2. Aula 7 Descartes e o Racionalismo
Descartes e o Racionalismo
Bonjour! Ça va?
René Descartes (1596 – 1650)
3. “Discurso do Método” (1637)
método dedutivo observação de verdades simples e evidentes para se chegar a conclusões particulares
do geral para o particular
4. Algumas perguntas...
Qual é a fonte de nossos conhecimentos?
É possível confiar em quem nos engana uma vez?
Como podemos ter certeza de que estamos acordados e que tudo o que vivemos não é um sonho?
5. Um velho conhecido!
Descartes é conhecido pelas suas importantes conquistas no campo da matemática.
De onde você acha que vem o plano cartesiano?
O filósofo também contribuiu com a Física (na Óptica) e com a Astronomia
6. É preciso método para conhecer.
Descartes, contudo, é também aquele quem define o método de investigação das ciências modernas, ou seja, como elas procedem para conhecer a natureza.
Como podemos ser capazes de separar os conhecimentos seguros, corretos e verdadeiros daqueles falsos e enganosos?
Bastaria aceitar que o conhecimento vem de Deus e que temos de aceitá-lo apenas pela fé, como diziam alguns filósofos medievais?
7. A busca pela certeza.
Com ele uma nova e importante forma de se perguntar sobre o conhecimento surge:
como é possível o conhecimento da verdade pelo homem?
O problema central não é mais saber definir o que as coisas são (pergunta pelo OBJETO), mas antes como nós podemos conhecê-las (pergunta pelo SUJEITO).
SUJEITO
OBJETO
Como as coisas são conhecidas?
Como conhecemos as coisas?
8. Entrando no Discurso
De acordo com o método para conhecer é preciso:
1.Clareza e distinção (não tomar como verdadeiro o que não eu não puder provar como tal).
2.Análise (dividir um problema em quantas parte for possível).
3.Ordem (conduzir os pensamentos a partir do que há de mais fácil até o mais complexo).
4.Enumeração (enumerar de modo completo para não perder nada do que se quer conhecer).
9. Discurso do método para bem conduzir a razão e procurar a verdade nas ciências (1637)
Objetivo: encontrar um caminho seguro para que possamos alcançar o conhecimento da verdade e assim fazer ciência.
Ponto de partida: muitos de nossos conhecimentos parecem seguros, mas são enganosos os sentidos, fonte de nossos conhecimentos nos enganam. Como confiar neles?
Decisão: todo conhecimento que for duvidoso, direi que é falso. a dúvida é a arma de Descartes
10. A implosão do edifício do saber.
Será que algo do edífico do conhecimento ficará em pé após a dinamite desta dúvida radical?
Descartes em seu caminho percebe que:
Os sentidos são duvidosos
A matemática é duvidosa
Podemos duvidar se estamos acordados ou dormindo.
11. Cogito, ergo sum.
Não podemos duvidar que estamos duvidando, que estamos pensando na dúvida?
Ora, se fizermos isso ainda estaremos duvidando e, quem duvida, pensa e existe.
•Assim, Descartes encontra uma certeza indestrutível: o pensar.
•Assim , pode-se dizer “penso, logo existo” e que todo conhecimento provém da razão daí a expressão: Racionalismo...
Pensar
Dúvida
Existência
Certeza de pensar
12. Aprendemos com Descartes
Reconhecer e pensar o que é verdadeiro e claro:
“Descartes explica que não devemos considerar nada verdadeiro, enquanto nós mesmos não tivermos reconhecido claramente que se trata de algo verdadeiro.” (Jostein Gaarder, O mundo de Sofia, p. 255)
Ponto de partida: “... nosso ponto de partida deve ser duvidar de tudo.”
13. Influências racionalistas
Racionalismo trouxe três consequências para todas as áreas do conhecimento:
1)que a razão é a faculdade plena de conhecimento; a descoberta da subjetividade
2)2) que todo conhecimento começa pela consciência de si
3)3) que os seres humanos são iguais do ponto de vista racional.
14. O Empirismo moderno
David Hume
(Escócia, 1711 – 1776)
John Locke
(Inglaterra, 1632 – 1704)
15. John Locke (1632 – 1704)
•Escreve importantes obras sobre política, em especial os Dois Tratados Sobre o Governo, e influencia assim a revolução burguesa e até mesmo a posterior Revolução Francesa.
•Notável sua discussão sobre a luta pela liberdade individual.
16. Ensaio Sobre o Entendimento Humano (1690).
Questão de fundo: seria a nossa mente como um papel em branco? Como ela é preenchida?
Vamos supor que nossa mente não tenha ideias em si, tal como um papel em branco onde não haja nada escrito. Como se pode então escrever algo aí? De onde ela obtém o vasto estoque que a ocupada e ilimitada imaginação do homem aí pintou – todos os materiais da razão e da experiência? A isso respondo em uma palavra: da experiência.
Nossos entendimentos derivam todos os materiais do pensamento de observações que fazemos dos objetos externos que podem ser percebidos através dos sentidos e das operações internas de nossas mentes, as quais percebemos ao olharmos para dentro de nós mesmos. Essas são as duas fontes do conhecimento, das quais emergem todas as ideias que temos ou que podemos naturalmente ter (LOCKE, Livro II, cap. 1, §2)
17. O processo de conhecimento.
Experiência
Objetos exteriores sensíveis
Percebidos pela SENSAÇÃO: Percepções dos objetos externos
Ex: A dureza e frieza do gelo.
O aroma e brancura de uma flor.
Objetos internos da mente
Percebidos pela REFLEXÃO:
Operação da mente sobre si mesma (O que a mente faz e como faz)
Ex: percepção, dúvida, vontade
18. A experiência fornece nossas ideias.
Da experiência obtemos as ideias que formam nosso entendimento do mundo, mediante as qualidades dos objetos.
Estas ideias se dividem em dois tipos maiores:
Ideias simples: qualidades obtidas através da sensação e/ou da reflexão.
Ideias Complexas: produto da combinação e relação de ideias simples.
19. Façamos a experiência
Quais ideias vêm à nossa mente pela experiência das seguintes?
20.
21. David Hume
Hume é também autor de vasta obra:
Teoria do Conhecimento
Tratado da Natureza Humana (a obra que nasceu morta)
Investigações Sobre o Entendimento Humano.
Além de escritos em outros campos:
História da Inglaterra
Investigação Sobre os Princípios da Moral
História Natural da Religião
22. Como conhecemos as coisas?
PERCEPÇÕES – a experiência é a única fonte de conhecimentos.
Impressões: dados fornecidos pelos sentidos e produções mentais.
•externas: visão de uma paisagem; audição de um ruído.
•internas: estados emocionais.
Ideias: cópias modificadas das impressões.
•Memória: lembrança enfraquecida de impressões já vividas.
•Imaginação: associação aleatória de impressões já vividas.
Investigações sobre o entendimento humano (1748)
23. Que diz o autor?
Quando olhamos os objetos exteriores à nossa volta e consideramos a operação das causas, nunca podemos descobrir, num único exemplo, qualquer poder ou conexão necessária, qualquer qualidade que ligue o efeito à causa e faça com que um deles seja consequência infalível do outro. Observamos, apenas, que um deles se segue realmente ao outro. O impulso de uma bola de bilhar é seguido pelo movimento da segunda. Isso é tudo que se apresenta aos nossos sentidos exteriores. Essa sucessão de objetos não produz nenhum sentimento ou impressão interior na mente: por conseguinte, num exemplo único e particular de causa e efeito nada existe que possa sugerir a ideia de poder ou conexão necessária.
HUME, D. Investigação Sobre o Entendimento Humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
25. Crítica à noção de causalidade
Analisemos:
A pedra esquenta porque os raios de sol incidem sobre ela
Quais impressões ela nos fornece?
- Tátil: a pedra esquenta
- Visual: os raios de sol incidem sobre ela
Mas os sentidos não conseguem provar a vinculação necessária entre estes eventos.
A conexão entre impressões é produto da crença fundada no hábito.
Pense, como podemos ter certeza de que o sol nascerá amanhã?
As ciências naturais se constroem sobre o hábito. Elas estão baseadas na frequência e repetição de certos fenômenos, e não na certeza de que certos efeitos derivam necessariamente de certas causas.
26. Kant e o criticismo
Immanuel Kant (1724-1804)
O filósofo que sintetizou racionalismo e empirismo
27. Estátua de Immanuel Kant em Königsberg
•Nasceu em 1724 em Könisberg, na Prússia Oriental.
•Könisberg, foi a cidade onde viveu, onde estudou e onde ensinou.
•Começou por estudar matemática e ciências naturais.
•Mais tarde dedicou-se à filosofia.
•Morreu em 1804, na terra natal, com 80 anos.
28. Crítica da Razão Pura – Livro de Kant
•Objetivo:
Busca do conhecimento seguro de uma ciência.
•Questão:
Na medida em que há razão nas ciências, há algo nelas tem de conhecimento a priori (que não depende da experiência)?
29. Qual é o sentido da Crítica à Razão para Kant?
"Só a crítica pode cortar pela raiz o materialismo, o fatalismo, o ateísmo, a incredulidade dos espíritos fortes, o fanatismo e a superstição, que se podem tornar nocivos a todos e, por último, também o idealismo e o ceticismo, que são sobretudo perigosos para as escolas e dificilmente se propagam no público.“ (CRP)
30. Como é possível Conhecer?
•Há duas formas de conhecimento:
Empírico ou a posteriori (dados oferecidos pela experiência).
Puro ou a priori (não depende de nenhuma experiência sensível e distingue-se do conhecimento empírico pela universalidade e necessidade.
31. Conhecimento: analítico e sintético
Juízo Analítico: o predicado já está contido no sujeito de tal forma que o juízo em questão consiste apenas em um processo de análise, através do qual se extrai do sujeito aquilo que já está contido nele.
Ex: Todo ser possui um corpo.
Juízo Sintético: une o conceito expresso pelo predicado ao conceito do sujeito, constituindo o único tipo de juízo que enriquece o conhecimento.
Ex: todos os corpos se movimentam
32. Os três Tipos de Juízos
Juízos Analíticos: não teriam maior interesse para a teoria da ciência, pois, embora universais e necessários, não representam nenhum enriquecimento do conhecimento. São tautológicos.
Juízos sintéticos a posteriori: também carecem de importância, pois por depender da experiência são contingentes e particulares.
Juízos sintéticos a priori: Universais e necessários; enriquece e faz progredir o conhecimento porque independem da experiência. É o juízo sobre o qual se funda a ciência.
33. •Na CRP, Kant mostra que tempo e espaço são formas fundamentais de percepção (formas da sensibilidade) que existem como ferramentas da mente, mas que só podem ser usadas na experiência.
•Tente imaginar alguma coisa que existe fora do tempo e que não tem extensão no espaço. A mente humana não pode produzir tal idéia. Nada pode ser percebido exceto através destas formas, e os limites da física são os limites da estrutura fundamental da mente. Assim, já vemos que não podemos conhecer fora do espaço e do tempo.
34. Espaço e Tempo
•São duas as formas a priori da sensibilidade: Espaço e Tempo. São apriorísticas e, portanto, independentes da experiência sensível.
Espaço: não é porque o sujeito cognoscente percebe as coisas como exteriores a si mesmo e exteriores umas à outras que ele forma a noção de espaço; ao contrário, é porque possui o espaço como uma estrutura inerente à sua sensibilidade que o sujeito pode perceber os objetos como relacionados espacialmente. Se pode abstrair todas as coisas que estão no espaço, mas não se pode abstrair o próprio espaço.
Tempo: A argumentação em relação ao tempo é fundamentalmente a mesma: a simultaneidade das coisas e sua sucessão não poderiam ser percebidas se a representação do tempo não lhes servisse de fundamento; acrescente-se a isso o fato de que todas as coisas que se enquadram dentro do tempo podem desaparecer, mas o próprio tempo não pode ser suprimido.