O documento discute a criação artística e o ato de escrever. A arte pode surgir de forma espontânea ou planejada e expressa tanto o autor quanto o leitor. Escrever significa assumir responsabilidade pelo que é dito, já que as palavras podem influenciar os outros de forma imprevisível.
1. Jornal
O Bandeirante
Ano XX - no 232 - MARÇO de 2012
Publicação Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP
Imagens de mentes
Josyanne Rita de Arruda Franco
Médica Pediatra
Presidente da Sobrames SP / Biênio 2011-2012
O que faz alguém escrever? Os no interlocutor, produzindo uma um traço de sua personalidade;
pensamentos que fervilham, uma resposta singular, única, variável porém quando o artista obriga-
ideia que germina na cabeça de e de acordo com o sujeito que se se a fazer, realizar demasiado,
um escritor amador ou profis- apropria momentaneamente da- perde a autenticidade, e as ca-
sional, ou a vontade de traduzir quela forma de arte. A arte pode racterísticas que assinalam o
em palavras imagens que se su- surgir de um esforço intelectu- verdadeiro talento dissipam-se
cedem, oníricas e fantasiosas, na al coerente, construído segun- em mosaicos de sua arte, calei-
retina de um homem comum que do padrões, modelos, exemplos doscópios impessoais tratados
se transmuta em olhar de pessoa anteriores; acontecer de forma ao acaso da situação, forçados
criativa? explosiva, imaginativa e desorga- pelas contingências, excessivos
Muito já se escreveu sobre o nizada feito mata virgem; pode na elementar vaidade.
fenômeno que impele o ser hu- ainda ser extraída das sensações, Talvez por isso alguns escri-
mano a realizar um esforço cria- dos impulsos selvagens, adorme- tores se incomodem tanto com
tivo que traduza o que vai dentro cidos e despertados por buliçosos obras encomendadas, inclusive
de seu âmago e se transforme, pensamentos; advir inexplorada, relatando bloqueio no processo
à revelia, em uma obra de arte desconhecida, intuitiva, sem ex- criativo, já que condição essen-
fadada a ser famosa, marcar um plicação. cial para criar se dá em situação
tempo ou simplesmente existir Artistas buscam notoriedade, imprescindível de liberdade, de
para alguns. Se todo artista tem prestígio, destaque. Alguns de- inquietação íntima que provoca e
um quê de contraventor, se rom- monstram alguma melancolia faz eclodir a necessidade de di-
pe com as regras do usual para por sentirem-se pouco produti- zer o quase que completamente
oferecer reflexão, questionamen- vos, demorarem a criar, realizar indizível.
to, emoção ou mesmo pura e sin- sua arte; outros precisam mos- Todas as formas genuínas de
gela empatia, é de se acreditar trar atividade fazendo muitas arte são imagens de mentes; em
que a arte não só expressa o que coisas ao mesmo tempo, que- muitas ocasiões, imagens demen-
quer dizer seu autor, mas busca, rendo mostrar versatilidade e tes... Escrever é tentar a narrati-
no outro, o que existe dentro capacidade de imaginação, mer- va do pictograma que fervilha no
dele, expectador. Eco e Narciso... gulhando em processos insanos peito e manifesta a loucura do vi-
Narciso e o lago. de produtividade, que exaurem ver apaixonado... Criação ímpar
A arte tem uma função simbó- e tornam os objetos de sua arte que experimenta intensidade e
lica, produz uma forma, um jeito, cópias de si mesma. O estilo de não reconhece fronteiras, porque
uma estética para os conteúdos cada autor aparece em suas com- não admite partidas e chegadas,
psíquicos do sujeito e reverbera posições artísticas, conferindo começo ou fim.
2. 2 O BANDEIRANTE - Março de 2012
EXPEDIENTE A responsabilidade de
Jornal O Bandeirante
ANO XX - no 232 - Março 2012 quem escreve
Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos
Escritores - Regional do Estado de São Paulo SOBRAMES-SP .
Sede: Rua Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros -
São Paulo - SP Telefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604 Editores:
Josyanne Rita de Arruda Franco e Carlos Augusto Ferreira “Tu és responsável por aquilo que cativas”
Galvão. Jornalista Responsável e Revisora: Ligia Terezinha
Pezzuto (MTb 17.671-SP). Redação e Correspondência: Rua - Antoine de Saint-Exupéry
Francisco Pereira Coutinho, 290, ap. 121 A – V. Municipal – CEP
13201-100 – Jundiaí – SP E-mail: josyannerita@gmail.com Tels.:
(11) 4521-6484 Celular (11) 9937-6342. Colaboradores desta
edição:Aida Lucia Pullin Dal Sasso Begliomini, José Alberto
Vieira, José Jucovsky, Flerts Nebó, Josyanne Rita de Arruda Muitos escrevem para expressar um pensamento,
Franco, Leda Rezende, Ligia Terezinha Pezzuto, Nelson
Jacintho e Rodolpho Civile. um sentimento, outros por defenderem uma ideia,
Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de
uma posição, outros por puro devaneio. Desejamos que aqueles que nos leem
1.000 exemplares PDF enviados por e-mail.
percebam o que está diante de nossas palavras. Que eles sintam o que nós
Diretoria - Gestão 2011/2012 - Presidente: Josyanne Rita
de Arruda Franco. Vice-Presidente: Luiz Jorge Ferreira.
Primeiro-Secretário: Márcia Etelli Coelho. Segundo-
sentimos. Vejam o que nós vemos. Afinal escrever é em última análise nos di-
Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Primeiro-
Tesoureiro: José Alberto Vieira. Segundo-Tesoureiro: Aida
rigirmos aos outros. Podemos omitir. Podemos mentir, contar meias verdades.
Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini. Conselho Fiscal Efetivos:
Hélio Begliomini, Carlos Augusto Ferreira Galvão e Roberto Fazer ficção de algo que é real ou o inverso. Criamos mitos, anjos e demônios.
Antonio Aniche. Conselho Fiscal Suplentes: Alcione Alcântara
Gonçalves, Flerts Nebó e Manlio Mário Marco Napoli. Na hora em que escrevemos temos a onipotência das palavras. Entretanto, não
Matérias assinadas são de responsabilidade de seus
autores e não representam, necessariamente, a opinião
controlamos a capacidade que o leitor tem de dar vida às nossas palavras. O
da Sobrames-SP
que o outro molda em sua mente, os sentimentos que ele desperta, isso não
Editores de O Bandeirante
podemos determinar. Nossa escrita pode deflagrar reflexões, atos e atitudes
Flerts Nebó – novembro a dezembro de 1992
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1993-1994 e o que advém disso é imprevisível. Escrever é atirar uma flecha no vazio –
Carlos Luiz Campana e Hélio Celso Ferraz Najar – 1995-1996
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1996-2000 nunca se sabe aonde vai atingir. Daí a importância e a responsabilidade dos
Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun – 2001 a abril de 2009
Helio Begliomini – maio a dezembro de 2009 que escrevem. Somos livres para escrevermos o que quisermos, mas temos
Roberto A. Aniche e Carlos A. F. Galvão - 2010
Josyanne R. A. Franco e Carlos A.F. Galvão - janeiro 2011 que nos submeter às ideias que divulgamos.
Presidentes da Sobrames – SP
1º. Flerts Nebó (1988-1990)
José Alberto Vieira
2º. Flerts Nebó (1990-1992)
3º. Helio Begliomini (1992-1994)
4º. Carlos Luiz Campana (1994-1996)
5º. Paulo Adolpho Leierer (1996-1998)
6º. Walter Whitton Harris (1999-2000)
7º. Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002)
8º. Luiz Giovani (2003-2004)
9º. Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005)
10º. Flerts Nebó (out/2005 a dez/2006)
11º. Helio Begliomini (2007-2008)
12º. Helio Begliomini (2009-2010)
13º. Josyanne Rita de Arruda Franco (2011-2012)
Editores: Josyanne R. A. Franco e Carlos A.F. Galvão
Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto
Diagramação: Mateus Marins Cardoso
Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica
CUPOM DE ASSINATURAS*
Preço de 12 exemplares impressos: R$ 36,00
Nome:___________________________________________________________
End.completo: (Rua/Av./etc.) _______________________________________
Aniversário
MARÇO: nesta data
________________________________ nº. _______ complemento _________ querida, nossos parabéns!
Cidade:_____________ Estado:_____ E-mail:___________________________
Grátis: Além da edição impressa que será enviada por correio, o assinante Helio Begliomini – 21/03
receberá por e-mail 12 edições coloridas em arquivo digital (PDF)
Maria da Glória Moreira Civile – 21/03
*Disponível para o público em geral e para não sócios da SOBRAMES-SP
Preencha este cupom, recorte e envie juntamente com cheque nominal à SOBRAMES-SP para REDAÇÃO
“O Bandeirante” R. Francisco Pereira Coutinho, 290, ap. 121 A - V. Municipal - CEP 13201-100 - Jundiaí - SP
Dê uma assinatura de “O BANDEIRANTE” de presente para um colega
3. SUPLEMENTO LITERÁRIO
O BANDEIRANTE - Março de 2012 3
Notícias
O Prêmio Bernardo de Oliveira Martins de Melhor Poesia (2010-
2011) agraciou nosso confrade José Jucovsky, autor do belíssimo soneto
Miragem Triunfal. A SOBRAMES-SP parabeniza o brilhante associado
pela conquista de um prêmio desejado por todos os grandes poetas da
regional paulista.
Em homenagem pelo Dia Internacional da Mulher, nossa queridíssi-
ma Maria da Glória Civile recebeu singelo mimo em nome de todas as
associadas da regional paulista. Merecido destaque para a estimada sócia,
presença constante e muito benquista nas festivas Pizzas Literárias.
Foi inaugurada, em 6 de março, a biblioteca do Hospital Municipal
Central de Osasco “Antonio Giglio”, com o nome de Biblioteca “Dr.
Walter Whitton Harris”, homenageando o associado da Sobrames-SP, e
que é o responsável pelo Grupo de Patologias do Pé e Tornozelo da Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia
daquela entidade, em Osasco/SP. Honra deveras merecida ao prestigiado médico sobramista, ex-presidente da nossa
querida entidade. Parabéns, Dr. Walter!
A SOBRAMES-PE abriu em março primoroso calendário de eventos comemorativos pelos 40 anos de fundação.
Desejamos êxito aos confrades e confreiras pernambucanos, prosperidade e muitos novos associados à querida re-
gional.
A Academia Ituana de Letras, em comemoração aos 402 anos da cidade de Itu - aniversário ocorrido em 02/02 -
promoverá solenidade de lançamento do aguardado livro “Um Olhar Sobre Itu, 2012”, ocasião em que a presidente
da SOBRAMES-SP, Josyanne Rita de Arruda Franco, proferirá algumas palavras em homenagem à cidade histórica
que, de forma gentil e hospitaleira, acolheu, em setembro passado, nossa XI Jornada Médico-Literária Paulista,
estabelecendo laços de amizade e colaboração. O evento acontecerá no dia 23/03, sexta-feira, à noite. Todos estão
convidados. Parabéns, Itu! Parabéns, ACADIL!
A Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí enviou convite
para as festividades de 40 anos da prestigiada entidade, em 20 de abril,
com posse de quatro acadêmicas e apresentações artísticas e musicais.
Votos de sucesso para a AFLAJ!
A dica do mês é a Sabatina Literária que estamos preparando para
14/04, sábado, na sede campestre da APM. Esperamos a adesão dos
sócios nesta oportunidade de congraçamento e descontração, quando
nossa confreira Márcia Etelli realizará breve palestra tendo como tema
“Dicas de Poesia”.
Agradecemos a colaboração dos membros associados da SOBRAMES-
SP nos compromissos para com a sociedade: presença nas atividades,
participação atuante, doações e contribuição financeira por meio do
pagamento da anuidade ajudam a regional a promover encontros agradáveis, editar a Antologia e programar, com
esmero e dedicação, as festejadas Jornadas Médico-Literárias Paulistas.
Enviem notícias sobre os eventos em que participam como médicos-escritores, lançamentos ou convites para os
e-mails da presidente (josyannerita@gmail.com) ou da secretária (marciaetelli@ig.com.br). Divulgar as atividades dos
associados em nosso boletim é interesse da Sobrames-SP.
O boletim literário O Bandeirante tem circulado em todos os lugares possíveis, até inusitados. Nossos confrades
e confreiras têm se empenhado na distribuição dos exemplares, o que tem garantido espaço para nossa publicação
dentro de escolas, igrejas, clubes, restaurantes, padarias e outros espaços da comunidade. Anuncie sua atividade pro-
fissional em O Bandeirante e convide os amigos para uma assinatura mensal: aproveite a oportunidade de divulgar
seu trabalho, clínica ou escritório nas páginas de um informativo diferenciado, inteligente e criativo.
O blog da SOBRAMES-SP está cada dia mais bonito e bem elaborado, graças aos esforços dos confrades Marcos
Salun e Márcia Etelli. Visitem o endereço http://sobramespaulista.blogspot.com e aproveitem a beleza da viagem a
um mundo de palavras e imagens.
4. 4 O BANDEIRANTE - Março de 2012
SUPLEMENTO LITERÁRIO
Quem é? Quem é?
(Resposta da edição de fevereiro)
Geovah Paulo da Cruz, grande escritor e
querido confrade da SOBRAMES-SP.
Perfil 2012 Sobrames-SP
Aida Lucia Pullin Dal Sasso Begliomini
Atuação: engenheira de produção e segurança do trabalho.
Cidade de nascimento: São Paulo.
Comida preferida: à base de frutos do mar.
Esporte: ginástica, natação e caminhada.
Livro de cabeceira atual: Rotarismo escrito pelo Helio.
Filme: gosto de assistir comédias e romances.
Fim de semana: pode ser na praia ou no campo, de preferência na com-
panhia de familiares e amigos.
Viagem inesquecível: quando conhecemos os monastérios de Los Mete-
oros em Kalambaca, na Grécia; fantásticos!!
Sonho: que seja descoberta a máquina do tempo para, de vez em quando,
dar uma passeadinha em momentos do passado que foram maravilhosos
e marcantes.
Intolerância: à mentira e à falta de ética.
Características pessoais: sou franca, leal, romântica, ética, comunicativa,
alegre e responsável.
Projeto futuro: continuar a planejar novas viagens que considero uma
excelente forma de adquirir cultura e proporcionar momentos prazerosos e felizes.
Filosofia de vida: procuro viver com intensidade um dia após o outro, buscando compartilhar a felicidade com quem
está ao meu lado.
Dicas de viagem: Conheça o Peru e não deixe de ir a Machupicchu.
5. SUPLEMENTO LITERÁRIO
O BANDEIRANTE - Março de 2012 5
Depois da folia
Meu retiro com o Senhor
Aida Lucia Pullin Dal Sasso Begliomini
Ligia Terezinha Pezzuto
Sobre o chão
As estrelas caem Aquietar a alma,
Junto às purpurinas, Pacificar o coração,
Confetes e serpentinas. Ordenar os afetos.
O Pierrô esparramado,
Não ouve Escutar meu ser mais íntimo,
O debilitado trio, Conversar com o Senhor
Que da avenida se despede. Num lugar preparado com amor.
Dançarinos e colombinas
Se lançam em alvoroço Tudo me leva a mais vida
Atrás do último grito, Porque o Amor fala forte,
Que o brilho do sol Em brisa leve e calma,
Não consegue calar. A trazer-me paz duradoura.
O tempo se esvai
Como sempre previsto. É preciso silenciar.
Emudece a alegria, Abastecer-me dessa paz
Vencida pelo cansaço, Para melhor amar e viver
Dos foliões desavisados. E cada vez mais me libertar.
Que se acabam nas cinzas,
De uma quarta-feira qualquer. Conforme os desejos
De Deus-Pai,
Miragem triunfal Criador.
(Prêmio de poesia Bernardo
de Oliveira Martins - 2010-2011)
José Jucovsky Depois daquela folia
(sonho banhado em absinto)
Variado vento vagando vacilante
Josyanne Rita de Arruda Franco
Bafeja suave sonolenta madrugada
Aurora de luz no lusco-fusco insinuante
Decifra a magia da amena noite enluarada!
Depois que Pandora surtou
A névoa rente ao solo se dissipa titilante Ao ver que Caronte virou
À medida que o sol em êxtase gradual A barca com a bela passista
Abraça luzindo o renascer a cada instante Assim que o dia nasceu
Nem antes nem depois o mundo matinal! E Dionísio bebeu
Estrelas de purpurina
No deslumbrante céu, em alegre fantasia, Nem vi que o amor vadiou
Vê-se leve e serena a natureza despertar Que minha Escola passou
Refletindo a tímida luz de um novo dia! Deixando só Hades e cinzas...
Eu nunca mais que fui eu
Serpenteando visível crepúsculo espectral! No Olimpo existo: sou Zeus
Poética imagem ao deslumbrar o fulgor solar Depois daquela folia!
Transforma cores e sons em um sonho triunfal!
6. 6 O BANDEIRANTE - Março de 2012
SUPLEMENTO LITERÁRIO
Vida em um formigueiro
Flerts Nebó
Por que intitulei este trabalho Esta vida é um Formigueiro? Simples, andei lendo e aprendendo como vivem as Formigas e
lhes posso assegurar que elas possuem uma “organização” que muitos países em todo o Globo Terrestre não tiveram, nem
o têm em nossos dias. Tentarei fazer, como se fosse um resumo, qual a conformação da vida das formigas. E lhes direi:
1. As formigas são insetos de cabeça triangular, mandíbulas fortes e o seu abdome está ligado ao tórax por um delgado
pedículo.
2. Vivem associadas. Havendo em cada formigueiro os “machos”, as “fêmeas” e as neutras ou operárias.
3. As fêmeas são maiores que os machos e possuem asas.
4. Os operários não têm asas, estão incumbidos da criação das chamadas “larvas” e da construção dos formigueiros.
5. As larvas saem de pequenos ovos brancos, postos pelas fêmeas, que “por acaso” são postos quando estas percorrem
os interiores das galerias dos formigueiros.
6. Os neutros ou operários os recolhem com cuidado, prendendo-os entre suas mandíbulas e os vão revirando como se
estivessem lambendo e os amontoam em sítios especialmente reservados para isso.
7. É o calor que faz com que as larvas saiam desses ovos, elas são brancas e alongadas e são bem tratadas peças operárias.
As larvas não têm patas e em uma parte de volume maior está sua boca e são alimentadas pelas operárias.
Elas fiam um casulo muito delicado o qual é “rasgado” pelas operárias para poderem sair. Saindo desses casulos, ficam
conservados dentro do formigueiro onde são guardadas pelas operárias mais velhas, sendo protegidas, instruídas, dirigidas
pelas mais velhas e revelam a habilidade nas construções das galerias, nas abóbodas subterrâneas e ali elas dispõem de
alimentação.
Como se possuíssem uma linguagem - que são sinais - exprimem suas necessidades e, se por acaso forem atacadas,
umas entram de imediato para avisar enquanto outras procuram se defender, com valentia, procurando dar tempo para
a defesa das “cidades” atacadas.
Uma das maiores curiosidades é a “arte” como as formigas retiram dos chamados pulgões sua alimentação.
Esses pulgões possuem na parte traseira dois tubérculos que expelem um líquido açucarado; segundo as diferentes
espécies de formigas, funcionam como “vacas dos formigueiros”, alimentando-as.
Posso dizer que VALEU a procura, aprendi coisas que não sabia.
A noite
Nelson Jacintho
Caminha a noite pela estrada do escuro... Perseguindo a espuma que se eleva
Solitária, a minha alma desolada A cada respirar do mar insone...
Segue o fio de luz de uma esperança O vento, à minha frente, abre meus olhos...
Que se esconde por detrás do negro muro... As janelas batendo, abre os ouvidos...
Fico sentado sozinho na janela... Um tiro na escuridão acorda o medo,
Pensamentos são cartas espalhadas, Um choro de criança abre os sentidos...
Cujos jogos, ora perco, ora ganho A ambulância passa de repente...
Nos avanços naturais das madrugadas... Esganiça a sirene do bombeiro...
Eu viajo num barco há muitos nós Um incêndio põe fogo na minha alma,
Rasgando sem piedade a branca espuma Vai queimá-la, se a não salvar primeiro...
Que o brilho, lava, da lua sobre o mar, Mas a noite é a mãe terna do poeta...
Como o das estrelas, uma a uma... A escuridão lhe fornece a claridade,
Já vai longe o meu barco de papel... É fonte inesgotável de ternura
Já some no horizonte a luz em cone, Tudo lhe dá, do consolo à saudade...
7. SUPLEMENTO LITERÁRIO
O BANDEIRANTE - Março de 2012 7
Carnaval Walter Whitton Harris
Cirurgia do Pé e Tornozelo
Ortopedia e Traumatologia Geral
CRM 18317
Rodolpho Civile Av. Pacaembu, 1.024
01234-000 - São Paulo - SP
Tel.: 3825-8699
Cel.: 9932-5098
Segundo a Enciclopédia BARSA, o carnaval é um conjunto de festividades
populares que ocorrem em diversos países e regiões católicas nos dias que Dr. Carlos Augusto Galvão
antecedem o início da Quaresma, quando começa a abstinência de carne Psiquiatria e Psicoterapia
durante 40 dias, proibida pela Igreja. Rua Maestro Cardim, 517
O termo Carnaval é de origem incerta, embora seja encontrado já no latim Paraíso – Tel: 3541-2593
medieval, como carnem levare ou carnelevarium, palavra dos séculos XI e XII,
que significava a véspera da quarta-feira de cinzas.
A origem do Carnaval é obscura. É possível que suas raízes se encontrem PUBLICIDADE
num festival religioso primitivo, pagão, que homenageava o Início do Ano, TABELA DE PREÇOS 2009
mas há quem diga que suas principais manifestações ocorreram na Roma dos (valor do anúncio por edição)
Césares, ligadas às famosas saturnálias, de caráter orgíaco. Contudo, o rei 1 módulo horizontal R$ 30,00
Momo é uma das formas de Dionísio – o deus Baco, patrono do vinho e do 2 módulos horizontais R$ 60,00
3 módulos horizontais R$ 90,00
seu cultivo, e isto faz recuar a origem do Carnaval para a Grécia arcaica, para 2 módulos verticais R$ 60,00
os festejos que honravam a colheita. Sempre de uma forma de comemorar, 4 módulos R$ 120,00
com muita alegria e desenvoltura, os atos de alimentar-se e beber, elementos 6 módulos R$ 180,00
indispensáveis à vida. Outros tamanhos sob consulta
Deixando de lado o conceito, a origem e o período de duração em outros josyannerita@gmail.com
países, no Brasil o Carnaval compreende os 3 dias de folias e orgia que pre-
cedem a quarta-feira de cinzas. Sempre com grande sucesso, as exibições das
escolas de samba do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Pernambuco e de outros
lugares... O País para a vê-las... Para o povo, principalmente os mais humildes,
dias de glória, com apresentações de “ricas” fantasias adquiridas durante o ano
REVISÃO
à custa de muito sacrifício, criativos sambas-enredo, cansativos ensaios com de textos em geral
as baterias, badalados carros alegóricos, enfim uma apoteose organizada de Ligia Pezzuto
descontração, beleza, ritmo e alegria. É o Carnaval na sua pujança! Mudou um Especialista em Língua Portuguesa
pouco nas suas características em relação ao passado, quando estava presente
(11) 3864-4494 ou 8546-1725
o entrudo, que consistia em lançar uns aos outros água, farinha, tinta, etc. e o
corso em carros abertos com muita serpentina, confete e lança-perfumes. O
que ainda persiste são os bailes de clubes animados por renomadas orquestras.
Ao falar neles, uma profunda nostalgia apodera-se do meu ser, lembranças de longevità
tempos idos e vividos que não voltarão mais... (11) 3531-6675
Vou narrar um episódio de minha vida acontecido durante o Carnaval. Estética facial, corporal e odontológica *
Isso já faz algum tempo... Massagem * Drenagem * Bronze Spray *
Como é do conhecimento geral, os calabreses são muito radicais e ciumen- Nutricionista * RPG
tos em relação à família. Ai de quem mexer com ela... O meu pai (calabrês Rua Maria Amélia L. de Azevedo, 147 - 1o. andar
do Bexiga) não fugia à regra. Só consentiu de minha irmã caçula ir ao baile
carnavalesco do City Bank em minha companhia. A contragosto, cedi aos
rogos da mana. No salão do Comercial, na Rua Líbero Badaró, acompanhado Terminou de
por um amigo, instalamo-nos próximos à pista de dança. A minha atenção
foi logo despertada por uma moça na mesa ao lado, acompanhada por fa-
escrever seu
miliares. Os nossos olhos se cruzaram e, após um leve aceno, saímos para livro? Então
dançar. Fiquei impressionado com a beleza da moça e, depois de abraçá-la, publique!
trocar amabilidades e informações, aconteceu... Inexplicavelmente (inebriado
pelos encantos daquela criatura) disse a ela: “não sei por que, mas acho que
vou casar com você”. Ela gentilmente sorriu, concordando, mas naturalmente Nesta hora importante, não deixe de
desconfiada... Enquanto isso, o som gostoso do gingado do samba: “é com consultar a RUMO EDITORIAL.
esta que eu vou”... “é com esta que eu vou”... Publicações com qualidade impecável,
dedicação, cuidado artesanal e preço
O destino é caprichoso... Não deu outra... O tempo passou e com ele um
justo. Você não tem mais desculpas
amor profundo, intenso e sublime. A bela mulher dos meus sonhos deu-me
para deixar seu talento na gaveta.
três filhos e quatro netos, uma maravilhosa família.
Com ela eu fui, vou e irei até o fim dos meus dias. rumoeditorial@uol.com.br
(11) 9182-4815
Viva o Carnaval!
8. 8 O BANDEIRANTE - Março de 2012
SUPLEMENTO LITERÁRIO
Café prismático
Leda Rezende
Não dava para acreditar. Aliás. Dava para acreditar. Não dava era para compreender. Minha avó sempre me disse
isso. Fique atenta no que acredita e não compreende, menina, fique atenta. Às vezes penso que escutei pouco a minha
avó. Vai ver por isso encontro mais problemas. Que soluções.
O lugar era adequado. A cafeteria uma delicadeza. Isso sem falar naquele burburinho. Vozes sussurradas fazem
mais efeito que gritadas. Todos ali sussurravam. Dando seu estilo musical nas entonações. Nos pequenos silêncios.
Como uma partitura. Numa sequência sem maestro. Mas com cadência. Assim era o ambiente. Uma quase orques-
tra. De sons. E tons. Até de sotaques. Uma exposição cautelosa das ideias. Em pianíssimo. Em alegretto. Até cabia um
allegro ma non troppo.
O olhar veio antes. Era um olhar lúdico. O corpo todo veio depois. Mas tinha uma sintonia com o olhar. Deveria
ser mesmo um lugar que gostava. Que frequentava. Ou que tentava frequentar. Com o olhar percorria os lugares. E
buscava o seu. Vago. Uma mesa. Uma cadeira. Um assento. Onde pudesse abrigá-los. Corpo e olhar. E o riso. Ria
como se para alguém. Concluí. Deveria ser o alguém interior. Uma daquelas comemorações festivas. Entre ego e
superego. Ou entre ego e alter ego. Vai lá saber.
Algo de repente ficou errado. Nesse momento o olhar mudou. Já não era mais lúdico. Era um olhar envelhecido.
Ele veio na direção dela. Com ar de desagrado. Gesticulando para ela. Com desaprovação. O corpo em sintonia com
o olhar. Desagradável. O dedo substituiu a fala e apontou faltas. Muitas faltas. Faltava lugar. Faltava tempo. Faltava
espaço. Parecia que apenas sobrava espera. Desconforto. E dedos. Ele gesticulava. Ela observava. Parecia hesitante,
mas atenta. Por segundos retirava o olhar dele e olhava o espaço. O ambiente. Ele insistiu. O olhar dela mudou. Era
agora um olhar resignado.
Ele foi à frente. Deu as costas. Ela o seguiu. Iam sair. Fiquei pensando no porquê da concessão. Nas mil razões
das concessões. Durou pouco meu pensamento. Não cheguei nem na segunda razão. Até respirei aliviada. Vi que ela
voltou. Voltou. Quase dei um pulinho da cadeira. Que teria acontecido? E com ela um novo olhar. Olhar de decisão.
Ia ficar. Quase aplaudi. Eu me contive. Ele ainda ficou por um instante de pé. Diante dela. Reprovou. Apontou. Res-
mungou. Acatou.
Enquanto ela sentava, ele foi buscar o café. Estava irritado. Expressão de tédio, como ela diria se o estivesse vendo.
Pensei. Este deverá ser o café mais caro do planeta. Mas ela deve saber o que faz. E se tudo tem um preço, que seja pago
antecipado. Acompanhado de uma parcela de prazer. Procede. E vai ver sempre tem uma forma de evitar juros.
Era alta. Magra. Elegante. Porte ereto. Gestual delicado. Fugia ao comum. Tinha cabelos brancos. Não tingidos.
Longos. Presos com uma fivela sofisticada. Uma roupa despojada e adequada. Já sentada, sorriu. Para quem estava
em volta. Eu me incluí. Elogiei a decisão. Fez um olhar de surpresa. Não se imaginava observada. Agradeceu. Com
singeleza. Com tranquilidade.
Ele vinha em direção dela. Segurando a bandeja. Tentando
equilibrar irritação, aceitação, cobrança futura, café e bolinhos.
Não devia ser fácil. A expressão estava insegura. Desta vez ela
o recebeu com um outro olhar. Olhar de irreverência.
Sabe-se lá por que perguntei se era escritora. Nem sei de
onde tirei essa ideia. Mas perguntei. Ela respondeu. Com se-
renidade. Com uma voz firme. Não. Sou atriz. Devo ter feito
uma coletânea de todos os olhares dela. Em mim. Ao mesmo
tempo. Pelo jeito que ela me olhou. Sorri. E parabenizei.
Com entusiasmo.
Lembrei da minha avó. Agora sim. Acreditei e compreendi.
E o contrário também vale.