O documento descreve o movimento artístico cubismo, que desconstruiu a realidade e a representação naturalista na arte. O cubismo foi desenvolvido por Picasso e Braque entre 1907-1914 e se caracterizou por fragmentar e mostrar objetos sob múltiplos ângulos simultaneamente. O documento também discute como o cubismo influenciou outros artistas e foi recebido no Brasil por Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Anita Malfatti.
2. • A realidade é desintegrada e depois
reorganizada numa nova estética!
• O cubismo é consequência direta da
optical arte.
• O cubismo nega a ideia de que a arte
deva imitar a natureza, nega os conceitos
de perspectiva e noção de volume ou
outro qualquer recurso que tenha um
efeito ilusório para os olhos do
espectador.
3. • O cubismo foi um dos mais importantes
movimentos estéticos do século XX,
considerado um divisor de águas na
história da arte ocidental, que ocorreu
entre 1907 e 1914 e teve como
precursores Pablo Ruiz Picasso (1881-
1973) e o ex-fauvista Georges Braque
(1882-1963).
4. • Se formos buscar o verdadeiro
responsável pelo cubismo, bateremos à
porta de Cézanne, pois, ao representar a
natureza em suas pinturas, geometrizava-a,
tratava suas formas como cones,
cilindros e esferas.
5. A cesta de maçãs
(1893). O Instituto
de Arte de Chicago
( Cézanne)
7. • Segundo alguns historiadores, Louis
Vauxcelles, o mesmo crítico francês que
batizou o fauvismo, seria também
responsável pelo batismo do novo
movimento. Vendo os trabalhos de
Braque, mencionou uma realidade
construída com cubos, por isso o nome
cubismo.
8. • Esse movimento nega a ideia de que a
arte deva imitar a natureza, nega os
conceitos de perspectiva e noção de
volume ou outro qualquer recurso que
tenha um efeito ilusório para os olhos do
espectador. Georges Braque afirmou um
dia: “é um erro imitar o que se quer criar”.
9. • Como um cirurgião, o cubismo disseca
tudo: corpos, frutas, paisagens,
instrumentos musicais e todos os tipos de
objeto. Decompõe o objeto em partes e
mostra-as, todas abertas, num mesmo
plano, sem a menor preocupação em
guardar alguma relação com sua
aparência real.
10. • A realidade é recriada e mostrada
simultaneamente em vários ângulos por
cubos, volumes e planos geométricos
entrecortados. No espaço da recriação,
forma e fundo se confundem e não há
mais noção de profundidade.
11. • Em sua evolução, o cubismo, segundo
alguns estudiosos, passou por três fases:
• 1a fase: pré-cubismo ou fase
“cezanniana”. Caracterizada pela
influência de Cézanne na obra de Picasso
e Braque, compreendida entre 1907 e
1909.
12. • 2a fase: cubismo analítico. De 1910 a 1912, foi
chamado de analítico, porque analisava as formas
dos objetos e, em seguida, fragmentava-os e
distribuía seus pedaços pela tela. Toda a
tridimensionalidade dos corpos era submetida à
bidimensionalidade da tela. Os responsáveis por essa
fase foram Picasso e Braque. Trabalharam com
poucas e escuras cores, como preto, cinza, marrom e
ocre, representando figuras humanas e objetos como
se fossem vistos por vários ângulos ao mesmo tempo,
superpostos e representados simultaneamente. Foi
uma fase de grande experimentação, levada a um
extremo, em que os seres foram fragmentados de tal
maneira que nada mais guardava relação com o
mundo real. Nas telas cubistas, o mundo parecia ser visto
por um caleidoscópio, aproximando-se da abstração.
13. • 3a fase: cubismo sintético. De 1912 a
1914. Procurando tornar as formas
novamente reconhecíveis, Picasso e
Braque introduzem em suas obras signos
como letras, números e palavras, com a
técnica da colagem (papier collé),
utilizando recortes de jornais, tecidos,
madeiras e outros materiais. Nesta fase,
as cores tornam-se mais vivas e
pequenos traços de sombra tentam
insinuar volumes.
15. • Nesse período, junta-se a eles Juan Gris,
um jovem pintor espanhol que contribuiu
em muito para essa fase do cubismo.
16. • Embora tentando recompor a realidade
por meio de elementos do mundo visível,
continuaram com a simultaneidade dos
ângulos de visão, sem contudo devolver
ao objeto a sua verdadeira dimensão no
mundo real.
17. PICASSO
• Picasso está para a arte, assim como
Einstein está para a ciência: um mito, um
gênio, que se perpetuou pela coragem de
romper com todos os preceitos da
convenção artística e com tudo o que era
esteticamente aceito.
18.
19. • Sem nenhuma modéstia, Picasso
declarou a uma amiga: “Quando criança,
minha mãe me disse: Se você for soldado,
será um general. Se for padre, vai acabar
sendo papa”. E ele continuou: “Em vez
disso, tornei-me pintor e acabei sendo
Picasso”.
20. • Nasceu em Málaga, na Espanha, em 25
de outubro de 1881 e faleceu em
Mougins, na França, em 8 de abril de
1973. Desde criança, gostava de
desenhar e, aos 13 anos, já havia
desenvolvido um traço com muita
personalidade. Incentivado pelo pai, um
professor de desenho e pintura, fez seus
primeiros estudos na Escola de Belas-
Artes, em Barcelona, onde começou sua
pintura com tendências acadêmicas.
21. • Em 1904, partiu para Paris, onde teve
contato com as obras de Gauguin e
Toulouse-Lautrec e conseguiu dar
liberdade às suas experiências estéticas.
22. • Picasso não foi apenas pintor, ele foi
desenhista, ceramista, escultor e
gravador. Como grande experimentador,
na gravura, experimentou todas as
técnicas e materiais: a xilogravura, a
litogravura, e, na gravura em metal, a
água-forte, a água-tinta e a ponta-seca.
23. • Antes de se enveredar pelos caminhos do
cubismo, Pablo Picasso passou por outras
fases em sua pintura.
24. • Fase azul (1901-1904). Logo que chegou
a Paris, vindo de Barcelona, suas telas
estavam sob o domínio das cores frias,
particularmente dos azuis – índigo e
cobalto –, que ele utilizava para seus
temas favoritos: figuras marginalizadas
pela sociedade. Picasso é ainda jovem,
pobre e desconhecido e sua pintura tem
uma linguagem triste e sombria.
26. • Fase rosa (1905-1906). Picasso libertou-se
de um período de depressão e sua
paleta passou a ser habitada por
delicadas cores rosa e tons terra. Seus
temas preferidos eram então, artistas de
circo, arlequins e palhaços, personagens
que, durante toda sua carreira, voltariam a
ocupar suas telas. Suas obras ganhavam,
neste período, um toque de lirismo.
29. • Fase negra. Além das experiências
pictóricas de Cézanne, a arte africana
exerceu grande influência sobre o
cubismo de Picasso. Esta fase é
caracterizada pela força dos elementos da
arte africana, presentes em uma de suas
mais importantes obras: Les demoiselles
d’Avignon.
30. • A influência da arte africana se deu pelo
fato de muitos objetos de arte do
continente africano, em razão do domínio
colonial europeu na África, terem sido
levados à Europa e terem causado grande
curiosidade, a ponto de motivarem
pesquisas no campo da antropologia e
estudos sobre esses povos e suas
culturas.
31. • Essa curiosidade também contagiou
Picasso. E o que mais o fascinou nessa
arte foi ter percebido que ela era,
absolutamente, livre de qualquer
tendência ou movimento estético, por isso
seu contato com máscaras e outros
objetos dessa arte se fizeram presentes
em suas obras.
32. Pablo Picasso, Les
demoiselles d’Avignon (1907).
Óleo sobre tela. Museum of
Modern Art (MoMa), em Nova
Iorque. (FASE CEZANNIANA)
33. • Nota-se, claramente, a influência da arte
africana nos rostos de algumas
personagens de uma de suas mais
famosas obras Les demoiselles
d’Avignon, de 1907, obra que iniciaria a
estética cubista e marcaria o
lançamento do movimento em Paris.
34. • Outra importante obra de Picasso, foi
Guernica, criada em 1937, no auge da
Guerra Civil Espanhola (1936-1939),
quando, indignado com os horrores da
guerra, denunciou a covardia e a violência
contra a população de Guernica, uma
cidadezinha do país basco, bombardeada
pelos nazistas em 26 de abril de 1937.
Este ataque deixou 1.654 mortos e 889
feridos, em uma população inferior a 7 mil
habitantes.
35. Guernica
• Essa pintura, considerada como uma obra
de ruptura pelo fato de o artista romper
completamente com a maneira de
representar a figura humana, é
importantíssima por:
• marcar, oficialmente, o início do cubismo;
• conseguir, “sozinha”, alterar os destinos da
arte;
• ser considerada uma das mais importantes
obras do século XX.
36. Picasso, Guernica. Óleo sobre
tela, 3,50 m por 7,82 m. Museu
Reina Sofia, Madri, Espanha (
FASE ANALÍTICA)
37.
38. • A visão de Guernica é a visão da morte em
ação; o pintor não assiste ao fato com terror e
piedade, mas está dentro do fato, não celebra
nem se compadece das vítimas, mas está entre
as vítimas. Com ele morre a arte, a civilização
‘clássica’, a arte e a civilização cuja meta era o
conhecimento, a compreensão plena da
natureza e da história. (...) Com Les
Demoiselles d’Avignon, Picasso detonava,
desintegrava a linguagem tradicional da
pintura; com Guernica, detonava a linguagem
cubista (...).(Giulio Carlo Argan )
39. • No final de sua vida, Picasso confessou:
“Levei a vida inteira para aprender a
desenhar como criança”.
40. • Embora cubismo e Picasso sejam quase
sinônimos, nomes que se confundem, ele
não esteve sozinho neste estilo, Georges
Braque participou, também, de seu
nascimento; logo vieram Juan Gris e
Fernand Léger, que acrescentaram linhas
e formas curvas e tubulares ao universo
angular cubista. Todos eles conduziram a
representação pictórica para limites muito
além dos imaginados por Cézanne.
41. Braque, Violino e cântaro, 117 x 73,5 cm.
Museu da Arte, Basileia (cubismo analítico)
1910.
46. Cubismo no Brasil
• O cubismo, no Brasil, manifestou-se, logo
após a Semana de Arte Moderna de 1992,
por meio dos trabalhos de Tarsila do
Amaral, Di Cavalcanti e Anita Malfatti, que
já haviam se envolvido com as mudanças
ocorridas na arte europeia. Esses artistas
não foram genuinamente cubistas;
apenas, a título de exercitarem uma nova
experiência estética, transitaram pelo
cubismo.