1. Meu marido foi
para a guerra
“Faz tempo, os jornais dizem que a guerra vai
demorar, que invadiram Paris, não sei como
conseguiram com meu marido defendendo as
pessoas fracas e as crianças, não sei, ele é um
soldado bravo e valente, não tem medo de nada.
Uma noite, faz também muito tempo, ouvi barulho
na cozinha à noite. Ele, heroicamente levantou-se e,
de arma em punho descobriu que era apenas o
vento batendo na vidraça.”
Roberto Aniche escreve na pg.6
Botucatu receberá Jornada
Definido o período de 26 a 29 de setembro de
2013 para a realização da Jornada da Sobrames
Nacional agregada à XII Jornada Médico-Literária
Paulista.Conhecidacomo“cidadedosbonsares”,pelo
climaamenoearsaudávelqueserespira,vindodacosta,
Botucatuétambémconsideradaa“CapitalNacionaldo
Saci”pormantervivasashistóriasdessebrasileiríssimo
personagemfolclórico.
A Sobrames-SP já iniciou os preparativos para
realizarumencontroaconchegantecomsessõesliterárias
dinâmicas, boa gastronomia, cultura regional e muitos
“mimos”... Inscrevam-se. Página 7
Veja outras notícias na coluna
FATOS & OLHARES,
escrita por Márcia Etelli - pg.8
242
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JANEIRO
2013
O Bandeirante
Pulicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional S.Paulo
Homenagem a um Grande Parauara
“Parauara! Era assim que ele gostava de se autodenominar divulgando sua terra e sua gente.”
Com estas palavras Helio Begliomini inicia sua crônica biográfica sobre o confrade Sérgio Martins Pandolfo,
falecido em janeiro. - Leia na pg.4
Luiz Jorge Ferreira (pg.3)
José Rodrigues Louzã (pg.3)
Carlos Roberto Ferriani ( pg.6)
Marcos Gimenes Salun ( pg.5)
Walter Whitton Harris ( pg.5)
Aída Begliomini ( pg.3)
e mais >>>>>
2. 2 O Bandeirante - Janeiro 2013
Jornal O Bandeirante
ANO XXII - nº. 242 -
Janeiro 2013
Publicação mensal da Sociedade
Brasileira de Médicos Escritores -
Regional do Estado de São Paulo
SOBRAMES-SP. Sede: RuaAlves
Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros - São Paulo - SP
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Editores: Josyanne Rita de Arruda Franco e Marcos Gimenes
Salun (MTb 20.405-SP)
Jornalista Responsável e Revisora: Ligia Terezinha Pezzuto
(MTb 17.671-SP).
Redação e Correspondência: Rua Francisco Pereira
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6484 Celular (11) 99937-6342.
Colaboradores desta edição (textos literários): Aida
Begliomini, Carlos Roberto Ferriani, Helio Begliomini, Luiz
Jorge Ferreira, José Rodrigues Louzã, Marcos Gimenes Salun,
Roberto Antonio Aniche, Walter Whitton Harris.
Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de
1.000 exemplares PDF enviados por e-mail.
Diretoria - Gestão 2013/2014 - Presidente: Josyanne Rita
de Arruda Franco. Vice-Presidente: Carlos Augusto Ferreira
Galvão. Primeiro-Secretário: Márcia Etelli Coelho. Segundo-
Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Primeiro-
Tesoureiro: José Alberto Vieira. Segundo-Tesoureiro:Aida
Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini. Conselho Fiscal
Efetivos:Hélio Begliomini, Luiz Jorge Ferreira e Marcos
Gimenes Salun. Conselho Fiscal Suplentes: José Jucovsky,
Rodolpho Civile e José Rodrigues Louzã.
.
Matérias assinadas são de responsabilidade de seus
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Editores de O Bandeirante
Flerts Nebó - novembro a dezembro de 1992
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris - 1993-1994
Carlos Luis Campana e Hélio Celso Ferraz Najar - 1995-1996
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris - 1996-2000
Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun - 2001 a abril de 2009
Helio Begliomini - maio a dezembro de 2009
RobertoA.Aniche e CarlosAugusto F.Galvão - 2010
Josyanne R.A.Franco e CarlosAugusto F.Galvão - 2011-2012
Josyanne R.A.Franco e Marcos Gimenes Salun - janeiro 2013
Presidentes da Sobrames SP
1º. Flerts Nebó (1988-1990)
2º. Flerts Nebó (1990-1992)
3º. Helio Begliomini (1992-1994)
4º. Carlos Luiz Campana (1994-1996)
5º. Paulo Adolpho Leierer (1996-1998)
6º. Walter Whitton Harris (1999-2000)
7º. Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002)
8º. Luiz Giovani (2003-2004)
9º. Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005)
10º. Flerts Nebó (out/2005 a dez/2006)
11º. Helio Begliomini (2007-2008)
12º. Helio Begliomini (2009-2010)
13º.Josyanne Rita deArruda Franco (2011-2012)
14º.Josyanne Rita de Arruda Franco (2013-2014)
Editores: Josyanne R.A.Franco e Marcos Gimenes Salun
Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto
Diagramação Marcos Gimenes Salun
Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica
Expediente
Poucas e breves palavras convidam ao discurso de muitos
sentimentos.Naslinhas,prosavariadaepoesiadiversa!Nopalco,médicos,
jornalistas, advogados, professores, engenheiros e outros grandes
profissionais da vida e seus saberes. Conteúdo? Inteligência, perspicácia,
argumentação, polêmica, surpresa. Fatos e fugas para o universo íntimo
partilhado, compartido, imaginado, vivido. Resultado: lágrimas e risos,
emoções aflorando em arte literária. Venham todos à mesa! Participem da
acolhida calorosa da Sobrames-SP!
Josyanne Rita deArruda Franco
Médica Pediatra Presidente da Sobrames-SP
Editorial
O Malho informa que
a última pizza literária foi...
NESTADATAQUERIDA,
NOSSOSPARABÉNS!
AidaLúciaPullinDalSasso
Begliomini–13/01
Evanil Pires de Campos - 06/01
José Leopoldo Lopes de Oliveira
Sobrinho – 16/01
José Rodrigues Louzã – 01/01
Rodolpho Civile – 25/01
3. O Bandeirante - Janeiro 2013 3
Harmonia de um apito
Eu não sei o motivo (cansaço enfermidade ou outra qualquer circunstância).
Que conseguiu afastar este companheiro (Hélio Déstro) querido de nossas
reuniões, as quais eu chamo de “encontros”.
Sei, com certeza, do silêncio que seguirá a esta atitude, deixando-nos sempre a
impressão de que, em algum momento, soará um apito, dar-se-á um leve grito e
avistar-se-á o poeta fazendo sua intervenção.
Mímica rítmica sonora que enchia nossas almas de alegria pelo momento descontraído e criativo.
Outro dia, separei material de vários companheiros, entre os quais um apito, um pequeno apito que, ao primeiro
olhar, parece frágil, pouco ousado, discreto. Mas que quando soprado, mirava seu som, agora transformado em
palavras, direto no âmago de nossos corações.
Vou guardar este apito comigo até que nem ele nem eu sopremos mais.
Luiz Jorge Ferreira
Tankas
José Rodrigues Louzã
O sol no poente
faz pensar no amor latente
que inunda minha alma
a deleita muito calma
e muito feliz se sente.
Escondem cantatas
os meus cabelos de prata
que criança eu fiz.
Versos para a bela atriz
que meus sonhos dominou.
Pelo forte mar,
o velho tronco lançado
na vida perdida
faz-nos pensar e chorar
a esquecida guarida.
Um beijo tão quente
de Arlequim. Paixão candente!
Um sonho de amor –
de Pierrot. Todo candor!
Qual o afeto que não mente?
Ventos fortes rindo.
Belas ondas indo e vindo.
O encanto da beira-mar.
Com a luz do luar
nossa vida a clarear.
No badalar dos sinos
os ponteiros se unem.
O céu se enche de luzes
numa profusão de cores e sons
Explodemestrelas
fagulhas espalham-se
no mar, na areia, na copa das árvores.
Votos, promessas
esperanças são renovadas.
Beijos dados e roubados.
Corpos se abraçam.
Mãos se entrelaçam
cumprimentam,perdoam.
Sementes de romã chupadas,
dinheironobolso
Lentilhascomidas,
muitasorte.
Sete ondas puladas,
pedidosrealizados.
Proseccos abertos,
taçasborbulhantes.
Alegria,fantasia.
Tim-timparavocê
para mim e para todos.
Felizanonovo!
Tim-tim
Aída Begliomini
4. 4 O Bandeirante - Janeiro 2013
Parauara! Era assim que ele gostava de se
autodenominar divulgando sua terra e sua gente: Parauara
ou paroara é o substantivo que designa o paraense, e, por
conseguinte, sua cultura, folclore, tradição nortista e
amazônida.
Conheci-o há cerca de uns 10 anos. De forma natural
e gradativa, fomos estreitando laços de amizade. Guardo dele
seu jeito afável e lhano de ser. Por trás de sua modéstia
escondia um denodado e afamado filho de Hipócrates,
graduado em 1963, pela Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Pará, ocasião em que apresentou a
monografia Reticulossarcoma – Considerações em Torno
de um Caso.
Nessa tradicional casa de ensino,
também se dedicou à carreira universitária,
lecionando a disciplina base da técnica
cirúrgica e da anestesia, denominada hoje
como clínica cirúrgica I. Galgou diversos
postos: auxiliar de ensino (1972); professor-
assistente (1974); professor-doutor (1976);
livre-docente (1977) com a tese Estudo Crítico
de uma Técnica Neolaparotômica de Acesso
à Cavidade Pélvica, e professor-adjunto
(1978).
Atuou no Hospital Gaspar Vianna por
12 anos e dedicou-se ao magistério por 26
anos. Nessa lida ensinou diversas gerações de médicos e
produziu dezenas de trabalhos científicos, que o tornaram
destacado entre seus pares. Mais do que conceitos e
técnicas, transmitiu a seus discípulos lições de humanismo e
respeito no trato com os pacientes.
Num de nossos últimos encontros, disse-me que
estava pensando em reduzir o ritmo de trabalho que houvera
empreendido em sua profissão. Não foi apenas um médico,
cirurgião especializado em tocoginecologia, mas um grande
escritor e intelectual.
Reconhecia a ingratidão de seus conterrâneos em
não dar o devido valor ao médico estadista, Juscelino
Kubitschek de Oliveira, que governou esta nação de 1956 a
1961, por ter legado dentre tantos feitos, a integração do
Pará ao resto do País através da construção dos quase 2.000
quilômetros da Rodovia Belém-Brasília. Neste particular não
se continha e produziu diversos artigos, fazendo acerbas
críticas aos governantes e concidadãos de sua terra.
Homem de letras e poeta, conhecia como poucos
nosso vernáculo. Aliás, sem melindres, cultuava e defendia
nossa língua de modo primoroso. Sabia bem manipulá-la de
forma escorreita tanto na fala quanto na escrita. Sem jactância,
ensinou-me e esclareceu-me algumas particularidades de
nosso idioma com a humildade que o caracterizava.
Sua liderança foi sobeja para a fundação da Regional
Paraense da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores
(Sobrames – Pará), em 21 de fevereiro de 2001, ocasião em
que se tornou seu primeiro presidente. Dentre sua
diversificada atuação, fundou e foi o editor (2002-2008) do
boletim dessa entidade, que carinhosamente o denominou
de O Parauara. E assim ele explicava esse vocábulo:
“Designativo gentílico do nascido em nosso Estado, vem
do tupi para’wara, que quer dizer ‘o que nasceu do mar’ (o
rio-mar). Chamamos a atenção para a grafia correta,
parauara, em vez da espúria ‘mutação’ paraoara, que temos
observado seguidamente na imprensa desta terra. (...)”.
Refiro-me a Sérgio Martins Pandolfo, mais conhecido
por Sérgio Pandolfo, ou simplesmente Pandolfo. Sua fidalguia e
simplicidade, aliadas à sua desenvoltura intelectual e cultura
tornaram-no eleito para a Academia Brasileira de Médicos
Escritores (Abrames). Ingressou nesse sodalício em 27 de
novembro de 2008, sendo o segundo ocupante da cadeira no
1,
sob a patronímica de Mateus Vasconcelos.
Apesar da grande distância onde vivia, sua presença
era marcante nos congressos da Sobrames e nas Semanas da
Abrames, reuniões anuais magnas desse silogeu.
Pandolfo foi também membro das seguintes entidades:
Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC, titular e emérito); Sociedade
Médico-Cirúrgica do Pará (efetivo, honorário e curador
do Museu da Medicina); Sociedade Paraense de
Ginecologia e Obstetrícia (presidente nos biênios 1974-
1976 e 1976-1978); Academia de Medicina do Pará,
Academia de Estudos e Pesquisas Literárias, Academia
Paraense Literária Interiorana, Academia de Imprensa
de Belém, Instituto Histórico e Geográfico do Pará e
União Brasileira de Escritores. Era membro honorário
da Academia Brasileira de Medicina Militar e
correspondente da Academia de Letras Rio-Cidade
Maravilhosa e da Academia Maceioense de Letras.
Ademais, foi membro do Conselho Estadual
de Cultura do Pará e era colunista semanal do jornal O
Liberal, de sua cidade.
Sérgio Pandolfo recebeu diversos prêmios e comendas
mercê de seu talento. Dentre eles destacam-se: Prêmio João Prisco
dos Santos do CBC (1990); medalha do Mérito Tiradentes do
Comando Geral da Polícia Militar do Estado do Pará (1993) e
medalha cultural Professor Dr. Camillo Salgado do Conselho
Estadual de Cultura do Governo do Estado do Pará (2001).
Participou de diversas antologias, sendo de sua lavra os
livros: Algumas Palavras (2000), Português em Números (2000),
Metamorformas (2005) e 10 de Junho (2008).
Paradoxalmente, quando adoeceu, não recebeu de seus
pósteros de profissão a mesma atenção e carinho que empreendia
no cuidado com seus pacientes. Assim desabafou seu filho,
Nicolau: “Infelizmente, nesses momentos de dor, constata-se que
existem profissionais insensíveis que deveriam ter escolhido outra
profissão da qual não se espera um mínimo de humanidade,
compaixão e sensibilidade (...). Com absoluta certeza, não tiveram
a sorte de ter sido alunos do professor Sérgio Pandolfo que,
decerto, os teria reprovado, pois agem de forma diametralmente
oposta aos ensinamentos do “Médico dos Médicos”, Deus, e
dos mandamentos de Hipócrates”.
Sergio Martins Pandolfo nasceu em 9 de agosto de 1939,
em Belém (PA), e aí faleceu, em 9 de janeiro de 2013, aos 73 anos,
vítima de complicações cardíacas. Seu corpo foi velado na
Sociedade Médico-Cirúrgica do Pará. Foram seus pais Rocco
Rafael Pandolfo e Clara Martins Pandolfo. Deixou a esposa Maria
José Canthé Pandolfo (médica); três filhos: Maria Clara (médica),
Rafael e Nicolau, além de três netos: Nicolle, Roco e Isaac.
Partiu ainda jovem, em plena atividade profissional e
literária, considerando a lucidez de sua mente e a disposição de
seu corpo. Deixou uma grande lacuna não somente na medicina e
intelectualidade paraense, como também nas entidades de que
participou e que muito bem soube representá-las.
Seu legado de médico, professor e escritor associado à
sua esmerada educação e espírito fraterno deixarão agradáveis e
inesquecíveis fragrâncias entre aqueles que tiveram o privilégio
de conhecê-lo e de compartilhar de sua amizade.
Homenagem a um Grande Parauara
Helio Begliomini
5. O Bandeirante - Janeiro 2013 5
BORBOLETAS AZUIS
“Tem dias, que nem sei de onde, surge uma
borboleta azul enorme e linda em minha manhã. Ela entra
pela fresta duma janela, pelos vãos da cortina, e
displicentemente se instala em mim. Sobrevoa meu dia,
borboleteando no seu jeito desajeitado de ser borboleta.
Ela se insinua e logo escapa, como quem não quer nada
com nada e não está nem aí com seu jeito efêmero de ser
uma borboleta grande e azul. Com ela eu me divirto, eu
sorrio novamente, eu volto a viver. Borboleteio com ela
nessas horas, pois nada melhor que a despretensão desses
voos desajeitados. Borboletas azuis aparecem sempre que
sabem que são necessárias, isso sim!”
02.01.2013
DESINVENÇÕES
Hoje me deu de pensar em coisas meio esquisitas.
Naquelas meio estrambólicas e surreais que de vez em
quando nos vêm na cabeça. Aí pensei em desinventar
uma das que foram feitas só para atormentar nosso juízo.
Tentei desinventar a saudade. Um pacote vindo da
Oceania, uma ligação no Skype, uma voz distante, tudo
pode ser motivo para desinventar a saudade. Mas logo vi
que a saudade é mesmo uma desinvenção meio à toa,
pois ela é aquela coceira que dá por dentro da gente,
difícil demais de coçar. Aí desisti. Prefiro essa comichão
que vem lá do fundo e que nunca a gente coça direito,
por mais que tente. Mas uma hora qualquer eu dou um
jeito nela. Deixa estar.
04.01.2013
ÁGUAS
É que muitas vezes somos teimosos, mas não
deveríamos insistir tanto com certas coisas improváveis.
Seria útil refletir sobre o exemplo da sabedoria das águas
dos rios, que nunca passam novamente sob a mesma ponte,
que contornam obstáculos ao invés de evitá-los, que
percorrem os caminhos de seu destino ora com a mansidão
de quem desfruta o momento, ora com a volúpia frenética
de quem tem certeza de onde quer ir. E assim vão se
avolumando e se fazendo poderosos, se agigantando...Até
que um dia viram oceano.
07.01.2013 (com saudades da visão do Velho Chico
virando mar em Piaçabuçu).
CRENÇAS
O mundo é movido por uma porção de coisas, em
primeiro lugar, pela mão onipotente e poderosa do Grande
Arquiteto do Universo. Para alguns tudo é fruto do acaso.
Para outros, este simplesmente não existe. Há os que
creem em destino, e há os que abominem essa ideia. Há
quem espere pelo óbvio, que nem sempre acontece. E há
também quem acredite no impossível, que de repente...
Pronto! É a vida seguindo sua trajetória e são os que vivem
buscando entender todo esse mistério de ganhar e perder.
Seguir em frente. Conquistar. Um mistério e tanto a ser
desvendado se pensarmos que há muitos que não têm
sequer um pouco de fé. É preciso acreditar na vida e no
jeito próprio que ela encontra para tomar conta de tudo.
Eu acho.
16.01.2013
Reflexões casuais ao raiar do ano
Marcos Gimenes Salun
Para trás ficou a semana,
De labuta cansativa, fugaz,
Levando solidariedade humana
Com ternura e conhecimento capaz.
Solidão!
Agora o lar me recebe,
Com companhia, música e calor.
A solidão não mais me persegue
Nem um pouco de meu prévio pavor.
Chuva!
Refletido sobre o vidro, uma gota
Pela luz parca que emana do céu,
A chuva escorrendo marota
Escoa pelas galerias, sem véu.
Cheiro!
O aguaceiro cessa de repente,
E o dia engatinha ao poente.
De minha rede, o cheiro se sente
Do gramado molhado sedente.
Noite!
A estrela d’alva vem brilhar,
Anunciando o então entardecer
Da noite que está para chegar
E do novo dia nem se pode prever.
Nostalgia!
A solidão não é só a culpada
O cheiro da chuva reconhecer
Nostalgia nessa poesia malfadada
Deixa então a noite transparecer...
Entardecer
Walter Whitton Harris
6. 6 O Bandeirante - Janeiro 2013
Faz muito tempo
que ele partiu. Colocou
seu melhor uniforme,
botas lustradas e novas,
capacete, cinturão, e eu
fiquei ali, na porta,
orgulhosa e medrosa. Meu
Deus, como eu amo este
homem que vai salvar a
Pátria de uma guerra suja!
Ele está lindo indo para o
quartel, tenho certeza de
que logo ele será general,
tamanha a coragem que tem.
Sabe, meu marido foi para a guerra e eu sinto
falta de ficar em seus braços à noite, quando o vento
gemia frio nas janelas e eu ficava ali, apertada bem junto
dele. Às vezes eu acordo à noite abraçando o travesseiro
que ainda conserva a sua loção de barba; que saudades,
meu Deus, que saudades que tenho do meu marido...
Faz tempo, os jornais dizem que a guerra vai
demorar, que invadiram Paris, não sei como conseguiram
com meu marido defendendo as pessoas fracas e as
crianças, não sei, ele é um soldado bravo e valente, não
tem medo de nada. Uma noite, faz também muito tempo,
ouvi barulho na cozinha à noite. Ele, heroicamente
levantou-se e, de arma em punho descobriu que era
apenas o vento batendo na vidraça.
Não recebo cartas, faz muito tempo. Ele não deve
ter tempo de escrever, a guerra está cada vez pior, deu
no rádio, as bombas caem o tempo todo em cima das
casas, das escolas, das estradas de ferro, dos soldados.
As pessoas me perguntam sobre ele. Eu respondo
que hoje ele deve ser general, faz tanto tempo que foi
para a guerra e ele sempre foi muito corajoso, deve estar
comandando batalhões de homens para defender o mundo
do comunismo, isso mesmo, do comunismo!
Hoje lavei e passei todas as suas camisas, engomei
os colarinhos e punhos, coloquei seu terno de missa no
sol, não sei, alguma coisa me diz que ele irá voltar hoje
com seu sorriso largo entrando pelo portão. Tenho certeza,
as flores abriram, o verde do jardim está mais verde,
brilhando. Tinha até um passarinho cantando na goiabeira
que até me lembrou do seu assovio chegando em casa...
Já me troquei também, coloquei meu melhor
perfume, coloquei a água do café e um maço de cigarros
Kent com o cinzeiro no seu lugar à cabeceira da mesa.
Meu coração está explodindo de alegria. Batem palmas
na minha porta. Tem um carro do exército e dois soldados
muito elegantes. Devem ser da guarda de honra, afinal,
depois de tanto tempo na guerra meu marido deve ser
general.
Corro alegre ao encontro dos bravos soldados,
mas meu marido não está no carro, o que será que houve?
Onde está meu marido? Recebo um envelope lacrado e
ouço apenas alguma coisa tipo “sinto muito” enquanto
minhas lágrimas caem.
Meu Deus, como eu amo esse homem.
Meu marido foi para a guerra
RobertoAntonioAniche
Aprendi com você
que as palavras podem sorrir
e ao assobiar poesias, embala o meu sono.
Descobri que há vida em cada instante.
Que quando me abraça, mesmo distante,
o cheiro de grama cortada se faz parir.
Que a chuva e o sol não têm dono,
mas deles restará sempre o luar à nossa mercê.
Aprendi com você
a molhar de beijos suas mãos
depois de roubar sua intimidade.
No silêncio de depois, mesmo efêmero,
descobri que você é o meu número.
Que a paz é um convite da verdade
quando o seu encanto alimenta os vãos.
E perdoar é um dom de quem crê.
Aprendi que me amanhece
de certezas e alegrias a matizes.
Que desvendo segredos do fogo
quando seus lábios tocam os meus.
Conjugo verbos trocados que são seus.
Apreendi o vento feito rua de diálogo,
e regar com fonte, das flores às raízes.
Aprendi que o seu amor me rejuvenesce.
Carta ao meu amor
Carlos Roberto Ferriani
7. O Bandeirante - Janeiro 2013 7
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XII JORNADA MÉDICO – LITERÁRIA DA SOBRAMES SP
VII JORNADA NACIONAL DA SOBRAMES
DATA: 26 de setembro a 29 de setembro de 2013
LOCAL: PRIMAR PLAZA HOTEL
Rua Dr. José FreireVillas Boas, 468
Botucatu - SP
INSCRIÇÕESABERTAS
Sua participação contempla:
* Três diárias no Primar Plaza Hotel.
* Refeições durante a Jornada (bebidas a parte).
* Coffee Break
* Transporte dentro da cidade
* Passeio Eclusa Barra Bonita com almoço a bordo.
* Sessões Literárias dinâmicas com apresentação dos trabalhos
inscritos.
* Intercâmbio cultural com aAcademia Botucatuense de Letras
e Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP).
* Um exemplar dosAnais da Jornada.
*Um exemplar da IXAntologia Paulista
* Certificado de participação
Passeios Opcionais:
-Três Pedras: conjunto de elevações rochosas que, vistas de
longe, assemelham-se a um “GiganteAdormecido”
- Museu do Café: preserva a memória da cultura cafeeira.
- Fazenda Lajeado: remonta ao período dos coronéis e dos
escravos.
Custo do Pacote: R$1.200,00 por pessoa (cada acompanhante
deverá se inscrever com taxa de idêntico valor)
Forma de Pagamento: cinco parcelas de R$ 240,00 (cheques
pré-datados para 30/04, 30/05, 30/06, 30/07 e 30/08 de 2013).
REGULAMENTODOCONCURSOLITERÁRIO
XII Jornada Médico-Literária Paulista - SOBRAMES SP
VII Jornada Nacional da SOBRAMES
I.CATEGORIAS: Sócio e Estudantes de Medicina
II.GÊNERO:Prosa e Poesia -Tema Livre.
Cada participante poderá se inscrever com dois textos, sendo
um de cada gênero ou os dois de mesma modalidade.
III.FORMATAÇÃO:
Microsoft Word, digitados em folha A4, frente única, fonte
Times New Roman, tamanho 12, espaço simples. Margens de
2,5cm.
Os textos deverão conter apenas título, categoria e pseudônimo
e não deverão ultrapassar 80 linhas (cerca de uma página e
meia), salvos em .doc
Não colocar seu nome verdadeiro para garantir imparcialidade
de avaliação.
IV.NORMASPARAENTREGA
O autor deverá enviar impreterivelmente até o dia 30 de junho:
a) Envelope A4 com seus textos em cinco cópias impressas (a
serem encaminhadas para a Comissão Julgadora)
b) Envelope menor com ficha de inscrição preenchida com os
dados do autor, lacrado, colocado dentro do envelope maior
que contém os trabalhos concorrentes.
c) cinco cheques pré-datados, nominais à SOBRAMES SP,
correspondentes à inscrição na Jornada.
d) Para enviarmos os trabalhos para a gráfica que confeccionará
os Anais, é necessário que os textos sejam gravados em CD e
remetidos com os itens acima ou, se houver preferência,
enviados via eletrônica para o e-mail da secretária da Sobrames
SP: marciaetelli@ig.com.br.
V.ENDEREÇOPARAREMESSACONVENCIONAL:
Márcia Etelli Coelho (Secretária da SOBRAMES SP)
Rua Borges Lagoa, 1246,Apto 91, Vila Clementino,
São Paulo – SP, CEP: 04038-003
Atenção: A revisão rigorosa dos textos ficará a cargo do autor
e, uma vez enviadas as cópias, não será possível promover
alterações.
VI.CONFIRMAÇÃO:
A aceitação definitiva dos textos será confirmada
apócumprimento dessas formalidades e do pagamento da taxa
de inscrição.
Solicite hoje mesmo sua ficha de inscrição e participe.
8. Homenagem a
Sérgio Pandofo
Foi com muita emoção que Carlos
AugustoFerreiraGalvãoleuotexto
de Helio Begliomini: uma sincera
homenagem a Sérgio Martins
Pandolfo (sobramista do Pará,
recentementefalecido),manifestando
nosso pesar por uma perda tão
repentina. Mas como a vida
prossegue em sua trajetória, os
sobramistas brindaram o futuro
aniversariante – Rodolpho Civile –
que no dia 25 de janeiro completará
82 anos. E como sempre afirma
Marcos Gimenes Salun: Carpe
Diem...
Pizza Literária de
Janeiro
A primeira Pizza Literária de 2013
teve início com uma inusitada
proposta:cadasobramistalerotexto
escrito por outro confrade.
Aceitaçãoquaseunânime,observou-
FATOS &
OLHARES
Márcia Etelli Coelho
se muito zelo nas leituras com
respeitosas interpretações. Não há
o que criticar quem prefira ler seus
própriosescritos,dandoaentonação
eênfasequeasuacriatividadejulgar
pertinente. Mas, ao lançar um livro,
não permitimos que cada leitor o
recebacomsuapeculiarpercepção?
Por isso, os que aceitaram o desafio
puderaminteragircomaobraliterária
alheia,tornandoareuniãodinâmica
e cativante. Uma experiência que,
com certeza, vale a pena repetir.
Prêmio Rodolpho
Civile e Aldo Miletto
Ainda na Pizza Literária do dia 17
de janeiro de 2013, Maria do Céu
Coutinho Louzã, José Jucovsky,
Sérgio Perazzo e Márcia Etelli
Coelho receberam os Certificados
doPrêmiodeAssiduidadeRodolpho
Civile–CategoriaGrandeSãoPaulo
enquantoopróprioRodolphoCivile
e Alcione Alcântara Gonçalves
conquistaram o Prêmio Rodolpho
Civile – Categoria Interior. Helio
Begliomini, por sua vez, mereceu o
Prêmio Aldo Miletto, de Melhor
Desempenho durante 2012.
Parabéns a todos.
AGENDA 2013
Prêmio Flerts Nebó Melhor Prosa:
Premiação na Pizza Literária de Março
Prêmio Bernardo de Oliveira Martins:
Premiação na Pizza Literária de Abril
Sabatina Literária: Maio
Homenagem a autores consagrados: Pizza Literária de Julho
Jubileu de Prata: “SOBRAMES-SP 25 ANOS”:
Pizza Literária de Setembro
XII Jornada Médico-Literária Paulista e Jornada Nacional da Sobrames:
dias 26, 27, 28 e 29 de setembro, em Botucatu-SP.
Lançamento da 9a
Antologia Paulista: Jornada de Botucatu.
Pizza Literária de Natal: dia 19 de dezembro.
QUEM é QUEM
Lembra destas dicas na
edição de dezembro?
“Está sempre junto de seu amor,
Saber quem ele é guarda um mistério,
Publica pesquisas, ensaios, tudo com primor,
Sócio fundador, esse escritor se chama...”
Elas se referiam ao nosso dileto
confrade, ex-presidente da
Sobrames-SP e grande escritor
HELIO BEGLIOMINI.
VALORIZE SEUS
ESCRITOS
Para garantir que seus textos literários
apresentados nas reuniões das Pizzas Literárias
participem dos concursos de prosa e verso da
Sobrames-SP, facilitar a sua publicação nas
edições do jornal “O Bandeirante” e como
consequência ser selecionado para publicação
no livro bi-anual “Antologia Paulista”, não se
esqueça de enviá-los por e-mail para um destes
endereços:
marciaetelli@ig.com.br
jlouza@uol.com.br
josyannerita@gmail.com