24. ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO
Considerado louco por alguns e gênio por outros, o preconceito e
os limites entre a insanidade e a arte, no Brasil.
Natural de Sergipe, Bispo é descendente de escravos africanos, foi
marinheiro na juventude, vindo a tornar-se empregado de uma
tradicional família carioca.
Próxima ao natal, na noite 22 de dezembro de 1938, Bispo
despertou com alucinações que o conduziram ao patrão, um
advogado carioca, a quem disse que iria se apresentar à Igreja,
pois tinha tido uma visão de que era um enviado de Deus. Depois
de peregrinar pela rua Primeiro de Março e por várias igrejas do
então Distrito Federal, terminou subindo ao Mosteiro São Bento,
onde anunciou a um grupo de monges que era um enviado de
Deus, encarregado de julgar aos vivos e aos mortos. Dois dias
depois foi detido e fichado pela polícia como negro, sem
documentos e indigente, e conduzido ao Hospício Pedro II (o
hospício da Praia Vermelha), primeira instituição oficial desse tipo
no país, inaugurada em 1852, onde anos antes havia sido
internado o escritor Lima Barreto (1881-1922). E lá ficou por mais
de 50 anos.