in organization’s chains
seeking competitive advantage is converting the supply chain management into an
essential feature in the set of applications used by huge organizations and their
stakeholders. This study aims to present the benefits that the application of this
feature causes in the outbound logistics, being further supported by business cases in
which consumer goods distributors uses the currently SCM market leader solution.
First, a theoretical basis will be presented, in order to familiarize the reader with the
subject of discussion and, after that, some business cases will illustrate how the use of
this feature may enhance the outbound logistics operation, culminating in the
statement that Supply Chain Management positively influences the outbound logistics.
Key Words: Supply Chain Management, Information Systems, Outbound Logistics.
Apoio:
24/4/2009 V
6. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS INTEGRADOS EMBSIG
SUMÁRIIO
SUMÁR O
1 Introdução ............................................................................................................... 14
1.1. Objetivos Gerais e Específico .......................................................................... 21
1.2. Relevância e Justificativa ................................................................................. 21
1.3. Método de trabalho e Resultados esperados ................................................. 22
2 Embasamento Teórico ............................................................................................ 23
2.1. Integração entre Organizações ....................................................................... 23
2.2. A Logística Geral e os Sistemas Logísticos ....................................................... 27
Definição................................................................................................................. 27
Histórico, Evolução e Importância atual ................................................................ 28
A Logística e a Tecnologia da Informação .............................................................. 31
2.3. Sistemas de Informações Gerenciais (SIG’s) ................................................... 33
Sistemas Integrados de Gestão .............................................................................. 33
Sistemas de Apoio a Decisão (SAD’s) ..................................................................... 39
Sistemas de Informação Gerenciais x Sistemas de Apoio a Decisão ...................... 43
3 Supply Chain Management e a Logística de Distribuição ....................................... 44
3.1. Supply Chain Management: O Conceito ......................................................... 44
Histórico e Definição .............................................................................................. 44
Conceitos Básicos ................................................................................................... 48
Modelos para Supply Chain .................................................................................... 59
3.2. Supply Chain Management: O SAD ................................................................. 75
Dos Sistemas ERP aos sistemas SCM ...................................................................... 75
Apoio:
24/4/2009
7. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
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Sistemas SCM – Ferramenta de Apoio à Decisão ................................................... 77
Sistemas SCM – Principais Funcionalidades ........................................................... 81
Sistemas SCM – Soluções de mercado ................................................................... 91
4 Estudo(s) de caso(s)................................................................................................. 93
4.1. Distribuidora Z de bens de consumo – Somente com SAP ECC (ERP) ............. 93
Estrutura organizacional......................................................................................... 94
Sistemas e recursos de TI utilizados para Supply Chain ......................................... 95
Solução Supply Chain desenvolvida no ERP ........................................................... 96
Críticas a ferramenta .............................................................................................. 99
4.2. Caso Embraco – ECC (ERP) e SCM SAP .......................................................... 101
Histórico e posicionamento no mercado ............................................................. 102
Supply Chain global da EMBRACO ........................................................................ 102
2003: Desafios do Negócio ................................................................................... 103
O Projeto OTD: Estruturando os processos do Supply Chain ............................... 104
A implementação do S&OP na Europa: O primeiro passo ................................... 105
Implementando o planejamento tático integrado (S&OP) e de curto prazo nas
Américas ............................................................................................................... 106
A estruturação e implementação do Order Fulfillment na Europa ...................... 107
A última cadeia de operações: os desafios da implementação na Ásia ............... 107
Resultados expressivos para o negócio ................................................................ 108
Próximos passos: A integração global do planejamento de operações e o
alinhamento com estratégias lean de manufatura .............................................. 110
Apoio:
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8. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS INTEGRADOS EMBSIG
4.3. A Importância do SCM como Sistema – Analisando os casos: Impactos
Positivos e Negativos na Logística de Distribuição ................................................. 110
4.4. Projetando a aplicação do SCM a Distribuidora Z ......................................... 113
5 Conclusão .............................................................................................................. 114
5.1. Considerações Finais ..................................................................................... 115
6 Bibliografia ............................................................................................................ 117
Apoio:
24/4/2009 P á g i n a |8
9. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
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ÍÍNDIICE DE IILLUSTRAÇÕES
ND CE DE USTRAÇÕES
FIGURA 1: COMPLEXIDADE DA GESTÃO ................................................................................................................ 15
FIGURA 2: EXEMPLO DE EMPRESAS OPERANDO COM A CADEIA DE VALOR .................................................................... 16
FIGURA 3: COMPLEXIDADE DE OPERAÇÕES ........................................................................................................... 18
FIGURA 4: FRAMEWORK DA CADEIA DE VALOR...................................................................................................... 23
FIGURA 5: A LOGÍSTICA EMPRESARIAL (SIMPLIFICADO) ........................................................................................... 30
FIGURA 6: EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO........................................................................................... 33
FIGURA 7: SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GERENCIAIS (SIG'S) ..................................................................................... 35
FIGURA 8: ESTRUTURA CONCEITUAL DOS SISTEMAS ERP E SUA EVOLUÇÃO DESDE O MRP ............................................. 36
FIGURA 9: SISTEMAS DE APOIO A DECISÃO ........................................................................................................... 40
FIGURA 10: EXEMPLO DA RELAÇÃO ENTRE OS SIG E OS SAD ................................................................................... 43
FIGURA 11: PRINCIPAIS COMPONENTES DA CADEIA DE SUPRIMENTOS ....................................................................... 49
FIGURA 12: DETALHAMENTO DOS PRINCIPAIS COMPONENTES DO SCM ..................................................................... 49
FIGURA 13: MODELO PARA CADEIA DE SUPRIMENTOS............................................................................................ 51
FIGURA 14: EXEMPLO DE CADEIA DE SUPRIMENTOS............................................................................................... 58
FIGURA 15: VISÃO DO SCOR SOBRE MODELOS DE REFERÊNCIA ............................................................................... 63
FIGURA 16: ABRANGÊNCIA DO MODELO SCOR - DO FORNECEDOR DO FORNECEDOR AO CLIENTE DO CLIENTE.................... 64
FIGURA 17: SUBDIVISÃO DOS PROCESSOS ............................................................................................................ 66
FIGURA 18: NÍVEIS DE DETALHAMENTO DO MODELO SCOR (TRADUZIDO) ................................................................. 67
FIGURA 19: SCM FRAMEWORK ......................................................................................................................... 68
FIGURA 20: OS 8 PROCESSOS DO FRAMEWORK DO MODELO DO GSCF ...................................................................... 70
FIGURA 21: TIPOS DE RELACIONAMENTO NO MODELO DO GSCF .............................................................................. 72
FIGURA 22: A EVOLUÇÃO DOS SI'S ATÉ O SCM ATUAL............................................................................................ 76
FIGURA 23: A RELAÇÃO ENTRE O SCM E O ERP .................................................................................................... 77
FIGURA 24: POSSÍVEIS NÍVEIS DE HIERARQUIA ENVOLVIDOS NAS ATIVIDADES DE PLANEJAMENTO ..................................... 79
FIGURA 25: MODELOS DE REFERÊNCIA PARA SCM ................................................................................................ 80
Apoio:
24/4/2009 P á g i n a |9
10. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
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FIGURA 26: MODELO DE REFERÊNCIA PARA OS SISTEMAS INTEGRADOS DE INFORMAÇÃO PARA SCM ............................... 82
FIGURA 27: PERCENTUAL DE IMPLANTAÇÃO POR SEGMENTOS DE APLICAÇÃO EM SCM ................................................. 92
FIGURA 28: ESTRUTURA DA SOLUÇÃO SAP SCM .................................................................................................. 93
FIGURA 29: ESTRUTURA DISTRIBUIDORA / PRODUTORA SIMPLIFICADA ...................................................................... 95
FIGURA 30: AUTOMAÇÃO DO ABASTECIMENTO DA DISTRIBUIDORA ........................................................................... 97
FIGURA 31: TELAS DA SOLUÇÃO DESENVOLVIDA PARA A DISTRIBUIDORA .................................................................... 99
FIGURA 32: ESCOPO DA SOLUÇÃO ADOTADA PARA DISTRIBUIDORA.......................................................................... 100
FIGURA 33: O EFEITO CHICOTE (BULLWHIP EFFECT) .............................................................................................. 100
FIGURA 34: SUPPLY CHAIN DA EMBRACO ........................................................................................................ 103
FIGURA 35: EVOLUÇÃO DOS NÍVEIS DE ESTOQUE ................................................................................................. 109
Apoio:
24/4/2009 P á g i n a | 10
11. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
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ÍÍNDIICE DE TABELLAS
ND CE DE TABE AS
TABELA 1: MARKET SHARE DE SOFTWAREHOUSES PARA SCM .................................................................................. 20
TABELA 2: EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE GESTÃO EMPRESARIAL ............................................................................... 37
TABELA 3: OS 7 PRINCÍPIOS DO SUPPLY CHAIN MANAGEMENT................................................................................. 57
TABELA 4: COMPARATIVO GSCF X SCOR ............................................................................................................ 74
Apoio:
24/4/2009 P á g i n a | 11
12. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
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LIISTA DE SIIGLLAS
L STA DE S G AS
AIS Arquitetura Integrada de Sistemas
APO Advanced Planner and Optimizer
APS Advanced Planning and Scheduling
ATO Assembly To Order
ATP Available-to-Promise
BI Business Intelligence
CAE Computer Aided Engineering
CAD Computer Aided Design
CAM Computer Aided Manufacturing
CIM Computer Integrated Manufacturing
CRM Customer Relationship Management
DSS Decision Support Systems (SAD em Português)
DM Data Mining
DRP Distribution Resource Planning
DW Data Warehouse
EAI Enterprise Application Integration
ECR Efficient Consumer Response
EDI Electronic Data Interchange
EIS Enterprise Information System
ERP Enterprise Resource Planning
ERM Employee Relationship Management
ES Enterprise Systems
EVA Economic Value Added
JIT Just- in-Time
MES Manufacturing Execution System
MIS Management Information System (SIG em Português)
MPS Master Production Schedule (PMP em Português)
MRP Material Requirements Planning
Apoio:
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13. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
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MRPII Manufacturing Resources Planning
MTO Make To Order
MTS Make To Stock
OTD Order To Delivery
OTIF On Time In Full
PCP Planejamento e Controle da Produção
PDM Product Development Management
PLM Product Lifecycle Management
PMP Planejamento Mestre da Produção
SAD Sistemas de Apoio a Decisão
SAE Sistemas de Apoio ao Executivo
SCM Supply Chain Management
SCOR Supply Chain Operation Reference Model
SIG Sistemas Integrados de Gestão
SIT Sistemas de Informação Transacionais
SLA Service Level Agreement
SOP Sales Operation Planning
SRM Supplier Relationship Management
TI Tecnologia da Informação
TOC Theory of Constraints
Apoio:
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14. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
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1 INTRODUÇÃO
Com o final do século passado e o decorrer da chamada “Era da Informação” o mundo
experimentou e absorveu um fenômeno chamado Globalização. Com a maior mudança já
sofrida em todos os tempos, na qual o mercado e o raio de ação das organizações passaram a
ser muito mais abrangentes, criou-se uma grande necessidade de adaptação ao novo
ambiente instalado.
Com este grande aumento no escopo de ação destas organizações, houve a
intensificação da necessidade de entregas de produtos nas mais diversas localidades onde os
clientes se encontravam, Assim como a disponibilidade de fornecedores, com condições
vantajosas (preços, tecnologia etc.) passou também a ser extremamente abrangente.
Apesar da abertura de novos mercados e disponibilidade de novos insumos, o antigo
modelo de “comprar o mais barato no momento” ou “apertar o fornecedor” para obtenção de
ganhos passou a não ser uma prática mais tão simples quanto antes. O cliente agora exige
mais qualidade e preço baixo, afinal a oferta neste momento é muito maior, o mercado é o
mundo. Além disso, os bons fornecedores passam a atender preferencialmente aqueles
clientes que pagam um preço melhor por seus produtos / serviços.
Assim, tornou-se imprescindível conhecer cada vez mais o cliente para saber quais as
suas reais necessidades e desejos, pois desta forma é possível saber o que oferecer no
momento certo em meio às tantas ofertas do mercado. Da mesma forma tornou-se inevitável
conhecer melhor o fornecedor, sabendo que o mesmo poderá suprir os insumos corretos com
valor e prazo compatível a operação da organização.
Apoio:
24/4/2009 P á g i n a | 14
15. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
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1
Figura 1: Complexidade da gestão
A integração entre as organizações passou a ser um grande diferencial em um
mercado extremamente competitivo como o atual. Baseado no conceito da Cadeia de Valor,
criado por Michael Porter2, diversos especialistas3, ao entender que o conceito de Cadeia de
Valor era insuficiente para representar um ambiente complexo como o atual, desenvolveram o
conceito de Redes de Valor (Value Network), demonstrando a importância de possuir uma
rede de stakeholders4 com valores que supram as necessidades da organização.
1
Extraído de http://www.scribd.com/doc/53408/SIGAula1
2
A cadeia de valor é um conceito de Michael Porter apresentado no livro Competitive Advantage no
qual ele demonstra um framework de valores principais e de apoio de uma organização, junto ao
conceito das 5 forças de Porter.
3
Clayton Christensen, Fjeldstad and Stabells, Normann and Ramirez, Verna Allee entre outros
compartilham a visão sobre a importância das organizações em rede e suas cadeias de valores.
4
Stakeholder (em português, parte interessada ou interveniente), é um termo que refere-se a qualquer
pessoa ou entidade que afeta ou é afetada pelas atividades de uma organização.
Apoio:
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16. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
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5
Figura 2: Exemplo de empresas operando com a cadeia de valor
Resumidamente podemos colocar que o modelo das organizações em redes permite
que haja uma grande integração entre as organizações em diversos aspectos, uma vez que as
mesmas podem conhecer os valores de seus pares anteriores e posteriores no processo da
cadeia.
Uma vez colocado este novo modelo atual de organizações em redes, surge a
necessidade de uma logística de operação robusta que permita suportar a execução desta
operação altamente complexa e sincronizada. Para atender um mercado extremamente
competitivo, o conhecimento de fornecedores e clientes é um diferencial de grande relevância
para as organizações.
Com a disseminação dos estabelecimentos virtuais, operando através da modalidade
de ecommerce6, portais de procurement7, entre outros, a logística se tornou mais do que
nunca um grande diferencial competitivo. Neste novo ambiente integrado, a distribuição de
5
Fonte: http://www.proofofvaluenetwork.com
6
Comércio eletrônico
7
Ambientes virtuais onde se ofertam e compram produtos e insumos, compreendendo diversas
organizações (1-n e n-n)
Apoio:
24/4/2009 P á g i n a | 16
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mercadorias aos clientes não deve ser somente geograficamente ampla ou regionalmente
eficiente (com freqüência garantida), mas há de ser também extremamente rápida e flexível
para acompanhar a demanda dos stakeholders envolvidos na rede de valor, permitindo o fluxo
contínuo de andamento desta.
Quanto ao local de armazenagem e de industrialização dos produtos não basta
somente estar localizado em um ambiente protegido ou seguro, este deve ser
estrategicamente localizado de forma a garantir a agilidade e a velocidade da distribuição. Ao
transporte, nesta nova configuração, não basta ter segurança e confiabilidade somente, os
custos envolvidos devem ser baixos e a entrega rápida.
Imagine as operações de recebimento, processamento e distribuição envolvidas na
logística de cada organização para um ambiente como o atual, com altos graus de exigência.
Agora extrapole o controle de toda esta operação logística, operando de forma síncrona entre
cada componente da rede de valor.
O que temos em mente no momento seria seguramente um ambiente caótico com
operações travadas e atrasos caso não houvesse um grande auxílio da tecnologia para que seja
possível orquestrar toda essa movimentação com a confiabilidade necessária e prazos
sincronizados.
Hoje possuímos em todas as grandes organizações sistemas de planejamento dos
recursos empresariais (ERP’s8) que controlam toda a parte contábil, fiscal e logística da
operação. Estes sistemas trouxeram um grande ganho e agilidade aos processos internos das
empresas, porém foram concebidos com o intuito de controlar custos e contabilizações.
8
Enterprise Resource Planning. Amplamente difundidos estes tipos de sistemas permitem efetuar a
gestão integrada das operações internas de uma ou mais organizações, além de facilitar a comunicação
com sistemas externos.
Apoio:
24/4/2009 P á g i n a | 17
18. GRUPO DE PRODUÇÃO INTEGRADA COPPE & ESCOLA DE ENGENHARIA/ UFRJ
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Apesar de terem desenvolvido bem seus módulos9 logísticos, estes atendem bem
quando o escopo é a operação de uma empresa, porém ao extrapolarmos a amplitude para
um ambiente que opera em rede, os mesmos não atendem satisfatoriamente a complexidade
da operação.
Como exemplo imagine a complexidade que possui a logística de distribuição de uma
organização distribuidora de produtos de bens de consumo. Para atender as exigências de
mercado, uma vez inserida em uma rede, torna-se necessário, além de controlar suas
atividades, efetuar o papel de coordenadora das interações entre os stakeholders da rede.
10
Figura 3: Complexidade de operações
Imagine que nesta operação extremamente complexa, cada componente da rede
possua um sistema ERP e que estes tenham que interagir entre eles. Uma vez que são
ferramentas operacionais e permitem interações com sistemas externos, é possível com alguns
desenvolvimentos efetuar uma integração entre eles.
Com a rede operando integrada é possível agilizar processos e troca de informações,
porém, lembrando que os ERP’s são sistemas desenvolvidos para efetuar transações
operacionais, como podemos decidir se para a rede é mais interessante produzir o produto X
9
Conjunto de operações de uma área. Ex.: Compras, Vendas, Contabilidade etc.
10
Adaptado de http://www.eil.utoronto.ca/iscm-descr.html
Apoio:
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na fábrica A ou na fábrica B, levando em conta a disponibilidade de insumos e prazo de
entrega dos fornecedores α e β e os anseios e necessidades dos clientes 1 e 2?
Percebe-se que a operação torna-se extremamente complexa para ser gerenciada pela
Distribuidora (no papel de coordenadora), por mais integrações que existam entre os sistemas
ERP de cada organização. Para este cenário torna-se necessária a implantação de uma
ferramenta analítica que possa atuar de forma integrada com cada sistema de gestão da rede,
permitindo que este exerça o papel que lhe é cabido: executar, agilizar e facilitar a operação;
deixando o papel de coordenação para um sistema analítico.
Hoje existem os mais diversos tipos de sistemas de análise e planejamento, cada um
com seu foco, seja ele no cliente (CRM11), no fornecedor (SRM12), na cadeia de abastecimento
/ demanda (SCM), entre outros. As opções no mercado de fornecedores de software de gestão
ainda são restritas, porém bem maduras devido ao desenvolvimento de aplicativos específicos
(agora transformados em ferramenta) ao longo dos anos.
É possível através do gráfico abaixo identificar os principais fornecedores e verificar
que as grandes softwarehouses13 do mercado estão tendo um maior crescimento conforme a
disseminação da ferramenta. Em contrapartida a grande parte dividida em “Outros” está
diminuindo, demonstrando que os aplicativos específicos estão perdendo mercado para os
conjuntos de ferramentas oferecidos pelos principais players.
11
Customer Relationship Management – Gerenciamento do relacionamento com o cliente
12
Supplier Relationship Management – Gerenciamento do relacionamento com o fornecedor
13
Produtores de software
Apoio:
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Market Share SCM
2006 2007
52,50%
56,80%
22,40%
16,00%
20,00%
14,90%
3,90%
2,70%
2,60%
2,70% 3,00% 2,70%
SAP Oracle JDA Software Ariba Manhatan Ass.
Outros
Vendas Market Share Vendas Market Share
Empresa Crescimento
2007 (Us$ mil) 2007 2006 (Us$ mil) 2006
SAP 1.334,40 22,40% 1.011,60 20,00% 31,90%
Oracle 955,20 16,00% 757,50 14,90% 26,10%
JDA Software 229,60 3,90% 137,20 2,70% 67,40%
Ariba 160,30 2,70% 150,70 3,00% 6,30%
Manhatan Ass. 152,20 2,60% 134,60 2,70% 13,00%
Outros 3.131,50 52,50% 2.878,50 56,80% 8,80%
Total 5.963,20 100,00% 5.070,10 100,00% 17,60%
14
Tabela 1: Market Share de softwarehouses para SCM
Colocados os pontos discutidos até o momento, podemos identificar a relevância da
discussão sobre a ferramenta de Supply Chain Management (SCM), voltada à logística de
distribuição. Para facilitar o entendimento da aplicação e apresentação dos benefícios
proporcionados pela aplicação desta ferramenta analítica iremos tomar como exemplo casos
voltados a distribuidora de bens de consumo que utilizam a solução líder de mercado para
grandes organizações atualmente.
14
Fonte: Gartner (Maio, 2008). Obtido em http://www.sdcexec.com
Apoio:
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1.1. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICO
Objetivos Gerais:
Apresentar os benefícios que um sistema de gerenciamento da cadeia de suprimentos
pode proporcionar à logística de saída com foco em organizações que são distribuidoras de
bens de consumo.
Objetivos Específicos:
Permitir ao leitor conhecer a fundo os benefícios e perdas que um sistema de
gerenciamento da cadeia de suprimentos (SCM - Supply Chain Management) pode trazer a
distribuição de organizações que trabalham com bens de consumo.
1.2. RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA
A crescente necessidade de integração entre as cadeias de organizações em busca de
ganho competitivo vem fazendo com que a gestão da cadeia de suprimentos torne-se uma
ferramenta praticamente indispensável no conjunto de aplicações de grandes organizações e
de seus stakeholders.
Desta forma o tema torna-se relevante pela atualidade e pela crescente utilização nas
mais diversas organizações e setores da indústria. Os ganhos relatados pelos usuários desta
ferramenta de gestão desperta cada vez mais o interesse das cadeias de organizações em
possuir uma integração em prol do benefício mútuo.
O SCM (Supply Chain Management) vem sendo considerado a evolução dos módulos
de logística, que previamente eram contemplados em aplicações específicas ou em sistemas
ERP (Enterprise Resource Planning), que vem se mostrando insuficientes em ambientes
extremamente complexos.
Apoio:
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Além disso, como especialista no módulo de Logística na ferramenta de ERP da SAP, o
tema desperta interesse pessoal e dos profissionais de logística devido à ligação direta com a
solução de sistemas de gerenciamento voltados à área. O fato deste estudo ser
especificamente voltado a empresas de distribuição de bens de consumo, seguramente
despertará o interesse dos stakeholders envolvidos em cadeias de organizações semelhantes.
1.3. MÉTODO DE TRABALHO E RESULTADOS ESPERADOS
O estudo estará estruturado de forma que seja apresentado um embasamento teórico,
visando situar melhor o leitor em meio ao assunto que será tratado, seguido da apresentação
de casos onde a aplicação da ferramenta proporcionou ganhos à logística de distribuição em
comparação com um caso onde não houve a aplicação da ferramenta. Por fim o estudo tem
como objetivo corroborar com a afirmação de que os sistemas de Supply Chain Management
influenciam positivamente a logística de saída e trazem ganhos a distribuição para o cliente.
Como premissa ao leitor, relacionada ao texto que este encontrará, o objeto de estudo
deste trabalho não é demonstrar em detalhes os algoritmos de cálculo utilizados para calcular
previsões de demanda, abastecimento, entre outros e sim apresentar os recursos
disponibilizados nestes sistemas e quais as razões da aplicação destes nas organizações podem
trazer diversos benefícios à logística de distribuição.
Espera-se que ao final do estudo o leitor possa conhecer genericamente o
funcionamento de um sistema de gerenciamento da cadeia de suprimentos e suas aplicações
na logística de distribuição, além de constatar que o sistema de distribuição das organizações é
diretamente beneficiado através de uma integração entre organizações, através de um sistema
de gerenciamento da cadeia de suprimentos.
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2 EMBASAMENTO TEÓRICO
2.1. INTEGRAÇÃO ENTRE ORGANIZAÇÕES
Antes de entendermos o conceito de Cadeia de Abastecimento (Supply Chain) torna-se
necessário construir um modelo mental de como a relação entre as organizações se dá no
mundo atual. Uma representação aceita mundialmente e amplamente utilizada para
representar uma organização é Cadeia de Valor, apresentada por Michael Porter em seu livro
Competitive Advantage (1985).
O framework da Cadeia de Valor é um modelo que permite analisar atividades
específicas pelas quais as organizações podem criar valor e vantagem competitiva.
Porter divide o modelo em Atividades Primárias e Atividades de apoio para representar
uma organização.
15
Figura 4: Framework da Cadeia de Valor
ATIVIDADES PRIMÁRIAS
Logística de Compras (Inbound Logistics): Inclui recebimento, armazenamento,
gerenciamento de estoque e gerenciamento de transportes.
15
Extraído de http://www.valuebasedmanagement.net/methods_porter_value_chain.html, baseado no
livro de Michael E. Porter - Competitive Advantage: Creating and Sustaining Superior Performance
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Operações - Produção (Operations): Inclui maquinário, embalagem,
montagem, manutenção de equipamentos, testes e outras atividades de
criação de valor que transformam os insumos em produto acabado.
Logística de Distribuição (Outbound Logistics): Atividades que são necessárias
para levar o produto acabado até ao cliente: gerenciamento de armazém,
atendimento de pedidos, transporte e gerenciamento da distribuição.
Marketing e Vendas (Marketing and Sales): As atividades associadas a trazer os
clientes à compra dos produtos, incluindo a seleção do canal de vendas,
propaganda, promoção, vendas, precificação, varejo etc.
Serviços (Service): As atividades que mantém e melhoram o valor do produto,
incluindo atendimento ao cliente, serviços de reparo, instalação, treinamento,
gerenciamento de peças de reposição, melhorias etc.
ATIVIDADES DE APOIO
Compras – Aquisição (Procurement): Cotação e compra de insumos, serviços,
peças de reposição, imóveis, máquinas etc
Desenvolvimento de tecnologia (Technology Development): Inclui o
desenvolvimento de tecnologia para apoiar as atividades da cadeia de valor,
assim como pesquisa e desenvolvimento, automação de processos, desenho e
redesenho.
Gerenciamento de recursos humanos (Human Resource Management): As
atividades associadas com recrutamento, desenvolvimento (educação),
retenção e recompensa de empregados e gerentes.
Infraestrutura (Firm Infrastructure): Inclui gerenciamento geral, planejamento,
direito, finanças, contabilidade, relações públicas, gerenciamento da qualidade
etc.
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Ao separar uma organização por suas atividades de relevância estratégica, torna-se é
possível ter uma visão geral de cada componente, permitindo traçar seus valores e identificar
possíveis ajustes a serem feitos. Representar uma organização através da Cadeia de Valor nos
permite ter de forma sintética o conjunto de produtos, serviços e benefícios que esta pode
oferecer.
Com a complexidade do ambiente atual, surgiu a necessidade de existir uma melhor
representação que pudesse contemplar não somente a organização e seus relacionamentos
internos e externos, mas sim um conjunto de organizações e como estes se relacionam entre si
em um mesmo ambiente.
O conceito de redes de valor vai além de analisar a organização como uma única
cadeia de valor, propondo que existem conjuntos internos e externos de valores à uma ou
mais organizações que compartilhem um mesmo modelo de negócio.
Segundo Clayton Christensen, redes de valor são "O conjunto dos fornecedores, canais
para o mercado e colaboradores que apóiam um mesmo modelo de negócio dentro de uma
indústria. Quando prováveis perturbadores entram em uma rede de valor existente, estes
devem adaptar os seus modelos de negócios conforme a rede de valor atual e, portanto, não
causar perturbação porque estes se tornam co-optados."
Freqüentemente, as Redes de Valor são consideradas por compor grupos de empresas
que trabalham em conjunto para produzir e distribuir um produto ao cliente. As relações entre
os clientes de uma única organização são exemplos de como redes valor pode ser encontradas
em qualquer organização. As empresas podem acessar os seus clientes diretamente, como,
por exemplo, através do telefone ou indiretamente através da combinação os recursos
próprios ou dos clientes juntos.
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O objetivo das redes de valor é gerar benefícios para todos stakeholders envolvidos na
rede. O valor do conhecimento intangível dentro destas redes é tão importante como um valor
monetário. Com o propósito de obter sucesso uma rede deve compartilhar o conhecimento de
forma que as melhores situações ou oportunidades possam ser criadas para seus
componentes, ou seja, uma rede deve trabalhar alinhada de forma que o propósito de obter
um resultado conjunto tenha prioridade em relação ao resultado individual.
Segundo Fleury16, existem dois tipos de integração entre empresas, a serem
considerados: integração através de Redes e integração através das Cadeias Produtivas. A
diferença entre as duas está diretamente relacionada com o poder de barganha, o qual
estabelece os papéis dos participantes e as regras para as operações integradas.
As Cadeias Produtivas são comandadas por empresas que estabelecem as regras de
formação e apropriação de valores. De uma forma geral este tipo de configuração envolve
questões de poder. Ex. a Cadeia da indústria automobilística. As Redes envolvem parcerias
entre empresas que tem o mesmo poder de barganha e interesses e competências
complementares. Como exemplo citamos as parcerias entre empresas da área de petróleo e
seus prestadores de serviços na área de engenharia. Neste caso, no desenvolvimento de
tecnologias específicas, as companhias de petróleo contam com seus parceiros especializados
e em geral estabelecem parcerias de longo prazo.
Este conceito será complementar a outros que se seguirão ao longo deste estudo e
deve ser considerado de suma importância para a boa prática do gerenciamento da cadeia de
suprimentos e distribuição de mercadorias.
16
FLEURY, Afonso - The changing pattern of Operations Management In developing countries
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2.2. A LOGÍSTICA GERAL E OS SISTEMAS LOGÍSTICOS
Definição
Ultimamente a palavra Logística tem sido associada apenas para indicar a
movimentação de mercadorias (transporte). Porém, como podemos verificar nas definições
abaixo, o termo Logística representa muito mais do que somente mera movimentação de bens
e insumos.
Segundo o dicionário Aurélio, o termo Logística vem do francês Logistique, explicando
este como "a parte da arte da guerra que trata do planejamento e da realização de: projeto e
desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição, reparação, manutenção
e evacuação de material para fins operativos ou administrativos".
Segundo Ballou (1993, p.24):
“A logística empresarial trata de todas atividades de movimentação e armazenagem,
que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de
consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento,
com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável.”
Uma definição um pouco mais atual, já integrada à gestão da cadeia de Suprimentos, é
a do CSCMP:
“Gerenciamento Logístico é aquela parte da gestão da cadeia de suprimentos que
planeja, implanta e controla o eficiente, eficaz fluxo de saída e reverso e a armazenagem de
Apoio:
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mercadorias, serviços e informações relacionadas entre o ponto de origem e o ponto de
consumo, a fim de satisfazer os requisitos dos clientes.”17
Histórico, Evolução e Importância atual
Desde a antiguidade a Logística faz parte da História da humanidade e das
organizações. Naquela época era necessário que os habitantes vivessem próximos as fontes de
suprimentos, pois os recursos de armazenagem e transporte eram escassos, devido a limitação
tecnológica.
Na Grécia, por volta do século III a.C., a Logística era conceituada como a arte de
calcular (aritmética aplicada). Já no inicio do século XVII, na França, o conceito logístico foi
introduzido ao mundo através da guerra. Devido às crescentes dificuldades operacionais
(posicionamento, transporte etc), os franceses criaram a patente de General de Lógis (do
verbo francês Lôger, que significa alojar) para coordenar as ações relacionadas às operações
da guerra.
Apesar da extrema importância do assunto, só no inicio do século XIX, a Logística foi
reconhecida do ponto de vista acadêmico, passando a ser estudada como ferramenta
estratégica e introduzida nas organizações, após algumas modificações, do conceito original.
CHING18 relata em sua obra que até 1950 as atividades da logística estavam dispersas pelas
mais diversas áreas. Com a falta de uma área específica, os conflitos eram constantes, uma vez
que nenhum departamento preocupava-se em tratar toda a operação e sim somente a parte
que lhe era competente. O desenvolvimento real da área ocorreu somente quando a área de
Marketing começa a ganhar destaque, voltando a área de produção para o consumidor.
17
Definição de gerenciamento logístico do Council of Supply Chain Management Professionals
18
CHING, Hong Yuh. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada – Supply chain (1999, p.20-25)
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Após a Segunda Guerra Mundial, as organizações, com o mercado em recessão foram
forçadas melhorar a produtividade, além de reduzir os custos. Devido a esta necessidade, a
área de logística passou a ganhar destaque, pois permitia a otimização de custos, através de
seus controles. Em meados à década de 1970, a logística já estava implantada em diversas
organizações, porém ainda visando somente a redução de custos e não a otimização de
processos.
A evolução da logística continuou desenvolvendo-se através das décadas. Em 1980, a
logística possuía apenas foco nas metodologias e modais de transportar, e armazenar. Daí
surge o errôneo estigma que perdura até a presente data, resumindo de forma simplista
logística a transporte.
Já na década de 1990, a abrangência da logística começa a tomar a forma atual, pois
através dos cálculos iniciou-se a geração de conhecimento científico, dos estudos das relações,
dispersões e movimentos etc.; voltados à Administração de Materiais, Distribuição,
Movimentação e Armazenagem de Produtos.
Com o passar dos anos e o desenvolvimento dos mercados as organizações passaram a
se preocupar com a gestão de suprimentos, de forma a aperfeiçoar seus processos. Em um
ambiente muito mais complexo e amplo, com foco em Controle, Planejamento, Tecnologia da
Informação, Finanças e Serviço ao Cliente. Todas essas evoluções, aliadas ao processo de
globalização, trouxeram novos desafios para as organizações, introduzindo o conceito de
Logística Integrada que proporciona trabalhar em uma operação complexa no mercado
competitivo do mundo globalizado.
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19
Figura 5: A Logística Empresarial (Simplificado)
No Brasil, a Logística surgiu apenas no inicio da década de 1980, após a explosão da
Tecnologia da Informação através de algumas associações que tinham a difícil missão de
disseminar este novo conceito, voltado para as organizações. Apesar da grande divulgação e a
reconhecida importância do tema em um país de dimensões grandes como o Brasil, somente
ao final da década de 1990 surgiram as graduações e especializações e até mesmo os cursos de
aperfeiçoamentos na área especifica.
Mesmo com a evolução da logística no país, ainda hoje são mais utilizadas as
experiências práticas que o conhecimento cientifico. Porém estas práticas mostram-se
insuficientes para atender o mercado competitivo e exigente, ávido pela excelência e a eficácia
no atendimento. Podemos afirmar que seguramente que o ponto mais vulnerável na Logística
atualmente é o capital humano, que apesar do conceito, relativamente novo no Brasil, em
função do pouco tempo, foi menos desenvolvido, que as tecnologias. As organizações chegam
a ponto de ruptura do desenvolvimento por falta destes profissionais.
Exaltando a importância da área podemos dizer que a Logística, por ser uma grande
controladora de diversas operações, é ainda a principal iniciativa de redução de custo de uma
organização. Hoje é difícil se pensar em otimização dos recursos (produtividade) e redução de
19
FONTE: Adaptado de Ballou (1993)
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custos sem que não se pense em Logística antes, daí a necessidade de aliar conhecimento,
habilidade, tecnologia e capital humano qualificado para planejar e operar este componente
tão importante das organizações e que cada vez mais ultrapassa o limite de uma organização,
integrando-se a rede.
A Logística e a Tecnologia da Informação
Apesar da informação sempre ter sido um elemento de vital importância nas
operações logísticas, com as possibilidades oferecidas atualmente pela tecnologia, ela está
impulsionando também a estratégia competitiva da logística. Com o desenvolvimento do
conceito do MRP, MRP II e sua evolução para os Sistemas de Informações Gerenciais (SIG),
mais popularizados pelos ERP’s, a operação da Logística ganhou agilidade na apuração de
custos e controle da operação.
Segundo BALLOU (1993, p.278), “Os sistemas de informações gerenciais referem-se a
todo equipamento, procedimentos e pessoal que criam um fluxo de informações utilizadas nas
operações diárias de uma organização e no planejamento e controle global das atividades da
mesma”. Seguindo, BALLOU (1993, p.279) segue especificando que os sistemas de informações
logísticos são um subsistema do SIG com as “informações especificamente necessárias a
administração logística”.
Para BOWERSOX e CLOSS (2001, p.176) as necessidades de informações logísticas
podem ser divididas em quatro níveis funcionais dentro da empresa:
Nível transacional, que diz respeito ao registro das atividades logísticas
individuais e consultas;
Apoio:
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Nível de controle gerencial que está relacionado a avaliação de desempenho e
elaboração de relatórios;
Nível de análise de decisão que utiliza a informação para identificar, avaliar e
comparar alternativas logísticas táticas e estratégicas; e
Nível de planejamento estratégico que trata a estratégia logística, o qual
envolve a definição de metas, políticas e objetivos, decidindo a estrutura
logística global.
Podemos ainda complementar esta relação entre a Tecnologia da Informação e a
Logística falando de sistemas específicos, complementares ou substitutos a módulos dos ERP’s,
como, por exemplo:
Sistemas de WMS´s (Warehouse Management Systems ou Sistemas de
Gerenciamento de Armazém) - utilizado para controlar e otimizar a
movimentação de mercadorias;
Os sistemas de Rastreamentos (tecnologia embarcada) - utilizado para
rastrear as unidades móveis de diversos tipos modais;
Roterizadores – utilizados para otimizar as rotas, proporcionando a menor
dispersão de tempo e quilometragem possível;
Etiquetas RFID (Radiofrequency Identification Data ou Identificação Via
Radiofreqüência) – Conhecido também como etiquetas inteligentes, utilizado
para comunicação e identificação de produtos, via rádio freqüência, bem
como a separação de mercadorias por comando de voz, que utiliza a
tecnologia RFID;
RFDC - Radiofrequency Data Collection ou Coleta de Dados por
Radiofreqüência;
Entre outros.
Apoio:
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2.3. SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS (SIG’S)
Sistemas Integrados de Gestão
Os Sistemas de Informação (Information Systems) são aqueles que efetuam o
tratamento do processo de coleta, armazenamento, processamento e recuperação da
informação. Um SI pode ser composto por um único computador ou por vários.
Para LAUDON & LAUDON (2004), Sistemas de Informação são o “Conjunto de
componentes inter-relacionados, trabalhando juntos para coletar, recuperar, processar,
armazenar e distribuir informação com a finalidade de facilitar o planejamento, o controle, a
coordenação, a análise e o processo decisório em empresas e outras organizações”
20
Figura 6: Evolução dos Sistemas de Informação
20
Extraído de http://www.scribd.com/doc/53408/SIGAula1
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Como podemos ver na Figura 6, os Sistemas de Informação vem sofrendo evoluções
constantes desde a década de 1950. Baseados no artigo publicado por LUPPI (2008)21 podemos
dizer que devido à existência de diferentes interesses, especialidades e níveis em uma
organização, são necessários diversos tipos de sistemas de informação, pois nenhum sistema
individual pode atender todas as necessidades de uma organização.
Este define a classificação destes em principais tipos de sistemas em:
Sistemas do nível operacional: prover apoio a gerentes operacionais, tais como
vendas, controle de estoque, faturamento, etc.;
Sistemas do nível de conhecimento: envolvem as estações de trabalho e
automação de escritório a fim de controlar o fluxo de documentos, como por
exemplo, sistemas de correio eletrônico e gerenciamento de documentos;
Sistemas do nível gerencial: tem como função atender atividades de
monitoração, controle, tomada de decisões e procedimentos administrativos
dos gerentes intermediários; e
Sistemas do nível estratégico: Permitem a diretoria analisar questões e
tendências, tanto no ambiente externo como interno a empresa, tais como
análise de tendências de vendas, planejamento de operações a longo prazo,
planejamento de curvas de lucro e investimento.
Uma vez aplicados a uma organização inserida no mercado de negócios, este tipo de
sistema passa a basicamente prover suporte de seus processos e operações, suporte em suas
estratégias e suporte no apoio às tomadas de decisões.
21
Iria Luppi, Tipos de Sistemas de Informação na empresa.
Apoio:
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Para CAMEIRA (2003, p. 105) Sistemas de Informação Gerencial ou simplesmente SIG
(MIS – Management Information System)22 são “O conjunto de sistemas que manipulam,
diretamente, as informações que são tratadas e utilizadas pelos processos de negócio da
empresa e desta com seus fornecedores,clientes e colaboradores (parceiros, empregados,
etc.)...”.
23
Figura 7: Sistemas de Informação Gerenciais (SIG's)
Voltando a Figura 6, onde colocávamos a evolução dos SIG’s em uma linha do tempo,
podemos verificar que conforme as exigências do mercado aumentavam, novos tipos de
sistemas eram exigidos. A indústria foi uma das principais responsáveis por essa evolução, ao
passar pelos modelos de planejamento de materiais (MRP – Materials Requirements Planning),
planejamento de produção (MRP II – Manufacturing Resources Planning), aliados a
necessidade de integração das diversas áreas da empresa. Com isso surge uma nova classe de
SIG, denominada ERP (Enterprise Resource Planning), ou seja, Planejamento dos Recursos
Empresariais.
22
Apenas como conhecimento adicional DAVENPORT (2000) – apud. CAMEIRA 2003 – referencia-se aos
Sistemas Integrados de Gestão simplesmente como Sistemas Empresariais (Enterprise Systems - ES)
23
Extraído de http://www.scribd.com/doc/53408/SIGAula1
Apoio:
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24
Figura 8: Estrutura conceitual dos sistemas ERP e sua evolução desde o MRP
CHOPRA e MEINDL (2003) definem ERP como sistemas que fornecem rastreamento e
visibilidade global da informação de qualquer parte da empresa e de sua Cadeia de
Suprimentos, possibilitando desta forma tomar decisões inteligentes. Seguindo estes
complementam sua definição afirmando que o ERP é um sistema integrado, que permite um
fluxo de informações único, contínuo e consistente a toda organização e, principalmente, sob
uma única base de dados.
Além disso, para CHOPRA e MEINDL (2003), o ERP é tido como uma importante
ferramenta para a melhoria de processos de negócios (produção, compras ou distribuição)
com informações on-line e em tempo real, permitindo visualizar por completo as transações
efetuadas pela organização, desenhando um amplo cenário de seus negócios.
Em uma visão mais ampla, CAMEIRA (2003) expõe que o uso dos ERP’s impacta não
somente nas diversas áreas da empresa, mas na “...estrutura organizacional, a cultura e a
estratégia da empresa, alterando seus processos, a forma como realiza suas atividades”.
Seguindo, o autor complementa sua idéia expondo que devido ao ganho proporcionado pela
24
Adaptado de PADILHA & MARINS apud. CORRÊA et al. (1999, p.350)
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integração estes forçam o “redesenho dos processos”, simplificando o fluxo de informações
causando reformulações na estrutura das organizações que passam a ser “...mais
horizontalizadas, flexíveis e democráticas...”, formando “Um efeito de rede” no processo de
mudanças da organização.
25
Tabela 2: Evolução dos Sistemas de Gestão Empresarial
Apesar de ser um grande promotor de mudanças e de proporcionar um grande
controle sob as operações da organização, os sistemas ERP ou Planejamento dos Recursos da
Empresa, em sua tradução literal, não refletem através de sua descrição sua real
funcionalidade. Segundo PADILHA & MARINS, referenciando KOCH, SLATER e BAATZ (1999)
sobre a descrição do ERP citam "…esqueça a parte do planejamento - ele não o faz, e esqueça
os recursos, é apenas um termo de ligação. Mas lembre-se da parte da empresa. Esta é a real
ambição dos sistemas ERP".
Podemos verificar nas mais diversas organizações a veracidade da afirmação acima.
Desde sua concepção os ERP’s foram desenhados para oferecer um controle do fluxo de
operações, sendo fortemente embasados pelo controle de custos e contábil. Mesmo
possuindo em seu cerne toda a inteligência do MRP (I e II), JIT, SOP26, entre outros estes estão
ainda voltados à operação, ou seja, toda a atividade de Planejamento deve ser executado fora
25
Extraído de MAZUTTI,Caroline, MAÇADA, Antonio Carlos G., RIOS, Leonardo R.O Impacto do ERP na
Gestão da Cadeia de Suprimentos.
26
SOP – Sales Operation Planning, que traduzido significa Planejamento de Operações para Vendas, ou
seja, a estimativa do que deverá ser produzido / comprado para atender as vendas.
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do sistema (ou em outro sistema) e posteriormente seus resultados inseridos (seja por meio
eletrônico ou manual) no ERP para que este permita “operacionalizarmos” as informações.
Um exemplo clássico desta insuficiência para o planejamento seria o da otimização da
distribuição de mercadorias aos clientes. Imagine a operação de uma distribuidora que precise
efetuar algumas entregas a clientes que estejam localizados em áreas com restrição de
circulação de grandes veículos e horários. Contudo o envio da mercadoria desde a
distribuidora deve ser efetuado em carretas, devido a custos e espaço para carregamento.
A maioria dos sistemas de ERP atuais estão preparados para receber tais informações e
operacionalizá-las, porém não possuem a inteligência para definir qual a melhor rota e como
deverá ser a transição do grande carregamento para veículos menores. Toda esta tarefa
deverá ser feita previamente e depois inserida no ERP para que este possa efetuar as tarefas
de cálculo de frete, faturamento e documentos fiscais, entre outros.
Outro exemplo clássico é o do cálculo do ponto de reabastecimento de um centro de
distribuição avançado. A maioria dos ERP’s atuais permite a inserção dos valores a serem
considerados pelo MRP, gerando as necessidades de produção, compras e transferências,
porém em nenhum momento este oferece a inteligência de como chegar neste número. Mais
uma vez torna-se necessária a intervenção manual ou de outro sistema.
A conclusão que temos a partir dos exemplos acima é que quando estamos diante de
tarefas operacionais, o ERP é a ferramenta mais adequada para as grandes organizações por
atender praticamente todas as necessidades das operações dos mais diversos ramos de
negócio. Porém, quando estamos diante de tarefas de planejamento mais complexo a
ferramenta mostra-se insuficiente, pois sua concepção foi direcionada às tarefas operacionais.
Apoio:
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Sistemas de Apoio a Decisão (SAD’s)
Relembrando a figura 6 do tópico anterior os Sistemas de Apoio a Decisão ou SAD’s
(DSS – Decision Support Systems) surgiram em meados à década de 1970. Estes sistemas
apareceram devido a um ambiente de competição cada vez maior entre as organizações,
aliado a necessidade de informações rápidas para auxiliar no processo de tomada de decisão.
Impulsionados pela disponibilidade de tecnologias de hardware e software para armazenar e
buscar rapidamente as informações, os SAD’s proporcionaram acumular o conhecimento e as
experiências de especialistas em bases de conhecimentos, permitindo desta forma apoiar o
processo de planejamento estratégico empresarial.
Atualmente as definições referentes aos SAD’s ainda são um pouco confusas, devido
ao entendimento que alguns possuem sobre os SIG’s e os SAE's (Sistemas de Apoio ao
Executivo, também conhecidos como EIS – Enterprise Information Systems).
Segundo SPRAGUE e WATSON (1991) um SAD deve ser um sistema baseados em
computador que ajude os profissionais que tomam decisões a obter um melhor desempenho
através de uma interação direta, utilizando Modelos de Aplicação e Modelo de Dados para
tentar modelar e dar soluções a problemas semi-estruturados.
Para LAUDON& LAUDON (2004) um SAD tem por objetivo auxiliar o processo de
decisão gerencial, combinando dados, ferramentas e modelos analíticos sofisticados e
software amigável ao usuário em um único e poderoso sistema que pode dar suporte à
tomada de decisão semi-estruturada e não-estruturada. Além disso, um SAD fornece aos
usuários um conjunto flexível de ferramentas e capacidades para analisar dados importantes.
Se analisarmos as três categorias descritas antes das definições acima, um SAE possui
ferramentas que também auxiliam no processo de tomada de decisão na área de
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planejamento estratégico e não é considerado um SAD. O mesmo acontece com os SIG’s na
área de controle gerencial. Além disso, um SAD também serve para auxiliar a resolução de
problemas estruturados.
Apesar dos SIG’s e dos SAE’s possuírem ferramentas que também forneçam
informações para apoio à decisão, estas classes de SI não foram construídas com o objetivo de
auxiliar o processo de tomada de decisão. Quando falamos em auxiliar o processo de tomada
de decisão, não significa somente prover informações que suportem o processo de decisão,
mas que também permitam analisar alternativas, propor soluções, pesquisar o histórico das
decisões tomadas, simular situações, etc.
27
Figura 9: Sistemas de apoio a Decisão
Como podemos verificar na Figura 9 os SAD’s possuem com característica própria a
obtenção e o processamento dados de diferentes fontes, porém talvez as principais
características que este tipo de sistema possui sejam a capacidade de executar análises,
comparações e simulações complexas e a capacidade de modelar e auxiliar na resolução de
problemas complexos. Um bom SAD deve responder rapidamente às decisões importantes,
fornecendo respostas precisas e consistentes, além de adaptar-se facilmente a eventuais
mudanças.
Podemos decompor um SAD em três grandes elementos:
27
Extraído de http://www.scribd.com/doc/53408/SIGAula1
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Base de Dados: É composta pelos dados internos e externos à ferramenta.
Armazena os dados que servirão de entrada aos modelos, bem como suas
saídas. Pode ser uma base de dados própria da ferramenta ou o acesso direto
a outras bases.
Diálogo: É composta pelas interfaces que interagem diretamente com o
usuário da ferramenta. Deve ser de simples entendimento (intuitiva) e de fácil
manuseio.
Base de Modelos: É composta pelo conjunto de modelos de resolução de
problemas, sendo o principal elemento de um SAD. Deve possuir um bom
gerenciador de modelos, permitindo a construção de novos modelos,
catalogar e manter uma ampla variedade de modelos e possuir a capacidade
de inter-relacionar os modelos disponíveis.
Para facilitar o entendimento faz-se necessário definir modelo em seu conceito para a
ferramenta. Segundo FREIRE “Um modelo é uma representação simplificada de uma situação
real, que pode ser construído através de muitos elementos (variáveis) e suas relações
(restrições impostas)”. A construção de um modelo para a solução de problemas é composta
de algumas etapas:
Definição do problema: definir qual o objeto de estudo do modelo que está
sendo construído, ou seja, qual a questão que o modelo deverá responder;
Construção do modelo: quais são as variáveis, restrições, o método de
resolução, entre outros que permitem encontrar a solução para o problema;
Solução do problema: quais os resultados em nível detalhado das variáveis e
de seu conjunto que respondem a questão do problema de forma mais
adequada;
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Análise da solução: permite a análise da solução do problema através do
modelo utilizado;
Formulação das conclusões: permite que sejam feitas as conclusões sobre os
resultados apresentados pelo modelo; e
Correção do modelo: permite que sejam feitas correções no modelo, caso
sejam identificados desvios em sua construção a partir das conclusões obtidas.
Uma vez conceituado o termo modelo, bem como as etapas de construção do mesmo,
para que um SAD permita uma boa tomada de decisão, o modelo utilizado deve permitir a
análise os dados fazendo uso de diferentes recursos e abordagens de forma que existam
alternativas para resolver determinado problema. Quanto maior o número e de melhor
qualidade forem os modelos contidos em um SAD, bem como suas fontes de dados, mais
poderoso será este no auxílio à tomada de decisão. Alguns exemplos de modelos clássicos
contidos em aplicações de SAD, voltados a Logística são: de otimização (ex.: produção), de
alocação, de transporte, de rede, de otimização de estoques, de previsão, de regressão, de
simulação, entre outros.
Concluindo a conceituação dos SAD’s, podemos dizer que estes estão divididos em três
grandes grupos:
Os SAD’s baseados em dados, que são aqueles que focam a análise e o suporte
a decisão baseados na comparação dos dados atuais, com os dados do
passado e com os dados que se pretende encontrar;
Os SAD’s baseados em análise de informações, que utilizam a base de dados
para dar uma determinada orientação à decisão e a pequenos modelos,
permitindo prever a situações para um período próximo; e
Os SAD’s baseados em modelos matemáticos, estatísticos, financeiros,
inteligentes, entre outros, estes fazem uso de relações e fórmulas definidas. A
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funcionalidade destes modelos podem se apresentar de variadas formas,
como, por exemplo, os modelos representativos, de otimização e de sugestão.
Sistemas de Informação Gerenciais x Sistemas de Apoio a Decisão
Apesar da recorrente confusão sobre a classificação dos sistemas que são SIG e SAD,
este estudo irá considerar como SIG, sistemas com o foco principal em tarefas operacionais,
mais especificamente para este texto os ERP’s. Como SAD serão considerados os sistemas que
estejam voltados a planejamento, simulações e tomadas de decisões que não são de cunho
totalmente operacionais e nem de cunho totalmente estratégico, mais especificamente para
este texto os SCM’s.
28
Figura 10: Exemplo da relação entre os SIG e os SAD
28
Adaptado de http://www.bluedzine.com/solutions/ofcx/erp/
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Neste estudo, assim como a maioria dos autores pesquisados, consideramos os SIG’s e
os SAD’s classes de sistemas de informação complementares uma a outra. O texto em sua
maior parte irá se referenciar a sistemas ERP e SCM, e não as classes supracitadas, abordando
seu relacionamento quando pertinente.
3 SUPPLY CHAIN MANAGEMENT E A LOGÍSTICA DE DISTRIBUIÇÃO
Uma vez finalizada a construção do embasamento teórico passaremos ao principal
objeto de estudo deste texto: os sistemas de Supply Chain Management ou SCM. Neste ponto
iremos explorar o conceito de Supply Chain, suas aplicações em TI e sua relação com a logística
de distribuição.
3.1. SUPPLY CHAIN MANAGEMENT: O CONCEITO
Histórico e Definição
Supply Chain Management ou simplesmente Gestão da Cadeia de Suprimentos, apesar
de divergências entre acadêmicos, talvez seja o termo que melhor descreva a aplicação da
Logística Empresarial em uma rede de organizações. Podemos conceituar a Cadeia de
Suprimentos como uma rede de organizações envolvidas em diferentes processos e atividades,
produzindo valor na forma de produtos e serviços ao cliente.
Para SLACK, CHAMBERS e JOHNSTON (2002), em uma definição sucinta, “A gestão da
cadeia de suprimentos é a gestão da interconexão das empresas que se relacionam por meio
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de ligações à montante e à jusante entre os diferentes processos, que produzem valor na forma
de produtos e serviços para o consumidor final”
Em uma definição mais completa, CHOPRA e MEINDL definem Cadeia de Suprimentos
da seguinte maneira: “Supply chain consiste em todos os estágios envolvidos, direta ou
indiretamente, no preenchimento de uma ordem de um cliente. A cadeia de suprimentos inclui
não somente um fabricante e seus fornecedores, mas também transportadores, armazéns e
atacadistas, varejistas e os próprios clientes. Dentro de cada organização, como o fabricante, a
cadeia de suprimentos inclui todas as funções envolvidas no atendimento de uma ordem. Essas
funções incluem, mas não estão limitadas a, desenvolvimento de novos produtos, marketing,
operações, distribuição, finanças a serviço ao consumidor.”
Podemos verificar que historicamente as áreas de Marketing, Distribuição,
Planejamento, Produção e de Compras nas organizações vinham, antes do conceito de Supply
Chain chegar até o momento atual, operando de forma independente. Após o movimento da
integração interna das áreas e da “horizontalização” das operações este problema distribuiu-se
pela cadeia, uma vez que cada organização tem os seus próprios objetivos que por diversas
vezes são conflitantes.
O Marketing tem como objetivo um alto grau de atendimento ao cliente e a
maximização do volume de vendas, o que conflita diretamente com os objetivos de produção
e distribuição. Muitas operações produtivas foram concebidas para maximizar a fabricação e
reduzir os custos com pouca consideração para o impacto sobre a capacidade de
armazenagem e distribuição. Contratos de suprimentos são freqüentemente negociados com
pouquíssima informação sobre o padrão histórico de compras.
O resultado desses fatores é que não existe um plano integrado único para a cadeia de
organizações que compõem a rede, ou seja, se existem N organizações na rede, existem N
planos também. Claramente, existia uma necessidade de um mecanismo através do qual estas
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diferentes funções possam ser integradas entre as organizações. O Supply Chain Management
é uma estratégia através da qual essa integração pode ser alcançada.
Segundo LAVASSANI (2008) houveram seis grandes movimentos no estudo sobre as
Cadeias de Suprimentos. O primeiro movimento seria a chamada Era da Criação, na qual a
primeira utilização desta terminologia foi dada por um consultor americano, no início da
década de 1980. As características desta era da Gestão da Cadeia de Suprimentos incluem a
necessidade de grandes mudanças, re-engenharia, downsizing e às práticas da administração
japonesa.
O segundo movimento foi chamado de Era da Integração, quando o uso do EDI
(Eletronic Data Interchange)29 para troca de dados entre sistemas teve inicio na década de
1960, desenvolveu-se com a introdução do ERP na década de 1990 e continuou a expandir-se
até o século XXI com os sistemas colaborativos integrados a Internet. Esta Era teve destaque
para a redução de custos e agregação de valor através da integração.
O terceiro movimento foi a chamada Era da Globalização, que pode ser caracterizada
pela atenção dada aos sistemas de relacionamento com os fornecedores que expandiu as
fronteiras do suprimento entre países e continentes. Apesar de algumas indústrias já
praticassem este tipo de negociação, este movimento intensificou-se somente no final da
década de 1980, quando as organizações passaram a integrar fornecedores mundiais a seus
negócios. Esta era foi caracterizada pela globalização da cadeia de suprimentos em
organizações que, com o objetivo de aumentar a vantagem competitiva e reduzir custos,
implantaram a estratégia de Global Sourcing30 ou fornecimento global.
29
Troca de dados por meio eletrônico. No inicio eram apenas arquivos texto contendo informações que
seriam migradas de um sistema a outro. Hoje já existem inclusive padrões internacionais para a troca
destas informações entre sistemas.
30
Define-se como estratégia de Global Sourcing a busca por fornecedores que estão localizados em
outros países ou regiões distantes, ou seja, existe uma independência da localização geográfica.
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O quarto movimento deu-se através da terceirização da produção e distribuição, a
chamada Era da Especialização I, quando as organizações, na década de 1990, deixaram a
prática da verticalização31 para voltarem seu foco para suas competências centrais (core
competencies), adotando o modelo de especialização, e terceirizando estas atividades “não-
centrais” para outras empresas. Essa mudança provocou a extensão da cadeia de
abastecimento e distribuição pra limites fora da organização, gerando a necessidade de
controlar a cadeia com uma visão de integração entre organizações e não mais de controles
internos. Este modelo de especialização gerou redes de produção e distribuição compostas por
diversos fornecedores e clientes que agora precisam trabalhar em conjunto para desenvolver,
produzir, distribuir, divulgar, vender e oferecer serviços para os produtos.
O quinto movimento deu-se através da segunda Era da Especialização II, que tinha
como foco a inserção do serviço especializado. Esta especialização iniciou-se na década de
1980, com o inicio das operadoras logísticas, armazéns e transportadoras comuns e foi
amadurecendo com a incorporação de aspectos como o planejamento de suprimento,
colaboração, execução e gestão do desempenho, indo assim além da logística e transporte.
A especialização da cadeia de suprimentos permite que as organizações melhorem as
suas competências centrais da mesma forma que a terceirização da manufatura e distribuição
o fez. Este foco em suas principais competências lhes permite montar redes de melhor
desempenho, através de parceiros especialistas em cada atividade de cadeia, contribuindo
assim para a obtenção de um maior valor global da cadeia.
Por fim, o sexto e último movimento é o chamado Supply Chain 2.0, que pode ser
considerado o “estado da arte”32 em SCM. Construído a partir da globalização e da
31
Verticalização é a estratégia que prevê que a empresa produzirá internamente tudo o que puder, ou
pelo menos tentará produzir. Foi predominante no início do século, quando as grandes empresas
praticamente produziam tudo o que usavam nos produtos finais.
32
O estado da arte é o “nível de desenvolvimento atingido (por uma ciência, uma técnica) na
atualidade” (CAMEIRA, 2003 apud FERREIRA, 1999).
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especialização, o SCM 2.0 foi moldado para descrever tanto mudanças dentro da própria
cadeia de abastecimento, bem como a evolução dos processos, métodos e ferramentas que
irão geri-la nesta nova e atual "era". Seguindo a linha da Web 2.033, o SCM 2.0 é voltado para
resultados, reunindo a combinação dos processos, metodologias e ferramentas para orientar
as empresas para os seus resultados com a rapidez e velocidade que a complexidade da cadeia
de suprimentos aumenta, devido aos efeitos da concorrência global.
O SCM 2.0 alavanca soluções comprovadamente concebidas para produzir resultados
rapidamente com a agilidade para gerenciar fluxos de cenários futuros de mudança contínua.
Estes são viabilizados através de redes de competência compostos das melhores práticas de
Supply Chain para compreender quais são os elementos, tanto operacionais como
administrativos, que influenciam os resultados, bem como a compreensão detalhada de como
gerir estes elementos para alcançar os resultados desejados.
Conceitos Básicos
As atividades de uma Cadeia de Suprimentos não são de responsabilidade de apenas
uma organização. Várias pessoas das mais diversas áreas das organizações componentes da
rede precisam ser ativamente envolvidas em uma série de diferentes processos para o
benefício da cadeia como um todo. Além disso, a cadeia também precisa de um coordenador34
para desenvolver um plano de operação, colocar as organizações em posições corretas e
monitorar o desempenho.
33
Web 2.0 é definida como uma tendência no uso da World Wide Web que se destina a aumentar a
criatividade, o compartilhamento de informações e colaboração entre os usuários. Na sua essência, o
atributo comum é que a Web 2.0 nos ajuda a navegar através da vasta quantidade de informações
disponíveis na Internet para encontrar o que procuramos. É a noção de um percurso utilizável.
34
Aqui entenda que o coordenador pode ser um grupo de pessoas de diversas organizações ou uma
organização principal (nó coordenador).
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Figura 11: Principais componentes da Cadeia de Suprimentos
Para que cada área da Cadeia de Suprimentos, das mais diversas organizações, possa
ter um bom desempenho, cada componente precisa entender qual é o seu papel dentro da
rede, desenvolver estratégias vencedoras e colaborar com seus parceiros na cadeia. Ao fazê-lo
de forma coordenada, os componentes do SCM podem impecavelmente executar os principais
processos, melhorando assim o desempenho como um todo.
Sob a visão de Supply Chain Management, as principais áreas que influenciam a cadeia
(Suprimentos, Produção, Logística e Marketing35) podem ser descritas da seguinte forma:
36
Figura 12: Detalhamento dos principais componentes do SCM
35
Aqui Marketing representa todo conceito comercial, incorporando também Vendas.
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Planejamento: O processo de planejamento busca criar estratégias eficazes de
curta e longa duração. Desde o desenho da cadeia de suprimentos à previsão
de demanda dos clientes, líderes em SCM precisam desenvolver estratégias
integradas para a cadeia.
Suprimentos: O processo de suprimentos tem como foco a compra de
matérias-primas, componentes e produtos de consumo para a operação da
cadeia.
Produção: O processo de produção envolve a manufatura, conversão ou
montagem de materiais em produtos acabados ou partes de outros produtos.
Os gestores de Supply Chain devem apoiar à produção e assegurar-se que
todos os insumos necessários estejam à disposição quando solicitados.
Logística: O processo logístico é quem controla o fluxo de mercadorias em
toda a cadeia de suprimentos. As empresas de Transporte, operadores
logísticos entre outros que possam assegurar que os bens são fluam com
rapidez e segurança na direção do ponto de demanda.
Marketing: O processo de demanda gira em torno de todas as questões que
estão relacionadas com o planejamento de interações com o cliente,
satisfazendo as suas necessidades e atendendo pedidos perfeitamente.
Um objetivo básico da cadeia de suprimentos, e de todas as áreas envolvidas, é
maximizar e tornar realidade as potenciais sinergias entre as partes da cadeia produtiva, de
forma a atender o consumidor final mais eficientemente, tanto através da redução dos custos,
como através da adição de mais valor aos produtos finais (VOLLMANN & CORDON, 1996). Esta
redução dos custos vem sendo obtida através da diminuição do volume de transações de
36
Adaptado de http://www.careersinsupplychain.org/what-is-scm/flows.asp
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informações e papéis, dos custos de transporte e estocagem, da diminuição da variabilidade
da demanda de produtos e serviços, dentre outros.
Mais valor tem sido adicionado aos produtos, através da criação de bens e serviços
customizados, do desenvolvimento conjunto de competências distintas; através da cadeia
produtiva e dos esforços para que, tanto fornecedores como clientes, aumentem mutuamente
a lucratividade. Práticas eficazes na SCM têm sido implementadas em todo mundo, as quais
têm visado a simplificação e obtenção de uma cadeia produtiva mais eficiente.
Podemos classificar as decisões relativas à gestão da cadeia de abastecimento em duas
grandes categorias: Estratégica e Operacional. Como o termo sugere, as decisões estratégicas
são feitas normalmente ao longo de um horizonte temporal mais longo, estando intimamente
ligadas à estratégia corporativa (por vezes estas são a estratégia corporativa) e direcionam as
políticas de Supply Chain sob a perspectiva estrutural. Por outro lado, as decisões operacionais
são de curto prazo e concentram-se nas atividades do dia-a-dia da operação. O esforço neste
tipo de decisões é a de gerir de forma eficaz e eficiente o fluxo do produto na
"estrategicamente" planejada cadeia de suprimento.
Figura 13: Modelo para Cadeia de Suprimentos
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