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Fotos de Fernando Fedoca Lima



                                com o auxílio de Sergio Ayrosa — que
                                trabalhou na equipe técnica de pro-
                                duções como “Avatar” e “Harry Pot-
                                ter” — nos efeitos especiais.
                                  — Vamos reconstituir o píer com
                                efeitos especiais e tentar recuperar
                                todo o clima daquela época — explica
                                Guilherme, que está associado à pro-
                                dutora RT, de Rodrigo Teixeira. — O
                                foco vai ser o verão de 1972. Aquele
                                período serve de síntese de tudo o que
                                foi o píer.
                                  Em 1975, o píer seria desmontado,
                                deixando para trás alguns verões de
                                moda, liberdade, fumaça, boas ondas e
                                — dizem os mais maldosos — quilos
                                de piolhos pelo caminho. Era o fim do    Parece o Gil, mas não é, garante o autor da foto. Ter cara de tropicalista e tocar violão era de lei no Verão do Píer
                                caminho, como profetizava “Águas de
                                março”, de Tom Jobim, que fechou         poetas da época, saüdade.                                     aos jornais reclamar: “Estamos ca-
                                genialmente aquele verão de 1972. O        No dia 20 de janeiro de 1972, uma                           minhando para a anarquia ortográ-
                                Verão das Dunas — que apresentou ao      revisão ortográfica da língua por-                            fica. É só o começo.”
                                carioca nomes como Rose di Primo,        tuguesa entrava em vigor no país.                                Começo, por sinal, levava o cir-
                                Angela Ro Ro, Evandro Mesquita, Pe-      Saudade, que até então podia ser                              cunflexo em cima do e: comêço. Eram
                                pê, Petit (o Menino do Rio inspirador    escrita com um charmoso trema so-                             sinais do tempo. A partir daquele ja-
                                de Caetano), José Simão, Chacal e        bre o u, perdia de vez o “acento”. A                          neiro de 1972, a história dos verões do
                                Baby Consuelo — deixaria também          grita era geral. Aurélio Buarque de                           Rio definitivamente seria escrita de
                                muita saudade. Ou, como preferiam os     Hollanda, pai do pai dos burros, foi                          um outro jeito.l

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Verão do pier 6

  • 1. Fotos de Fernando Fedoca Lima com o auxílio de Sergio Ayrosa — que trabalhou na equipe técnica de pro- duções como “Avatar” e “Harry Pot- ter” — nos efeitos especiais. — Vamos reconstituir o píer com efeitos especiais e tentar recuperar todo o clima daquela época — explica Guilherme, que está associado à pro- dutora RT, de Rodrigo Teixeira. — O foco vai ser o verão de 1972. Aquele período serve de síntese de tudo o que foi o píer. Em 1975, o píer seria desmontado, deixando para trás alguns verões de moda, liberdade, fumaça, boas ondas e — dizem os mais maldosos — quilos de piolhos pelo caminho. Era o fim do Parece o Gil, mas não é, garante o autor da foto. Ter cara de tropicalista e tocar violão era de lei no Verão do Píer caminho, como profetizava “Águas de março”, de Tom Jobim, que fechou poetas da época, saüdade. aos jornais reclamar: “Estamos ca- genialmente aquele verão de 1972. O No dia 20 de janeiro de 1972, uma minhando para a anarquia ortográ- Verão das Dunas — que apresentou ao revisão ortográfica da língua por- fica. É só o começo.” carioca nomes como Rose di Primo, tuguesa entrava em vigor no país. Começo, por sinal, levava o cir- Angela Ro Ro, Evandro Mesquita, Pe- Saudade, que até então podia ser cunflexo em cima do e: comêço. Eram pê, Petit (o Menino do Rio inspirador escrita com um charmoso trema so- sinais do tempo. A partir daquele ja- de Caetano), José Simão, Chacal e bre o u, perdia de vez o “acento”. A neiro de 1972, a história dos verões do Baby Consuelo — deixaria também grita era geral. Aurélio Buarque de Rio definitivamente seria escrita de muita saudade. Ou, como preferiam os Hollanda, pai do pai dos burros, foi um outro jeito.l