2. Porque ler Literatura?
“A literatura informa aquilo que todos nós não vemos
porque esquecemos, a saber, a própria realidade.
Esquecemos da realidade porque admitimos como
natural. Naturalizamo-la. A realidade é informada pela
literatura, como se fosse completa novidade. A
realidade é redescoberta, recriada pela arte. Como se
fosse a primeira vez que a encontrássemos. Descobrir a
realidade, desvendá-la do véu de alienação com que a
encobrimos, acordar-nos para o presente concreto – eis
uma das funções da arte literária.”
3. Lista de livros que você não pode deixar de ler:
• O Cortiço – Aluísio Azevedo
• Morangos Mofados – Caio Fernando Abreu
• Laços de Família – Clarice Lispector
• O Encontro Marcado – Fernando Sabino
• Grande Sertão: Veredas – Guimarães Rosa
• A Alma Encantadora das Ruas – João do Rio
• Contos Gauchescos – João Simões Lopes Neto
• Gabriela, Cravo e Canela – Jorge Amado
• Seminário dos Ratos – Lygia Fagundes Telles
• Vestido de Noiva – Nelson Rodrigues
4. O Cortiço – Aluísio Azevedo
O Cortiço é um romance de autoria do escritor brasileiro Aluísio
Azevedo, publicado em 1890.
É um marco do naturalismo no Brasil, onde os personagens principais
são os moradores de um cortiço no Rio de Janeiro, precursor
das favelas, onde
moram os excluídos, os humildes, todos
aqueles que não se misturavam com a
burguesia, e todos eles possuindo os seus
problemas e vícios, decorrentes do meio em
que vivem.
Sob esse pano de fundo, o leitor acompanha a
ascensão
econômica e social do inescrupuloso João Romão.
Partidário do pessimismo e influenciado por
teorias deterministas, Azevedo submete seus
personagens ao poder do sexo e do dinheiro. A
obra faz uma dura crítica social, denuncia
preconceitos raciais e a exploração do homem
pelo homem.
5. Características do livro “O Cortiço”
* Trata-se de um Romance Social – todas as existências se entrelaçam e
repercutem nas outras, sendo o Cortiço o gerador de tudo;
* Crítica ao Capitalismo Selvagem – pode ser visualizada na figura
ambiciosa do Dono do Cortiço, que se abdica de tudo em nome de ajuntar
dinheiro, o qual não desfruta. O Tema é a Ambição e a Exploração do
homem pelo próprio homem;
* A Força dos Instintos – no romance a forma mais degradante deles é o
Sexo (destruição e desrespeito ao
matrimônio, traições, prostituição, lesbianismo, etc).
* Na obra as personagem representam Tipos Humanos, por exemplo Albino
(homem franzino, afeminado, que trabalhava com as lavadeiras), Botelho
(velho, sem dinheiro que vivia como agregado no sobrado do
Miranda, sabia se fazer necessário).
* Situação da Mulher – as mulheres são reduzidas a três condições: Objeto
(como Bertoleza e Piedade) pois são usadas pelo homem; Objeto e Sujeito
(Rita Baiana) com certa independência; e Sujeito (Leonie e Pombinha) são
independentes do homem e se prostituem (embora desprezem a situação
e ações dos homens).
6. Morangos Mofados – Caio Fernando Abreu
Morangos Mofados é o quarto livro de contos do escritor
brasileiro Caio Fernando Abreu, sendo considerado sua
obra-prima pela crítica literária. Foi escrito em 1982 e
aclamado como o melhor livro daquele ano pela revista
Isto É.
O autor apresenta uma obra rica em sua estrutura de
formas, estilos e linguagem diferentes, onde o contraponto
entre a ditadura militar e o desejo de liberdade serve como
pano de fundo para questões que, se por um lado são
muito representativas de uma época, por outro lado são
questões inerentes a toda sociedade contemporânea.
“E a cada dia ampliava-se na boca aquele gosto
de morangos mofando, verde doentio
guardado no fundo escuro de alguma gaveta.”
7. Laços de Família – Clarice Lispector
Laços de família é um livro de contos da escritora brasileira Clarice
Lispector, lançado em 1960. O livro reúne treze contos escritos muito antes da
publicação do livro, a maioria dos protagonistas dos contos são pessoas
comuns abaladas por uma descoberta durante suas atividades do cotidiano.
“Os contos leva o leitor a ter muita atenção não só com o que ele encontra
registrado, mas principalmente com aquilo não revelado nas linhas, isto é, o
que está implícito e o que vem nas entrelinhas trazem muito mais
revelações, levando-nos muitas vezes a questionar e até estranhar alguns
comportamentos apresentados pelas personagens em determinados
momentos no conto.”
“Se uma pessoa perfeita do planeta Marte descesse e
soubesse que as pessoas da Terra se cansavam e
envelheciam, teria pena e espanto.”
Na minha opinião, o livro nos mostra que até nos atos mais simples
como um almoço, uma viajem, uma mudança , um reencontro, nada
vai ser igual. Sempre terá algo surpreendente, mesmo que isso passe
imperceptível aos nossos olhos, e se isso acontecer significa que não
estamos abertos para o que a vida quer nos mostrar.
8. O Encontro Marcado – Fernando Sabino
O livro trás a história de Eduardo e seu crescimento na capital mineira. O
acompanhamos desde a sua infância até sua maturidade, no Rio de
Janeiro. E o que vemos é o seu crescimento enquanto homem, enquanto
pessoa, e sua busca desesperada à procura de si mesmo e da verdadeira
razão de sua vida.
“De tudo ficaram três coisas: a certeza de que estaria
sempre começando. A certeza de que era preciso continuar.
E a certeza de que seria interrompido antes de terminar.
Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda
um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma
ponte, da procura um encontro.”
Como diz no próprio livro, é uma história de
juventude, desespero, cinismo, desencanto,
melancolia e tédio que se acumulam no
espírito do jovem escritor Eduardo Marciano.
Em meio a uma vida conturbada, ele se vê
obrigado a abdicar de si mesmo e “encontrar-
se” com algo desconhecido.
9. Grande Sertão: Veredas – Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas é
um livro de João
Guimarães Rosa escrito
em 1956. Cresceu, ganhou
autonomia e tornou-se um
dos mais importantes
livros da literatura
brasileira e da literatura
lusófona.
Em Grande Sertão: veredas, o
autor conseguiu fundir uma
linguagem experimental
dotada de metáforas e
expressões linguísticas
regionais características do
sertão mineiro. Essa fusão de
elementos linguísticos denota
a primeira geração do
modernismo e a temática
regionalista refere-se à
segunda geração do
modernismo. Por esses
motivos, percebe-se o porquê
desta obra rosiana ser
considerada a maior realização
do autor e uma inovação para
a literatura brasileira.
"Nonada. O diabo não há! É o
que eu digo, se for... Existe é
homem humano."
O diabo na rua, no
meio do redemunho..
10. A Alma Encantadora das Ruas – João do Rio
A alma encantadora das ruas, talvez seja o livro mais
conhecido de João do Rio, foi publicado em 1908
revelando um autor que apreendia a psicologia urbana
e o espírito da época com a mesma obsessão dos
colecionadores.
As crônicas de A Alma Encantadora das Ruas mostram o
significado e a própria essência da rua na modernidade.
O homem não é qualquer um, mas o que vive no espaço
urbano. Numa relação dupla, a sociedade faz a rua e
esta faz o indivíduo:
O livro aborda questões de exclusão da sociedade, como os trabalhadores, as
cadeias e ladrões, unindo os fragmentos do Rio de Janeiro da época. As
crônicas-reportagens da obra encenam o que mancha o projeto da cidade da
virtude civilizada, que a ordem racional planejou (a cidade ideal); ganham o
palco da escrita aspectos da antitética cidade do vício, símbolo e marca dos
males sociais. Vale a pena ler!
"Há suor humano na argamassa do seu calçamento."
"Oh! Sim, a rua faz o indivíduo, nós bem o sentimos." (A rua)
11. Contos Gauchescos – João Simões Lopes Neto
Contos gauchescos, lançado em 1912, é o segundo livro do
escritor gaúcho regionalista João Simões Lopes Neto, é composto por dezenove
narrativas descritas no pampa gaúcho. São histórias de pessoas simples, presas a
uma existência marcada por acontecimentos, todas contadas pelo vaqueano Blau
Nunes. Há aventuras de peões e soldados. Além da fixação do mundo gauchesco, o
autor dá destaque a oralidade e o regionalismo da linguagem.
“E sisudo; não era homem de roer corda, nem
de pa-lavra esticante, como couro de cachorro.
Falava pouco, mas quando dizia, estava dito;
pra ele, trato de boca valia tanto - e até mais -
que papel de tabelião.”
Os contos de Simões Lopes Neto são todos assim: Cheios
de magia, numa linguagem regionalista poética e
incomparável. Um livro que vale a pena, principalmente
por ser um clássico da literatura brasileira e um marco da
literatura regionalista.
12. Gabriela, Cravo e Canela – Jorge Amado
Gabriela, Cravo e Canela é um dos mais célebres romances do
escritor brasileiro Jorge Amado, publicado em 1958, se tornou
um sucesso mundial. Na televisão, a história se transformou
numa das novelas brasileiras mais aclamadas mundo afora. No
cinema, Nacib é vivido por Marcello Mastroianni, e
Gabriela, por Sônia Braga.
Trata-se de uma história de amor entre Gabriela, a morena
feita de cravo e canela, que conquista o amor do árabe Nacib e
desafia os costumes de sua época. O romance é ambientado
na Ilhéus dos anos 1920, uma cidade do interior baiano que
passa por súbitas transformações graças à riqueza que a
cultura do cacau está trazendo para a região.
Ciúmes, rompimento e reviravolta tomarão conta de uma
narrativa envolvente, recheada de tipos e situações pitorescas
em que Jorge Amado nos brinda com Gabriela, um dos
personagens mais admirados
da literatura brasileira.
13. Seminário dos Ratos – Lygia Fagundes Telles
Seminário dos ratos é um livro
da escritora brasileira Lygia Fagundes
Telles, publicado por primeira vez
em 1977, pela Editora Rocco. O livro
que possui um total de
14 contos, embasados num árduo
trabalho de pesquisa da autora.
A obra nasceu da obstinação da
escritora em escrever contos ignorando
os limites entre realidade
e fantasia, fantástico
e mágico, intenção e
impulso, cultura e natureza. Nela, o
leitor é convidado a fazer uma viagem
ao encontro dos ratos que tomam para
si um seminário e
que, curiosamente, passam a tomar
decisões sobre o país onde vivem.
“Sim, há um razoável número de
loucos nesse meu livro e também
nos outros. Mas a loucura não anda
mesmo por aí, galopante?”
*Resposta da escritora para uma
entrevista quando perguntaram se
havia gente louca no seminário dos
ratos.
14. Vestido de Noiva – Nelson Rodrigues
O marco no teatro brasileiro “Vestido de Noiva” movimenta seu drama dentro de
um microcosmos da sociedade carioca: a pequena burguesia. A obra é dividida
em três atos representados através dos planos da realidade, da memória e
da alucinação.
Nelson Rodrigues aborda majestosamente o drama de três personagens que se
veem enredados diante de um tema conhecido, mas sempre inovador:
o adultério.
Tudo começa quando Alaíde é atropelada e no hospital, ao receber os primeiros
socorros, relembra fatos guardados no seu subconsciente. Revive os preparativos
de seu casamento e, nas imagens, discute com uma mulher envolta por um
véu, cuja identidade descobrirá mais tarde.