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AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA CARNE-DE-SOL
                   ELABORADA COM BAIXOS TEORES DE CLORETO DE SÓDIO1
                                    Elizabete Lourenço da COSTA2, João Andrade SILVA3,*



                                                                         contamination was much higher in the samples collected in
                            RESUMO                                       establishments without inspection. The variation of the sodium
Foram analisadas 96 amostras de carne-de-sol, das quais 48               chloride content and water activity of the sample indicated lack
foram coletadas em estabelecimentos inspecionados e 48 em                of standardization during sun dried meat processing. There is
estabelecimentos não-inspecionados. Com o objetivo de avaliar            the need tho establish microbiological and physical-chemical legal
as condições higiênico-sanitárias desse produto, durante o pro-          parameters capable of offering safe food to the consumer.
cessamento e a comercialização, pesquisou-se a incidência de
bactérias mesófilas, bolores e leveduras, Staphylococcus aureus,         Keywords: meat; microbiology; water activity; shelf life.
coliformes fecais e Escherichia coli. Foram analisados ainda,
alguns parâmetros físico-químicos como atividade de água e                                   1 – INTRODUÇÃO
teor de cloreto de sódio. Nos dois grupos os resultados obtidos
nas análises microbiológicas foram bastante elevados. Nas amostras            A carne bovina curada representa cerca de 25% da
provenientes de estabelecimentos inspecionados as médias da              produção de carnes produzidas pelos estabelecimen-
contagem total de bactérias mesófilas, bolores e leveduras,              tos sob inspeção federal no Brasil, sendo o principal
Staphylococcus spp e coliformes fecais foram 6,2Log UFC/g,
                                                                         produto, o charque [15]. A estatística apresentada não
3,8Log UFC/g, 7,4Log UFC/g e 1,3Log NMP/g, respectivamente,
e, nas comercializadas sem inspeção foram 7,4Log UFC/g, 4,4Log           discrimina a produção da carne-de-sol, um produto am-
UFC/g, 6,8Log UFC/g e 2,6Log NMP/g, respectivamente. Esses               plamente consumido na região Nordeste, curada
resultados sugerem que houve falhas tanto no processamento               exclusivamente pela adição de relativamente baixa con-
como na manipulação desses produtos, sendo que a contami-                centração de cloreto de sódio, em média 5,0% oscilan-
nação fecal foi bem mais elevada nas amostras coletadas nos              do entre 2,9 e 11,9% [14, 20]. A variabilidade desses
estabelecimentos sem inspeção. A variação dos teores de cloreto          valores indica a falta de padronização do seu proces-
de sódio e atividade de água das amostras indicou falta de pa-
                                                                         samento, que consiste na utilização da salga seca e
dronização de qualidade da carne-de-sol, havendo a necessida-
de de se estabelecer parâmetros legais tanto microbiológicos             desidratação durante o empilhamento das mantas por
como físico-químicos, capazes de oferecer ao consumidor um               algumas horas, podendo ser expostas ao sol, depen-
alimento seguro.                                                         dendo do fabricante. O resultado é um produto semi-
                                                                         desidratado com características sensoriais muito pe-
Palavras-chave: carne-de-sol; microbiologia; atividade de água;          culiares.
vida-de-prateleira.
                                                                              Esse produto surgiu como uma alternativa na pre-
                                                                         servação do excedente de produção da carne bovina,
                           SUMMARY
                                                                         face as dificuldades encontradas para a sua conserva-
MICROBIOLOGICAL EVALUATION OF SUN DRIED MEAT WITH
                                                                         ção, pois devido ao baixo nível econômico da popula-
LOW SODIUM CHLORIDE. A total of 96 samples of sun meat
were analyzed, 48 of them were collected in inspected establishments     ção, optava pelo processo de salga e desidratação, uma
and the other 48 in establishments without inspection. This work         vez que às condições climáticas e a disponibilidade de
was developed in order to evaluate the hygienic-sanitary conditions      sal marinho no Nordeste brasileiro são bastante favo-
of these products during their processing and marketing. The             ráveis a essa prática [13]. A utilização desta técnica
incidence of mesophilic bacterias, molds, yeasts, Staphylococcus         acabou popularizando a carne-de-sol, que continua sendo
aureus, fecal coliforms and Escherichia coli was investigated.           produzida em condições higiênico-sanitárias insatisfa-
Also, some physical-chemical parameters as water activity and
                                                                         tórias, resultando em um produto com vida-de-pratelei-
sodium chloride were analyzed. In both groups the results obtained
in microbial analysis were quite high. In the samples of the inspected   ra entre 3 e 5 dias [17].
establishments the averages of mesophylic counts bacterias,                   A microbiota da carne depende das condições nas
molds and yeasts, Staphylococcus spp and fecal coliforms were            quais os animais foram criados, abatidos e processa-
6,2Log UFC/g, 3,8Log UFC/g, 7,4Log UFC/g and 1,34Log NMP/g
                                                                         dos [18]. Por se tratar de um produto sem registro no
respectively and, in the samples without inspection, the averages
were 7,41Log UFC/g, 4,44Log UFC/g, 6,78Log UFC/g and 2,6Log              Ministério da Agricultura, a carne-de-sol, atualmente
NMP/g, respectively. The microbial results suggest errors in the         comercializada, geralmente procede de abates clandes-
processing and manipulation of both samples, and the fecal               tinos, o que pode aumentar o risco da incidência de
                                                                         gastroenterites alimentares. Um outro fator que pode
1
  Recebido para publicação em 20/10/99. Aceito para publicação           ser determinante para as altas contagens de microrga-
em 25/06/01. Este trabalho é parte da Dissertação de Mestrado            nismos encontradas nesse produto é o baixo teor de
do primeiro autor.                                                       sal utilizado, suficiente apenas para reduzir a atividade
2
  Aluna do Curso de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição                de água para valores próximos a 0,96, capazes de ini-
FEA/UNICAMP                                                              bir o crescimento de Pseudomonas, mas oferecendo
3
  Professor do Departamento de Nutrição UFPb CCS/DN – João               condições favoráveis para o desenvolvimento de bac-
Pessoa-Pb CEP 58051-900.                                                 térias Gram-positivas, como as pertencentes ao gêne-
* A quem a correspondência deve ser enviada.                             ro Staphylococcus [20].


                                          Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 21(2): 149-153, maio-ago. 2001                           149
Esse gênero de bactérias é formado por organis-          duplicata, utilizando-se a técnica em profundidade,
mos com características seletivas que o torna favoreci-       empregando-se o meio “plate count agar” fundido. Após
do frente às outras bactérias, cresce e produz enterotoxina   a solidificação do ágar, as placas foram incubadas a
em baixos valores de atividade de água, [6]. São              37°C por 48 horas.
halotolerantes, crescem bem em até 15% de sal [11],               Contagem total de bolores e leveduras – Nessa
podendo representar um perigo adicional, pela falta de        determinação utilizou-se ágar batata dextrose acidificado
microrganismos competidores [7]. Sua presença tam-            com ácido tartárico a 1%. As placas foram incubadas a
bém pode ser utilizada como indicativo de condições           25°C por 96h.
inadequadas de manipulação.
                                                                  Staphylococcus aureus – De cada diluição, foram
    Outros microrganismos de interesse na avaliação           transferidas alíquotas de 0,1mL para a superfície do
da qualidade da carne-de-sol são os coliformes, indi-         meio Baird Parker, semeado com o auxílio de uma alça
cadores de contaminação fecal durante o abate e o pro-        de Drigalsky. Após a secagem, as placas foram incu-
cessamento, indicando também a possível presença de           badas a 37°C por 48h. As colônias típicas foram cora-
microrganismos patogênicos [9].                               das pela técnica de coloração de Gram e submetidas
     A Portaria no 451 de 19 de setembro de 1997 do           aos testes de catalase, coagulase e DNAse.
Ministério da Saúde [2] é omissa sobre as característi-             Bactérias coliformes – Nessa análise utilizou-se a
cas microbiológicas da carne-de-sol. Considerando o           técnica de diluições decimais em triplicata, onde cada
grande volume desse produto, comercializado no Nor-           tubo com caldo lauril sulfato triptose continha tubos de
deste brasileiro, existe a necessidade da definição de        fermentação invertidos, inoculou-se 1,0mL de cada di-
critérios e padrões físico-químicos para sua elabora-         luição da amostra e incubou-se por 48h a 37°C. A par-
ção, pois este produto parcialmente desidratado e semi-       tir de cada tubo positivo foi transferida uma alçada, para
preservado pela salga não pode se enquadrar no pa-            tubos com caldo E.C. e incubados a 45,5°C por 24h em
drão existente para o charque e similares, porque sua         banho-maria. Os tubos EC positivos foram semeados
vida-de-prateleira é muito curta quando comparada a           em ágar eosina azul de metileno e incubado por 24h a
estes produtos [10]. Portanto, esse trabalho teve como        37°C. As colônias típicas foram submetidas ao teste
objetivo avaliar alguns parâmetros relativos à sua qua-       IMViC para a confirmação da presença de Escherichia
lidade higiênico-sanitária.                                   coli.
            2 – MATERIAL E MÉTODOS                            2.3 – Análises físico-químicas
2.1 – Amostras                                                    Teor de cloretos – Os cloretos foram determinados
                                                              pelo método titulométrico, de acordo com a metodolo-
     Foi analisado um total de 96 amostras de carne-          gia da AOAC [1].
de-sol, sendo 48 coletadas em supermercados e frigo-
ríficos e 48 provenientes de estabelecimentos não-                Atividade de água – A atividade de água foi deter-
inspecionados, tais como feiras livres, mercados públi-       minada por método direto, utilizado-se higrômetro
cos e outros estabelecimentos de pequeno porte. As            Decagon, da marca Aqua Lab, modelo CX2, calibrado
amostras foram adequadamente acondicionadas e                 a 20°C. Foram feitas três leituras por amostra [23].
conduzidas ao Laboratório de Microbiologia de Alimen-
tos (Departamento de Nutrição/CCS/UFPB), onde fo-             2.4 – Análises estatísticas
ram realizadas as análises microbiológicas. As análi-             A estatística descritiva e as diferenças entre as
ses de atividade de água e teor de cloretos foram reali-      médias foram obtidas utilizando-se o Software Statistic
zadas no Laboratório de Tecnologia Química de Alimentos       for windows [21].
(Departamento de Tecnologia Química e de Alimentos/
CT/UFPB).                                                             3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
2.2 – Análises microbiológicas                                3.1 – Resultados das análises microbiológicas
     Pesaram-se assepticamente 25g de cada amostra                Pela ausência de padrões microbiológicos para a
que foram trituradas e diluídas em 225mL de solução           carne-de-sol na legislação brasileira foi tomado como
salina peptonada 0,1%. A diluição obtida correspondeu         parâmetro as especificações para carnes como charques
a diluição 10-1 [19], a partir da qual foram obtidas as       e similares.
demais diluições decimais até 10-7.
                                                                  As médias dos resultados obtidos nas análises mi-
     Utilizando-se as técnicas recomendadas por               crobiológicas das amostras provenientes dos estabele-
VANDERZAN & SPLITTSTOESSER [23], realizou-se a                cimentos sem inspeção foram mais elevadas do que
contagem total de bactérias mesófilas, bolores e levedu-      as observadas nas amostras coletadas nos estabeleci-
ras, Staphylococcus aureus a determinação do número           mentos inspecionados (Figuras 1 e 2). No entanto, a
mais provável de coliformes fecais e Escherichia coli.        pesquisa do número mais provável de coliformes fecais
   Contagem total de bactérias aeróbias mesófilas –           apresentou diferença significativa (p<0,05), sugerindo
As diluições de cada amostra foram semeadas, em               que em todos os locais de coleta das amostras, a car-



150           Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 21(2): 149-153, maio-ago. 2001
ne-de-sol estava sendo manipulada inadequadamente.                                A contagem total das bactérias mesófilas de um
                                                                             produto pode ser utilizada como indicativo do histórico
FIGURA 1. Microrganismos pesquisados nas amostras de car-                    da manipulação a que ele foi submetido, com reflexo
   ne-de-sol coletadas em estabelecimentos inspecionados                     na qualidade da matéria-prima empregada, bem como
      11                                                                     na vida-de-prateleira, do produto final [14]. As médias
                                                                             das contagens desse grupo de microrganismos nas
       9                                                                     amostras coletadas nos estabelecimentos inspecionados
                                                                             e sem inspeção foram 6,2 ±1,09 e 7,4 ±1,02Log UFC/g,
       7                                                                     respectivamente. A legislação brasileira não especifica
                                                                             um limite para a contagem total de microrganismos em
       5                                                                     carnes e produtos derivados. No entanto, na bibliogra-
log




                                                                             fia consultada, de um modo geral, produtos que apre-
       3
                                                                             sentam contagens entre 5 e 6Log UFC/g são conside-
                                                                             rados como altamente contaminados, conseqüentemente,
       1
                                                                             produtos cárneos com contagens acima desses valo-
                                                               Min-Max

      -1
                                                               25%-75%       res são considerados impróprios para o consumo [5,
           bolores    mesófilos     Staphy     colif fecais    Valor Médio
                                                                             20], embora esses valores têm como referência a car-
                         microrganismos
                                                                             ne fresca. Entretanto para SHIMOKOMAKI et al [17],
                                                                             valores entre 5 e 10Log UFC/g devem ser considera-
FIGURA 2. Microrganismos pesquisados nas amostras de car-
                                                                             dos comuns para a carne-de-sol, em decorrência das
   ne-de-sol coletadas em estabelecimentos não-inspecionados
                                                                             condições higiênico-sanitárias deficientes durante a pro-
                                                                             dução e armazenamento deste produto. JAY [7] tam-
      11
                                                                             bém admite a adoção de patamares mais elevados com
                                                                             relação aos microrganismos da flora natural dos ali-
       9
                                                                             mentos, pelo fato de competirem com microrganismos
       7
                                                                             patogênicos, embora admita que carnes com contagens
                                                                             acima de 7Log UFC/g possam apresentar odores de-
       5                                                                     sagradáveis. Os resultados apresentados na Figura 2
log




                                                                             mostram que cerca de 60,0% das amostras coletadas
       3                                                                     nos estabelecimentos não-inspecionados apresentavam
                                                                             contagens acima desse valor.
       1

                                                              Min-Max
                                                                                 Nos dois grupos de amostras submetidos às aná-
      -1
                                                              25%-75%        lises foram detectadas elevadas contagens de
           bolores   mesofilos     Staphy    coli fecais      Valor Médio

                       microrganismos
                                                                             Staphylococcus spp; nos estabelecimentos inspecionados
                                                                             a contagem média estava em torno de 5,29 ±1,69 e
                                                                             nos não-inspecionados 6,78 ±1,56Log UFC/g, sendo que
     Nas amostras coletadas em estabelecimentos não                          para este grupo, mais de 50,0% das amostras apre-
inspecionados, verificou-se uma grande contaminação                          sentaram contagens superiores a 7Log UFC/g, (Figura
por microrganismos de origem fecal, ou seja, o número                        2). Foi detectada uma baixa freqüência de S. aureus
mais provável desse grupo de microrganismos foi su-                          nas amostras dos dois grupos, estando presente em
perior a dois ciclos logarítmicos em 81,2% das amos-                         14,6% das amostras dos estabelecimentos inspecionados
tras analisadas, limite máximo estabelecido pela Por-                        e em 10,4% das amostras dos não-inspecionados. Apesar
taria no 451 de 19 de setembro de 1997 do Ministério                         da baixa incidência desse microrganismo, a média da
da Saúde [2]. Nos estabelecimentos inspecionados, ape-                       contagem foi superior a 5Log UFC/g, representando o
nas 18,7% das amostras encontravam-se fora dessa                             risco da presença da enterotoxina suficiente para de-
especificação. Entretanto, mesmo nas amostras com                            sencadear a intoxicação alimentar [16].
pequena incidência de coliformes fecais verificou-se a
presença de Escherichia coli em 56,3% do total das                                Durante o processamento da carne-de-sol é comum
amostras, já as provenientes dos estabelecimentos não-                       a utilização de utensílios de madeira que absorvem
inspecionados apresentaram o microrganismo em 66,7%                          umidade e matéria orgânica, transformado-se em am-
delas. A presença de E. coli não é tolerada, mesmo em                        bientes ideais para a proliferação dos bolores e levedu-
pequenas quantidades, visto que algumas cepas desse                          ras. Além da espoliação da carne os fungos podem sin-
microrganismo são comprovadamente enterotoxigênicas                          tetizar substâncias tóxicas para os seres humanos [24].
e têm sido envolvidas em surtos de gastroenterites se-                       A Legislação Brasileira também não regulamenta ní-
veras [3].                                                                   veis de bolores e leveduras para produtos cárneos, mas
                                                                             analisando a microbiota inicial da carne bovina SILVA
     Resultados próximos aos obtidos neste trabalho                          [19] obteve contagens na ordem de 1,66Log UFC/g. Nas
foram encontrados por SILVA [20] que detectou a E.                           Figuras 1 e 2 observa-se que as contagens médias es-
coli em 45,0% das amostras de carne-de-sol comercia-                         tavam em torno de 3,8 ±1,02 para os estabelecimentos
lizadas em feiras livres.                                                    inspecionados e 4,44 ±0,95 para as amostras dos es-
                                                                             tabelecimentos não-inspecionados, valores coerentes


                                                Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 21(2): 149-153, maio-ago. 2001                 151
com os encontrados por VALADARES et al [22] ao ana-               admitidos na bibliografia consultada. Constatou-se que
lisar carnes de qualidade inferior utilizadas como ma-            as amostras comercializadas nos estabelecimentos sem
téria-prima para embutidos (4,39Log UFC/g).                       inspeção apresentaram uma maior extensão da conta-
                                                                  minação por microrganismos de origem fecal, o que
3.2 – Resultados da determinação físico-química                   pode indicar a presença de bactérias patogênicas. Os
                                                                  dois grupos de amostras também apresentaram uma
     A atividade de água de um alimento é a medida
                                                                  elevada incidência das bactérias do gênero
mais acurada para se determinar a habilidade do cres-
                                                                  Staphylococcus, o que sugere hábitos higiênicos incor-
cimento microbiano [12], que pode ser reduzida tanto
                                                                  retos durante o processamento. A presença do S. aureus
pela desidratação como pela adição de solutos [6]. As
                                                                  foi detectada em baixa frequência, mas em quantida-
Figuras 3 e 4 mostram o comportamento da atividade
                                                                  des suficientes para formar enterotoxinas.
de água nas amostras dos dois grupos em função da
concentração de cloreto de sódio, apresentando uma                     1,00
correlação de -0,49 (p<0,05), valores médios de ativi-
dade de água de 0,94 ±0,02, com uma amplitude de                       0,98
0,89 a 0,97, para as amostras coletadas nos estabele-
cimentos inspecionados. A mesma média foi obtida para                  0,96
as amostras coletadas nos estabelecimentos sem ins-
peção, com uma amplitude de 0,88 e 0,98 e a correla-                   0,94




                                                                  aw
ção encontrada entre os parâmetros cloreto de sódio e
atividade de água foi um pouco mais elevada, qual seja,                0,92
r= -0,69 (p<0,05).
                                                                       0,90
     0.98


                                                                                                                                 Regression
                                                                       0,88
     0.96                                                                     1   3      5        7       9      11       13     95% confid.

                                                                                               NaCl


     0.94
                                                                  FIGURA 4. Correlação entre a aw e o NaCl das amostras de
                                                                     carne-de-sol comercializadas em estabelecimentos sem ins-
aw




     0.92
                                                                     peção r=-0,69

     0.90
                                                                                        4 – CONCLUSÕES
     0.88                                           Regression
                                                    95% confid.
                                                                      Há necessidade de uma padronização em etapas
            2   3     4    5      6   7   8    9
                           NaCl                                   importantes do processamento da carne-de-sol, como
                                                                  o período de secagem e o teor de cloreto de sódio e
FIGURA 3. Correlação entre a aw e o NaCl na carne-de-sol          ainda a adição de conservantes que não alterem as ca-
   comercializada em estabelecimentos inspecionados r=-0,49       racterísticas sensoriais visando a obtenção de valores
                                                                  de atividade de água mais baixa na tentativa de ofere-
     Carnes processadas com atividade de água entre               cer produto seguro ao consumidor.
0,97 e 0,98 têm sua vida-de-prateleira reduzida, uma
vez que esses valores correspondem a faixa ótima de                           5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
crescimento de bactérias deterioradoras como as                   [1] A.O.A.C. OFFICIAL METHODS OF ANALYSIS OF THE AS-
Pseudomonas fluorescens, principalmente nos produ-                        SOCIATION OF ANALYTICAL CHEMISTS. 14 ed.
tos elaborados com baixo teor de cloreto de sódio. O                      Alington: George Banta, Virginia, 1984.
crescimento desses microrganismos pode provocar al-               [2] BRASIL, Ministério da Agricultura. Portaria n.º 451 de 19 de
terações na coloração, odores desagradáveis e limosidade                  setembro de 1997, Dispõe sobre as normas e padrões de
superficial [8]. Além disso DELLAPINA et al [4] obser-                    controle microbiológico para alimentos. Diário Oficial [da
varam a sobrevivência de Salmonella, Listeria                             República Federativa do Brasil], Brasília, 19 set. 1997.
monocitogenes e Staphylococcus aureus em carnes pré-              [3] CHAPMAN, P. A. Verocytotoxin – producing Escherichia coli
preparadas, com atividade de água dentro da faixa en-                     O157 infections. Reviewing the background, epidemiology,
contrada na carne-de-sol (0,97; 0,94 e 0,90), sendo o                     methods of detection and prospects for control. British
microrganismo mais sensível a Salmonella, quando a                        Food Journal, v. 97, n. 10, p. 29-31, 1995.
atividade de água foi de 0,90. Portanto faz-se necessá-           [4] DELLAPINA G.; BARBUTI, S.; CAMPANINI, M.; DALL’AGLIO
rio a adoção de técnicas de preservação mais efetivas,                    G. Sopravvivenza e inattivazione di microrganismi patogeni
                                                                          in semilavorati di carne a ridotta attività dell’acqua. Industria
que minimizem esse risco, já que se trata de um ali-
                                                                          Conserve, v. 71, p. 299-305, 1996.
mento muito suscetível a contaminações em todas as
                                                                  [5] FUNG, D. Y. C., KASTNER, C. L., HUNT, M. C., DIKEMAN,
etapas de seu processamento.
                                                                          M. E., KROPK, D. Mesophilic and psychrotrophyc bacteria
    Pelos resultados obtidos nessa pesquisa, os dois                      population on hot-boned and conventionally processed beef.
grupos de amostras apresentaram contaminações bas-                        Journal of Food Protection, v. 43, n. 7, p. 547-550,
tante elevadas, superiores aos valores normalmente                        1980.



152                 Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 21(2): 149-153, maio-ago. 2001
[6] ICMSF – International Commission on Microbiological               [15] PARDI, M. C., SANTOS, I. F. S., SOUZA, E. R. Ciência
         Specifications for Foods. Ecologia microbiana de los                 Higiene e Tecnologia da Carne. Goiânia: Editora UFG,
         alimentos – Fatores que afectan la supervivencia de                  v. 2, 1996, 1110p.
         los microorganismos en los alimentos. Zaragoza,              [16] PEARSON, A. M., DUTSON, T. R. Advances in meat
         Acribia, 1980, 332p. v. 1.                                           research. Connecticut: AVI. 1986, 436p.
[7] JAY, J. M. Microorganisms in fresh ground meats: the relative     [17] SHIMOKOMAKI, M., FRANCO, B. D. G. M., CARVALHO
         safety of products with low versus high numbers. Meat                JR, B. C. Charque e produtos afins: tecnologia e conserva-
         Science, v. 43S, p. 59-66, 1996.                                     ção – uma revisão. Boletim SBCTA, v. 21, n. 1, p. 25-35,
[8] LEBERT, I.; BEGOT, C.; LEBERT, A. Growth of Pseudomonas                   1987.
         fluorescens and Pseudomonas fragi in a meat medium           [18] SILVA, J. A. Microbiologia da carcaça bovina: Uma revisão.
         as affected by pH (5,8 – 7,0) water activity (0,97 – 1,00)           Revista Nacional da Carne, v. 24, n. 10, p. 62-87, 1997.
         and temperature (7 – 25°C). International Jounal of Food     [19] SILVA, J. A. Extensão da vida-de-prateleira da carne bovina
         Microbiology, v. 39, n. 1/2, p. 53-60, 1998.
                                                                              pela utilização de sanitizantes físicos e químicos. Campi-
[9] LEITÃO, M. F. F. Microbiologia de Alimentos: In ROITMAN, I.,              nas, 1995. 119p. (Doutor em Engenharia de Alimentos) –
         TRAVASSOS, L. R., AZEVEDO, J. L. Tratado de                          Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade
         microbiologia. São Paulo: Manole, p. 3-80, 1988                      Estadual de Campinas (UNICAMP).
[10] LIRA, G. M., SHIMOKOMAKI, M. Parâmetros de qualidade             [20] SILVA, M. C. D. Incidência de Staphylococcus aureus
         da carne-de-sol e dos charques Higiene Alimentar, v. 12,             enterotoxigênicos e coliformes fecais em carne de sol
         n. 58, p. 33-35, 1998.                                               comercializada na cidade do Recife- PE. Recife, 1991,
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       Campinas (UNICAMP).                                                    Meat Science, v. 36, p. 123-154, 1994.




                                         Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 21(2): 149-153, maio-ago. 2001                             153

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Carne de sol

  • 1. AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA CARNE-DE-SOL ELABORADA COM BAIXOS TEORES DE CLORETO DE SÓDIO1 Elizabete Lourenço da COSTA2, João Andrade SILVA3,* contamination was much higher in the samples collected in RESUMO establishments without inspection. The variation of the sodium Foram analisadas 96 amostras de carne-de-sol, das quais 48 chloride content and water activity of the sample indicated lack foram coletadas em estabelecimentos inspecionados e 48 em of standardization during sun dried meat processing. There is estabelecimentos não-inspecionados. Com o objetivo de avaliar the need tho establish microbiological and physical-chemical legal as condições higiênico-sanitárias desse produto, durante o pro- parameters capable of offering safe food to the consumer. cessamento e a comercialização, pesquisou-se a incidência de bactérias mesófilas, bolores e leveduras, Staphylococcus aureus, Keywords: meat; microbiology; water activity; shelf life. coliformes fecais e Escherichia coli. Foram analisados ainda, alguns parâmetros físico-químicos como atividade de água e 1 – INTRODUÇÃO teor de cloreto de sódio. Nos dois grupos os resultados obtidos nas análises microbiológicas foram bastante elevados. Nas amostras A carne bovina curada representa cerca de 25% da provenientes de estabelecimentos inspecionados as médias da produção de carnes produzidas pelos estabelecimen- contagem total de bactérias mesófilas, bolores e leveduras, tos sob inspeção federal no Brasil, sendo o principal Staphylococcus spp e coliformes fecais foram 6,2Log UFC/g, produto, o charque [15]. A estatística apresentada não 3,8Log UFC/g, 7,4Log UFC/g e 1,3Log NMP/g, respectivamente, e, nas comercializadas sem inspeção foram 7,4Log UFC/g, 4,4Log discrimina a produção da carne-de-sol, um produto am- UFC/g, 6,8Log UFC/g e 2,6Log NMP/g, respectivamente. Esses plamente consumido na região Nordeste, curada resultados sugerem que houve falhas tanto no processamento exclusivamente pela adição de relativamente baixa con- como na manipulação desses produtos, sendo que a contami- centração de cloreto de sódio, em média 5,0% oscilan- nação fecal foi bem mais elevada nas amostras coletadas nos do entre 2,9 e 11,9% [14, 20]. A variabilidade desses estabelecimentos sem inspeção. A variação dos teores de cloreto valores indica a falta de padronização do seu proces- de sódio e atividade de água das amostras indicou falta de pa- samento, que consiste na utilização da salga seca e dronização de qualidade da carne-de-sol, havendo a necessida- de de se estabelecer parâmetros legais tanto microbiológicos desidratação durante o empilhamento das mantas por como físico-químicos, capazes de oferecer ao consumidor um algumas horas, podendo ser expostas ao sol, depen- alimento seguro. dendo do fabricante. O resultado é um produto semi- desidratado com características sensoriais muito pe- Palavras-chave: carne-de-sol; microbiologia; atividade de água; culiares. vida-de-prateleira. Esse produto surgiu como uma alternativa na pre- servação do excedente de produção da carne bovina, SUMMARY face as dificuldades encontradas para a sua conserva- MICROBIOLOGICAL EVALUATION OF SUN DRIED MEAT WITH ção, pois devido ao baixo nível econômico da popula- LOW SODIUM CHLORIDE. A total of 96 samples of sun meat were analyzed, 48 of them were collected in inspected establishments ção, optava pelo processo de salga e desidratação, uma and the other 48 in establishments without inspection. This work vez que às condições climáticas e a disponibilidade de was developed in order to evaluate the hygienic-sanitary conditions sal marinho no Nordeste brasileiro são bastante favo- of these products during their processing and marketing. The ráveis a essa prática [13]. A utilização desta técnica incidence of mesophilic bacterias, molds, yeasts, Staphylococcus acabou popularizando a carne-de-sol, que continua sendo aureus, fecal coliforms and Escherichia coli was investigated. produzida em condições higiênico-sanitárias insatisfa- Also, some physical-chemical parameters as water activity and tórias, resultando em um produto com vida-de-pratelei- sodium chloride were analyzed. In both groups the results obtained in microbial analysis were quite high. In the samples of the inspected ra entre 3 e 5 dias [17]. establishments the averages of mesophylic counts bacterias, A microbiota da carne depende das condições nas molds and yeasts, Staphylococcus spp and fecal coliforms were quais os animais foram criados, abatidos e processa- 6,2Log UFC/g, 3,8Log UFC/g, 7,4Log UFC/g and 1,34Log NMP/g dos [18]. Por se tratar de um produto sem registro no respectively and, in the samples without inspection, the averages were 7,41Log UFC/g, 4,44Log UFC/g, 6,78Log UFC/g and 2,6Log Ministério da Agricultura, a carne-de-sol, atualmente NMP/g, respectively. The microbial results suggest errors in the comercializada, geralmente procede de abates clandes- processing and manipulation of both samples, and the fecal tinos, o que pode aumentar o risco da incidência de gastroenterites alimentares. Um outro fator que pode 1 Recebido para publicação em 20/10/99. Aceito para publicação ser determinante para as altas contagens de microrga- em 25/06/01. Este trabalho é parte da Dissertação de Mestrado nismos encontradas nesse produto é o baixo teor de do primeiro autor. sal utilizado, suficiente apenas para reduzir a atividade 2 Aluna do Curso de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição de água para valores próximos a 0,96, capazes de ini- FEA/UNICAMP bir o crescimento de Pseudomonas, mas oferecendo 3 Professor do Departamento de Nutrição UFPb CCS/DN – João condições favoráveis para o desenvolvimento de bac- Pessoa-Pb CEP 58051-900. térias Gram-positivas, como as pertencentes ao gêne- * A quem a correspondência deve ser enviada. ro Staphylococcus [20]. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 21(2): 149-153, maio-ago. 2001 149
  • 2. Esse gênero de bactérias é formado por organis- duplicata, utilizando-se a técnica em profundidade, mos com características seletivas que o torna favoreci- empregando-se o meio “plate count agar” fundido. Após do frente às outras bactérias, cresce e produz enterotoxina a solidificação do ágar, as placas foram incubadas a em baixos valores de atividade de água, [6]. São 37°C por 48 horas. halotolerantes, crescem bem em até 15% de sal [11], Contagem total de bolores e leveduras – Nessa podendo representar um perigo adicional, pela falta de determinação utilizou-se ágar batata dextrose acidificado microrganismos competidores [7]. Sua presença tam- com ácido tartárico a 1%. As placas foram incubadas a bém pode ser utilizada como indicativo de condições 25°C por 96h. inadequadas de manipulação. Staphylococcus aureus – De cada diluição, foram Outros microrganismos de interesse na avaliação transferidas alíquotas de 0,1mL para a superfície do da qualidade da carne-de-sol são os coliformes, indi- meio Baird Parker, semeado com o auxílio de uma alça cadores de contaminação fecal durante o abate e o pro- de Drigalsky. Após a secagem, as placas foram incu- cessamento, indicando também a possível presença de badas a 37°C por 48h. As colônias típicas foram cora- microrganismos patogênicos [9]. das pela técnica de coloração de Gram e submetidas A Portaria no 451 de 19 de setembro de 1997 do aos testes de catalase, coagulase e DNAse. Ministério da Saúde [2] é omissa sobre as característi- Bactérias coliformes – Nessa análise utilizou-se a cas microbiológicas da carne-de-sol. Considerando o técnica de diluições decimais em triplicata, onde cada grande volume desse produto, comercializado no Nor- tubo com caldo lauril sulfato triptose continha tubos de deste brasileiro, existe a necessidade da definição de fermentação invertidos, inoculou-se 1,0mL de cada di- critérios e padrões físico-químicos para sua elabora- luição da amostra e incubou-se por 48h a 37°C. A par- ção, pois este produto parcialmente desidratado e semi- tir de cada tubo positivo foi transferida uma alçada, para preservado pela salga não pode se enquadrar no pa- tubos com caldo E.C. e incubados a 45,5°C por 24h em drão existente para o charque e similares, porque sua banho-maria. Os tubos EC positivos foram semeados vida-de-prateleira é muito curta quando comparada a em ágar eosina azul de metileno e incubado por 24h a estes produtos [10]. Portanto, esse trabalho teve como 37°C. As colônias típicas foram submetidas ao teste objetivo avaliar alguns parâmetros relativos à sua qua- IMViC para a confirmação da presença de Escherichia lidade higiênico-sanitária. coli. 2 – MATERIAL E MÉTODOS 2.3 – Análises físico-químicas 2.1 – Amostras Teor de cloretos – Os cloretos foram determinados pelo método titulométrico, de acordo com a metodolo- Foi analisado um total de 96 amostras de carne- gia da AOAC [1]. de-sol, sendo 48 coletadas em supermercados e frigo- ríficos e 48 provenientes de estabelecimentos não- Atividade de água – A atividade de água foi deter- inspecionados, tais como feiras livres, mercados públi- minada por método direto, utilizado-se higrômetro cos e outros estabelecimentos de pequeno porte. As Decagon, da marca Aqua Lab, modelo CX2, calibrado amostras foram adequadamente acondicionadas e a 20°C. Foram feitas três leituras por amostra [23]. conduzidas ao Laboratório de Microbiologia de Alimen- tos (Departamento de Nutrição/CCS/UFPB), onde fo- 2.4 – Análises estatísticas ram realizadas as análises microbiológicas. As análi- A estatística descritiva e as diferenças entre as ses de atividade de água e teor de cloretos foram reali- médias foram obtidas utilizando-se o Software Statistic zadas no Laboratório de Tecnologia Química de Alimentos for windows [21]. (Departamento de Tecnologia Química e de Alimentos/ CT/UFPB). 3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 2.2 – Análises microbiológicas 3.1 – Resultados das análises microbiológicas Pesaram-se assepticamente 25g de cada amostra Pela ausência de padrões microbiológicos para a que foram trituradas e diluídas em 225mL de solução carne-de-sol na legislação brasileira foi tomado como salina peptonada 0,1%. A diluição obtida correspondeu parâmetro as especificações para carnes como charques a diluição 10-1 [19], a partir da qual foram obtidas as e similares. demais diluições decimais até 10-7. As médias dos resultados obtidos nas análises mi- Utilizando-se as técnicas recomendadas por crobiológicas das amostras provenientes dos estabele- VANDERZAN & SPLITTSTOESSER [23], realizou-se a cimentos sem inspeção foram mais elevadas do que contagem total de bactérias mesófilas, bolores e levedu- as observadas nas amostras coletadas nos estabeleci- ras, Staphylococcus aureus a determinação do número mentos inspecionados (Figuras 1 e 2). No entanto, a mais provável de coliformes fecais e Escherichia coli. pesquisa do número mais provável de coliformes fecais Contagem total de bactérias aeróbias mesófilas – apresentou diferença significativa (p<0,05), sugerindo As diluições de cada amostra foram semeadas, em que em todos os locais de coleta das amostras, a car- 150 Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 21(2): 149-153, maio-ago. 2001
  • 3. ne-de-sol estava sendo manipulada inadequadamente. A contagem total das bactérias mesófilas de um produto pode ser utilizada como indicativo do histórico FIGURA 1. Microrganismos pesquisados nas amostras de car- da manipulação a que ele foi submetido, com reflexo ne-de-sol coletadas em estabelecimentos inspecionados na qualidade da matéria-prima empregada, bem como 11 na vida-de-prateleira, do produto final [14]. As médias das contagens desse grupo de microrganismos nas 9 amostras coletadas nos estabelecimentos inspecionados e sem inspeção foram 6,2 ±1,09 e 7,4 ±1,02Log UFC/g, 7 respectivamente. A legislação brasileira não especifica um limite para a contagem total de microrganismos em 5 carnes e produtos derivados. No entanto, na bibliogra- log fia consultada, de um modo geral, produtos que apre- 3 sentam contagens entre 5 e 6Log UFC/g são conside- rados como altamente contaminados, conseqüentemente, 1 produtos cárneos com contagens acima desses valo- Min-Max -1 25%-75% res são considerados impróprios para o consumo [5, bolores mesófilos Staphy colif fecais Valor Médio 20], embora esses valores têm como referência a car- microrganismos ne fresca. Entretanto para SHIMOKOMAKI et al [17], valores entre 5 e 10Log UFC/g devem ser considera- FIGURA 2. Microrganismos pesquisados nas amostras de car- dos comuns para a carne-de-sol, em decorrência das ne-de-sol coletadas em estabelecimentos não-inspecionados condições higiênico-sanitárias deficientes durante a pro- dução e armazenamento deste produto. JAY [7] tam- 11 bém admite a adoção de patamares mais elevados com relação aos microrganismos da flora natural dos ali- 9 mentos, pelo fato de competirem com microrganismos 7 patogênicos, embora admita que carnes com contagens acima de 7Log UFC/g possam apresentar odores de- 5 sagradáveis. Os resultados apresentados na Figura 2 log mostram que cerca de 60,0% das amostras coletadas 3 nos estabelecimentos não-inspecionados apresentavam contagens acima desse valor. 1 Min-Max Nos dois grupos de amostras submetidos às aná- -1 25%-75% lises foram detectadas elevadas contagens de bolores mesofilos Staphy coli fecais Valor Médio microrganismos Staphylococcus spp; nos estabelecimentos inspecionados a contagem média estava em torno de 5,29 ±1,69 e nos não-inspecionados 6,78 ±1,56Log UFC/g, sendo que Nas amostras coletadas em estabelecimentos não para este grupo, mais de 50,0% das amostras apre- inspecionados, verificou-se uma grande contaminação sentaram contagens superiores a 7Log UFC/g, (Figura por microrganismos de origem fecal, ou seja, o número 2). Foi detectada uma baixa freqüência de S. aureus mais provável desse grupo de microrganismos foi su- nas amostras dos dois grupos, estando presente em perior a dois ciclos logarítmicos em 81,2% das amos- 14,6% das amostras dos estabelecimentos inspecionados tras analisadas, limite máximo estabelecido pela Por- e em 10,4% das amostras dos não-inspecionados. Apesar taria no 451 de 19 de setembro de 1997 do Ministério da baixa incidência desse microrganismo, a média da da Saúde [2]. Nos estabelecimentos inspecionados, ape- contagem foi superior a 5Log UFC/g, representando o nas 18,7% das amostras encontravam-se fora dessa risco da presença da enterotoxina suficiente para de- especificação. Entretanto, mesmo nas amostras com sencadear a intoxicação alimentar [16]. pequena incidência de coliformes fecais verificou-se a presença de Escherichia coli em 56,3% do total das Durante o processamento da carne-de-sol é comum amostras, já as provenientes dos estabelecimentos não- a utilização de utensílios de madeira que absorvem inspecionados apresentaram o microrganismo em 66,7% umidade e matéria orgânica, transformado-se em am- delas. A presença de E. coli não é tolerada, mesmo em bientes ideais para a proliferação dos bolores e levedu- pequenas quantidades, visto que algumas cepas desse ras. Além da espoliação da carne os fungos podem sin- microrganismo são comprovadamente enterotoxigênicas tetizar substâncias tóxicas para os seres humanos [24]. e têm sido envolvidas em surtos de gastroenterites se- A Legislação Brasileira também não regulamenta ní- veras [3]. veis de bolores e leveduras para produtos cárneos, mas analisando a microbiota inicial da carne bovina SILVA Resultados próximos aos obtidos neste trabalho [19] obteve contagens na ordem de 1,66Log UFC/g. Nas foram encontrados por SILVA [20] que detectou a E. Figuras 1 e 2 observa-se que as contagens médias es- coli em 45,0% das amostras de carne-de-sol comercia- tavam em torno de 3,8 ±1,02 para os estabelecimentos lizadas em feiras livres. inspecionados e 4,44 ±0,95 para as amostras dos es- tabelecimentos não-inspecionados, valores coerentes Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 21(2): 149-153, maio-ago. 2001 151
  • 4. com os encontrados por VALADARES et al [22] ao ana- admitidos na bibliografia consultada. Constatou-se que lisar carnes de qualidade inferior utilizadas como ma- as amostras comercializadas nos estabelecimentos sem téria-prima para embutidos (4,39Log UFC/g). inspeção apresentaram uma maior extensão da conta- minação por microrganismos de origem fecal, o que 3.2 – Resultados da determinação físico-química pode indicar a presença de bactérias patogênicas. Os dois grupos de amostras também apresentaram uma A atividade de água de um alimento é a medida elevada incidência das bactérias do gênero mais acurada para se determinar a habilidade do cres- Staphylococcus, o que sugere hábitos higiênicos incor- cimento microbiano [12], que pode ser reduzida tanto retos durante o processamento. A presença do S. aureus pela desidratação como pela adição de solutos [6]. As foi detectada em baixa frequência, mas em quantida- Figuras 3 e 4 mostram o comportamento da atividade des suficientes para formar enterotoxinas. de água nas amostras dos dois grupos em função da concentração de cloreto de sódio, apresentando uma 1,00 correlação de -0,49 (p<0,05), valores médios de ativi- dade de água de 0,94 ±0,02, com uma amplitude de 0,98 0,89 a 0,97, para as amostras coletadas nos estabele- cimentos inspecionados. A mesma média foi obtida para 0,96 as amostras coletadas nos estabelecimentos sem ins- peção, com uma amplitude de 0,88 e 0,98 e a correla- 0,94 aw ção encontrada entre os parâmetros cloreto de sódio e atividade de água foi um pouco mais elevada, qual seja, 0,92 r= -0,69 (p<0,05). 0,90 0.98 Regression 0,88 0.96 1 3 5 7 9 11 13 95% confid. NaCl 0.94 FIGURA 4. Correlação entre a aw e o NaCl das amostras de carne-de-sol comercializadas em estabelecimentos sem ins- aw 0.92 peção r=-0,69 0.90 4 – CONCLUSÕES 0.88 Regression 95% confid. Há necessidade de uma padronização em etapas 2 3 4 5 6 7 8 9 NaCl importantes do processamento da carne-de-sol, como o período de secagem e o teor de cloreto de sódio e FIGURA 3. Correlação entre a aw e o NaCl na carne-de-sol ainda a adição de conservantes que não alterem as ca- comercializada em estabelecimentos inspecionados r=-0,49 racterísticas sensoriais visando a obtenção de valores de atividade de água mais baixa na tentativa de ofere- Carnes processadas com atividade de água entre cer produto seguro ao consumidor. 0,97 e 0,98 têm sua vida-de-prateleira reduzida, uma vez que esses valores correspondem a faixa ótima de 5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS crescimento de bactérias deterioradoras como as [1] A.O.A.C. OFFICIAL METHODS OF ANALYSIS OF THE AS- Pseudomonas fluorescens, principalmente nos produ- SOCIATION OF ANALYTICAL CHEMISTS. 14 ed. tos elaborados com baixo teor de cloreto de sódio. O Alington: George Banta, Virginia, 1984. crescimento desses microrganismos pode provocar al- [2] BRASIL, Ministério da Agricultura. Portaria n.º 451 de 19 de terações na coloração, odores desagradáveis e limosidade setembro de 1997, Dispõe sobre as normas e padrões de superficial [8]. Além disso DELLAPINA et al [4] obser- controle microbiológico para alimentos. Diário Oficial [da varam a sobrevivência de Salmonella, Listeria República Federativa do Brasil], Brasília, 19 set. 1997. monocitogenes e Staphylococcus aureus em carnes pré- [3] CHAPMAN, P. A. Verocytotoxin – producing Escherichia coli preparadas, com atividade de água dentro da faixa en- O157 infections. Reviewing the background, epidemiology, contrada na carne-de-sol (0,97; 0,94 e 0,90), sendo o methods of detection and prospects for control. British microrganismo mais sensível a Salmonella, quando a Food Journal, v. 97, n. 10, p. 29-31, 1995. atividade de água foi de 0,90. Portanto faz-se necessá- [4] DELLAPINA G.; BARBUTI, S.; CAMPANINI, M.; DALL’AGLIO rio a adoção de técnicas de preservação mais efetivas, G. Sopravvivenza e inattivazione di microrganismi patogeni in semilavorati di carne a ridotta attività dell’acqua. Industria que minimizem esse risco, já que se trata de um ali- Conserve, v. 71, p. 299-305, 1996. mento muito suscetível a contaminações em todas as [5] FUNG, D. Y. C., KASTNER, C. L., HUNT, M. C., DIKEMAN, etapas de seu processamento. M. E., KROPK, D. Mesophilic and psychrotrophyc bacteria Pelos resultados obtidos nessa pesquisa, os dois population on hot-boned and conventionally processed beef. grupos de amostras apresentaram contaminações bas- Journal of Food Protection, v. 43, n. 7, p. 547-550, tante elevadas, superiores aos valores normalmente 1980. 152 Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 21(2): 149-153, maio-ago. 2001
  • 5. [6] ICMSF – International Commission on Microbiological [15] PARDI, M. C., SANTOS, I. F. S., SOUZA, E. R. Ciência Specifications for Foods. Ecologia microbiana de los Higiene e Tecnologia da Carne. Goiânia: Editora UFG, alimentos – Fatores que afectan la supervivencia de v. 2, 1996, 1110p. los microorganismos en los alimentos. Zaragoza, [16] PEARSON, A. M., DUTSON, T. R. Advances in meat Acribia, 1980, 332p. v. 1. research. Connecticut: AVI. 1986, 436p. [7] JAY, J. M. Microorganisms in fresh ground meats: the relative [17] SHIMOKOMAKI, M., FRANCO, B. D. G. M., CARVALHO safety of products with low versus high numbers. Meat JR, B. C. Charque e produtos afins: tecnologia e conserva- Science, v. 43S, p. 59-66, 1996. ção – uma revisão. Boletim SBCTA, v. 21, n. 1, p. 25-35, [8] LEBERT, I.; BEGOT, C.; LEBERT, A. Growth of Pseudomonas 1987. fluorescens and Pseudomonas fragi in a meat medium [18] SILVA, J. A. Microbiologia da carcaça bovina: Uma revisão. as affected by pH (5,8 – 7,0) water activity (0,97 – 1,00) Revista Nacional da Carne, v. 24, n. 10, p. 62-87, 1997. and temperature (7 – 25°C). International Jounal of Food [19] SILVA, J. A. Extensão da vida-de-prateleira da carne bovina Microbiology, v. 39, n. 1/2, p. 53-60, 1998. pela utilização de sanitizantes físicos e químicos. Campi- [9] LEITÃO, M. F. F. Microbiologia de Alimentos: In ROITMAN, I., nas, 1995. 119p. (Doutor em Engenharia de Alimentos) – TRAVASSOS, L. R., AZEVEDO, J. L. Tratado de Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade microbiologia. São Paulo: Manole, p. 3-80, 1988 Estadual de Campinas (UNICAMP). [10] LIRA, G. M., SHIMOKOMAKI, M. Parâmetros de qualidade [20] SILVA, M. C. D. Incidência de Staphylococcus aureus da carne-de-sol e dos charques Higiene Alimentar, v. 12, enterotoxigênicos e coliformes fecais em carne de sol n. 58, p. 33-35, 1998. comercializada na cidade do Recife- PE. Recife, 1991, [11] LOUCH, H., ECK, M. L., MILLER, K. J. Osmoadaptation by 77p. (Mestre em Ciência de Alimentos) Departamento de Staphylococcus aureus: Analysis of several strains linked Nutrição, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). to food poisonig outbreaks. Journal of Food Protection, [21] STATSOFT, Inc. (1995). Statistic for windows (Computer v. 60, n. 2, p. 139-143, 1997. program manual). Tulsa, StatSoft, Inc., 2325 East 13th Street, [12] MBUGUA, S. K., KARURI, E. G. Preservation of beef using Tulsa, OK, 74104. bacteriostatic chemicals and solar drying. Food and [22] VALLADARES, C., VILLAMIL, R., GUERRA, M. A., LÓPEZ, Nutrition Bulletin, v. 15, n. 3, p. 262-268, 1994. R. Calidad higienica de emulsiones para productos carnicos. [13] NÓBREGA, D. M. & SHINEIDER, I. S. Contribuição ao estu- Alimentaria, v. 35, n. 282, p. 55-57. do da carne de sol visando melhorar sua conservação. [23] VANDERZANT, C., SPLITTSTOESSER, D. F. Compendium Higiene Alimentar, v. 2, n. 3, p. 150-154, 1983. of methods for the microbiological examination of [14] NÓBREGA, D. M. Contribuição ao estudo da carne-de-sol foods, 3th ed., Washington, APHA, 1992, 1219p. visando melhorar sua conservação. Campinas, 1982. 81p. [24] VELD, J. H. J. H., MULDER, R. W. A. W., SNIJDERS, J. M. (Mestre em Tecnologia de Alimentos) Faculdade de En- A. Impact of animal husbandry and slaughter technologies genharia de Alimentos – Universidade Estadual de on microbial contamination of meat: monitoring and control. Campinas (UNICAMP). Meat Science, v. 36, p. 123-154, 1994. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 21(2): 149-153, maio-ago. 2001 153