O documento discute o conceito de sinergia organizacional no trabalho colaborativo. A sinergia requer confiança e cooperação para produzir resultados melhores do que se conseguiria individualmente. Quatro padrões de comportamento são descritos: indiferença, cooperação, catálise e sinergia, variando de acordo com o nível de diversidade, confiança e explicitação de interesses. Embora a colaboração traga benefícios, ela geralmente termina quando o objetivo é alcançado, pois os interesses dos envolvidos mudam.
1. Sinergia Organizacional
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Produto final do trabalho colaborativo
Colaboradores que compartilham uma mesma
visão consideram os modelos mentais dos outros
e se empenham com afinco e maestria, formando
equipes de alto desempenho. Uma das caracte-
rísticas mais importante desses colaboradores é
que eles começam pensando sobre como
gostariam de terminar cada etapa do trabalho
colaborativo e a partir daí mapeiam um caminho
para chegar lá. Desta forma sentem-se sempre
preparados para realizar o que der e vier em
termos de colaboração, pois entendem os
compromissos interdependentes.
Entender compromissos significa certificar-se
da compreensão dos detalhes e saber se todos conhecem suas
responsabilidades e os obstáculos. Com isto é possível planejar as ações
necessárias para realizar o trabalho e dar continuidade ao processo de
colaboração.
Um dos resultados mais importantes que se obtêm com o trabalho
colaborativo é a formação de um espírito de sinergia. Esta sinergia, útil num
determinado conjunto de tarefas, continuará existindo na mente de todos os
componentes da equipe e será sempre útil quando houver necessidade de
formação de outra equipe, ou houver necessidade de desenvolvimento de
outro trabalho colaborativo. Diz-se então que se adotou o sinergismo como
um modo de pensar e agir para realizar em conjunto algo melhor, com mais
qualidade, ou algo que não se consegue em separado. Quanto mais
oportunidades de trabalho em conjunto maior a aprendizagem que aprimora,
amplia e facilita o efeito da cooperação mútua.
Sinergia
No trabalho colaborativo, a Sinergia requer confiança e cooperação
orientadas para produzir algo muito melhor do que se conseguiria com o
somatório dos resultados em separado. Ou seja, a Sinergia é a energia
produzida quando se produz em conjunto algo mais significativo do que o
esforço isolado. Esta energia será tão maior quanto mais claro for o objetivo
2. Colaboração Sinergística
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cooperativo, quanto mais forte for a relação de confiança, e quanto maior for
a objetividade das soluções integradoras.
Uma vez tomadas as decisões e
realizadas as ações, a Sinergia,
produzida na realização das tarefas
relacionadas com as decisões, depende
de quatro padrões de comportamento
que enfatizam de forma diferente a
confiança e a cooperação: indiferença,
cooperação, catálise e sinergia.
Indiferença
O padrão indiferença ocorre quando não se pode contar nem com a
semelhança nem com a diversidade complementar necessárias a um processo
sinérgico. Também não há esclarecimento dos interesses, nem qualquer
semelhança explícita na forma de operar ou realizar os processos, nem
tampouco qualquer esforço para identificar diversidades que se
complementem. Este é o caso de uma equipe multidisciplinar em que cada
um se preocupa apenas em descobrir o mínimo que pode fazer com o que
sabe sem dar a mínima atenção à competência dos outros ou à
interdependência das tarefas. Neste caso, falta visão compartilhada e
explicitação de modelos mentais.
Cooperação
O padrão cooperação ocorre quando através de esforço e dedicação os
interesses são explicitados e as semelhanças afloram. Entretanto, como não se
dá a mínima atenção à complementaridade das competências, o ganho com a
interdependência das tarefas se limita à soma dos esforços para usar
habilidades semelhantes que é estimulado pelo reconhecimento dos interesses
comuns. Este é o caso de uma equipe em que cada membro se preocupa
apenas em explicitar seus interesses, deixando aflorar apenas as semelhanças
na forma de atuar. Este é o caso do indivíduo que está tão a fim de cooperar
que não se importa de realizar tudo sozinho, dando aos outros a ilusória
sensação de situação vantajosa. Ilusória porque a equipe como um todo sai
perdendo, pois o resultado apenas na base da cooperação será sempre inferior
ao que se consegue quando se combina confiança e colaboração. Neste caso,
há uma visão compartilhada, mas falta explicitação de modelos mentais
SinergiaCatálise
CooperaçãoIndiferença
PoucaPouca
diversidadediversidade
complementarcomplementar
explícitaexplícita
Pouca explicitaçãoPouca explicitação
de interesses oude interesses ou
semelhançasemelhança
MuitaMuita
diversidadediversidade
complementarcomplementar
explícitaexplícita
Muita explicitaçãoMuita explicitação
de interesses oude interesses ou
semelhançasemelhança
3. Sinergia Organizacional
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Catálise
O padrão catálise ocorre quando facilmente se percebe a
complementaridade das diferenças inerentes a cada um dos componentes.
Entretanto, nenhum esforço é feito para esclarecer os interesses e fazer com
que aflorem as semelhanças. Este é o caso de uma equipe multidisciplinar em
que todos têm consciência do valor da diversidade das competências, mas se
perdem nos debates e discussões porque não visualizam o resultado do
trabalho colaborativo como algo de interesse comum. Pouco pode ser feito
enquanto não houver uma explicitação dos interesses e das semelhanças nas
suas formas de atuar, ou seja o resultado da colaboração, mesmo que os
modelos mentais estejam explicitados, será sempre inferior ao que pode ser
conseguido quando houver uma visão compartilhada. Este é o caso do
relacionamento entre fornecedor e cliente que percebem a natural
complementaridade das diferenças entre quem necessita e quem tem a
oferecer, mas perdem a chance de conseguir sinergia por não explicitarem
seus interesses comuns, dentre os quais está o sucesso dos clientes de seus
clientes. Com um pouco mais de reflexão compreenderiam que o volume de
negócios em conjunto cresce na proporção do sucesso de terceiros que eles
atendem direta ou indiretamente. Quando esta compreensão se completa eles
se encaixam no padrão sinergia.
Sinergia
O padrão sinergia ocorre quando, além de se perceber com facilidade a
diversidade complementar das competências, os envolvidos no processo
sinérgico se esforçam para demonstrar seus interesses e identificar as
similaridades entre eles. Este é o caso de uma equipe multidisciplinar em que
existe uma visão, do que se espera do trabalho colaborativo, compartilhada
por todos e estimulada pela explicitação dos diversos modelos mentais que
mobilizam os colaboradores que compõem a equipe. Este é o caso de uma
brigada de incêndio em que cada um conhece os limites da competência do
outro e todos saem compartilhando a visão inspiradora de salvar vidas e
patrimônios ameaçados pelo fogo. É também o caso de uma equipe de
projeto que aproveita a multidisciplinaridade dos colaboradores para realizar
uma visão exaustivamente compartilhada por todos desde o momento da
concepção do projeto, sendo ratificada pelos principais interessados no
resultado ao longo de todos os estágios do desenvolvimento.
4. Colaboração Sinergística
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Término do processo colaborativo
Talvez uma das grandes dificuldades enfrentadas no trabalho colaborativo
ocorra quando o projeto termina. Em muitos casos, surge uma vontade de
elaborar outro projeto que aproveite a competência desenvolvida ao longo do
tempo em que a equipe se formou. Entretanto, muitas vezes, grande parte do
sucesso do projeto finalizado aconteceu em função de uma Sinergia criada
muito mais pela diversidade cultural do que pela afinidade de interesses. Por
isto, o alinhamento conquistado com a formação da equipe não constitui
vantagem, e dependendo do caso pode até ser uma desvantagem para
enfrentar um novo projeto. Sendo assim, temos que admitir desde o início
que o relacionamento colaborativo vai um dia terminar, pois em geral, as
colaborações são pragmáticas e orientadas para uma meta que uma vez
atingida a necessidade de colaboração some.
Neste sentido, as colaborações bem sucedidas estão mais para entrevistas
do que para romances. Uma vez que o objetivo tenha sido atingido, ou a
tarefa tenha sido um sucesso, ou o novo produto tenha atingido grande
margem de participação no mercado, a colaboração normalmente acaba.
Tudo se passa como se a relação de colaboração fosse dependente da tarefa e
raramente a tarefa dependesse do relacionamento colaborativo.[14]
A maioria das colaborações tem um momento de fim e aquele grupo que
se formou e se integrou tão bem, só voltará a se reunir quando houver outro
motivo semelhante. Contudo dificilmente isto acontecerá com os mesmos
componentes. Isto porque cada colaborador da equipe anterior pode estar
agora compondo outras equipes com interesses bastante diferentes. Eles
podem estar em regiões diferentes ou em organizações distintas para realizar
projetos sem qualquer correlação. Possivelmente, com isto, os objetivos
técnicos, científicos, pessoais e profissionais de cada um passam a ser outros
bem diferentes.
Conclusões
Na sociedade do conhecimento, a conquista do sucesso está cada vez mais
dependente de um equilíbrio entre confiança e colaboração. A grande
contribuição dos esforços colaborativos, tanto para melhorar os negócios
quanto para o bem social, surge quando ocorre sinergia fruto do propósito
unificado, boa comunicação, e realização de compromissos assumidos. Sendo
assim, uma das tarefas mais importantes do líder talvez seja garantir que cada
parte compreenda os interesses da outra e esteja consciente do que ganha com
5. Sinergia Organizacional
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a colaboração. E cada um ganha a perspectiva de continuar interagindo no
futuro para realizar um trabalho sinérgico.
Um dos resultados mais importantes que se obtêm com o trabalho
colaborativo é a formação de um espírito de sinergia. Este por sua vez
depende de confiança e cooperação orientadas para produzir algo muito
melhor do que se conseguiria com o somatório dos resultados em separado.
Entretanto, muitas vezes, grande parte do sucesso do projeto finalizado
aconteceu em função de uma Sinergia criada muito mais pela diversidade
cultural do que pela afinidade de interesses. Tudo se passa como se a relação
de colaboração fosse dependente da tarefa e raramente a tarefa dependesse do
relacionamento colaborativo.
Trecho do livro “Sinergia Fator de Sucesso nas Realizações Humanas”
Sérgio Lins editado pela Campus-Elsevier em 2005
Referências
[14] SCHRAGE, Michael. Shared Minds: The New Technologies of Collaboration. New
York: Random House, 1990.
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